Edward Albee - A Morte de Bessie Smith
Edward Albee - A Morte de Bessie Smith
Edward Albee - A Morte de Bessie Smith
Cena 1
Um canto num bar. BERNIE sentado numa mesa, uma cerveja a sua frente, um copo.
JACK entra, cuidadosamente, traz uma cerveja na mão; não vê BERNIE.
JACK Hm?
JACK Pô... claro... poxa não acredito. (Vai para a mesa e se senta) Bernie. Nossa,
como ta quente. E aí, cara, como você ta?
BERNIE Na estrada, hem? Cara, você é a última pessoa que eu esperava ver entrando
por aquela porta; mundo pequeno, hãn?
JACK É; é.
BERNIE (Rindo) Pro Norte! Pro Norte? Lugar grande, o Norte, hem cara: O Norte.
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A Morte de Bessie Smith (fragmentos) – Edward Albee tradução Alexandre Tenório
BERNIE (Após uma pausa; rindo de novo) Então, pra onde, cara? Norte, onde?
BERNIE Nova Iorque, hã? Então. Pra que que você ta indo pra lá?
JACK (Tímido de novo) Hã... bom... Tenho umas coisas pra fazer lá. E você, cara,
tem feito o que?
BERNIE (Percebendo) E aí, então, que bacana. Ei! Quer uma cerveja? Você quer
outra cerveja?
BERNIE (Levantando-se da mesa) Quer sim. Com esse calor? Só tomando uma ou
duas, pra refrescar.
BERNIE (Com uma nota de um dólar na mão; vai saindo) Vou pegar duas pra gente.
Nova Iorque, hem? Vai me contar, Jack? Hãm?
JACK Ah, você não vai acreditar, cara; não vai acreditar.
Cena 2
Parte externa de uma varanda, uma porta com tela; alguns móveis bem maltratados pelo
tempo. O PAI da ENFERMEIRA sentado na varanda com uma bengala ao lado de sua
cadeira. Música tocando em alto volume numa vitrola dentro da casa.
PAI (A música está muito alta; ele agarra o braço da cadeira; por fim) Pára!
Pára! Pára! Pára!
PAI PÁRA!
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A Morte de Bessie Smith (fragmentos) – Edward Albee tradução Alexandre Tenório
ENFERMEIRA (Aparece, vestida para ir trabalhar) Não dá pra ouvir; o que você
quer?
PAI Desliga!
PAI Eu disse que estou com dor de cabeça; você toca essas merdas desses discos
o tempo todo; minha cabeça parece que vai explodir; você toca esses discos
a todo volume... eu com essa dor de cabeça...
PAI Não!
ENFERMEIRA (Exageradamente paciente) Tudo bem, então não vou pegar suas
pílulas.
PAI (Após uma pausa; calmamente, petulante) Você toca essas merdas desses
discos o tempo todo...
ENFERMEIRA (Impaciente) Desculpe, papai; eu não sabia que você estava com dor
de cabeça.
ENFERMEIRA Não estou discutindo; eu não quero discutir; ta calor demais pra se
discutir. (Pausa; depois, calmamente) Não sei porque não se pode tocar uns
discos uma vez ou outra sem que...
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A Morte de Bessie Smith (fragmentos) – Edward Albee tradução Alexandre Tenório
ENFERMEIRA (Depois de uma pausa) Pelo jeito você não vai me levar ao trabalho.
Com essa sua dor de cabeça, acho que não vai querer me levar ao hospital
PAI Não.
PAI Vou.
ENFERMEIRA É; era o que eu achava. Que que você vai fazer, pai? Vai ficar
sentado a tarde inteira aqui na varanda, com sua dor de cabeça, tomando
conta do carro? Vai ficar a tarde inteira tomando conta dele? Sentado aqui
com a espingarda na mão pra não deixar os passarinhos cagarem nele... ou
sei lá?
PAI Vou!
ENFERMEIRA Sei; claro. Você vai pro Clube dos Democratas, vai ficar lá sentado
com aqueles folgados? Vai passar a tarde dando uma de político? Hã?
ENFERMEIRA Você vai ficar lá com aquele bando de vagabundos... fumando seu
charuto caríssimo, que você nunca fuma, porque não tem dinheiro pra
comprar, que nem eu tenho dinheiro pra comprar, pra ser mais clara... da
mesma marca que Sua Excelência, o prefeito, fuma... vai fica lá sentado
contando vantagem, como você é amigo do prefeito...vai ficar lá se gabando
de ser mais do que é, o que não é grande coisa...
