Perguntas Poderosas - Gilda Goldemberg
Perguntas Poderosas - Gilda Goldemberg
Perguntas Poderosas - Gilda Goldemberg
Poderosas
Gilda Goldemberg
2019
Perguntas Poderosas
Editor
Eldes Saullo
Revisão
Triza Marsallo
Casa do Escritor
ISBN 978-1080006519
Sumário
INTRODUÇÃO
PRIMEIRA PARTE
SEGUNDA PARTE
TERCEIRA PARTE
QUEM PERGUNTA
ACABOU?
Sobre a Autora
Notas Bibliográficas
Conheci a Gilda Goldemberg há vários anos atrás, quando começava a firmar seu caminho como coach
profissional. Fui sua mentora e já me chamavam atenção a seriedade e o profissionalismo que são marcas
registradas de sua postura. Tempos depois, comecei a supervisionar a Gilda e pude acompanhar de perto o
desabrochar de seu imenso potencial. Hoje, sinto-me orgulhosa e honrada por ter acompanhado essa
jornada que agora nos brinda com este livro, uma contribuição importante para coaches e todos aqueles que
podem se beneficiar da leitura desta valiosa compilação sobre a arte de fazer perguntas poderosas.
Ganhamos todos com mais este fruto do estilo da Gilda, que se dedica a tudo o que faz, vai fundo, pesquisa
e estuda, sempre com muito carinho e empenho.
INTRODUÇÃO
Um livro sobre a habilidade de fazer perguntas: pra quê?
Perguntar é uma ação intuitiva inerente a qualquer curioso, mas também pode ser
uma ação deliberada, empenhada por um propósito.
Todos sabemos fazer perguntas, mas muitos não nos damos conta de como
vamos perdendo a curiosidade sobre as coisas e como nosso cérebro vai entrando
no piloto automático, do que já vivemos, já conhecemos, já sabemos. A
habilidade para fazer perguntas vai aos poucos definhando, ficando enferrujada.
Em seu lugar, instalam-se as certezas com perguntas preponderantemente
fechadas, feitas apenas para confirmar o que compreendemos, ou supomos saber,
sobre o contexto de uma determinada situação.
Vários autores compilam muitos desses estudos para ajudar a entender como as
conversas, e especialmente as perguntas, impactam nosso cérebro. Entre os
estrangeiros, procure por Daniel Goleman, David Rock, Judith Glaser, e vai
encontrar vários outros. Entre os brasileiros, procure por Ivan Antonio Izquierdo,
um dos pioneiros mundiais no estudo da neurobiologia da memória e do
aprendizado.
Quando uma criança pergunta, por exemplo, ela expressa uma curiosidade
genuína para decifrar o mundo à sua volta. Já na adolescência, questionar ajuda a
construir uma identidade própria. Em qualquer idade, a pergunta serve ao
aprendizado e, à medida que amadurecemos, saber fazer perguntas pode se
tornar um ato estratégico para construir relações e parcerias, seja na família, no
trabalho ou com os amigos.
Portanto, em vez de contar todas suas experiências quando tinha a idade do seu
filho, suas perguntas precisam captar a atenção dele para o atrito provocado
pelos pertences espalhados pela casa, por exemplo. Em vez de dar a solução para
aquela pessoa da equipe que veio pedir ajuda, suas perguntas podem empoderá-
la para solucionar um problema instalado ou iminente. Em vez de relevar a
atitude de sua amiga, suas perguntas podem alertá-la para a falta de atenção que
ela vem oferecendo à relação de vocês e a ressignificar o vínculo que possuem.
Em vez de interpretar a fala de seu cliente, tornando-o dependente, suas
perguntas podem provocar o insight necessário para ele seguir adiante.
Este livro é para você que deseja ser um líder ou um profissional melhor e se deu
conta de que precisa “desenferrujar” para fazer perguntas ou reciclar as
perguntas que faz. Para você que na formação acadêmica sentiu falta de um
espaço para refletir e praticar a habilidade de fazer perguntas, tão cara às
profissões de apoio. Para você que pretende usar a pergunta como uma
ferramenta estratégica e para você que pretende manter a curiosidade afiada. Até
porque, além da morte, a única certeza que temos é a de que é impossível saber
tudo sobre tudo o tempo todo.
