Texto: Leide Freitas

Ilustrações: Débora Cavalcante

 Texto: Leide Freitas
Ilustrações: Débora Cavalcante

Fortaleza ● Ceará ● 2018

Copyright © 2018 Leide Freitas
Copyright © 2018 Débora Cavalcante

Governador Coordenador de Cooperação

Camilo Sobreira de Santana com os Municípios (COPEM)
Vice-Governadora Márcio Pereira de Brito
Maria Izolda Cela de Arruda Coelho
Orientadora da Célula de Apoio à Gestão Municipal
Secretário da Educação Gilgleane Silva do Carmo
Rogers Vasconcelos Mendes
Orientador da Célula
Secretária-Executiva da Educação de Fortalecimento da Aprendizagem
Rita de Cássia Tavares Colares Idelson de Almeida Paiva Júnior

Coordenação Editorial, Conselho Editorial

Preparação de Originais e Revisão Maria Fabiana Skeff de Paula Miranda
Raymundo Netto Sammya Santos Araújo
Antônio Élder Monteiro de Sales
Projeto e Coordenação Gráfica
Sandra Maria Silva Leite
Daniel Dias
Antônia Varele da Silva Gama
Revisão Final
Catalogação e Normalização
Marta Maria Braide Lima
Gabriela Alves Gomes

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

F862d Freitas, Leide.

O diário de Sabrina / Leide Freitas; ilustrações de Débora Cavalcante. - For-
taleza: SEDUC, 2018.
32p.; il.
ISBN 978-85-8171-198-0
1. Literatura infanto-juvenil. I. Cavalcante, Débora. II. Título.
CDU 028.5

Aos meus pais Ezequiel Lima Freitas e Francisca

SEDUC - Secretaria da Educação do Estado do Ceará Rodrigues de Freitas, que se esforçaram em demasia
Av. Gen. Afonso Albuquerque Lima, s/n - Cambeba - Fortaleza - Ceará | CEP: 60.822-325
(Todos os Direitos Reservados) para que eu pudesse ter a chance de estudar.
 Primeiro dia: sobre meu nome
Não vou começar com o velho e repetitivo “querido
diário” e todas essas baboseiras porque eu sou diferente.
Gosto de falar é das coisas que entendo e o que não
entendo, eu procuro entender. Pergunto aos meus pais,
às professoras e até mesmo para as coleguinhas, assim
eu posso saber o que eles pensam e comparar com o
que eu penso e, assim, vou aprendendo.
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 Mas o que eu sei? Essa é a questão. Será que eu sei
de alguma coisa?
Oi, gente, eu me chamo Sabrina. Ops! Não é
verdade. Eu não me chamo. Como eu poderia me
chamar, não é mesmo? Os outros é que me chamam.
O papai, a mamãe, meus amiguinhos da escola e
da minha rua, enfim, todo mundo que me conhece.
Então, meu nome é Sabrina, como já expliquei antes.
Tenho 8 anos. Sei ler, escrever e pensar. Sim, tenho os
meus pensamentinhos. Ou você acha que só porque
sou criança, sou uma bobinha? Não sou boba, não! Segundo dia: sobre papai e mamãe
Eu escuto uma coisinha aqui, outra coisinha ali e vou Ah! Que cabeça a minha... Já comecei a divagar,
aprendendo alguma coisa e pensando no que aprendi. como diz a minha professora quando estou distraída
Se você reparar, todo o dia a gente aprende alguma e não presto atenção à aula. É claro que toda criança
coisa. É só prestar atenção. tem um pai e uma mãe. Tem crianças que têm duas
mães, outras têm dois pais, isso depende do “modelo de
família”, como explicou a minha professora.
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 Onde eu estava? Ah, lembrei! Eu queria mesmo
era contar que o nome do meu pai é Paulo Santos. Ele
trabalha como operário em uma fábrica de calçados.
O nome da minha mãe é Mariana, mas todo mundo a
chama de Mariana costureira. Se ela pintasse, talvez
fosse chamada Mariana pintora. Mas a minha mãe
é costureira e também vendedora. Sim, ela tem duas
profissões. Mamãe costura em nossa casa mesmo.
Geralmente, para as vizinhas, mas também vende
roupas que já compra prontas.

