Blocos de Fundação PDF
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BLOCOS DE FUNDAÇÃO
Bauru/SP
Maio/2017
APRESENTAÇÃO
1. DEFINIÇÃO ............................................................................................................................ 1
2. COMPORTAMENTO ESTRUTURAL DOS BLOCOS RÍGIDOS .................................. 1
3. MODELOS DE CÁLCULO ................................................................................................... 2
4. MÉTODO DAS BIELAS ........................................................................................................ 2
5. BLOCO SOBRE UMA ESTACA .......................................................................................... 3
6. BLOCO SOBRE DUAS ESTACAS ...................................................................................... 4
6.1 Altura Útil ............................................................................................................................. 5
6.2 Verificação das Bielas .......................................................................................................... 6
6.3 Armadura Principal .............................................................................................................. 7
6.4 Armaduras Complementares (Superior e de Pele) ............................................................... 7
6.5 Ancoragem da Armadura Principal e Comprimento do Bloco............................................. 8
7. BLOCO SOBRE TRÊS ESTACAS ..................................................................................... 10
7.1 Altura Útil ........................................................................................................................... 11
7.2 Verificação das Bielas ........................................................................................................ 12
7.3 Armadura Principal ............................................................................................................ 13
7.3.1 Armaduras Paralelas aos Lados (sobre as estacas) e Malha Ortogonal. .................... 13
7.3.2 Armaduras na Direção das Medianas e Paralelas aos Lados (Armadura de
Cintamento) ........................................................................................................................... 15
7.4 Armadura Superior e de Pele .............................................................................................. 16
8. BLOCO SOBRE QUATRO ESTACAS .............................................................................. 17
8.1 Altura Útil ........................................................................................................................... 18
8.2 Verificação das Bielas ........................................................................................................ 18
8.3 Armadura Principal ............................................................................................................ 19
8.3.1 Na Direção das Diagonais .......................................................................................... 19
8.3.2 Na Direção das Diagonais e Paralela aos Lados ........................................................ 20
8.3.3 Paralela aos Lados e em Malha .................................................................................. 21
8.4 Armaduras Complementares .............................................................................................. 21
9. BLOCO SOBRE CINCO ESTACAS .................................................................................. 22
9.1 Bloco com uma Estaca no Centro (Bloco Quadrado)......................................................... 22
9.1.1 Altura Útil .................................................................................................................. 22
9.1.2 Verificação das Bielas ................................................................................................ 23
9.1.3 Armadura Principal .................................................................................................... 23
9.2 Pilares Muito Retangulares................................................................................................. 23
9.3 Bloco em Forma de Pentágono ........................................................................................... 24
9.3.1 Altura Útil .................................................................................................................. 25
9.3.2 Verificação das Bielas ................................................................................................ 26
9.3.3 Armadura Principal .................................................................................................... 26
9.3.4 Armaduras Complementares ...................................................................................... 27
10. BLOCO SOBRE SEIS ESTACAS ....................................................................................... 27
10.1 Bloco em Forma de Pentágono ........................................................................................ 27
10.1.1 Altura Útil............................................................................................................... 28
10.1.2 Verificação das Bielas ............................................................................................ 28
10.1.3 Armadura Principal ................................................................................................ 28
10.2 Bloco em Forma de Hexágono ........................................................................................ 29
10.2.1 Altura Útil............................................................................................................... 29
10.2.2 Verificação das Bielas ............................................................................................ 30
10.2.3 Armadura Principal ................................................................................................ 30
11. BLOCO SOBRE SETE ESTACAS ..................................................................................... 32
12. MÉTODO DO CEB-70 ......................................................................................................... 32
12.1 Momentos Fletores .......................................................................................................... 33
12.2 Armadura Principal .......................................................................................................... 33
12.3 Forças Cortantes .............................................................................................................. 34
12.4 Força Cortante Limite ...................................................................................................... 35
12.5 Resistência Local à Força Cortante ................................................................................. 35
12.6 Armadura Principal em Bloco Sobre Três Estacas .......................................................... 36
13. PILARES SUBMETIDOS À CARGA VERTICAL E MOMENTOS FLETORES ....... 37
14. EXEMPLOS NUMÉRICOS ................................................................................................ 40
14.1 Exemplo 1 - Bloco Sobre Duas Estacas .......................................................................... 40
14.2 Exemplo 2 - Bloco Sobre Três Fustes de Tubulão .......................................................... 45
14.3 Exemplo 3 - Bloco Sobre Quatro Estacas........................................................................ 52
15. EXERCÍCIOS PROPOSTOS .............................................................................................. 55
16. FUNDAÇÃO EM TUBULÃO .............................................................................................. 57
16.1 Tubulão a Céu Aberto ...................................................................................................... 57
16.2 Armadura Longitudinal do Fuste – Carga Centrada ........................................................ 60
16.3 Armadura Transversal ..................................................................................................... 61
16.4 Bloco de Transição .......................................................................................................... 63
16.5 Roteiro para Cálculo de Blocos de Transição.................................................................. 65
17. BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................... 68
2133 – Estruturas de Concreto III – Blocos de Fundação 1
1. DEFINIÇÃO
Conforme a NBR 61181, item 22.7: “Blocos são estruturas de volume usadas para
transmitir às estacas e aos tubulões as cargas de fundação, podendo ser considerados rígidos ou
flexíveis por critério análogo ao definido para sapatas.
Os blocos sobre estacas podem ser para 1, 2, 3... e teoricamente para n estacas,
dependendo principalmente da capacidade da estaca e das características do solo. Blocos sobre
uma ou duas estacas são mais comuns em construções de pequeno porte, como residências térreas
e de dois pavimentos (sobrado), galpões, etc., onde a carga vertical proveniente do pilar é
geralmente de baixa intensidade. Nos edifícios de vários pavimentos, como as cargas podem ser
altas (ou muito altas), a quantidade de estacas é geralmente superior a duas. Há também o caso de
bloco assente sobre um tubulão2, quando o bloco atua como elemento de transição de carga entre
o pilar e o fuste do tubulão (Figura 1).
PILAR
BLOCO
ESTACA
TUBULÃO
a) b)
Figura 1 - Bloco sobre: a) estacas; b) tubulão.
Conforme a NBR 6118 (item 22.2.7.1), o comportamento estrutural dos blocos rígidos é
caracterizado por:
a) “trabalho à flexão nas duas direções, mas com trações essencialmente concentradas nas linhas
sobre as estacas (reticulado definido pelo eixo das estacas, com faixas de largura igual a 1,2 vez
seu diâmetro);
b) forças transmitidas do pilar para as estacas essencialmente por bielas de compressão, de
forma e dimensões complexas;
c) trabalho ao cisalhamento também em duas direções, não apresentando ruínas por tração
diagonal, e sim por compressão das bielas, analogamente às sapatas.”
A Figura 2 mostra as duas bielas de compressão inclinadas atuantes nos blocos sobre duas
estacas.
A NBR 6118 também apresenta o bloco flexível: “Para esse tipo de bloco deve ser
realizada uma análise mais completa, desde a distribuição dos esforços nas estacas, dos tirantes
de tração, até a necessidade da verificação da punção.”
1
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Projeto de estruturas de concreto – Procedimento. NBR 6118,
ABNT, 2014, 238p.
2
Há também a possibilidade do bloco apoiar-se sobre fustes de tubulão sem base alargada, como apresentado no Exemplo 2 do
item 14.
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2133 – Estruturas de Concreto III – Blocos de Fundação 2
3. MODELOS DE CÁLCULO
A NBR 6118 descreve (item 22.7.3) que “Para cálculo e dimensionamento dos blocos, são
aceitos modelos tridimensionais lineares ou não lineares e modelos biela-tirante
tridimensionais.” E que na “região de contato entre o pilar e o bloco, os efeitos de fendilhamento
devem ser considerados, conforme requerido em 21.2, permitindo-se a adoção de um modelo de
bielas e tirantes para a determinação das armaduras. No modelo de bielas e tirantes, a biela é a
representação do concreto comprimido e o tirante das armaduras tracionadas.
E sempre que houver forças horizontais significativas ou forte assimetria, o modelo deve
contemplar a interação solo-estrutura.”
No Brasil, os modelos de cálculo mais utilizados para o dimensionamento dos blocos sobre
estacas são o “Método das Bielas” (Blévot, de 1967), o método do CEB-70 e nos últimos anos
modelos tridimensionais de bielas e tirantes. Os métodos, das Bielas e do CEB-70, devem ser
aplicados apenas nos blocos rígidos. No caso de blocos flexíveis, são aplicados métodos clássicos
aplicáveis às vigas ou às lajes.
