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Mini-Curso Herbicidas Parte-1 PDF

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Herbicidas:

Conceitos e Mecanismos de Ação

Profa. Dra. Naiara Guerra


Ementa
• Introdução ao uso de herbicidas
• Classificações
- Quanto a seletividade
- Quanto a época de aplicação
- Quanto a translocação
- Quanto ao mecanismo de ação

Inibidores de ALS Inibidores de Protox


Inibidores de EPSPs Inibidores da Biossíntese de Carotenóides
Inibidores da GS Mimetizadores de Auxinas (auxinas sintéticas)
Inibidores de ACCase Inibidores da formação de ácidos graxos de cadeia longa
Inibidores do Fotossistema I Inibidores da Polimerização de Tubulina
Inibidores do Fotossistema II
Herbicidas

São agentes biológicos ou substâncias químicas capazes


de matar ou suprimir o crescimento de espécies
específicas de plantas.
Dados sobre os herbicidas
Consumo de agrotóxicos - Brasil
Mercado de herbicidas por atividade agrícola
Produção x Consumo
Custo para desenvolvimento de nova
molécula
•US$ 200 -300 milhões

• Brasil
- Novo: US$ 40-50 milhões
- Formulação - US$ 60 mil
- Extensão de uso - US$ 30 mil
Para que pode ser usado?
• Controle de plantas daninhas (herbicidas)

• Controle de vegetação de cobertura (dessecação pré-


semeadura)

• Desfolhar culturas - dessecação pré-colheita (desfolhantes)

• Uniformizar a maturação da cultura (maturadores)


Aspectos positivos
• Previne a interferência precoce
• Controle efetivo nas linhas de semeadura
• Flexibilidade quanto a época de aplicação – áreas
extensas
• Redução do tráfego de máquinas
• Rendimento operacional elevado
• Menor necessidade de mão de obra
Limitações
• Toxicidade para homens e animais
• Necessidade de equipamentos adequados de aplicação
e proteção, além de operador treinado
• Resíduos para plantas cultivadas em sucessão –
“carryover”
• Resíduos nas plantas utilizadas para a alimentação,
tornando-as imprópria para o consumo
• Problemas ambientais – 2,4-D –Paraná
Limitações
• Resistência

• Danos a cultura

• Eficiência depende de fatores externos


Aspectos a considerar na escolha do
herbicida
• Registro do herbicida para uso na cultura
• Eficiência sobre a infestação predominante da área
• Estádio de desenvolvimento das plantas daninhas
• Estimar período necessário de controle
• Custo por unidade de área
• Disponibilidade para aquisição no mercado
• Menor toxicidade ao homem e ao ambiente
• Efeito residual para culturas em rotação “carryover”
• Menor potencial de contaminação ambiental (deriva,
lixiviação, runoff)
• Adequação do equipamento disponível para aplicação
• Maior flexibilidade quanto à época de aplicação
• Adequação ao sistema de plantio adotado na
propriedade (direto/convencional)
• Potencial de seleção de biótipos de plantas daninhas
resistentes aos herbicidas
Formas de classificação
• Quanto a seletividade
• Quanto a época de aplicação
• Quanto a translocação
• Quanto ao mecanismo de ação
Nomenclatura
Quanto a seletividade
• Herbicidas seletivos – são tolerados pela cultura em
determinada situação

- Seletividade genuína: sob determinadas condições os


herbicidas são tolerados pela cultura (seletividade biológica
ou fisiológica)
- É relativa, pois depende do estádio de desenvolvimento
das plantas, das condições climáticas, do tipo de solo, da
dose aplicada, etc.

