Revalorização de Ativos
Revalorização de Ativos
Revalorização de Ativos
Manuel Patuleia
Entrevista
“Este Orçamento tem uma meta real e
adequada às necessidades do país?”
Curso de preparação
para exame de TOC
Distribuição Gratuita aos Associados Preço Avulso 5,25 Euros (I.V.A. Incluído)
Inscrições a decorrer
Acções de Formação
REVALORIZAÇÃO Profissional Certificadas
DOS ACTIVOS FIXOS
TANGÍVEIS Novas Datas
CASO PRÁTICO
Um estudo aprofundado, um melhor
conhecimento normativo contabilístico
relacionado com os Activos Fixos
Tangíveis
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Apoio
JORNAL DE CONTABILIDADE
Nº 436 | Janeiro/Fevereiro 2014
ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA
DE TÉCNICOS DE CONTABILIDADE
INSTITUIÇÃO DE UTILIDADE PÚBLICA
2014
Entrevista ao
Presidente da APOTEC, Manuel Patuleia
Presidente da Comissão Instaladora da Associação JC – O que representa para a APOTEC a Escola e a Forma-
dos Técnicos Oficiais de Contas (ATOC)* – futura ção?
OTOC MP – O meu pensamento vai para a competência e esta só se
adquire com a aprendizagem contínua. A aposta na formação
Moderador e Orador em Seminários de Contabi- independentemente do grau académico que se possa apresen-
lidade e Fiscalidade tar é uma elementar exigência para aqueles que querem de-
sempenhar a profissão com aptidão. Num mundo de extraor-
Representante da APOTEC no Conselho Geral da dinária competição e em situações consideradas normais, só se
Comissão de Normalização Contabilística. destaca quem possuir elementos de elevada qualidade para o
desempenho das atribuições que lhes são conferidas. Neste
Membro do Conselho Executivo do Centro de
domínio a APOTEC tem ajudado, ou seja é uma obrigação
Estudos de História da Contabilidade.
desta associação colocar o saber ao serviço dos seus associados,
Faz parte dos Corpos Sociais da APOTEC desde os quais, pelo seu lado, têm correspondido com a adesão às
múltiplas acções de formação que têm sido promovidas.
1986, sendo seu Presidente eleito desde 1992.
Como entidade de utilidade pública a APOTEC promoveu num
passado recente também formação gratuita com a colaboração
*
Em regime de rotatividade do Banco de Portugal e da AT-Autoridade Tributária e Aduaneira.
dade tributária das empresas com o aumento das tributa- deverão ser distribuídos por um máximo de 60 sorteios a
ções autónomas, o aumento da limitação à dedução anual realizar num ano, o Governo consiga encaixar entre 600 a
dos prejuízos fiscais e limitada aplicação do DLRR poderá 800 milhões de euros…
ser compensada com a descida da taxa em 2 pontos percen-
tuais? JC – A Formação da APOTEC face aos créditos dos TOC’s:
Será que esta alteração poderá dar um contributo relevante em que ponto estamos?
para a promoção do investimento e, consequentemente para MP – Até quando? É a pergunta que muitos profissionais
a criação de emprego no país? colocam e que se ouviu nas acções de formação profissio-
nal certificada promovidas pela APOTEC durante este último
JC – O que pensa da evolução da Fiscalidade em Portu- mês de Janeiro, por todo o país.
gal? Quando é que os profissionais poderão aplicar o artigo 43.º
MP – As sucessivas alterações legislativas, ultimamente têm da Constituição da República Portuguesa – Liberdade de
sido, além de abundantes, confusas, controversas e respon- aprender e ensinar?
sabilizantes desta classe profissional. Assim, não sendo re- A CONCORRÊNCIA, constitui um dos principais factores que,
flectidas e discutidas com todas as entidades intervenientes provocam desenvolvimento económico (melhoria na qualida-
e conhecedoras da reali- de/preço), contribuindo
dade económica, empre- como tal para o índice de
sarial e profissional, têm satisfação dos utentes.
a agravante de não se- Já lá vão mais de seis
rem introduzidas atem- anos desde que iniciá-
padamente, de modo a mos este processo, por-
poderem alcançar por que entendemos que os
um lado, a tão desejada TOCs em geral e os nos-
eficácia e eficiência tri- sos associados em parti-
butárias, a justiça e a cular têm o direito de
equidade fiscal, por ou- não serem prejudicados
tro. na liberdade de escolha
Haveria que ter coragem da formação. Ademais,
de se fazer uma verda- para efeitos do Código
deira reforma na fiscali- do Trabalho, só é valida
dade em Portugal, tor- a formação promovida
nando-a mais simples e por entidades certifica-
menos armadilhada. As preocupações inerentes à complexi- das (e a APOTEC é certificada pela DGERT), a OTOC não é!
dade dos impostos proporciona gastos adicionais às empre- O último desenvolvimento do processo da formação de cré-
sas. ditos a que assistimos em Janeiro deste ano, foi a condena-
No caso em concreto de uma reforma fiscal seria também ção por parte do Tribunal da Relação de Lisboa, confirmando
de bom tom que se ousasse olhar para uma alteração no IRS. a decisão do Tribunal do Comércio, declarando NULO todo
A justiça tributária deverá ser mais célere, procurando com o REGULAMENTO DA FORMAÇÃO DE CRÉDITOS. Já em
rapidez responsabilizar e punir os incumpridores. Fevereiro de 2013 o Tribunal de Justiça da União Europeia
condenara também o regulamento da formação dos créditos
JC – Orçamento do Estado para 2014: para onde va- dos TOCs, defendendo a inteira liberdade de escolha para os
mos? contabilistas fazerem a sua livre opção.
MP – Será que as metas objectivadas pelo Orçamento vão Sabemos que nesta data a OTOC apresentou novo recurso,
ser cumpridas? Este Orçamento tem uma meta real e ade- desta vez para o Tribunal Constitucional.
quada às necessidades do país? Tenho dúvidas… ACREDITAMOS que temos razão nas nossas pretensões,
Caminhamos como temos caminhado para uma cada vez aguardamos com tranquilidade mais este desfecho.
maior tributação em sede de IRS. Este orçamento pouco ou A lei ainda é a lei e não temos dúvidas que ela será respeita-
nada de novo traz a não ser os agravamentos fiscais. Tenho da, para que os profissionais possam ver restabelecido o direi-
dúvidas que com a “Factura da Sorte”, em que se prevê um to à liberdade de escolha e de aprendizagem, fora do mono-
valor de prémios até dez milhões de euros por ano que pólio até aqui imposto pela entidade reguladora da profissão.