O Método das Bielas admite como modelo resistente, no interior do bloco, uma “treliça
espacial”, para blocos sobre várias estacas, ou plana, para blocos sobre duas estacas. As forças
atuantes nas barras comprimidas da treliça são resistidas pelo concreto e as forças atuantes nas
barras tracionadas são resistidas pelas barras de aço (armadura). A principal incógnita é
determinar as dimensões das bielas comprimidas, resolvida com as propostas de Blévot (1967).
O Método das Bielas é recomendado quando:
a) o carregamento é quase centrado, comum em edifícios. O método pode ser empregado para
carregamento não centrado, admitindo-se que todas as estacas estão com a maior carga, o que
tende a tornar o dimensionamento antieconômico;
b) todas as estacas devem estar igualmente espaçadas do centro do pilar.
No caso de pilares com dimensões próximas à dimensão da estaca, o bloco atua como em
um elemento de transferência de carga, necessário por razões construtivas, para a locação correta
dos pilares, chumbadores, correção de pequenas excentricidades da estaca, uniformização da
carga sobre a estaca, etc. (Figura 3).
São colocados estribos horizontais fechados para o esforço de fendilhamento e estribos
verticais construtivos.
ap
P ap
2 4
A
d = 1,0 a 1,2 Øe
d
2
AS
T
B
P d
2 2
3 a 5 cm
5 a 10 cm
10 a 15 cm
Øe
estribos
verticais
estribo
vertical
AS (estribos
horizontais)
Øe
Figura 3 – Bloco sobre uma estaca: esquema de forças e detalhes das armaduras.
1 e - a p 1
T P P
4 e 4
Geralmente, por simplicidade, adotam-se para os estribos verticais, nas duas direções do
bloco, áreas iguais à armadura principal As (estribos horizontais).
Para edifícios de pavimentos, onde a carga sobre o bloco não é baixa, a dimensão A do
bloco pode ser tomada como: A = e + 2 ∙ 10 cm, ou 15 cm ao invés de 10 cm (Figura 3),
dependendo da carga vertical, diâmetro e capacidade da estaca, etc. Sendo a estaca circular o
bloco resulta quadrado em planta, com B = A.
Para construções de pequeno porte, com cargas baixas sobre o bloco (casas, sobrados,
galpões, etc.): A = e + 2 ∙ 5 cm. Exemplo: pilarete de sobrado, e = 20 cm, resulta o bloco 30 x
30 cm de dimensões em planta (Figura 4). Neste caso, o pilarete sobre o bloco deve ter dimensão
máxima ≤ 25 cm. Para pilaretes com dimensões maiores, deve-se aumentar as dimensões do
bloco. A altura d do bloco pode ser estimada entre e e 1,2e , como indicado na Figura 3. Para o
exemplo resulta: 1,2e = 1,2 . 20 = 24 cm, e h = 24 + 5 = 29 cm, podendo adotar h = 30 cm.
25
30
5 20 5
30
30
30
Figura 4 – Dimensões mínimas (em cm) sugeridas para bloco sobre uma estaca circular
(e = 20 cm) com cargas baixas em construção de pequeno porte.
A Figura 5 mostra o bloco sobre duas estacas, com a biela de concreto comprimido e o
esquema de forças atuantes.
3
A descrição de blocos de fundação, segundo o Método das Bielas, toma como base o texto de MACHADO (Edifícios de
Concreto Armado - Fundações. São Paulo, FDTE/EPUSP, 1985).
ap
biela N N
2 2
comprimida
d
h
d'
Øe Øe
e
ap ap
4 4
N N
2 2
d
Rc c
N Rs Rs N
2 2
e e
2 2
Rs
Figura 6 – Polígono de forças no bloco
sobre duas estacas.
N (2e a p )
Rs (força de tração na armadura principal, As)
8 d
N
N
sen 2 Rc
Rc 2 sen
As bielas comprimidas de concreto não apresentam risco de ruptura por punção, desde que
40° 55°, onde pode ser calculado por:
d
tg
e ap
2 4
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a a
0,419 e p d 0,714 e p
2 2
ap ap
d mín 0,5 e ; d máx 0,71 e
2 2
A NBR 6118 (22.7.4.1.4) prescreve que o “bloco deve ter altura suficiente para permitir a
ancoragem da armadura de arranque dos pilares. Nessa ancoragem pode-se considerar o efeito
favorável da compressão transversal às barras decorrente da flexão do bloco (ver Seção 9).”4
Desse modo, a armadura longitudinal vertical do pilar ficará ancorada dentro do bloco se:
A altura h do bloco é:
5 cm
h = d + d’ com d' a est
5
onde: aest = lado de uma estaca de seção quadrada, com mesma área da estaca de seção circular:
π
a est e
2
A seção ou área (Figura 7) das bielas varia ao longo da altura do bloco e, por isso, são
verificadas as seções junto ao pilar e junto às estacas.
Ap /2
biela
comprimida Ap /2
Ab
Ab
Ab
Ab
Ae
Ae
Figura 7 – Área da biela (Ab) de concreto comprimido, na base do pilar e no topo da estaca.
4
Arranque é uma armadura inserida dentro do bloco, e que fica de “espera” para posteriormente ter nela emendada, geralmente por
transpasse, a armadura principal do primeiro lance do pilar, de modo a proporcionar a ligação entre o bloco e o pilar.
Opcionalmente a armadura do pilar pode ser inserida no bloco, diretamente, sem emenda com armadura de arranque, o que é mais
econômico.
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2133 – Estruturas de Concreto III – Blocos de Fundação 7
Ab Ap
No pilar: sen Ab sen
Ap / 2 2
Ab
Na estaca: sen Ab = Ae sen α
Ae
- no pilar:
Nd Nd
σ cd,b, pil
Ap A p sen 2
2sen sen
2
- na estaca:
Nd Nd
σ cd,b,est
2sen A e sen 2A e sen 2
Para evitar o esmagamento do concreto, as tensões atuantes devem ser menores que as
tensões resistentes (máximas ou últimas). Blévot considerou:
Como Blévot verificou que, nos ensaios, a força medida na armadura principal foi 15 %
superior à indicada pelo cálculo teórico, considera-se Rs acrescida de 15 %:
1,15N (2e a p )
Rs
8 d
R sd 1,15N d
As (2e a p )
sd 8d f yd
A NBR 6118 (22.7.4.1.5) especifica o seguinte sobre armaduras laterais (de pele) e
superior: “Em blocos com duas ou mais estacas em uma única linha, é obrigatória a colocação de
As,sup = 0,2 As
A sp A
sw 0,075B (cm 2 /m)
s mín,face s mín,face
d
s 3 , e também s ≥ 8 cm (recomendação prática)
20 cm
15 cm
- sobre as estacas: s
0,5a est 0,5 e
2
A NBR 6118 (22.7.4.1.1)8 especifica para os blocos rígidos que a armadura de flexão
“deve ser disposta essencialmente (mais de 85 %) nas faixas definidas pelas estacas,
considerando o equilíbrio com as respectivas bielas. As barras devem se estender de face a face
do bloco e terminar em gancho nas duas extremidades. Deve ser garantida a ancoragem das
armaduras de cada uma dessas faixas, sobre as estacas, medida a partir das faces internas das
5
Excetuando o bloco sobre duas estacas, blocos sobre uma única linha de estacas são raros. Eventualmente podem ser necessários
blocos sobre três ou mais estacas em linha, mas não são comuns. De modo que, a rigor, esta prescrição da norma não se aplica a
blocos sobre três ou mais estacas que não estejam em uma única linha. Na frase seguinte a norma mostra a conveniência de colocar
armaduras complementares nos blocos de maneira geral, entre elas a superior, mas não define o que é um bloco de grande volume.
Pode-se em tese dizer que é aquele sujeito a uma maior possibilidade de ocorrência de fissuras, principalmente por efeito da
retração e do calor do concreto gerado na hidratação do cimento.
6
Esta prescrição da NBR 6118 deve ser aplicada a todos os blocos, independentemente do número de estacas.
7
A norma não recomenda um valor para a armadura. Alguns autores recomendam esse valor.
8
A NBR 6118 também apresenta informações no caso de estacas tracionadas.
