Port12 Ficha Testesumativo 4 Asd
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GRUPO I
Apresente as respostas de forma bem estruturada.
Texto A
Leia o texto.
1 Era já no dia seguinte que a telefonia deixaria de ouvir-se. Iam todos, de novo, recuar para muito
longe, lá para o fim do mundo, onde sempre tinham vivido. Foi a primeira noite em que os homens saíram
da venda mudos e taciturnos. Fora esperava-os o negrume fechado. E eles voltavam para a escuridão; iam
ser, outra vez, o rebanho que se levanta com o dia, lavra, cava a terra, ceifa e recolhe vergado pelo cansaço
5 e pela noite. Mais nada que o abandono e a solidão. A esperança de melhor vida para todos que a voz
poderosa do homem desconhecido levava até à aldeia apagava-se nessa noite para não mais se ouvir.
Dentro da venda, o Batola está tão desalentado como os ceifeiros. O mês passou de tal modo veloz que se
esqueceu de preparar a mulher. Sobe ao balcão, desliga o fio e arruma o aparelho. Um pouco dobrado
sobre as pernas arqueadas, com o chapeirão a encher-lhe a cara de sombra, observa magoadamente a
10 preciosa caixa. Assim está, quando um pressentimento o obriga a voltar a cabeça; junto da porta que dá
para os fundos da casa, a mulher olha-o com um ar submisso. «Que terá acontecido?» pensa o Batola,
admirado de a ver ainda levantada àquela hora.
− António − murmura ela, adiantando-se até ao meio da venda − Eu queria pedir-te uma coisa…
Suspenso, o homem aguarda. Então, ela desabafa, inclinando o rosto ossudo, onde os olhos negros
15 brilham com uma quase expressão de ternura:
− Olha… Se tu quisesses, a gente ficava com o aparelho. Sempre é uma companhia neste deserto.
Manuel da Fonseca, «Sempre é uma companhia», in O Fogo e as Cinzas, Lisboa,
Editorial Caminho, 2011.
1. «Iam todos, de novo, recuar para muito longe, lá para o fim do mundo, onde sempre tinham vivido.» [ll. 1-2)
Esta citação faz referência a dois tempos – um passado recente, ainda que longo, e o futuro próximo. Explique o que há de
comum entre estes dois tempos.
3. Batola fica admirado, expectante, ao ver a mulher na venda àquela hora tardia. Tendo em conta o que conhece das
personagens, interprete esta reação do Batola.
1
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Texto B
Leia o texto.
1
Inês – Oh que nova tão suave! Lianor – Filha, não tomeis tristura,
desatado é o nó. 20 Que a morte a todos gasta.
s’ eu por ele ponho dó, O que havedes de fazer?
o diabo me arrebente! Casade-vos, filha minha.
5 Pera mim era valente, Inês – Jesu! Jesu! Tão asinha!
e matou-o um mouro só! Isso me haveis de dizer?
Guardar de cavaleirão, 25 Quem perdeu um tal marido,
barbudo, repetenado, Tão discreto e tão sabido,
que em figura de avisado E tão amigo de minha vida?
10 é malino e sotrancão. Lianor – Dai isso por esquecido,
Agora quero tomar E buscai outra guarida.
pera boa vida gozar, 30 Pêro Marques tem, que herdou,
um muito manso marido. Fazenda de mil cruzados.
não no quero já sabido, Mas vós quereis avisados...
15 pois tão caro há de custar. Inês – Não! já esse tempo passou.
Sobre quantos mestres são
35 Experiência dá lição.
Vem Lianor Vaz, e ela finge-se muito anojada:
Lianor – Pois tendes esse saber
Lianor – Como estais, Inês Pereira? Querei ora a quem vos quer
Inês – Muito triste, Lianor Vaz. […] Dai ò demo a opinião.
5. Lianor Vaz acredita na sinceridade de Inês? Apresente a sua opinião, devidamente justificada.
GRUPO II
Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta.
Escreva, na folha de respostas, o número do item e da letra que identifica a opção escolhida.
Leia o texto.
A televisão
1 Historicamente a televisão a sério, comercial e competitiva, nasce empoleirada na rádio, usando os
seus processos de organização interna e o seu capital para se implantar e popularizar. As networks1 de
televisão americanas, CBS, ABC e NBC 2, todas surgidas nos anos 50, tornaram-se em poucos anos o
principal meio para os anunciantes e nenhuma outra tecnologia até então se impusera tão depressa. Em dez
5 anos, a televisão chegava a mais de 35 milhões de lares, quando o telefone precisara de oitenta anos e o
automóvel de cinquenta.
