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Declaração Doutrinária para Concílio Pastoral

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DECLARAÇÃO DOUTRINÁRIA PARA CONCÍLIO PASTORAL

DE
SAMUEL RUSSEL PEREIRA

Em cumprimento às exigências da OPBB – SP.


Ordem dos Pastores Batistas do Brasil – Secção São Paulo.

ORIENTADOR: PR. VARELA


PR. ANTÔNIO PEREIRA FILHO
São Paulo, JUNHO de 2011

1ª. IGREJA BATISTA EM PARQUE FERNANDA


Rua Antonio Canon, 746, Parque Fernanda
São Paulo – SP.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a DEUS PAI, FILHO e ESPÍRITO SANTO


pela vida, salvação e vocação;

Agradeço a minha Igreja Batista em Parque Fernanda


pelo apoio também nessa chamada ministerial;

Agradeço a minha esposa Aline F. de Oliveira Pereira


por tanto amor, apoio e ajuda;

Agradeço ao pastor Antônio Pereira Filho, meu pai,


pela confiança e orientação;

Agradeço a minha mãe e aos meus familiares


pelo apoio e pelas orações;

Agradeço a todos aqueles que oram por mim e são meus


companheiros de jornada rumo ao céu.
SAMUEL RUSSEL PEREIRA
Nascido em 27 de Maio de 1980, casado, nascido e criado no evangelho, na mesma igreja da qual
hoje, faço parte e onde meu pai é o pastor titular. Tenho dois irmãos mais novos, ambos cristãos e
músicos.
Possuo o ensino médio completo e um curso técnico de eletrônica de duração de 3 anos. Comecei
meu ensino superior, 3 anos após ter concluído o colégio técnico. Me formei no período de 2004 a
2007, como Bacharel em Teologia na Faculdade Teológica Batista de São Paulo.
Trabalho desde os meus 16 anos e já tive experiências em algumas empresas e atualmente estou
trabalhando como técnico eletrônico de manutenção de relógios de ponto eletrônico.
Conversão
Me converti aos onze anos com a pregação de um pregador que visitava a minha igreja naquele dia
mas não me lembro do nome dele. Só me lembro que não levantei a mão como era de costume
naquela noite, eu senti que meu braço direito se elevava para que eu o erguese mas eu o segurava e
então o pregador sentindo que havia timidez entre pessoas falou que quem quisesse aceitar a Jesus
que fosse para uma sala que tinha atrás do salão de culto e então eu fui e muitos outros também. Eu
me batizei também aos 11 anos, o pastor que me batizou e que era o pastor de minha igreja naquela
época foi o pastor Byron Harbin.
Participação no Ministério
Participei na igreja, já logo que me converti, dos grupos de louvor, e de todas as atividades que
eram propostas, aos 13 anos comecei a fazer parte da saudosa juventude da Igreja Batista do parque
Fernanda, mas aos 15 anos mudei sozinho para a congregação desta igreja a atual Primeira Igreja
Batista em Jardim Dom José onde sou membro fundador. Sou portanto membro da igreja batista
desde os meus onze anos são dezenove anos ao todo.
Lá participei de vários trabalhos sobre a direção do Pastor Carmélio até me tornar professor dos
jovens, também participei de outro saudoso grupo de louvor, o conjunto Pedras Vivas, e comecei a
pregar.
Estou na Igreja Batista em Parque Fernanda desde o final do ano 2000, por lá nesse período
passaram apenas três pastores, além de meu pai: o Walter Vieira Lima, o pastor Waldir e sua esposa
Sandra e o pastor Irton e sua esposa Maria das Graças, por um breve período.
Nessa igreja quanto esteve na direção do pastor Waldir, fui professor de jovens e adolescentes,
participei da equipe de louvor, socorri pessoas com meu carro, ajudei na construção da segunda
parte do templo, cultos ao ar livre nas praças, programas de rádio e realizei um curso em Sumaré
sobre EDB e fui pela primeira vez a faculdade teológica num curso também para EBD num sábado,
depois já pela segunda vez aconselhado por pais e irmãos em cristo tanto do Parque Fernanda como
da Igreja em Jardim Dom José resolvi fazer o curso de teologia e a realizar seus estágios
supervisionados em minha igreja.
Na faculdade durante os 4 anos consolidei muitas idéias já pensadas e aprendidas ao longo dos
anos, com meus pais e pastores que participaram da minha vida de alguma maneira e aprendi outras
novas. Durante um ano participei de um trabalho voluntário que alguns colegas da faculdade faziam
com crianças carentes pelo projeto PEPE, era uma ONG evangélica chamada Voluntários da Graça,
praticamente multidenominacional e que aos sábados realizava cultos sendo reconhecida como
igreja, lá pela primeira vez ministrei a ceia.
Também ao longo de minha vida fiz algumas viagens missionárias, uma para Apiaí, com a Igreja
Batista em Jardim São Luiz igreja onde minha tia era membro. Na faculdade fui também numa
outra viagem missionária a Piedade, e também a zona leste duas vezes ajudar igrejas a realizarem
um trabalho de evangelismo de impacto. Atualmente auxilio o pastor da minha igreja (meu pai) nas
pregações na igreja e na congregação.
Assim resumindo a minha história de vida é uma história envolvida pela igreja e influências e
ensinos cristãos de minha família e pastores que passaram por ela.
Chamado
Sinto o chamado de Deus para o trabalho em sua obra como ministro de Cristo, tanto como pastor
como missionário, desde a minha junventude quando me dei conta de que possuía dons que
“ninguém mais possuía” e que “somente eu poderia fazer certos serviços no reino de Deus devido a
isso”.
Dons de pregação e ensino da palavra com ênfase no ensino de doutrinas, dons de mestre e de
missões verificados no envolvimento com obras missionárias, pois as fazia com gosto e
desprendimento.
Deus me fez ver a necessidade de obreiros bem preparados para ministrar e ensinar a sua palavra e
decidi obedecê-lo e então ingressei na faculdade teológica para me preparar melhor. Agora creio
que estou melhor preparado, e também creio que com a ajuda do Espírito de Deus poderei ser útil
ao ministério de Deus.
INTRODUÇÃO À TEOLOGIA E AO ESTUDO DA BÍBLIA
E SUAS TÉCNICAS DE INTERPRETAÇÃO

Falando de maneira simples e abrangente, a teologia dos seres humanos provêm da sua capacidade
de percepção de um Deus que seja o criador e sustentador de suas vidas, uma vez tendo-o, já
admitido, como a verdade última da vida. Quero dizer com isto que, na vida existem várias
verdades absolutas tais como: “Tão certo como para o homem existir é preciso nascer, tão certo é
que todos os que nascem têm de morrer.”
Porém a realidade da existência de Deus é de todas as verdades absolutas a maior; e sendo aceita
desta forma é possível então ao ser humano se questionar a si mesmo, quanto ao que ele pode
perceber desse Deus que é a verdade essencial de toda a existência. Isto é, então, teologia, ou seja, o
estudo de Deus por aqueles que aceitam a sua realidade. Sendo assim todo homem pode fazer
teologia independente de títulos como os de teólogos. Porém supõe-se que este tipo de teologia
situe-se ao nível do senso comum.
Existem diversos níveis de conhecimento teológico. O homem sempre criou teologia mesmo
quando a revelação de Deus ainda não havia sido divulgada de maneira escrita nos escritos sagrados
(conhecida como revelação específica). Desde então o homem já fazia teologia através da revelação
de Deus existente na natureza e no interior do próprio homem (conhecida como revelação geral).
Esse é o nível mais básico da teologia, aquela que não se utiliza de revelação grafada em linguagem
humana. Conseqüentemente quem não compreende este nível de revelação (geral), não
compreenderá a revelação sobrenatural (específica). Como disse Jesus Cristo: “…nós dizemos o
que sabemos e testificamos o que temos visto; contudo, não aceitais o nosso testemunho. Se,
tratando de coisas terrenas, não me credes, como crereis, se vos falar das celestiais?” Jo 3:11 e 12 e
também em Mt 16:1-4.
Por isso é em um nível mais acadêmico que encontraremos uma teologia mais profissional, mais
técnica e mais científica, como no senso crítico. Pois se supõe que os detentores do conhecimento
dos escritos sagrados possuem também habilitação sobre o conhecimento da revelação em seu nível
mais básico (revelação geral, obtida pela observação criteriosa e científica).

A ARTE E A CIÊNCIA DA INTERPRETAÇÃO

Quero então destacar aqui o papel essencial do conhecimento científico, na interpretação dos textos
sagrados, os leigos apenas lêem os escritos sagrados em versões traduzidas para o seu idioma,
ignorando contexto histórico, social, econômico, psicológico, cultural e etc. Ignoram as expressões
idiomáticas, simbologia, poesia, filosofia e construções textuais, ás vezes podem ver um milagre
onde não existe milagre no texto, e ás vezes deixar de ver um milagre devido a má interpretação de
texto.
A Hermenêutica, portanto, desde que fundada sobre o contexto gerado pela pesquisa científica sobre
o texto bíblico é uma ferramenta essencial para se medir o nível de conhecimento teológico uma vez
que o mesmo depende muito em se tratando dos escritos sagrados, da capacidade de interpretação
do indivíduo (sem descartar a ajuda divina é claro).
O problema da distância de ponto de vista histórico-cultural e do nível de conhecimento exato do
contexto envolvendo todos os aspectos já citados acima que nos separam do texto bíblico e sua
interpretação original é essencial para a forma como interpretaremos hoje os escritos sagrados.
Jesus perguntou a certo doutor da lei: “Que está escrito na Lei? Como interpretas?” Lc 10:26.
Atualmente muitas interpretações têm surgido a partir do ponto de vista hermenêutico usado, seja
naquele em que se está dando ênfase no autor do texto, como na Reforma Protestante, no próprio
texto pelo método histórico-cultural, como na modernidade ou no leitor final como na pós-
modernidade, algumas delas têm contribuído e ou trazido problemas e atrasos a formação teológica
de diversas denominações cristãs, ás vezes, até causando divisões que não deveriam tem a menor
explicação de existirem.
No método de pesquisa científica existe a preocupação em não se contaminar uma pesquisa com
pontos de vista pessoais do autor da pesquisa, porém a própria na natureza da vida define a
identidade de qualquer pessoa a partir de tudo o que a cerca. Assim a teologia de uma pessoa será
desenvolvida por ela a partir de suas influências religiosas, psicológicas, históricas, sociais, políticas
etc. que a influenciaram e a formaram ao longo de sua vida. Não estando livre das contaminações
que vem da mente do ser humano e de seu contexto.
Portanto o ser humano olha para Deus a partir de seu mundo, para cima. E pensa sobre Deus
acertadamente ou erradamente a partir das ferramentas que têm para fazer isso. Todo ser humano
forma um sistema teológico a partir de uma coletânia de resoluções formando assim uma visão
global sobre Deus.
A teologia cristã normalmente é feita mais exclusivamente baseada nas pesquisas e reflexões sobre
os textos sagrados da bíblia. Utilizando ferramentas ideais para isso, que normalmente são
aprendidas em escolas próprias para as mesmas, chamadas de escolas de profetas ou instituições
teológicas. O objetivo é formar uma boa teologia bíblica sobre cada livro da bíblia e depois no
passo seguinte a formulação de um sistema teológico para cada doutrina bíblica.

Teologia Dogmática Revisada

A Teologia Dogmática ou Sistemática é composta por um conjunto de dogmas ou doutrinas


selecionadas por grupos religiosos cristãos e/ou auto-intitulados cristãos ao longo dos tempos.
São selecionadas por seus líderes e teólogos às vezes em concílios onde ocorriam debates a cerca de
estudos feitos pelos teólogos (lembrando sempre que era tudo mediante o conhecimento de cada
um, conforme a sua época), formando assim sistemas de pensamento sobre doutrinas com linhas
divisórias variadas.
Essas linhas de pensamento vão caracterizar os grupos religiosos ou denominações religiosas e que
por conseguinte vão defender suas doutrinas como sendo as que estão realmente certas.
As linhas tem pontos básicos que vão fazer a diferença essencial entre um grupo e outros e pontos
superficiais discutíveis que não afetam a identidade do grupo e assim permitem que seus integrantes
possam fazer parte mesmo, embora com pontos de vista teológicos diferentes, ainda que não em
suas doutrinas essenciais, um exemplo clássico são as linhas teológicas defendidas ao mesmo tempo
por muitos grupos religiosos diferentes e conflitantes entre si: Arminianismo e Calvinismo.
Antigamente essas teologias eram formadas só pela teologia sistemática (muitas vezes com textos
fora de contexto), pois se ignorava a teologia bíblica (o contexto de cada autor em cada livro) que
deve ser a base para o então desenvolvimento da sistemática. Muitas mudanças surgiram ao longo
de muitos anos devido as contribuições da teologia bíblica. Assim o que ocorreu foi um processo de
atualização teológica ao qual alguns chamam de revelação progressiva, um processo no qual Deus
permite gradativamente aos homens ao longo das eras ir redescobrindo tudo aquilo que Deus já
havia registrado em sua palavra, traduzindo-se isto em um processo cumulativo de melhor
compreensão da escritura a cada época, daquilo que Deus quis dizer em tal parte de sua escritura.
Foi assim que as igrejas foram se “modernizado” quanto a seu modo de agir, quando foram
redescobrindo aquilo que está escrito na palavra de Deus reformulando muitos de seus costumes
através de um entendimento mais claro da palavra de Deus sobre determinado assunto, voltando
assim a origem e a essência do verdadeiro evangelho e da verdadeira identidade eclesiástica cristã.
O exemplo mais claro de tudo o que foi dito acima foi a reforma protestante na qual através de uma
releitura feita por parte da igreja católica através de teólogos anteriores a Lutero e também do
próprio Lutero, foi possível uma redescoberta das verdades da doutrina da salvação pela graça de
Deus e não através do dinheiro como a igreja católica ensinava dentre muitos outros erros.
Cabe então aos líderes de cada igreja local manter viva a chama da reforma, num intuito de ir
sempre reformando, sempre “prosseguindo em conhecer ao Senhor”. Ainda há muito o que
reformar, muitas igrejas protestantes ainda têm a forma de igrejas católicas só que reformadas,
precisam deixar muitas características dessa era de trevas e retornar ao primeiro amor das igrejas
dos tempos do novo testamento, onde todos eram “sacerdotes” e não apenas o pastor. Embora
muitas igrejas afirmem seguir este ponto da reforma protestante não agem porém como dizem. Cada
vez mais vemos líderes se tornando inacessíveis como se fossem deuses, fazendo de seus fieis
eternos dependentes de suas curas e milagres e de suas pregações, esses membros de igreja nunca
crescem só esquentam bancos em seus “templos” (outro termo da religiosidade católica e não
neotestamentária). As igrejas tem caído no adoracionismo que vem com a intenção de substituir
uma vida de piedade e santidade como se o culto a Deus fosse apenas o louvor nos templos
enquanto que a justiça social é esquecida e a pregação é assumida por alguns poucos.
Tudo isto é fruto da fragilidade doutrinária dos crentes dos tempos de hoje, devido a popularização
das “bênçãos de Deus” e aos ventos de doutrina do anti-intelectualismo que prega que se deve ter
mais vida de “adoração”, vida de “poder” do que teologia, ou seja, o estudo metódico e sistemático
da revelação geral de Deus e de sua palavra, que é sua revelação mais específica. A ênfase dos
tempos de hoje da “pós-modernidade” tem sido o sentir-se bem não importa qual verdade se está
abraçando ou mesmo se ela é uma mentira.
A Filosofia pergunta o que é a verdade, a Teologia Cristã tem a resposta.