Não tenho irmãos como a maioria das outras

crianças, mas não fico triste, porque tenho sempre
outras crianças para brincar comigo. As minhas
coleguinhas, aqui mesmo da rua, ou os meus primos
quando vêm visitar a gente.

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 Terceiro dia: vida simples
A nossa vida é bem simples. Todos os dias o meu
pai acorda cedo para trabalhar e, enquanto ele escova
os dentes e veste a farda, a minha mãe se levanta, faz
o café que ele toma acompanhado de pão e manteiga.
A gente diz manteiga, mas na verdade é margarina. Eu
sei porque li no potinho. Então, se é margarina por que
todo mundo chama de manteiga? Acho que é o costume
do povo, você não acha? O que você sabe sobre isso?
Eu confesso que não sei muito.

De manhã, tenho a maior preguiça de me levantar

para ir à escola, mas a minha mãe explicou: estudar
é muito importante para que possamos crescer
inteligentes e encontrar uma profissão útil para as
outras pessoas. Então eu tenho que ir para a escola, pois
quero crescer bonita e inteligente. Sim, a “bonita” é por
minha conta, mas quem não quer ser bonita? Eu me
acho bem bonita. Todas as crianças são bonitas, você
não acha?
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 Quarto dia: voltando ao assunto do acordar
Nossa, mudei de assunto de novo. Voltando ao
assunto do acordar... Quando eu acordo, não consigo me
levantar logo, primeiro eu abro os olhos bem devagar,
depois preciso esticar bem os meus braços e as pernas.
Eu sou morena, tenho cabelos lisos, pretos e
Fico me espreguiçando um bom tempo como os gatinhos
compridos, quase na cintura, como os cabelos da minha
que mamãe cria, por isso, às vezes a mamãe me chama de
avó Ana. A diferença é que os cabelos da minha avó
“minha gatinha”. E, então, a mamãe diz: “Sabrina, corra,
têm mais fios brancos do que pretos e os meus são
menina, senão vamos chegar atrasadas!”
apenas pretos. Mesmo assim, acho que seus cabelos
são lindos. Foi por isso que pedi a mamãe para deixar
meus cabelos crescerem.Meus olhos são pretos e bem
redondos. A minha mãe diz que puxei ao meu pai.
Vocês entendem esta história de “puxar a alguém”?
Quer dizer “parecer com alguém”. Ainda bem que pareço
com meu pai, porque meu pai é muito bonito, então,
se eu pareço com ele, isso quer dizer que também sou
bonita. Legal, não é? E você, parece mais com seu pai
ou com sua mãe? Você tem avó? Eu tenho a sorte de ter
duas e são as melhores vovós que existem.
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 Nessa hora, de um pulo corro para o banheiro, tomo
um banho bem ligeiro, pego minha mochila e saio correndo
para a cozinha a fim de tomar meu cafezinho.
Bem, o café da manhã lá em casa é muito simples,
pois não somos ricos. A maioria das vezes tem café, pão ou
biscoitos e margarina. Às vezes tem ovo frito ou um pedaço
de queijo que a mamãe esquenta na frigideira. Depois
do café, a minha mãe vai me deixar na porta da escola.
Quando as aulas terminam vai me buscar. Ela me diz: “Você
ainda não pode andar sozinha. Pode ser perigoso.”
Quinto dia: mãe sabe tudo e mãe faz tudo
Sabe por que penso que mãe sabe tudo? Porque
ela sempre sabe quando a gente está com fome e,
quando ficamos doentes, ela também sabe qual o
melhor remédio. Sabe quando a gente está triste ou com
raiva. Sabe até quando a gente briga na escola, mesmo
quando não contamos para ela. Eu não entendo. Como
ela sabe tudo isso? Será que só de olhar, ela descobre
tudo? Mãe parece que é um pouco mágica.

