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6ª Conferência sobre
Tecnologia de Equipamentos

NOVAS MÁQUINAS DE ENSAIOS NÃO DESTRUTIVOS DA

MWL BRASIL RODAS & EIXOS LTDA

Domingos José Minicucci


MWL BRASIL RODAS & EIXOS LTDA

Trabalho apresentado no XXI Congresso


Nacional de Ensaios Não Destrutivos,
Salvador, agosto, 2002
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SINOPSE

Mostrar tecnicamente o funcionamento das novas máquinas para ensaios não


destrutivos em rodas ferroviárias, uma para ensaio de ultra-som por imersão e outra
para ensaio de dureza. As máquinas são operadas via software com funções
estatísticas, eliminando a interferência do operador no ensaio.

A aquisição destas máquinas melhorou a precisão e confiabilidade dos ensaios de


ultra-som e dureza. No caso do ultra-som possibilitou a varredura automática de
100% da superfície das rodas e no caso da dureza eliminou o erro de leitura da
impressão da dureza nas rodas.

1. INTRODUÇÃO

As rodas ferroviárias constituem um item de segurança, para tanto por força de


norma devem ser inspecionadas por ultra som e partículas magnéticas (100% das
peças) e por dureza (no mínimo 10% das peças de cada corrida).

A Norma AAR M107 (usada no Brasil) da American Association Railroad,


especifica como estes ensaios devem ser realizados bem como os padrões e
freqüências de calibração do equipamentos envolvidos. Existem outras Normas de
fabricação de rodas ferroviárias que abordam a execução destes ensaios, tais como:
UIC (França), British Standard (Inglaterra), PR EN 13261 (União Européia – trens
de alta velocidade).

A MWL Brasil visando atender as especificações das normas ferroviárias e melhorar


a qualidade e confiabilidade de seus produtos, comprou em 2000 uma nova máquina
de ultra som automática por imersão da Krautkramer – Alemanha e uma nova
máquina para ensaio de dureza da Reicheiter – Áustria .

As novas máquinas (principalmente o ultra-som) atende os mais recentes requisitos


para ensaios em rodas de trens de alta velocidade, as quais necessitam de ultra-som
em todas as partes da roda e não somente no aro e pista como pela Norma AAR
M107.

Segundo AAR M107 o equipamento de ultra-som deve ser automático, com


cabeçotes operando entre 2 à 5 Mhz. A calibração deve ser feita com padrão feito do
pedaço de uma roda com furos de 1/8” de fundo plano na região do aro e pista da
roda.

A rejeição da peça implica na indicação de eco de defeito maior ou igual a 50% da


referência (equivalente a 1005 de um furo de 2mm), bem como perda do eco de
fundo.

Os padrões de ultra-som indicados pela AAR são os que seguem:

Os furos dos padrões são de 1/8” com fundo plano conforme especificação.

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Pela AAR M107 a medição de dureza deve ser feita em Brinell à 25 mm da linha de
tape (diâmetro da pista), e a área deve ser lixada para remover as partes
descarbonetadas, a carga usada é de 3000 Kg e o diâmetro da esfera de 10mm. O
desenho abaixo mostra como a medição de dureza é feita a 25 mm da linha de tape:

O objetivo deste trabalho é mostrar o funcionamento e recursos destas novas


máquinas bem como o aumento da confiabilidade dos ensaios não destrutivos neste
tipo de produto.

2. MÁQUINA DE ULTRA-SOM

MWL Brasil comprou da Krautkramer – Germany, uma nova máquina de ultra-som


por imersão, a qual demorou um ano para ser construída desde o projeto até a entrada
em funcionamento. A máquina foi desenvolvida especificamente para fazer ultra-
som em rodas ferroviárias conforme Norma AAR M 107, UIC e a prEN 13261
Européias. A máquina é a única no mundo capaz de fazer ultra-som no aro, pista de
rolamento, disco (alma) e cubo das rodas ao mesmo tempo.

Para facilitar o entendimento da terminologia referente às diversas partes da roda


ferroviária aplicada neste trabalho, estamos indicando-as no desenho abaixo:

Aro Disco Cubo Pista


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2.1 Características da máquina

A máquina possui três estações de trabalho:


- Estação de entrada
- Estação principal (onde é feito o ensaio)
- Estação de saída

Krautkramer

OUT LET MAIN IN LET

Fig 1. Vista geral da máquina

A carga e descarga da roda no equipamento são feitas automaticamente por pistões


pneumáticos, e a movimentação da roda dentro da máquina é feita parte por
gravidade e parte por dispositivos pneumáticos.