Teologia Batista
A teologia do grupo religioso batista é uma teologia tradicional protestante aparentemente
equilibrada entre calvinismo e arminianismo conforme podemos ver na sua declaração doutrinária.
Há também diversas denominações batistas com teologias de renovadas a pentecostais, mas, com
uma mesma base doutrinária em comum, com algumas diferenças. Mesmo no Brasil três grupos
principais se definem divergentes não tanto pela teologia, mas pelos usos e costumes. Convenção
Batista Brasileira, Convenção Batista Regular e Convenção Batista Nacional.

Teologia Batista da Convenção Batista Brasileira

A declaração doutrinária da Convenção Batista Brasileira define e expressa a teologia dessa


convenção num conjunto de doutrinas batistas de como essas igrejas interpretam a bíblia em sua
cosmovisão de mundo e de Deus dentro do contexto brasileiro, ainda que não defina seus “usos e
costumes” (cultura de cada igreja).

Teologia Ministerial Batista

Os dogmas pessoais de um pastor, um líder eclesiástico, devem refletir não a opinião teológica de
um homem ou de um grupo religioso, mas convicções dadas pelo próprio Deus no seu chamado
pessoal, convicções essas é claro, em concordância com a palavra desse mesmo Deus que o
chamou; e que o levaram a conscientemente escolher fazer parte de um determinado grupo que
segue nessa mesma fé, a caminhada cristã.
Assim segue-se a teologia sistemática fruto de anos de estudo não só na faculdade de teologia mas
na vida cristã, como um todo, desde antes de aspirante a pastor.

BIBLIOLOGIA

Creio na Bíblia como palavra de Deus escrita em linguagem humana (Is 30:8; Hb 4:12), como
registro da revelação de Deus ela é real porque dá testemunho da verdade da vida espiritual. Gerada
pelo processo de revelação que é o ato de Deus se auto-revelar ao ser humano e inspiração é o ato
de Deus tocar no coração de homens eleitos por ele para registrarem a sua revelação em palavras
humanas. Palavras essas que são verdades espirituais que podem ser experimentadas por todos
aqueles que as procurarem com fé. Esses homens foram escolhidos e capacitados por Deus para
através de quem eles eram, sua cultura, seu nível intelectual e etc escrevessem um registro da
revelação de Deus.
Composta tanto pelo Antigo como pelo Novo Testamento, que são importantes para entendermos a
vontade de Deus, escritos ao longo de uns mil e quinhentos anos, formando uma coletânia com 66
livros que depois foram reunidos em dois cânons, foi preservada por Deus o seu verdadeiro autor.
Como verdade espiritual para interpretá-la é preciso o Espírito Santo, presente no coração do
convertido que o ajudará a fundamentar a sua fé nas palavras escritas no livro da profecia (1 Co
2:13, 14).
A Bíblia fala como Deus salva o ser humano perdido através de Cristo. Ela revela o plano de Deus
para o ser humano, falando do que Deus começou a fazer, está fazendo e fará pela humanidade, ou
seja, o agir de Deus na história humana. Embora exista a revelação natural (Rm 1:20) tudo deve ser
filtrado pelo registro da revelação especial de Deus, a qual é Cristo (João 5:39).
A Bíblia nos revela que Cristo é a suprema revelação de Deus (Hb 1:1-4; Cl 2:2). E a Igreja a sua
extensão na terra (1 Co 12:27; 12:12; 11:27; 6:15-20; 3:17), e que a continuação de sua obra
redentora se dá através da Igreja.
Ela também revela que o agir de Cristo na Igreja para capacitá-la para isto é através do Espírito
Santo. Isto porque o mistério da Igreja é que ela é o corpo/templo de Cristo (lugar onde Cristo
habita e reina) porque o seu Espírito mora na Igreja.

O estudo da bíblia, a Bibliologia é um dos componentes da teologia sistemática.


Normalmente se inicia uma teologia sistemática a partir dela, pois a teologia cristã provém da bíblia
cristã, que é composta de dois testamentos ou pactos ou alianças. Uma antiga e outra nova, assim, é
composta a bíblia, de duas alianças. A antiga é a do monte sinai, concernente aos Dez Mandamentos
e a outra ao Sangue de Cristo derramado na Cruz. Assim a bíblia é dividida em antes e depois de
Cristo, tendo assim portanto Cristo como o seu centro, sendo ele o assunto principal a ser tratado,
ou seja, a manifestação do amor do Pai Santo e Justo para redemir os pecadores.
Ela é viva e eficaz, e prepara os homens de Deus para as boas obras: 2Tm 3:16,17 e 2Pe 1:21.
Ela é o registro da revelação divina, Cristo, ela é a palavra de Deus e ela se torna a palavra de Deus
quando cumprida em nossas vidas. O seu verdadeiro autor é Deus o qual se vale de amanuenses
para escrevê-la. Nisto existe um sentido pelo que só pode ser percebido com a ajuda do Espírito
Santo se valendo de uma visão em um lente mais ampla e em um visão em uma lente de foco
menor, podemos ver os autores humanos interagindo no processo da revelação de Deus a
humanidade, com seus erros e acertos.
Homens inspirados da parte de Deus falaram e registraram as palavras ditas em seus corações e
ouvidas por seus ouvidos aos homens de seus tempos e também para os homens de nossos tempos.
Ao longo dos séculos ela foi formada através da reunião dos Escritos Sagrados gerados em seu
processo de formação. Todo o processo é claro debaixo da potente mão de Deus foi coordenado
para que não houvesse nenhum engano. Este foi um processo que terminou cerca de 400 anos após
a vinda de Jesus.

DOUTRINA DE DEUS

Deus é o criador do universo infinito (Ef 3:9). Só isso já, hoje, nos bastaria para nos maravilharmos
com tão grande pessoa, uma vez que nem o universo pode ser estudado direito e completamente
compreendido quanto mais aquele que a tudo criou. Quão formidável não é essa pessoa que nem se
quer se pode definir ou conceituar assim como quando tentamos definir ou conceituar a palavra
amor, porém o próprio criador nos ensina em sua palavra que ele é amor (1 Jo 4:8,16), sua essência
é o amor, e que sendo assim aquele que ama o pode conhecer, mas quem pode compreender o
amor? O apostolo Paulo descreve essa grandeza de Deus num hino (Rm 11:33) que rompe em
comparação as alturas dos céus e as profundezas dos mares (Ef 3:17-19), onde até hoje o ser
humano não conseguiu vislumbrar e compreender por completo. Assim é Deus, trino e todo
poderoso. Ele se apresentou como Javé, como o Pai, como o Espírito, como o Filho, como o
consolador, o ajudador, o Deus presente, o Deus que está acima de todos os tronos entronizado
acima dos querubins no terceiro céu.
Como já é de práxis temos que destacar alguns de seus inúmeros atributos lembrando que estes são
divididos em comunicáveis e incomunicáveis. Os primeiros são aqueles que Deus compartilha com
o ser humano, como por exemplo, amor (1Co 13:13), misericórdia (Mt 5:7), fidelidade, bondade,
mansidão, justiça entre outros.
Os atributos incomunicáveis de Deus são aqueles que só ele tem, pois não compartilha conosco,
como por exemplo, independência, imutabilidade, eternidade, onipresença, onipotência, onisciência
e unidade. (Sl 90:1-2; 102:25-26; Ml 3:6; Mt 6:8; Ap 1:8). Lembramos que nenhum de seus
atributos é totalmente comunicável e, da mesma forma, totalmente incomunicável. Há, sim, um
certo nível de comunicabilidade maior ou menor em cada atributo.
Além de seus atributos (qualidades inerentes), as Escrituras destacam que Deus é único (Dt 6:4), é
Espírito (Jo 4:24), é Criador (Gn 1:1). Ele tem outros papeis, funções e características, mas, de
todos eles, destacamos a Triunidade de Deus.
Assim como Jesus é compreendido na teologia como 100% humano e 100% divino, permanecendo
assim um atrito a não ser resolvido logicamente. A trindade também é caracterizada por ser três
pessoas e ao mesmo tempo um único e verdadeiro ser: Deus.
Apesar de principalmente nos evangelhos vermos uma certa aparência de separação entre as três
pessoas distintas elas ainda assim, são apenas um (Jo 14:9).

CRISTOLOGIA
Ele é a expressão exata do ser de Deus sendo a perfeita imago Dei e a revelação em si (Hb 1:1-4),
pois Deus falou antes de diversas formas aos seres humanos mas na plenitude dos tempos nos falou
pessoalmente na pessoa do Filho de Deus, Jesus Cristo, o messias esperado, conforme as profecias.
Em Jesus existe toda a divindade (Cl 2:9) porque por ele, por meio dele e para ele foram criadas
todas as coisas (Rm 11:36; Cl 1:16), ele estava no principio com Deus e era Deus, ele é o verdadeiro
Deus e a vida eterna (João 1:1). Ele é a prova cabal do amor do Pai pelo ser humano (Rm 5:8). As
Escrituras tratam da vida eterna e essa vida eterna é Jesus (João 5:39). Mais do que simplesmente
um messias da linhagem de Davi, Jesus Cristo é o Filho do Homem, para ele o céu se abre e anjos o
servem. Ele tem todo poder na terra e no céu e é o cabeça da Igreja, a qual é o seu corpo pelo seu
espírito e pelo seu sangue derramado. Ele redimiu o mundo pelo seu sacrifício na cruz e agora salva
a dos aqueles que com fé em sua graça o buscam para ser o SENHOR de suas vidas.
Os evangelhos todos são referencias bíblicas sobre Jesus nele temos a sua história humana, o seu
ministério, morte e ressurreição. O seu nome é Deus conosco (Mt 1:21), por isso temos firmes a sua
promessa de que ele sempre está conosco pelo seu espírito, que é o amor do Pai derramado em
nossos corações, sabe-se que alguém é Dele pelo espírito que nos tem dado, e se alguém não esse
Espírito esse não pode ser Dele (Rm 8:9). Ele morreu para que essa promessa do espírito se
cumprisse em nós. Assim, somos um com Cristo de uma tal maneira que não podemos tomar os
membros de Cristo e úni-los a uma prostituta.

PNEUMATOLOGIA

O consolador (João 14:16) é aquele que nos faz lembrar de tudo o que Jesus têm dito e nos revela o
que ele deixou para dizer (João 14:26). Ele é quem fala em nós de tal maneira que não temos que
nos preocupar quando estamos na presença de reis e príncipes (João 15:26; Lc 21:14-15). Ele é
quem nos dá a mente de Cristo (1 Co 2:16) e que nos ilumina nos guiando a toda a verdade e
revelações de Deus que estão em sua bíblia, ele é o poder de Deus para sermos testemunhas e
cumprirmos com nosso missão como se deve cumprir (At 1:8). Por meio dele Jesus cura, Jesus
ressuscita os mortos, Jesus quebranta os corações, consola e apregoa a salvação. Ele enche o cristão
como o azeite enche o vaso até derramar, sendo capaz até de nos transfigurar a face, assim como foi
com Moisés e Estevão (At 6:15). Ele é quem dá dons e os distribui assim como quer. Ele é quem
intercede por nós na fraqueza e com gemidos inexprimíveis (Rm 8:26-27). Ele é quem transporta de
um lado para outro (At 8:39), dá visões, sonhos e etc.
Ele é quem nos capacita a amar como Jesus amou pois ele é o amor do Pai derramado em nossos
corações (Rm 5:5), Deus é o Espírito.
Se alguém blasfemar contra o Espírito Santo, nesta vida não será perdoado nem se quer na outra
(Mc 3:29; Lc 12:10). Pois ele é o selo do Pai, ele comunica com o nosso próprio espírito que somos
filhos de Deus (8:16). Ele é quem convence o mundo do pecado da justiça e do Juízo (João 16:8).
ANGEOLOGIA – DOUTRINA SOBRE OS ANJOS

