Índices Médios de Consumo para Elaboração de Projetos em Concreto Armado
Índices Médios de Consumo para Elaboração de Projetos em Concreto Armado
Índices Médios de Consumo para Elaboração de Projetos em Concreto Armado
CONSUMO PARA
ELABORAÇÃO DE
PROJETOS EM CONCRETO ARMADO
Disciplina: TCC-Monografia
Orientador: Gilberto Carbonari
Discente : Edson de Souza
Turma : 2000
Londrina,
20 Novembro de 2003
PREFÁCIO
Este trabalho está motivado por esta necessidade demonstrada pelos clientes, em
saber qual o custo estimado da sua estrutura e sua execução (área de forma, volume de
concreto e quantitativo de aço), o que segundo os autores do “sistema de indicadores de
qualidade e produtividade para a construção civil: manual de utilização”, a estrutura é
responsável por 21% do custo da construção. Para tal, faz-se necessário o levantamento
dos Índices Médios de Consumo para Elaboração de Projetos em Concreto
Armado, IMCEPCA.
Paralelo a este estudo, será possível que os profissionais da área possam fazer
uma melhor avaliação técnica da estrutura esboçada, identificando quais as possíveis
causas e justificativas, caso os valores diferenciem muito das que serão apresentadas,
com uma conseqüente economia e racionalização com relação a utilização dos
materiais.
Será de grande ajuda para os clientes, que poderão obter a noção do custo em
função do consumo, com uma conseqüente economia e racionalização com relação a
utilização dos materiais.
Esta pesquisa possuirá dois índices que serão representados através de curvas,
conforme definidos abaixo:
arquitetônico, também pode ser utilizado para gerar informações para estimativas
de custo.
vedação vertical utilizados, entre outros fatores, que podem exercer influências
Fórmula: Iaço/IAreal
Variáveis:
critérios da NBR12721.
que pode propor reformulações de projeto, também pode ser utilizado para gerar
vedação vertical utilizados, entre outros fatores, que podem exercer influências
Fórmula: Iconc/IAreal
Variáveis:
critérios da NBR12721.
estrutural proposta, entre outros fatores, que podem exercer influências sobre a área de
fôrmas necessária.
Fórmula: IAF/IAreal
Variáveis:
das fundações.
critérios da NBR12721.
estrutural proposta, entre outros fatores, que podem exercer influências sobre a área de
fôrmas necessária.
Fórmula: IAF/Iconc
Variáveis:
das fundações.
estrutural proposta, entre outros fatores, que podem exercer influências sobre a área de
fôrmas necessária.
Fórmula: Iaço/Iconc
Variáveis:
Outro fator relevante neste estudo de casos é que todas as residências foram
projetadas pelo mesmo Engenheiro Estrutural.
Não são consideradas as fundações para a determinação do IMCEPCA, pois o
tipo de solução adotada para a fundação leva em consideração outros itens que fogem ao
escopo deste estudo.
Outra consideração a ser observada é que no “sistema de indicadores de
qualidade e produtividade para a construção civil: manual de utilização”, os autores
não consideram também as vigas baldrames no cálculo dos índices específicos, mas
conforme discutido em Banca Parcial fica decidido que para este estudo de casos, serão
adotados os índices levantados referentes às vigas baldrames e estes terão efeito para a
determinação dos Índices Médios de Consumo para Elaboração de Projetos em
Concreto Armado, IMCEPCA.
Os índices indicados abaixo de cada caso correspondem aos índices totais dos
projetos. Para determinação dos índices e posterior análise, serão considerados os
índices sem as respectivas peças estruturais, conforme indicado no procedimento para
determinação dos índices específicos.
Para melhor visualização, serão apresentadas novas planilhas que conterão
apenas os índices que serão utilizados, após a caracterização das residências.
CARACTERIZAÇÃO DAS RESIDÊNCIAS:
Caso 01:
O terreno possui pequena declividade até o fundo do terreno, porém não se faz
necessário o uso de muro de arrimo.
O tipo de fundação utilizado é de estacas, com altura de blocos variando entre
35cm e 45cm, mas estes não são considerados para o cálculo dos IMCEPCA.