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2133 – Estruturas de Concreto III – Blocos de Fundação 9
estacas. Pode ser considerado o efeito favorável da compressão transversal às barras, decorrente
da compressão das bielas (ver Seção 9).”9
A ancoragem da armadura positiva do bloco deve ter no mínimo o comprimento de
ancoragem básico (b), iniciada a partir da face interna da estaca próxima à extremidade do bloco,
como indicado na Figura 9. O gancho vertical pode ser considerado de modo a possibilitar a
redução do comprimento de ancoragem, bem como o acréscimo de armadura em relação à
calculada. Portanto, conforme o comprimento de ancoragem necessário:10
As, calc
b, nec b
As,ef
A distância da face externa da estaca à borda extrema do bloco deve ser suficiente para
garantir a ancoragem da armadura, de modo que o comprimento do bloco sobre duas estacas pode
ser estimado como:
Lb Lb
As
9
Essas especificações da norma devem ser tomadas para os blocos rígidos de modo geral, independentemente do número de
estacas.
10
BASTOS, P.S.S. Ancoragem e emenda de armaduras. Disciplina 2123 – Estruturas de Concreto II. Bauru/SP, Departamento
Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia - Universidade Estadual Paulista (UNESP), maio/2015, 40p. Disponível em:
http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_concreto2.htm
15 cm
N1
8,5 aest 20 cm
Asw Asw
Asp
15 Øe 15
15cm e 15cm
Øe Øe B
2 2
As (arm. principal)
O pilar é suposto de seção quadrada, com centro coincidente com o centro geométrico do
bloco (Figura 11). O esquema de forças é analisado segundo uma das medianas do triângulo
formado.
3 - 0,3a
e 3 p
2 L
e
3
A
L N
d
c
R
1 L
3
3 ap
A
Rs
e e
2 2
e
N
3
biela
0,3a
ap d
c
R
h
R
s
N
3
d'
3
e 3
Corte A
Figura 11 – Bloco sobre três estacas.
N
d
tg 3
Rs 3
e 0,3a p
3
N e 3 0,9a p N
Rs ; Rc
9 d
3 sen
na direção das medianas do triângulo formado tomando os centros das estacas como vértices.
Para pilares retangulares (ap . bp) pode-se adotar o pilar de seção quadrada equivalente:
a p,eq a p b p
ap ap
0,58 e d 0,825 e , portanto:
2 2
ap ap
d mín 0,58 e ; d máx 0,825 e
2 2
Altura: h = d + d’
5 cm
com: d' a est , a est e
2
5
A seção ou área das bielas varia ao longo da altura do bloco e, por isso, são verificadas as
seções junto ao pilar e junto às estacas. Fazendo de forma análoga ao indicado para o bloco sobre
duas estacas, e conforme a Figura 7, porém, considerando Ap/3 ao invés de Ap/2, tem-se:
Ap
- área da biela na posição relativa à base do pilar: A b sen
3
- no pilar:
Nd Nd
σcd, b, pil
Ap A p sen 2
3sen sen
3
- na estaca:
Nd Nd
σ cd, b, est
3sen A e sen 3A e sen 2
A tensão última, ou máxima, pode ser adotada com o seguinte valor empírico
(experimental), adotado por Blévot:
σcd,b,pil ≤ σcd,b,lim,pil
, com 0,9 ≤ KR ≤ 0,95
σcd,b,est ≤ σcd,b,lim,est
As,lado As,lado
As,malha
trecho usado
para armadura
d-5
de suspensão
A s,lado
(sobre as estacas)
Figura 12 – Bloco sobre três estacas com armaduras paralelas aos lados e malha ortogonal.
A força Rs atua na direção das medianas do triângulo, cujos vértices são os centros das três
estacas, e deve ter sua componente R’s determinada segundo os eixos das estacas. Considerando o
esquema de forças mostrado na Figura 13, pela lei dos senos tem-se:
Rs R' s 3
R' s R s
sen 120º sen 30º 3
30
° Rs Rs
s
s
R'
0°
R'
12
30°
30°
R's
R's
A armadura para resistir à força R’s , que é paralela aos lados do bloco11, é:
11
Esta armadura deve ser convenientemente ancorada sobre a estaca, como apresentado no item 6.5.
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R' sd
A s,lado
f yd
3 Nd
A s,lado (e 3 0,9a p )
27d f yd
A NBR 6118 (22.7.4.1.2) especifica que “Para controlar a fissuração, deve ser prevista
armadura positiva adicional, independente da armadura principal de flexão, em malha
uniformemente distribuída em duas direções para 20 % dos esforços totais.”12 A armadura em
malha, de barras finas em duas direções, pode ser:
1
A s,malha A s,lado A s,susp/face (em cada direção)
5
Armadura de suspensão
A armadura de suspensão tem a função de evitar o surgimento de fissuras nas regiões entre
as estacas (Figura 14), que podem ocorrer pelo fato de formarem-se bielas de concreto
comprimido que transferem partes da carga do pilar para as regiões inferiores do bloco, entre as
estacas, e que se apoiam nas armaduras paralelas aos lados. Disso surgem tensões de tração que
devem ser resistidas pela armadura de suspensão, a qual suspende as forças de tração para a região
superior do bloco, e que daí caminham para as estacas.
A NBR 6118 (22.7.4.1.3) especifica que “Se for prevista armadura de distribuição para
mais de 25 % dos esforços totais ou se o espaçamento entre estacas for maior que 3 vezes o
diâmetro da estaca, deve ser prevista armadura de suspensão para a parcela de carga a ser
equilibrada.”13 De modo geral, independentemente da quantidade de armadura de distribuição e
da distância entre as estacas, costuma-se prescrever uma armadura de suspensão, com valor de:
Nd
A s,susp,tot ; ne = número de estacas
1,5n e f yd
Nd
A s,susp,tot
4,5f yd
A s, susp, tot
A s,susp,face
3
12
Da NBR 6118: “Este valor pode ser reduzido desde que seja justificado o controle das fissuras na região entre as armaduras
principais.”
13
As prescritas da NBR 6118 para armaduras em malha e de suspensão são gerais, independentemente do número de estacas sob o
bloco.
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fissura
Figura 14 – Possível fissuração que exige armadura de suspensão no bloco sobre três estacas.
Esta disposição de armadura no bloco sobre três estacas não atende ao prescrito pela NBR
6118 (22.7.4.1.1), de que pelo menos 85 % da armadura de flexão deve ser disposta nas faixas
definidas pelas estacas, no entanto, tem sua aplicação já consagrada pelo uso no Brasil (Figura
15). Tem a desvantagem da superposição dos três feixes de barras, no centro do bloco, além de
ocorrer fissuração elevada nas faces laterais do bloco, provocadas pela falta de apoio nas
extremidades das barras das medianas, conhecida por “armadura em vazio”. De modo que deve-se
dar preferência à disposição anterior, de armaduras paralelas aos lados e malha ortogonal.
As,med
em erna
alt
en r
da
As, med
As,med As,med
As,susp/face
As,cinta
N
Rs (e 3 0,9a p )
9d
A armadura nas três medianas pode ser um pouco reduzida, devido à existência das
armaduras nos lados, sendo:
R sd (1 k) Nd
A s,med (e 3 0,9a p ) (1 - k) armadura em cada mediana
f yd 9d f yd
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2 4
com k
3 5
k R' sd k 3 R sd k 3 N d (e 3 0,9a p )
A s,cinta
f yd f yd 3 3f yd 9 d
k 3N d
A s,cinta (e 3 0,9a p ) (em cada lado do bloco)
27d f yd
Armadura de suspensão:
Nd
A s,susp,tot
4,5f yd
A armadura superior, em cada direção da malha, pode ser tomada como uma parcela da
armadura principal:14
As,sup = 0,2 As
Em cada face vertical lateral do bloco deve ser colocada armadura de pele, na forma de
estribos ou simplesmente barras horizontais, com a finalidade de reduzir a abertura de possíveis
fissuras nessas faces (Figura 16), sendo:
1
A sp,face A s, total
8
d
s 3 , s ≥ 8 cm
20 cm
14
Embora a norma recomende, esta armadura pode, a critério do projetista, ser suprimida em blocos de pequenos volumes.