Os Anjos são seres de natureza espiritual, uma natureza que é completamente diferente da natureza
humana (Hb 1:14, Ef 6:12). Assim são assexuados (Mt 22:30; Mc 12:25), por isso, não nasceram,
isto é, não foram gerados pelo processo de reprodução (Hb 1:5) mas foram criados por Deus em
número incontável (Hb 12:22). O céu é o seu habitat natural, sua natureza lhes permite transitar
entre o céu e a terra livremente (Jo 1:51) quer por escadas (Gn 28: 12), carros de fogo (Ez 1: 15-21)
ou voando (Daniel 9:21). São imortais (Lc 20:36), veja o exemplo desses três anjos Gabriel, Miguel
e Satanás, que aparecem na Bíblia tanto nos tempos do Antigo Testamento quanto no Novo
Testamento na época de Jesus e seus discípulos, e também nos finais dos tempos: Gabriel AT (Dn
8:16; 9:21) e NT (Lc 1:19;26); Miguel AT (Dn 10:13, 21; 12:1) e NT (Jd 1:9; Ap 12:7); Satanás AT
(1 Cr 21:1 Jó 1:6-9, 12; 2:1-4, 6-7; Zc 3:1-2) e NT (Mt 4:10; 12:26; 16:23; Mc 1:13; 3:23, 26;
4:15; 8:33; Lc 10:18; 11:18; 13:16; 22:3; Lc 22:31; Jo 13:27; At 5:3; 26:18; Rm 16:20; 1 Co 5:5;
7:5; 2 Co 2:11; 11:14; 12:7; 1 Ts 2:18; 2 Ts 2:9; 1 Tm 1:20; 5:15; Ap 2:9, 13, 24; 3:9; 12:9; 20:2,
7).
São seres racionais dotados de livre arbítrio (Jd 1:6) e sentimentos (Lc 15:10). Devido a sua
imortalidade se tornaram bons observadores conhecendo toda a história dos crentes através dos
séculos (1 Co 4:9). Porém, não são oniscientes (Mt 24:36) e tem desejo de adquirir mais
conhecimento (1 Pe 1:12).
São maiores em força e poder do que os homens, mesmo do que o homem Jesus (Hb 2:7, 9).
Controlam as forças da natureza (Ap 7:1), mas mesmo sendo tão poderosos, não são onipotentes
(Rm 8:38-39). Contudo serão julgados pelos crentes (1 Co 6:3). Porém os anjos bons, são
autoridade e exigem respeito (1 Co 11:10; Lc 1: 19-20; Jd 1:8), pois representam a autoridade de
Deus e são próximos de Deus (Mt 18:10; Ap 5:11; Lc 1:19). Mas não devem de forma alguma ser
cultuados (Cl 2:18) pois são conservos dos crentes (Ap 19:10; 22:9). São santos, embora sejam
autoridades não agem mal (2 Pe 2:11; Jd 1:9) falando imprudentemente.
Seu aspecto é glorioso (Mt 28:3), semelhante ao aspecto de Deus (Ap 4:3). Podem se apresentar de
diversas formas (Hb 1:7; Sl 104:4) mudando de forma a sua própria vontade sem necessidade da
intervenção divina (2 Co 11:14). Podendo aparecer até mesmo na forma humana de maneira que
não se faça distinção entre anjo e homem (Hb 13:2). Geralmente se apresentam em vestes brancas
(Jo 20:12), mas também podem aparecer com vestimentas que indicam autoridade como se fossem
vestes sacerdotais (Ap 15:6). Têm e falam diversas línguas, conforme se observa na expressão “as
línguas dos anjos” no plural (1 Co 13:1).
Por tudo isso, e o serem mais próximos de Deus, nosso Deus age com rigor para com eles lançando-
os direto no inferno quando não guardam a sua habitação (2 Pe 2:4). Eles não tem segunda chance
(Hb 2:16). Mas na cela aguardam o Juízo Final a pena de Morte (Jd 1:6). Antes disso participaram
do castigo os seres humanos sendo os seus algozes (Ap 9:14-15; 15:1) Fazem Guerra uns contra os
outros corpo a corpo (Ap 12:7) Contudo a Vitória é sempre dos anjos do Senhor Jesus contra o
Diabo e seus anjos (Ap 12:9).
Os anjos tem a obrigação de adorar a Jesus como Deus (Hb 1:6) e estão sob a autoridade de Jesus (1
Pe 3:22).
Na bíblia podemos separá-los em pelo menos três classes de anjos, Querubins ou Serafins que são
os quatro seres viventes que ficam diante do trono de Deus, os Arcanjos como Miguel, responsável
pelas batalhas contra Satanás e os demais anjos.
O MINISTÉRIO DOS ANJOS
Os anjos foram criados com um propósito de servirem diante do trono de Deus para o louvor de sua
glória (Sl 148: 2-5), mas também de executarem serviços em favor dos homens criados por Deus
(Hb 1:14). Assim, eles executam a função de guardiões (Ap 21:12), de escolta levando os crentes
mortos para o céu (Lc 16:22) e de mensageiros de Deus (Ap 14: 16), e de executantes da punição
divina (Gn 19: 13).
No passado participaram da entrega da Lei de Deus ao povo de Israel como seus ministros (At 7:53;
Gl 3:19; Hb 2:2). Anunciaram o nascimento de Jesus (Lc 1:26-38; 2:8-15); serviram a Jesus (Mt
4:1-11) o confortaram (Lc 22:39-46), anunciaram sua ressurreição (Mt 28:1-7; Lc 24:1-7) e
acompanharão Cristo em sua vinda na terra (Mt 25:31), protegeram os crentes (At 12: 6-11). No
futuro ajuntarão os crentes no dia do arrebatamento (Mt 13:39, 41, 49; 24:31). Executam os juízos
de Deus sobre a terra (Ap 8:2).
Sob as ordens de Deus esses anjos podem:
Curar (Jo 5: 4) e também ferir com cegueira, (Gn 19: 10-11) e tornar mudo os homens (Lc 1: 19-
20). Podem matar (At 12: 23) como podem também destruir cidades inteiras (Gn 19: 13). Influir
sobre os rumos de governos (1 Rs 22:22; 2 Cr 18:21).
Mas existem também os anjos rebeldes contra Deus eles são espíritos imundos anjos de satanás
enviados com o intuito de causar a discórdia e o medo e de afastar os homens da luz da verdade.
Satanás é o seu chefe, ele é o ladrão que veio para matar, roubar e destruir. Mentiroso e homicida
desde o princípio inimigo de Deus e de seus filhos. Controla o mundo todo.

DEMÔNIOLOGIA – DOUTRINA SOBRE OS DEMÔNIOS

Chamados na bíblia de espíritos imundos (Mt 10:1;12:43;Mc 1:23,26-27;3:11,30;5:2,8,12-


13;6:7;7:25;9:25;Lc 4:36;6:18;8:29;9:42;11:24;At 5:16;8:7;Ap 16:13;18:2) e também de espíritos
malignos (1Sm 16:14-16,23;18:10;19:9;Lc 7:21;8:2;At 19:12-13,15-16), ambos são espíritos de
demônios (Lc 4:33;Ap 16:14). A palavra demônio ou daimon vem do grego que significa uma
deidade inferior, na cultura grega seria um espírito guia que toda pessoa tinha e que era responsável
por fazer a pessoa cumprir com seu destino, dado pelos deuses, isso através de inspirações dadas
pelos daimon, isso lembra a passagem de I Reis 22:19-23. Era o espírito de genialidade (sabedoria),
daí o gênio era a pessoa que tem a inspiração de daimon.
Sendo seres espirituais (Ef 6:12), são também pessoais e possuem intelecto (Mt 8:29), emoções (Tg
2:19), vontade (Lc 8:32), conhecem a realidade espiritual (Lc 4:41), e têm medo dela (Tg 2:19),
também têm livre arbítrio pois podem pecar (2Pe 2:4; Jd 1:6). Na bíblia sua aparência é relatada
com forma semelhante a de rãs (Ap 16:13), gafanhotos (Ap 9:3,7-11), cavaleiros infernais (Ap 9:13-
19), serpentes e escorpiões (Lc 10:19), ave imunda (Ap 18:2). Eles são diferenciados entre si (Ap
18:2; Mc 9:29; Mt 17:21), em espíritos operadores de sinais (Ap 16:13), que agem como espíritos
enganadores (1Tm 4:1) como o espírito de Python, o adivinhador (At 16:16), e também em
espíritos de enfermidades (Lc 13:11), como o espírito mudo e surdo (Mc 9:17,25). Têm autoridade
para tomar posse do corpo de pessoas descrentes e também de animais (Mt 8:28-34;Mc 5: 1-20;Lc
8:26-39). Eles podem se apoderar de um homem todos de uma só vez; em marcos a manada de
porcos para onde eles fugiram depois de sair de dentro do homem era de uns dois mil porcos. E
quando saem de uma pessoa e esta não se arrepende, pedindo a proteção de Deus, eles voltam a ela
para a destruírem de vez (Mt 12:43-45). Alguns são mais difíceis de repreender (Mc 9:28-29).
Enganadores, se fazendo passar por espíritos de mortos (1Sm 28:7-25) ensinam a doutrina de
demônios (1Tm 4:1; Ap 2:14-15) envolvendo as pessoas com as profundezas de Satanás (Ap 2:24),
e com o ocultismo (Êx 7:11,22; 8:7) fazendo-os homens resistentes a verdade (2Tm 3:8), despertam
a ganância através de seus poderes (At 16:16-18) envolvendo com a magia formam falsos profetas
(At 13:6-12) pessoas gananciosas por dinheiro (1Tm 6:9) e poder (At 8:9-24) e conhecimento
oculto que são vãs filosofias (Cl 2:8) a qual professando-o alguns se desviaram da fé (1Tm 6:20-
21).
Essas doutrinas levam as pessoas a idolatria e aos demônios que estão por trás dos ídolos (1Co
10:18-22) pois gostam de se fazerem de deuses para as pessoas (1Co 8:5; Gl 4:8) assim fazendo
essas pessoas associadas aos demônios provando do cálice e da mesa de demônios (1Co 10:20-21)
provocando o zelo do Senhor (1Co 10:22), até o seu ciúme (Tg 4:5), pois Deus é o único que pode
ser adorado (Êx 20:3; Mt 4:10) trazendo sobre si repentina destruição (2Pe 2:1; Dt 28:20).
O pecado de feitiçaria ou rebelião abre caminho a possessão pelo inimigo, como foi no caso de Saul
(1Sm 15:22-23,35;16:14-15), conforme notas da Bíblia Shedd, onde o Pr. e Dr. Shedd comenta a
respeito de uma doença que Saul adquiriu sob o agir do espírito maligno, possívelmente a
hipocondria ou a esquizofrenia, ou talves ambas. Segundo ele podemos ler na LXX “Porque a
adivinhação é pecado e a consulta ao terafim causa tristeza e angústia (hipocondria)”, tradução de I
Samuel 15:23. Mas tudo isso está em comprimento a palavra de Deus dada na Lei de Deus, onde
Deus promete amaldiçoar seu povo também com pragas espirituais além de muitas outras (Dt
28:28,34-36,45-48,58-61), com loucura como a de Saul (Dt 28:53-57), a depressão e o pânico que
também estão incluídas (Dt 28:64-67). Assim como o Senhor antes já havia agido para com o Egito
enviando anjos maus, portadores de males (Sl 78:49), esses anjos executam os juízos do Senhor.
Assim, os demônios são portadores de males (Mt 8:16-17) e por causa deles, muitos ficaram
enfermos e prostrados (Lc 13:11; At 10:38) presos pelo poder de Satanás (Lc 13:16), mas é bom
fazermos uma separação de enfermidades espirituais e físicas (Gl 4:13), pois na bíblia sempre que é
citada uma cura de Jesus é feita uma distinção entre expelir demônios e curar enfermos (Lc 6:18;At
12:19), porém na maioria das vezes os demônios aparecem ligados a enfermidades (Mt 8:16;Lc
7:21;8:2;At 5:16;8:7). Eles causam mudez e surdez (Mt 9:32-33;Lc 11:14; Mc 9:17,25), cegueira
(Mt 12:22), causam convulsões violentas (Lc 9:39) e tentam matar (Mc 9:22). Ao possuírem
pessoas eles as usam para espancar outras (At 19:15-16), esses que foram possuídos não só se
tornam violentos como muito fortes (At 19:13-16) e mesmo sete homens não podem contra eles e
nem sequer adianta acorrentá-los (Lc 8:29). Os demônios podem oprimir até mesmo os crentes
quando é dada a permissão por Deus (2Co 12:7), porém eles são apenas mensageiros de Satanás, o
maioral dos demônios (Mt 9:34; 12:24; Mc 3:22; Lc 11:15) e seu rei (Ap 9:11).
SATANALOGIA – DOUTRINA SOBRE SATANÁS

