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NOTAS E ESCALAS

1
Infelizmente, tocar um instrumento não depende só de ouvido, prática, ritmo,
dedicação e dom divino (só?????). O domínio do instrumento, qualquer que seja,
depende - e muito - de "decoreba". O importante desta tarefa de decorar a
teoria musical é justamente utilizar técnicas que evitem esta ação. Não me
xingue - ainda. O que estou tentando explicar é que, aprendendo como se chegou
a uma conclusão é mais simples decorá-la. Neste artigo vamos abordar a teoria
de notas, escalas e acordes, de uma maneira que você acabará por decorar tudo
sem ter que ficar repetindo oralmente ou escrevendo tudo 1.000.000 de vezes.

Notas Musicais e Escalas


Você deve ter aprendido, algum dia de sua vida, que as notas musicais são 7:
Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá e Si. Certo? Errado... Na verdade, esta é a escala
musical convencional, utilizada como conceito básico - menos para estudantes
de música.
Uso para explicar as Notas Musicais a imagem d e um teclado –

por ser mais fácil de visualizar. Se você lembrar, verá que um piano tem
teclas brancas e pretas. As teclas brancas ficam lado a lado, e as pretas,
menores, ficam entre as brancas. Mas você deve se lembrar que existem espaços
entre as brancas, não?
Veja o esquema abaixo (imagine que isto é um teclado...):
Antes, um conceito internacional - usamos símbolos para as notas musicais:
Dó = C; Ré = D; Mi = E; Fá = F; Sol = G; Lá = A; Si = B
Então, temos no nosso "teclado" as teclas para Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá e Si,
que são as brancas. E as pretas? É que, de uma TECLA para outra,
independentemente da cor (ou seja, da esquerda para a direita: branca, preta,
branca, preta, branca, branca, etc...) tem-se 1/2 tom (ou semi-tom) de
diferença. Algumas NOTAS tem entre si 1 tom de diferença , e outras, 1/2 tom
(semi-tom).
Veja no teclado: do C para o D, temos 2 semi-tons (uma preta, uma branca); já
do E para o F, 1 semi-tom (uma branca). E AS PRETAS??????? As teclas pretas, no
teclado, são os sustenidos (#) ou bemóis (b).
Os sustenidos (#) são usados para aumentar a nota em um semi-tom.
Os bemóis (b) são usados para diminuir a nota em um semi-tom.
De volta ao teclado, as teclas pretas seriam:
1=C# ou Db; 2=D# ou Eb; 3=F# ou Gb; 4=G# ou Ab; 5=A ou Bb.
Pô...e na guitarra? Nos instrumentos de corda com braço e trastes (violão,
guitarra, baixo, cavaquinho...) os semi-tons são marcados pelos trastes. Assim,
as teclas do nosso tecladinho são correspondentes às casas da guitarra.
E as Notas Musicais, então, são 12: C, C#(ou Dd), D, D#(ou Eb), E, F, F#(ou
Gb), G, G#(ou Ab), A, A#(ou Bb) e B.
Já deu pra notar que o sustenido e o bemol só servem prá confundir, não? O
nome muda, mas a nota tocada é a mesma. É que a teoria era muito simples,
então alguém inventou os dois prá brincar um pouco...
O braço do seu instrumento, como já vimos, é dividido em semi-tons pelos
trastes.

Logo, sabendo o nome das cordas soltas, podemos determinar todas as notas no
braço - e vai ficar assim:
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
e||-F--|-F#-|-G--|-G#-|-A--|-A#-|-B--|-C--|-C#-|-D--|-D#-|-E--| fina
B||-C--|-C#-|-D--|-D#-|-E--|-F--|-F#-|-G--|-G#-|-A--|-A#-|-B--| ||
G||-G#-|-A--|-A#-|-B--|-C--|-C#-|-D--|-D#-|-E--|-F--|-F#-|-G--| ||

2
D||-D#-|-E--|-F--|-F#-|-G--|-G#-|-A--|-A#-|-B--|-C--|-C#-|-D--| ||
A||-A#-|-B--|-C--|-C#-|-D--|-D#-|-E--|-F--|-F#-|-G--|-G#-|-A--| \/
E||-F--|-F#-|-G--|-G#-|-A--|-A#-|-B--|-C--|-C#-|-D--|-D#-|-E--|grossa

12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
e |-F--|-F#-|-G--|-G#-|-A--|-A#-|-B--|-C--|-C#-|-D--|-D#-|-E--|
B |-C--|-C#-|-D--|-D#-|-E--|-F--|-F#-|-G--|-G#-|-A--|-A#-|-B--|
G |-G#-|-A--|-A#-|-B--|-C--|-C#-|-D--|-D#-|-E--|-F--|-F#-|-G--|
D |-D#-|-E--|-F--|-F#-|-G--|-G#-|-A--|-A#-|-B--|-C--|-C#-|-D--|
A |-A#-|-B--|-C--|-C#-|-D--|-D#-|-E--|-F--|-F#-|-G--|-G#-|-A--|
E |-F--|-F#-|-G--|-G#-|-A--|-A#-|-B--|-C--|-C#-|-D--|-D#-|-E--|

Note que as notas se repetem da mesma maneira após o 12o. traste. Aliás, as
notas do 12o. traste são as mesmas das cordas soltas. Chegamos a 2 conclusões:
a boa é que você só tem que decorar as notas até o 11o. traste, porque o
resto é igual; a ruim é que você TEM QUE DECORAR as notas até o 11o. traste...
Mas isso não será tão difícil - esta é a minha intenção - seguindo nossos
artigos.

Escalas - Básica
Já sabemos, agora, as 12 notas musicais. Uma escala é um conjunto específico
de notas contidas numa oitava (conjunto de 8 notas). Tínhamos, no começo, a
Escala Convencional: C D E F G A B. Usando a Escala acima, repetindo-a, temos:
C D E F G A B C D E F G A B C D ... Uma oitava corresponde a: C D E F G A B C;
esta é a Escala Diatônica.
As escalas são identificadas por uma seqüência de numerais romanos,
correspondentes ao GRAU das notas. Vejamos a escala diatônica:

I II III IV V VI VII VIII


CD E F G A B C
Os dois maiores grupos de escalas - principais, e dos quais derivam todos os
outros - são as Escalas Maiores e as Escalas Menores. Essas escalas são
formadas por fórmulas muito simples, baseadas nos intervalos (distância em
semi-tons entre duas notas - lembre-se: uma casa=1 semitom)

Escalas Maiores
As escalas maiores são formadas pela seguinte fórmula: | tom tom 1/2 tom tom
tom 1/2 |
Vamos à prática: comecemos pela Escala Maior de Dó (C), por ser a mais
simples. Lembra-se das 12 notas?
C-C#-D-Eb-E-F-F#-G-Ab-A-Bb-B-C-C#-D-Eb-E-F-F#-G-Ab-A-Bb-C...etc
Começando pelo C, seguindo a fórmula, temos:
I II III IV V VI VII VIII
C.. D.... E...... F... G.. A .....B....... C
Fácil, não? O I grau é a Tônica (root, raiz), que dá o tom da Escala.
O II grau vem, pela fórmula, depois de um intervalo de 1 tom, ou dois 1/2 tom.
Procure na seqüência de notas. Achamos o D. O III grau, mais 1 tom (dois 1/2)
- acharemos o E. O IV, só 1/2 tom - teremos o F, e assim por diante. TODAS as
escalas maiores são construídas dessa forma. Usamos a de C como primeira,
porque ela não apresenta acidentes - sustenidos (#) ou bemóis (b).
Vejamos a de Sol (G):
I II III IV V VI VII VIII
G ..A..... B .....C... D.. E... F#...... G
Notou que agora temos o Fá sustenido (F#)? Mas a fórmula continua a mesma:
tom,tom,1/2,tom,tom,tom,1/2. Comece pela tônica e confira. Pegue um lápis e
papel e tente construir as outras. Procure memorizar a fórmula.

3
Escalas Menores Naturais
As escalas menores naturais são derivadas das Escalas Maiores, a partir do
seu VI grau, mantendo-se os intervalos. Vamos ver a escala maior de C:
I II III IV V VI VII VIII
C D E F G A B C
O seu VI grau é A (Lá). Então vamos separar a de Am (Lá menor):
C D E F G A B C D E F G ...

Teremos então:
I II III IV V VI VII VIII
A B C D E F G A
Percebeu que as notas das duas escalas são as mesmas? Por isso dá-se a elas o
nome de Escalas Relativas. Quando o tom da música for C, por exemplo, você
poderá improvisar utilizando as escalas de C (Dó Maior) ou Am (Lá menor). E
vice-versa. Esta "relatividade" pode - e deve - ser utilizada para todas as
notas.
O VI grau de uma escala maior é SEMPRE sua Relativa Menor; o III grau de uma
escala menor é SEMPRE sua Relativa Maior.
Notamos, também, que nossa fórmula, a partir da Tônica Menor,
ficou assim: | tom 1/2 tom tom 1/2 tom tom |

Novamente, pegue seu lápis e papel e tente escrever todas as escalas naturais
menores. Confira pela fórmula.
Viu? Passou aquele medo de escala que você tinha? Ainda não... Mas veja: com
esta pequena introdução, muito fácil, por sinal, você já é capaz de formular
24 escalas - 12 maiores e 12 menores. Com uma vantagem: você só teria que
decorar 12, já que as outras 12 são suas relativas (contém as mesmas notas).
Você vai respirar aliviado: veremos técnicas que vão facilitar sua decoreba.

"Boxes" - Escalas em Gráficos


Os "boxes" (ou caixas) são gráficos utilizados para demonstrar a coisa mais
formidável em termo de escalas para instrumentos de corda com braço (violão,
guit.,etc...). Mas eles não passam de decoreba - e eu prometi que a decoreba
não seria enfatizada em meus artigos. Então, vamos entendê-los, porque aí
serão memorizados através da lógica, e não da repetição.

Vamos relembrar 2 coisas: 1o.) todas as notas se repetem nas mesmas posições
após o 12o. traste (ou seja, memorizando os 12 primeiros, temos todas as notas
do braço); 2o.) As escalas baseiam-se em fórmulas relativas a intervalos
(distância entre as notas que compõem a escala).
Voltemos às escalas de C (Dó maior) e Am (Lá menor). Lembram-se que elas são
relativas (contém as mesmas notas)?