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 A minha mãe é muito bonita. Mas acho que todos
os filhos acham suas mães bonitas. Se não acham,
deveriam achar, pois, afinal, não existe ninguém como
a mãe da gente. A mãe é mãe e pronto.
As mães fazem tudo. Não sei como conseguem.
Muitas delas vão ao mercado fazer as compras, fazem os
pagamentos de água e luz, compram as roupas que usamos,
lavam nossas roupas, cozinham e muitas outras coisas. E
Sexto dia: mãe ensina muitas coisas
ainda encontram tempo de ir às reuniões na escola.
A minha mãe sempre ensina coisas bem legais,
mesmo quando, às vezes, não presto muita atenção.
Gosto muito de estudar, de brincar, de dormir e de
comer, principalmente, coisas bem gostosas como bolo
mole, sorvete de manga, geleias, doces e chocolates.
Afinal, existe alguém que não goste de chocolate?
Se existe, eu não conheço. Este ano, a mamãe não
comprou “Ovo de Páscoa” para mim, disse que
estava muito caro. Por isso ela comprou uma caixa
de chocolates muito gostosos, que têm a forma de
chocolates mesmo, e não de ovo...
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 A minha mãe sempre me diz que devemos viver de por mais que trabalhe nunca ganhará o suficiente para
acordo com o dinheiro que a gente ganha. Não devemos pagar. Você conhece alguma frase parecida com essa?
comprar demais, para não ficar devendo e depois E seus pais costumam conversar com você sobre essas
termos problemas para pagar. Ela diz que é muito coisas? Eu tenho muita sorte porque qualquer coisa
importante pagar as nossas contas. que eu quero saber, meus pais me explicam e assim eu
Outro dia, mamãe me explicou que algumas vou aprendendo. Gosto muito de ouvir os meus pais e
pessoas compram coisas muito caras para mostrar que entender tudo que eles me dizem.
são ricos ou que podem. Na verdade, nem são ricos
e nem podem. Compram com cartões de crédito e
ficam devendo. “Essas pessoas deveriam ter vergonha
desse exibicionismo”. Ela me explicou que esse tal
exibicionismo é isso: querer mostrar para as outras
pessoas que podem ter aquelas coisas que outros não
podem. Pior ainda, quando nem elas poderiam, mas
compram mesmo assim, apenas para se exibirem.
Alguns desses ficam “endividados até a alma”. Você
já ouviu falar de alguém que ficou endividado até a
alma? O que você entende disso? Pelo que entendi,
significa dizer que a pessoa deve tanto, mas tanto, que,
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 Sétimo dia: sobre aulas, celular e tablet
Eu tenho duas professoras legais. A professora
Lúcia, que dá aulas de português e matemática, e a
Fátima, que dá aulas das outras matérias.
Na sala, eu gosto de sentar na frente para prestar
mais atenção e também para ouvir melhor. Na minha
classe temos muitos alunos e, às vezes, o barulho é
enorme.
Eu gosto de prestar bem muita atenção para que
quando estiver em casa, não precisar morrer de estudar,
pois já aprendi muito em sala. Assim, em casa, faço as
tarefas, pratico, reviso e posso fazer as coisas que gosto,
como ler livros, brincar, ouvir música... e sempre tiro
boas notas.
Uma coisa que está atrapalhando o estudo das
crianças é o celular e a internet. Muitos coleguinhas
levam celular ou tablet para a escola e não param de
usar a internet neles. Assim, nem prestam atenção
nas aulas, nem dão atenção aos colegas, não fazem
amizades durante o recreio.
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 As professoras reclamam, mas os pais é que
deixam...
Todos os meus amigos e amigas moram pertinho
da minha casa. Quando não brincamos na escola,
brincamos aqui em casa mesmo ou na pracinha. A
minha mãe senta em um dos bancos, quando estou
lá, e, juntamente com outras mães ou vizinhas, ficam
conversando. Eu aproveito para brincar de amarelinha,
de boneca, de bola ou de outras brincadeiras.

Mas eu sei que algumas crianças preferem passar

o dia sozinhas, com seus joguinhos digitais. Algumas,
de tão viciadas, jogam a noite inteira, enquanto os pais
dormem, e de manhã, na hora da aula, dormem nas
carteiras.
Você é assim também ou prefere brincar e fazer
amigos de verdade?