Ele apareceu oculto sobre muitas formas e personagens na bíblia desde os tempos do Antigo
Testamento, até que na plenitude dos tempos, viesse a ser desmascarado por aquele que o derrotaria
e então finalmente pudesse ser revelada a realidade espiritual a qual muitos não suportariam
conhecer antes.
SUA ORIGEM
Ele foi identificado muitas vezes como um o príncipe do reino da Pérsia que desafiava os céus (Dn
10:13) no qual apenas o arcanjo Miguel conseguia fazer frente (Dn 10:21), assim ele podia ser visto
em passagens que falavam sobre a queda de Babilônia e do seu rei (Is 14:1-23), como na
Lamentação contra o rei de Tiro (Ez 28:1-19). Nessas passagens ele era o inimigo de Deus que tinha
um coração exaltado, o Querubim da guarda ungido, que se tornou iníquo e foi lançado fora da
presença de Deus. Dessa forma ficou conhecido nas interpretações cristãs por um nome próprio,
Lúcifer (Luzente), baseado em uma expressão do AT, num texto onde se trata de um oráculo de
Deus que não é apenas destinado a um rei humano, mas que também pode ser aplicado ao poder
espiritual por trás do domínio humano (Is 14:12). Essas passagens revelam não só sua origem como
sua queda da posição onde se encontrava, devido a sua arrogância de, engrandecendo o seu poder,
se tornar como Deus (Is 14:12-15). Pois, como o seu coração se tornou arrogante por causa da sua
formosura, ele corrompeu assim a sua sabedoria por causa da sua glória. (Ez 28:12-19; Lc 10:18).
Isso tudo a pesar de já ser o anjo mais glorioso que Deus havia criado, o modelo de perfeição (Ez
28:12), cheio de sabedoria e beleza, aquele que tinha o privilégio de estar no jardim de Deus e que
se cobria de todas as pedras preciosas. Ele que era o Querubim da Guarda, que andava no meio das
pedras afogueadas do monte de Deus, e era perfeito até se corromper.
Já no Novo Testamento ele é o Maligno (Mt 5:37;13:19,38;2Co 6:15;Ef 6:16;2Ts 3:3;1Jo 2:13-
14;3:12;5:18-19) o inimigo declarado de Deus (Mt 13:25,39) e também dos homens (1Pe 5:8),
identificado na palavra de Deus pelos nomes de Diabo e Satanás, retratado como “O Grande
Dragão”, e também revelado como “O Sedutor de Todo o Mundo”, caracterizado na história da
humanidade como a “Antiga Serpente” (Ap 12:9), aquela que estava no jardim do Éden e que
convenceu Eva a tomar do fruto proibido (Gn 3:1), trazendo assim o pecado e a morte ao mundo
(Rm 5:12), se apresenta agora como anjo de luz (2Co 11:14).
Sendo um anjo caído, é um inimigo espiritual (Ef 6:12), que como ser criado não é onipotente (Jó
1:12;2:6), ou seja, só pode ir até onde Deus permite. Não é onipresente pois, para saber das coisas
tinha que rodear a terra toda (Jó 1:6-7;2:1-2). Não é onisciente (Jd 1:9) pois, discutia com Miguel
querendo saber onde está o corpo de Moisés. É também um ser pessoal que possui: intelecto (Ef
6:11), emoções (Ap 12:12,17), vontade (2Tm 2:26), ambições (Is 14:13-14) e soberba (1Ti 3:6).
Satanás é ousado tentou ao próprio Cristo, procurando impedir os propósitos de Deus (Mt 4:1-
11;16:23;Mc 1:12-13;Lc 4:1-13). Temos o testemunho de Jesus na palavra de Deus de que ele
sempre foi um grande mentiroso (Jo 8:44;1Rs 22:22-23;2Cr 18:21-22). Sendo maledicente (1Tm
5:14;Tt 2:8;1Pe 5:8), possui a função de promotor, o acusador (Zc 3:1-2;Ap 12:10).
Sua morada era nas regiões celestiais como os outros anjos de Deus, lançado na terra (Is 14:12;Ez
28:16-17) com a promessa de ir até o mais profundo abismo, fez da terra o seu trono e o lugar da
sua habitação (Mt 12:43;Lc 11:24;Ap 2:13), mas enquanto não for expulso definitivamente do céu,
ele ainda se fará presente lá para acusar os crentes (Zc 3:1-2;Ap 12: 3-4,7-18), vindo de suas rondas
por toda a terra (Jó 1:6-7;2:1-2), as guerras celestes (Dn 10:13,21) refletem o que acontece na terra
(Lc 10:17-20), fazendo com que Satanás muitas vezes frustrado em suas acusações seja atirado por
terra. Satanás já foi derrotado e expulso da terra na cruz (Jo 12: 31;Cl 2:15;1Pe 3:22). A sua
habitação final será a prisão chamada inferno (Mt 25:41), o lago de fogo (Ap 20:10). Porém ele e
seus anjos (Mt 8:29-32;Mc 5:10-13;Lc 8:31-33) não estão presos ainda como outros anjos estão
(2Pe 2:4; Jd 1:6), por isso o conflito é sempre inevitável.
O IMPÉRIO DAS TREVAS
Satanás e seus demônios são principados e potestades (Cl 2:15), sendo ele o príncipe das potestades
do ar (Ef 2:2) comandante dos Exércitos do alto (Is 24:21). Figura como o grande Dragão (Ap
12:7,9) que faz guerra nos céus ajudado pelos seus anjos. Satanás têm um reino organizado e sólido
(Lc 11:18), um verdadeiro império das trevas (Cl 1:13) dominando com um sistema de governo
chamado “Mundo” (Gl 4:3). Suas sedes neste mundo são chamadas de Sinagogas de Satanás (Ap
2:9; 3:9) de onde ele governa sentado no seu trono (Ap 2:13; 13:2; 16:10) estando por trás dos
eventos importantes da história da humanidade (Jo 13:27). Satanás e seus demônios normalmente
não têm permissão para agir na vida do crente (Jó 1:12; 2:6; Lc 8:32), porém como a batalha é real
alguns morrem (Ap 2:10; 13:7). Assim enquanto Miguel luta no céu contra Satanás (Ap 12:7,9), nós
lutamos na terra (Ef 6:12) contra os dominadores deste mundo, pois somos amigos de Deus e não
do Mundo (Tg 4:4). Um dia ele e seus anjos serão derrotados e trancados no inferno (Mt 25:41).
O AGIR DE SATANÁS NO MUNDO
Satanás como o deus deste século e príncipe deste mundo (Jo 12:31;14:30;16:11) é uma serpente
astuciosa que envenena as suas vítimas, cegando o entendimento dos incrédulos (2Co 4:4) e
corrompendo os seus sentidos (2Co 11:3), para que o mundo inteiro fique sobre o seu poder (1Jo
5:19). Quem vos fascinou? (Gl 3:1) A resposta a essa pergunta é: a serpente que engana com astúcia
(2Co 11:3). Ele é o sedutor de todo o mundo (Ap 12:9) o Pai da mentira (Jo 8:44). Assim ele engana
as suas vítimas se fazendo passar até mesmo por um anjo de luz (2Co 11:13-15). Ele é poderoso, ele
controla e envia assassinos e ladrões (Jó 1:13-15,17), sendo ele um homicida desde o princípio
(João 8:44). Também têm o poder de causar doenças malignas (Jó 2:7), de controlar os ventos (Jó
1:18-19), de levar a ter visões magníficas (Mt 4:5,8;Lc 4:5,9) e até fazer descer fogo do céu (Jó
1:16; Ap 13:13). Porém o que ele gosta mesmo é de ser visto e adorado como se fosse um deus (Mt
4:8-10;Lc 4:5-8), por isso faz de tudo para se passar por deus pois, quer ser igual a Deus (Mt 4:9).
Satanás é um inimigo feroz, como um leão devorador (1Pe 5:8), um inimigo astuto que não pode ser
subestimado (2Co 2:11;11:3). Ele é aquele que detêm o poder da morte (Hb 2:14), um ditador que
domina os homens fazendo-os de escravos (Ef 2:2; Tt 3:3; 2Tm 2:26), mantendo-os sujeitos a
escravidão por toda à vida, pelo pavor que eles têm da morte (Hb 2:15). Assim, ele têm o poder de
escravizar as mentes (2Tm 2:26), e oprimir as pessoas (At 10:38), enchendo as mentes e os corações
(At 5:3) manipulando-os e controlando-os (At 26:18), destruindo seus corpos (1Co 5:5); se
fortalecendo nas fraquezas que elas tem na carne (1Co 7:5).
Ele incita os homens ao pecado, como podemos ver deste o Antigo Testamento onde Satanás se
levantou contra Israel e incitou Davi a numerá-lo (1Cr 21:1). Nos textos de Jó, é demonstrada de
maneira bem clara ações de Satanás que por duas vezes faz acusação contra a integridade de Jó e
incitação de Deus contra ele (Jó 1:6-22; 2:1-13) acusação contra os homens e contra Deus (Jó 4:12-
21) que declarou achar iniqüidade em Satanás (Ez 28:15). Ele incita ao erro para depois poder
acusar. Podemos ver também Satanás usando até mesmo os próprios apóstolos de Jesus
manipulando idéias e pensamentos para realizar a sua vontade como foi com Pedro durante o seu
ministério junto de Cristo (Mt 16:22-23;Mc 8:32-33) e até nas últimas horas de vida de Jesus (Mt
26:31-35;Mc 14:27-31;Lc 22:31-34;Jo 13:36-38). E como agiu também na mente de Judas (Lc
22:3,Jo 13:2,27) para que traísse a Jesus, pois não existe harmonia entre Satanás e Cristo (2 Co
6:15).
Ele é o tentador por excelência (1Ts 3:5) e leva a pecar incentivando as pessoas a mentirem,
espalhando a mentira (1Tm 4:1), ele arma ciladas astutas (Ef 6:11), não causando assim o mal
diretamente, mas tornando a vítima a verdadeira culpada (At 5:3). Satanás tenta quebrar a unidade
da Igreja manipulando sentimentos e emoções com seus dardos inflamados (Ef 6:16) por isso
encontramos a orientação para perdoar (2 Co 2:10-11) para não dar vantagem ao diabo (Ef 4:26-27)
dando lugar a ele através do ódio. Ele é o ladrão que rouba a palavra semeada no coração (Mt
13:19;Mc 4:15;Lc 8:12). Semeia o joio, os seus filhos, no meio do povo de Deus (Mt 13:38-39). Ele
se opõe ao ministério da igreja de Deus, impedindo sua ação (1Ts 2:17-18).

ANTROPOLOGIA

A Antropologia, cientificamente falando, é a ciência que tem como objeto o estudo do ser humano
em seus aspectos biológico, social e cultural. Já quanto a teologia, é a doutrina do ser humano sob o
ponto de vista de Deus, declarado em sua palavra, a bíblia.

SOBRE SUA ESSÊNCIA


A Imagem de Deus

O ser humano é a criação suprema de Deus na terra e assim como todo o resto da criação foi criado
para que Deus fosse glorificado nele (Is 43:7). Cientificamente falando, ele é o único animal que é
racional, ou seja, que possui autoconsciência de si mesmo, sendo que, pela fé temos a total certeza
de que isto se deve unicamente ao fato de ter ele sido criado á imagem e semelhança do seu próprio
criador, o Deus único e soberano (Gn 1:26-27), sendo assim olhando para essa imagem no homem
podemos ver aprender um pouco mais de Deus e olhando para Jesus isto ainda funciona muitíssimas
vezes melhor.
Assim, o ser humano é o único ser de toda a criação que melhor representa a assinatura desse
criador, refletindo aquele que é perfeito (I Jo 1:5; Tg 1:17) e faz tudo com perfeição (Gn
1:4,10,12,18,21,25,31), sendo seu selo de perfeição, aquele que é como deus em relação a todo o
resto da criação (Sl 82:6; Jo 10:33-36). Por ventura não é este o significado de “Imago Dei”?
Amado como filho acima da criação. Assim, a imagem e semelhança de Deus é tudo o que
diferencia o ser humano do resto da criação e por isso, o valor do ser humano provém direto do
valor dado a ele pelo seu próprio criador, o qual seria capaz dar até a própria vida por ele (Rm
14:15; I Co 8:11; 15:3; I Pe 3:18).
É, portanto, um ser dotado de inteligência, para ser capaz de administrar e zelar por toda a criação
de Deus sobre a qual também foi encarregado (Gn 1:28-30) e também além de inteligência, foram
lhe dados força e criatividade para trabalhar lavrando, cultivando e guardando do jardim de Deus
(Gn 2:5,15) e ser capaz de organizar dando os nomes a todos os animais da terra (Gn 2:19-20).
Essas responsabilidades lhe foram dadas porque o ser humano também foi criado dotado de livre
arbítrio (Gn 2:16-17) e isto redunda em responsabilidade diante de suas escolhas sejam elas boas ou
ruins, sejam baseadas em sentimentos e conhecimentos (Rm 1:18-25), raciocínios morais (Rm 2:14-
16) ou imorais e gananciosos (Gn 3:6-7). Ele era perfeito em todos os seus caminhos até que “se
meteu em muitas astúcias”(Ec 7:29).