JC – O que preconiza para o futuro novo Estatuto das Uma sociedade onde em muitos casos o sucesso depende
Ordens em geral e da OTOC em especial? em grande parte de “sensibilidades e oportunismos”, onde
MP – A Lei nº 2/2013 que estabelece o regime jurídico de o trabalho e a competência não formam por si só uma com-
criação, organização e funcionamento das associações publi- ponente de orgulho mas sim de inveja, tem que ter a coragem
cas profissionais já deveria estar na sua aplicação inteiramen- e a capacidade de mudar mentalidades, tornando-se mais
te em vigor. exigente, mais rigorosa, mais ética, mais profissional e menos
Ressalta dessa Lei o nº3 do artigo 5 que diz: “As associações corporativa.
públicas profissionais não podem, por qualquer meio, seja É fundamental um acentuado desenvolvimento económico,
acto ou regulamento, estabelecer restrições à liberdade de uma justiça mais célere e mais justa. Temos tido a experiên-
acesso e exercício da profissão que não estejam previstos na cia de que a sua morosidade conduz sempre a retracções de
lei, nem infringir as regras da concorrência na prestação de actividade. O mundo académico precisa aproximar-se o sufi-
serviços profissionais, nos termos dos direitos nacionais e da ciente da realidade empresarial e profissional, e transmitir
União Europeia. exemplos de excelência e valorização de padrões de conhe-
Só isto constitui uma necessidade de reformulação profunda cimento efectivo sem subserviência ao corporativismo e às
do Estatuto da OTOC, na medida em que esta continua a benesses financeiras dos mesmos. A gestão dos dinheiros
violar as regras de concorrência em matéria de formação públicos e das empresas tem de caminhar rapidamente para
profissional. uma cultura de rigor, porque certamente a não ser assim, a
Mas outros aspectos são ainda de ponderar, como a limitação sociedade portuguesa vai continuar a sofrer consequências
de actividade que o actual estatuto ainda contempla – não bastantes desastrosas. E com isso, os profissionais das contas!
existem outras profissões reguladas com limite de actividade A APOTEC continua a fazer apelos à competência, à ética
imposto aos seus membros; a publicitação dos serviços dos dos profissionais de contabilidade e fiscalidade, não obstan-
profissionais; a incompatibilidade de funções e até mesmo te as dificuldades cada vez maiores que se colocam ao exer-
outras questões estruturais e funcionais da própria entidade cício da profissão.
reguladora, como por exemplo, o acto eleitoral, a elegibili- Fazemos votos para o trilhar de um caminho de simplificação
dade dos candidatos, a fixação da remuneração dos órgãos não só para a contabilidade como para a fiscalidade e para-
sociais, que deveria ser feita pela Assembleia Geral, etc. fiscalidade, abortando exigências que acabam apenas por
Outro aspecto refere-se à profissão em si, ou seja, ou se furtar rentabilidade às empresas e que já nada tem a ver com
exercem na prática e somente as funções de um contabilista a contabilidade e a fiscalidade.
(importa defini-las ou actualizá-las tendo em conta o estabe- Desejamos um forte combate à burocracia e que uma sau-
lecido no quadro da Classificação Nacional das Profissões) e dável concorrência seja estimulada em todos os sectores.
a redenominação (de TOC para Contabilista Certificado) fará Preferimos bons exemplos a mil palavras!
sentido, ou se se quer mudar apenas o nome e manter-se
estatuto, será caso para se dizer “é pior a emenda que o A APOTEC continua seguindo o seu percurso com muita
soneto”… firmeza e determinação, com um discurso de verdade, sem
competir ou afrontar, mas não calando injustiças, nem rene-
JC – Que país, que Contabilidade e que Fiscalidade? gando o passado associativo que satisfaz plenamente.
MP – A situação económica e financeira do país, que se tem O seu futuro é de esperança, mercê de uma cuidada gestão
vindo a agravar, não é alheia aos profissionais da contabili- dos corpos sociais e do sentido de responsabilidade dos seus
dade e fiscalidade, que no dia a dia movimentam os núme- inúmeros associados.
ros, as contas.
7. Revalorização: Exemplificação
A Sociedade ABC, SA, com sede na cidade da Guarda, tem Seguidamente, apresenta-se a contabilização das operações
como actividade principal a transformação de madeira em pelas duas formas previstas no §§ 35 da NCRF7, consideran-
mdf (medium-density fiberboard – placa de fibra de madei- do o efeito dos impostos diferidos. Considera-se, para todos
ra de média densidade). As chapas cruas de mdf são fabri- os exercícios económicos, que a Sociedade ABC, SA está
cadas por um equipamento integrado, adquirido a um fabri- sujeita à taxa de imposto (IRC + Derrama) de 20%.
cante especializado, o qual, através da aglutinação de fibras Realizada a contabilização inicial do equipamento, segue-se
de madeira com resinas sintéticas e outros aditivos, cola a mensuração dos períodos subsequentes onde se vão des-
essas fibras umas às outras com resina e fixa-as através de crever as operações que surgem ao longo dos 10 exercícios
pressão. económicos. Pretende-se, deste modo, realizar uma análise
Este equipamento entrou em funcionamento em Janeiro de dinâmica ao longo do período de vida útil do AFT, perceber
2N01, sendo efectuada a seguinte contabilização: as transformações que vão acontecendo ao longo dos anos
e identificar os respectivos movimentos contabilísticos.
Data Contas Descrição Débito Crédito
Esta pretende ser uma mais-valia pois, como foi referido na
Janeiro/2N01 433 AFT / Equipamento Básico € 2.500.000,00
453 AFT em Curso € 2.500.000,00 Secção 2 da Parte II, o efeito da revalorização e dos impostos
diferidos é um assunto tratado frequentemente mas é abor-
Esta entidade deprecia o Equipamento Básico pelo método dado separadamente; ou abordam-no em apenas um ou dois
da linha recta (§§ 62 da NCRF 7), regime por duodécimos e exercícios económicos (a excepção é Rodrigues et al. (2010)
adopta o modelo de revalorização após o reconhecimento dos na resolução do Caso Prático 9, que apresenta a resolução
seus equipamentos. Ao equipamento integrado de produção para vários exercícios mas exceptua o efeito dos impostos
de mdf foi-lhe estimada uma vida útil de 10 anos e com diferidos).
valor residual nulo. Na resolução do Caso Prático, que se apresenta de seguida,
O Quadro 1 apresenta o Justo Valor (JV) deste equipamento, constata-se que coincidem algumas movimentações e a res-
obtido com base no valor de mercado determinado pela pectiva justificação, qualquer que seja a forma de revaloriza-
avaliação efectuada pelo fabricante, no final de cada um dos ção adoptada. Ainda assim, optou-se por apresentar, na ín-
exercícios económicos: tegra, a resolução da revalorização por reexpressão e da
revalorização por eliminação ao longo de todo o período de
Quadro 1 – Justo Valor atribuído ao equipamento integrado de vida útil.
produção de mdf Refira-se, no entanto, que como a avaliação do equipamento
Ano 2N01 2N02 2N03 2N04 2N05 integrado foi efectuada com base no valor de mercado, a
Justo valor € 2.376.000,00 € 2.112.500,00 € 1.701.000,00 € 1.458.500,00 € 1.285.000,00 Sociedade ABC, SA devia optar pelo modelo de revalorização
Ano 2N06 2N07 2N08 2N09 2N10 por eliminação.