Vamos para o braço do instrumento e coloquemos as notas contidas nas escalas:


[C]
I II III IV V VI VII VIII
C D E F G A B C
[Am]
I II III IV V VI VII VIII
A B C D E F G A

4
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
e||-F--|----|-G--|----|-A--|----|-B--|-C--|----|-D--|----|-E--|
B||-C--|----|-D--|----|-E--|-F--|----|-G--|----|-A--|----|-B--|
G||----|-A--|----|-B--|-C--|----|-D--|----|-E--|-F--|----|-G--|
D||----|-E--|-F--|----|-G--|----|-A--|----|-B--|-C--|----|-D--|
A||----|-B--|-C--|----|-D--|----|-E--|-F--|----|-G--|----|-A--|
E||-F--|----|-G--|----|-A--|----|-B--|-C--|----|-D--|----|-E--|

Acima temos as duas escalas no braço: C e Am. Geralmente, inicia-se e


termina-se um lick (frase) ou um solo utilizando-se a Tônica da escala. Se
quiséssemos solar sobre a de C, começaríamos com a nota C; se fosse sobre a de
Am, o início seria a nota A. Então, vamos esquecer as notas, e visualizar
somente os graus, iniciando do I grau de cada escala na 6a.
corda:
Escala de [C]
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
e||----|----|----|----|----|----|VII-|-I--|----|----|----|----|
B||----|----|----|----|----|----|----|-V--|----|-VI-|----|----|
G||----|----|----|----|----|----|-II-|----|III-|-IV-|----|----|
D||----|----|----|----|----|----|-VI-|----|VII-|-I--|----|----|
A||----|----|----|----|----|----|III-|-IV-|----|-V--|----|----|
E||----|----|----|----|----|----|----|-I--|----|-II-|----|----|
Escala de [Am]:
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
e||----|----|----|----|-I--|----|----|----|----|----|----|----|
B||----|----|----|----|-V--|-VI-|----|VII-|----|----|----|----|
G||----|----|----|-II-|III-|----|-IV-|----|----|----|----|----|
D||----|----|----|----|VII-|----|-I--|----|----|----|----|----|
A||----|----|----|----|-IV-|----|-V--|-VI-|----|----|----|----|
E||----|----|----|----|-I--|----|-II-|III-|----|----|----|----|
Identificou as notas? Tente tocar as notas, descendo e subindo as cordas. Se
possível, peça para um amigo ficar tocando os dois acordes, em compassos
alternados: C e Am. Tente com as duas escalas - veja a diferença.
Voltando ao BOX. Veja estes dois BOX abaixo:
[1]
e||----|-X--|-X--|----|----|
B||----|----|-X--|----|-X--|
G||----|-X--|----|-X--|-X--|
D||----|-X--|----|-X--|-X--|
A||----|-X--|-X--|----|-X--|
E||----|----|-X--|----|-X--|

[2]
e||-X--|-X--|----|----|----|
B||----|-X--|----|-X--|----|
G||-X--|----|-X--|-X--|----|
D||-X--|----|-X--|-X--|----|
A||-X--|-X--|----|-X--|----|
E||----|-X--|----|-X--|----|

Observe que eu não coloquei mais os números dos trastes. Nem qual a tônica
desta escala. Simplesmente por um motivo: os BOXES são transportáveis para
qualquer casa no braço do instrumento. Isto é fácil de entender: os dois

5
desenhos acima não são baseados em intervalos? O que determina a posição das
notas em relação ao intervalo não é sua posição no braço do instrumento? Então
se movermos o desenho INTEIRO para a direita ou para a esquerda, não estaremos
alterando os intervalos entre eles. EUREKA!!!! Você acabou de ficar apto a
tocar 24 escalas - CASO VOCÊ DECORE TODOS OS BOXES E RECONHEÇA AS NOTAS NA 6a.
CORDA.

Não acredita? O BOX [1] representa uma Escala Maior. Posicione o I grau na
nota que você deseja como tônica e veja! Você terá a Escala Maior da tônica
escolhida.
O BOX [2] é o desenho da Escala Menor. Posicione o I grau na nota escolhida
como tônica - você obterá a Escala Menor correspondente.
E agora, o "Pulo do Gato" - lembra que as escalas relativas usam as mesmas
notas? Então os BOXES, quando desenhados todos juntos no braço da guitarra são
complementares - isto é, decorando os BOXES básicos, ao uní-los, você poderá
utilizar as Escalas Maior e Menor no braço todo, sabendo somente qual a nota
que inicia a Escala. Isto reduz a sua decoreba a quase nada - e você saberá o
que está fazendo, e não somente repetirá um monte de notas que alguém lhe
disse que eram alí que deveriam estar.
Vejamos o braço somente com as posições das notas. Utilizarei a Escala de C
(Dó Maior). Usarei também: M=maior m=menor para identificar o I grau de cada
escala. (Os X à esq. do capotraste significam tocar a corda solta:

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
(x)||--x--|-----|--x--|-----|--m--|-----|--x--|--M--|-----|--x--|-----|--x--|

(x)||--M--|-----|--x--|-----|--x--|--x--|-----|--x--|-----|--m--|-----|--x--|

(x)||-----|--m--|-----|--x--|--M--|-----|--x--|-----|--x--|--x--|-----|--x--|

(x)||-----|--x--|--x--|-----|--x--|-----|--m--|-----|--x--|--M--|-----|--x--|

(m)||-----|--x--|--M--|-----|--x--|-----|--x--|--x--|-----|--x--|-----|--m--|

(x)||--x--|-----|--x--|-----|--m--|-----|--x--|--M--|-----|--x--|-----|--x--|

Note outra "boiada" pra você: lembra-se que a 1a. e a 6a. cordas são a mesma
nota? Menos uma corda prá você decorar... Agora vamos cortar o braço em BOXES:
Esqueça as casas, certo (lembre-se: escolhendo a nota Tônica, você determina
a Escala Maior e a Escala Menor!):

[Padrão I]:
|--x--|--x--|-----|--x--|
|--x--|--M--|-----|--x--|
|--x--|-----|--m--|-----|
|--x--|-----|--x--|--x--|
|--m--|-----|--x--|--M--|
|--x--|--x--|-----|--x--|
[Padrão II]:
|-----|--m--|-----|--x--|--M--|
|-----|--x--|--x--|-----|--x--|
|--x--|--M--|-----|--x--|-----|
|-----|--x--|-----|--m--|-----|

6
|-----|--x--|-----|--x--|--x--|
|-----|--m--|-----|--x--|--M--|
[Padrão III]:
|--x--|--M--|-----|--x--|
|-----|--x--|-----|--m--|
|--x--|-----|--x--|--x--|
|--m--|-----|--x--|--M--|
|--x--|--x--|-----|--x--|
|--x--|--M--|-----|--x--|
[Padrão IV]:
|-----|--x--|-----|--x--|--x--|
|-----|--m--|-----|--x--|--M--|
|--x--|--x--|-----|--x--|-----|
|--x--|--M--|-----|--m--|-----|
|-----|--x--|-----|--m--|-----|
|-----|--x--|-----|--x--|--x--|

Simples, não? Com esses 4 BOXES você pode tocar 24 escalas: 12 maiores e 12
menores, em qualquer lugar do braço do instrumento. Em que Tom está a música
na qual você pretende improvisar? F#? Encontre o F# no braço do instrumento,
encaixe um BOX nele e saia tocando nas posições indicadas! Isto mesmo, você
está "solando"! (é claro que um solo é MUITO mais complexo do que isto - mas é
um começo!). O mesmo vale para as escalas menores naturais.

Por enquanto, sem compromisso nenhum, tente compreender os tópicos abordados


neste artigo; procure tocar os BOXES, devagar e com muita calma (aplicando
todos os nossos conhecimentos de postura, colocação e relaxamento vistos
anteriormente). Pense, enquanto toca cada nota, qual seria ela. Observe as
relações entre um BOX e outro. Não se preocupe em DECORAR os BOXES - veremos
nos próximos artigos alguns conceitos teóricos que auxiliarão - e muito - a
memorizar as notas em toda a extensão do braço.

DOMINANDO ACORDES
Se você é um daqueles instrumentistas que se sente inferiorizado por tocar somente através de acordes
(ou cifras), adepto inerte daquelas revistinhas "violão e guitarra" e que passa o fim de semana inteiro
decorando os 430 acordes desconhecidos daquela música nova do Chico Buarque ou do Caetano
Veloso....parabéns!!!! Você está espantado? Eu posso receber e-mails me criticando de todo lado por
esta afirmação, mas se você já toca através de acordes, será muito mais fácil você aprender a tocar
através de escalas - dentro do nosso propósito de utilizar o mínimo possível a decoreba - DESDE QUE
VOCÊ COMPREENDA COMO ELES SÃO FORMADOS. É que, conhecendo a posição dos dedos em
cada acorde, sabendo como eles são formados, você conhecerá as notas.

Formação de acordes
TODOS os acordes seguem uma norma padrão em sua formação. Isto significa que
se você compreender como eles são formados, você pode aposentar todos os seus
dicionários de acordes.
Além disso, você vai entender como será mais fácil visualizar escalas e
identificar todas as notas no braço do instrumento.

Antes de continuar, precisaremos de algumas definições teóricas:


Já vimos anteriormente que intervalos são a distância entre notas. Vejamos quais os nomes dados a
cada tipo de intervalo, quanto à sua distância:
Nome distância exemplo
-----------------------------------------
unison 0 1/2 tom C - C
2a. menor 1 1/2 tom C - Db

7
2a. Maior 2 1/2 tom C - D
3a. menor 3 1/2 tom C - Eb
3a. Maior 4 1/2 tom C - E
4a. perfeita 5 1/2 tom C - F
4a. aumentada/
5a. diminuta 6 1/2 tom C - F#
5a. perfeita 7 1/2 tom C - G
5a. aumentada/
6a. menor 8 1/2 tom C - G#
6a. Maior/
7a. diminuta 9 1/2 tom C - A
7a. menor 10 1/2 tom C - Bb
7a. Maior 11 1/2 tom C - B
oitava 12 1/2 tom C - C
-----------------------------------------
Você ainda se lembra como formar uma escala Maior, não? NÃO???? (me desculpe... volte alguns
artigos atrás, ou você não entenderá mais nada!).
A nota que dá o nome à escala é a tônica. Vamos trabalhar novamente com a escala de Dó maior (C) por
não conter acidentes.
Lembra-se do conceito de grau? Vamos utilizá-lo também. Mais uma coisa: por coincidência, a escala de
Dó maior e a escala diatônica de Dó são a mesma (também já vimos isto...).
I II III IV V VI VII VIII
tônica 2a. 3a. 4a. 5a. 6a. 7a. oitava
maior maior perfeita perfeita maior maior
C D E F G A B C

Vamos agora harmonizar a escala acima em terças: pegue uma nota, conte duas acima dela e forme o
par. Por exemplo,C-E . Isto é chamado harmonização em terças DIATÔNICAS, onde a terça pode ser
maior ou menor (baseada na escala DIATÔNICA). Mas não atropele - vamos com calma. Teremos então:
C-E (M)
D-F
E-G
F-A (M)
G-B (M)
A-C
B-D
Perceba que os pares 1,4 e 5 são 3as. maiores, e os pares 2,3,6 e 7 são 3as.
menores. (conte os intervalos em cada escala e confira na nossa tabela).