A primeira parte do livro fala sobre a pergunta de uma forma geral e sobre as
classificações mais usadas, até chegar à pergunta instigante ou poderosa e a
compreensão de suas características.
A última parte explora alguns dos desafios mais comuns aos que buscam
desenvolver a habilidade de fazer perguntas, junto com algumas recomendações
para conseguir avançar.
Os capítulos a seguir não precisam ser lidos de forma linear, pois um conteúdo
não está subordinado ao outro, então fique à vontade. Claro que existem
referências cruzadas entre os conteúdos, mas fica a seu critério o que, como e
quando ler.
PRIMEIRA PARTE
PERGUNTA, INDAGAÇÃO, INTERROGAÇÃO, QUESTÃO ETC.
Para começar pelo começo, algumas curiosidades sobre a pergunta podem ser
úteis para quem está desenvolvendo a habilidade e um repertório personalizado.
Pergunta é uma palavra derivada do verbo perguntar, que, por sua vez, provém
do latim “percontari”. “Per” em latim significa “por”, e assim como “percapita”,
significa “por cabeça”, “percontari”, significa “por contar” .
[i]
Indagação também vem do latim, “in dagatio onis”, e guarda relação com um ato
íntimo de perguntar a si mesmo, com um ato investigativo.
Como veremos mais adiante, uma das funções da pergunta numa conversa de
coaching é gerar aprendizados a partir da reflexão. Logo, pode ser útil
aprofundar seus conhecimentos sobre filosofia. Buscar conhecer as grandes
linhas de pensamento clássico e contemporâneo ajuda a ampliar o repertório e ir
além da pergunta “socrática”, que é a mais popular. Por exemplo, a escola
existencialista pergunta por que e para que viver; os estoicistas perguntariam:
“como viver em um mundo onde as coisas não acontecem como você quer?”; já
os relativistas perguntariam: “se tudo é relativo, o que é moral?”. Por aí vai.
Sócrates ficou conhecido pela maiêutica , ou seja, pela maneira como propunha
[ii]
“parir” ideias. Ele considerava que as pessoas conhecem a verdade, mas como
esse conhecimento pode estar latente, elas precisam ser estimuladas por meio de
perguntas simples, mas perspicazes, para chegar à verdade. Em seu método,
Sócrates provocava a dúvida sobre o próprio saber das pessoas, fazendo
perguntas para revelar contradições sobre o que pensavam. Depois, ele passava a
fazer perguntas para estimulá-las a construírem os próprios conceitos.
CLASSIFICAÇÕES
Existem muitos tipos de perguntas, e a maioria delas é útil para uma conversa de
coaching. Lembrando: este é o tipo de conversa que se propõe a facilitar a
reflexão, a expressão do potencial e o aprendizado que podemos obter frente a
um desafio.
Antes de seguir lendo essas classificações, que tal escrever num papel as
perguntas que mais gosta de fazer ou que faz com maior frequência?
Pergunta Estilística
Na pergunta estilística, a interrogação consiste na substituição de uma afirmação
simples por uma pergunta sem intenção de obter ou dar qualquer resposta. A
interrogação tem como finalidade realçar o pensamento e levar o leitor a refletir
sobre algo que é inquestionável.
Se a pessoa com quem você está conversando faz muitas perguntas estilísticas, é
melhor comunicá-la diretamente sobre isso e criar uma pergunta para fazê-la
refletir a respeito. Comunicação direta é uma das competências preconizadas
pela ICF (Federação Internacional de Coaches). Trata-se de usar uma linguagem
apropriada e respeitosa, de ser claro, articulado e direto ao fornecer um
feedback. Por exemplo: notei que você pergunta com frequência “você está
maluca?” quando isso acontece, fico com a impressão que você deseja que eu
confirme sua percepção ou que está me criticando. O que exatamente você quer
me dizer ou perguntar?
Você deve estar se perguntando... Qual pergunta gera mais reflexão: aberta ou
fechada? Depende.
pensamento” seja cultivado, alegando que o simples ato de narrar pode ajudar a
[vi]
pessoa a refletir sobre algo que ainda não tenha pensado. Logo, é preciso estar
atento à resposta para determinar se a pergunta provocou reflexão. A pergunta
fechada de fato se presta mais para provocar uma ação, e também pode gerar
uma reflexão. Isso acontece, por exemplo, quando evidencia uma dicotomia que
a pessoa não está observando, ou apresenta um leque de opções disponíveis para
escolha que evidenciam que ela pode estar refletindo sobre o foco errado.