Apesar de a declividade do terreno ser baixa, em alguns pontos da obra, devido
ao corte do terreno, algumas das vigas baldrames tiveram suas alturas estimadas em
função do desnível gerado pelo corte, ocasionando vigas com alturas de 75cm, embora
as demais vigas tenham sido executadas com 30cm.
A residência é estruturada em laje pré-moldada, com altura h=11cm e capa de
4cm, possuindo os beirais em laje maciça.
A residência possui escada em concreto armado, no entanto, para efeito do
IMCEPCA, as lajes maciças e a escada não são consideradas.
O maior vão encontrado nesta residência é da ordem de ℓ=5,25m.
If=Af/área 2,78
Ic=Vol.conc/area 0,18
Ia=Aço/Area (CA 50) 15,68
Ia=Aço/Area (CA 60) 3,90
Caso 02:
If=Af/área 2,57
Ic=Vol.conc/area 0,15
Ia=Aço/Area (CA 50) 13,63
Ia=Aço/Area (CA 60) 3,03
Caso 03:
If=Af/área 2,61
Ic=Vol.conc/area 0,16
Ia=Aço/Area (CA 50) 12,00
Ia=Aço/Area (CA 60) 3,57
Caso 04:
Neste caso ocorre um desnível no perfil do terreno de 53cm, causado pôr uma
pequena declividade, no entanto, não se faz necessário a utilização de muro de arrimo,
pois foi possível contornar a situação com uma viga baldrame mais alta que as demais.
A fundação utilizada é de estacas e os blocos possuem alturas que variam de
h=35cm para 01 estaca e h=40cm para os demais blocos.
Esta residência é estruturada em laje pré-moldada, com h=11cm e apenas uma
com h=15cm, possuindo capa de 4cm e 5cm, respectivamente. Possui ainda, uma
grande extensão de laje maciça que compõe o quadro de beiral que circunda toda a casa,
com alguns desníveis.
Excetuando-se dois pilares, nenhum outro sofre redução, porém, apenas metade
dos pilares chega até a cobertura.
Há algumas lajes com paredes apoiadas sobre as mesmas.
Ocorre também a presença de barrilete para a sustentação da caixa d’água.
O maior vão encontrado nesta residência é da ordem de ℓ=5,35m.
If=Af/área 2,17
Ic=Vol.conc/area 0,13
Ia=Aço/Area (CA 50) 9,41
Ia=Aço/Area (CA 60) 3,08
Caso 05:
If=Af/área 2,07
Ic=Vol.conc/area 0,15
Ia=Aço/Area (CA 50) 12,18
Ia=Aço/Area (CA 60) 3,65
Caso 06:
If=Af/área 2,03
Ic=Vol.conc/area 0,13
Ia=Aço/Area (CA 50) 10,64
Ia=Aço/Area (CA 60) 3,67
Caso 07:
Nesta obra, o desnível encontrado é muito suave que se pode considerar que o
terreno não possui qualquer desnível.
A fundação de estacas possui blocos com alturas de entre h=35cm e h=40cm.
Esta residência também é estruturada em laje pré-moldada, com h=11cm com
capa de 4cm, os beirais são em lajes maciças inclinadas com h=10cm e apenas uma laje
treliçada de h=16cm inclinada, com capa de 5cm, situada na cobertura.
A escada é de concreto armado com três lances tipo “U”, a maior parte dos
pilares seguem com as mesmas dimensões desde o baldrame até a cobertura.
Ocorre também a presença de barrilete para a sustentação da caixa d’água.
O maior vão encontrado nesta residência é da ordem de ℓ=5,65m.
If=Af/área 1,34
Ic=Vol.conc/area 0,10
Ia=Aço/Area (CA 50) 7,38
Ia=Aço/Area (CA 60) 2,02
Caso 08:
Neste caso ocorre um desnível no perfil do terreno de 90cm, causado por uma
declividade, no entanto, não se faz necessário a utilização de muro de arrimo, pois foi
possível contornar a situação com a utilização de duas vigas baldrames. A fundação
utilizada é de estacas e os blocos possuem alturas de h=35cm e h=40cm.