Juntemos agora a 5a. sobre os pares encontrados, como C-G. Iremos encontrar:
C-E-G (M)
D-F-A
E-G-B
F-A-C (M)
G-B-D (M)
A-C-E
B-D-F
O que obtivemos são TRÍADES (acordes de 3 notas). as tríades 1, 4 e 5 são acordes maiores: Dó (C) Fá
(F) e Sol (G). As tríades 2,3 e 6 são acordes menores de Ré (Dm) Mi (Em) e Lá (Am). A tríade 7 é um
acorde diminuto de Si (Bdim ou Bº).

Pelos resultados de nossa harmonização, descobrimos as seguintes fórmulas:


Acorde maior: Tônica, 3a. maior, 5a. perfeita
Acorde menor: Tônica, 3a. menor, 5a. perfeita
Acorde diminuto: Tônica, 3a. menor, 5a. diminuta

Deixemos a harmonização de lado e voltemos ao nosso tom escolhido: Dó

8
C.................C-E-G
Cm................C-Eb-G
Cdim..............C-Eb-F#

Às tríades originais, podemos adicionar outras notas.


Os acordes com 7a. são as tríades originais adicionadas da 7a.
OBS: existem 2 famílias de acordes com 7a.: a 7a. dominante e a 7a. maior.

A diferença entre elas é que na dominante, usa-se a 7a.1/2 tom abaixo,


enquanto que na maior usa-se a 7a. natural - e é claro, o som dos acordes é
diferente...

Os acordes com 9a. são os acordes originais, adicionados da 7a. e da 9a.


C7................C-E-G-Bb
Cmaj7.............C-E-G-B
C9................C-E-G-Bb-D

Os acordes chamados "add" têm a nota citada adicionada ao acorde.


Por exemplo, um Cadd9 tem a 9a. adicionada à tríade maior.
Os acordes chamados "sus" têm a 3a. "suspensa" e substituída pela nota citada
em seu nome.

Por exemplo, um Csus4 tem a 3a. substituída pela 4a.


(algumas notações trazem ao invés do "sus" o seguinte: "addX no3" - onde X é
o grau da escala e o "no3" quer dizer "excluindo a 3a.".
Um Csus4 viraria um Cadd11no3)
Csus2(Cadd9no3)...C-D-G
Csus4(Cadd11no3)..C-F-G
C7sus2............C-D-G-Bb
C7sus4............C-F-G-Bb
C9sus4............C-F-G-Bb-D
Cadd9.............C-E-G-D
Csus4add9.........C-F-G-D

Vejam como os conceitos são simples, se você sabe como são formados. Percebeu a quantidade de
acordes que já formamos? E os padrões, sendo estabelecidos em intervalos, podem ser transportados
para qualquer escala (ou seja, multiplique tudo por 12 e saiba quantos acordes você já aprendeu a
criar...)
Vamos detonar os menores, agora, juntando as 7a., 9a., sus, add.
Lembre-se: a tríade menor e maior são iguais, EXCETO pela terça. Usemos então
a 3a. menor.

Já construímos o Cm lá em cima: C-Eb-G. O resto é tudo igual:


Cm................C-Eb-G
Cm7...............C-Eb-G-Bb
Cmdom7............C-Eb-G-B
Cm9...............C-Eb-G-Bb-D
Cmadd9............C-Eb-G-D

Ué...cadê os "sus"????? Não acabamos de ver que o que difere o "sabor" dos maiores e menores é a
terça? E que os acordes "sus" trocam a terça pelo grau indicado? Então não temos acordes maiores e
menores "sus".

Vamos tablaturar tudo, OK?


C Cm Cdim C7 Cmaj7 C9 Csus2 Csus4 C7sus2 c7sus4 C9sus4
e|---0-----3-------------3------0-------3------3--------3--------3----------3--------3-------|

9
B|---1-----4-----4-------1------0-------3------3--------6--------3----------6--------3-------|
G|---0-----5-----1-------3------0-------3------5--------5--------3----------3--------3-------|
D|---2-----5-----4-------2------2-------2------5--------5--------5----------5--------3-------|
A|---3-----3-----3-------3------3-------3------3--------3--------3----------3--------3-------|
E|-------------------------------------------------------------------------------------------|
Cadd9 Csus4add9 Cm7 Cm(maj7) Cm9 Cmadd9
e|-----0----------0---------3--------3---------3-------3-------------------------------------|
B|-----3----------3---------4--------4---------3-------3-------------------------------------|
G|-----0----------0---------3--------4---------3-------0-------------------------------------|
D|-----2----------3---------5--------5---------1-------1-------------------------------------|
A|-----3----------3---------3--------6---------3-------3-------------------------------------|
E|-------------------------------------------------------------------------------------------|
Observemos, ainda, um detalhe: as nomenclaturas acima são as mais encontradas
na NET; porém, se você verificar em publicações brasileiras, poderá encontrá-
las de outra maneira. Vejamos:
Cdim = Cº
Cmaj7 = C7+
Csus2 = C2
Csus4 = C4
C7sus2 = C7/2
C7sus4 = C7/4
Cadd9 = C2 ou C/9

Não se preocupe em memorizar tudo... o importante é compreender a lógica


existente na formação dos acordes - nada apareceu sem razão. Mais adiante
veremos como memorizar facilmente todos estes conceitos, e consequentemente
todas as notas no braço, e por fim, as escalas. O ponto principal neste
artigo é que você se familiarize com conceitos como intervalo, grau, tônica,
maior e menor, etc. - isto será muito importante daqui para a frente.

MAPEANDO O BRAÇO - OITAVAS E TRÍADES


Venho prometendo em meus artigos que é possível conhecer todas as notas no braço do instrumento
sem decorá-las, no sentido direto da palavra. É óbvio que, sem memorização, você não vai identificar as
notas - sem usar pelo menos um pouquinho da memória, não saberíamos nem mesmo o nosso próprio
nome....
A base deste método é compreender como são formados os acordes através do conceito de intervalos e
graus, e dominar padrões de oitavas e tríades; TUDO o que vimos até agora vai se relacionar de uma
maneira simples, e você vai, sem perceber, memorizar a posição das notas. Daí a encaixar os 4 BOXES
básicos de escalas - de onde sairão as maiores, menores e as Pentatônicas - será um pulinho.

Oitavas
Como vimos anteriormente, a Oitava é a nota que está distante um intervalo de 12 1/2tons da nota em
questão - por coincidência, é a mesma nota, só que mais aguda ou mais grave. Novamente, voltarei a
frisar: como todos os conceitos baseados em INTERVALOS, pode-se desenhar um padrão no braço do
instrumento, e ele pode ser transportado para qualquer tom, somente movendo este padrão acima ou
abaixo no braço. Vejamos na prática: pegue o nosso "fretboard" de alguns artigos atrás e isolemos a
posição de uma única nota no braço todo - o Fá (F), por exemplo
(não se esqueça: do 12o. traste para a frente tudo se repete...):

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
e||-F--|----|----|----|----|----|----|----|----|----|----|----|-F--|
B||----|----|----|----|----|-F--|----|----|----|----|----|----|----|
G||----|----|----|----|----|----|----|----|----|-F--|----|----|----|
D||----|----|-F--|----|----|----|----|----|----|----|----|----|----|

10
A||----|----|----|----|----|----|----|-F--|----|----|----|----|----|
E||-F--|----|----|----|----|----|----|----|----|----|----|----|-F--|

Deste gráfico acima, podemos tirar PADRÕES de oitavas, válidos para QUALQUER nota em
QUALQUER lugar do braço. Não acredita? Vamos lá:

[padrão 1] - (1)válido para 6a. corda


e||---|---|-8-|---|---|
B||---|---|---|---|---|
D||---|---|---|---|---|
G||---|---|---|---|---|
A||---|---|---|---|---|
E||---|---|-1-|---|---|
[padrão 2] - (1)válido para 6a. e 5a. cordas
e||---|---|---|---|---|
B||---|---|---|---|---|
D||---|---|---|---|---|
G||---|---|---|-8-|---|
A||---|---|---|---|---|
E||---|-1-|---|---|---|
[padrão 3] - (1)válido para 4a. e 3a. cordas
e||---|---|---|---|-8-|
B||---|---|---|---|---|
D||---|-1-|---|---|---|
G||---|---|---|---|---|
A||---|---|---|---|---|
E||---|---|---|---|---|

[padrão 4] - (1)válido para 6a. corda


e||---|---|---|---|---|
B||---|---|---|---|---|
D||---|-8-|---|---|---|
G||---|---|---|---|---|
A||---|---|---|---|---|
E||---|---|---|---|-1-|
[padrão 5] - (1)válido para 5a. e 4a. cordas
e||---|-8-|---|---|---|
B||---|---|---|---|---|
D||---|---|---|---|---|
G||---|---|---|-1-|---|
A||---|---|---|---|---|
E||---|---|---|---|---|
Irmão ! Você DEVE MEMORIZAR este 5 padrões. Por quê? Lembre-se que o braço é dividido em duas
partes iguais: após o 12o. traste, tudo se repete. Suponha que você saiba as notas da 6a. corda até o
12o. traste. Se você dominar os padrões de oitavas, você será capaz de identificar TODAS as notas no
braço. Realmente vale a pena...

Outra vantagem das oitavas é transportar "licks" (frases) de um lado para o outro do braço com rapidez,
através da visualização dos padrões - isto é usado pra caramba por uma pá de bandas.
O conceito também é válido para os baixistas: é muito comum utilizar-se oitavas como forma de
"preencher" as lacunas ou ritmar uma melodia onde a mesma nota é tocada por vários compassos.
Preste atenção em linhas de contrabaixo usadas em samba, pagode e surf music , por exemplo.
Treine randomicamente: escolha uma nota qualquer no braço, e tente achar pelo menos 2 oitavas desta
nota. Faça isso com um monte de notas, por toda a extensão do braço - inclusive, usando as cordas
soltas. Pratique bastante, e logo vc. estará memorizando os padrões. SOMENTE quando isto acontecer,
leia o resto deste artigo....he,he,he.

11
Tríades
As tríades são acordes formados por três notas, determinadas, em cada caso, por sua posição relativa a
intervalos na escala, de acordo com seus graus. Não entendeu nada? Vamos traduzir com um exemplo.
Tomemos a escala de Dó maior (C - de novo...):
CDE FG A B C
I II III IV V VI VII VIII

Temos acima as notas e os graus. Isto deve ser conhecido a este ponto - caso contrário, releia os artigos
anteriores. Não é necessário decorar, apenas compreendê-los.
7.2.1.)