SOBRE SUA CONSTITUIÇÃO

O ser humano têm sido entendido pela teologia tradicional como composto por três partes distintas,
que são: o corpo, a alma e o espírito (I Ts 5:23; Hb 4:12). E é sobre essa visão que a principio
vamos tratar aqui. Depois avançaremos mais sobre a minha visão pessoal.
SOBRE O CORPO
A imagem e semelhança de Deus devem ser entendidas no aspecto interior do ser humano, e não
externo ou físico. O corpo do ser humano nada mais é do que um invólucro para a parte essencial
deste (Jo 6:63). Ele é frágil (Mt 26:41; Mc 14:38) e limitado materialmente (Sl 78:39; Is 31:13) e
depois da “Queda” passou a ser corruptível, não sendo aceito diante de Deus nem nos céus (I Co
15:50). Mas é bastante interressante começar a notar que na bíblia Deus define o ser humano como
apenas pó (Gn 3:19) e carne pecaminosa (Gn 6:3).
SOBRE A ALMA
A alma é a capacidade de pensar (At 4:32), sentir (Mt 26:38; Mc 14:34; Lc 1:46; Jo 12:27; Fp 2:2),
decidir (Lc 21:19), desejar (Mt 11:29; I Pe 1:22), sendo estas idéias advindas do uso da palavra
grega para alma psyche no novo testamento pela psicologia atual. Sendo assim surge uma separação
feita pela teologia tradicional quanto a transcendência (Mt 16:26) da alma uma vez que existem
textos na bíblia que apontam para a sua passagem para a outra vida, para o céu (Mt 10:28) ou para o
inferno (At 2:17). Ela seria a consciência em si da pessoa (Mt 22:37; Mc 12:30; Lc 10:27; At 2:43)
o seu eu (Lc 12:19; 2 Pe 2:14). Um termo muitas vezes usado como sinônimo para a palavra
espírito (Ap 6:9; 20:4 em comparação com Hb 12:23; I Pe 2:11 comparar com I Pe 1:21) e outras
vezes não (I Co 15:45). Assim, a alma pode ser boa ou ruim, pode ir para o céu ou para o inferno, as
vezes está escrito alma mas se referindo a espírito, e pode até mesmo ser morta (At 3:23
provavelmente citando o Antigo Testamento Dt 18:19).
SOBRE A ORIGEM DA ALMA
Existem pelo menos três teorias que tratam do assunto da origem da alma. Consideremos
resumidamente duas delas, que considero de menor importância e discorramos sobre a que
considero mais importante.
De acordo com a teoria da pré-existência, as almas humanas já existiriam num outro plano antes
do nascimento de cada indivíduo entrando para este mundo pelo nascimento do corpo, logo no
começo do seu desenvolvimento no útero da mãe. Essa teoria se encaixa muito bem com a doutrina
espírita.
Já a teoria da criação ensina que a alma é uma criação imediata de Deus, sendo criada junto com o
corpo no começo do desenvolvimento deste. Afirma, portanto, que apenas o corpo deriva dos pais
sendo este propagado pelas gerações. Assim cabe somente a Deus, sempre, a criação da alma no
interior do mesmo, a cada nova concepção.
Creio, porém, que a melhor teoria seja a Traducionista, pois na minha opinião é a que melhor se
encaixa com o que diz a bíblia.
Essa teoria ensina que o homem é uma espécie, e a essa idéia de espécie subentende-se a
propagação do todo do indivíduo a partir dela. Ela afirma, portanto, que a raça humana foi criada
em Adão e dele procedem tanto a alma quanto o corpo, através da propagação natural, essa teoria
está de acordo com a idéia da solidariedade da raça humana.
Na bíblia o primeiro texto bíblico que colabora em favor dessa teoria, de maneira mais clara, é o da
criação individual da mulher (Gn 2:18-25). Nesta passagem que vem logo após a narrativa
detalhada da criação do homem, vemos a diferença quanto a forma em que é criada a mulher.
A mulher é praticamente o primeiro clone criado a partir de um ser vivo. Para sua criação Deus
extrai uma costela do primeiro homem e a partir desse material coletado ele desenvolve um outro
ser (Gn 2:21-22) que conforme Adão expressa, compartilha literalmente o mesmo osso do conjunto
de seus ossos e a mesma carne de seu próprio corpo, uma vez que saiu de seu próprio corpo (Gn
2:23). Por isso Adão lhe chama varoa (hva ‘ishshah) porque é proveniente do varão (vya ‘iysh).
Porém o detalhe a ser enfatizado na diferença da criação da mulher com relação a criação do
homem não está no fato de que ela provém do mesmo corpo de barro animado pelo próprio Deus,
mas que no texto não se encontra qualquer referência a que Deus coloque nesse pedaço do corpo de
barro do primeiro homem aquilo que o anime para que se torne um ser vivente.
Logo, podemos concluir pelo texto bíblico, que não houve necessidade da ação de Deus para animar
o pedaço de carne tirado do corpo de Adão, pois Deus lhe aproveitou a vida que nele ainda residia,
como num transplante de órgão em que o mesmo é transplantado ainda vivo (e tem que ser assim)
para outro corpo. Por isso, não podemos afirmar que Eva a primeira mulher não tivesse alma.
Mesmo não encontrando na narrativa de sua criação, a criação de sua própria alma por Deus como
foi no caso de Adão, pois o Criador foi econômico como diz a bíblia “ainda que lhe sobejava o
espírito” (Ml 2:15) para o mesmo. Além disso, se a criação da mulher fosse completamente igual a
do homem, sendo a criação de um ser vivente pelo fôlego de Deus, então a raça humana não
descenderia de apenas um, mas de dois, e distintos.
Na verdade, essa atitude de Deus de propagar o seu poder criativo através da própria criação, isto
incluindo os seres vivos que compõem essa criação, já havia sido demonstrada no primeiro capítulo
de Gênesis onde Deus conclama a criação a “participar” do processo criativo pela concessão dada e
propiciada por Deus através de seu divino poder onde ele cria através e por meio da própria criação
(Gn 1:11-12,20-22,24-25,28).
Dessa maneira podemos entender textos da bíblia onde é dito que é Deus que cria o espírito dentro
do ser humano (Zc 12:1; Sl 139:13-16) como referência a sua criação primeira e que se propaga
como poder criativo através da propagação natural e solidária de pai para filho. Assim não é negada
a ação de Deus em qualquer processo criativo embora que aos nossos olhos humanos pareça um
agir indireto.
E como seria o caso dos atuais clones criados pelo ser humano? Se um homem fosse clonado ele
teria uma alma pela teoria traducionista, porém pela teoria criativa se levantaria a questão de que
sendo fruto do pecado da soberba humana Deus não aprovaria o tal ato e assim não participaria do
processo criativo negando ao clone uma alma.
Essa teoria não contraria a doutrina da soberania de Deus, colocando Deus como alguém que dá a
corda no relógio do universo e depois abandona a criação a sua própria mercê, visto que ela não
nega que quem põe fim a vida humana é o próprio Deus (Sl 146:4) limitando até mesmo a duração
dos dias da vida de cada ser humano à sua vontade (Gn 6:3; Sl 90:3-12; 139:16).
SOBRE O ESPÍRITO
O espírito humano seria a parte responsável pela transcendência e comunicação direta com Deus
(Rm 8:16; I Co 14:2; I Co 14:16). Ele diferente do corpo e da alma já estaria pronto (I Co 15:45; Mt
26:41; Mc 14:38), porém há referências quanto a santificação do espírito humano (I Co 7:34; II Co
7:1; I Ts 5:23), refere-se ao mais íntimo do ser humano (Mc 8:12; I Co 2:11; I Co 14:14-15 onde
parece haver uma divisão entre consciente e inconsciente). Sendo também a sede de caráter (Mt 5:3;
Rm 12:11; I Co 5:3-5) e emoções (Lc 1:47; Jo 11:33; Jo 13:21; I Co 16:18; II Co 2:13) e de
pensamentos (Mc 2:8; Lc 11:17; At 20:22) e vontades (Lc 9:55; At 19:21; I Co 4:21). Quando uma
pessoa morre é porque lhe saiu o espírito (Mt 27:50; Jo 19:30; At 7:59; Tg 2:26). A natureza de um
espírito quer seja de Deus, de anjo, demônio ou humano é uma só, imaterial, ou seja, esse espírito
não têm carne nem ossos (Lc 24:39).

Minha opnião pessoal sobre a questão da alma humana


Introdução

Teologicamente, o homem é um ser igual aos demais animais, um “ser vivo”. Que recebeu o fôlego
da vida de Deus. O homem é uma alma vivente, “Nephesh Hayah” e não um que possui uma alma
vivente.
De acordo com a teologia antiga, o ser humano era o único que possuía alma (que é originária do
fôlego de Deus). Porém baseado na bíblia isso é um equívoco.
A bíblia diz que os animais são o “Nephesh Hayah” ( Gen. 1:20), o Homem também é (Gen. 2:7),
logo todos eles são almas.
Há citações de antigos teólogos protestantes nos meados dos séculos XIX e XX, que diziam que o
homem era imortal. Então seriam as almas dos animais imortais?
Concluindo, o ser humano não possui uma alma imortal. O Ser humano é uma alma mortal. Então a
palavra “alma” que tenta expressar a parte imortal do ser humano. Ela não pode originar-se do
termo Hebraico Nephesh, um grande equívoco defendido por antigos teólogos.
Então da somatória do fôlego e do corpo de barro (formado por Deus do pó da terra), tornou-se
homem. Deus soprou o Neshamah (respiração), não o Ruah (espírito).
Os teólogos antigos pensavam que a alma era a junção do espírito de Deus com o barro, então com
a morte da alma o corpo voltaria para a terra e o espírito voltaria para Deus.
Entretanto, há indícios no novo testamento que existe algo do ser humano que prevalece após
a morte. E é tratado na bíblia sendo chamado ora como alma ora como espírito, ambos são
equivalentes e sinônimos de algo que é transcendente a morte física.

Antropologia Bíblica II – A Alma

Tradicionalmente em muitas culturas e religiões convencionou-se não chamar ou tratar o homem


como um animal, e a ele foi atribuído pelos seus estudiosos ao longo dos séculos uma idéia de que
teria ou seria uma alma imortal. A alma imortal seria então uma segunda natureza do homem, uma
natureza não material e a responsável pela vida do corpo do homem, sendo na verdade o ser
humano em si, podendo assim o homem existir eternamente mesmo sem seu corpo físico, ainda que
numa outra dimensão chamada por muitos de espiritual. Essa idéia sobre a alma que sempre o
distinguiu dos outros animais além é claro do seu raciocínio, também o coloca em uma outra esfera,
quase divina graças a imortalidade que a idéia da alma traz consigo. Assim, a teologia de muitos
têm tratado dessa questão chamando-a de transcendência, uma capacidade que só o ser humano
poderia ter, uma capacidade de se comunicar com o criador, mesmo porque esta deriva desse
mesmo criador, pelo princípio da alma.
Porém, no primeiro capítulo de Gênesis em uma narração da criação que vai de Gn 1:1 a 2:3 o texto
bíblico nos diz que Deus criou os animais, sendo estes identificados no texto bíblico por seres
viventes (Gn 1:20,21,24,30) cujo termo hebraico é vpn yx – Nephesh Hayah. Porém o homem
aparentemente não entra nesta classificação pelo menos neste primeiro capítulo, embora a narração
de sua criação, nesta primeira narrativa, esteja junto a criação dos animais terrestres. Mas já na
segunda narração da criação que se inicia em Gênesis 2:4 e detalha a criação do homem, este
mesmo também é considerado ser vivente (Gn 2:7) com o termo hebraico Nephesh Hayah, sendo
contado agora de maneira mais clara entre os outros animais (Gn 2:19-20). O termo hebraico
Nephesh Hayah tem sido traduzido pelo termo grego Psyche, de onde veio a idéia em latim de
anima, a alma, em português. Assim, conseguimos logo perceber nestes dois primeiros capítulos
que tratam da narração da criação do mundo e do homem que se o homem possui uma alma os
animais também a possuem. Isto é um problema se para que o homem seja distinto dos outros
animais for necessário a ele ter uma alma imortal, já que pelo texto bíblico tanto o homem quanto o
animal compartilham de um mesmo princípio que os define como seres viventes, o Nephesh Hayah.
Consequentemente os animais também teriam então uma alma imortal. Sendo assim o que
diferenciaria o ser humano dos animais agora, seria assim apenas o seu intelecto.
É interessante notar que também, para a ciência, o ser humano é considerado um animal racional.
Mas que ainda dentro dessa característica que o distingue dos demais animais, manifesta um sentido
de religião, sendo também, o único animal que possui religião. Seria assim para a ciência a
espiritualidade humana a essência da alma.
Mas afinal, o que é a alma ou Nephesh Hayah, de acordo com a Bíblia? Ela realmente é imortal?
Analizemos o tradicional texto da criação do homem Gn 2:7, de maneira mais detalhada. Pois neste
texto também encontramos uma luz sobre o que é uma Nephesh Hayah.
ruy yatsar moldaram Myhla ‘elohiym (os deuses) hwhy Iavé ( o que existe) da rpe ‘aphar
(argamassa) da hmda ‘adamah (terra) Mda ‘adam aw-dawm’ (Vermelho)
e no seu Pa ‘aph (nariz)
xpn naphach (respirou) hmvn n@shamah (respiração ) {que vem da raiz ofegar Mvn nasham }
yx chay (vivo/ativo)
e Mda ‘adam aw-dawm’ (Vermelho) passou a vpn nephesh (respiração que vem de vpn naphash
– tomar fôlego/reanimar-se) yx chay (vivo/ativo)
Tradução feita por mim:
Moldaram os deuses verdadeiros da argamassa da terra o vermelho
E no seu nariz respiraram uma respiração ofegante (expiraram fôlego) ativa (de vida)
E o vermelho passou a tomar fôlego ativamente (passou a ser um desejante/necessitante de ar)
Muitos teólogos da atualidade tem argumentado que Nephesh Hayah, ou seja, ser vivo é o resultado
da junção de espírito mais corpo. E que esse espírito não é nada menos do que o Espírito do próprio
Deus criador insulflado nas narinas do recém forjado boneco de barro. Daí então a alma ser imortal
devido a ser o resultado de uma soma do espírito imortal e eterno de Deus num corpo feito de barro
material e passageiro. Porém então sendo assim, ao se perder o corpo o que ficaria não seria
somente o espírito, enquanto que a alma em si seria desintegrada? Alguns crêem assim. Porém
analizemos mais a fundo o que é uma nephesh hayah.
A palavra Nephesh vem do hebraico e tem haver com respiração como podemos observar nas
anotações expostas do versículo 7 do capítulo 2 de Gênesis. Hayah da mesma forma têm haver com
vida e seres vivos. Portanto, nephesh hayah significaria por uma aproximação de significados em
nossa língua “ser respirante”, ou seja, ser vivo como na tradução NVI. Muitos quando pensam no
sopro do Espírito de Deus que deu vida a carne formada do barro da terra, tem em mente a palavra
Ruach Elohim (xwr Myhla ‘) que pode ser encontrada em Gn 1:2. Porém as palavras usadas na
criação de Adão são palavras que assim como Nephesh estão ligadas a respiração e aos aparelhos
respiratórios como também já foi mostrado anteriormente “e no seu nariz (Aph) respirou (Naphach)
uma respiração (Neshamah) de vida (Hayah) e Adão passou a respirar (Nephesh) vivamente
(Hayah)”. Por isso alguns quiseram justificar ser Neshamah um sinônimo para o Ruach de Deus.
Porém na bíblia assim como o aparelho respiratório pertence ao homem essa palavra também é
aplicada ao homem (Jó 34:14; Pv 20:27; Is 2:22; 42:5; 57:16; Dn 10:17) e animais (Gn 7:22).
Conforme o Dr. Jorge Pinheiro professor na Teológica, podemos aprender que Nephesh têm haver
com garganta, com aparelho respiratório, boca e estômago. Podemos ver na bíblia algo assim em Jó
7:15 “ pelo que a minha alma (vpn nephesh) escolheria, antes, ser estrangulada (qnxm machanaq
estrangulamento, sufocamento); antes, a morte (twm maveth morte por violência) do que esta
tortura (Mue ‘etsem osso).” E em Pv 3:22 (contraposto com pescoço num jogo de palavras),
também em Jonas 2:5 “as águas me cercaram até a alma (Nephesh, como garganta, pescoço)” e Is
5:14 onde lemos que o Sheol (Inferno-Morada dos mortos) alargou a sua Nephesh
(apetite/garganta), escancarou a sua boca”.