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2133 – Estruturas de Concreto III – Blocos de Fundação 17
malha superior
Asp, face
Asp, face
As, lado
Pilar de seção quadrada, com centro coincidente com o centro geométrico do bloco e das
estacas (Figura 17).
ap
A
ap 2
N 4
4
ap
Rc
d
h
R
ap
e
N
4
d'
2
e 2
CORTE A
e A
2 - ap 2 )
(e 2 4
Rc N
d
4
R
s
N
d
tg α 4
Rs 2 2
e ap
2 4
N 2 (2e a p ) N
Rs ; Rc
16 d 4sen
a p,eq a p b p
ap ap
d mín 0,71 e ; d máx e
2 2
5 cm
π
h = d + d’ ; d' a est ; a est e
5 2
Fazendo de forma análoga ao indicado para o bloco sobre duas estacas, e conforme a
Figura 7, porém, considerando Ap/4 ao invés de Ap/2, tem-se:
Ap
- área da biela na posição relativa à base do pilar: A b sen
4
R cd
Considerando a equação básica de tensão ( σ cd ), a tensão de compressão na biela,
Ab
relativa ao pilar e à estaca, é:
- no pilar:
Nd Nd
σcd, b, pil
Ap A p sen 2
4sen sen
4
- na estaca:
Nd Nd
σ cd, b, est
4sen A e sen 4A e sen 2
Condição de segurança:
O detalhamento mais usual na prática é o b da Figura 18, sendo um dos mais eficientes. O
detalhamento a apresentou fissuras laterais excessivas já para cargas reduzidas. A armadura
apenas com malha (d), apresentou carga de ruptura inferior ao dos outros casos, com uma
eficiência de 80 %, e o melhor desempenho quanto à fissuração. Nos detalhamentos a, b e c, deve
ser acrescentada uma armadura inferior em malha, a fim de evitar fissuras na parte inferior do
bloco.
N 2 (2e a p )
Rs
16 d
Nd 2
A s,diag (2e a p )
16d f yd
As, diag.
As, diag.
Figura 19 – Bloco sobre quatro estacas com armadura principal na direção das diagonais.
Outras armaduras adicionais são necessárias, como armadura superior (As,sup) e de pele
(Asp), ver item 6.4 e 8.4.
Rs N (2e a p )
R' s
2 16 d
k Nd 1 2
A s,lado (2e a p ) , com: k
16d f yd 2 3
(1 - k) N d 2
A s,diag (2e a p )
16d f yd
As, lado
As, diag.
As, lado
As
,d
ia
g.
As, lado
As,malha
As, malha
As, lado
As, susp.
4 As, malha gancho p/
armad. de
suspensão
As, lado
Figura 21 – Disposição da armadura mais usual no Brasil para o bloco sobre quatro estacas:
armadura paralela aos lados e em malha.
A força de tração paralela aos lados é R’s , e a armadura paralela a cada lado é:
Nd
A s,lado (2e a p )
16d f yd
A s,susp
As,malha = 0,25As,lado ≥
4
Armadura de suspensão total:
Nd
A s,susp
6f yd
Além da armadura de suspensão deve ser colocada uma armadura de pele, em forma de
barras horizontais nas faces, com área por face de:
1
Asp,face = A s ,t ot
8
As,tot = armadura principal total = 4As,lado ou 4As,diag , conforme o tipo de armadura principal.
d
s 3 ; s ≥ 8 cm
20 cm
A armadura superior, em cada direção da malha, pode ser tomada como uma parcela da
armadura principal:
As,sup = 0,2 As
ap
e
e
c' e 2 c'
4 N 2 (2e a p )
Rs
5 16 d
Considerando 45 ≤ α ≤ 55º , e:
ap ap
d mín 0,71 e ; d máx e
2 2
5 cm
h d d' ; d' a 1 π
est
e
5 5 2
De forma análoga ao descrito para os blocos sobre duas, três e quatro estacas, a tensão na
biela junto ao pilar e à estaca é:
Nd Nd
σ cd,b, pil ; σ cd,b,est
A p sen 2 α 5A e sen 2 α
Condição de segurança:
4
Nas expressões para os blocos sobre quatro estacas, Nd deve ser substituído por Nd ,
5
sendo os detalhamentos análogos. Apresenta-se apenas o caso do detalhamento mais usual, o de
armadura principal paralela aos lados e em malha.
A armadura paralela a cada lado é:
4 Nd Nd
A s,lado (2e a p ) (2e a p )
5 16d f yd 20d f yd
A s,susp
As,malha = 0,25As,lado ≥ (4 = número de faces do bloco)
4
Nd
A s,susp
7,5f yd
O detalhamento é idêntico àquele mostrado para o bloco sobre quatro estacas, para o
detalhamento “Armaduras Paralelas aos Lados e em Malha” (ver Figura 21). A armadura superior
e de pele também devem ser acrescentadas (ver item 6.4).
Para esses pilares pode ser projetado um bloco retangular (Figura 23). São tratados como
os blocos sobre quatro estacas, devendo as fórmulas serem adaptadas em função das distâncias
diferentes entre as estacas.
ap
e
3
e 2 3
e 2
Como opção, existe a possibilidade de fazer uma linha com três estacas e outra com duas
estacas (Figura 24). O cálculo do bloco é semelhante ao dos blocos com mais de seis estacas.
e e
60
3
5 e
°
e
3
2 e
3 3e
10
e e
2 2
Figura 24 – Outro arranjo no posicionamento das cinco estacas no bloco para pilar alongado.
0,809e 0,809e
0,588e
0,851e
72
°
0,263e
18°
ap
°
54
72°
0,688e
36°
e
Rs
R's
54
°
R's
e e
2 2
A
e
Conforme o Corte A, passando pelo centro do pilar e por uma das estacas (Figura 26), o
ângulo de inclinação das bielas e a força de tração segundo a direção do centro do pilar e do
centro das estacas são:
N d
tg α
5R s 0,85e 0,25a p
0,85N a
Rs e p
5d 3,4
N
5
0,25 ap R
c
d
Rs
d'
0,85e
ap ap
d mín 0,85 e ; d máx 1,2 e
3,4 3,4
5 cm
h = d + d’ d' a 1 π
est
e
5 5 2
Se d for adotado entre dmín e dmáx , não será necessário verificar as tensões de compressão
nas bielas comprimidas de concreto.
Dentre os detalhamentos possíveis, o mais comum é aquele com barras paralelas aos lados
acrescentada de armadura em malha (Figura 27).
As, susp, tot
5
As, malha, x
) s
taca
s es
(sob As, lado
re a
As, malha
As, lado As, malha, y
Figura 27 – Bloco sobre cinco estacas com armadura principal paralela aos lados e em malha.
Considerando as forças mostradas na Figura 28, a força R’s na direção dos eixos das
estacas é:
Rs 0,85N a
R' s e p
2 cos 54º 2 cos 54º 5d 3,4
R's
Rs
54°
°
54
R's
Figura 28 – Esquema de forças de tração sobre uma estaca.
R' sd 0,725N d a
A s,lado e p
f yd 5d f yd 3,4
A s,susp,tot
As,malha = 0,25As,lado ≥
5
Nd
A s,susp,tot
7,5f yd
1
Asp,face = A s ,t ot , com As,tot = armadura principal total.
8
A armadura superior, em cada direção da malha, pode ser tomada como uma parcela da
armadura principal:
As,sup = 0,2 As
R'sx
2
Rsy R'sy
e
x
e
Rsy
2
e
0,85N a
Rs e p
6d 3,4
Considerando 45 ≤ α ≤ 55º , e:
ap ap
d mín 0,85 e ; d máx 1,2 e
3,4 3,4
5 cm
h d d' d' a 1 π
est
e
5 5 2
Adotando-se d dentro do intervalo entre dmín e dmáx não é necessário verificar a tensão nas
bielas.
Entre os diferentes detalhamentos possíveis, será mostrado apenas o mais comum, que é
aquele com barras paralelas aos lados acrescida de uma malha. A força de tração Rs (Figura 30),
decomposta na direção paralela aos lados, é:
54°
Rs
R's
72
°
54
°
R's
Figura 30 – Decomposição da força de tração na direção paralela aos lados.
0,85N a 0,725N a
R' s 0,85 e p e p
6d 3,4 6d 3,4
R' sd 0,725N d a
A s,lado e p
f yd 6d f yd 3,4
A s,susp,tot
As,malha = 0,25As,lado ≥
5
Nd
A s,susp,tot
7,5f yd
A armadura superior, em cada direção da malha, pode ser tomada como uma parcela da
armadura principal:
As,sup = 0,2 As
Em cada face vertical lateral do bloco deve ser colocada armadura de pele (barras
horizontais), com a finalidade de reduzir a abertura de possíveis fissuras nessas faces, sendo:
1
A sp,face A s, total
8
d
s 3 , s ≥ 8 cm
20 cm
Neste caso, as estacas são posicionadas junto aos vértices do hexágono (Figura 31).