Por exemplo, “este é o melhor momento para decidir sobre isso?” ou “você
mencionou A e B: o que será mais útil para resolver esse problema agora?” são
perguntas fechadas que evocam o respondente a ponderar sobre diversos
aspectos de uma questão para provocar uma ação. Já perguntas como “você tem
mais cinco minutos para continuarmos?” ou “você conhece a Debora?” são
perguntas fechadas de verificação, que evocam pouca reflexão e nenhuma ação.
De acordo com Jenny Rogers, uma das coaches mais influentes da Inglaterra,
uma pergunta poderosa contem de sete a doze palavras, e quanto mais curta,
melhor .
[vii]
Acontece que a dinâmica de uma conversa nem sempre permite o uso isolado de
palavras-chave ou de advérbios, exigindo artigos, conjunções, entre outros
elementos linguísticos para facilitar a troca de mensagens. Sendo assim, e
considerando a definição de Rogers, uma pergunta curta contém sete ou menos
palavras e uma pergunta longa é aquela que precisa de mais de doze palavras
para fazer sentido ao respondente.
Analise as perguntas que faz com maior frequência. Elas são abertas ou
fechadas? São curtas ou longas?
Transforme as perguntas fechadas em perguntas abertas;
Diminua a quantidade de palavras das perguntas longas;
Há alguma pergunta estilística no seu repertório? No repertório da pessoa
com quem deseja conversar? Qual comunicação direta pode ser feita?
Outras Classificações
Perguntas abertas, fechadas, curtas e longas se combinam no contexto de uma
conversa, gerando outras classificações que ajudam as pessoas interessadas em
desenvolver habilidades para fazer perguntas.
Retórica
Quando a pergunta convida o individuo a compartilhar suas reflexões, ela é uma
pergunta retórica. Ela pode ser muito útil para compreender os conceitos e
julgamentos que a pessoa utiliza em suas reflexões. No entanto, as convida a
compartilhar o que já sabem e seu uso deve ser estratégico.
Por exemplo, “qual é a sua definição de felicidade?” ou “o que você quer dizer
com isso?” são perguntas retóricas. Esse tipo de pergunta pode tornar a conversa
um grande bate-papo ou desabafo, ocupar muito tempo e se assim for,
comprometer o que chamamos de conversa de coaching. Fique atento.
Explicada
A pergunta explicada acontece quando o perguntador usa uma expressão
desconhecida pelo respondente, quando a resposta demora ou, ainda, quando
percebe pela comunicação não verbal do respondente que ele não entendeu a
pergunta que lhe foi feita.
Exemplo: “Como você lida com a pressão de ser a melhor? Algumas pessoas
não sentem impacto para lidar com pressão, mas algumas perdem o sono, outras
ficam irritadas, etc. Como você lida com isso?”.
“Grávida”
É quando alguma expressão utilizada pode ter várias interpretações e quem
pergunta não especifica qual delas está implicada. Por exemplo: “Como é o seu
trabalho?”. A palavra “trabalho”, aqui, pode estar se referindo à atividade
realizada, às sensações relacionadas ao trabalho, ao ambiente da empresa, etc.
Esse é o tipo de pergunta que pode ocorrer quando quem pergunta e quem
responde ainda estão reconhecendo o estilo de discurso de ambos. Acontece que
uma pergunta grávida pode ter um efeito negativo na dinâmica da conversa de
coaching, na medida em que exige esclarecimentos por parte do perguntador,
que precisa interromper quem responde para esclarecê-la e reposicioná-la.
Um risco da pergunta grávida é que ambas as partes podem achar que estão
falando da mesma coisa, quando pode haver diferenças significativas.
Em série
Perguntas “Seriais” são aquelas em que o perguntador faz duas ou mais
perguntas simultaneamente.
Exemplo: “Quem você era? Quem você é? Quem deseja ser? Como será?”.
Capciosa
Socialmente, aprendemos a reconhecer e nos esquivar das perguntas capciosas.
Quando uma pessoa interpreta a pergunta como capciosa, é muito provável que o
perguntador ainda não goze da confiança plena de quem responde.
