W 5º Grupo de Antropologia
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1.6.2. Formas
O matrimónio macua admite as seguintes formas:
Monogamia (na generalidade);
Poligamia (admitida, normalmente, como factor e sinal de poder, grandeza e riqueza e
igualmente em caso de esterilidade ou doença grave permanente da esposa);
normalmente, é praticada pelos chefes e por pessoas economicamente bem situados.
2.3.2. Exogamia
Os macuas devem casar-se fora da linhagem, pelo que o casamento é exogâmico. É proibido
casar dentro do próprio grupo familiar entre aqueles que tem o mesmo apelido (NIHIMO).
Por isso, a tradição aconselha muito cuidado em se saber, desde o inicio, a que linhagem
pertence cada um dos futuros cônjuges, para não incorrerem na proibição do casamento entre
as pessoas da mesma linhagem:
Os esposos não esqueçam que os problemas que trazem consequências desastrosas para
família começam sempre no lar:
MILATHU SOTHESENE SIROMILE MPA – todas as questões têm a sua origem em casa.
Por isso é muito importante a dedicação da mulher:
MUTHIYANA ONAMAKA MUSI – É a mulher que constrói a família.
O consentimento - o consentimento não é dado de dia para o outro. Ele começa a
surgir a pouco e pouco, fruto de um trabalho lento, construído, dia a dia, durante todo período
de prova. A aprovação final o consentimento pertencem fundamentalmente aos chefes das
respectivas famílias, a não ser que os noivos tenham as suas razões para aceitarem ou não. Se
um dos jovens não aceita, interrompe-se o processo matrimonial e o homem volta para sua
casa, em qualquer compromisso posterior.
Existem várias maneiras para indicar simbolicamente o período “não”ao casamento
por parte dos pretendentes os trabalhos caseiros (não pondo sal na comida, não preparando a
água para o banho do marido e outras coisas semelhantes), não preparando ou negando-se a
ter relações sexuais com o jovem. Ela nunca o dirá directamente. Por isso, se o jovem
descobre algum destes sinais, comunica-o imediatamente e seu tio materno, para que este
discuta com o tio materno da jovem e se chegue, se possível, a um acordo. Se isso não
acontecer, pegará nas suas coisas pessoais e voltará para casa, abandonando a casa da esposa
pretendida.
O homem também pode mostrar simbolicamente a sua desaprovação pelo casamento,
descuidando os trabalhos do campo ou a construção da casa, não dando nenhuma prenda à
mulher, não mantendo relações sexuais, falando-lhe ao respeito. A maneira de resolver o
problema é o arranjo entre os tios maternos dos noivos, se ainda for possível.
O período de prova termina, normalmente, com a mútua agitação dos noivos e das
respectivas famílias, depois de a mulher ter dado a luz.
Quando tal acontece, recorre-se ao uso tradicional do diálogo e do debate público para
resolver o problema, através de encontros entre responsáveis das famílias. Quando não é
possível chegar a um acordo, recorre-se ao tribunal tradicional, presidido pelo chefe da aldeia
(MWENE), que organiza um verdadeiro julgamento, com testemunhas de defesa, debate e
sentença.
As causas de divórcio, na sociedade macua, são: a falta de consentimento de uma das
famílias, a esterilidade de um dos cônjuges (OHIYARA), a importância (OHIVIRAMO,
OHIWEREYA); a morte das crianças que nascem (NYAKHWA); abortos frequentes
(OYEHA, OPHWEYA); a acusação de poderes malignos (OKHWIRI); discussões graves e
maus tratos (OVIRIKANA); certas doenças, como a lepra e a loucura; o adultério
(ORARUWA), e o abandono do leito matrimonial.
As consequências de uma sentença de adultério implicam a separação definitiva dos esposos e
dos bens, regresso do marido a casa dos pais e a destruição dos laços sociais entre as duas
famílias. Os filhos ficam com a mãe. Os esposos divorciados ficam livres para contrair novo
casamento, se o desejarem.
2.7. A poligamia
O matrimónio macua, inicialmente era monogâmico, como o provam os seguintes
factores: nos matrimónios poligâmicos, a primeira esposa ocupa sempre um lugar especial,
goza de maior autoridade entre as outras esposas, conservando sempre um privilégio de
autoridade entre elas; o conjunto das mulheres de um determinado homem respeita a sua
primeira esposa e obedecem-lhe; o homem que deseje casar-se com uma segunda, terceira ou
mais mulheres, deve ter o consentimento da primeira mulher; para o casamento com a
segunda ou mais mulheres não se celebra o processo matrimonial.
A tradição cultural macua indica toda esta praxe pelos vários nomes com que define a
primeira esposa:
MWARA NTOKWENE – a esposa grande
ANENE ETTHOKO – a dona de casa
MUTHIYANA A KHALAI – a mulher antiga
MUTHIYANA OPATXERA – a primeira mulher
A sociedade macua, actualmente admite o matrimónio poligâmico. O homem reside,
normalmente, com a primeira mulher, seguindo as normas da residência uxorilocal. As outras
mulheres moram cada qual na aldeia do próprio grupo familiar, perto da residência da
respectiva mãe. O marido visita-as por turno, tendo junto da primeira esposa a sua residência
fixa. Só nos casos ele é chefe de aldeia, ou regulo ou ocupa um lugar importante na sociedade
é que as várias mulheres costumam viver no mesmo grupo residência, em casas diferentes,
mais muito perto uma das outras, formando, de facto, um único conjunto residencial. A
poligamia, na sociedade macua, apoia-se numa série de factores sociais e históricas, que
importa revelar:
Razão de economia – na produção agrícola, as mulheres são um elemento estável e
permanente, que quantas mulheres houver em casa mais forças de trabalho existem. Os chefes,
como classe dominante também economicamente, eram os quem tinham maior número de
mulheres.