Admitindo-se pilar quadrado, com o centro coincidente com o centro das estacas, para um corte A
passando por um vértice e pelo centro do pilar, as seguintes expressões para o ângulo de
inclinação das bielas de concreto podem ser escritas:
N
d N ap
tg α 6 Rs e
Rs ap 6d 4
e
4
Considerando 45 ≤ α ≤ 55º , e:
ap ap
d mín e ; d máx 1,43 e
4 4
5 cm
h d d' ; d' a 1 π
est
e
5 5 2
e e e e
2 2 2 2
3
2 e
°
60
ap
e
3
2 e
e
Rs R' s
Rs = R’s
sen 60º sen 60º
N ap
R 's e
6d 4
R' sd Nd a
A s,lado e p
f yd 6d f yd 4
As, malha
As, lado
As, lado
Figura 32 – Bloco sobre seis estacas com armadura paralela aos lados e em malha.
10.2.3.2 Armadura na Direção das Diagonais e com Cintas Paralelas aos Lados
A s,diag
1 - k N d ap
e
6d f yd 4
k Nd a p 2 3
A s,c int a e com : k
6d f yd 4 5 5
As, diag
As, cinta
ap ap
d mín e ; d máx 1,43 e
4 4
A compressão nas bielas não precisa ser verificada no caso de d ser escolhido entre dmín e
dmáx .
As armaduras, dispostas na direção das diagonais e com cintas paralelas aos lados, podem
ser calculadas como:
(1 - k) N d a p
A s,diag e
7d f yd 4
k Nd a p 2 3
A s,cinta e , com k
7d f yd 4 5 5
2
c h 2c
3 pilar C
d b,,pil d
h
d'
bloco
0,15 bp
S1B
bp
B
ap
S1A
e e
0,15 ap
ap c
d1
h d
S1A
ASA
d1 = d 1,5c
O cálculo da armadura principal é feito como nas vigas à flexão, para a seção transversal
do bloco na seção de referência S1 . A armadura é perpendicular à seção de referência S1 e pode
ser calculada simplificadamente segundo a equação:
M1A,d
As, A
0,85d1A f yd
(armadura paralela à dimensão A – perpendicular à seção S1A , onde o momento fletor M1A,d foi
calculado).
M1B, d
As, B
0,85d1B f yd
(armadura paralela à dimensão B – perpendicular à seção S1B , onde o momento fletor M1B,d foi
calculado).
1
As, B As, A para As,A > As,B
5
Essas armaduras devem se estender de uma face à outra do bloco, sem redução, e podem
ser distribuídas uniformemente na dimensão do bloco. Como uma opção, podem ter partes
concentradas em faixas sobre as estacas, e o restante ser distribuída uniformemente entre as
estacas.
onde d2A é a altura útil do bloco na seção S2A , geralmente igual a d, como mostrado na Figura 36.
S2B
2
d
45°
bp+ d
b2A
B
bp
ap S2A
b2B
ap + d
ap d c2A
2
d2A
h d
Se existir uma estaca ou uma linha de estacas dentro da distância d/2, a seção de referência
S2 deve ser posicionada na face do pilar (Figura 37).
d
2 estaca dentro da
distância d 2
S 2A
bp+ d
bp
b2A
B
c2A = c
As forças cortantes atuantes nas seções de referência S2 devem ser menores que as forças
cortantes limites:
0,25 c
Vd,lim 1 b 2 d 2 f ck
γ c 5d
A força cortante de cálculo atuante deve ser menor que a força cortante limite: Vd ≤ Vd,lim .
Por segurança, verifica-se a resistência do bloco à força cortante nas estacas posicionadas
nos cantos do bloco. A força cortante é a reação da estaca (Re).
A seção a ser verificada fica em uma distância d 1/2 da face da estaca. A largura b’2 é d1
acrescida da largura (ou diâmetro) da estaca, e sua altura d’2 é a altura útil efetiva da seção S’2
(Figura 38). d1 é a altura útil medida junto à face da estaca.
1
c'2
S'2 S' 2
d'2
d1
b'2 = d1+ Øf
d1 Øf
2
As,lado
0,12
R d, lim b'2 d'2 f ck
γc
Re,d ≤ Rd,lim
Deve ser adotada uma seção de referência S1 relativa ao pilar e a estaca mais afastada
(Figura 39). Sendo Re a reação da estaca, o momento fletor nesta seção é:
M1 = Re ∙ c1
Do momento fletor na seção de referência (S1) surge a força de tração Rs (na direção da
mediana), considerando a equação básica M1 = Rs . z, com z o braço de alavanca, o qual pode ser
tomado aproximadamente igual a 0,8d1 . Portanto, a força de tração Rs é:
M1 M1 R c
Rs e 1
z 0,8d1 0,8d1
E de Rs surge a força de tração R’s na direção de duas estacas (para cálculo da armadura
paralela ao lado):
3
R' s R s
3
R' s
A s,lado
f yd
A
s,
lad
o
S1
R'
30°
s
As, lado
Rs
30°
R' s
c1
do
A s, la
S1
ap
0,15 ap
d1
Rs
O método a seguir apresentado considera a superposição dos efeitos da carga normal e dos
momentos fletores, atuando separadamente.
Para ser válido o procedimento, os eixos x e y devem ser os eixos principais de inércia e as
estacas devem ser verticais, do mesmo tipo, diâmetro e comprimento.
Para pilar submetido a uma carga vertical N e momentos Mx e My apoiado sobre um
conjunto de estacas verticais, a tensão no centro de uma estaca i, é dada por:
N M x yi M y x i
i
S Ix Iy
S = ne S i
N M x y i Si M y x i Si
i Si N i
ne Ix Iy
N M x yi M y x i
Ni
ne y i 2 x i 2
1,1N M x y i M y x i
Ni
ne y i 2 x i 2
My
My
N
x
C.C. Mx
yi
xi
i
N
My
Exemplo
Dado um bloco sobre seis estacas moldadas “in loco”, tipo Strauss, com carga de trabalho
de 300 kN, dispostas de acordo com a distribuição já conhecida, submetido a uma carga vertical
de compressão de 1.300 kN e um momento em torno do eixo y, M y = 100 kN.m. Efetuar o
dimensionamento da armadura do bloco à flexão, bom como todas as verificações necessárias.
Dados: d’ = 5 cm, C20, armadura do pilar 18 12,5 mm.
Resolução
UNESP (Bauru/SP) – Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos
2133 – Estruturas de Concreto III – Blocos de Fundação 39
Carga na estaca:
30
1 2 3
x
95
4 5 6
30
30 95 95 30
Figura 41 – Numeração das estacas e distâncias (cm).
1,1N M x y i M y x i
Ni
ne y i 2 x i 2
10000 95
N1 = 238 211,7 kN
36100
10000 0
N2 = 238 238,0 kN
36100
10000 95
N3 = 238 264,3 kN
36100
N4 = N1 = 211,7 kN
N5 = N2 = 238,0 kN
N6 = N3 = 264,3 kN
Nk = 716,8 kN
20
V1 x
30
P1
20/30
My = 450
hy = 30
V 16
Mx = 440
880 kN.cm hx = 20
Mx
900 kN.cm
My
Figura 42 – Momentos fletores solicitantes no pilar, oriundos das vigas do pavimento tipo.
O pilar é “de canto” de um edifício de oito pavimentos tipo, e faz parte de um pórtico
indeslocável, podendo ser considerado um pilar contraventado. Os momentos fletores atuantes ao
nível do pavimento são propagados à base do pilar, como indicado na Figura 43, e como são
pequenos, em princípio poderiam ser desprezados.
880 k m
N.cm kN.c
900
V 16 V1
/2 880
900 /2
c
y
T
30
T x
20
Resolução
Em função da capacidade da estaca e dos esforços solicitantes no pilar, o bloco terá duas
estacas, na direção do eixo y do pilar (lado maior). O momento fletor My será absorvido ou
resistido por uma viga transversal, para travamento do bloco na direção x do pilar (Figura 44).