Esta residência é toda estruturada em laje pré-moldada, com h=11cm e capa de
4cm, algumas lajes possuem paredes apoiadas sobre laje, o que aumenta sua sobrecarga.
Na cobertura há uma laje treliçada de h=16cm e capa de 5cm, as demais lajes
são todas pré-moldadas com h=11cm e capa de 4cm.
Possui ainda, a ocorrência de vigas-cintas inclinadas para o fechamento dos
oitões do telhado e todos os pilares chegam até a cobertura.
Aqui a caixa d’água é totalmente apoiada diretamente na laje da cobertura,
aumento desta forma a sobrecarga da laje pré-moldada que sustenta a caixa,
desprezando-se desta forma o uso do barrilete.
Nesta residência a escada é de concreto armado, porém do tipo plissada
(dentada), as vigas tem largura de 15cm.
O maior vão encontrado nesta residência é da ordem de ℓ=5,68m, fugindo um
pouco das características padrões pré-estabelecidas, é válido ressaltar que este não será
um fator que possa distorcer a análise ou prejudicar a elaboração dos índices.
If=Af/área 2,56
Ic=Vol.conc/area 0,16
Ia=Aço/Area (CA 50) 18,13
Ia=Aço/Area (CA 60) 3,63
Caso 09:
If=Af/área 2,25
Ic=Vol.conc/area 0,14
Ia=Aço/Area (CA 50) 12,90
Ia=Aço/Area (CA 60) 2,85
Caso 10:
If=Af/área 2,81
Ic=Vol.conc/area 0,17
Ia=Aço/Area (CA 50) 17,44
Ia=Aço/Area (CA 60) 3,86
Planilhas para elaboração dos Índices:
Exemplo:
Índices gerais:
IaCA50= 6,26 kg/m2 IaCA60=2,00 kg/m2 Ic=0,08m If=1,42
Índices específicos:
IavbCA50= 62,57 kg/m3 IavbCA60=26,89 kg/m3 Ifvb=14,28/m
3
IapilCA50= 134,65 kg/m IapilCA60=37,85 kg/m3 Ifpil=23,14/m
IavigCA50= 56,49 kg/m3 IavigCA60=16,86 kg/m3 Ifvig=16,65/m
Caso 01:
If= 2,26
Ic= 0,12
Ia(CA 50)= 10,74
Ia(CA 60)= 3,02
Caso 02:
If= 2,33
Ic= 0,12
Ia(CA 50)= 10,03
Ia(CA 60)= 2,98
Caso 03:
If= 2,17
Ic= 0,11
Ia(CA 50)= 10,12
Ia(CA 60)= 3,50
Caso 04:
If= 1,83
Ic= 0,10
Ia(CA 50)= 6,81
Ia(CA 60)= 2,43
Caso 05:
If= 1,59
Ic= 0,09
Ia(CA 50)= 9,26
Ia(CA 60)= 3,04
Caso 06:
If= 1,55
Ic= 0,08
Ia(CA 50)= 7,72
Ia(CA 60)= 2,25
Caso 07:
If= 1,42
Ic= 0,08
Ia(CA 50)= 6,26
Ia(CA 60)= 2,00
Caso 08:
If= 2,12
Ic= 0,10
Ia(CA 50)= 13,98
Ia(CA 60)= 3,01
Caso 09:
If= 1,86
Ic= 0,10
Ia(CA 50)= 8,96
Ia(CA 60)= 2,63
Caso 10:
If= 2,33
Ic= 0,12
Ia(CA 50)= 13,77
Ia(CA 60)= 2,97
RESULTADOS:
Índices Gerais
2,5
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
-0,5
-1,0
-1,5
-2,0
Por outro lado, ficou evidenciado através da construção do gráfico que para os
demais índices houve certa relação, porém não linear e nem direta, mas dentro de um
determinado limite elas são muito parecidas.
Índices Específicos
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
-0,5
-1,0
-1,5
-2,0
Nota-se que a relação entre estes índices fica ainda mais evidenciada, com
exceção da curva de Aço CA 50, o que novamente era de se esperar, visto que o uso
deste tipo de aço é o mais utilizado em comparação com o CA 60, conforme mostra a
tabela abaixo.
