Dissertação Ricardo Henrique de Lira Silva
Dissertação Ricardo Henrique de Lira Silva
Dissertação Ricardo Henrique de Lira Silva
Caruaru
2012
Ricardo Henrique de Lira Silva
Caruaru
2012
Catalogação na fonte
Bibliotecária Simone Xavier CRB4 - 1242
defendida por
___________________________________________
Ana Cecília Vieira da Nóbrega – PPGECAM/UFPE
(orientadora)
___________________________________________
Reginaldo Severo de Macedo – Dep. Engenharia de Materiais/UFCG
(examinador externo)
___________________________________________
Érika Pinto Marinho – PPGECAM/UFPE
(examinador interno)
DEDICATÓRIA
Quero, em primeiro lugar, agradecer a Deus, pois foi Ele quem me deu toda a
força espiritual nos momentos mais difíceis da minha jornada.
Aos meus pais José Simão e Helena, os quais sempre me incentivaram,
investiram, acreditaram e deram todo apoio para que os meus objetivos fossem
alcançados.
A minha noiva Caroline Torres, pelo amor, carinho, apoio, companheirismo e
confiança pelos momentos ausentes.
Minha profunda gratidão a minha orientadora Professora Dra. Ana Cecília Vieira
Nóbrega pelas críticas, orientação, competência e dedicação. Obrigado por transmitir toda
a segurança, tranqüilidade e apoio que foram fundamentais e decisivos para a elaboração
e conclusão deste trabalho.
A professora Dra. Érika Marinho pela troca de idéias, sugestões, orientações e
disponibilidade.
Aos professores Dr. Reginaldo Severo de Macedo e Dr. Gelmires de Araújo
Neves, pelo apoio durante a realização das análises, sempre presentes e dispostos a ajudar
e pela disponibilização do Laboratório do DEMA para a realização de alguns ensaios.
A Fernando Filho, pela oportunidade, confiança e apoio.
Ao meu colega e amigo Márcio Saraiva, pela significativa colaboração, apoio,
incentivo e companheirismo durante toda a nossa jornada.
Ao meu amigo de trabalho Robson Lino pelos ensaios realizados, pela amizade e
simpatia.
Ao diretores do IFPE- Caruaru Érick Viana e George Galdêncio, pela amizade,
apoio e incentivo durante essa caminhada.
Aos professores da pós-graduação pela transmissão de conhecimento didático que
muito contribuiu para a minha formação profissional.
A todos que compõem a equipe de Coordenação do Programa de Pós-Graduação
em Engenharia Civil e Ambiental da UFPE- Campus do Agreste.
A todos, muito obrigado.
RESUMO
Midsize sanitary ware industries generally dismiss between 20 and 30 tons of waste per
month from sintered defective parts, often with indiscriminate disposal. In this way, this
work proposes to incorporate these wastes in the industrial formulations of sanitary
wares in partial replacement of silica (quartz). This action is going to reduce
environmental impacts, as well as costs of proper disposal and the use of natural raw
materials. Samples were manufactured based on a formulation containing sanitary
ceramic waste, feldspar, quartz, kaolin and Ball Clay. They were chemically
characterized by X-ray fluorescence. The residue concentrations used in the
replacement of silica was 0% 1% 2% 3% 4% 5% 6% 7% 8% 9% and 10% over the total
mass of material dried and the samples were sintered at 1250 oC with 120 minutes in the
industrial tunnel kiln. After the sintering stage, water absorption, linear shrinkage,
apparent porosity, bulk density tests and flexural strength modulus were carried out. It
was also carried out scanning electron microscopy in order to assess possible micro-
structural changes on the samples. Ceramic samples with up to 10% partial replacement
of quartz by sanitary waste showed the chemical, physical and mechanical properties
consistent with the recommended standards for the manufacture of sanitary ware with
technological feasibility.
AA Absorção de água
b Largura do corpo de prova
Ci Comprimento inicial do corpo de prova
Cq Comprimento do corpo de prova apos queima
Cs Comprimento do corpo de prova apos secagem
IR Espectroscopia de absorção na região do infravermelho
L Distância entre os corpos-de-prova
MEA Massa especifica aparente
MEV Microscopia eletrônica de varredura
M0 Massa sem resíduo
M1 Massa com substituição parcial do quartzo por 1% de resíduo
M2 Massa com substituição parcial do quartzo por 2% de resíduo
M3 Massa com substituição parcial do quartzo por 3% de resíduo
M4 Massa com substituição parcial do quartzo por 4% de resíduo
M5 Massa com substituição parcial do quartzo por 5% de resíduo
M6 Massa com substituição parcial do quartzo por 6% de resíduo
M7 Massa com substituição parcial do quartzo por 7% de resíduo
M9 Massa com substituição parcial do quartzo por 9% de resíduo
M10 Massa com substituição parcial do quartzo por 10% de resíduo
MPa Mega Pascal
MRF Modulo de ruptura a flexão
N Carga atingida no momento da ruptura
Θ Angulo de Bragg
Pi Peso do corpo de prova imerso
Os Peso do corpo de prova seco
Pu Peso do corpo de prova úmido
RLS Retração linear apos secagem
RLQ Retração linear apos queima
RLT Retração linear total
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................... 15
2 OBJETIVOS........................................................................................................... 18
2.1 Objetivo Geral.................................................................................................. 18
1 INTRODUÇÃO
2 OBJETIVOS
Este estudo tem como objetivo geral investigar a possibilidade de substituição parcial
do quartzo por resíduos pós-sinterização de louças sanitárias em massas de cerâmicas para
grés sanitário, propondo alternativas tecnológicas e ambientais para a reutilização desses
resíduos.
3 ESTADO DA ARTE
4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
É sabido que a região nordeste do Brasil é muito rica em recursos minerais para a
confecção de produtos cerâmicos. Dentre estes, podem ser destacados como os mais
importantes as argilas, caulim, quartzo, feldspato, entre outros. Todos estes minérios possuem
potencial de aplicação na obtenção de artefatos cerâmicos, podendo ser submetidos ou não a
um beneficiamento, visando modificar as suas características físicas.