Justo valor € 1.027.000,00 € 771.500,00 € 505.600,00 € 252.000,00 € 0,00
Data Contas Descrição Débito Crédito Dez/2N03 433 AFT – Equipamento Básico € 210.000,00
4383 Depreciações Acumuladas – Equip. Básico € 63.000,00
Dez/2N03 6423 Gastos de Depreciação – Equip. Básico € 264.000,00
5891 Outros Excedentes – Antes de IRC € 98.000,00
4383 Depreciações Acumuladas – Equip. Básico € 264.000,00
655 Perdas por Imparidade – AFT € 49.000,00
2. Utilização do Excedente de Revalorização: O valor associado ao Passivo por impostos diferidos tem a
Na alínea 7.2.B.2. justificou-se a utilização do Excedente de seguinte regularização:
Revalorização. Neste exercício económico aplicam-se os mes- Data Contas Descrição Débito Crédito
mos cálculos, os mesmos procedimentos e a contabilização é Dez/2N03 5892 Outros Excedentes – Impostos diferidos € 19.600,00
similar. 2742 Passivos por impostos diferidos € 19.600,00
Em Dez/2N07, de acordo com os dados do Quadro 1, o JV O coeficiente de revalorização a aplicar após a contabilização
atribuído a este equipamento é € 771.500,00 e a QE perfaz da depreciação do exercício 2N08 é o seguinte:
€ 771.000,00 (a conta 433 AFT – Equipamento Básico apre-
€ 505.600,00
senta o valor de € 2.570.000,00 e a conta 4383 Depreciações Coeficiente de Revalorização =
€ 514.000,00
-1 = -1,63%
2. Verificação da existência de Excedente de Revalorização: A) No final de 2N01 são efectuadas as seguintes opera-
ções:
Em Dez/2N10 termina o período de vida útil deste equipa-
mento. O JV atribuído a este equipamento (Quadro 1) é de 1. Depreciação de 2N01:
€0,00. Finalizam, assim, as operações relacionadas com este O Valor da Depreciação de 2N01 é:
equipamento integrado. € 2.500.000,00 / 10 Anos = € 250.000,00
A resolução deste Caso Prático pelo Modelo de Revaloriza-
E a contabilização desta depreciação anual é:
ção por Reexpressão permite que se retirem as seguintes
ilações: Data Contas Descrição Débito Crédito
Dez/2N01 6423 Gastos de Depreciação – Equip. Básico € 250.000,00
1. Sempre que o Justo Valor não difira materialmente da
4383 Depreciações Acumuladas – Equip. Básico € 250.000,00
Quantia Escriturada não se apura excedente de revaloriza-
ção, continuando ser a QE a base para determinar o
2. Revalorização por Acréscimo:
gasto com a depreciação do exercício.
Em Dez/2N01, de acordo com os dados do Quadro 1, o JV
2. Sempre que o JV difira materialmente da QE há que apu-
atribuído a este equipamento é € 2.376.000,00 e a quantia
rar um coeficiente de revalorização, o qual resulta do
escriturada (QE) perfaz € 2.250.000,00. A diferença terá o
quociente entre o JV e a QE, e que se aplica, quer ao
reconhecimento da regra geral definida no §§ 39 da NCRF 7.
custo, quer às depreciações acumuladas. Após a aplicação
As depreciações futuras deste equipamento básico, resultan-
deste coeficiente, o valor da QE fica igual ao JV.
tes desta revalorização, não são fiscalmente dedutíveis. O
3. Este procedimento efectua-se sempre que exista uma di-
passivo por impostos diferidos corresponde ao produto do
ferença, por acréscimo ou por decréscimo, entre o JV e a
excedente de revalorização pela taxa de imposto:
QE.
4. A diferença de revalorização é contabilizada de acordo com Passivo por Impostos Diferidos = € 126.000,00 * 20% =
€ 25.200,00
a regra geral ou com a excepção definidas nos §§ 39 e 40
da NCRF 7, tendo em consideração acontecimentos ante- E a contabilização a efectuar em 2N01 é:
riores, caso existam.
Data Contas Descrição Débito Crédito
5. Sempre que ocorra uma revalorização por acréscimo há Dez/2N01 433 AFT – Equipamento Básico € 124.000,00
que apurar os respectivos Passivos por Impostos Diferidos. 4383 Depreciações Acumuladas – Equip. Básico € 250.000,00
6. Nos anos seguintes, e de acordo com o disposto no §§ 41 5891 Outros Excedentes – Antes de IRC € 126.000,00
Dez/2N01 5892 Outros Excedentes – Impostos diferidos € 25.200,00
da NCRF 7, a utilização do Excedente de Revalorização 2742 Passivos por impostos diferidos € 25.200,00
incluído no Capital Próprio é efectuada à medida que o
AFT for usado pela entidade (realização parcial). A quantia No método por eliminação, o valor da QE vai ser substituído
do excedente a transferir corresponde à diferença entre a pelo valor atribuído ao JV, dando origem a um excedente de
depreciação baseada na quantia escriturada revalorizada revalorização de € 126.000,00. Após a contabilização deste
do activo e a depreciação baseada no custo original desse excedente de revalorização, a conta 433 AFT – Equipamento
mesmo activo. De igual modo, há que transferir o corres- Básico apresenta o valor de € 2.376.000,00 e a conta 4383
pondente Passivo por Impostos Diferidos que é incluído no Depreciações Acumuladas – Equipamento Básico encontra-se
Resultado Líquido do Período – IRC – Imposto diferido. saldada.