As principais características são:

• Detecção e indicação do defeito durante a revolução da roda na máquina.


• Inspeção da pista de rolamento no sentido radial e axial bem como ensaio do aro
e cubo das rodas.
• Monitoramento da atenuação do som.
• Identificação dos defeitos com tinta.
• Impressão dos resultados.
• Revela o resultado do ensaio em forma de gráfico na tela do computador

O ensaio é feito segundo método do pulso eco usando cabeçotes de um cristal (emite
e recebe) tendo a água como acoplante.

Os sinais recebidos pelos cabeçotes são processados e analisados pelo sistema VIS
da Krautkramer.

O sistema de ultra-som tem 12 cabeçotes que trabalham dentro de um tanque com


água, com a sensibilidade de detectar defeitos de até 1,6mm de reflexão de um furo
de fundo plano. A distribuição dos cabeçotes na máquina é:

Pista:
4 cabeçotes de imersão tipo ZSG 6 x 30
Freqüência: 5 MHz.
Tamanho do cristal: 6 x 30
Tipo do cristal: normal
Material do cristal: composite

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Comprimento do foco no aço: 180 mm


Coluna de água: 40 mm

Aro:
3 cabeçotes de imersão na parte externa do aro e
1 na parte interna tipo ZSG 6 x 30
Freqüência: 5 MHz
Tamanho do cristal: 6 x 30
Tipo do cristal: normal
Material do cristal: composite
Comprimento do foco no aço: 180 mm
Coluna de água: 40 mm

Atenuação do som:
1 cabeçote de imersão tipo Z4N
Freqüência: 4 MHz
Tamanho do cristal: Ø 20 mm
Tipo do Cristal: normal
Material do cristal: ceramics
Comprimento do foco no aço: 60 mm
Coluna de água: 40 mm

Cubo:
1 cabeçote que funciona com contato direto tipo SZ 6 x 27 ND.
Freqüência: cinco MHz
Tamanho do cristal: 6 x 27
Tipo do cristal: T/R (duplo cristal)
Material do cristal: ceramic
Comprimento do foco no aço: 10 mm
Coluna de água: 40 mm

Disco (alma):
2 cabeçotes de imersão um para o lado externo outro para o interno tipo ZSG 6 x 25.
Freqüência: cinco MHz
Tamanho do cristal: 6 x 25
Tipo do cristal: normal
Material do cristal: composite
Comprimento do foco no aço: 120 mm
Coluna de água: 40 mm

2.2 Operação da máquina

O ensaio das rodas é feito em ciclo automático, às rodas entram na máquina de ultra-
som por gravidade (plano inclinado) e são posicionadas na estação principal por um
fim de curso mecânico. Estando a roda posicionada um pistão pneumático entra
dentro do furo da roda suspendendo-a, neste mesmo instante o trilho que a sustentava
na estação principal é recuado fazendo com a roda seja mergulhada na cuba com

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água. Dentro da cuba a roda fica apoiada em dois rolos motorizados que fazem a
rotação da roda para o ensaio.

Durante a rotação a roda é ensaiada pelos cabeçotes de imersão que são controlados
automaticamente via software, de modo que quando um defeito é detectado um jato
de tinta é lançado na roda na direção do defeito, sendo que todos os resultados são
mostrados na tela e arquivados em CD após o término do ensaio.

Todos os movimentos mecânicos da máquina são controlados por um PLC. A roda é


rotacionada (2 voltas), sendo a primeira para umidificação e pré ajuste do sistema e a
segunda para o ensaio.

Depois de duas rotações o teste é completado com os seguintes resultados:

• Indicação visual em forma de gráficos


• Impressão de relatórios
• Visualização do gráfico de defeitos

Após o termino do ensaio a roda é removida da estação principal e transportada até a


estação de saída, quando uma nova roda é posicionada para ser ensaiada. O ciclo
completo demora 2 minutos.

Os sinais dos ecos da peça ensaiada são mostrados na tela do instrumento situado no
painel de comando. A evolução do ensaio é feita por meio de portões eletrônicos e
linha de limite ajustado para cada canal. O equipamento tem capacidade para operar
com até 12 cabeçotes sendo possível à seleção um a um.