O termo argila é empregado para designar um material natural, de granulometria fina,
com partículas de poucos micrômetros, a qual apresenta plasticidade quando a ela é
adicionado certa quantidade de água. A fração de argila corresponde ao conjunto de partículas
inferiores a 2 µm ou 4 µm, segundo as escalas de Atterberg e Wenworth, respectivamente do
ponto de vista sedimentológico e granulométrico (MOTTA et al., 2004).
Segundo Pereira (2006), os materiais cerâmicos são conhecidos desde os tempos mais
remotos. Eles tem seu nome derivado da palavra grega “keramus”, que significa barro
queimado, pois os utensílios feitos desse material, como panelas e vasilhames de água, eram
obtidos a partir da argila moldada e submetida a queima. Na atualidade, esse termo se refere
também a todo material inorgânico não metálico obtido após tratamento térmico a altas
temperaturas, como por exemplo: pisos, louças para banheiros, vidros, fibras óticas, utensílios
culinários, combustível nuclear, implantes ósseos e dentários, dentre outros.
As cerâmicas são compostos formados entre elementos metálicos e não-metálicos: eles
são frequentemente óxidos, nitretos e carbetos (CALLISTER, 2002), apresentando ligações
iônicas e/ou covalentes, podendo ainda ser cristalinos ou amorfos (LAMA et al., 2003). A
larga faixa de materiais que caem dentro desta classificação inclui cerâmicas que são
compostas de minerais de argilas, cimento e vidro (CALLISTER, 2002).
22
Lama et al. (2003) destacam que as características destes materiais são dependentes do
mecanismo de ligação predominante. Entre elementos metálicos e não metálicos ocorrem as
ligações iônicas, que possuem grandes diferenças em suas eletronegatividades.
Por outro lado, a ligação covalente compartilha elétrons, ao contrário das ligações
iônicas, onde os elétrons são transferidos. Os elementos envolvidos são do tipo não-
metálicos e as diferenças de eletronegatividade são pequenas. Muitos materiais
cerâmicos possuem ligações iônicas e covalentes (LAMA et al., 2003).
As cerâmicas são ainda materiais tipicamente isolantes à passagem de eletricidade e de
calor, e são mais resistentes a altas temperaturas e ambientes rudes do que metais e polímeros
(CALLISTER, 2002; PEREIRA, 2006). Com relação ao comportamento mecânico, os
materiais cerâmicos são duros, mas muito frágeis (CALLISTER, 2002).
Por serem as ligações fortes e não direcionais, estruturas com ligações iônicas
tendem a possuir pontos de fusão mais elevados (LAMA et al., 2003). Lama et al. (2003)
ainda salientam que compostos com predominância de um dos dois tipos de ligação
(iônicas e covalentes) possuem pontos de fusão mais altos que aqueles em que nenhum dos
dois tipos de ligação predomina.
Os materiais cerâmicos ainda apresentam uma tendência muito forte em apresentar
fraturas antes da deformação plástica, resultante da baixa tenacidade que estes apresentam.
Tendem a serem porosos, e os poros, junto com outras imperfeições, atuam como
concentradores de tensões, favorecendo a propagação de trincas e reduzindo a resistência
mecânica do corpo. Esses fenômenos combinados geram falhas, contrastando com o modo de
falha mais lento e moderado dos metais, que dissipam energia por meio de deformação
plástica (ZANDONADI e EMILIANI, 1999).
Retornando ao tema de classificação dos materiais cerâmicos, estes podem ser
classificados com base no emprego dos seus produtos, natureza de seus constituintes,
características texturais do biscoito (massa base), além de outras características cerâmicas ou
técnico-econômicas (MOTTA et al., 2002).
Segundo a Associação Brasileira de Cerâmica, em seu Anuário Brasileira de Cerâmica
(ABC, 2002), os materiais cerâmicos classificam-se como: cerâmica vermelha, cerâmica
branca, materiais refratários, isolantes térmicos, fritas e corantes, abrasivos, vidros, cimento e
cal. De uma forma mais simplificada, a classificação das cerâmicas baseia-se em duas
categorias: 1) materiais cerâmicos avançados e 2) materiais cerâmicos tradicionais (VIEIRA
et al., 1997).
23
Tabela 2 - Tipologia de placas cerâmicas quanto a absorção de água, carga e módulo de ruptura.
TIPOLOGIA ABSORÇÃO GRUPO CARGA DE MÓDULO DE
CERÂMICA DE ÁGUA ISSO RUPTURA (N) RUPTURA
(%) (e > 7,5 mm) (MPa)
Grés porcelânico 0,0- 0,5 Ia >1300 >35
Grés 0,5- 3,0 Ib >1100 >30
Semi-grés 3,0- 6,0 IIa >1000 >22
Semi-poroso 6,0-10 IIb >900 >18
Piso-poroso 10- 20 III >600 >15
Azulejo 10- 20 III >400 >15
Azulejo-fino 10- 20 III >200 >12
Fonte: Tabela adaptada de Cavalcante (2008).
4.1.1.1.1 Argilas
dimensão coloidal (15% a 30%) (MORELLI e BALDO, 2003). Trata-se de uma argila com
predomínio de caulinita acompanhada de outros argilominerais (ilita, esmectita e clorita),
além de quantidades subordinadas de quartzo, feldspato potássico e calcita. Apresenta alta
plasticidade, as vezes, refratária, comumente caracterizada pela associação com matéria
orgânica e tonalidades que variam do amarelo claro a branco (SANTOS, 1989). Na Figura 1
pode ser visto a argila Ball Clay que foi coletada do reservatório de matérias-primas na
indústria, sem beneficiamento.
4.1.1.1.2 Caulins
4.1.1.1.3 Quartzo
O quartzo é um material não plástico introduzido na massa como fonte de sílica, óxido
de silício (SiO2) na sua forma pura. A sílica também pode ser encontrada na natureza com
tridimita, cristobalita, sílica vítria, diatomitas, sílica hidratadas e formas criptocristalinas. Os
minerais de sílica são formados por tetraedros de silício-oxigênio, que se ligam de diversas
maneiras, formando estruturas tridimensionais contínuas e eletricamente neutras (MARINHO,
29
4.1.1.1.4 Feldspato
De acordo com Morelli e Baldo (2003), os feldspatos são minerais fundentes que
possuem altos teores de K2O e Na2O (dependendo da predominância mineralógica). Ao se
introduzir esses álcalis na massa, propicia-se a formação de materiais vítreos pela reação com
a sílica. Sua função principal é a de aumentar a resistência mecânica e abaixar a porosidade,
mas isto só ocorre em temperaturas próximas de 1200 °C, principalmente se o feldspato for
rico em K2O.