10 Durante décadas a televisão reinou sozinha, apesar de uma certa má reputação que foi ganhando,
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pouco fazendo para contrariar a ideia de ser um meio de massas, obcecada com as audiências. […] Todos
adoramos ler, ver teatro, admirar pintura mas ninguém que queira impressionar o próximo admite ser um
espectador frequente de televisão, pelo menos daquela a que chamamos linear e que, ouve-se, poderá
morrer em breve, vítima da tecnologia do digital.
Não é difícil ver ou prever que as novas gerações estão a ver menos televisão generalista nos
televisores. Não tanto pela qualidade (ou falta dela) dos programas, mas porque olhar fixamente para um
televisor, seja na sala seja no quarto, é menos confortável do que andar com um dispositivo (computador,
tablet, telemóvel) atrás. E porque os jovens são mais ou menos alérgicos à companhia dos adultos e
preferem descobrir o mundo por si próprios. Ou porque, com a produção maciça de conteúdo premium3,
há sempre uma «série nova de que toda a gente fala para ver» […]
Um estudo da ERC4 acerca das «Novas Dinâmicas do Consumo Audiovisual em Portugal», de 2016,
revela que «deixar de ver televisão» é a atividade que os inquiridos mais dificuldade teriam em fazer
(65,5%). «Deixar de navegar na internet» posiciona-se em segundo lugar (26,7%). Outro dado, 99% dos
inquiridos afirmam ver televisão de uma forma regular e apenas 6,9% usam o VOD 5. Finalmente, 60,8%
ligam o televisor assim que chegam a casa.
Queiramos ou não, o fluxo da televisão, ou seja, o encadeamento dos programas, funciona em milhões
de lares em todo o mundo e é impossível negar que a dinâmica familiar e social é ritmada e facilitada pela
televisão. Muita gente janta a ver o telejornal. A família vê a novela ou aquele programa de domingo à
noite em conjunto. Os amigos combinam ver a final da taça com cerveja e amendoins. Discute-se televisão
nas redes sociais e no dia seguinte no escritório ou na escola. As pessoas, acreditem, até os anúncios veem
porque nem toda a vida passa no tablet.
Pedro Boucherie Mendes, Expresso, 31.12.2016.
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1. rede (de televisão); 2. estações de televisão americanas; 3. de grande procura; 4. entidade reguladora de comunicação; 5. vídeo on demand.
1. Nos anos 50, as networks de televisão americanas tornaram-se o principal veículo publicitário porque
(A) atingiam as elites de todo o mundo.
(B) divulgavam os anúncios de forma rápida e gratuita.
(C) era a tecnologia de difusão mais apelativa para a comunicação com as massas.
(D) se impuseram tão rapidamente como a rádio.
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4. As novas gerações estão a ver menos televisão generalista nos televisores
(A) porque preferem conteúdos de que os pais não gostam.
(B) porque os dispositivos móveis dão maior autonomia e permitem um acesso mais rápido aos conteúdos selecionados.
(C) porque as séries que estão na moda só passam na televisão por cabo.
(D) para não ter de estar sentados ou deitados à mesma hora no mesmo sítio.
6. Classifique o processo de formação das seguintes palavras: networks (l. 2), CBS, ABC e NBC (l. 3), tablet (l. 15), ERC (l. 18),
internet (l. 20), navegar (l. 20), VOD (l. 21).
8. Identifique a função sintática da expressão sublinhada nesta transcrição – «nenhuma outra tecnologia até então se impusera
tão depressa».
10. «Finalmente, 60,8% ligam o televisor assim que chegam a casa.» (ll. 21-22)
Divida e classifique as orações desta frase.
GRUPO III
A televisão é um meio audiovisual que, gostemos ou não, invade a esmagadora maioria das nossas casas.
Considerando a relação, próxima ou distante, que mantém com ela, reflita sobre o papel que tem tido na sua vida a televisão ao
longo dos anos, organize as suas ideias e elabore um texto de opinião, com um mínimo de 200 e um máximo de 300 palavras,
subordinado ao tema
OBSERVAÇÕES:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta
integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente dos
algarismos que o constituam (ex.: /2015/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – entre 200 e 300 palavras –, há que atender ao seguinte: – um desvio
dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto produzido; – um texto com extensão
inferior a 80 palavras é classificado com zero pontos.