Tr íades Maiores
Vamos nos basear na escala acima e extrair a tríade maior. As tríades maiores são as formadoras dos
acordes maiores - logo, como vimos em Dominando Acordes, a fórmula para obtermos as tríades
maiores só poderia ser: Tônica, 3a. e 5a. ou I,III,V.
No caso de C = C(I), E(III) e G(V). Vejamos no braço:
0 1 2 3 4
e||---|---|---|---| = E
B||-x-|---|---|---| = C
G||---|---|---|---| = G
D||---|-x-|---|---| = E
A||---|---|-x-|---| = C
E||---|---|---|---| = (normalmente não é tocada, para manter a tônica mais
grave)
Temos o acorde de C (dó maior) no braço e do lado direito, as notas. Que coincidência, não?
Quer tentar outro? Vamos para o de D (ré maior):
D E F# G A B C# D
I II III IV V VI VII VIII
Nossa tríade maior seria: D(I), F#(III) e A. Vamos conferir:
0 1 2 3 4
e||---|-x-|---|---| = F#
B||---|---|-x-|---| = D
G||---|-x-|---|---| = A
D||---|---|---|---| = D
A||---|---|---|---| = x(muda)
E||---|---|---|---| = x(muda)
Incrível, não???? Com apenas três notas, temos os acordes. Agora que entendemos o espírito das
tríades maiores, vamos tentar PADRONIZAR GRAFICAMENTE a coisa.
Vamos trabalhar, por exemplo, com um acorde que você deve costumar conhecer através da pestana: o
acorde de F (Fá maior). Vamos puxar a escala:
F G A Bb C D E F
I II III IV V VI VII VIII

A nossa tríade seria F-A-C. Vamos localizar no braço a posição relativa das três notas:

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
e||-F--|----|----|----|-A--|----|----|-C--|----|----|----|----|-F--|
B||-C--|----|----|----|----|-F--|----|----|----|-A--|----|----|-C--|
G||----|-A--|----|----|-C--|----|----|----|----|-F--|----|----|----|

12
D||----|----|-F--|----|----|----|-A--|----|----|-C--|----|----|----|
A||----|----|-C--|----|----|----|----|-F--|----|----|----|-A--|----|
E||-F--|----|----|----|-A--|----|----|-C--|----|----|----|----|-F--|

Perceba que a nossa "amiga" Pestana de F está assinalada nas 3 primeiras casas: na 1a., a pestana,
para prendermos ao mesmo tempo F,C,F; na 2a. casa o A, e na 3a. F,C.
Retorno a um conceito importantíssimo: todo padrão baseado em intervalo pode ser transportado acima
ou abaixo do braço, desde que mantenhamos os intervalos: BINGO!!!! Se você utilizar este padrão,
apenas substituindo a tônica (a nota da 6a. corda) você vai poder fazer qualquer acorde maior utilizando
pestana. Veja o padrão de "pestana maior" a partir da Tônica na 6a. corda:

e||---|-1-|---|---|---|
B||---|-5-|---|---|---|
D||---|-X-|-3-|---|---|
G||---|-X-|---|-1-|---|
A||---|-X-|---|-5-|---|
E||---|-1-|---|---|---|

Aliás, do padrão acima tira-se o que guitarristas chamam de "Power Chords" (ou power acordes) - que
são o uso da Tônica mais a 5a, como I-V-I ou somente I-V. Vamos entrar nisto em um artigo isolado logo
adiante. Mas voltemos à nossa tríade: para agruparmos as 3 notas (em 3 cordas adjacentes), teríamos o
seguinte padrão:
e||---|---|---|---|---|
B||---|-5-|---|---|---|
D||---|---|-3-|---|---|
G||---|---|---|-1-|---|
A||---|---|---|---|---|
E||---|---|---|---|---|
Mas o gráfico não evidencia somente isto; observe nas casas 5 e 6. Não conhece a "forma" desta tríade?
Sim, é a forma do D (Ré maior), só que em outro lugar. Se você tocá-lo na 5a. casa, vai obter um F. É
isso mesmo, confira as notas: C-F-A.
A isto chama-se inversão de acorde (porque as notas não aparecem na mesma ordem da escala), muito
conhecida de pianistas - que utilizam os acordes invertidos pela disposição das notas no teclado. Este
tipo de acorde é muito utilizado para acompanhar teclados - ou para substituí-los, no caso de sua banda
não contar com um.
Tente uma experiência: enquanto uma guitarra toca o acorde tradicional, na pestana, ligeiramente
"Overdrive", mande uma tríade numa guita limpa ou adicionada de chorus (que enfatiza mais ainda a
proximidade sonora do teclado). Você está começando a diversificar sua gama de timbres.

Vamos ver o padrão:


e||---|-3-|---|---|---|
B||---|---|-1-|---|---|
D||---|-5-|---|---|---|
G||---|---|---|---|---|
A||---|---|---|---|---|
E||---|---|---|---|---|

Outra "forma" velha conhecida nossa: a forma do C (dó maior). Veja nas casas 6,7,8. Neste caso, temos
somente o I e III graus, porque no caso do C, o V grau é a corda solta (G). Mas o nosso padrão de tríade,
que é o que interessa, não tem a "forma" do C. Nosso padrão é o seguinte:
e||---|---|---|---|---|
B||---|---|-1-|---|---|
D||---|-5-|---|---|---|

13
G||---|---|---|-3-|---|
A||---|---|---|---|---|
E||---|---|---|---|---|
Outra tríade direta (na ordem que aparece na escala) pode ser observada nas casa 8 e 10:
e||---|-5-|---|---|---|
B||---|---|---|-3-|---|
D||---|---|---|-1-|---|
G||---|---|---|---|---|
A||---|---|---|---|---|
E||---|---|---|---|---|
Mais uma, invertida, no "formato" A (Lá maior) - casa 10:
e||---|---|---|---|---|
B||---|---|---|-3-|---|
D||---|---|---|-1-|---|
G||---|---|---|-5-|---|
A||---|---|---|---|---|

Tríades Menores
As tríades menores são tão importantes - e tão úteis - quanto as maiores. E têm uma grande vantagem:
se você já conhece as Maiores, vai ser moleza dominar as menores. Lembra da formação das tríades
Maiores? - Tônica, 3a.maior, 5a. perfeita. Veja agora como são formadas as tríades menores (assim
como os acordes menores):
Tônica - 3a. menor - 5a. perfeita.
Notou qual a diferença? O 3o. grau é menor (ou seja, UM INTERVALO a menos que o maior). Isto quer
dizer, na prática, que é só colocar o seu dedo do 3o. grau, na formação da tríade maior UMA CASA
PARA TRÁS e... temos a tríade menor!!!!

Vamos dar uma olhadinha nos Padrões obtidos:


e||---|---|---|---|---|
B||---|-5-|---|---|---|

14
D||---|-3-|---|---|---|
G||---|---|---|-1-|---|
A||---|---|---|---|---|
E||---|---|---|---|---|
Esse aí embaixo é conhecido... não parece com Dm? (Ré menor)
e||-3-|---|---|---|---|
B||---|---|-1-|---|---|
D||---|-5-|---|---|---|
G||---|---|---|---|---|
A||---|---|---|---|---|
E||---|---|---|---|---|
e||---|---|---|---|---|
B||---|---|-1-|---|---|
D||---|-5-|---|---|---|
G||---|---|-3-|---|---|
A||---|---|---|---|---|
E||---|---|---|---|---|
e||---|-5-|---|---|---|
B||---|---|-3-|---|---|
D||---|---|---|-1-|---|
G||---|---|---|---|---|
A||---|---|---|---|---|
E||---|---|---|---|---|
E esse debaixo... é a "cara" do Am...(Lá menor)
e||---|---|---|---|---|
B||---|---|-3-|---|---|
D||---|---|---|-1-|---|
G||---|---|---|-5-|---|
A||---|---|---|---|---|
E||---|---|---|---|---|
e||---|---|---|---|---|
B||---|---|---|---|---|
D||---|-1-|---|---|---|
G||---|-5-|---|---|---|
A||---|---|-3-|---|---|
E||---|---|---|---|---|
e||-1-|---|---|---|---|
B||-5-|---|---|---|---|
D||-3-|---|---|---|---|
G||---|---|---|---|---|
A||---|---|---|---|---|
E||---|---|---|---|---|

É simples demais... Da mesma maneira que vimos como derivar as Tríades menores das Maiores
(através do conhecimento de Graus e Formação de Acordes), podemos inserir outras Tríades, como as
"SUS" (substituindo a 3a. pelo grau indicado - geralmente 2 ou 4) ou os "dim" (alterando a 5a. perfeita
para 5a. diminuta - UM INTERVALO A MENOS = 1 casa para trás).
Veja alguns exemplos de transições utilizando tríades - toque somente as 3 cordas onde se encontram
as notas. Note o mesmo acorde sendo tocado em mais de um lugar no braço, com inversões, e a
simplicidade de movimentos da mão esquerda.

Amazing Journey (the Who)

C G A E D A
e|-----------|----------|---------------------------
B|---8----8--|--5----5--|--3----2-------------------
G|---9----7--|--6----4--|--2----2-------------------
D|--10----9--|--7----6--|--4----2-------------------

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A|-----------|----------|---------------------------
E|-----------|----------|---------------------------
Squonk (Genesis)
G D 4x G A
e|--------------------|------------------------------
B|---8----8-8----8-7--|----3----3-3----3-5-----------
G|---7----7-7----7-7--|----4----4-4----4-6-----------
D|---9----9-9----9-7--|----5----5-5----5-7-----------
A|--------------------|------------------------------
E|--------------------|------------------------------
Everyday (Genesis)
A B E A B E Esus4 E B
e|--------------------------------------------------
B|---5----7----9----5-7----9-10----9----7-----------
G|---6----8----9----6-8----9-9-----9----8-----------
D|---7----9----9----7-9----9-9-----9----9-----------
A|--------------------------------------------------
E|-------------------------------------------------- (baixo em A)
D E G D E G Gsus4 G E
e|---5----7----9----5-7----9---10-----9----7--------
B|---7----9---10----7-9---10---10----10----9--------
G|---7----9----9----7-9----9----9-----9----9--------
D|--------------------------------------------------
A|--------------------------------------------------
E|-------------------------------------------------- (baixo em A)
Panama "intro" (Van Hallen)
E Esus4 B E Esus4 B D Dsus4 A
e|--------------------------------------------------
B|---9---9-10----7---9-----10----7---7----8------5--
G|---9---9-9-----8---9-----9-----8---7----7------6--
D|---9---9-9-----9---9-----9-----9---7----7------7--
A|--------------------------------------------------
E|--------------------------------------------------

POWER CHORDS (POWER ACORDES)


Os Power Chords são, com certeza, os acordes "padronizados" mais utilizados e difundidos pelo mundo
guitarreiro. 99,9% dos guitarristas iniciantes começam tocando PC (vou chamá-los assim durante o
arquivo - afinal, somos íntimos...). Embora sejam facílimos, pois são baseados em intervalos, e como já
vimos (aí vai de novo...) qualquer conceito padronizado através de intervalos pode ser transportados por
todo o braço para qualquer tom sem alteração, os PC são usados por guitarristas experientes e
talentosos, técnicos e rápidos, de vários estilos, mais comumente, Rock'n'roll e todos os seus derivados,
desde os mais "light" até os "porrada total".
O que a maioria dos iniciantes sabem é distinguir porque os PC são mágicos - tocam bem em todo lugar
do braço. É claro que é pelo motivo já falado, padronagem em intervalos, mas também existe outro
motivo.