Ex. 2,4-D (cana), atrazina (milho), imazethapyr (soja)


TESTEMUNHA 2,4-D (1,0 L ha-1)

2,4-D (4,5 L ha-1) 2,4-D (9,0 L ha-1)

DMA 806
Oliveira Neto, 2007
- Seletividade adquirida: seletivos por transgenia,
inserção de um gene que garante a tolerância a
determinado herbicida

Ex.
Glyphosate (soja, milho, algodão - Roundup Ready - RR)
Glufosinate (milho, soja, trigo, algodão - Liberty Link – LL)
Imazepyr + Imazapic (Onduty) (soja - Soyvance)
Imazapic + Imazethapyr (Only) (arroz irrigado - Clearfield)
• Herbicidas não seletivos

- Apresentam amplo espectro de ação, capazes de matar ou


causar injúrias à maior parte das plantas quando aplicados
na dose recomendada

- Ex.: glyphosate, paraquat, diquat, glufosinate


• Seletividade por posição
- Seletivos por não entrarem em contato com as plantas
- Espaço físico separa os tecidos sensíveis da planta e
doses tóxicas do herbicida

• Jato dirigido (POS): herbicidas não seletivos aplicados na


entrelinha da cultura (paraquat, glyphosate)

• Toponômica (PRE): pedimenthalin no solo para o milho (o


herbicida é aplicado no solo e não incorporado, dessa
forma não entra em contato com as sementes do milho)
Jato dirigido
Christofoletti, 2015
Seletividade toponômica
Quanto a época de aplicação
• Pré-Plantio Incorporado (PPI)
- Herbicidas que são aplicados ao solo e posteriormente precisam
de incorporação mecânica ou por meio de irrigação
- Mecanismo de ação requer contato entre herbicida e plântulas
antes ou durante a emergência
- Baixa solubilidade em água
- Fotodegradação
- Volatilidade (Elevada pressão de vapor)
- Ex: trifluralin (Premerlin)
• Pré-emergência (PRÉ)

- Aplicação realizada após a semeadura e antes da


emergência da cultura e das plantas daninhas

- Algodão – pré das plantas daninhas e pós da cultura

- Eficácia depende de disponibilidade de água no solo

- Imazaquin (Scepter), Diclosulan (Spider), alachlor, diuron


• Pós-emergência (PÓS)

- As plantas daninhas encontram-se emergidas, mas a


cultura nem sempre
- Ex. Dessecação antes da semeadura
- Absorção foliar do herbicida
- Requer que a cultura seja tolerante ao herbicida
- Aplicação em fases precoces
3 – 4 folhas – dicotiledôneas
Antes ou até o perfilhamento - gramíneas
• 3-4 folhas – dicotiledôneas

B. pilosa I. grandifolia Conyza spp.


• Antes ou até o perfilhamento - gramíneas

B. decumbens Eleusine indica D. insularis


Quanto a translocação

• Herbicidas com ação de contato


- Não se transloca ou se transloca de forma muito limitada
- Só causa danos nas partes que entraram em contato direto
com os tecidos da planta
- Necessitam de boa cobertura
- Efeito rápido, podendo se manifestar em questão de horas
Ação de contato

Ex. Paraquat (Gramoxone), Lactofen (Cobra), Fomesafen (Flex),


Bentazon (Basagran)
• Herbicidas com ação sistêmica

- Após absorvidos são capazes de translocar para o local


de ação

- Translocação via xilema, floema ou ambos

- Efeito mais demorado

- Controle de plantas perenes e que se multiplicam


assexuadamente
Ação de Sistêmica

Ex. 2,4-D, glyphosate, clethodin (Select), etc


- Simplasto - células vivas (Floema) – Folhas PÓS
- Apoplasto – células mortas (Xilema) - Solo PRÉ
- Aposimplasto (Xilema e Floema) - Folhas PÓS
Quanto ao mecanismo de ação
• Modo de ação: Conjunto de eventos metabólicos que
resultam na expressão final do herbicida sobre as
plantas, incluindo os sintomas visíveis (engloba o
mecanismo de ação) – ABSORÇÃO - MORTE