Como um ser vivo a alma pode passar fome e está intimamente indentificada com o aparelho
digestivo, com o apetite e com a fome (Nm 11:6; Dt 12:15,20,21; 14:26; 23:24; Jó 6:7; 33:20; Sl
63:5; 107:9,18; Pv 10:3; 13:2,19,25; 16:26; 19:15; 27:7; Ec 6:7; Is 5:14; 58:10) e com o desejo
como o de saciar algo interior (Dt 18:6-8; 2 Sm 3:21; 1 Rs 11:37; Sl 35:25; Is 26:8; Jr 2:24; Os
4:8)
Pode-se afligir a alma (Salmo 35:13), isto é com o jejum (Salmo 69:10) até gerar magreza de alma/
definhar (Sl 106:15; Sl 107:5) até desfalecer ou desmaiar (Sl 107:18; Is 58:3) ou até morrer (Ez
18:14, 20; 13:19) e se tornar um cadáver (twm muwth vpn nephesh Lv 21:11; Números 6:6; 9:6,7;
19:11,13);
Por isso ela está intimamente relacionada com o corpo, com a boca, garganta e estômago Pv 16:24
“Palavras agradáveis são como favo de mel: doces para a Nephesh e medicina (aprm marpe’ saúde)
para o corpo (Mue ‘etsem osso, essência, substância, o próprio ser)”. E também com o coração e
carne (Sl 84:2). Sendo uma definição de ser como um todo. Também se relaciona com os ossos (Is
58:11) e até com o sangue, sendo este o que dá a vida ao corpo como vemos em Lv 17:11:
“Porque a vida (vpn nephesh) da carne (rsb basar) está no sangue (Md dam). Eu vo-lo tenho dado
(Ntn nathan) sobre o altar (xbzm mizbeach), para fazer expiação (rpk kaphar) pela vossa alma (vpn
nephesh), porquanto é o sangue (Md dam) que fará expiação (rpk kaphar) em virtude da vida (vpn
nephesh).”

Sendo assim também traduzida como a própria criatura (Lv 11:46), mesmo que composta de corpo
e alma (Is 10:18 onde floresta representa os filhos de Judá).
Por isso Deus quer ser achado quando for buscado com todo o ser (Dt 4:29). E também quer ser
amado com todo o ser como vemos em Dt 6:5 “Amarás o Senhor teu Deus de coração, alma e todo
ser (ou forças)”. É por isso que tanto no AT quando no NT ela é traduzida como a pessoa em si
usando pronomes pessoais (Sl 3:2; Mt 26:38).
Assim, no primeiro livro da Bíblia Deus define o homem como pó (Gn 3:19) e também carne
pecaminosa (Gn 6:3). Como vimos até aqui a idéia de alma ainda não serve para descrever bem uma
parte imortal do ser humano.

Mas há um processo da revelação de Deus, chamado por muitos de revelação progressiva de Deus
onde se parte de uma idéia não muito nítida em seu princípio mas que vai se tornando cada vez mais
clara, e cada vez mais visível o seu todo a medida que o tempo vai passando. Para isso não podemos
ficar só com o que o AT diz, temos que ir a diante há outras épocas onde a revelação de Deus
alcança o ápice de sua clareza, temos de ir há época de Jesus Cristo.

Embora também no NT o termo hebraico nephesh agora trazido para o grego como psyche ainda
apresente muitas vezes uma conotação de ser vivo, isto falo enquanto animal desejante de
alimentos, como vemos nas palavras de Jesus em Lucas 12:22-23:

“A seguir, dirigiu-se Jesus a seus discípulos , dizendo: Por isso, eu vos advirto: não andeis ansiosos
pela vossa vida (quch psuche), quanto ao que haveis de comer, nem pelo vosso corpo, quanto ao
que haveis de vestir. Porque a vida (quch psuche) é mais do que o alimento, e o corpo, mais do que
as vestes .”
Podemos ver também uma certa mistura do termo com outra palavra grega usada para designar
tanto o espírito humano como o divino. Assim no NT podemos encontrar um uso sinônimo de
Pneuma (a tradução grega para o hebreu Ruach), que é usada para designar o espírito com Psyche,
usada para designar a alma. Como podemos ver comparando 1 Co 5:5 “para destruição da carne, a
fim de que o espírito seja salvo no Dia do Senhor” com 1Pe 1:9 “obtendo o fim da vossa fé: a
salvação da vossa alma” e também em Ap 6:9 “vi, debaixo do altar, as almas daqueles que tinham
sido mortos por causa da palavra de Deus” e Ap 20:4 “Vi as almas dos decapitados por causa do
testemunho de Jesus… e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos.” com Hb 12:23 “e igreja
dos primogênitos arrolados nos céus, e a Deus, o Juiz de todos, e aos espíritos dos justos
aperfeiçoados,” e 1Pe 3:19 “no qual também foi e pregou aos espíritos em prisão,”. Assim
chegamos até a nos perguntar: a final, o que vai para o outro mundo? A alma ou o espírito?

E a final, o que é espírito? O ser humano possui um ou possui uma alma ou os dois?

Jesus definiu o espírito como o que é destituído de corpo, como vemos em Lucas 24:39:
“Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e verificai, porque um espírito
(pneuma pneuma) não (ou ou?) possui (ecw echo) carne (sarx sarx) também (kai kai) ossos (osteon
osteon), de acordo com (kaywv kathos) observais (yewrew theoreo) que eu (emh eme) tenho (ecw
echo).”
Porém ele deveria estar se referindo as visões fantasmagóricas costume da cultura daquela época
que alguns viam ou pensavam que viam, como já havia acontecido:

Mc 6:49

Eles, porém, vendo-o andar sobre o mar, suporam (dokew dokeo) estar presente (einai einai) um
fantasma (fantasma phantasma) e gritaram.

Lucas 24: 37

Mas (de de), ficar aterrorizados (ptoew ptoeo) e atemorizados (emfobov emphobos) tornar-se
(ginomai ginomai), supondo (dokew dokeo) estarem ter uma visão (yewrew theoreo) um espírito
(pneuma pneuma).

Atos 23:9 Houve, pois, grande vozearia. E, levantando-se alguns escribas da parte dos fariseus,
contendiam, dizendo: Não achamos neste homem mal algum; e será que algum espírito (pneuma
pneuma
) ou anjo (aggelov aggelos) lhe tenha falado?

Ou seja, Jesus dizia que era real e palpável e não uma visão.
Em Tiago temos a descrição do processo de morte, numa comparação que visa explicar o que é uma
fé viva Tiago 2:26 “Porque, assim como o corpo sem espírito é morto, assim também a fé sem
obras é morta.”
Assim, podemos também ver nos Evangelhos e em Atos a crença que a vida de uma pessoa acaba
ao morrer porque sai lhe algo, o espírito:

Mat 27:50

Mas (de de) Jesus, clamando outra vez com grande voz , enviou para outro lugar (afihmi aphiemi) o
espírito (pneuma pneuma).

Lucas 23:46
Então, Jesus clamou em alta voz: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito (pneuma pneuma)! E,
dito isto, expirou.

Atos 7:59
E apedrejavam Estêvão, que invocava e dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito (pneuma
pneuma)!

E também que a vida recomeça ao voltar o espírito:


Lucas 8:55 Voltou-lhe o espírito, ela imediatamente se levantou, e ele mandou que lhe dessem de
comer.
Porém, é interessante notar que esses textos têm seu equivalente no AT, mas com o termo hebraico
nephesh:

1 Reis 17:21 E, estendendo-se três vezes sobre o menino, clamou ao SENHOR e disse: Ó
SENHOR, meu Deus, rogo-te que faças a alma (vpn nephesh) deste menino tornar a entrar nele
(entranha).
1 Reis 17:22 O SENHOR atendeu à voz de Elias; e a alma (vpn nephesh) do menino tornou a
entrar nele (entranha), e reviveu.

E também tratando do fim da vida vemos que, quando sai a alma a pessoa morre:

Gênesis 35:18 Ao sair-lhe alma (vpn nephesh) (porque morreu), deu-lhe o nome de Benoni; mas
seu pai lhe chamou Benjamim.

Continuando na comparação com o AT vemos que assim como a alma habita nas entranhas
do ser humano sendo comparada ao sangue, assim também o espírito habita dentro do corpo,
da carne dando vida a mesma, sendo comparado ao fôlego ou ar dentro da pessoa.

Números 16:22: “Mas eles se prostraram sobre os seus rostos, e disseram: Ó Deus, Deus dos
espíritos (xwr ruwach) de toda a carne (rsb basar), pecará um só homem, e indignar-te-ás tu contra
toda esta congregação?”

Lamentações 4:20 O sôpro (xwr ruwach) de nossas narinas ( Pa ‘aph), o ungido do SENHOR, foi
preso nos forjes deles; dele dizíamos: debaixo da sua sombra, viveremos entre as nações.
As imagens de escultura são consideradas nada porque nelas não há fôlego, ou o espírito que anima
e dá vida.
Jeremias 10:14 Todo homem se tornou estúpido e não tem saber; todo ourives é envergonhado pela
imagem que ele mesmo esculpiu; pois as suas imagens são mentira, e nelas não há fôlego (xwr
ruwach).
Habacuque 2:19 Ai daquele que diz à madeira: Acorda! E à pedra muda: Desperta! Pode o ídolo
ensinar? Eis que está coberto de ouro e de prata, mas, no seu interior, não há fôlego (xwr ruwach)
nenhum.
A idéia de espírito no Antigo Testamento está ligada a idéia de fôlego enquanto ar para respirar.
Ligando assim a palavra Ruach a Neshamah como sinônimas.
Espírito de Vida:
Gênesis 6:17 Porque estou para derramar águas em dilúvio sobre a terra para consumir toda carne
em que há fôlego (xwr ruwach) de vida (yx chay) debaixo dos céus; tudo o que há na terra perecerá.

Gênesis 7:15 De toda carne , em que havia <0834> fôlego (xwr ruwach) de vida (yx chay),
entraram de dois em dois para Noé na arca;
Neshamah associado com Ruach
Gênesis 7:22 Tudo o que tinha fôlego (hmvn n@shamah) de espírito (xwr ruwach) de vida (yx
chay) em suas narinas, tudo o que havia em terra seca, morreu (twm muwth).
Isaías 42:5 Assim diz Deus, o SENHOR, que criou os céus e os estendeu, formou a terra e a tudo
quanto produz; que dá fôlego (hmvn n@shamah) de vida ao povo que nela está e o espírito (xwr
ruwach) aos que andam nela.
Isaías 57:16 Pois não contenderei para sempre, nem me indignarei continuamente; porque, do
contrário, o espírito (xwr ruwach) definharia diante de mim, e o fôlego (hmvn n@shamah) da
vida, que eu criei.
Daniel 10:17 Como, pois, pode o servo do meu senhor falar com o meu senhor? Porque, quanto a
mim, não me resta já força alguma, nem fôlego (hmvn n@shamah) ficou em mim.
Deuteronômio 20:16 Porém, das cidades destas nações que o SENHOR, teu Deus, te dá em
herança, não deixarás com vida tudo o que tem fôlego (hmvn n@shamah).
Josué 10:40 Assim, feriu Josué toda aquela terra, a região montanhosa, o Neguebe, as campinas, as
descidas das águas e todos os seus reis; destruiu tudo o que tinha fôlego (hmvn n@shamah), sem
deixar nem sequer um, como ordenara o SENHOR, Deus de Israel.
E apesar da bíblia fazer diferença entre carne e espírito desde o caso de animais, “cavalos carne e
não espírito” Is 31:3 e de Deus definir os homens simplesmente como carne “O meu Espírito não
agirá para sempre no homem, pois este é carne pecaminosa” Gênesis 6:3 e também como
apenas pó: “porque tu és pó e ao pó tornarás” Gn 3:19.
A bíblia também afirma que tanto os homens como os animais têm um mesmo fôlego (Ruach),
ou seja, espírito.
Eclesiastes 3:19 Porque o que sucede aos filhos dos homens sucede aos animais; o mesmo lhes
sucede: como morre um, assim morre o outro, todos têm um o mesmo (dxa ‘echad) fôlego (xwr
ruwach), e nenhuma vantagem tem o homem sobre os animais; porque tudo é vaidade.
Eclesiastes 3:21 Quem sabe se o fôlego (xwr ruwach) de vida dos filhos dos homens se dirige para
cima e o dos animais para baixo, para a terra?
Assim a bíblia se refere a existência do espírito do homem em diversos textos, com diversas
ênfases:
Zc 12:1; Dn 7:15; 5:20; 2:3; 2:1; Ez 21:7; 13:3; Is 66:2; 65:14; 61:3; 57:15,16; 54:6; 29:24; 19:3.
Eclesiastes 12:7 pó (rpe ‘aphar) volte (bwv shuwb) a terra (Ura ‘erets) e o espírito (xwr ruwach)
volte (bwv shuwb) a Deus (Myhla ‘elohiym) que o deu (Ntn nathan). Pv 29:23; 20:27 (Neshamah),
18:14; 17:27; 17:22 (ossos Mrg gerem osso, força, descoberto?, pessoa?) Pv 16:32 o que domina
(governar) o espírito ) Pv 16: 2,18,19; 15:4,13; 11:13. Sl 146: 4; 143: 3,4,7; 78:8; 77:6; 77:3; 51:17;
34:18; 32:2; 31:5; Jó 32:8,18; 26:4; 12:10; 7:11; 6:4; 1 Reis 21:5; 1 Sm 1:15; Dt 2:30; Ex 6:9; Gn
45:27; Gn 41:8; 26:35
Espírito como Glória Sl 30:12 ; 16:9