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 Oitavo dia: os pais e a lição de casa
O meu pai, quando chega do trabalho, toma banho
e depois que troca de roupa sempre me pergunta como
foi meu dia na escola. Pede para ver as minhas lições
e para assinar a agenda escolar. E quando eu, mesmo
com a ajuda da mamãe, não consigo resolver algum
exercício, ele se senta comigo e tenta resolvê-lo.

Eu tenho muita sorte, pois meus pais sempre me

ajudam com as lições da escola. Às vezes, me pergunto
com meus pensamentinhos: “Será que todos os pais são
assim?”Se não são, seria bom que fossem. Tenho certeza
que assim os seus filhos e filhas aprenderiam mais,
teriam mais ânimo de estudar e de aprender. Os filhos
precisam muito do estímulo de seus pais.
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 Nono dia: passeios e diversões em família
Durante a semana, adoro ir à escola, mas quando
chega o fim de semana, acho melhor ainda, porque
meus pais sempre pensam em alguma coisa para
fazermos juntos.
Tem domingo que vamos à praia. Então, o dia é
bem divertido. Tomamos banho de mar. Papai e mamãe
comem camarão. Eles gostam, mas eu não. Acho
camarão parecido com lombriga, mesmo quando nunca
vi nenhuma de perto.

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 Gosto mais de comer peixe com baião de dois e
macaxeira frita. Depois do almoço, ainda ganho picolé!
Outras vezes, em vez de praia, nós vamos ao sítio
de meus avós. Lá é ainda melhor, pois encontro com
meus primos e podemos brincar.
Minha mãe e minhas tias levam a gente para tomar
banho no açude, mas só na parte rasa, e ainda assim
é divertido. Meu pai e meus tios jogam bola em um
campinho que tem perto de casa, depois fazem aquele
churrasco gostoso de carne de porco, que adoro. Depois,
podemos dormir nas redes armadas no alpendre, ouvir
histórias ou ficar ali apenas balançando e curtindo a vida.

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 Ouvir música, ler livros, assistir a filmes, tudo isso
é muito bom quando se tem uma família. E o que é
família? É o lugar onde a gente vive com quem nos
ama. Na verdade, ali, todo mundo ama todo mundo,
pai, mãe, avós, tios, primos, irmãos, por isso é o lugar
mais legal para se estar.
E como é a sua família? Conta para mim!

Mesmo quando não vamos à praia, ao sítio ou ao

cinema, ficamos em casa, o que pode ser também muito
divertido.
Tanto eu quanto meu pai gostamos de montar
quebra-cabeças. Aliás, meus pais têm vários jogos de
tabuleiro e de cartas e me ensinam a jogar com eles.

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Leide Freitas
Crianças, meu nome é Leide Freitas. Como
vocês, eu já fui criança um dia. Nasci na
cidade de Capistrano, Ceará, mas me criei no
povoado de Riacho do Padre, localizada na
zona rural de Aracoiaba. Gostode sorvetes,
pipocas, chocolates. E não gosto de violência
e brigas nas escolas.

Débora Cavalcante
Sempre gostei de desenhar temas infantis.
Quando pequena, na escola, as colegas me
pediam para fazer isso, e eu, com prazer
atendia. Hoje, me divirto trabalhando,
criando bichinhos de pelúcia, desenhando
quadros para decorar quartos de crianças e
lembrancinhas para aniversários. Para mim,
ilustrar livros é uma alegria sem fim.
Apoio

Realização

O Governo do Estado do Ceará desenvolve, com os seus 184 municípios, o

Programa de Aprendizagem na Idade Certa - MAIS PAIC, com o compro-
misso de garantir e elevar a qualidade e os resultados da educação de suas
crianças e seus jovens.
Publicada pela Secretaria da Educação do Estado, através do MAIS PAIC, a
Coleção Paic, Prosa e Poesia, rica em identidade cultural, reúne narrativas
de autores do Ceará que tiveram seus textos selecionados por meio de se-
leção pública. Esse acervo constitui um estímulo a mais para se ler e contar
histórias em sala de aula, garantindo, assim, um letramento competente.