Por exemplo, dependendo do contexto se você pergunta “o que você acha mais
importante: casar ou comprar uma bicicleta?” seu interlocutor pode interpretar
que você está questionando os valores morais dele. Inseguro, ela/ele responde
genericamente ou desvia o assunto para outro tema. Explicitar o propósito, neste
exemplo, “adoro festas mas gosto muito mais de viajar, como tenho pouco
dinheiro para investir numa cerimônia estou em dúvida sobre casar ou
simplesmente fazer o registro civil, me mudar para a casa do Rodrigo e comprar
aquela bicicleta enquanto guardamos dinheiro para uma viagem especial: o que
você acha disso?”.
Dialética
A pergunta dialética contém palavras que expressam condições opostas de uma
mesma questão e, por vezes, pode ser interpretada como capciosa. Na conversa
de coaching, no entanto, a pergunta dialética deve servir à reflexão, podendo ser
muito útil para ampliar e estruturar a perspectiva do respondente. Exemplos:
“Qual é a pior/melhor coisa que pode acontecer? O que é urgente e o que pode
ser adiado? Quais são os prós e contras dessa decisão?”.
Sugestiva
Como o nome sugere (impossível resistir ao trocadilho), trata-se de uma
pergunta fechada, composta por uma ou mais sugestões.
Escalonada
Quando a resposta está vinculada a uma escala, como: “De zero a dez, quão
motivado você está?”, ou ainda, “Você se sente despreparado, relativamente
preparado ou muito preparado?”.
Múltipla escolha
A múltipla escolha é uma pergunta fechada que relaciona previamente as
diversas respostas possíveis.
das perguntas numa conversa de coaching é o olhar para o futuro. Elas miram o
estado desejado, algo que se concretizará como resultado das reflexões e ações
tomadas por quem responde.
Agora, revisite suas perguntas— tanto as que você faz com frequência
quanto as que transformou ou criou à medida que foi conhecendo mais
classificações das perguntas: elas são instigantes/poderosas?
Transforme a perguntas que deseja fazer em perguntas instigantes.
SEGUNDA PARTE
PERGUNTAS PARA CONVERSAS
DE COACHING
Neste segmento você:
Conhecerá vários exemplos de perguntas cunhadas por autores de destaque
no cenário profissional de coaching
A seguir, estão compiladas várias perguntas que você pode testar, praticar e
incorporar ao seu “set”. Todas seguem com as referências para você mesmo
buscar a fonte. Lembre-se que as habilidades de comunicação — fazer perguntas
é uma delas —, são desenvolvidas não só pela prática da fala, mas pela escrita e
pela leitura .
[xii]
Perguntas Fundamentais
Aqui destaco algumas, mas existem muitas outras que podem ser úteis para sua
conversa de coaching:
São elas:
Além das perguntas orientadas para o GROW, que são mais detalhadas e
exemplificadas nos diversos capítulos, ele relacionou no livro perguntas que
considera úteis, como por exemplo:
O que mais?
Se você soubesse a resposta, qual seria?
Que critérios você está usando?
Se alguém lhe dissesse ou fizesse isso, o que você sentiria/pensaria/faria?
O poder da aprendizagem pela ação – Michael J. Marquardt
Doutor em educação e consultor e professor de recursos humanos
internacionalmente reconhecido pelos estudos e práticas de aprendizado ativo
em grandes organizações, Michael Marquardt dedica um capítulo de seu livro
especialmente para as perguntas. Segundo o autor, as perguntas são o terceiro
dos seis componentes da aprendizagem pela ação, “a chave para o poder da
aprendizagem pela ação reside na qualidade e no fluxo das perguntas...
especialmente as mais difíceis, nos fazem pensar e aprender.” Ele descreve 10
tipos de perguntas típicas da aprendizagem pela ação, a saber: abertas, afetivas,
reflexivas, investigativas, novas, que criam conexões, de esclarecimento, de
exploração, analíticas, fechadas. Aqui estão alguns exemplos:
Marquardt dedica ainda uma parte do texto para explorar o que torna uma
pergunta boa. Entre as 14 características que relaciona em seu livro estão:
Descoberta – O que há de melhor (agora)?