Portanto vemos que tanto no NT quanto no AT existe uma mistura no uso de nephesh e ruach e que
ambas estão relacionadas a idéia daquilo que anima o corpo, ou seja, a carne que foi feita do barro.
Vemos portanto, esses sinônimos como uma força que dá a vida e que extingue a vida quando
abandona o corpo.
Assim, falando do espírito, essa força de vida volta a Deus que a deu, sua origem e a matéria volta
ao pó de onde foi tirada, se desfazendo a vida da maneira inversa pela qual foi constituída.
Eclesiastes 12:7 pó (rpe ‘aphar) volte (bwv shuwb) a terra (Ura ‘erets) e o espírito (xwr ruwach)
volte (bwv shuwb) a Deus (Myhla ‘elohiym) que o deu (Ntn nathan).
Portanto, concluímos que assim como a alma está ligada ao corpo e ao aparelho respiratório, o
espírito está ligado também intimamente ao funcionamento desse aparelho respiratório, como
a energia que percorre e alimenta o mesmo, fazendo-o funcionar. Essas figuras de linguagem
estão então ligadas a algo material, o corpo e seu funcionamento, como quando se fala da
inutilidade de um ídolo, não porque ele não tem algo, “místico” o espírito, mas porque ele não
está vivo, ou seja, não é respirante. Assim a idéia de nephesh, ou seja, a alma, que é a própria
vida ou vitalidade, é de que ela existe enquanto movimento de respiração, que respira o
espírito, o próprio ar que enche os pulmões e que se extingue quando cessa esse repetitivo
inspirar e expirar do espírito.
Então, de onde vêm a idéia de que algo da essência do ser humano possa existir após a morte,
ou melhor, o fim da vida, o fim da existência do ser em si?
Recomeçaremos esses questionamentos partindo do NT. O próprio Jesus, verdadeiro intérprete do
AT apontou para essa possibilidade baseando-se nas conclusões que se pode tirar do verdadeiro
conhecimento do AT. Jesus disse, citando o AT, fato referido em três dos quatro evangelhos:
Mateus 22:32 Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó? Ele não é Deus de
mortos, e sim de vivos.
Marcos 12:27 Ora, ele não é Deus de mortos, e sim de vivos. Laborais em grande erro.
Lucas 20:38 Ora, Deus não é Deus de mortos, e sim de vivos; porque para ele todos vivem.
Embora exista essa citação de Jesus por onde temos começado essa busca por essa resposta, há
também uma idéia muito antiga de que se possa falar com os mortos, a Necromancia:
1 Samuel 28:14 Perguntou ele: Como é a sua figura? Respondeu ela: Vem subindo um ancião e está
envolto numa capa. Entendendo Saul que era Samuel, inclinou-se com o rosto em terra e se
prostrou.
Na verdade na história da humanidade o ser humano sempre pensou em um lugar para onde sua
consciência iria após a morte isso desde o Antigo Egito, como vemos no porquê das pirâmides,
palácios feitos para que o faraó levasse seus bens para o outro mundo.
Mas de onde os seres humanos tiraram tal possibilidade. A própria bíblia traz uma idéia sobre de
onde teriam surgido tais pensamentos. Talvez do próprio Deus:
Gênesis 4:10 E disse Deus: Que fizeste? A voz do sangue de teu irmão clama da terra a mim.
Mesmo morto Abel ainda fala.
Hebreus 11:4 Pela fé, Abel ofereceu a Deus mais excelente sacrifício do que Caim; pelo qual
obteve testemunho de ser justo, tendo a aprovação de Deus quanto às suas ofertas. Por meio dela,
também mesmo depois de morto, ainda fala.
Hebreus 12:24 e a Jesus, o Mediador da nova aliança, e ao sangue da aspersão que fala coisas
superiores ao que fala o próprio Abel.
Além disso segundo a própria bíblia Deus foi quem pôs no coração do ser humano a idéia da
eternidade, de que a vida pode ser passageira, mas a eternidade não.
Eclesiastes 3:11 Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo; também pôs a eternidade no coração
do homem, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até ao fim.
Desde o começo da humanidade então, já existia essa idéia da transcendência da morte assim como
da busca por um Deus vivo que existe do outro lado.
Voltemos ao NT e aos ensinos de Jesus Cristo a respeito do outro lado da vida. Em Mateus 10:28
ele ensina “Não temais os que matam (apokteinw apokteino) o corpo (swma soma) e não podem
matar (apokteinw apokteino) a alma (quch psuche); temei, antes, aquele que pode fazer perecer
(apoollumi apollumi) no inferno (geenna geenna) tanto a alma (quch psuche) como o corpo (swma
soma).” E também em Lucas 12:4-5 “Digo-vos, pois, amigos meus: não temais os que matam
(apokteinw apokteino) o corpo (swma soma) e, depois disso, nada mais podem fazer. Eu, porém,
vos mostrarei a quem deveis temer: temei aquele que, depois de matar (apokteinw apokteino), tem
poder (exousia exousia) para lançar (emballw emballo) no inferno (geenna geenna). Sim, digo-vos,
a esse deveis temer.”
Pessoas podem matar o corpo (com vida própria), porém não podem matar a alma (e sua
vida), essas não precisam ser temidas
Devemos temer mais aquele que tem poder de destruir no inferno o corpo (e sua vida) e alma
(e sua vida) (destruir e não matar).

Pessoas podem matar o corpo (e sua vida), mas depois disso nada mais podem fazer (com o
quê?). Não temam.
Temei o que depois de matar, possui autoridade para lançar no inferno (o quê?). A este temei.

É muito importante a resolução a que se chega nessa questão pois ela irá influenciar definitivamente
sobre os rumos da interpretação bíblica e da teologia de cada pessoa que discorre sobre ela.

Por isso, partindo de uma simples conclusão de que a alma em si não existe podemos chegar a
doutrina do sono da alma onde na morte a pessoa realmente deixa de existir por um certo espaço de
tempo sendo trazida de volta a existência somente no Dia do Juízo Final, diante do trono branco de
Deus.

Assim, portanto a idéia de que almas vão para o céu e aguardam uma ressurreição seria na bíblia
apenas uma metáfora do que realmente acontece.

De fato, essa idéia de que almas aguardam no céu, me refiro ao segundo céu – O Paraíso, a
ressurreição de seus corpos para então, somente depois, poderem entrar realmente na presença de
Deus no terceiro céu, o trono de Deus, favorece mesmo a idéia católica de purgatório.

Seria mais fácil e lógico de aceitar se o processo se desse de maneira direta, morte, seguida da
ressurreição no Dia do Juízo para então dar um destino final ao corpo e a alma, quer seja no Novo
Céu e Nova Terra quer seja no Lago de fogo a segunda morte.

Lucas 23:43

Jesus (Ihsouv Iesous) lhe (autov autos) respondeu (epw epo):


Em verdade (amhn amen) te (soi soi) digo (legw lego) que hoje (shmeron semeron) estarás
(esomai esomai) comigo (meta meta) (emou emou) no (en en) paraíso (paradeisov paradeisos).
Para seguir por esse caminho teríamos que tomar o, hoje, de Jesus como algo simbólico o que seria
impossível hermenêuticamente. Visto o contexto em que se dá, de uma petição futura de um
pecador arrependido, a resposta de Jesus é, de solução imediata.

Mediante o que foi visto até aqui sobre a identificação da pessoa como formada em sua essência
pelo seu corpo e sendo este indivisível e indissociável da idéia de alma. Como alguém pode
permanecer sendo ela mesma sem seu corpo? E sendo assim, qual a necessidade de um novo corpo
quando da ressurreição? E até mesmo qual seria a necessidade de se criar um corpo? E os animais
eles vão para o céu ou para o inferno? (Ec 3:21). Se ao menos o que Jesus disse sobre o hoje
pudesse ser interpretado de uma outra maneira, essas perguntas seriam facilmente respondidas.

Mas não sendo isto possível temos que ver então essa separação de corpo e “alma” como uma
anomalia, algo que não deveria existir, mas que existe, pelo menos temporariamente, até a
restauração de todas as coisas. Só assim podemos entender onde a importância apregoada desde o
AT a respeito do corpo e até mesmo da ressurreição desse corpo se encaixam na teologia da
existência da vida após a morte desse mesmo corpo.

De fato o NT parece dar espaço para a idéia de um não abandono da importância do corpo mesmo
estando do outro lado da vida.

2 Co 5:1-10

1 Sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos da parte de Deus um
edifício, casa não feita por mãos, eterna, nos céus. 2 E, por isso, neste tabernáculo, gememos,
aspirando por sermos revestidos da nossa habitação celestial; 3 se, todavia, formos encontrados
vestidos e não nus. 4 Pois, na verdade, os que estamos neste tabernáculo gememos angustiados, não
por querermos ser despidos, mas revestidos, para que o mortal seja absorvido pela vida. 5 Ora, foi o
próprio Deus quem nos preparou para isto, outorgando-nos o penhor do Espírito. 6 Temos,
portanto, sempre bom ânimo, sabendo que, enquanto no corpo, estamos ausentes do Senhor; 7 visto
que andamos por fé e não pelo que vemos. 8 Entretanto, estamos em plena confiança, preferindo
deixar o corpo e habitar com o Senhor. 9 É por isso que também nos esforçamos, quer presentes,
quer ausentes, para lhe sermos agradáveis. 10 Porque importa que todos nós compareçamos perante
o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do
corpo.

2 Pedro 1:13 Também considero justo, enquanto estou neste tabernáculo, despertar-vos com essas
lembranças,
2 Pedro 1:14 certo de que estou prestes a deixar o meu tabernáculo, como efetivamente nosso
Senhor Jesus Cristo me revelou.

Como podemos ver nas palavras e sentimentos dos apóstolos Paulo e Pedro o corpo é uma
habitação temporária (tabernáculo) porém de essencial importância para a vida, assim que existe da
parte de Deus uma outra habitação a ser providenciada após a morte. A questão que muitos
levantam é de quando se haverá de cumprir esta palavra se só no dia do Juízo na ressurreição final
de todos para o Julgamento ou se antes, como por exemplo, na ressurreição da vinda de Cristo.
Considerando a vinda de Cristo como tradicionalmente se segue haveria o arrebatamento da Igreja
antes da tribulação assim, uma ressurreição antes do Juízo Final, onde já um novo corpo seria dado
aos que compõe a Igreja em todos os tempos.
Assim fugiríamos novamente da linha de pensamento do sono da alma. Porém isto não explica a
questão da separação radical entre alma e corpo. Pois como é possível estar no céu e reconhecer
conscientemente seus entes queridos se eles não tem uma face visto que não estão no corpo? E
também a parábola do rico e de lázaro mostram personagens que tem corpo pois, sem corpo como
podem gozar as delícias do paraíso ou sofrer na condenação do fogo do inferno?
Ou tudo isto não passa de um conjunto de símbolos que não sabemos interpretar ou no céu e no
inferno, ou seja, no estado intermediário, as almas possuem um corpo.
Paulo parece apontar para isso no texto citado de sua autoria, se não fosse o fato de que ele coloca
essa nova habitação providenciada por Deus já como definitiva, pois para que haja ressurreição do
antigo corpo esse corpo do céu ou inferno teria que ser provisório.
A teoria do sono da alma se encaixaria bem para resolver essas questões porém e o hoje de Jesus,
onde ficaria? Só se no paraíso não houvesse consciência, mas as palavras e testemunhos dos
apóstolos não apontam para isso.

2 Co 5:6
“Temos, portanto, sempre bom ânimo, sabendo que, enquanto no corpo, estamos ausentes do
Senhor;”

Filipenses 1:23 Ora, de um e outro lado, estou constrangido, tendo o desejo de partir e estar com
Cristo, o que é incomparavelmente melhor.
2 Co 12:1-4

1 Se é necessário que me glorie, ainda que não convém, passarei às visões e revelações do Senhor.
2 Conheço um homem em Cristo que, há catorze anos, foi arrebatado até ao terceiro céu (se no
corpo ou fora do corpo, não sei, Deus o sabe) 3 e sei que o tal homem (se no corpo ou fora do
corpo, não sei, Deus o sabe) 4 foi arrebatado ao paraíso e ouviu palavras inefáveis, as quais não é
lícito ao homem referir.

Ap 4:1-2

1 Depois destas coisas, olhei, e eis não somente uma porta aberta no céu, como também a primeira
voz que ouvi, como de trombeta ao falar comigo, dizendo: Sobe para aqui, e te mostrarei o que deve
acontecer depois destas coisas.
2 Imediatamente, eu me achei em espírito, e eis armado no céu um trono, e, no trono, alguém
sentado;

Ap 7:13-15

13 Um dos anciãos tomou a palavra, dizendo: Estes, que se vestem de vestiduras brancas, quem são
e donde vieram?
14 Respondi-lhe: meu Senhor, tu o sabes. Ele, então, me disse: São estes os que vêm da grande
tribulação, lavaram suas vestiduras e as alvejaram no sangue do Cordeiro,
15 razão por que se acham diante do trono de Deus e o servem de dia e de noite no seu santuário; e
aquele que se assenta no trono estenderá sobre eles o seu tabernáculo.

Os espíritas criaram uma resposta para isso através o períspirito que nada mais é do que um corpo
espiritual que habita dentro do corpo físico e que contém a essência da pessoa. Assim quando uma
pessoa morre sai a sua alma ou espírito, ambos se equivalem como já vimos, evolvida por um corpo
etéreo chamado de perispírito com o qual vão para o outro mundo.
Conscientemente ou inconscientemente é assim que muitos crentes imaginam que acontece no
processo da morte, talvez devido as imagens de filmes ou contos populares. O fato é que essa
linguagem antropomórfica foi utilizada na bíblia para descrever coisas que não poderiam ser
entendidas sem ela, por isso muitos ao tentar interpretar corretamente a bíblia tentam ver além dos
símbolos usuais. A interpretação literal da bíblia bate de frente com essas questões.