Os feldspatos naturais são normalmente uma mistura em diversas proporções de
alumino-silicatos de potássio, de sódio, de cálcio, de lítio e ocasionalmente de bário e de
césio. Para a indústria cerâmica os feldspatos de maior importância são o potássico
(K2O.Al2O3.6SiO2) e o sódico (Na2O.Al2O3.6SiO2), por terem temperatura de fusão
relativamente baixa e assim sendo empregados como geradores de “massa vítrea” nas massas
cerâmicas e nos vidrados. (ABC, 2011).
Os feldspatos sódicos possuem menor ponto de fusão e geram líquidos de menor
viscosidade. Este fato pode concorrer para a deformação das peças de grandes dimensões
durante a queima. Pode ser visualizado na Figura 4 o feldspato beneficiado em peneira ABNT
nº 200 (abertura 74 µm).
4.1.1.1.5 Água
A água é um veículo a ser considerado pela sua importância para processo e seu grau
de pureza, geralmente a água utilizada em indústrias do setor é proveniente de poços
artesianos e o tratamento de água é realizado com peróxido de hidrogênio, caso contrário
torna-se necessários um rígido controle sob a qualidade desta matéria-prima recebida das
companhias estaduais, pois estas contem uma quantidade elevada de eletrólitos.
31
Figura 5 - Resíduo bruto de louça sanitária(a); resíduo de louça sanitária beneficiado em peneira
ABNT nº 200 (abertura 74 µm)(b).
(a) (b)
O resíduo de porcelana branca é oriundo das etapas finais do processo. Essas etapas
geram grandes quantidades de resíduo, onde com o aumento da produção decorrente dos
últimos anos, há um novo custo aos produtores do setor cerâmico para gerenciar e descartar
corretamente estes resíduos (MARQUES et al., 2007).
Como as matérias-primas e formulação para a confecção da barbotina para grés
sanitário são semelhantes as utilizadas na confecção de grés porcelânico e dada a escassez na
literatura sobre as propriedades do resíduo de louça sanitária e ao mesmo se assemelhar em
composição química, tratamento térmico, absorção de água e resistência mecânica ao resíduo
de porcelanato, serão relacionadas a seguir as características do resíduo de grés porcelanato
comparativamente ao resíduo de grés sanitário.
A fim de destacar quão semelhantes são as formulações de barbonita para grés
sanitário e grés porcelanato, detaca-se que as formulações de grés porcelanato são constituídas
basicamente de misturas de caulim, argila bola, feldspatos alcalinos, areias feldspáticas e
quartzo (PINHEIRO et al., 2010).
Pinheiro et al. (2010) demonstram a composição de uma massa cerâmica para
porcelanato constituída de 40% em peso de caulim, 47,5% em peso de albita e 12,5% em peso
de quartzo. As composições químicas das matérias primas utilizadas neste trabalho são dadas
na Tabela 3.
Os esmaltes ou vidrados cerâmicos para louça sanitária são responsáveis pela camada
vítrea, a qual se liga a superfície de massa argilosa, com o propósito de torná-la impermeável
à umidade e aos gases, ou para finalidade de aparência e decoração.
Os vidrados são produzidos na grande maioria através do processo de moagem,
visando a redução dos tamanhos das partículas presentes na composição, garantindo a
homogeneização da mistura. Os esmaltes são formulados a partir das bases (opaca ou
transparente) sobre as quais os esmaltes serão pigmentados (FILHO, 1999).
O esmalte cerâmico é produzido por uma mistura de caulim, feldspato, quartzo,
corantes e aditivos (ZASSO, 1997).
De acordo com Reed (1995), são parâmetros de controle nos processos de colagem:
reologia da barbotina durante o preenchimento do molde, taxa de vazamento, densidade da
barbotina e limite elástico, fluxo reológico na drenagem, retração e liberação da peça do
molde, resistência e plasticidade da peça durante a rebarbação e acabamento superficial.
retração na secagem: a retração de secagem deve ser baixa, para que sejam evitados
quebras, trincas e empenamentos;
drenagem: a barbotina em excesso deve escoar deixando a superfície do artefato
cerâmico lisa no interior da peça;
ausência de bolhas de ar: a barbotina não deve apresentar bolhas para evitar o
aprisionamento de ar e evitar defeitos na microestrutura no corpo cerâmico;
resistência da peça: a barbotina e consequentemente o corpo cerâmico devem conferir
resistência mecânica ao corpo "verde" para que o mesmo possa ser manuseado nas
operações de limpeza, acabamento, empilhamento, secagem, aplicação de vidrado
cerâmico e queima;
viscosidade: a viscosidade da massa argilosa deve ser a menor possível, para que a
suspensão possa preencher todos os detalhes do molde. Não deve haver acréscimo da
viscosidade aparente com a taxa de cisalhamento ou tixotropia;
baixa taxa de evaporação: para evitar que um filme seco se forme na superfície da
barbotina, que pó de aderir ao colado durante a drenagem, prejudicando o acabamento
da peça.
Segundo Callister (2002), uma peça cerâmica que foi conformada hidroplasticamente
ou por fundição por suspensão pode conter algum líquido, que foi adicionado para ajudar nas
operações de conformação. Albuquerque (2006) ressalta que é necessário eliminar esse
líquido do corpo cerâmico de forma lenta e gradual até um teor suficientemente baixo.
Albuquerque (2006) ainda diz que esse procedimento é necessário para evitar tensões
e defeitos nas peças (como trincas, bolhas, empenos, entre outros), pois o corpo cerâmico
retém significativa porosidade e insuficiente resistência mecânica para a maioria das
aplicações, destaca Callister (2002). Com a secagem do corpo cerâmico pode-se verificar o
aumento da resistência mecânica do corpo cerâmico, devido a uma densificação causada pelo
empacotamento e atração de partículas (PUKASIEWICZ, 2001).
Como demonstrado na Figura 9, à medida que o corpo cerâmico de argila seca, ele
experimenta alguma contração em seu volume. Nos estágios iniciais de secagem, as partículas
de argila estão circundadas e separadas entre si por um filme de água, à medida que a
secagem progride e água é removida, a separação interparticular decresce, o que é
manifestada como contração (CALLISTER, 2002).