Vejamos o PC tradicional, o mais utilizado e mais difundido:


e||---|---|---|---|---|
B||---|---|---|---|---|
D||---|---|---|---|---|
G||---|---|---|---|---|
A||---|---|---|-5-|---|
E||---|-1-|---|---|---|

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Note que coloquei o relacionamento em Graus entre as notas. O PC mais comum é este por dois
motivos:
i.) funciona exatamente da mesma maneira em qualquer casa, desde que posicionada a tônica (1) nas
três últimas cordas (E, A, G);
ii.) não inclui o uso da 3a. (o que exclui o conceito Maior/menor - lembra-se que a 3a. é que determina
isto?).

Assim, o "guitarreiro" iniciante, usando 2 dedos, uma guitarra barata e um pedal de distorção "cabuloso"
pode tocar tudo que é música "pesada" sabendo exclusivamente posicionar a tônica no lugar certo.
Legal, né? Pode parecer um tanto ridículo, mas procure assistir bandas Trash, Death, Punk, Heavy,
Hard... - os PC são utilizadíssimos.
O segredo é conhecer suas variações e aprender a utilizar os conhecimentos relativos a acordes e graus
vistos até aqui - é este "tempero" que diferencia o guitarreiro do guitarrista.
Veja abaixo algumas variações do PC tradicional(lembre-se que os números representam GRAUS, e não
os dedos utilizados...):
i.) adicionando outra tônica: torna o PC mais "brilhante"; note que este padrão só pode ser utilizado com
a tônica posicionada nas cordas 5 e 6 (devido à variação de intervalos 3a/4a)
e||---|---|---|---|---|
B||---|---|---|---|---|
D||---|---|---|---|---|
G||---|---|---|-1-|---|
A||---|---|---|-5-|---|
E||---|-1-|---|---|---|
ii.) outra forma é complementar o exemplo acima, incluindo outra 5a. sobre a tônica; este PC tem som
grave e mais "cheio"
e||---|---|---|---|---|
B||---|---|---|---|---|
D||---|---|---|-1-|---|
G||---|---|---|-5-|---|
A||---|-1-|---|---|---|
E||---|-5-|---|---|---|
iii.) outro PC simples é este; ainda trabalhando com I/V graus, mas agora com uma inversão - a tônica é
a nota mais aguda uma guitarra toca PC's tradicionais nas casas graves e outra toca este padrão de PC
invertido 1 oitava acima - tente um arranjo de sua banda dessa forma, caso use 2 guitarras...
e||---|---|---|---|---|
B||---|---|---|---|---|
D||---|---|---|---|---|
G||---|---|---|-1-|---|
A||---|---|---|-5-|---|
E||---|---|---|---|---|

iv.) este é um PC que só funciona na 6a. corda; ele inclui a 3a., o que prende seu uso à substituição de
acordes Maiores somente. Este padrão é muito usado em transições de arpejos rápidos, para cortar
aquele clima "porrada" de um tema tocado todo em PC.
e||---|---|---|---|---|
B||---|---|---|---|---|
D||---|---|-3-|---|---|
G||---|---|---|-1-|---|
A||---|---|---|-5-|---|
E||---|-1-|---|---|---|
v.) esta formação, não muito utilizada, usa tônica/3a. menor, num desenho invertido do PC regular;
embora o som fique meio "parece que eu escolhi uma nota ao acaso", está harmonizado

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para ser utilizado na escala menor da tônica ou na relativa maior. Pode ser útil em uma transição ou num
trecho diferenciado, para quebrar a monotonia dos PC regulares.
e||---|---|---|---|---|
B||---|---|---|---|---|
D||---|---|---|---|---|
G||---|-3-|---|---|---|
A||---|---|---|-1-|---|
E||---|---|---|---|---|
vi.) o padrão abaixo é utilizado por várias bandas "pesadíssimas", como Sepultura e Metallica
(principalmente em seus últimos álbuns); se você está acostumado com os PC regulares, vai ter um
troço... mas com o tempo, o ouvido se acostuma. É formado por tônica/3a.maior. Aplique da mesma
maneira que o exemplo anterior, só que na harmonizado na escala maior ou relativa da tônica. (Ah...
como toodo PC de 2 notas em cordas subsequentes, pode ser usado nas 3 últimas cordas: G, A, E)
e||---|---|---|---|---|
B||---|---|---|---|---|
D||---|---|---|---|---|
G||---|---|-3-|---|---|
A||---|---|---|-1-|---|
E||---|---|---|---|---|
Veja alguns exemplos do uso destes padrões; com certeza você vai utilizá-los no seu dia-a-dia.

Dicas:
i.) Explore seus conhecimentos em formação de acordes, tríades e graus para utilizar nos PC; você vai
ver que pode alterar o andamento harmônico alterando o padrão de PC utilizado;
ii.) Utilize progressões com "walking bass" (movimento da nota mais grave): mantenha as outras notas
no lugar, movendo somente a mais grave - o efeito é muito bom;
iii.) Quando arranjando para 2 guitarras, use sua criatividade, mesclando oitavas, padrões e até criando
porgressões diferentes para cada uma delas - você estará chutando a monotonia dos PC prá escanteio
de vez...
iv.) Não pense que PC só tem vez de Heavy Metal prá cima; falou em Rock, tem PC (desde seu pai, o
Blues...). Bruce Springsteen, por exemplo, acho que nunca tocou outra coisa além de PC na vida...
Mestres como Keith Richards, Clapton, Jeff Beck, Chuck Berry, B.B. King e nosso Mozart Mello também
usam PC's - com maior ou menor frequência em cada caso, mas provam que estilo não é problema para
esse "bicão" da guitarra.
Vou largar a teoria um pouco de lado (afinal temos batalhado de montão pontos básicos da coisa nos
últimos dois meses...) para abordar alguns aspectos tecnológicos de instrumentos. Os artigos que vem a
seguir são adaptações de Brett Ratner, colunista das revistas "Guitar Player" norte-americana, da
"Musician", "Electronic Musician" e da "Music & Computers". Os artigos foram publicados na WEB
através do site "www.harmonycentral.com", no início de 1998, e foram aclamados por milhares de web-
guitar-players. Atualmente, Brett toca com sua banda, "Katoorah Jayne" em sua cidade, Nashville, EUA.
(ratocaster@harmony-central.com)

EVITANDO G.A.S.
G.A.S.(Gear Acquisition Syndrome) é a sigla norte-americana para uma das "doenças" mais graves que
atingem o mundo guitarrístico moderno (mas não exclusivamente...): a "Síndrome da Compra de
Equipamento".
Uma definição simplificada para GAS seria a busca eterna e/ou a compra irracional e obsessiva por
equipamentos musicais. GAS não é a mesma coisa que colecionar instrumentos - na verdade, muitas
pessoas acreditam que colecionar instrumentos e equipamentos musicais é, muito além de um prazer,
um ótimo investimento financeiro (se você tiver o significado monetário em pauta quando estiver
colecionando).
Você detecta a presença de GAS quando a necessidade compulsiva de "envenenar o equipamento" se
sobressai ao desejo de crescer como músico, compor, gravar, (e se você aspira tocar profissionalmente)
conquistar uma gravadora.

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Outro sintoma independente de GAS é a tendência de impulsivamente negociar um ótimo ítem de
equipamento que lhe pertence na troca por um outro, objeto de seu insaciável desejo (geralmente
pagando uma boa quantia em dinheiro) e arrepender-se da transação mais tarde...
O propósito deste artigo - evitando GAS - é passar adiante conhecimentos que Brett Ratner adquiriu
como jornalista, aprendendo da maneira mais difícil (ele confessa... sofria demais com sua GAS!!!).

Seu iontento é eliminar o sistema de "tentativa e erro", economizando o seu dinheiro e paciência,
ajudando a fazer negócios duradouros e com sabedoria (na primeira tentativa...). Ao final, você ficará
com equipamento que o faça feliz e proporcione um ótimo som - e não um monte de quinquilharias
inúteis que você vá vender em 6 meses.
Outro benefício da compra educada é que você vai ter fundamentos para criar o seu próprio "setup" - isto
é, sabendo como formar o básico e conhecendo alternativas, você poderá "incrementar" seu
equipamento por diversão, e não pela necessidade urgente de chegar a um timbre platônico que nem
mesmo você sabe qual é.
Quando se aprende a escolher uma única guitarra e um único amplificador que seja do seu gosto, você
não NECESSITARÁ comprar mais nada. Aí sim, você PODERÁ sair colecionando pedais, porque você
QUER, e não por PRECISAR. Da mesma maneira, você pode determinar um "set" (conjunto) de
amplificador e pedais básicos, e ter, POR OPÇÃO, 2 ou 3 guitarras de timbres completamente diferentes
que satisfaçam seu gosto e variação musical. O crucial é que quanto mais rápido você reconhecer O
QUÊ funciona bem com O QUÊ, mais rápido você vai se tornar um músico melhor - afinal, um bom
equipamento ajuda, e muito.

O Metrônomo
Para quem não sabe, o metrônomo, como o nome diz, é um aparelho destinado a marcar o tempo
musical. Existem vários tipos e modelos - não tem um? O melhor para este tipo de exercício é o movido
a pilha/bateria, com dial frontal. O tempo mantido é infalível, o dial tem incrementos de tempo standard e
você pode mudar de velocidade instantâneamente - tudo isto é bem vindo nesta técnica.
Outros tipos são os pequenos digitais, os tipo plug-in mecânicos e os "vovôs" de pëndulo invertido.
Os pequenos digitais são ótimos para todos os propósitos - são mais baratos o mantém o tempo infalível.
Tavez sejam um pouco impróprios para este tipo de exercíco pois para incrementar a velocidade você
tem que ficar segurando os pequenos botoezinhos até chegar ao valor desejado - e os incrementos não
são standard, e sim, em unidades. Numa hora de estudo, com tantas digitações e um tempo pra cada
uma, você vai perder 1/2 hora só com o metrônomo...
Os outros são - desculpem - uma droga.... Os mecânicos tipo plug-in variam a velocidade de acordo com
a corrente elétrica do local, acusando maior velocidade do que o real quando houver quedas na corrente
(você vai se sentir Joe Satch quando os vizinhos ligarem chuveiro, ar-condicionado e secadora de
roupas...). E os velhinhos com pêndulo não marcam o tempo com exatidão.
11.2.)