B) No final de 2N02 são efectuadas as seguintes opera- C) No final de 2N03 são efectuadas as seguintes opera-
ções: ções:
1. Depreciação de 2N02: 1. Depreciação de 2N03:
O Valor da Depreciação a considerar como gasto em 2N02 O Valor da Depreciação correspondente a 2N03 é:
é:
(€ 2.376.000,00 – € 264.000,00) / 8 Anos = € 264.000,00
(€ 2.376.000,00) / 9 Anos = € 264.000,00
E efectua-se a seguinte contabilização:
A contabilização desta depreciação anual é:
Data Contas Descrição Débito Crédito
Data Contas Descrição Débito Crédito Dez/2N03 6423 Gastos de Depreciação – Equip. Básico € 264.000,00
Dez/2N02 6423 Gastos de Depreciação – Equip. Básico € 264.000,00 4383 Depreciações Acumuladas – Equip. Básico € 264.000,00
4383 Depreciações Acumuladas – Equip. Básico € 264.000,00
D) No final de 2N04 são efectuadas as seguintes opera- Relativamente a estas operações são efectuadas os seguintes
ções: lançamentos:
O Valor da Depreciação relativa a 2N04 é: Dez/2N05 433 AFT – Equipamento Básico € 416.000,00
4383 Depreciações Acumuladas – Equip. Básico € 486.000,00
(€ 1.701.000,00) / 7 Anos = € 243.000,00 7625 Reversões – De Perdas por Imparidade – AFT € 49.000,00
5891 Outros Excedentes – Antes de IRC € 21.000,00
E a contabilização é a seguinte: Dez/2N05 5892 Outros Excedentes – Impostos diferidos € 4.200,00
Data Contas Descrição Débito Crédito 2742 Passivos por impostos diferidos € 4.200,00
Dez/2N04 6423 Gastos de Depreciação – Equip. Básico € 243.000,00
4383 Depreciações Acumuladas – Equip. Básico € 243.000,00 Após a contabilização deste excedente de revalorização, a
conta 433 AFT – Equipamento Básico apresenta o valor de
2. Verificação da existência de Excedente de Revalorização: € 1.285.000,00 e a conta 4383 Depreciações Acumuladas
– Equipamento Básico encontra-se saldada.
Em Dez/2N04, de acordo com os dados do Quadro 1, o JV
atribuído a este equipamento é € 1.458.500,00 e a QE perfaz
€ 1.458.000,00. Como o JV não difere materialmente da QE F) No final de 2N06 são efectuadas as seguintes opera-
não há que efectuar qualquer ajustamento de revalorização. ções:
1. Depreciação de 2N06:
E) No final de 2N05 são efectuadas as seguintes opera- O Valor da Depreciação relativo a 2N06 é:
ções:
(€ 1.285.000,00) / 5 Anos = € 257.000,00
1. Depreciação de 2N05:
E a contabilização é a seguinte:
O Valor da Depreciação a considerar como gasto em 2N05 é:
Data Contas Descrição Débito Crédito
(€ 1.701.000,00 – € 243.000,00) / 6 Anos = € 243.000,00
Dez/2N06 6423 Gastos de Depreciação – Equip. Básico € 257.000,00
E efectua-se a seguinte contabilização: 4383 Depreciações Acumuladas – Equip. Básico € 257.000,00
E a contabilização das operações é a que a seguir se apresen- (€ 1.285.000,00 – € 257.000,00 * 2) / 3 Anos = € 257.000,00
ta: O gasto com a depreciação deste exercício tem a seguinte
Data Contas Descrição Débito Crédito contabilização:
Dez/2N06 5891 Outros Excedentes – Antes de IRC € 4.200,00 Data Contas Descrição Débito Crédito
56 Resultados Transitados € 4.200,00
Dez/2N08 6423 Gastos de Depreciação – Equip. Básico € 257.000,00
Dez/2N06 2742 Passivos por impostos diferidos € 840,00 4383 Depreciações Acumuladas – Equip. Básico € 257.000,00
8122 RL Período – IRC – Imposto diferido € 840,00
Dez/2N06 56 Resultados Transitados € 840,00
5892 Outros Excedentes – Impostos diferidos € 840,00 2. Utilização do Excedente de Revalorização:
A utilização do Excedente de Revalorização é efectuada pelo
Em Dez/2N06, de acordo com os dados do Quadro 1, o JV uso do AFT, como se justificou na alínea 7.3.B.2..
atribuído a este equipamento é € 1.027.000,00 e a QE tota- Assim,
liza € 1.028.000,00. Como o JV não difere materialmente da Realização do excedente (antes de IRC) =
QE não há que apurar ajustamento de revalorização. (€ 21.000,00 – € 4.200,00 * 2) / 3 anos = € 4.200,00
Realização do excedente (impostos diferidos) =
G) No final de 2N07 são efectuadas as seguintes opera- (€ 4.200,00 – € 840,00 * 2) / 3 anos = € 840,00
ções: E a contabilização a efectuar é a seguinte:
1. Depreciação de 2N07: Data Contas Descrição Débito Crédito
O Valor da Depreciação a considerar em 2N07é: Dez/2N08 5891 Outros Excedentes – Antes de IRC € 4.200,00
56 Resultados Transitados € 4.200,00
(€ 1.285.000,00 – € 257.000,00) / 4 Anos = € 257.000,00
Dez/2N08 2742 Passivos por impostos diferidos € 840,00
A contabilização a efectuar é: 8122 RL Período – IRC – Imposto diferido € 840,00
Dez/2N08 56 Resultados Transitados € 840,00
Data Contas Descrição Débito Crédito 5892 Outros Excedentes – Impostos diferidos € 840,00
Dez/2N07 6423 Gastos de Depreciação – Equip. Básico € 257.000,00
4383 Depreciações Acumuladas – Equip. Básico € 257.000,00
3. Revalorização por Decréscimo:
Em Dez/2N08, de acordo com os dados do Quadro 1, o JV
2. Utilização do Excedente de Revalorização:
atribuído a este equipamento é € 505.600,00 e a QE perfaz
A utilização do Excedente de Revalorização é efectuada pelo
€ 514.000,00. Há um decréscimo de € 8.400,00 pelo que é
uso do AFT (ver alínea 7.3.B.2.).
necessário efectuar o correspondente ajustamento de revalo-
Assim,
rização.
Realização do excedente (antes de IRC) = No reconhecimento desta revalorização por decréscimo, há
(€ 21.000,00 – € 4.200,00) / 4 anos = € 4.200,00
que aplicar o definido no §§ 40 da NCRF 7. Os saldos das
Realização do excedente (impostos diferidos) =
contas envolvidas apresentam os seguintes valores:
(€ 4.200,00 – € 840,00) / 4 anos = € 840,00
Conta Designação Saldo Devedor Saldo Credor
E os lançamentos a efectuar neste exercício são: 433 AFT – Equipamento Básico € 1.285.000,00
4383 Depreciações Acumuladas – Equip. Básico € 771.000,00
Data Contas Descrição Débito Crédito 5891 Outros Excedentes – Antes de IRC € 8.400,00
Dez/2N07 5891 Outros Excedentes – Antes de IRC € 4.200,00 5892 Outros Excedentes – Impostos diferidos € 1.680,00
56 Resultados Transitados € 4.200,00
Dez/2N07 2742 Passivos por impostos diferidos € 840,00 O decréscimo do Excedente de Revalorização a efectuar
8122 RL Período – IRC – Imposto diferido € 840,00
corresponde ao saldo da conta 5891 Outros Excedentes –
Dez/2N07 56 Resultados Transitados € 840,00
5892 Outros Excedentes – Impostos diferidos € 840,00 – Antes de IRC. Assim, a contabilização a realizar é a se-
guinte:
Em Dez/2N07, de acordo com os dados do Quadro 1, o JV
Data Contas Descrição Débito Crédito
atribuído a este equipamento é € 771.500,00 e a QE perfaz Dez/2N08 433 Outros Excedentes – Impostos diferidos € 779.400,00
€ 771.000,00, daí que não haja movimentos adicionais a 4383 Depreciações Acumuladas – Equip. Básico € 771.000,00
efectuar. 5891 Outros Excedentes – Antes de IRC € 8.400,00
Ministério das Finanças (MF, 1998). Decreto-Lei n.º 31/98, que permite meida”, edição 2011.