Tenho uma visão holística do ser humano, ou seja, ele existe como Deus o criou, enquanto
homem de barro que respira. Porém quando se trata da questão da morte que
necessáriamente exige uma separação não natural daquilo que Deus criou tenho uma visão
dicotomista, chamando aquilo que passa para o céu ou inferno de alma ou espírito, tanto faz
ao meu ver, pelo que conclui dos meus estudos na bíblia. Porém ainda vejo que sou
tricotomista quando tratando do psicológico do ser humano. Pois posso dividir a essência de
sua mente (essa mesma que vai para o céu) em duas partes, uma chamada de alma e outra
chamada de espírito. Posso ainda ser quadricotomista no caso de analizar um crente, pois
dentro dele mora o Espírito de Deus. Tudo depende então do ponto de vista de análise nesta
ordem apresentada.

HAMARTOLOGIA

O problema do mal, como diria Einstein, é que ele simplesmente não existe. O mal é a ausência do
bem, assim como as trevas são a ausência da luz, mas personificamos o mal para podermos entende-
lo visto que nos parece difícil analizarmos algo que não vemos.
Assim o pecado do homem, é não obedecer a Deus, tudo o que está em oposição a vontade de Deus
é pecado. Porém o pecado surgiu na vida do homem quando o mesmo parou de deixar transpassar
através de si mesmo a glória de Deus, a sua vontade. Achando que teria liberdade, porém a
liberdade como lhe foi proposta pelo diabo não existe e é uma ilusão pois não existe liberdade
perfeita sem limites. O único ilimitado é Deus, e mesmo que ele se auto limite de alguma forma que
não podemos entender, ainda assim não está totalmente preso aquelas regras. Me refiro a aquilo que
alguns afirmam que Deus não pode interferir nas leis da natureza.
Errar o alvo foi o que Adão fez quando ultrapassou o limite estabelecido por Deus ao comer do
fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Deus havia lhe orientado que poderia comer de
todas as demais árvores, exceto desta. Adão decepcionou saindo fora da perfeita imagem de filho de
Deus ao desobecer a vontade de seu Pai.
Adão assim como Satanás fez uma escolha errada, a da rebeldia as ordens de Deus e assim o ser
humano caiu na mesma condenação que o diabo e seus anjos seguidores. Deus não criou o mal, mas
sim seres com possibilidade de escolha. Esses seres sim deram origem ao mal.
O curso da natureza foi inflamado pelo pecado, ou seja, toda a criação ficou sujeita a vaidade e
assim o mundo se tornou um lugar cheio de espinhos. A vida se tornou cinza e sem esperança para
aqueles que não querem olhar para Deus, a sociedade corrompida corrompe o homem “as más
companhias corrompem os bons costumes”, a carne humana é fraca e assim cada um cai quando
tentado pelos seus próprios desejos vaidosos, não bastasse isso Satanás o adversário busca a quem
possa derrubar.
O ser humano é indesculpável diante de Deus, pois o que de Deus se pode conhecer
é por ele mesmo manifesto, através de todo o seu cuidado mandando a chuva e o sol sobre bons e
maus (Rm 1:20). Mas o homem não deu glória a Deus antes cultua a criatura ao invés do Criador,
trazendo sobre si a ira de Deus. Os cristãos eram filhos da ira mas agora são filhos da luz.
Os filhos da luz não são escravos do pecado (Rm 6:14) mas são libertos e são justificados no sangue
de Jesus, não podem viver pecando pois a semente de Deus o Espírito Santo não lhes permite (1 Jo
3:9), são de outra natureza, são filhos da luz e não das trevas.
SOTERIOLOGIA

Deus provou o seu amor, esse amor não foi só de palavras (Rm 5:8). O ato redentor de Deus para
com toda a humanidade se manifestou e se cumpriu na forma do sacrifício vicário do cordeiro, o
filho de Deus, esse sacrifício satisfez a necessidade de Justiça que a santidade de Deus exigia
trazendo assim um caminho para o homem ter novamente comunhão com o Pai e com seu filho (1
Jo 2:2). Essa comunhão está acessível a todos os homens basta aceitar o sacrifício do cordeiro (Cl
1:20-23).
Sendo essa obra redentora realizada pelo próprio Deus o ser humano não tem parte ativa nenhuma
em sua salvação, ele é salvo de graça (Ef 2:8-10), mas essa graça custou o sangue do cordeiro. Por
isso todo aquele que se arrepende dos seus pecados e retorna para o Pai aceita a Jesus como seu
Senhor e passa a servi-lo fielmente, não para escapar da condenação mas por gratidão por já estar
livre da condenação, pois agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo (Rm 8:1).
Assim o Espírito Santo nos ajuda na fraqueza não nos deixando escravos do pecado nos
santificando e nos transformando de glória em glória a imagem do filho de Deus (2 Co 3:18).
Resgatamos assim a plena imagem de Deus em nossos corações somos de novo tudo aquilo que
Deus desde o começo havia planejado para nós, isto é a redenção de todas as coisas. Começa no
sentido inverso da narrativa de Genesis. Primeiro é nascido um novo coração, ou seja, um novo
espírito, na ressurreição um novo corpo e por fim novos céus e uma nova terra. Assim Deus prova
que nínguem nem mesmo nossas escolhas erradas ou o diabo ou todo o pecado que o ser humano
cometeu poderia jamais frustrar os planos originais de Deus. Deus faz novas todas as coisas, e
restaura junto com seus escolhidos toda a criação que ficou sujeita a vaidade (Rm 8:20).
ECLESIOLOGIA

A palavra igreja, do grego significa assembleia o ajuntamento de pessoas, para Deus é um povo
escolhido que tem as mesmas características de Israel segundo a carne (Ex 19:3-6), sim a igreja é o
Israel de Deus (Gl 6:16), filho da livre e não da escrava (Gl 4:21-31), é formada por verdadeiros
judeus (Rm 2:28-29), circuncidados no coração, no espírito que cumprem a lei quando
simplesmente amam através do espírito (Rm 8:4), pois eles vivem é pela fé e não por vista. Ela é
raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo adquirido por Deus (1 Pe 2:9) e o reino de Deus está
entre nós todos aqueles que queremos que seja feita a vontade do Pai assim na terra como é feita
nos céus.
A igreja foi formada da raiz de Israel seus primeiros membros são israelitas assim como o messias
judeu Jesus (Rm 11:7-32), as profecias se cumprem sobre Israel, “firmarei naqueles dias uma nova
aliança, não como a que eles violaram, mas escreverei as minhas leis em seus corações” (Jr 31:31-
33) mas os gentios foram enxertados onde os judeus foram arrancados, embora dentro da igreja
sempre houve um remanescente fiel de Israel. A igreja assim na multiforme sabedoria de Deus dá
uma abertura para a inclusão todos os povos num reino universal de Deus, não limitado ao território
de Israel na palestina. Assim ela não é um parêntesis na história de Israel. No fim todo o Israel será
salvo e incluído na Igreja. A salvação não está na Igreja e sim no Senhor da Igreja.
Entretanto, além de a igreja ser a reunião de todos os que confessam Jesus Cristo, podemos entender
também que individualmente somos igreja de Cristo, representantes dEle que fazem a Sua vontade
(1Co 6:19). Se um crente é perseguido, a igreja está sendo perseguida, se um crente tem problemas
com os outros membros, é uma parte da igreja que está com problemas. Somos igreja sozinhos e
como povo de Deus.
Porem alguém fora da igreja está fora do corpo de Cristo e não pode nem sequer celebrar a ceia
visto que a ordenança da mesma é para uma reunião de pessoas para celebrar e anunciar a morte do
Senhor até a sua volta.
Para se fazer parte da igreja é necessário confessar a Jesus como Senhor e Salvador e segui-lo como
seu discípulo, passando pelo batismo celebrando a ceia e vivendo na comunhão dos irmãos. Caso
alguém num momento de fraqueza ou de má consciência aja diferente dos ensinamentos de Jesus de
amor e santidade é expulso do ceio da igreja, essa atitude não para a condenação, mas para que o
espírito seja salvo no dia do Senhor, é uma espécie de “gelo” para que o rebelde sinta vergonha e
retorne a sanidade (1 Co 5:11).
A igreja tem seus ministros e ministérios dados por Deus (1 Co 12:11), e só ele é que pode alterar o
que ele tem estabelecido, pois em cristo não existem melhores ou piores (Gl 3:28; Cl 3:11). Os
oficiais da igreja batista são os pastores e os diáconos.

ESCATOLOGIA

O fim de tudo há de chegar para todos seja pela morte no presente seja no fim do mundo no futuro.
Deus destruirá essa terra e criará um novo céu e uma nova terra onde habitam unicamente a justiça
(2 Pe 3:13) e extinguirá dos olhos toda lágrima. A morte não mais existirá e o leão terá paz com a
ovelha, juntos se alimentarão e se deitarão (Is 11:6-7; 65:17-25). Haverá harmonia e perfeita paz
como Deus planejou no principio e Deus mesmo estará conosco.
Mas para que tudo isso aconteça é necessário a volta do messias para por um fim a todas as coisas.
Esse mundo de iniqüidade precisa ser julgado e o maligno que o engana precisa ser revelado e
desmascarado e derrotado. Tudo isso acontecerá na volata do messias quando este vier buscar os
seus e dar início ao fim de tudo.
O arrebatamento de igreja livrará os salvos da condenação dos que não temem a Deus, porem creio
que antes disso haverá a perseguição da igreja nos tempos da apostasia assim que o evangelho for
pregado no mundo todo e for manifesto o homem do pecado que irá assim que a igreja for
arrebatada assumir o governo físico do mundo, pois o mundo jaz no maligno.

A Doutrina das últimas coisas trata não só do final universal da história da humanidade como
também do final individual da história da vida de cada ser humano. Nisto existe um cruzamento
com a vontade de Deus, pois ele é quem determina o destino final de tudo.
Vida no Período Intermediário
Já este tema trata do que acontece ao ser humano após a sua morte física neste mundo. Trata da
existência das almas ou espíritos dos seres humanos nos céus ou no inferno enquanto aguardam o
dia de seu reencontro com Deus para o Juízo Final.
OS MUNDOS Hebreus 11: 3
Apocalipse 20: 13 e 14
“O mar entregou os mortos que nele havia; e a morte e o hades entregaram os mortos que neles
havia; e foram julgados, cada um segundo as suas obras. E a morte e o hades foram lançados no
lago de fogo. Esta é a segunda morte, o lago de fogo.”
Apocalipse 1: 18
“e o que vivo; fui morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos, e tenho as chaves da
morte e do Hades.”
Salmo 104: 6, 42: 7 e Provérbios 8: 28, Jó 38: 16, 26: 5 – Dão a entender que Mar e Abismo têm
muita coisa em comum.
Salmo 139: 8, Provérbios 5: 5, Oseías 13: 14, Nm 23: 10, Jó 38: 17, Salmos 16: 10, 23: 4, 116: 3,
Isaías 25: 8, Romanos 5: 14, 6: 9, 1 Coríntios 15: 54, 2 Timóteo 1: 10, Lucas 23: 43, Provérbios 15:
24.
Nestes versículos a morte é apresentada como um estado, uma nova condição de existência e como
um lugar onde é possível esta condição. Um lugar de espera, descanso.
Sl 9: 17, Mat 11: 23, 18: 9, Lc 16: 23, 2 Pedro 2: 4, Prov 27: 20, Jó 26: 6 e 5 – Nestes versículos a
morte é apresentada como lugar de sofrimento e espera pelo Juízo Final de Deus; é chamada de
Inferno.

A Perseguição
É um momento difícil para a Igreja que se dará com o surgimento do homem do pecado porém
antes que ele assuma o governo do mundo todo por sete anos. (Mat 24: 9-14; 2 Ts 2: 3-12)
O Arrebatamento – A Parousia
A volta de Cristo é um dos temas que trata a Escatologia. Resumidamente falando, Jesus virá para
resgatar os seus. Sua vinda se dará no final dos tempos, de maneira inesperada e marcará a primeira
ressurreição e o arrebatamento dos santos. Na bíblia em vários textos é claramente citada a segunda
vinda de Cristo, mas não é dito quando será. Assim o crente deve estar preparado pregando o
evangelho que Jesus ordenou que pregasse, pois a vida eterna com Deus no novo céu e na nova
terra o aguardam. (Mat 24: 29-31; Ap 6:12-17)
A Grande Tribulação
É um período único na história da humanidade onde o reinado de terror de Satanás se estabelecerá
física e completamente por meio de um personagem ilustre o anticristo que reinará durante sete
anos sob intensa fustigação da humanidade a ele sujeita pelo Deus verdadeiro. (Apocalipse)
O Milênio
É o período em que se dará o reinado de Cristo fisicamente na terra, por mil anos. Nesse reinado os
crentes que ressuscitaram e foram arrebatados retornaram com Cristo para juntamente com ele
reinaram sobre a terra e sobre os seres humanos que ficaram, no final desses mil anos Satanás será
solto e novamente passará a enganar os seres humanos que pela última vez se rebelaram contra
Deus o qual destruirá o mundo com fogo do céu. (Ap 20:1-6)
Juízo Final
Após a destruição da terra e do que havia restado da humanidade após a grande tribulação (2 Pe 3:
10, 12; Ap 20:7-10). Deus exercerá o grande Julgamento final onde reunirá os mortos que estão no
inferno e no céu e julgará a todos, porém os crentes não serão condenados.(Ap 20:11)
Apocalipse 1: 18
“e o que vivo; fui morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos, e tenho as chaves da
morte e do Hades.”
Apocalipse 20:13 e 14
“O mar entregou os mortos que nele havia; e a morte e o hades entregaram os mortos que neles
havia; e foram julgados, cada um segundo as suas obras. E a morte e o hades foram lançados no
lago de fogo. Esta é a segunda morte, o lago de fogo.”
Novo Céu e Nova Terra
Deus criará novamente a terra e o céu numa grande reforma onde aparentemente os limites entre um
e outro serão rompidos e surgirá um mundo celestial onde Deus morará junto com os homens. (Ap
21)

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