20 30 50 30 20
x
10
30
y
20
B = 50 30
10
35 e = 80 35
150
My
h d
d'
Re,nom Re,nom
80
O momento fletor atuante aumenta a carga na estaca do lado direito conforme o desenho
mostrado na Figura 44:
Nk M y 716,8 450
R e,máx 1,02 1,02 371,2 kN R e,nom 400 kN
2 e 2 80
Considerando a favor da segurança a maior carga nas estacas, a força normal sobre o bloco
passa a ser:
Nk = 371,2 . 2 = 742,4 kN
b) Altura do bloco
ap 30
para = 45 d mín 0,5 e 0,5 80 32,5 cm
2 2
ap 30
para = 55 d máx 0,71 e 0,71 80 46,2 cm
2 2
5 cm
d' a 1 1 d' 6 cm
est
e 30 5,3 cm
5 5 2 5 2
Adotado h = 50 cm d = h – d’ = 50 – 6 = 44 cm
d 44
tg α 1,467 α 55,71º α máx 55º ok!
e ap 80 40
2 4 2 4
5 30 5
ap
35
40
79
d = 44
Tensão limite:
2,0
σcd, b, lim 1,4K R f cd 1,4 0,95 1,9 kN/cm 2 19 MPa
1,4
0,90 KR 0,95
Nd 1039,4
σ cd, b, est 1,077 kN/cm 2
π 30
2A e sen 2α 2
2 sen 2 55,71
4
cd,b,est = 10,77 MPa < cd,b,lim = 19,0 MPa ok!
Nd 1039,4
σcd, b, pil 1,269 kN/cm2
A p sen α 30 40 sen 2 55,71
2
d) Armaduras
Armadura principal:
1,15 1039,4
As
1,15Nd
8d f yd
2e a p
8 44 43,5
2 80 40 9,37 cm2
A sp A
sw 0,075 B 0,075 50 3,75 cm 2 /m
s mín,face s mín,face
8 mm c/13 cm (3,85 cm2/m conforme a Tabela 2 anexa, composta por estribos verticais e
horizontais)
5 30 5
5 20 5
10
45
N4 N4 35 2 N1
4 N2
44 50
6
N3
5 N3
10 30 10
N1 - 2 c 8 C=142
144 44
41
42
N 2 - 4 ø 8 C=382 N4 - 11 ø 8 C=180
40
40
142
N3 - 5 ø16 C=222
Notas:
a) o colarinho deve ter os estribos horizontais determinados segundo a teoria do fendilhamento;
b) barras verticais adicionais de reforço são colocadas próximas às faces do colarinho.
Para um bloco assentado sobre três fustes de tubulão (Figura 47), dimensionar e detalhar
as armaduras, sendo conhecidos:
diâmetro do fuste: f = 70 cm;
seção transversal do pilar: 65 x 65 cm;
diâmetro da armadura vertical do pilar: ,pil = 25 mm;
carga vertical do pilar Nk = 5.000 kN;
coeficientes de ponderação: c = f = 1,4 ; s = 1,15.
concreto C25; aço CA-50 (fyd = fyk/s = 50/1,15 = 43,5 kN/cm2);
cobrimento nominal: c = 4,0 cm.
70 35
70
0
1
25
144,3
144,3
e=
60
216,5
356,5
60
72,2
72,2
70
2 3
35 125 125 40 40
45,8 35
e 35
Para o bloco sobre três estacas, as dimensões podem ser adotadas conforme a sugestão de
Campos, apresentadas na Figura 48.
Øe /2
A = 0,154a
a
a
2/3 L
L
Øe
1/3 L
Øe
65 65
d mín 0,58 250 126,2 cm ; d máx 0,825 250 179,4 cm
2 2
5 cm
com: d' a 1 1 d' 12 cm
est
f 70 12,4 cm
5 5 2 5 2
h = d + d’ d = 160 – 12 = 148 cm
Verifica-se que a altura útil atende aos valores mínimo e máximo e o bloco é classificado
como rígido:
dmín = 126,2 cm < d = 148 cm < dmáx = 179,4 cm
Além disso, deve-se verificar se a altura do bloco é suficiente para garantir a ancoragem da
armadura longitudinal vertical do pilar. Considerando ,pil de 25 mm, concreto C25, ancoragem
com gancho e região de boa aderência, resulta o comprimento básico de ancoragem b = 66 cm, e:
d 148
tg 1,1855 = 49,9
3 3
e 0,3a p 250 0,3 65
3 3
como era de se esperar resultou um valor entre 45º e 55º, dado que d foi adotado entre dmín e dmáx .
Nd 1,4 5000
σ cd, b, pil 2,83 kN/cm2
A p sen α 65 65 sen 49,9
2 2
15
Embora o bloco deste exemplo apoie-se sobre fustes, foi mantida a notação de bloco sobre estacas.
UNESP (Bauru/SP) – Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos
2133 – Estruturas de Concreto III – Blocos de Fundação 47
Nd 1,4 5000
σ cd, b, est 1,04 kN/cm2
2
3A e sen α π 70
2
3 sen 2 49,9
4
cd,b,est = 10,4 MPa < cd,b,lim,est = 29,7 MPa ok!
Será feito o detalhamento composto por barras paralelas aos lados, sobre os fustes, com a
adição de uma armadura em malha.
Estimando o peso próprio do bloco como 350 kN, e com f = 1,4, a força vertical de
cálculo é:
Nd = 1,4 (5000 + 350) = 7.490 kN
As, lado
3 Nd
27d f yd
(e 3 0,9a p )
3 7490
27 148 43,5
250 3 0,9 65 27,95 cm2
As,lado = 27,95 cm2 (9 20 mm 28,35 cm2 - paralelas aos lados do bloco e sobre
os fustes)
Armadura em malha: As,malha = 1/5 As,lado = 1/5 ∙ 27,95 = 5,59 cm2 (inferior, nas direções x
- y)
Nd 7490
As,susp, tot 38,26 cm2
4,5f yd 4,5 43,5
As, susp, tot 38,26
A armadura de suspensão por face do bloco é: As,susp, face 12,75 cm2
3 3
Como os ganchos verticais das barras da malha inferior podem também ser a armadura de
suspensão, deve-se ter:
As,malha ≥ As,susp,face As,malha = 5,59 cm2 < As,susp,face = 12,75 cm2 não ok!
portanto, As,malha = As,susp,face = 12,75 cm2 (adotado em cada direção 10 12,5 mm 12,50 cm2)
Para cada direção da malha tem-se 16,79/2 = 8,39 cm217 8 mm 8,50 cm2 (b. N3)
16
O espaçamento de 22 cm entre as 17 barras é indicativa, serve como referência. Na execução da armadura pequenos ajustes
podem ser necessários, de modo a distanciar igualmente as 17 barras no espaço existente.
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2133 – Estruturas de Concreto III – Blocos de Fundação 48
detalhamento das armaduras (ver Figura 52), mantendo o espaçamento de 22 cm para a confecção
de uma malha quadrada. O espaçamento resulta [410,8 – 2(25 + 4)]/(17 – 1) = 22,1 cm, que deve
ser tomado como referência na execução da armadura.
Uma alternativa para a armadura de suspensão àquela indicada acima (ganchos das barras
da malha inferior), é fazer todas as barras da malha inferior (5,66 cm2) e da malha superior (8,49
cm2) com ganchos longos verticais, o que resulta 5,66 + 8,49 = 14,15 cm2, que atende com uma
pequena folga a área necessária (As,susp,face = 12,75 cm2) por face do bloco (ver Figura 52).
d 148
49,3 cm
s 3 3 s 20 cm e s ≥ 8 cm
20 cm
como s 10 cm ok!
A altura do bloco deve ser menor ou igual a duas vezes a distância da face do pilar ao eixo
do fuste mais afastado (c), e maior que 2/3 de c.
2
c h 2c
3
2
Verificação: 111,8 h 2 111,8 74,5 cm < h = 160 cm < 223,6 cm ok!
3
df 35
70
70
e
114,3
0
25
144,3
60
356,5
60
72,2
70
FUSTE 5
Figura 49 – Distância
35
3
da face do pilar ao centro do fuste mais afastado (fuste 1).
125 125
A armadura pode ser calculada apenas para o momento fletor máximo, que é aquele
relativo ao fuste mais afastado do centro do pilar (fuste 1 - Figura 50), com a seção de referência
S1 indicada na Figura 35. Esta armadura é adotada para os outros dois fustes.