aos sujeitos passivos do IRS e do IRC reavaliar os elementos do seu (**)
A autora agradece o acompanhamento e as sugestões das Prof. Dra.
activo imobilizado tangível, afectos ao exercício de uma actividade Maria do Céu Alves, Rute Abreu e Fátima David e a revisão dos Prof.
comercial, industrial ou agrícola, cujo período mínimo de vida útil seja Vitor Simões e Fernando Pêga Magro
igual ou superior a cinco anos. Diário da República, 1.ª Série – A, 35, (17)
Como já se salientou, a Sociedade ABC, SA adopta o método da linha
de 11 de Fevereiro, pp. 549-551. recta, regime por duodécimos para determinar o gasto com a depre-
ciação do exercício. Como o equipamento entrou em funcionamento
em Janeiro de 2N01, a depreciação do primeiro ano vai corresponder
aos 12 meses, ou seja, à totalidade do ano.
Marisa Gomes
Mestre em Economia pela FEUC
António Martins
Professor na FEUC
1. Introdução
O sistema tributário português sofreu, ao longo das últimas ii) Tendo sido expostos a aspetos concetuais e práticos sobre
décadas, variadas transformações, introduzidas por modifica- muitos pontos polémicos do sistema tributário, e às várias
ções fiscais que, com maior ou menor êxito, foram contri- opções que sobre eles se podem tomar, os inquiridos
buindo para o seu atual formato. apresentam uma noção da necessidade de escolhas (trade
As questões da equidade, da eficiência e da complexidade do offs) e compromissos inerentes a qualquer sistema fiscal;
sistema fiscal constituem aspetos sempre presentes em todas iii) Como estudantes de Gestão e Economia, trata-se de in-
as épocas e todos os países. Constituindo temas de debate divíduos que, num futuro mais ou menos longínquo, terão
diário sobre o sistema fiscal, julgamos que a auscultação de (pelo menos alguns deles) uma certa probabilidade de
indivíduos que tenham opinião tecnicamente fundada sobre exercer funções de gestão de organizações, de auditoria
tais matérias é relevante, de forma a conhecer melhor a per- fiscal, de consultoria fiscal, de decisão politica, e outras
ceção destes segmentos da população acerca de tão impor- relacionadas com a conceção e aplicação dos impostos.
tante elemento da vida social: os impostos. Assim, trata-se de opiniões provenientes de inquiridos que
Neste âmbito, o texto que se segue baseia-se num estudo poderão ter papel relevante na evolução futura do sistema
que visa apresentar uma análise do sistema fiscal português tributário e sua aplicação.
tendo em conta: a fiscalidade e a justiça social, a fiscalidade Como desvantagens, podemos salientar:
e a eficiência económica, a fiscalidade e a simplicidade, com i) Trata-se, na esmagadora maioria, de indivíduos que não
um enfoque empírico na forma como os estudantes da Fa- têm ainda – ou têm esporadicamente – interação com as
culdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC), autoridades tributárias; ou seja, não são, em regra, sujei-
que estudaram Fiscalidade em 2012, avaliam o atual sistema tos passivos de impostos. Daí que não sejam muito co-
português. nhecedores dos aspetos procedimentais do sistema e da
Ao escolherem-se estudantes de Fiscalidade para serem ques- sua aplicação;
tionados sobre tais aspetos estamos conscientes das vanta- ii) A sua perceção, expressa nas respostas, pode ser influen-
gens e limitações de tal opção. Como vantagens, são de sa- ciada pela forma como a disciplina foi lecionada, e do
lientar as seguintes: destaque nela concedido a um ou outro ponto mais con-
i) Ao serem questionados na fase final de uma disciplina na troverso, daí resultando algum enviesamento nas opiniões.
qual estudaram os aspetos económicos gerais relativos ao Todavia, fez-se um forte esforço de facultar uma perspe-
sistema fiscal e, depois, uma introdução ao IRS, ao IRC e tiva aberta e discutida sobre o sistema fiscal, procurando
ao IVA, estes inquiridos têm, por certo, um conhecimento evitar a referência a soluções únicas ou sempre tidas como
do sistema tributário que os habilita a pronunciarem-se preferíveis.
sobre ele de maneira mais sustentada, face ao “cidadão Ainda assim, pesados os prós e os contras, entendeu-se que
comum”; amostra de estudantes inquiridos revela um conhecimento
razoável dos problemas fiscais. Vale a pena inquirir este pú-
blico, para se conhecer melhor a perceção de quem estudou
alguns dos principais impostos que são traves mestras do
nosso sistema tributário.
Fiscalidade e Justiça
Pergunta n.º 5 – Qual considera ser a sua posição política? Justiça Frequência Percentagem
0 “nada justo” 0 0
Posição Política
1 2 2%
Posição Política Frequência Percentagem
2 2 2%
Centro 4 7,8%
3 4 7,8%
Centro-direita 7 13,7%
4 11 21,6%
Centro-esquerda 7 13,7%
5 9 17,6%
Direita 11 21,6%
6 10 19,6%
Esquerda 4 7,8%
7 10 19,6%
Extrema-direita 0 0
8 4 7,8%
Extrema-esquerda 0 0
9 2 2%
Nenhuma 18 35,3%
10 “extremamente justo” 0 0
Total 51 100%
Fonte: Elaboração Própria
Total 51 100%
Fonte: Elaboração Própria
Quadro 5: Número e percentagem de inquiridos de acordo com
a sua posição política Quadro 6: Número e percentagem de inquiridos de acordo com
a classificação do SF relativamente ao grau de justiça
Pergunta n.º 7 – Em seu entender, numa escala de 0-10, Pergunta n.º 8 – Em seu entender, numa escala de 0-10,
em que 0 significa “nada neutro” e 10 “extremamen- em que 0 significa “nada complexo” e 10 “extremamen-
te neutro” como classificaria o atual sistema fiscal por- te complexo” como classificaria o atual sistema fiscal
tuguês? português?