Os dados eletrônicos referentes aos ensaios de cada roda são guardados em arquivos
correspondentes a cada roda ensaiada garantindo a rastreabilidade do produto.

A máquina é totalmente comandada por computador com ajustes digitais (via diálogo
com o operador) e equipada com sistema de ultra som de alta resolução.

2.3 Etapas para realização do ensaio

A roda é colocada na estação de entrada e transportada para estação principal por


cilindro pneumático.

IN LET
Fig. 2 Estação de entrada

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A roda é posicionada na estação principal e um cilindro pneumático entra dentro do


furo da roda.

Fig 3 Estação principal

A roda é levantada e o trilho na qual estava apoiada recua.

Fig 4 Roda pronta para entrar no tanque

A roda é colocada dentro do tanque com água e apoiada em dois rolos motorizados.
Nesta posição o ensaio de ultra som é feito após duas revoluções da roda, uma para
umidificação e pré ajuste e outra para leitura dos cabeçotes. Para segurança do ensaio
a leitura dos cabeçotes é feita em 370 graus (10 graus a mais de 360 para garantir a
superposição).

HUB
PROBE-1

WEB
PROBES - 2
SOUND ATTENUATION
PROBE-1
RIM
PROBES - 4

TREAD
PROBES - 4

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A roda é levantada, o trilho volta para posição original e o cilindro pneumático recua
de dentro do furo da roda ejetando-a para estação de saída.

Krautkramer

Fig 6 Ensaio terminado

Depois de cada ensaio a máquina mostra na tela e/ou imprime gráficos com o
resultado dos 12 cabeçotes. Os gráficos possuem as seguintes cores:

Verde: roda sem defeito acima da especificação (aprovada).


Cinza: roda ou parte da roda não foi testada.
Amarela: parte da roda tem defeito acima da especificação interna porém abaixo da
especificação do cliente.
Azul: a roda tem problema de atenuação de som.
Vermelho: a roda tem defeito acima do especificado (sucata).

Exemplos de gráficos são mostrados a seguir:

• Roda OK: todos os cabeçotes estão em verde.

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• Roda rejeitada: neste caso um ou mais cabeçotes estão em vermelho.

3. MÁQUINA DE DUREZA DIGITAL

A máquina de dureza digital foi comprada da para fazer ensaios em Brinell na linha
de inspeção final de rodas ferroviárias. Foi fabricada pela Reicheiter (Áustria) e a
parte eletrônica juntamente com o software foram desenvolvidas pela Mecapress
(Brasil). A máquina faz ensaios de dureza Brinell (carga de 3000 Kg) no aro da rodas
ferroviárias (região termicamente afetada pela têmpera).

3.1 Características

A máquina possui uma câmera digital que congela a imagem no momento da


impressão da dureza. Esta imagem é transportada via sofware para o computador que
analisa o tamanho da calota convertendo automaticamente em Brinell. O limite
superior e inferior da dureza a serem medidas são carregados na máquina que indica
quando a dureza esta fora ou dentro da faixa especificada por meio de cores (azul-
OK e vermelho- reprovado).

O software que equipa a máquina possibilita cálculos estatísticos de desvio padrão,


média, valor máximo e mínimo dentro de uma mesma corrida ou lote fabricado.

A tela mostrada no painel da máquina é a que segue:

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A tela da máquina possui os seguintes campos:

- Leitura da dureza em Brinell


- Diâmetro do penetrador
- Carga
- Nome do operador
- Cliente
- Tipo da roda
- Faixa de dureza (máximo / mínimo)
- Ordem de compra (número)
- Número de corrida
- Número de série da roda
- Cores para a tela

4. CONCLUSÃO

As novas máquinas de ultra som e dureza adquiridas pela MWL Brasil propiciaram
uma maior confiabilidade nos ensaios com elevado grau de automação, eliminando a
ocorrência de erros oriundas da interferência ou interpretação do operador da
máquina. Os novos equipamentos atendem as mais recentes e apertadas
especificações da área ferroviária em termos de ensaios não destrutivos, o que torna a
MWL Brasil mais competitiva no mercado externo e interno.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

- AAR M107 “American Association Railroad, Manual of Standards – Section


G”, Maio, 1998.
- Krautkramer – AG “Ultrasonic Test Machine - Operation Manual of Railroad
Wheels”, Stembro, 2000
- Mecapress – “Manual de Operação de Máquina de Dureza Reicheiter”,
Janeiro, 2001.

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