O Pensamento Complexo Na Escola
O Pensamento Complexo Na Escola
O Pensamento Complexo Na Escola
INTRODUÇÃO
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Membro do Grupo de Pesquisa em Rede Internacional Investigando escolas criativas e inovadora – TO.
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Membro do Grupo de Pesquisa em Rede Internacional Investigando escolas criativas e inovadora – TO.
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tecnológica, epistemológica e existencial e que dê alternativas e sentido ao homem, ao
mundo e à vida. Que possibilite uma educação mais humana, transformadora, e amplie a
consciência da pessoa para uma cultura de transformação. (TORRE; PUNJOL, 2013).
É uma perspectiva que segundo Suanno (2013) traz novas posturas pedagógicas
ao trabalho na escola, pautadas na integração e na articulação dos saberes e prática
educativas. São posturas que segundo o autor, são estimuladas pela reforma do
pensamento sustentadas no pensamento complexo.
O PENSAMENTO COMPLEXO
Num sentido mais amplo, não se trata somente de situar um processo, fato,
fenômeno num determinado contexto, trata-se de buscar conexões, relações,
contradições, como Morin (2003, p.38) mesmo esclarece, que existe complexidade
quando elementos diferentes são “inseparáveis constitutivos do todo”, o todo e as partes,
as partes entre si”.
Vista assim, e articulada à visão sistêmica, a complexidade contribui para retorno
“à ideia de que o significado do todo é mais que um conjunto das partes que o constituem”,
e estimula o despertar da consciência diante dos padrões de percepção sobre a realidade,
e colabora com a prática com outra forma de relação com o conhecimento.
(ZWIEREWICZ, 2014a, p.41).
A complexidade sugere uma reforma do pensamento pela instituição do princípio
da religação e por meio do rompimento da causalidade linear em que efeitos e produtos
são necessários a sua construção e causação. Não se trata de situar o fato num contexto,
mas de buscar suas conexões, suas contradições, suas interações, e relações recíprocas de
todas as partes. (MORIN; ALMEIDA; CARVALHO, 2005).
Para facilitar a sua compreensão, Morin (2007) aborda alguns princípios, que
funcionam como operadores cognitivos, dos quais três são destacados nesse estudo: O
princípio dialógico que garante a sobrevivência e ao mesmo tempo a reprodução para a
continuidade da espécie; O princípio de recursão organizacional no qual o sistema aberto
permite que produtor e produto sejam um só; O princípio holográfico no qual a mais
infinitesimal parte contém todos os elementos do todo.
O PRINCÍPIO DIALÓGICO
O PRINCÍPIO DA AUTOPOIESE
O PRINCÍPIO HOLOGRAMÁTICO
O princípio holográfico afirma que a parte não somente está dentro do todo, como
o próprio todo também está dentro das partes. Ressalte-se, com isso, o paradoxo do uno
e do múltiplo, ou seja, da íntima relação e interdependência entre os dois termos que se
polarizaram na era moderna. Assim, o princípio holográfico remete à articulação dos
pares binários: parte-todo, simples-complexo, local-global, unidade-diversidade,
particular-universal. Este princípio “coloca em evidência esse aparente paradoxo de
certos sistemas nos quais não somente a parte está no todo, mas o todo está na parte”.
(MORIN, 2000, p. 205).
Compreende-se, portanto, que a relação de interdependência entre as partes e o
todo “remete à articulação dos pares binários: parte-todo, simples complexo, local-global,
unidade-diversidade, particular-universal” (Santos, 2009, p.19). É um princípio que
segundo a autora, abre novas perspectivas para pesquisadores na área educacional porque
acrescenta o movimento de religação que estabelece a interligação dinâmica.
Nesse sentido, “ressalta a multiplicidade de elementos interagentes que, na medida
da sua integração, revela a existência de diversos níveis de realidade, abrindo
possibilidade de novas visões sobre a mesma realidade” (SANTOS, 2009, p.20), de forma
que rompa com os esquemas simplificadores sustentados pelo paradigma dominante a
medida que compreende que parte e todo formam uma única realidade, como um
holograma.
Os princípios apresentados aqui como reflexão evidenciam as características
identificadas por Demo (2002) quando diz que a complexidade tem caráter dinâmico,
não-linear, reconstrutivo e dialógico, pois auxiliam a pensar o conhecimento e a
aprendizagem de forma diferente ao da simplificação, e levam a entender que
epistemologicamente a complexidade implica numa atitude que traz um novo olhar para
o objeto do conhecimento, para a educação e prática educativa em todas as suas
dimensões.
Para Moraes (2011), as implicações da teoria da complexidade para educação é
que possibilita encontrar uma abertura epistemológica capaz de compreender as
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organizações sociais e a educação como sistemas complexos, e assim possibilita que se
estabeleça parâmetros indutores de práticas pedagógicas mais dinâmicas e integradoras.
Olhar e perceber o objeto, a partir das suas relações e articulações, colabora para
definição de propostas educativas alternativas ao modelo de fragmentação que ai está
posto (SANTOS et al, 2013), e que metodológicas não consideram só os passos a serem
seguidos, mas os momentos a serem construídos pelos sujeitos da ação.
Agindo assim, a escola provoca rupturas e transformações epistemológicas,
compreende e desenvolve uma prática educativa que trabalha a relação com o sujeito e
com o processo cognitivo (SANTOS, 2009).
Também possibilita pensar metodologicamente numa perspectiva que entenda o
homem como ser ativo que percebe o conhecimento como algo a ser construído pelo
sujeito na sua relação com outros e com o mundo (ANASTASIOU, 2003), como forma
de estimular o desenvolvimento da consciência, transcender nas suas concepções e
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contribuir com a transformação das pessoas, dos projetos, dos processos escolares, dos
contextos e da realidade social a sua volta (SUANNO; TORRE; SUANNO, 2014).
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
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trabalho-et2010/Jeinni_Kelly_Pereira_Puziol_Irizelda_Martins_de_
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