Quadro 7: Número e percentagem dos inquiridos de acordo Quadro 8: Número e percentagem de inquiridos de acordo com
com a classificação do SF relativamente à eficiência/neutralida- a classificação do SF relativamente à complexidade
de do sistema
Da análise ao quadro 8, e no que diz respeito à complexida-
No que diz respeito ao quadro 7, no qual se apresentam de do sistema, em que 0 significa “nada complexo” e 10
elementos sobre a perceção de neutralidade do SF, onde 0 “extremamente complexo” os indivíduos consideram o SF
significa “nada neutro” e 10 “extremamente neutro” a média complexo, situando-se a média nos 7,27. Cerca de 16 indiví-
da nota média atribuída pelos inquiridos encontra-se nos 4,8. duos escolheram a opção 8. Saliente-se que a opção 0 e 1
Cerca de 12,5 dos inquiridos apontam para uma escala 5. “nada complexo” não foram escolhidas.
Nenhum dos indivíduos optou pelas opções 9 e 10 “extrema- Na sua maioria, os indivíduos tem a perceção que o SF é
mente neutro”. demasiado complexo. Um sistema fiscal ótimo deve ser sim-
Admitimos que, em face de ligação entre eficiência e neutra- ples de aplicar e compreender. A simplicidade é uma condição
lidade do sistema, no final da frequência uma disciplina in- essencial ao funcionamento de qualquer sistema fiscal. Con-
trodutória ao estudo do sistema fiscal português, a capacida- tudo, alguma complexidade pode traduzir-se em maior qua-
de interpretativa dos inquiridos, e a eventual falta de firmeza lidade normativa e certeza de aplicação.
de opiniões, possa ter conduzido a um resultado viciado por Por outro lado, os estudantes foram expostos aos traços gerais
respostas “ao centro”. de outros sistemas fiscais, com uma tónica de que não se
Na verdade, é em operações tais como fusões, cisões, trans- encontram facilmente no mundo sistemas simples, até pelo
formação de sociedades, isenções em IVA e sua renúncia, etc., impacto da crescente complexidade da vida empresarial.
que os traços de maior ou menor neutralidade são visíveis. Sendo certo que todos desejam a simplicidade fiscal, o fac-
Tais temáticas, se bem que referidas no curso lecionado, não to é que, na generalidade dos países, a legislação fiscal tem
podem, devido a restrições temporais, ser tratadas aprofun- aumentado, e os cidadãos se queixam da difícil compres-
dadamente. Daí que os inquiridos não tenham, certamente, são do sistema tributário. Os espaços de simplificação estão
a sedimentação de conhecimentos necessária a respostas cada vez mais nos procedimentos (muito por via da tecno-
cabalmente fundamentadas. Este será mais um motivo para logias de informação) parecendo as normas legais mais difí-
uma certa cautela e, consequentemente, responder de ma- ceis de simplificar. Claro que se podem sempre simplificar,
neira a fugir de respostas extremas. desde que se esteja disposto ignorar ou relativizar o impac-
to na receita fiscal, na justiça e em outros objetivos desejáveis
do sistema.
sensação de justiça na sua repartição seja primordial. O decisor Quadro 11: Número e percentagem de inquiridos sobre a com-
político deve, tanto quanto possível, levar isto em consideração. plexidade do sistema fiscal português
Pergunta n.º 10 – “A progressividade dos impostos é a Da análise ao quadro 11 verifica-se que 45,1% dos inquiridos
única forma de garantir a justiça do sistema” concordam em certa medida, sendo sensíveis a esta afirma-
ção. Cerca de 29,4% dos inquiridos concordam em absoluto
Progressividade e Justiça com a presente afirmação.
Progressividade e justiça Frequência Percentagem Conclui-se que, para os inquiridos, o sistema fiscal deverá ser,
Concordo em absoluto 9 17,6% por princípio, simples. Porém, o grau de desenvolvimento de
Concordo em certa medida 25 49%
um país poderá refletir-se no grau de complexidade do próprio
Discordo em absoluto 2 3,9%
sistema. É natural que quanto mais desenvolvido for um país
Discordo em certa medida 14 27,5%
maior é o grau de complexidade que lhe está associado sen-
NS/ NR 1 2%
do inevitável face ao forte desenvolvimento e à evolução das
Total 51 100%
transações nas economias modernas. Sociedades que são
Fonte: Elaboração Própria
económica e financeiramente complexas dificilmente podem
Quadro 10: Número e percentagem de inquiridos sobre a pro-
ter sistemas tributários simples…
gressividade do imposto como forma de garantir a justiça do
sistema
3.3. C
araterização de alguns aspetos socioeconómicos
do Sistema Fiscal
financeiros. Na análise à posição política dos indivíduos, e simplificações, do Projeto de Dissertação de Mestrado de Marisa
conclui-se a posição política não tem impacto na forma como Gomes, apresentado na FEUC, em 2012.
os indivíduos avaliam o sistema fiscal português. Em suma:
o sexo, a titularidade de ativos financeiros e a atividade
profissional dos pais poderão influenciar muitas das opções
expressas pelos inquiridos.
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mazém até ao armazém da exponente, com vista à entrega exigida prova da proveniência e destino dos mesmos (arti-
posterior da mesma a diversos clientes nacionais. iii. A expo- go 3.º, n.º 3), que poderá ser feita mediante a apresentação
nente é contratada por fornecedores da UE para fazer o de qualquer documento comprovativo da natureza e quanti-
transporte refrigerado de mercadoria desde o armazém de dade dos bens, sua proveniência e destino (artigo 3.º, n.º 4).
produtor nacional até ao seu próprio armazém, com vista 11. Entende-se por «Documento de transporte» a factura,
à entrega posterior da mesma a diversos clientes nacionais. guia de remessa, nota de devolução, guia de transporte
1. As situações previstas nos pontos i. e iii. consubstanciam ou documentos equivalentes (alínea b) do n.º 1 do artigo 2.º).