Incrementos "Standard" em Metrônomos


40 - 60 acréscimos de 2
40, 42, 44, 46, 48, 50, 52, 54, 56, 58, 60
60 - 72 acréscimos de 3
60, 63, 66, 69, 72
72 - 120 acréscimos de 4
72, 76, 80, 84, 88, 92, 96, 100, 104, 108, 112, 116, 120
120 - 144 acréscimos de 6
120, 126, 132, 138, 144
144 - 208 acréscimos de 8
144, 152, 160, 168, 176, 184, 192, 200, 208
Agora é só pegar sua planilha, pegar a guita e PRATICAR, PRATICAR, PRATICAR.........
Com certeza, em nosso próximo artigo você já vai estar "FERA"!

TOM, CAMPO HARMÔNICO E PROGRESSÕES


Muitos anos atrás, cismei em aprender teclado popular - para quem nunca tocou
e conhece violão/guitarra, funciona + ou - assim: a Mão Esquerda faz o

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trabalho de "base", enquanto a Mão Direita leva a "voz" ou "lead". Com alguma
prática auditiva musical, logo eu estava facilmente "solando" com a Mão
Direita, mas a falta de conhecimento teórico (que era o meu problema na
época) me impedia de saber quais os acordes do acompanhamento. Quando eu
perguntei ao meu professor: "Como colocar os acordes sobre a melodia?" ele me
disse que eu viesse à todas as aulas, e, TALVEZ, na última aula do 4o. ano
ele me ensinaria este "pulo do gato"!
Ele sabia que se eu conseguisse transcrever a "voz" para a Mão Direita e
soubesse encaixar os acordes, eu não voltaria mais às aulas - que fique bem
claro: por se tratar de um curso do tipo "Popular" - o professor não busca
aprimorar a teoria musical, e sim, fazer com que o aluno toque música, da
maneira mais simples possível, no menor tempo decorrido. É o intento das
cifras - elas são simples e eficientes, por isso invadiram o mundo musical
universalmente com tanta força. Você acaba aprimorando técnicas - arpejos,
dedilhados, pestanas, agilidade nas mãos, etc.... mas o conhecimento teórico
fica completamente estagnado!!!

E você - se você quizer "tirar" (transcrever) uma música que ouviu, seja por
cifras, seja por TAB?
Vamos ver e rever neste artigo vários conceitos, que serão complementados e
acrescidos nos próximos. Este talvez tenha sido o mais complicado para mim
escrever, por se tratar de um assunto muito pedido, e infelizmente, muito
pouco abordado através da WEB - tentei ser o mais claro possível, mas o
próprio contexto é complexo. Meu e-mail está aberto às dúvidas, que
responderei na medida do possível, OK?
Recebo infinitos e-mail perguntando como tirar músicas, como achar o Tom
delas, o que é o Tom e como reconhecer o Tom tocando ou lendo
partituras/cifras/TAB.

Quando falamos em TOM, temos que entender o seguinte: existe uma nota, a
TÔNICA, que "rege" tudo o que fazemos durante aquela música. Os solos, o
clima, os acordes, tudo gira em torno do TOM dado por esta nota tônica. Por
isso é tão importante saber qual o Tom - daí podemos começar com mais
facilidade o trabalho de compor ou tirar uma música.
Voltemos um pouco na História: quando os mestres da música sentaram-se num
boteco para tomar umas e formular padrões a serem seguidos, tiveram que
definir certas regras, ou tudo viraria uma bagunça. A música "escrita" era
como uma ciência: para que fosse difundida através de um pedaço de papel
(afinal, não existiam na época aparelhos que gravassem e reproduzissem a
música, logo, para ouví-la, você teria de tocá-la através de um pedaço de
papel...). Daí nasceu a Teoria Musical.

Obviamente, não estaremos utilizando sempre C (dó maior) em todas as músicas;


logo, teremos que enfrentar alguns acidentes (sustenidos-# e bemóis-b) ->
lembram-se que somente a escala de C (dó maior) é isenta de acidentes?
Portanto, quando estamos escrevendo música em um pentagrama (ou pauta), temos
que seguir uma regra pré-estabelecida pelos nossos amigos do boteco lá de
cima, que definiram uma ordem para que estes sinais fossem inseridos: eles
ficam ao lado da clave (que é o símbolo que define uma nota chave na pauta -
sol, fá, dó...), numa sequência estratégica. A regra é a seguinte:
Os sustenidos são : F - C - G - D - A - E - B
Os bemóis são: B - E - A - D - G - C - F
(exatamente o contrário da sequência de sustenidos)
Decorando isto, você pode montar uma tabela que define o número de acidentes
representados em cada escala. Comece pelo C, que é 0(zero) nos dois casos, já
que não tem acidentes.

Olhe como fica:

20
sustenidos:
C - G - D - A - E - B - F# - C#
0 1 2 3 4 5 6 7
bemóis:
C - F - Bb - Eb - Ab - Db - Gb - Cb

0 1 2 3 4 5 6 7
Analisando isto, teremos, por exemplo, usando a escala de A, 3 sustenidos.
(confira na tabela de sustenidos). Não acredita? Verifiquemos na escala:
A - B - C# - D - E - F# - G# - A
Viu? Estão os 3 aí: C#, F# e G#.
(se vc. não entendeu como formamos a escala, relembre o artigo!)

Vamos tentar a de E? São 4 sustenidos:


E - F# - G# - A - B - C# - D# - E
Estão todos presentes! São: F#, G#, C#, D#.

Sei que tem gente perguntando como é que eu sabia onde colocar as escalas de
F# e C# e onde colocar as escalas naturais de F e C. Aliás, deve ter gente
perguntando porque algumas escalas são naturais, outras sustenidas e outras
bemóis. Vou explicar tudo com um exemplo.

Vejamos a escala de fá maior (F):


F - G - A - A# - C - D - E - F
Notaram que teríamos dois lá: A e A#? No pentagrama só existe uma linha (ou
espaço) para o A. Então foi estipulado que a escala de F seria representada
por bemóis (b) ao lado da clave. Então a escala de F ficou assim:

F - G - A - Bb - C - D - E - F
Confira na regra lá em cima: F = 1 bemol (que é o Bb).
Quem ficou representada pelos sustenidos foi a escala de F#:
F# - G# - A# - B - C# - D# - F - F#
Êpa!!! Mas também ficou com 2 Fá: F e F#!!!! E agora?
Agora vem a "manha": o F é representado no pentagrama pelo E#!
A escala ficaria assim:
F# - G# - A# - B - C# - D# - E# - F#
Vamos conferir: escala de F# = 6 sustenidos!!! (os caras eram bons, hein?)
O mesmo ocorre com a de C#:
C# - D# - F - F# - G# - A# - C - C#
(E#) (B#)

Embora não se escreva E# e B#, como notação em pentagrama é utilizado,


justamente para evitar um monte de sinais no meio da pauta e para facilitar o
músico na identificação da escala escolhida para compor a peça.
Na prática, é só contar os símbolos na pauta para saber qual a escala
utilizada.

exemplos :
pentagrama com 3# ao lado da clave: escala de A
pentagrama com 2b ao lado da clave: escala de Bb

Mesmo sendo muito simples, é determinada a ESCALA utilizada, e não TOM. Para
determinar o Tom, teríamos que analisar as notas da maneira como são
utilizadas, com que acordes, se menor ou maior, além de outros conceitos que
analisaremos no futuro (como MODOS, por exemplo).

Se você está me xingando neste momento, já que tudo o que vimos em nossos
artigos NUNCA foi baseado em pentagramas, acalme-se... Gosto do estilo Mister

21
"M" : mostrar de onde vieram as coisas... Além disso, alguns artigos atrás eu
fiz uma piadinha acerca de sustenidos e bemóis, dizendo que a invenção de 2
nomes para a mesma coisa era pura sacanagem - mas tudo tem uma explicação bem
lógica: seria impossível representar músicas em pentagramas sem a utilização
dos 2, OK?

Esquecendo as pautas, com TAB's e cifras a coisa muda um pouco. Vamos lembrar
que sabendo qual o Tom será infinitamente mais fácil determinar os acordes,
além da tônica dos solos e improvisos.
Sabendo que os acordes derivam das escalas (já vimos isto antes), é fácil
perceber que as notas da escala utilizada DEVEM estar contidos nos acordes.
Logo, qualquer acorde formado pelas notas da escala soará incrivelmente
agradável quando esta for utilizada.
Normalmente os acordes são formados através da harmonização em terças
diatônicas. Vamos relembrar este tipo de harmonização (que fizemos em
Dominando Acordes).
A escala de C (dó maior) é
C - D - E - F - G - A - B

Começando por C, conte 2 notas para a direita. teremos E. Mais 2 para a


direita. Teremos G. Reconhecem a nossa tríade (acorde de 3 notas)? É o C-E-G,
ou dó maior (C). Não é por mera coincidência que ele é perfeitamente
compatível com a escala de C...
Se fizermos isto com todas as notas da escala, teremos 7 tríades:
C-E-G = C (dó maior)
D-F-A = Dm (ré menor)
E-G-B = Em (mi menor)
F-A-C = F (fá maior)
G-B-D = G (sol maior)
A-C-E = Am (lá menor)
B-D-F = Bº (si diminuto)
Esta seria a "família" de acordes de 3 notas (ou tríades) compatíveis com a
escala de C, ou seja, estes acordes pertencem a um "CAMPO HARMÔNICO" no TOM
de C (dó maior). Quando utilizada uma escala de C, ou composta uma melodia
neste TOM, utilizando combinações destes acordes pertencentes ao Campo
Harmônico, o resultado será com certeza agradável aos ouvidos.

Pode-se ainda harmonizar desta mesma forma, utilizando as mesmas notas da


escala, acordes com 4 notas, gerando acordes mais ricos e sofisticados; indo
mais longe, podemos chegar aos acordes de 5 e 6 notas, que embora não tão
usuais, são de grande valia para composições ecléticas e originais.
Abaixo temos uma tabela com as 3 famílias de acordes (3,4,5 notas) derivadas
da escala de C maior, determinando um vasto campo harmônico (do lado direito,
as notas que formam cada acorde).