• Mecanismo de ação: Primeiro evento metabólico


(bioquímica) (sítio de ação) das plantas onde o herbicida
atua
Modo de ação do glyphosate
• Inibidores de ALS
Inibem a síntese de
• Inibidores de EPSPs aminoácidos
• Inibidores da GS
• Inibidores de ACCase
• Inibidores do Fotossistema I
• Inibidores do Fotossistema II
• Inibidores de Protox
• Inibidores da Biossíntese de Carotenóides
Fora do cloroplasto
• Mimetizadores de Auxinas (auxinas sintéticas)

• Inibidores da formação de ácidos graxos de cadeia


longa

• Inibidores da Polimerização de Tubulina


Características Gerais
• Atuam semelhante ao AIA (reguladores de crescimento) - Controlam a
divisão e crescimento celular

• Herbicida mais antigo (2,4-D)

• Recomendado para o controle de FOLHAS LARGAS - anuais ou


perenes

• Seletivo para gramíneas em geral

• Doses muito baixas podem ocasionar sintomas (Deriva)


• Usado nas culturas do arroz, milho, trigo, pastagens e cana-
de-açúcar
• Quando associado ao glyphosate é utilizado na dessecação
pré-semeadura
• Possuem atividade no solo dependendo da formulação
(picloram, aminocyclopyrachlor – ainda não possui registro no
Brasil)
• Não deve ser associados com inibidores da ACCase, pois
podem neutralizar os graminicidas
• ABSORÇÃO: Folhas, ramos e raízes

• TRANSLOCAÇÃO: Ascendente (xilema) e descendente


(floema), atingindo inclusive as raízes e demais estruturas de
espécies perenes

• Acumulam se nos meristemas, afetando o crescimento das


plantas
Modo de ação
Acidificação da Aumento da atividade de
parede celular enzimas responsáveis pelo
afrouxamento celular

Epinastia (crescimento Elongação celular


desordenado) e esgotamento de
reservas
Estímulo à produção de RNA e
DNA

Divisão e alongamento celular


acelerado e desordenado Síntese de auxina e
giberelina
Sintomas

Maciel, 2002
SOJA

Clorose Epinastia generalizada

Intervalo de segurança entre a aplicação do 2,4-D e a semeadura da soja de 7 dias


FEIJÃO

Clorose

Epinastia nas folhas novas e


abortamento das vagens
MANDIOCA - AIPIM

Necrose Epinastia nas folhas novas


Epinastia nas folhas e caule

MAMONA
Vídeo 2,4-D
Seletividade
Gramíneas
• Penetração muito baixa
• Translocação pelo floema é limitada, devido a presença de
nós e meristemas intercalares.
• Metabolização e exudação via sistema radicular

Arroz e trigo – após perfilhamento e antes do emborrachamento


Milho – Deve apresentar no máximo 4 folhas (V4)
TESTEMUNHA 2,4-D (1,0 L ha-1)

2,4-D (4,5 L ha-1) 2,4-D (9,0 L ha-1)

DMA 806

Oliveira Neto, 2007


Controle de Plantas Daninhas Perenes
Herbicida Cultura recomendada

2,4-D Trigo, Aveia, Milho


Cana-de-açúcar
(DMA 806 BR Arroz
Aminamar, etc) Pastagens
Dessecação pré semeadura da soja
Dicamba Áreas não agrícolas e trigo

Picloram Pastagem
(Padron)
Quinclorac Arroz irrigado (0,75 kg ha-1)
(Facet)
Picloran + 2,4-D Pastagem
(Tordon, Arena, Dontor, etc...)
Fluroxypir + Picloran Pastagem
(Plenum)
Características Gerais
• São também conhecidos como inibidores da síntese de
Hill
• Controle de MUITAS FOLHAS LARGAS E ALGUMAS
GRAMÍNEAS
• Amplo espectro de ação, sendo usado em diversas
culturas

•Aplicados em pré ou pós-emergência inicial


•ABSORÇÃO: Raízes (todas) e folhas (maioria das moléculas)

•TRANSLOCAÇÃO: Basicamente VIA XILEMA, tendem a


mover-se junto ao fluxo de água, acumulando-se nas bordas
das folhas, onde os sintomas são visualizados primeiramente.