A distância c1 (ver Figura 47) é o braço de alavanca relativo à seção S1 :
A
s,
lad
o
S'1
R'
30°
s
As, lado
Rs
30°
R' s
c1
o
ad
A s, l
S'1
ap
0,15 ap
d1
Carga nos fustes, acrescentando o peso próprio do bloco ( 350 kN) à carga do pilar:
N 5.350
N = 5000 + 350 = 5.350 kN Rf = 1.783,3 kN
3 3
M1 M1 216849
Força de tração Rs provocada por M1: Rs 1.831,5 kN
z 0,8d1 0,8 148
com d1 = altura útil em S1 (d1 = d = 148 cm).
3 3
R 's R s 1831,5 1.057,4 kN
3 3
R'sd 1480,4
As, lado 34,03 cm2
f yd 43,5
Observa-se que, neste exemplo, a armadura principal de 34,51 cm2 (As,lado na direção dos
eixos dos três fustes) resultou maior (22 %) que a determinada segundo o “Método das Bielas”, de
28,29 cm2. As demais armaduras complementares devem ser as mesmas determinadas segundo o
Método das Bielas.
A verificação à força cortante é feita nas seções de referência S 2 , como indicado na Figura
36, perpendiculares à seção de apoio do bloco e posicionadas externamente ao pilar, distantes d/2
da face do pilar, na direção considerada.
No caso de bloco sobre três fustes, dispostos segundo os vértices de um triângulo
equilátero, é suficiente fazer a verificação da força cortante devida ao fuste mais afastado do
centro do pilar. No caso deste exemplo, o fuste superior no desenho apresentado na Figura 47
(fuste 1).
A seção a ser verificada fica em uma distância d1/2 da face do fuste, tendo largura b’2 , que
é d1 acrescido do diâmetro do fuste. A altura útil é d’2 (altura efetiva da seção S’2), Figura 51.
1
c'2
2
S'2 S' 2
d'2
d1
b'2 = d1+ Øf
d1 Øf
2
As,lado
0,12
R d,lim b'2 d'2 f ck
γc
d 148 70
c' 2 1 f 109 cm
2 2 2 2
d’2 1,5c’2 d’2 = 148 cm < 1,5 . 109 < 163,5 cm ok!
0,12
R d ,lim 218 148 2,5 4.372,6 kN
1,4
N d 1,4 5350
R f ,d 2.496,7 kN < Rd,lim = 4.372,6 kN ok!
3 3
c) Detalhamento
17
Como o comprimento de ancoragem básico (b = 75 cm) é menor que o comprimento de ancoragem efetivo (101 cm), em
princípio não há a necessidade de gancho. Porém, o gancho aumenta a segurança da ancoragem da armadura principal, sendo
importante considerar em um bloco sob alta carga vertical. A norma indica para fazer o gancho.
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2133 – Estruturas de Concreto III – Blocos de Fundação 52
Resolução
Espaçamento mínimo entre as estacas, considerando emín ≥ 2,5e para estacas do tipo pré-
moldadas:
emín ≥ 2,5 ∙ 30 ≥ 75 cm adotado e = 80 cm
20 30 50 30 20
35
75
150 20 80
35
150
a p,eq a p b p 20 75 38,73 cm
c) Determinação da altura
ap 38,73
para = 45 d mín 0,71 e 0,71 80 43,1 cm
2 2
ap 38,73
para = 55 d máx e 80 60,6 cm
2 2
18
Para aplicação do Método de Blevot (das Bielas), o pilar deve ser quadrado.
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2133 – Estruturas de Concreto III – Blocos de Fundação 53
5 cm
d' a 1 π 1 , adotado d’ = 6 cm.
est
e 30 5,3 cm
5 5 2 5 2
d = h – d’ = 60 – 6 d = 54 cm
Além disso, deve-se verificar se a altura útil é suficiente para garantir a ancoragem da
armadura longitudinal vertical do pilar. Considerando os dados conhecidos de 16 mm, C20,
ancoragem com gancho e região de boa aderência, resulta o comprimento de ancoragem b,,pil =
49 cm, e:
d = 54 cm > b,,pil = 49 cm ok!
d 54
tg α 1,259 α = 51,55º
2 2 2 2
e ap 80 38,73
2 4 2 4
como era de se esperar resultou um valor entre 45 e 55º, dado que d foi adotado entre dmín e dmáx .
Tensão limite:
2,0
σcd, b, lim,est σcd, b, lim,pil 2,1K R f cd 2,1 0,95 2,85 kN/cm2 = 28,5 MPa
1,4
Nd 1,4 1303
σcd, b, pil 1,98 kN/cm2
A p sen α 38,73 38,73 sen 51,55
2 2
Nd 1,4 1303
σ cd, b, est 1,05 kN/cm2
π 302
4A e sen 2α
4 sen 2 51,55
4
cd,b,est = 10,5 MPa < cd,b,lim,est = 28,5 MPa ok!
Será feito o detalhamento composto por barras paralelas aos lados, sobre as estacas,
acrescidas de armadura em malha, por ser um dos arranjos de armadura mais eficientes. O
detalhamento das armaduras está mostrado na Figura 54.
Armadura principal, considerando a atuação do peso próprio do bloco (gpp), com concr = 25
kN/m3:
gpp = 25 (1,5 ∙ 1,5 ∙ 0,6) = 33,8 kN
1,4(1303 33,8)
As, lado
Nd
16d f yd
2e a p
16 54 43,5
2 80 38,73 6,04 cm2
As,lado = 6,04 cm² (3 16 mm 6,00 cm2 ou 5 12,5 mm 6,25 cm2 – barras N4)
sobre as estacas19
As,malha = As,susp,face = 1,79 cm2 (barras N3 em cada direção, 6 6,3 mm 1,86 cm2)
Para cada direção da malha tem-se 4,83/2 = 2,42 cm2 (8 6,3 mm 2,48 cm2, barras N2).
Considerando as dimensões do bloco em planta de 150 cm nas duas direções, o cobrimento de 3
cm e que a primeira barra seja colocada em torno de 15 cm da extremidade, o espaçamento entre
as barras resulta [150 – 2(15 + 3)]/(8 – 1) = 16,3 cm, portanto, pode-se dispor 8 6,3 c/16 cm, nas
duas direções, formando uma malha quadrada.
Armadura de pele por face:
A sp,face A s,tot 4 6,04 3,02 cm 2 6 8 mm (3,00 cm2) por face (barras N1)
1 1
8 8
s 11 cm
19
As barras de As,lado devem ficar posicionadas em uma faixa sobre a estaca com dimensão 1,2e .
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6 N1
20 N1 - 6 Ø 8 C = 20
6 N3
3 N4
50
20
20
10
N4 - 2 x 3 Ø 16C =
N3 - 6 Ø 6,3 C =
N2 - 8 Ø 6,3 C =
8 N2
N1 - 6 Ø 8 C =
N1 - 6 Ø 8 C =
6 N3
10
20
50
20
20 N1 - 6 Ø 8 C = 20 3 N4
N2 - 8 Ø 6,3 C =
8 N2
6 N1
3 N4 3 N4
10 10
N3 - 6 Ø 6,3 C =
50 50
N4 - 2 x 3 Ø 16 C =
1) Bloco sobre dois tubulões, considerando: concreto C25 ; pilar com seção 40/90 ; Nk = 5.600
kN; df = 80 cm ; ,pil = 20 mm.
pilar 40 95
bloco
tubulão
230
2) Fazer o pilar da questão anterior sobre um bloco de três tubulões. Resolver pelo “Método das
Bielas” e do CEB-70. Sugestão de dimensões no desenho.
0
25
125
125
df = 0
7
Øf
3) Bloco de transição sobre tubulão. Dados: df = f = 70 cm, Nk = 450 kN ; pilar de seção 20/40 ;
,pil = 12,5 mm.
4) Bloco sobre seis estacas, moldadas “in loco”, com carga nominal de 300 kN. Dados: N k =
1.300 kN ; M = 100 kN.m ; C25 ; l = 32 cm ; seção do pilar: 30/50 cm ; armadura do pilar: 18
12,5 mm ; e = 95 cm (verificar).
y
30 x x
95
50
M = 100kN.m
95 95
5) Bloco sobre quatro estacas, quadrado em planta. Pilar 25/40 ; Nk = 875 kN ; As,pil = 10 12,5
mm ; = 32 cm, moldada no local ; Rnom, est = 250 kN ; C25 ; armaduras principais paralelas aos
lados ; c = 4,5 cm ; d’ = 7 cm.