Para tanto, ele nos convida a nos concentrar nas perguntas “questionadoras”, ou
seja, aquelas cujo foco seja a natureza do pensamento, ou a visão ou
planejamento que a pessoa pode adotar em relação a um problema. Perguntas
sobre o problema propriamente dito, sobre detalhes e o “drama” que ele causou
ou pode causar, evocam desperdício de tempo e emoções negativas que
comprometem a autorresponsabilização e a motivação, segundo Rock. As
perguntas devem se concentrar nas soluções, assim como nos passos que ele
propõe.
Algumas das perguntas que podem convidar quem pergunta e quem responde a
refletir sobre o Ser são:
TERCEIRA PARTE
QUEM PERGUNTA
Neste segmento você:
A cada nova edição, mais conjuntos de perguntas podem ser somados a este
livro.
Na conversa de coaching, muitas vezes outro ditado cai bem: “Quando um burro
fala, o outro abaixa a orelha”, ou, melhor ainda, “Para bom entendedor, meia
palavra basta”. A pergunta na conversa de coaching é curta e simples, como a
meia palavra que basta. A escuta e o silêncio, por sua vez, são tão ou mais
importantes do que a pergunta. Fique atento: a escuta é uma competência
intimamente ligada à pergunta. Afinal, como perguntar respondendo a tudo que
foi dito sem escutar? Haja presença!
Perguntas para verificar a presença são ótimas para fazer a si mesmo ao chegar
nesse estágio de desenvolvimento. Por exemplo:
Mesmo fazendo perguntas como essas para si mesmo, antes de fazer as de sua
próxima conversa, é possível que você ainda fique intrigado sobre o motivo de
não evoluir sua habilidade para fazer perguntas numa conversa de coaching.
O que eu acho?
O que eu faria/não faria?
O que me agrada/não me agrada?
Quais são os outros possíveis pontos de vista para enxergar esta situação?
O que aqui é fato e o que é interpretação minha?
Quais valores meus me impedem de separar fatos das minhas
interpretações?
Uma vez que haja a consciência de que está julgando, seja compassivo consigo
mesmo e analise se é o caso de compartilhar com a pessoa com quem está
conversando. Reconhecer um julgamento próprio é mostrar-se humano, numa
posição de igualdade com um interlocutor e pode, inclusive, ajudar o outro a
reconhecer como seus julgamentos podem estar implicados nas questões em
debate.
É verdade. Impossível liderar fazendo perguntas o tempo todo, mas lhe garanto
que se começar a praticar perceberá que os resultados mudarão. Pode ser que no
princípio piorem, mas depois de algum tempo serão melhores tenha certeza.
A chance de piorar no início está relacionada ao fato das pessoas que compõe a
equipe buscarem as soluções prontas junto ao líder. Quando o líder, ao invés de
responder, faz uma pergunta ele provoca as pessoas a encontrarem as próprias
soluções e isso pode, por exemplo, atrasar uma entrega. Lembre-se que a
liderança é situacional, ou seja, ela deve ser exercida de acordo com a exigência
do momento. Não cabe fazer uma pergunta para responder a uma emergência,
mas cabe perguntar: o que aprendemos com essa emergência? O que faremos
diferente para que não se repita? Lembre-se que existe uma outra variável além
da situação: o nível de conhecimento ou experiência da pessoa que irá responder.
No entanto, faça perguntas e não subestime ignorantes nem superestime experts,
pois ambos têm desafios de autodesenvolvimento, encontram mais
oportunidades de aprendizado e se sentirão mais engajados quando fizer uma
pergunta.
Faça um teste: da próxima vez que alguém vier pedir uma orientação ou relatar
uma situação que exija uma decisão e houver tempo para fazer o que precisa ser
feito ou decidir sobre o que precisa ser feito, faça uma pergunta. Seja simples,
curto e direto e faça perguntas tais como “quais são as opções aqui? Quais são as
vantagens/desvantagens? o que você faria/sugere?” Ao perguntar você estará
desenvolvendo a equipe, um dos papeis fundamentais da liderança.
ACABOU?
Palavra-chave em tom de pergunta geralmente é instigante, mas, neste caso, é
uma pergunta fechada:
Sim – acabou esta edição, porque o conteúdo precisa ser revisado e publicado!
Não – porque as listas não param por aí, porque outras reflexões e artigos sobre
o tema serão publicados em outras edições e plataformas, por outros autores, etc.