+----------------------------------------------------+
| CAMPO HARMÔNICO DE: C (dó maior) |
+----+-------+-------+-------+-------+-------+-------+
|nota| 3 | 4 | 5 | 3 | 4 | 5 |
+----+-------+-------+-------+-------+-------+-------+
| C | C | Cmaj7 | Cmaj9 | CEG | CEGB | CEGBD |
+----+-------+-------+-------+-------+-------+-------+
| D | Dm | Dm7 | Dm9 | DFA | DFAC | DFACE |
+----+-------+-------+-------+-------+-------+-------+
| E | Em | Em7 | Em7b9 | EGB | EGBD | EGBDF |

22
+----+-------+-------+-------+-------+-------+-------+
| F | F | Fmaj7 | Fmaj9 | FAC | FACE | FACEG |
+----+-------+-------+-------+-------+-------+-------+
| G | G | G7 | G9 | GBD | GBDF | GBDFA |
+----+-------+-------+-------+-------+-------+-------+
| A | Am | Am7 | Am9 | ACE | ACEG | ACEGB |
+----+-------+-------+-------+-------+-------+-------+
| B | Bmb5 | Bm7b5 |Bm7b5b9| BDF | BDFA | BDFAC |
+----+-------+-------+-------+-------+-------+-------+
Gostaram? Só com estas 3 "famílias" já temos 21 acordes que se encaixam
perfeitamente no Tom da escala original, que é C (dó maior).

Antes de prosseguir, vamos recapitular tudo:


1.) O TOM representa a ESCALA utilizada na composição;
2.) Os ACORDES derivam da ESCALA escolhida;
3.) Os ACORDES são formados pela HARMONIZAÇÃO da ESCALA (no nosso exemplo, em
TERÇAS DIATÔNICAS);
4.) Os ACORDES RESULTANTES formam o CAMPO HARMÔNICO do TOM escolhido.

Tudo entendido, vamos prosseguir.


Tá bom, mas o que vamos fazer com este monte de acordes? Teremos que
compreender um novo conceito: PROGRESSÃO HARMÔNICA. Progressão Harmônica é
uma sequência de acordes harmonizados, ou seja, um trecho de qualquer música
é uma progressão harmônica.

A música "Ainda é Cedo", do Legião Urbana, regravada por Marina Lima, é


baseada inteirinha em uma só progressão de 3 acordes: Am-Dm-C. Toque esta
progressão e você notará que os acordes Dm-C criam uma "tensão" que é
"relaxada" quando chegamos ao acorde de Am. Este "clima" é a arma que os
músicos tem para quebrar a monotonia da música - as progressões tem
características próprias, dependendo de como o compositor as utiliza. Vamos
analisar os acordes do nosso campo harmônico de C (dó maior) e construir
algumas progressões (você certamente reconhecerá algumas - de músicas muito
familiares...)
[1] C - F - G7 - C
[2] C - F - C - G7 - F - C
[3] C - Am - F - G7 - C
[4] C - Am - Em - Am - Dm - G - C
[5] Dm - G7 - Cmaj7 - Fmaj7 - Bm7b5 - G7 - C

Tente tocar as progressões acima - tudo se encaixa perfeitamente? Não é sorte


ou coincidência... Levando em consideração que uma música ou trecho musical
normalmente começa ou termina no tom dominante, se você for compor é só
escolher o tom e sair encaixando os acordes, tirados de dentro do Campo
Harmônico, e formar uma Progressão Harmônica. Para "tirar" uma música,
verifique a nota inicial/final da maior parte dos trechos (primeiros versos,
versos finais ou refrão) e na maioria das vezes (99%) todos os acordes
pertencerão àquele campo harmônico - geralmente usando as mesmas progressões
que estudamos.

É claro que para isto você deverá analisar o Campo Harmônico no tom da
música, ou seja, em todas as escalas - e para isto, você deverá montar os
Campos Harmônicos para todas elas. Comece montando para as 7 maiores -
lembre-se que você poderá usar os acordes para o Tom Menor relativo (lembram-
se que a relativa de C é Am? Se as notas das 2 escalas são as mesmas, os
acordes serão os mesmos para os dois campos Harmônicos - só muda a ordem dos
acordes nas progressões!)

23
Voltemos às progressões - analisando as 5 acima, notaremos:
[1] e [2] usam somente 3 acordes: C-F-G7. De fato, é incrível como existem
tantas músicas, tradicionais e contemporâneas, que utilizam este tipo de
progressão (seja em C ou em qualquer outro tom). Esta progressão é chamada I-
IV-V, porque usa estes graus da escala.
[3] e [4] tem um "sabor" mais "down" por usarem acordes menores - Am, Dm e
Em. Estas duas progressões aparecem freqüentemente em várias músicas, e
principalmente a [3] é muito utilizada no rock desde os anos 60 até os dias
atuais. É conhecida como "turnaround" (ou retorno) porque soa como uma tensão
indo e vindo.
A [5] é a mais rica harmonicamente, criando um som interessante pelo uso de
acordes com 4 notas. O som sofisticado obtido é uma das vantagens destas
progressões, muito utilizada em jazz. Note que embora a frase não comece pela
tônica (C), ela reaparece para "fechar"a progressão em seu final.
Outro exemplo de progressão simples muitíssimo usada é a I-III-V (note que
são os acordes correspondentes às notas formadoras da tríade maior de C = C-
E-G).
Milhares de músicas utilizam esta progressão (e suas correspondentes em
outros tons).

As progressões dentro de um Campo Harmônico são a base para trascrever/compor


músicas, devido às suas propriedades derivadas das seqüências de acordes.
Devemos ter em mente, entretanto, que a música é uma arte, e não existem
regras fixas para fazer arte - existem padrões teóricos, que podem, e devem
ser quebrados. Assim como tocar notas fora de uma escala numa melodia, é
permitido utilizar acordes fora do campo harmônico numa composição, desde que
seus ouvidos julguem a progressão agradável.
Vários músicos inovadores e excelentes freqüentemente fogem dos padrões da
teoria musical, e acrescentam muito a este contexto, com resultados
incrivelmente satisfatórios. Se você quiser partir para um novo campo, tudo
bem, mas primeiro saiba onde está pisando, e só depois escolha caminhos
alternativos.
Vamos aumentar nossos conhecimentos?
Vimos o campo harmônico e as progressões para o acorde de C (dó maior), que
pode ser aplicado a todas as escalas maiores e suas menores relativas (no
caso de C, Am). Outros campos harmônicos podem ser obtidos da mesma forma
sobre outras escalas. Veremos abaixo as Escalas menores de C: Cm, Cm Melódico
e Cm Harmônico.
Lembra-se como constru i r uma esca la Menor?
Tom - semitom - tom - tom - semitom - tom - tom
No nosso caso, Cm, seria:
C - D - Eb - F - G - Ab - Bb - C
Vejamos o Campo Harmônico:

+-------------------------------------------------------+
| CAMPO HARMÔNICO DE: Cm (dó menor) |
+----+-------+--------+--------+-------+-------+--------+
|nota| 3 | 4 | 5 | 3 | 4 | 5 |
+----+-------+--------+--------+-------+-------+--------+
| C | Cm | Cm7 | Cm9 | CEbG |CEbGBb |CEbGBbD |
+----+-------+--------+--------+-------+-------+--------+
| D | Dmb5 | Dm7b5 |Dm7b5b9 | DFAb |DFAbC |DFAbCEb |
+----+-------+--------+--------+-------+-------+--------+
| Eb | Eb | Ebmaj7 | Ebmaj9 | EbGBb |EbGBbD |EbGBbDF |
+----+-------+--------+--------+-------+-------+--------+
| F | Fm | Fm7 | Fm9 | FAbC |FAbCEb |FAbCEbG |

24
+----+-------+--------+--------+-------+-------+--------+
| G | Gm | Gm7 | Gm9 | GBbD |GBbDF |GBbDFAb |
+----+-------+--------+--------+-------+-------+--------+
| Ab | Ab | Abmaj7 | Abmaj9 | AbCEb |AbCEbG |AbCEbGBb|
+----+-------+--------+--------+-------+-------+--------+
| Bb | Bb | Bb7 | Bb9 | BbDF |BbDFAb |BbDFAbC |
+----+-------+--------+--------+-------+-------+--------+
Algumas progressões muito interessantes podem ser construídas:
[1] Cm - Fm - Bb7 - Cm
[2] Cm - Cm7 - Ab - Gm7 - Cm
[3] Cm - Fm - Gm7 - Cm
[4] Cm - Fm7 - Dm7b5 - Ab - Gm7 - Gm
[5] Cm - Eb - Cm - Gm7 - Fm7 - Dm7b5 - Gm7 - Cm

As Escalas Menores Melódicas são idênticas às Maiores, trocando-se somente o


III grau (no caso de C, seria E) pelo IIIb (Eb). Ficaria assim:
C - D - Eb - F - G - A - B - C

Veja o Campo Harmônico pronto: (harmonizado em 3as. Diatônicas)


+------------------------------------------------------+
|CAMPO HARMÔNICO DE: Cm MELÓDICO (dó menor) |
+----+-------+--------+--------+-------+-------+-------+
|nota| 3 | 4 | 5 | 3 | 4 | 5 |
+----+-------+--------+--------+-------+-------+-------+
| C | Cm |Cm(maj7)|Cm(maj9)| CEbG | CEbGB |CEbGBD |
+----+-------+--------+--------+-------+-------+-------+
| D | Dm | Dm7 | Dm7b9 | DFA | DFAC |DFACEb |
+----+-------+--------+--------+-------+-------+-------+
| Eb | Eb+ |Ebmaj7#5|Ebmaj9#5| EbGB | EbGBD |EbGBDF |
+----+-------+--------+--------+-------+-------+-------+
| F | F | F7 | F9 | FAC | FACEb |FACEbG |
+----+-------+--------+--------+-------+-------+-------+
| G | G | G7 | G9 | GBD | GBDF | GBDFA |
+----+-------+--------+--------+-------+-------+-------+
| A | Amb5 | Am7b5 | Am9b5 | ACEb | ACEbG |ACEbGB |
+----+-------+--------+--------+-------+-------+-------+
| B | Bmb5 | Bm7b5 |Bm7b5b9 | BDF | BDFA | BDFAC |
+----+-------+--------+--------+-------+-------+-------+
Esta escala tem progressões menos comuns ( na verdade, ela é mais utilizada
para solos). Mas podemos formar algumas:
[1] Cm - F - G - Cm
[2] Cm - Cm(maj7) - Dm7 - G7 - Cm

As Escalas Menores Harmônicas são idênticas às Menores Melódicas, trocando-se


somente o VI grau (no caso de C, seria A) pelo VIb (Ab). Ficaria assim:
C - D - Eb - F - G - Ab - B - C

Veja o Campo Harmônico pronto: (harmonizado em 3as. Diatônicas)


+------------------------------------------------------+
|CAMPO HARMÔNICO DE: Cm HARMÔNICO (dó menor) |
+----+-------+--------+--------+-------+-------+-------+
|nota| 3 | 4 | 5 | 3 | 4 | 5 |
+----+-------+--------+--------+-------+-------+-------+
| C | Cm |Cm(maj7)|Cm(maj9)| CEbG | CEbGB |CEbGBD |
+----+-------+--------+--------+-------+-------+-------+