FIM
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SOLUÇÕES
GRUPO I gosta de homens «avisados» o que, em princípio exclui o lavrador.
Mas Inês, esquece o fingimento e sugere que aprendeu a lição.
Agora os seus sonhos são outros.
A
1. Um e outro tempo têm de comum a vivência quotidiana das
personagens. Todos iriam, qual rebanho, voltar à sua rotina de GRUPO II
lavrar, cavar, ceifar e regressar a suas casas vergados «pelo 1. (C)
cansaço e pela noite». Fora sempre assim, voltaria agora a sê-lo.
2. (C) 5
2. Durante um mês, estas personagens tiveram oportunidade de
conviver, de ouvir notícias, programas diversos, música, enfim, 3. (D)
tiveram a possibilidade de fazer parte do mundo. Tiveram a 4. (B)
oportunidade de não sentir o abandono e isolamento a que 5. (B)
estavam votados, graças à telefonia da venda do Batola. Mas a 6. networks (l. 2), tablet (l. 12), internet (l. 17) são empréstimos,
voz do homem que os ligava ao mundo ia calar-se, porque o tempo navegar (l. 16) é uma extensão semântica, VOD (l. 18), CBS, ABC
de empréstimo da telefonia, um mês, esgotara-se nessa noite. E e NBC (l. 2) são siglas, ERC (l. 15) um acrónimo
assim, nada mais havia a dizer – os homens saíam da venda 7. No campo lexical de «comunicação».
«mudos e taciturnos». O tempo de convívio, de distração, de
8. Modificador verbal.
comunicabilidade acabara. Ficara com eles o vazio, o abandono, a
solidão. 9. «Todos adoramos ler» – sujeito nulo subentendido; «ouve-se» –
sujeito nulo indeterminado.
3. A mulher do Batola foi sempre apresentada como uma
personagem trabalhadora, dinâmica, impositiva e mesmo dura. A 10. «Finalmente, 60,8% ligam o televisor» – oração subordinante;
inatividade do marido e a sua sonolência alcoólica permanente «assim que chegam a casa.» – oração subordinada adverbial
levavam não só à incomunicabilidade entre os dois, mas também temporal.
ao domínio da mulher no negócio da venda. Batola tinha
consciência disso, sentia-se humilhado, mas não tinha capacidade
de reverter a situação. Um dia foi-lhes proposto que ficassem com
uma telefonia. O Batola aceitou, mas a mulher suspendeu o
negócio e a telefonia acabou por ficar, mas apenas por um mês e à
condição.
Por isso o Batola, na véspera da entrega da telefonia, fica
surpreendido ao ver a mulher, porque supunha que ela já estaria a
dormir, como era habitual àquela hora. Mas mais surpreendido
ficou ainda com o ar dela, a sua expressão. A mulher altiva,
distante, dura que ele tão bem conhecia, mostrava agora um ar
submisso que o deixou em suspenso, na expectativa do que se iria 5
passar. Terá ficado decerto perplexo quando a ouviu, quase com
ternura, dizer que gostaria de ficar com a telefonia, se ele não se
importasse. Ele, Batola, que nunca fora tido em conta nos
negócios familiares.
B
1. Inês finge um imenso sofrimento pela morte do marido, o
Escudeiro, com que sempre sonhara casar. Casada com um
escudeiro, um homem cortês e educado, teria uma vida mais livre
e divertida e um estatuto social diferente. Ao contrário dos seus
sonhos, o Escudeiro seu marido revelou-se um tirano que fez da
vida dela um inferno. Porque finge então Inês, perante Lianor Vaz,
uma mágoa que não sente? A alcoviteira propusera-lhe, em
tempos, que casasse com Pêro Marques, um lavrador abastado,
mas ignorante e rude. Inês rejeitara com veemência essa proposta
de casamento e ridicularizara o pretendente. Agora não quer que
Lianor se ria dela, ou mesmo lhe mostre o óbvio: o seu casamento
idílico fora um fracasso.
2. Aparentemente Lianor Vaz não acredita no sofrimento de Inês.
Se acreditasse, não lhe proporia tão cedo que casasse com Pêro
Marques, sujeitando-se assim a nova recusa. Aliás, faz-lhe a
proposta com ironia, insinuando que lamentavelmente Inês só
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