40 My = 40 kN.m
25 Nk
Mx = 30 kN.m
esforços junto à base do pilar,
sobre o bloco
NBR 6122 (3.10): “Tubulão – elemento de fundação profunda, cilíndrico, em que, pelo
menos na sua etapa final, há descida de operário. Pode ser feito a céu aberto ou sob ar
comprimido (pneumático) e ter ou não base alargada. Pode ser executado com ou sem
revestimento, podendo este ser de aço ou de concreto. No caso de revestimento de aço (camisa
metálica), este poderá ser perdido ou recuperado.”
NBR 6122 (3.8): “Fundação Profunda – Elemento de fundação que transmite a carga ao
terreno pela base (resistência de ponta), por sua superfície lateral (resistência de fuste) ou por
uma combinação das duas, e que está assente em profundidade superior ao dobro de sua menor
dimensão em planta, e no mínimo 3 m, salvo justificativa. Neste tipo de fundação incluem-se as
estacas, os tubulões e os caixões.”
As fundações profundas são apresentadas no item 7 da NBR 6122. Os tubulões são
descritos a partir do item 7.8.12, até o 7.8.20.
A NBR 6118 não trata do tubulão especificamente.
a) Cabeça: segmento inicial, encarregado da redistribuição das tensões existentes na base do pilar.
Seu dimensionamento é análogo ao de bloco sobre uma estaca, sendo a armadura calculada pela
teoria de fendilhamento e disposta com estribos horizontais.
Para 60 dispensa-se armadura na base (NBR 6122, 7.8.17.7).
A cabeça pode ser substituída por um bloco sobre o topo do fuste (bloco de transição -
Figura 60).
1,5 a 2 f
hb , c’ 10 cm
b,pil
N
cota de
H arrasamento
lb, Ø pil.
cabeça
Øf
{ hc
Øf
fuste 70 cm
(NBR 6122)
2m
base
h
b
pilar
60
cota de
20 cm
º
apoio
solo
bloco
hb
Øb
Øf
pilar
c'
bloco
hb
fuste
c'
Øf
c'
N
M
20 a 30cm
(conforme projeto)
hbloco
Bloco de
transição cota de
arrasamento
5 a 10 cm
df 70 cm
df
hbase
2 m
hbase
20 cm
Db Db Db x x Db
2 2 2 2 2 2
2
Db
2
Db
2
Df
2
Db
- Concreto ≥ C10;
- γc = 1,2∙1,4 = 1,68;
Nd Nd
σ cd Af
Af σ cd
π f
2
Nd 4N d γ c
f 2
4 f π 0,85f ck
0,85 ck
γc
4N d γ c
d f f 70 cm (inteiro, múltiplo de 5 cm)
π 0,85f ck
π f
2
A s,fuste 0,28 % A f 0,0028
4
Número de barras: ≥ 6
s tr
Øe
estribo
Figura 62 – Disposição do estribo no fuste do tubulão.
40 cm
s tr 4 , na prática str 25 cm
1,2d
máx,agr
Andrade (1989) sugere a armadura transversal como nos pilares, na forma de estribos
circulares. E para tubulão sob carga centrada, o seguinte dimensionamento do fuste:
4N d
N d 0,85f cd A f df
π 0,85f ck
As = As,min = 0,50 % Af
Altura da base:
b f
Para β = 60º hb tg 60º
2
Bloco
lb
5 a 10cm
critério do projetista
pode ser mais a
2 a 3df
As
Fuste
df
15
a2
5c
ds
m
df
5 cm
fuste
Øf
base
2m
Ø
f
b
60
h b
º
Øb x
a
Ø
f
Øb
Nota: para pré-dimensionamento das dimensões dos tubulões, estudar o Cap. 2 de Alonso (1989).
A NBR 6122 (6.3.2.2) fornece uma equação para a escolha do ângulo β, em função da
tensão admissível do solo e da resistência do concreto à tração:
tg β σ adm
1
β σ ct
em radianos.
N 4N
Ab Db para base circular
solo π solo
π D 2b N
x 1,5 a 2,0Db x Db para base falsa elipse
4 solo
Altura da base:
tg β D b x d f
1
H , com x = 0 para base circular
2
df
H
solo
Øb
Figura 65 – Base do tubulão.
ap
Nd
As1 (p/ esforço T1d )
T1d T1d = 0,015 Nd
0,25h
ap
4
2
Rc
h
A ou 1,1A
Nd
2
0,75h
Td
2
h
As (p/ esforço de
0
fendilhamento Td )
A
2
Rc Nd
h
A -ap
Td 4 4
A ap
Td 4
Nd h
2 2
Nd a p
Td 1
4 A
A - ap
Td 0,29 N d
A
Td
As
f yd
Direção x:
f a p
Txd 0,29N d
f
N d f a p
σ td 0,40
B H e f
Txd
A sx
f yd
x
bp
B
Øf
Ct
Nd
ap
1,5 (Øf - ap)
1,5 ( bp- Øf )
1,1 Øf
Ct
{ He
Øf
Direção y:
b p f b p f
Tyd 0,29N d ; σ td 0,40
bp bp
Tyd A sx
A sy
f yd 5
70
35 35 P13 - 4Ø10
c/ 15 C = 267
64 62
35
64
70
62
35
P11 - 4Ø10
c/ 15 C = 275
P11 - 4Ø10
27,50
c/ 15
P13 - 4Ø10
c/ 15
62
64
P12 - 4Ø10
c/ 15 C = 271
70
P11 - 4Ø10
35 35 c/ 15
64
35
P12 - 4Ø10
c/ 15
64
70
35
P11 - 4Ø10 70
c/ 15 C = 275 (hor.)
62
P11 - 4Ø10
c/ 15
62
70
P13 - 4Ø10
c/ 15 C = 267
P13 - 4Ø10
c/ 15
62
64
P12 - 4Ø10
c/ 15 C = 271
3 lg
A
x 4
ap
B y B
2
10 a 15cm
1 Corte AA
A
bp
1,5 ( Ø - ap )
1,5 ( bp - Ø )
3cm
1,1 Ø
5
He
3
10
Øf
Corte BB
10 cm - 6,3
15 cm - 8
g
20 cm - 10
25 cm - 12,5
ap
Txd 0,29N d
bp
Tyd 0,29N d
bp
17. BIBLIOGRAFIA
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GUERRIN, A. Tratado de Concreto Armado. v.2. São Paulo, Ed. Hemus, 1980.
TABELAS ANEXAS
TABELA 3
COMPRIMENTO DE ANCORAGEM b (cm) PARA As,ef = As,calc CA-50 nervurado
Concreto
C15 C20 C25 C30 C35 C40 C45 C50
(mm)
Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com Sem Com
48 33 39 28 34 24 30 21 27 19 25 17 23 16 21 15
6,3
33 23 28 19 24 17 21 15 19 13 17 12 16 11 15 10
61 42 50 35 43 30 38 27 34 24 31 22 29 20 27 19
8
42 30 35 24 30 21 27 19 24 17 22 15 20 14 19 13
76 53 62 44 54 38 48 33 43 30 39 28 36 25 34 24
10
53 37 44 31 38 26 33 23 30 21 28 19 25 18 24 17
95 66 78 55 67 47 60 42 54 38 49 34 45 32 42 30
12,5
66 46 55 38 47 33 42 29 38 26 34 24 32 22 30 21
121 85 100 70 86 60 76 53 69 48 63 44 58 41 54 38
16
85 59 70 49 60 42 53 37 48 34 44 31 41 29 38 27
151 106 125 87 108 75 95 67 86 60 79 55 73 51 68 47
20
106 74 87 61 75 53 67 47 60 42 55 39 51 36 47 33
170 119 141 98 121 85 107 75 97 68 89 62 82 57 76 53
22,5
119 83 98 69 85 59 75 53 68 47 62 43 57 40 53 37
189 132 156 109 135 94 119 83 108 75 98 69 91 64 85 59
25
132 93 109 76 94 66 83 58 75 53 69 48 64 45 59 42
242 169 200 140 172 121 152 107 138 96 126 88 116 81 108 76
32
169 119 140 98 121 84 107 75 96 67 88 62 81 57 76 53
303 212 250 175 215 151 191 133 172 120 157 110 145 102 136 95
40
212 148 175 122 151 105 133 93 120 84 110 77 102 71 95 66
Valores de acordo com a NBR 6118/03
No Superior: Má Aderência ; No Inferior: Boa Aderência
b Sem e Com ganchos nas extremidades
As,ef = área de armadura efetiva ; As,calc = área de armadura calculada
0,3 b
O comprimento de ancoragem deve ser maior do que o comprimento mínimo: b ,mín 10
100 mm
c = 1,4 ; s = 1,15