25
| D | Dmb5 | Dm7b5 |Dm7b5b9 | DFAb | DFAbC |DFAbCEb|
+----+-------+--------+--------+-------+-------+-------+
| Eb | Eb+ |Ebmaj7#5|Ebmaj9#5| EbGB | EbGBD |EbGBDF |
+----+-------+--------+--------+-------+-------+-------+
| F | Fm | Fm7 | Fm9 | FAbC |FAbCEb |FAbCEbG|
+----+-------+--------+--------+-------+-------+-------+
| G | G | G7 | G7b9 | GBD | GBDF |GBDFAb |
+----+-------+--------+--------+-------+-------+-------+
| Ab | Ab | Abmaj7 |Abmaj7#9| AbCEb |AbCEbG |AbCEbGB|
+----+-------+--------+--------+-------+-------+-------+
| B | Bmb5 | Bdim | Bdimb9 | BDF | BDFAb |BDFAbC |
+----+-------+--------+--------+-------+-------+-------+

Podemos montar várias progressões sobre o Campo Harmônico de Cm Harmônico - e


elas são muito úteis (e muito conhecidas!):
[1] Cm - Fm - G - Cm
[2] Cm - G - Fm - G - Fm - G - Cm
[3] Cm - Fm7 - Bdim - Cm - G - Fm - Cm
[4] Cm - Ab - G7 - Cm - Dm7b5 - G7b9 - Cm
Acredito que deu pra ter uma idéia bem estruturada dos conceitos - mas
lembre-se: tudo o que vimos é como um mapa rodoviário - que leva você de
cidade em cidade; para andar DENTRO das cidades, que seriam as músicas, você
vai ter que usar outros artifícios: seu ouvido, muita prática e a capacidade
humana de inovar!

Guia de construção do Campo Harmônico Passo-a-passo:


Para você que é iniciante, ou achou a coisa muito complicada, ou é preguiçoso
mesmo (!?!?), aí vai um guia bem explicadinho desde a escolha da escala até
nomear os acordes encontrados. Se depois disso você não entender, volte ao
artigo 1.) e comece tudo de novo!!!!!!!
Este procedimento deverá ser feito para as 12 ESCALAS (é isso mesmo - mão na
massa!)
A, Bb, B, C, C#, D, Eb, E, F, F#, G, G#
1o.passo) copie e imprima (de preferência aumente um pouco a fonte)
esta tabelinha de campo harmônico abaixo:

+------------------------------------------------------+
|CAMPO HARMÔNICO DE: _____________(________) |
+----+-------+--------+--------+-------+-------+-------+
|nota| 3 | 4 | 5 | 3 | 4 | 5 |
+----+-------+--------+--------+-------+-------+-------+
| | | | | | | |
+----+-------+--------+--------+-------+-------+-------+
| | | | | | | |
+----+-------+--------+--------+-------+-------+-------+
| | | | | | | |
+----+-------+--------+--------+-------+-------+-------+
| | | | | | | |
+----+-------+--------+--------+-------+-------+-------+

26
| | | | | | | |
+----+-------+--------+--------+-------+-------+-------+
| | | | | | | |
+----+-------+--------+--------+-------+-------+-------+
| | | | | | | |
+----+-------+--------+--------+-------+-------+-------+
2o.passo) escolha o TOM do campo harmônico e preencha o título:
vou escolher a de C (dó maior) para poder explicar como montei a do artigo
(assim você poderá acompanhar meu raciocínio olhando na tabela já pronta);
3o.passo) construa a ESCALA correspondente ao TOM:
(estaremos trabalhando primeiro com as 12 acima - todas são MAIORES - caso
tenha dúvidas em construção de escalas, volte ao artigo e dê uma lida!); a
escala MAIOR é formada a partir da Tônica desta forma:

tom-tom-semitom-tom-tom-tom-semitom
C - D - E - F - G - A - B - C
4o.passo) escreva na tabela (coluna de notas), de cima para baixo, as notas
da escala;
5o.passo) Vamos começar a harmonizar as notas em acordes de 3, 4 e 5 notas
(vc. Pode ir até 6, se quiser): para achar o primeiro acorde da linha do C,
começamos pela tônica (C) contamos 2 à direita (E) e mais 2 à direita (G).
Encontramos C-E-G. Vamos até as colunas mais à direita de nossa Tabela, e
anotamos o acorde de 3 notas harmonizado a partir de C. Não se preocupe com o
nome dele ainda.
Para harmonizar o de 4 notas, é o mesmo procedimento, só que adicionamos mais
um "pulo": C-E-G e mais 2 à direita (B). Teremos então o acorde formado por
C-E-G-B. E com mais um pulo (D), teremos o de 5 notas: C-E-G-B-D. Fácil, não?
Faça isto com cada uma das notas, e vá anotando na Tabela.
6o.passo) identificação e nomeação dos acordes. Talvez essa seja a parte mais
chata da coisa toda... Existem tantas técnicas e tantas maneiras (certas e
erradas) encontradas em revistas, TABS, na WEB, que às vezes você acaba
decorando 3 ou mais nomes para o mesmo acorde...
Vou tentar ser bem claro (e não se assuste com os nomes encontrados; mesmo
que você conheça o acorde por outro nome, esta nomenclatura é bem fácil de
entender, e não deixa dúvidas sobre quais as notas utilizadas).
Para "batizar" os acordes, precisaremos relembrar uma Tabela de Intervalos,
que já vimos em "Dominando Acordes" - para facilitar, vou colocá-la de novo
aqui, ,com uma coluna em branco do lado para você poder utilizar com outras
notas.

+----------------------------------------------------+
| CAMPO HARMÔNICO DE: C (dó maior) |
+----+-------+-------+-------+-------+-------+-------+
|nota| 3 | 4 | 5 | 3 | 4 | 5 |
+----+-------+-------+-------+-------+-------+-------+
| C | C | Cmaj7 | Cmaj9 | CEG | CEGB | CEGBD |
+----+-------+-------+-------+-------+-------+-------+
| D | | | | DFA | DFAC | DFACE |
+----+-------+-------+-------+-------+-------+-------+
| E | Em | Em7 | Em7b9 | EGB | EGBD | EGBDF |
+----+-------+-------+-------+-------+-------+-------+
| F | | | | FAC | FACE | FACEG |
+----+-------+-------+-------+-------+-------+-------+
| G | | | | GBD | GBDF | GBDFA |

27
+----+-------+-------+-------+-------+-------+-------+
| A | | | | ACE | ACEG | ACEGB |
+----+-------+-------+-------+-------+-------+-------+
| B | | | | BDF | BDFA | BDFAC |
+----+-------+-------+-------+-------+-------+-------+
Vou fazer mais uma linha: a de B (si)
O primeiro acorde é B-D-F.
B- é a tônica = B
D- 3a. menor = Bm
F- 5a diminuta. Como nomeamos dim somente o acorde com 5a. e 7a. diminutas, e
não incluímos a 7a. neste caso, temos que considerar a 5a. diminuta como a
5a. Maior 1 intervalo abaixo (vimos isto lá em cima!). Logo, acrescentaremos
ao final do nome "b5". Nosso acorde é Bmb5.
O segundo é B-D-F-A.
A- é a 7a. menor. Como já temos a 3a. menor, o acorde é Bm7b5.
O terceiro, B-D-F-A-C.
C- é a 9a. menor.

Seguindo nossa regra das 9as., a 9a. menor é considerada como 9a. Maior 1
intervalo abaixo, ou seja, "b9". Então chamaremos nosso acorde de Bm7b5b9.
Embora os acordes tenham nomes "escabrosos", na realidade a nomenclatura é
simples, se vemos desta forma: sabemos quais as notas e porque elas fazem
parte do acorde. Um Bm7b5b9 é, simplesmente, um Si menor com 7a. (que sabemos
fazer de cor) mas com a 5a. e a 9a. bemóis. Isto significa que teremos que
colocar o dedo da 5a. e da 9a. uma casa para trás.
Pô, só isto? Eu sei que alguns dirão que o acorde fica meio complicado de
fazer - mas aí eu dou uma dica: se você souber quais os acordes que formam o
campo harmônico, e achar difícil fazer um acorde com 5 notas, faça o de 4
notas: ele soará muito bem no contexto da música. É claro que a harmonia vai
empobrecer, pela diminuição da quantidade de notas, mas você nunca notou que
quando vai ler certos TABs e cifras, em revistas ou na WEB, mesmo que a
música fique parecida não sai igual à gravação, ou ainda, diferente do jeito
que o músico toca quando você vê o vídeo ou o show? É porque, embora os
acordes estejam dentro do campo harmônico, e no tom original da música, eles
foram SIMPLIFICADOS para facilitar a execução (ou o cara que tirou era ruim,
mesmo...). E se você achar difícil fazer o acorde de 4 notas,
transcreva para 3.

Agora, se você não conseguir fazer o de 3 notas, VÁ TOCAR CHOCALHO, que só


tem UMA nota...
7o. passo (e último...UFA!): montar progressões harmoniosas ao seu ouvido, e
anotá-las para referência.

As mais comuns são (os números correspondem aos Graus da


escala):
I - III - V
I - IV - V
I - VI - IV - V (turnaround)

Você pode construir várias outras; tente começar com a tônica, "sentir" que
forma-se uma tensão e então quebrá-la, voltando ao tom inicial. Use primeiro
os acordes de 3 notas, depois substitua alguns por seus correspondentes de 4
ou 5 notas, para enriquecer sua composição. Para tirar uma música, faça o
contrário: encontre o tom, e então use os acordes de 3 notas para encaixar na
música. Depois, substitua pelos de 4 ou 5 notas até ficar bem parecido com o
original.

28
Ah... tava esquecendo! Uma boa notícia: lembram que as Escalas Menores
derivam das Maiores a partir do VI grau? Então como as notas usadas nas duas
são as mesmas, nos mesmos intervalos, os acordes também são os mesmos. Isto
quer dizer que, se nós fizemos o Campo Harmônico de C (dó maior), os acordes
são os mesmos do Campo Harmônico de Am (lá menor).

É só montar outra tabelinha, colocar as notas na seqüência correta (a partir


da tônica) e copiar os acordes. Ou seja, fazendo as 12 maiores, você já tem
as 12 menores quase prontas: é só copiar no lugar certo.
Outra dica: as Escalas menores Harmônica e Melódica só tem poucas notas
diferentes. Outra barbada: com o campo harmônico Menor Natural pronto, vai
ser "bico" montar os Campos Harmônicos das outras escalas menores. Já são 48
campos harmônicos - dá pra começar a brincar!!!!!
Espero que vocês possam tirar o máximo de proveito deste artigo - garanto
vocês, é o mais completo da WEB sobre o tema (deu o maior trabalho!!!).

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