operações internas, enquanto que as referidas no ponto ii. se 12. As guias de remessa ou documentos equivalentes devem
referem a transacções intracomunitárias. 2. Consideram-se conter, pelo menos, os elementos referidos no n.° 2 do artigo
«aquisições intracomunitárias» a obtenção do poder de dis- 4.° do referido Regime. 13. As guias de remessa ou docu-
por, por forma correspondente ao exercício do direito de mentos equivalentes devem ainda indicar os locais de carga
propriedade, de um bem móvel corpóreo cuja expedição ou e descarga, referidos como tais, e a data e hora em que se
transporte para território nacional, pelo vendedor, pelo adqui- inicia o transporte (n.° 4 do artigo 4.°). 14. A obrigatorieda-
rente ou por conta destes, com destino ao adquirente, tenha de do processamento do documento de transporte não está
tido início noutro Estado membro (artigo 3.º do RITI). 3. Na condicionada à transmissão dos bens, bastando apenas que
hipótese i. o fornecedor e o comprador são sujeitos passivos esses bens se encontrem fora dos locais de produção, fabrico,
nacionais. Trata-se de operações internas. 4. Na hipótese ii. o transformação, exposição, etc., por motivo de transmissão
fornecedor dos bens é um sujeito passivo da UE que faz onerosa, incluindo a troca, de transmissão gratuita, de devo-
transportar os bens pela exponente para Portugal com desti- lução, de afectação a uso próprio, de entrega à experiência
no a diversos clientes nacionais, com transbordo nos armazéns ou para fins de demonstração, ou de incorporação em pres-
da transportadora até posterior ordem de entrega aos respec- tações de serviços, de remessa à consignação ou de simples
tivos clientes nacionais. Trata-se de aquisições intracomunitá- transferência (alínea a) do n° 2 do art° 2°). 15. Por sua vez,
rias. 5. Na hipótese iii. o fornecedor da UE adquire os bens determina o n.° 1 do artigo 6.° do citado Regime que os
em território nacional e vende-os a clientes nacionais. Os bens documentos de transporte devem ser processados pelos su-
são entregues pelo vendedor nacional ao exponente contra- jeitos passivos referidos na alínea a) do n.° 1 do artigo 2.° do
tado pelo adquirente/fornecedor da UE que os transporta para Código do IVA e pelos detentores dos bens, antes do início
o seu armazém até lhe ser ordenada a sua entrega aos res- da sua circulação, ou seja, dependendo do tipo de documen-
pectivos clientes. Os bens não chegam a sair do território to de transporte utilizado, tanto o remetente dos bens como
nacional. Trata-se de operações internas. 6. O Regime de Bens o transportador dos mesmos podem emitir o documento de
em Circulação, aprovado pelo DL n.º 147/2003, de 11/07, transporte, desde que o façam antes do início da circulação
alterado e republicado pelo DL 198/12, de 24.08, estabelece dos bens. 16. Refira-se ainda que, no âmbito do referido
as normas sobre os documentos de transporte que devem Regime é irrelevante quem é o titular do veículo para efectu-
acompanhar os bens em circulação. 7. Determina o n.º 1 do ar o transporte das mercadorias, desde que as mesmas sejam
artigo 1.º do citado Regime que “todos os bens em circulação acompanhadas com os respectivos documentos de transporte.
no território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, 17. Considerando o exposto anteriormente, o exponente
que sejam objecto de operações realizadas por sujeitos pas- quando transporta os bens (hipóteses i., ii. e iii.) a partir do
sivos de imposto sobre o valor acrescentado deverão ser seu armazém para entrega aos clientes, deve processar o
acompanhados de documentos de transporte processados nos respectivo documento de transporte. 18. Efectivamente, mui-
termos do presente diploma”. 8. Porém, há bens que estão to embora o exponente não seja o vendedor dos bens, que
excluídos deste regime, o que significa que a sua circulação são facturados pelo respectivo fornecedor, uma vez que efec-
não implica a obrigatoriedade de serem acompanhados de tua o transporte desses bens, deve processar os respectivos
documento de transporte. 9. Estão nestas condições, desig- documentos de transporte com os elementos legalmente exi-
nadamente, os bens respeitantes a aquisições intracomunitá- gidos, tendo como local de carga o seu armazém, e descarga
rias, a que se refere o DL n.º 290/92, de 28.12. Nestes casos, o local onde os bens são entregues ao cliente, que, como já
os bens em circulação respeitantes a essas operações não foi referido, não estão condicionados à sua transmissão, mas
carecem de ser acompanhadas de documento de transporte, sim ao seu efectivo transporte. 19. No caso referido em ii.,
por disso se encontrarem excluídos (alínea b ) do n.º 2 do como se disse, os bens em circulação até aos armazéns da
artigo 3.º do Regime de Bens em Circulação). 10. Apesar de exponente não carecem de ser acompanhadas de documento
estes bens não estarem sujeitos à obrigatoriedade de docu- de transporte, por disso se encontrarem excluídos (alínea b )
mento de transporte previsto no referido Regime, poderá ser do n.º 2 do artigo 3.º do Regime de Bens em Circulação). 20.
Crédito
O vocábulo “crédito” operou sensível evolução, como signi- Lexicoteca Moderna Enciclopédia Universal – Círculo de
ficante na língua portuguesa, desde o étimo latino (creditum), Leitores – 1987
muito mais do que na forma escrita.
Crédito – Cedência a título de empréstimo de poder aquisi-
E é ainda de assinalar a abrangência do termo, muito maior
tivo.
que o seu antónimo – “débito”.
Crédito activo – crédito concedido. O crédito activo aparece
Ao usar-se nos séculos mais recentes, essencialmente em
no lado do activo do balanço da entidade que o concede.
termos de finanças e contas, alienou-se bastante o seu signi-
Crédito passivo – Crédito que constitui encargo da entidade
ficado inicial, de ordem moral de onde proviera.
que o solicita. O crédito passivo aparece como um débito
(passivo) no balanço do solicitante
Dicionário Houaiss de Língua Portuguesa – Instituto An-
…
tónio Houaiss de Lexicografia Portuguesa – 2004
Crédito – (séc. XIV-Índ.Voc.Port.Medieval) Dicionário de Língua Portuguesa – José Pedro Machado
(étimo latino, creditum) – crença, confiança, empréstimo – SLP e Amigos do Livro Editores – 1981
Confiança, crença alimentada pelas qualidades de uma pessoa
Crédito – Confiança que nos inspiram as boas qualidades
ou coisa; segurança de que alguém ou algo é capaz ou veraz
duma pessoa ou a veracidade de uma coisa.
(aquele médico sempre mereceu todo o crédito dos seus
Soma posta à disposição de alguém num banco, numa casa
clientes) (as notícias eram dignas de crédito)
de comércio, etc.
Crédito mercantil – o que se combina em termos de recipro-
Direito de se receber o que se emprestou
cidade entre produtores e intermediários na compra e venda
dos mais diversos produtos. …
…
Dicionário Prático de Comércio e Contabilidade de Raul
A Enciclopédia – Editorial Verbo – 2004 Dória e e António Álvaro Dória –1975
Crédito – Confiança que inspiram as boas qualidades de uma Crédito – o termo crédito pode tomar-se no campo da con-
pessoa//boa fama//reputação de solvabilidade//prazo para tabilidade em duas acepções: como termo técnico da própria
pagamento. Contabilidade e do ponto de vista económico e comercial.
Efectivamente antes da descoberta do crédito (cuja origem se
Dicionário de Língua Portuguesa Contemporânea da perde no tempo) só os privilegiados da fortuna podiam adqui-
Academia das Ciências de Lisboa – Editorial Verbo – 2001 rir bens por terem possibilidade de os liquidar imediatamente.