• Aplicações em pós necessitam de adjuvantes para melhor


cobertura
Modo de ação
Inibição da fotossíntese

Ligação dos herbicidas

Sítio de ligação da Qb na proteína D1 do FSII


(localizado na membrana do tilacóide do cloroplasto

Bloqueio do transporte de elétrons


da Qa para Qb

Fixação de CO2; produção de ATP e NADPH2


Inibidor do FSII

Roman et al. (2007)


Inibidor do FSII

Roman et al. (2007)


Fase fotoquímica

Clorofila triplet

Interrupção do fluxo de elétrons da Qa para a Qb


Visualização dos sítios de ligação de alguns herbicidas inibidores
do FS II ao complexo protéico QB nas membranas dos tilacóides
dos cloroplastos
Radicais livres lipídicos
Oxigênio singlet
Sintomas
• Clorose internerval e das bordas das folhas, que
progridem para necrose generalizada

• Sintomas inicialmente observados nas bordas das


folhas e em folhas mais velhas

• Sintomas desenvolvem-se rapidamente e necessitam de


luz para se desenvolver
Amicarbazone (Dinamic)

Oliveira Neto, 2007


Atrazina
Atividade no solo
• Bentazon (Basagran): não possui atividade no solo (não
sistêmico – Contato)

• Atrazina e metribuzin (Sencor): podem ser absorvidos


pelas raízes e proporcionar controle residual em algumas
planta
Seletividade
• Dentro deste mecanismo de ação existem moléculas seletivas e
não seletivas

• Diuron (Volcano, Karmex): não seletivos


• Atrazina: seletivo para o milho
• Metribuzin (Sencor): seletivo para a soja

• Diuron em algodão: seletividade toponômica, por ser pouco


móvel no perfil do solo não atinge o sistema radicular da cultura,
desta forma não é absorvido.
Fatores que afetam a seletividade
• Localização no solo (seletividade por posição)
• Aplicação dirigida
• Absorção diferencial por raízes e folhas
• Translocação diferencial das raízes para as folhas
• Sorção em sítios inativos na planta
• Dentro de uma mesma variedade, sementes maiores tem
maior tolerância
TESTEMUNHA Atrazina (3,0 Lha-1)

Metabolização do
atrazine absorvido,
transformando em
compostos não tóxicos,
devido as enzimas
benzoxazinonas
Atrazina (6,0 L ha-1) Atrazina (12,0 L ha-1)

ATRAZINA 500SC
Oliveira Neto, 2007
Herbicida Cultura recomendada
Propanil Arroz
Bentazon (Basagran) Feijão, soja
Atrazina (Primóleo, Posmil, etc) Milho, sorgo, cana-de-açúcar

Ametrina (Gesaprim) Cana-de-açúcar , milho, café, mandioca

Prometrine (Gesagard) Algodão, alho, cebola, cenoura

Hexazinona (Broker, Style) Cana-de-açúcar

Metribuzin (Sencor) Cana-de-açúcar, café, mandioca, trigo, soja

Amicarbazone (Dinamic) Cana-de-açúcar

Diuron (Cention, Karmex) Algodão, mandioca, batata


Tebuthiuron (Combine, Lava) Cana-de-açúcar
Principais misturas formuladas

Herbicida Cultura recomendada


Ametrina + clomazone (Sinerge) Cana-de-açúcar, algodão e Mandioca
Ametrina +trifloxysulfuron (Krismat) Cana-de-açúcar
Diuron + hexazinona Cana-de-açúcar
(Velpar, Advance)

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