39
Figura 9 - Vários estágios na remoção de água entre partículas de argila durante um processo de
secagem. (a) corpo molhado; (b) corpo parcialmente seco; (c) corpo complemente seco.
4.1.8 Sinterização
pescoço. Os principais mecanismos de transporte pela matriz são: difusão por volume (5) e
difusão por contorno de grão (6) (LEE e RAINFORTH, 1994).
O efeito final do processo de sinterização dos artefatos cerâmicos pode ser visualizado
comparativamente nas Figura 12 e Figura 13, onde se pode visualizar o aspecto das peças antes
e após a sinterização das peças já esmaltadas.
aquecimento e que a dissociação dos carbonatos, libera CO2 e absorve calor. E necessário
tempo para que as reações se completem e sejam uniformes tanto nas pilhas como em cada
uma das peças cerâmicas (SANTOS, 2001).
Acima dos 700 oC também se desenvolvem as reações químicas da sílica e da alumina
com os elementos fundentes, havendo formação de complexos sílico- aluminatos, que são
responsáveis pela dureza, pela resistência física e química e pela estabilidade da peça
cerâmica (SANTOS, 2001).
Por volta dos 800 oC tem-se, normalmente, máxima dilatação. A essa temperatura,
pode-se estabelecer um patamar de queima, mais ou menos amplo, que engloba um
intervalo de temperaturas até 900 oC/ 950 oC, quando se inicia a retração de sinterização e,
portanto, as transformações mineralógicas. Nas ilitas, a retração ocorre após o pico de
dilatação, por volta dos 800 oC. Tem-se, então, uma retração brusca e rápida, em um intervalo
de temperatura muito curto; muitas vezes, às ilitas estão ligados os carbonatos, que se
dissociam a temperatura mais alta e dão origem a uma expansão, resultando na inflexão
característica, por volta dos 920 oC (SANTOS, 2001).
As argilas cauliníticas apresentam, geralmente, granulometria mais grossa que as
argilas ilíticas, menor plasticidade e devido à elevada quantidade de alumina (Al2O3) e sílica
(SiO2) e são mais refratárias. Por sua vez, as argilas ilíticas devido à presença em maior
quantidade de metais alcalinos e alcalinos terrosos, permitem a redução na temperatura de
queima do processo (SANTOS 2001).
A presença de carbonatos de cálcio (CaCO3) e/ou magnésio (MgCO3),
principalmente na forma de calcita e dolomita, resulta em uma adequada porosidade e reduz
a retração linear do material. Esses carbonatos se decompõem entre 400 oC e 900oC,
liberando dióxido de carbono (CO2), originando os óxidos de cálcio (CaO) e/ou magnésio
(MgO), os quais reagem rapidamente com a alumina e com a sílica, resultando na
formação de novas fases, os silicatos e silico-aluminatos de cálcio e/ou magnésio de
caráter semi-refratário (ALBERS, 2001).
Segundo Facincani (1993), a dissociação do CaCO3 se verifica a mais de 800oC,
enquanto a do MgCO3 a temperaturas mais baixas, próximas aos 600ºC, com notável
absorção de calor. O CaO e o MgO formados tendem a se combinar também com o
ferro presente, formando silicatos duplos de ferro e cálcio. Este fato ocorre quando a
quantidade de CaO é quatro vezes superior a de ferro.
45
5 METODOLOGIA
* M0 * M6
Preparação da Massa * M1 * M7 Formulação das Massas
VFFGFGFGFGFFGFF
Cerâmica (Barbotina) * M2 * M8 Cerâmicas
* M3 *M9 PADRÃO INDÚTRIA
* M4 * M10 EMBLEMÁTICA
* M5
constituições de SiO2, Al2O3, Fe2O3, K2O, TiO2, CaO, MgO, Na2O e resíduo insolúvel,
conforme indicado por Santos (1988) como sendo as determinações usuais.
As matérias-primas tradicionais, bem como os resíduos foram previamente peneirados
em malha ABNT nº 200 (74 µm) e secos em estufa a 110 oC durante 24 horas para realização
dos ensaios relativos a análise química.
5.3 Formulações das massas cerâmicas triaxiais como alternativas para grés sanitário
A formulação cerâmica para grés sanitário utilizada nesta pesquisa foi confeccionada
com base na massa padrão, recomendada por Santos (1992), a qual apresenta a seguinte
composição média: SiO2, 67,9%; Al2O3, 27,9%; Fe2O3, 0,84%; CaO, 0,20%; MgO, 0,10%;
Na2O, 1,49%; K2O, 2,01%. Estes teores foram aplicados ao padrão de formulação de massa
cerâmicas da indústria de louças sanitárias emblemática na presente pesquisa, a qual indicou o
percentual de cada matéria-prima a ser utilizada nas formulações.
Na Tabela 7, encontram-se compilados os percentuais de matérias-primas utilizados
para a elaboração da massa cerâmica de referência sem resíduos de louça sanitária,
determinada como M0 e também das massas com resíduo de louça sanitária substituindo
parcialmente o quartzo nas proporções de 1%, 2%, 3%, 4%, 5%, 6%, 7%, 8%, 9% e 10%, as
quais foram denominadas de M1, M2, M3, M4, M5, M6, M7, M8, M9 e M10
respectivamente, a fim de determinar um percentual apropriado de resíduos que não
comprometa as propriedades recomendadas por norma para a confecção de grés sanitário.
49
Tabela 7 - Percentuais das matérias-primas que foram utilizadas para realização da pesquisa.
Matérias- primas (%)
Massas cerâmicas
Caulim Ball Clay Feldspato Quartzo Resíduo
M0 27,20 14,20 48,00 10,60 0,00
M1 27,20 14,20 48,00 10,49 0,11
M2 27,20 14,20 48,00 10,39 0,21
M3 27,20 14,20 48,00 10,28 0,32
M4 27,20 14,20 48,00 10,18 0,42
M5 27,20 14,20 48,00 10,07 0,53
M6 27,20 14,20 48,00 9,96 0,64
M7 27,20 14,20 48,00 9,86 0,74
M8 27,20 14,20 48,00 9,75 0,85
M9 27,20 14,20 48,00 9,65 0,95
M10 27,20 14,20 48,00 9,54 1,06
Fonte: Tabela do próprio autor, 2012.