Embora não possamos considerar o crédito criador de rique-
Crédito (do latim creditum)
za (e há economistas que defendem tal ponto de vista), a
Sentimento de confiança ou segurança que se tem em relação
verdade é que ele é um grande impulsionador das riquezas
a alguém ou se deposita em alguma coisa, devido às suas
pelos recursos que oferece aos que dele se servem.
características; avaliação positiva relativa a algo.
…
…
Nova Enciclopédia Larousse – Círculo de Leitores – 1997 Dicionário de Gestão de Henri Tezenas de Montcel –
Publicações D. Quixote – 1972
Crédito – 1 – Confiança que inspira alguém ou alguma coi-
sa. 2 – Confiança na solvabilidade de alguém; prazo acorda- Crédito – troca de moeda líquida por um activo financeiro.
do para o pagamento. 3 – Conjunto das quantias abonadas …
por um orçamento. 4 – Empréstimo concedido por uma pes- Consoante o prazo:
soa ou banco. Crédito de longo prazo – superior a sete anos
A operação de crédito em geral reveste a forma de um Crédito de médio prazo – entre três meses e sete anos
empréstimo ou venda de dinheiro com pagamento diferido. Crédito de curto prazo – máximo de nove meses e que
O juro é simultaneamente o preço do tempo e do risco en- apresenta a maior parte das vezes a forma de desconto de
volvidos; o seu custo tende a elevar-se quando a duração da letras
operação aumenta, ou quando o devedor não apresenta Consante a forma: desconto – em que a empresa vende a
garantias suficientes. um organismo financeiroos créditos sobre os seus clientes
… ficando a cargo daquele a sua cobrança na data do venci-
mento.
IVA: Declaração Periódica – Periodicidade Trimestral – Envio, IVA: PEQUENOS RETALHISTAS – os sujeitos passivos abran-
por transmissão eletrónica de dados, da declaração periódica gidos pelo regime de tributação dos pequenos retalhistas
relativa ao imposto liquidado no 4.º TRIMESTRE do ano devem pagar, por meio do modelo P2 – Documento Único
transato (outubro a dezembro) 2013. de Cobrança (DUC), o imposto referente aos meses de Ou-
tubro a Dezembro de 2013. No caso de não haver imposto
IMT: Os notários e outros funcionários ou entidades que
a pagar, deverá ser apresentada na repartição de finanças, no
desempenhem funções notariais, bem como as entidades e
mesmo prazo, a guia modelo 1074.
profissionais com competência para autenticar documentos
particulares que titulem atos ou contratos sujeitos a registo IMPOSTO DE SELO: Entrega das importâncias retidas, no
predial, devem submeter, até ao dia 15 de cada mês, à mês anterior (janeiro 2014), para efeitos de Imposto do Selo.
Direção-Geral dos Impostos, os seguintes elementos: SEGURANÇA SOCIAL: Entrega, entre os dias 10 e 20, das
a) Em suporte eletrónico (Modelo11), uma relação dos atos contribuições relativas às remunerações do mês anterior
ou contratos sujeitos a IMT, ou dele isentos, efetuados no mês (janeiro 2014).
antecedente, contendo, relativamente a cada um desses atos, IRC: Entrega das importâncias retidas, no mês anterior (janei-
o número, data e importância dos documentos de cobrança ro 2014), para efeitos de Imposto sobre o Rendimento das
ou os motivos da isenção, nomes dos contratantes, artigos Pessoas Coletivas (IRC).
matriciais e respetivas freguesias, ou menção dos prédios
omissos; IRS: Entrega das importâncias retidas, no mês anterior (janei-
b) Cópia das procurações que confiram poderes de alienação ro 2014), para efeitos de Imposto sobre o Rendimento das
de bens imóveis em que por renúncia ao direito de revogação Pessoas Singulares (IRS).
ou cláusula de natureza semelhante o representado deixe de FCT ou (ME) e FGCT – Entregas: Pagamento das entregas
poder revogar a procuração, bem como dos respetivos subs- para o Fundo de Compensação do Trabalho (FCT) ou Meca-
tabelecimentos, referentes ao mês anterior; nismo Equivalente (ME) e para o Fundo de Garantia de Com-
IRS: Entrega da Declaração Modelo 35, por transmissão IVA: Entrega dos pedidos de restituição, por transmissão
eletrónica de dados, pelas entidades que paguem ou atribuam eletrónica de dados, do IVA suportado na aquisição de bens
rendimentos de poupança sob a forma de juros a beneficiários do ativo imobilizado pelas IPSS e pela Santa Casa da Miseri-
efetivos ou outras entidades não residentes em território córdia de Lisboa e a que se refere o D.L. n.º 20/90, de 13/01,
português e desde que sejam residentes noutro Estado Mem- nos casos previstos no regime transitório estabelecido no n.º
bro, bem como, em Andorra, Liechtenstein, Mónaco, San 2 do art.º 225.º da Lei n.º 83-C/2013, de 31/12.
Marino, Suiça e nos territórios de Anguilla, Antilhas Holande- IUC: Liquidação, por transmissão eletrónica de dados, e pa-
sas, Aruba, Ilhas Cayman, Guernsey, Jersey, Ilha de Man, gamento do Imposto Único de Circulação relativo aos veículos
Monserrate, Ilhas Turks e Caicos e Ilhas Virgens Britânicas. cujo aniversário de matrícula ocorra no mês de fevereiro.
IRS: Entrega da Declaração Modelo 36, por transmissão
eletrónica de dados, por entidades que paguem ou atribuam Outros:
rendimentos de poupança sob a forma de juros, a pessoas FCT: Comunicação da admissão de trabalhadores, até à data
singulares que provem que atuam por conta de uma entida- do início da execução dos respetivos contratos, ao FCT (Fun-
des referidas no art.º 3.º ou 9.º do Decreto-Lei n.º 62/2005 do de Compensação do Trabalho) ou ME (Mecanismo Equi-
de 11 de março, desde que revelem o nome e o endereço valente), bem como das atualizações.
dessa entidade.
Segurança Social: Comunicação da admissão de novos tra-
IRS: Entrega da Declaração Modelo 37, por transmissão balhadores nas vinte e quatro horas anteriores ao início da
eletrónica de dados, pelas instituições de crédito, cooperativas produção de efeitos do contrato de trabalho.
de habitação, empresas de seguros, empresas gestoras de
fundos e outros regimes complementares referidos no art.º Nota: Esta informação encontra-se disponível mensalmente em www.apotec.
pt. Se durante o mês ocorrerem alterações às datas supra indicadas, a APOTEC
16 e 21.º do Estatuto dos Benefícios Fiscais. não se responsabiliza pelas mesmas.
www.sage.pt
44 Jornal de Contabilidade. Janeiro/Fevereiro 2014