Outra razão para não acabar por aqui é que o ato de perguntar, numa conversa
coaching, implica como vimos ao longo das páginas, no ato de escutar, no ato de
comunicar diretamente, em estar presente para si e para o outro. Existe uma
sobreposição de habilidades de comunicação que, propositalmente para se tornar
a leitura mais didática e prática, não foram exploradas mas tem conexão íntima
com o ato de perguntar.
Em 2008, quando fiz a primeira formação em coaching, saí com mais perguntas
do que respostas sobre o que é e como fazer uma conversa de coaching. Em um
primeiro momento, sentia que era muita informação para processar, mas sabia
que aquele tipo de conversa resgatava a vocação que, lá atrás, orientou minha
escolha pela graduação em psicologia e a especialização em educação
continuada.
Quando o ambiente empresarial e a vida executiva não faziam mais sentido para
mim, empurrada pela revisão de estrutura da empresa em que eu trabalhava, fiz
uma transição de carreira para o mercado de consultoria. Eu e muitos outros,
diga-se de passagem. Havia um “boom ” no mercado de coaching e,
rapidamente, muitas colegas que antes eram executivas e consultoras se
tornaram coaches.
Nesse momento, após muita prática gratuita, leitura e estudo das referências
técnicas que fizeram parte da primeira formação, entrei em sala de aula
novamente. Isso me ajudou, e muito, a dar sentido às conversas de coaching.
Sobre a Autora
Gilda Goldemberg é Psicóloga e pós graduada em educação pela UFRJ
(Universidade Federal do Rio de Janeiro), MBA pela Brazilian Business School,
certificada em coaching por escolas credenciadas (ICI, Inner Game School,
Profit, ) e qualificada como Professional Certified Coach (PCC) pela Federação
Internacional de Coaching (ICF), certificada em Supervisão de Coaches, pela
Goldvarg Consulting, concluiu Mentor Coach Certification Training pela MCC
Mentor Coach.
Notas Bibliográficas
Coaching Eficaz – David Clutterbuck, Editora Gente
A Arte e a Ciência do Coaching – Livro 2: Coaching passo a passo – Marilyn Atkinson & Rae T. Chous,
Editora Perse
The Coaching Habit – Michael Bungay Stanier, Editora Box of Crayons Pres s
Como o Coaching Funciona – Andrea Lages e Joseph O’Connor, Editora Qualitymark
Executive Coaching with Backbone and Heart – Mary Beth O’Neill, Editora Jossey-Bass
Liderança Tranquila - Quiet Leadership – David Rock, Editora Elsevier e Editora Campos
Conversas Difíceis, Douglas Stone, Bruce Patton e Sheila Heen, Editora Campus
[i]
Fonte dicionariodelatim.com.br
[ii]
Maieutike, palavra grega que significa “arte de partenejar”, dar à luz. A mãe de Sócrates era parteira.
[iii]
Dohrenwend, B. S. (1965). Some effects of open and closed questions on
[iv]
Sudman, S., & Bradbum, N. M. (1982). Asking questions. San Francisco:
Jossey-Bass
[v]
Cardon, Alain, Masterful Sistemic Coaching, Amazon Kindle
[vi]
Kline, Nancy Time do Think, Editora Cassel Illustrated
[vii]
Fonte: Coaching Skills, Editora Open University Press
[viii]
David Clutterbuck, Fonte: https://www.davidclutterbuckpartnership.com/what-makes-a-powerful-
question/
[ix]
Confira essas e outras definições e referências sobre Perguntas Poderosas no próximo capítulo.
[x]
Rafael Echeverría, Fonte: Ética & Coaching Ontológico, Ed. QualityMark
[xi]
Comunicação Direta – a ICF (Interntional Coach Federation) define essa competência como “Capacidade
de comunicar de forma eficaz durante as reuniões de coaching e de usar a linguagem que produza o melhor
impacto no cliente.” Fonte: www.coachfederation.org
[xii]
Fonte: O Efeito Gatilho – Marshall Goldsmith, Compahia Editora Nacional
Sobre a Casa do Escritor
A Casa do Escritor é uma consultoria que presta serviços e auxilia escritores no
processo de autopublicação e divulgação de seus livros. Conheça os livros
publicados e saiba mais em casadoescritor.com.br
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Table of Contents
INTRODUÇÃO
PRIMEIRA PARTE
SEGUNDA PARTE
TERCEIRA PARTE
ACABOU ?