Todas as barbotinas das massas com substituição parcial de quartzo por resíduo (M1,
M2, M3, M4, M5, M6, M7, M8, M9 e M10) foram inspecionadas visualmente,
comparativamente entre si e com a barbotina da massa padrão (M0). Como a cor da massa e a
textura.
50
Para a confecção dos corpos de prova foi utilizado o processo de colagem em moldes
de gesso com capacidade para cinco corpos de prova com dimensões de 6,0 x 2,0 x 0,5 cm3,
como ilustrado na Figura 15.
Figura 15 - Molde de gesso utilizado para a confecção dos corpos-de-prova (a); barbotina vertida no
molde de gesso (b); corpos de prova (c) e (d).
(a) (b)
(c) (d)
Fonte: Fotos do próprio autor, 2010.
Através de uma inspeção visual, foram avaliadas as possíveis variações de cor e/ou
tonalidade dos corpos de prova com e sem a substituição parcial do quartzo pelo resíduo de
louça sanitária vitrificada após a sinterização no patamar de queima de 1250 oC.
P Ps
PA(%) u x 100 (4.1)
Pu Pi
onde: PA como a porosidade aparente (%), Pu como sendo o peso do corpo-de-prova úmido
(g), Ps como o peso do corpo de prova seco (g) e Pi o peso do corpo-de-prova imerso (g). Os
resultados do ensaio cerâmico de porosidade aparente foram obtidos de médias aritméticas de
seis determinações, conforme compilado na Tabela 8.
O ensaio de massa específica aparente foi realizado com base na metodologia sugerida
por Santos (1989) e em consonância com a metodologia da norma ABNT/NBR 6220:2011
onde os valores foram determinados pela Equação 4.2.
53
PA
MEA(g/cm³ ) (4.2)
AA
O ensaio de absorção de água foi realizado com base na metodologia preconizada pela
norma ABNT/NBR 15097:2011. Este ensaio teve a sua realização após a etapa pós-
sinterização, onde os corpos de prova foram pesados e, em seguida, submersos em água
destilada por 24 horas, posteriormente foram novamente pesados. Este ensaio determina a
quantidade de água necessária para preencher os poros presentes nos corpos de prova
cerâmicos. O percentual de água é determinado pela Equação 4.3.
P Ps
AA(%) u x 100 (4.3)
Ps
onde: AA é a absorção de água (%); Pu é o peso do corpo de prova úmido (g) e Ps é o peso do
corpos de prova seco (g). Os resultados do ensaio cerâmico de absorção de água foram
obtidos de médias aritméticas de seis determinações, conforme compilado na Tabela 8.
O ensaio de retração linear foi realizado com base na metodologia sugerida por Santos
(1989) e tem como finalidade avaliar a redução das dimensões dos corpos de prova após a
secagem e a sinterização. As dimensões dos corpos de prova foram analisadas com um
paquímetro digital com resolução de 0,05mm. Para a determinação da retração linear de
secagem (RLS) e a retração linear de queima (RLQ) foram utilizados pelas Equações 4.4 e
4.5, respectivamente.
C Cs
RLS (%) i x 100 (4.4)
Ci
54
onde: RLS é a retração linear após secagem (%); Ci é o comprimento inicial do corpos de
prova (cm) e Cs é o comprimento do corpo-de-prova após secagem (cm).
Cs Cq
RLQ(%) x 100 (4.5)
Ci
O ensaio de perda ao fogo foi realizado com base na metodologia sugerida por Santos
(1989) Esse ensaio visa avaliar o percentual de material (água e matéria orgânica) que foi
perdido da amostra durante a etapa de queima, pesando o corpo de prova após secagem da
estufa (PS) e após queima (PQ), conforme equação 4.6.
Ps Pq
PF (%) x 100 (4.6)
Ps
onde: PF é a perda ao fogo (%); Ps é o peso do corpo de prova após secagem em estufa antes
da sinterização (g) e Pq é o peso do corpos de prova queimado (g) . Os resultados dos ensaios
cerâmicos de perda ao fogo foram obtidos de médias aritméticas de seis determinações,
conforme compilado na Tabela 8.
O ensaio para a determinação do módulo de resistência à flexão foi realizado com base
na metodologia da norma ABNT/NBR 13818:1997. Através deste ensaio é determinado o
valor da carga a qual é aplicada ao corpo ensaiado. Os corpos de prova sinterizados foram
submetidos ao ensaio de resistência à flexão de três pontos em prensa universal da marca
SHIMADZU, modelo AG-X (Figura 17). A distância entre os pontos de apoio foi de 50 mm e
carga aplicada de 50 N.
55
3PL
MRF (3.6)
2bh 2
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Como pode ser visualizado na Tabela 9, a análise química apresentou teores de 48,79%
de SiO2 e de 34,16% Al2O3 para o caulim, os quais são teores característicos dos caulins
brasileiros segundo Moraes (2003).
O quartzo apresentou percentuais de composição de 98,52% de SiO2, característico
para este tipo de material (VIEIRA, 2008).
Já a argila ball clay apresentou teor de 63,70% de SiO2, patamar provavelmente
indicativo da presença de argilominerais como: ilita [(K.H) Al2(Si.Al)4O10(OH)2-x H2O] e
caulinita (Al2O3.2 SiO2.2H2O), como também indica a provável presença de quartzo livre. O
teor de 1,79% de Fe2O3 é considerado baixo, o que é desejável para cerâmica branca. O
percentual de 22,56% de Al2O3 ratifica a provável presença dos argilominerais supracitados.
A perda ao fogo dessa amostra foi de 9,52% e caracteriza a presença de água livre adsorvida e
57
200
150
Transmitância (%)
100
50
6.1.2.2 Caulim
240
220
200
180
Transmitância (%)
160
140
120
100
80
60
40
20
0
0 1000 2000 3000 4000 5000
-1
N de ondas (cm )
6.1.2.3 Feldspato
300
250
Transmitância (%)
200
150
100
50
0
0 1000 2000 3000 4000 5000
-1
N de ondas (cm )
6.1.2.4 Quartzo
250
200
100
50
250
200
Transmitância (%)
150
100
50
Os teores dos óxidos contidos nas massas analisadas (Tabela 10) constatam que há
pouca variação de composição dentre todas as massas cerâmicas com resíduo sinterizado
incorporado à formulação, bem como quando comparadas à padrão (M0), como demonstrados
na Tabela 10.