A influência muçulmana – a islamização do povo macua, quase total nos grupos da costa
índica é muito elevada no interior do território. Concretamente a poligamia é admitida pelo
Alcorão.
Sinal de grandeza – deste os tempos antigos que os chefes das aldeias – os régulos,
especialmente – se rodeiam de várias mulheres para mostrarem poder e grandeza. Ao
princípio, somente eles gozavam de privilégio.
Instrumento de defesa – a sociedade ao longo da história, tem tolerado esta forma de
matrimónio que estamos a analisar, porque ela contribuía para aumentar numericamente os
membros do povo e consequentemente, os seus futuros defensores.
Outros factores - a poligamia também são aplicados em caso de esterilidade ou doença grave
da mulher.
Conclusão
O casamento constitui uma etapa fundamental no conjunto de ciclo vital, é uma das
mudanças mais importantes na vida do povo macua, porque implica a mudança de família e de
residência de um dos cônjuges. É importante afirmar que o casamento macua é uxorilocal e,
por isso, é o noivo quem se integra no grupo familiar da esposa. Os noivos constroem a sua
casa no conjunto residencial da família da mulher. Evidentemente não se pode falar de uma
cerimónia ou acto que por si só se possa considerar como a celebração do casamento, já que
todos os ritos, desde o primeiro até ao momento da celebração da festa final, são considerados
elementos importantes de um único e mesmo casamento. Os noivos constroem a sua casa no
conjunto residencial da família da mulher.
Os noivos assumem completamente as suas responsabilidades em ordem a um
crescimento humano que tenha em consideração os vários aspectos da vida familiar como a
afectividade, relações pessoais e conjugais, economia, procriação e sociais.
A colaboração da autoridade familiar e política na estabilidade da vida matrimonial e,
por consequência, na estabilidade da vida social. O valor comunitário do matrimónio subsiste
ainda a par do valor pessoal dos indivíduos que contraem. É verdade que as famílias crescem
com os casamentos e, ao crescer a família, cresce também a sociedade. Por isso, o casamento
na sociedade macua anda intimamente unido ao crescimento, fortalecimento e coesão da
sociedade.
Bibliografia
CARVALHO, Adalberto Dias de, A educação como projecto antropológico, Porto,
Edições Afrontamento. (1992).
LÉVI-STRAUSS, Claude - As estruturas elementares do parentesco. Petrópolis: Vozes, 2003
MARTÍNEZ, Francisco Lerma; o povo macua e a sua cultura, 3ª ed., Paulinas Editorial,
Maputo, 2009.
MELLO, Luiz Gonzaga de; Antropologia Cultural, 17ª ed.; vozes, 2009.
WWW.Google.com.mz
Índice
Introdução …………………………………………………………………………………..… 3
1. Sistema parentesco macua …………………………………………………………….….. 4
1.1. Terminologia macua …………………………………………………………….
…………4
1.2. Pais do EGO
…………………………………………………………………………….....4
1.3. Entre os esposos ……………………………………………………………………….
…..4
1.4. Entre irmãos
……………………………………………………………………………….4
1.5. Outras relações de parentesco
……………………………………………………………..6
1.6. Normas ………………………………………………………………………………….
…7
1.6.1. Funções ………………………………………………………………………….……..7
2. Casamento na sociedade macua ………………………………………………….………..7
2.1. Etimologia
…………………………………………………………………………………8
2.2. Aspectos do casamento na Cultura Macua …………………………………..
…………….8
2.2.1. Aspecto vital ……………………………………………………………….…………..8
2.2.2. Aspectos comunitários ……………………………………………………..………….9
2.2.3. Aspecto pessoal …………………………………………………………...………….10
2.2.4. Liberdade no amor: …………………………………………………………….…….10
2.2.5. Apoio no amor: ………………………………………………………………….……10
2.2.6. A complementaridade dos sexos …………………………………………….……….10
2.2.7. Factor económico …………………………………………………………...………..11
2.3. Outros aspectos ………………………………………………………………...
…………11
2.3.1. Exogamia …………………………………………………………………...………. 11
2.3.2. Casamento uxorilocal ………………………………………………………………..11
2.4. O processo matrimonial
………………………………………………………………… 12
2.4.1. A primeira fase: Período de negociação …………………………………………….. 12
2.4.2. Segunda fase: período de prova …………………………………………………….. 13
2.4.3. A terceira fase: a festa comunitária …………………………………………………. 15
2.5. As relações sexuais no matrimónio
……………………………………………………... 16
2.5.1. Proibições das relações conjugais ………………………………………………...… 16
2.5.2. Relações extraconjugais …………………………………………………………….. 17
2.5.3. Controlo de nascimento ………………………………………………….………….. 17
2.6. Divorcio (OMWALANA)
………………………………………………………………. 18
2.7. A poligamia ………………………………………………………...
…………………… 18
Conclusão …………………………………………………………………………...………. 21
Bibliografia ………………………………………………………………………………..… 22
Anrane Alberto
Filomena Andarusse
Mariamo Saulia Raisse
Raimundo Carvalho Anlevai
Violeta J. Killian
Anrane Alberto
Filomena Andarusse
Mariamo Saulia Raisse
Raimundo Carvalho Anlevai
VioletaPedagógica
Universidade J. Killian
Montepuéz
2012
Universidade Pedagógica
Montepuez
2012