Na tabela 2, temos os resultados médios parciais, estes índices podem ser úteis
para saber se a estrutura em questão está consumindo muito material, no entanto, esta
análise é de interesse apenas do projetista.
x1 + x 2 + ...xn
x=
n
Medidas de Dispersão:
n
( xi − x ) 2
Sd = ∑
i =1 (n − 1)
e a correção de valores,
Sd
CV = (%)
x
Distribuição Normal:
Distribuição de variável contínua. Para n < 30, utilizar a distribuição de Student.
1- α
-t +t
1 - α /2 1 - α /2
Distribuição t de Student:
t 1-α/2 t 0,0995 t 0,99 t 0,975 t 0,95 t 0,90
α 1% 2% 5% 10% 20%
1 63,657 31,821 12,706 6,314 3,078
2 9,925 6,965 4,303 2,920 1,886
3 5,841 4,541 3,186 2,353 1,638
4 4,604 3,747 2,776 2,132 1,533
GRAU DE LIBERDADE GL=n-1
Pmínimo Pmáximo
Sd Sd
X − tp x X + tp
(n − 1)0,5 (n − 1)0,5 Índices
Saneamento amostral:
Suponha um conjunto de n medidas que se comportam de modo a seguir uma
distribuição gausseana; essa distribuição pode ser usada para computar a probabilidade
de que uma determinada medida desvia-se uma "certa quantidade" do valor médio. Não
é possível esperar que a probabilidade disso ocorrer seja menor do que 1/n; caso a
possibilidade calculada seja menor que 1/n, a medida pode ser posta em dúvida e,
eventualmente, descartada do conjunto de dados. Modernamente, o critério mais usado
para descartar medidas duvidosas é o "critério de Chauvenet", que especifica que um
dado deve ser rejeitado se a probabilidade de desvio da média seja menor do que 1/2n .
Xmáx. − X
ρ sup =
Sd
X − X min .
ρ inf =
Sd
n ρcrítico n ρcrítico
5 1,65 20 2,24
6 1,73 22 2,28
7 1,80 24 2,31
8 1,86 26 2,35
9 1,92 30 2,39
10 1,96 40 2,50
12 2,00 50 2,58
14 2,03 100 2,80
16 2,06 200 3,02
18 2,20 500 3,29
Agora, vamos determinar qual o valor do Erro padrão para cada índice, que será
calculado de acordo com a equação abaixo:
Ep=
Sd
n
Onde:
- Sd→ desvio Padrão;
- n→ número de amostras;
- Ep→ erro padrão.
Intervalo de confiança:
Infere-se de toda esta análise que, se houver outra obra com características
semelhantes às indicadas no início deste estudo, e sua Área de Obra estiver entre os
intervalos de 238,00m2 e 272,00m2, a probabilidade dos índices médios de consumo
para a elaboração de o projeto estrutural estar entre os valores indicados na tabela é de
95%, desde que seja projetada pelo mesmo escritório de projetos e essencialmente pelo
mesmo projetista estrutural, que é o responsável pelos critérios em cada projeto.
COMENTÁRIOS
Quando foi proposto este tema, imaginávasse que haveria uma maneira de
agregar as curvas de todos os índices, chegando-se a uma função de grau qualquer e
única em função apenas de sua área de obra, no entanto, o que se verificou foi que o
comportamento das funções, apesar de apresentarem semelhança, não é válido para todo
o intervalo e nem mesmo homogêneo, desse modo, torna-se impossível englobar todos
os índices da análise proposta de forma a elaborar uma equação para tal sistema.
Como pensamento final, temos que admitir que qualquer valor que arbitrarmos
para simbolizar o consumo, este estará sujeito a todas as alterações que venham
acontecer no decorrer do processo de execução da mesma. Pois como se percebeu nos
gráficos acima, mesmo com uma porcentagem de 5% de probabilidade para uma
diferença absoluta, não foi possível enquadrar todos os casos, de modo que, qualquer
valor arbitrado dentro desta faixa, teoricamente terá certa lógica, porém, a mesma não se
verificará na realidade.