Como já discutido em termos de análise química do resíduo (maior teor de alumina e
menor teor de sílica que o quartzo), observa-se também na composição química das massas
cerâmicas uma leve tendência a redução do teor de sílica e aumento do teor de alumina com o
incremento da porcentagem de resíduo (Tabela 10). Além disso, ressalta-se também uma
discreta tendência de aumento a porcentagem dos óxidos fundentes, principalmente em
termos do Na2O, pautado em 0,14 pontos percentuais.
Destaca-se que, apesar de ressaltados os incrementos em termos de alumina e óxidos
fundentes frente à redução do teor de sílica na porcentagem da composição química da massa,
acredita-se que não são patamares de diferença significativos para geração de possíveis
modificações nos sistemas crus e pós-sinterização do ponto de vista físico, químico e
microestrutural. Assim, acredita-se que o fato da adição do resíduo não alterar de forma
significativa as análises químicas das massas cerâmicas é positivo para conservação das
propriedades do artefato cerâmico com viabilidade tecnológica.
(SANTOS, 1992); bem como em uma massa referente a outro padrão industrial utilizado por
Silva (2008), encontram-se compiladas comparativamente na Tabela 11.
Com base na Tabela 11, é possível confirmar que a massa padrão apresenta sua
composição química dentro das composições recomendadas tanto pela literatura (SANTOS,
1992), como pela indústria (SILVA, 2008), uma vez que pode ser observado que os teores de
óxidos presentes nas três massas são muito próximos.
Tabela 11 - Comparação entre as análises químicas das massas: padrão, industrial e teórica (%
mássico).
Massas SiO2 Al2O3 Fe2O3 TiO2 CaO MgO K2O Na2O
Cerâmicas
Padrão (M0) 64,85 21,39 1,11 0,28 0,22 0,16 4,71 1,81
Industrial
65,14 22,10 1,24 0,33 0,60 0,08 2,20 2,11
(SILVA,
2008)
Teórica
67,90 27,90 0,84 0,38 0,20 0,10 3,31 0,13
(SANTOS,
1992)
Fonte: Tabela do próprio autor, 2012.
Todas as barbotinas das massas com substituição parcial de quartzo por resíduo (M1,
M2, M3, M4, M5, M6, M7, M8, M9 e M10) foram inspecionadas visualmente,
comparativamente entre si e com a barbotina da massa padrão (M0). Foi constatado que todas
obtiveram as mesmas características visuais da barbotina industrial, padrão (M0), como a cor
da massa e a textura.
(a) (b)
(b) (d)
Fonte: Fotos do próprio autor, 2010.
64
Todos os corpos verdes e crus das massas com substituição parcial de quartzo por
resíduo (M1, M2, M3, M4, M5, M6, M7, M8, M9 e M10) foram inspecionados visualmente,
comparativamente entre si e com os corpos verdes e crus da massa padrão (M0), quanto a
resistência para o manuseio em verde e cru, bem como a variação de cor na secagem.
Os corpos cerâmicos verdes M1, M2, M3, M4, M5, M6, M7, M8, M9 e M10
apresentaram resistências semelhantes entre si, de acordo com a sensibilidade operacional,
compatíveis com a necessária para que os corpos pudessem ser manuseados nas operações de
limpeza, acabamento, secagem e queima. Assim sendo, constatou-se que a substituição parcial
do quartzo pelo resíduo sinterizado de cerâmica sanitária, em suas diferentes proporções até
10%, não interferiu na resistência para manuseio do corpo verde e cru.
Na Figura 25, podem ser vistos os aspectos visuais dos corpos-de-prova em cru cujo
quantitativo de corpos de prova para as massas M0, M1, M2, M3, M4, M5, M6, M7, M8, M9
e M10 utilizados nesse ensaio visual, encontram-se compilado na Tabela 12, relativo aos
corpos numerados por coluna, de cima para baixo e, da esquerda para a direita.
Observa-se na Figura 25 que os corpos cerâmicos em cru apresentam cor creme, o que
é positivo, dada a necessidade da cor do material cerâmico após queima ser clara, devido a
65
certas tonalidades de esmalte (SILVA, 2008). Por fim, constata-se que não houve variação de
tonalidade dos corpos cerâmicos em cru após substituição parcial do quartzo pelo resíduo em
até 10% pós-sinterização da cerâmica sanitária.
Todos os corpos após sinterização das massas com substituição parcial de quartzo por
resíduo (M1, M2, M3, M4, M5, M6, M7, M8, M9 e M10) foram inspecionados visualmente,
comparativamente entre si e com os corpos sinterizados relativos à massa padrão (M0) com
relação a possíveis deformações e empenamentos e variação de cor.
66
Constatou-se por inspeção visual que os corpos cerâmicos M0, M1, M2, M3, M4, M5,
M6, M7, M8, M9 e M10, após a etapa de sinterização, não apresentaram trincas,
empenamentos, fissuras, riscos e porosidade em toda a sua superfície, estando todas as massas
qualificadas para a confecção de louças sanitárias de alto padrão de qualidade. Assim sendo,
verificou-se que a substituição parcial do quartzo pelo resíduo sinterizado de cerâmica
sanitária, em suas diferentes proporções, não interferiu em alterações relativas a deformações
e empenamento após sinterização dos corpos cerâmicos.
Percebe-se, através deste ensaio visual, que todos os corpos cerâmicos obtidos após
sinterização, tanto o padrão, como com diferentes substituições parciais do quartzo pelo
resíduo, podem ser utilizados para a confecção de louças sanitárias em termos de variação de
cor após sinterização, como ilustrado na Figura 26.
Na Figura 26 observa-se que todos os corpos cerâmicos sinterizados apresentam cor
creme, estando dentro dos padrões industriais de acordo com Neves (2002), que destaca que
por se tratar de cerâmica branca, as louças sanitárias exigem tonalidades claras de cores após
sinterização. Estes resultados foram confirmados pela análise química, a qual apresentou
teores de óxidos corantes baixos.
Figura 26 – Corpos de prova sinterizados estudados apresentando cor creme e sem variação de
tonalidade em todos os percentuais de substituição parcial do quartzo pelo resíduo (a) e (b).
(a) (b)
Fonte: Fotos do próprio autor, 2011.
67
Os valores adquiridos para a porosidade aparente das massas M0, M1, M2, M3, M4,
M5, M6, M7, M8, M9 e M10, após sinterização na temperatura de 1250 oC, podem ser
visualizados na Figura 27.
Figura 27 - Porosidade aparente em função da substituição parcial do quartzo pelo resíduo de louça
sanitária vitrificada.
Conforme pode ser visto na Figura 27, não foram observadas alterações significativas
nos valores da porosidade em todas as massas com substituição parcial de quartzo pelo
resíduo (M1, M2, M3, M4, M5, M6, M7, M8, M9 e M10), em relação à massa padrão (M0).
Todos os valores de porosidade das massas cerâmicas estão compreendidos em torno de
0,50%. Esse comportamento já era esperado e está intrinsecamente relacionado com a não
alteração significativa da composição química das massas quando da substituição parcial do
quartzo em até 10% pelo resíduo sinterizado de louça sanitária.
Acredita-se que para maiores porcentagens de adição de resíduo, supondo que o poder
refratário da alumina seja maior que a compensação da formação de fase líquida, poderia
haver o aumento da porosidade devido à menor densificação do corpo. Por outro lado, se a
compensação dos óxidos fundentes for capaz de minimizar o fenômeno relacionado ao
aumento da alumina, pode ser que não se tenha redução do parâmetro de porosidade aparente,
necessitando-se de avaliações mais profundas em trabalhos futuros que apliquem maiores
teores de adição de resíduo de cerâmica sanitária sinterizada.
68
Os valores adquiridos para a absorção de água das massas M0, M1, M2, M3, M4, M5,
M6, M7, M8, M9 e M10, com substituição parcial de 0 a 10% de quartzo pelo resíduo de
louça sanitária vitrificada, encontram-se expostos na Figura 28.
Figura 28 - Absorção de água em função da substituição parcial do quartzo pelo resíduo de louça
sanitária vitrificada.
Segundo pode ser observado na Figura 28, não há variação significativa no parâmtro
absorção de água quando da substituição parcial do quartzo pelo resíduo em todas as
porcentagens analisadas, comparativamente ao padrão M0. Esse comportamento já era
esperado e está intrinsecamente relacionado com a não alteração significativa da composição
química das massas quando da substituição parcial do quartzo em até 10% pelo resíduo
sinterizado de louça sanitária.
Com base no parâmetro de absorção de água, as massas cerâmicas com resíduos
variando entre 1% e 10%, obtidas à temperatura de sinterização de 1250 oC, podem ser
utilizadas para a confecção de louças sanitárias, bem como a massa padrão M0. Essa
afirmação deriva do fato de apresentarem teores de absorção de água compreendidos em torno
de 0,20%, abaixo do valor máximo estabelecido pela norma ABNT/NBR 15097:2011, o qual
é de 0,50%.
Silva (2008) ratifica a necessidade de observar esse patamar crítico, uma vez que
experiências em empresas de louça sanitária mostram que ultrapasssar este percentual pode
causar sérios danos ao produto e conseqüentemente ao cliente, pois a louça sanitária
69
apresentará um alto índice de porosidade e com o passar do tempo o acúmulo de umidade nos
poros causará expansão por umidade. Logo, a autora alerta que por esse motivo é um valor
normatizado pelas empresas deste ramo.
Os valores adquiridos para massa específica aparente para as formulações M0, M1,
M2, M3, M4, M5, M6, M7, M8, M9 e M10, com substituição parcial de 0 a 10% de quartzo
pelo resíduo de louça sanitária vitrificada, podem ser visualizados na Figura 29.
Observa-se na Figura 29 que não ocorreram alterações significativas nos valores da
massa específica aparente para nenhum dos corpos cerâmicos após a adição das porcentagens
de resíduo estudadas, até 10%. Os valores médios obtidos foram de: 2,39g/cm3 para a amostra
M0; 2,38g/cm3 para as amostras M1, M2 e M4; 2,37 g/cm3 para as amostras M5, M6, M7 e
M8; 2,36 g/cm3 para as amostras M3, M9 e M10.
Figura 29 - Massa específica aparente em função da substituição parcial do quartzo pelo resíduo de
louça sanitária vitrificada.
Segundo Melo (2006) o aumento da massa específica aparente dá-se pela formação de
fase líquida, a qual penetra nos poros pré-existentes deixando o material mais denso, assim
sendo, aparentemente não houve essa alteração na formação de fase líquida para os sistema
estudados.
Nas Figura 30 e Figura 31 constam os valores obtidos para a retração linear de secagem
e retração linear de queima, respectivamente, para as massas M0, M1, M2, M3, M4, M5, M6,
M7, M8, M9 e M10.
Figura 30 - Retração linear de secagem em função da substituição parcial do quartzo pelo resíduo de
louça sanitária vitrificada.
Observa-se na Figura 30 que não ocorreram alterações nos valores da retração linear
de secagem para nenhum dos corpos cerâmicos após a adição das porcentagens de resíduo
estudadas, até 10%. O valor máximo obtido foi de 1,71% para a amostra M1 e o valor mínimo
de 1,67% para as amostra M2, M5 e M9; e, a massa padrão (M0) apresentou valor médio de
1,69% de retração linear de secagem.
Esses resultados demonstram que não houve modificações desta propriedade com a
substituição do quartzo pelo resíduo de louça cerâmica. Isso pode estar relacionado com o fato
do resíduo de louça sanitária vitrificada não apresentar plasticidade, tal como o quartzo,
elemento que está sendo parcialmente substituído.
Além disso, Cavalcante (2005) ressalta que a retração linear de secagem é
extremamente dependente da granulometria do material. Como o quartzo e o resíduo foram
71
ambos classificados na peneira ABNT nº 200 (abertura 74 µm), não houve essa interferência
no sistema estudado.
Figura 31 - Retração linear de queima em função da substituição parcial do quartzo pelo resíduo de
louça sanitária vitrificada.
Podem-se visualizar os valores de perda ao fogo para as massas M0, M1, M2, M3,
M4, M5, M6, M7, M8, M9 e M10 na Figura 32, onde é observado que o valor máximo obtido
foi de 5,7% para a amostra M7 e o valor mínimo obtido de 5,9% para a amostra M0. Esses
resultados demonstram que não houve modificações significativas desta propriedade com a
substituição do quartzo pelo resíduo de louça cerâmica vitrificada em até 10%. Esse
comportamento já era esperado e está intrinsecamente relacionado com a não alteração
significativa da composição química das massas quando da substituição parcial do quartzo
pelo resíduo sinterizado de louça sanitária.
Salienta-se, ainda, que os valores obtidos para a perda ao fogo em todas as massas
cerâmicas, estão abaixo do valor máximo de 7,0% estabelecidos pela indústria emblemática.
Acredita-se que para maiores porcentagens de adição de resíduo, esse parâmetro não
fosse vir a ser também significantemente alterado, pois o resíduo não adicionaria matéria
orgânica ao sistema estudado.
Figura 32 – Perda ao fogo em função da substituição parcial do quartzo pelo resíduo de louça sanitária
vitrificada.
A Figura 33 apresenta os valores adquiridos para a tensão máxima das massas M0, M1,
M2, M3, M4, M5, M6, M7, M8, M9 e M10, com substituição parcial de 0 a 10% de quartzo
pelo resíduo de louça sanitária vitrificada. De acordo com Amorim (2007), os artefatos
cerâmicos devem possuir boa resistência mecânica, pois baixas resistências irão dificultar o
processo de transporte e acondicionamento, podendo ocasionar ao corpo cerâmico trincas ou
lascamentos que podem comprometer o desempenho do produto final.
Pode-se observar na Figura 33 que não foram obtidos variações significativas da tensão
máxima de ruptura à flexão de três pontos, tanto comparativamente dentre todas as massas
com substituições parciais de quartzo pelo resíduo de louça sanitária vitrificada, como as
comparando com a massa padrão. O valor médio máximo obtido foi de 55 MPa para a
amostra M0 e o valor médio mínimo de 46 MPa para a amostra M7. Esse comportamento já
era esperado e está intrinsecamente relacionado com a não alteração significativa da
composição química das massas quando da substituição parcial do quartzo pelo resíduo
sinterizado de louça sanitária.
Figura 33- Tensão máxima em função da substituição parcial do quartzo pelo resíduo de louça
sanitária vitrificada.
Com relação ao primeiro fenômeno, acredita-se que a alumina, por ser um óxido mais
refratário que a sílica, poderá reduzir a resistência mecânica pela maior formação de mulita,
comportamento típico dos cerâmicos sílico-aluminosos. Já o segundo fenômeno está
relacionado também com a presença da alumina, uma vez que esta pode promover uma
melhoria acentuada das características mecânicas, pois é capaz de reduzir as tensões residuais
presentes no corpo queimado provocados pela transformação do quartzo-α em quartzo-β
durante a queima da peça (STUDART et al., 1996). Por fim, a maior quantidade de óxido
fundente, poderá ter influência no aumento da densificação do corpo cerâmico.
Vale salientar que os fenômenos ocorrem simultaneamente e não isoladamente como
abordado somente com fins de avaliar os possíveis comportamentos e influências no sistema
quando da adição do resíduo. O equilíbrio e a priorização de um fenômeno em relação a outro
dependerá da temperatura de queima, granulometria, percentuais de resíduo adicionados que
irão influenciar na composição química final da massa, entre outros parâmetros.
Salienta-se, ainda, que os valores obtidos para a resistência máxima em todas as
massas cerâmicas, estão acima do valor mínimo de 30 MPa estabelecidos por Cavalcante
(2008) para placas cerâmicas do tipo grés. Assim, todas as massas estão qualificadas para a
confecção de louças sanitárias de alto padrão de qualidade. Ressalta-se que esse parâmetro foi
baseado em Cavalcante (2008) porque não foi localizado um valor mínimo para
comportamento mecânico de louça sanitária nas ABNT/NBR 6220:2011 e ABNT/NBR
15097:2011.
Figura 34 - Micrografia do corpo-de-prova M0. Figura 35 - Micrografia do corpo-de-prova M1. Figura 36 - Micrografia do corpo-de-prova M2.
Fonte: Figura do próprio autor, 2012. Fonte: Figura do próprio autor, 2012. Fonte: Figura do próprio autor, 2012.
Figura 37 - Micrografia do corpo-de-prova M3. Figura 38 - Micrografia do corpo-de-prova M4. Figura 39 - Micrografia do corpo-de-prova M5.
Fonte: Figura do próprio autor, 2012. Fonte: Figura do próprio autor, 2012. Fonte: Figura do próprio autor, 2012.
77
Figura 40 - Micrografia do corpo-de-prova M6. Figura 41 - Micrografia do corpo-de-prova M7. Figura 42 - Micrografia do corpo-de-prova M8.
Fonte: Figura do próprio autor, 2012. Fonte: Figura do próprio autor, 2012. Fonte: Figura do próprio autor, 2012.
Fonte: Figura do próprio autor, 2012. Fonte: Figura do próprio autor, 2012.
78
7 CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
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GUERRA, I.; VIVAR, I.; LLAMAS, B.; JUAN, A.; MORAN, J. Uso de areia de
fundição como matéria-prima para a produção de cerâmicas brancas triaxiais.
Cerâmica Industrial, v.15, n.4, p. 42–46, 2010.
GUERRA, I. (et al). Eco-efficient concretes: The effects of using recycled ceramic
material from sanitary installations on the mechanical properties of concrete. Waste
Manegement, v.29, p. 643–646, 2009.
LAMA, E.A.del; KIHARA, Y.; KRIEGER, S. Biocerâmica. São Paulo: USP, 2003.
REED, J. S. Principies of ceramic processing. 2. ed. Canadá: John Wiley & Sons Inc,
1995.
VIEIRA, C.M.F. (et al). Substituição de areia de quartzo por finos de gnaisse em
massa cerâmica para telhas: Teste industrial. São Paulo, n. 54, p. 480-486, mar,
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XAVIER, G.C. (et al). Estudy of alteration red ceramic bodies incorporation
with granite waste though the wetting-dryings cycles. In: Sixth International
Latin-American Conference on Powder Technology, 2007, Búzios – RJ: Anais, 2007, p.
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