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A Morte de Bessie Smith (fragmentos) – Edward Albee tradução Alexandre Tenório
ENFERMEIRA (Mais rápido) É pra isso que você vai precisar do carro, pai, e eu vou
ter que pegar aquele maldito ônibus, quente e fedido pra ir pro hospital?
PAI Já disse pra calar a boca! (Pausa) Já to de saco cheio de aturar você aí
achincalhando minha amizade com o prefeito.
ENFERMEIRA Olha, eu vou lhe dizer o que que eu vou fazer: Já que agora temos a
honra de ter sua Excelência, o prefeito, como paciente... assim que eu chegar
no hospital... caso eu consiga chegar, claro, naquela bosta daquele ônibus...
vou fazer uma visita a ele, e vou perguntar sobre sua amizade com ele; vou
só...
ENFERMEIRA Ah, mas vocês não são tão amigos. Olha, tive uma boa idéia, você
podia me levar pro hospital e aproveitava pra fazer uma visita ao seu grande
amigo, o prefeito. Então, essa não é uma boa idéia?
PAI É? É?
(Ele pega a bengala, começa a bater com ela no chão várias vezes. Este
gesto, que começa como um sintoma de raiva, vai se tornando cada vez mais
fraco, até se transformar numa ação débil e patética e por fim cessa; a
ENFERMEIRA fica olhando, parada)
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A Morte de Bessie Smith (fragmentos) – Edward Albee tradução Alexandre Tenório
PAI Se você fosse... como é que você chama... se você fosse enfermeira de
setor... se você fosse, você daria mais atenção a seus pacientes do que dá a
mim.
ENFERMEIRA Pai, você é o que hem? Que que você é? É doente ou não? Um... um
pobre aleijado, ou assim que eu sair pro trabalho, vai se levantar, pegar o
carro e ir lá pro Clube dos Democráticos, ficar lá com aquele bando de
vagabundos? Dá pra se decidir, pai? O que não dá é pra ser tudo ao mesmo
tempo.
PAI (Com sarcasmo) Por que não pede ao seu namorado pra levar você pro
trabalho?
PAI Por que não pede a ele pra vir buscar você, hã?
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A Morte de Bessie Smith (fragmentos) – Edward Albee tradução Alexandre Tenório
PAI Ou será que ele só quer é trazer você pra casa de noite... quando já ta
escurinho; quando já ta bem escuro e dá pra fazer sacanagem dentro do carro
dele? Será por isso? Por que você não traz ele aqui quando ta claro pra eu
poder ver ele; por que um dia desses você não traz ele aqui pra eu dar uma
boa olhada nele?
ENFERMEIRA (Com raiva) Bom, pai... (Um gesto rápido mostrando o ambiente em
volta) talvez por que eu não queira que ele veja o...
PAI Eu escuto vocês; escuto vocês de noite; escuto você dando risada e se
divertindo aí fora no carro dele; eu escuto vocês!
ENFERMEIRA (Falando alto para cobrir o som da voz dele) To indo, pai.
(Luzes caem)
Cena 7
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A Morte de Bessie Smith (fragmentos) – Edward Albee tradução Alexandre Tenório
Cena 8
(Música cai)
(O SERVENTE entra)
Podia ter morrido esperando esse cigarro. Que que foi... ficou sentado
um tempo, lá em baixo descansando os pezinhos... foi?
ENFERMEIRA Antes disso! Onde você foi... na fábrica dos cigarros? Deu um pulo
rápido até Winston-Salem pra comprar eles na fábrica?
ENFERMEIRA Deixa pra lá. (Para o RESIDENTE) Onde? Onde você tava querendo
ir?
ENFERMEIRA Perguntei... onde é que você tava querendo ir? Tomar um café?
RESIDENTE É isso o que você quer? Agora que conseguiu o cigarro, bateu a
vontade de tomar um café também? Agora que ele voltou de uma tarefa, quer
me mandar fazer outra?
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A Morte de Bessie Smith (fragmentos) – Edward Albee tradução Alexandre Tenório
ENFERMEIRA (Com um sorriso maldoso) É... acho que seria legal... manter vocês
dois ocupados. Eu gostaria sim de um café, e gostaria que você fosse lá
pegar um pra mim. Então, por que não dá um pulo lá no hall e me traz um
café? Mas quero fresco e quente... e forte...
RESIDENTE (Vai quase até a porta, no fundo, pára) Sabe, acabei de pensar uma
coisa tão bacana... que talvez quando você esteja aí na sua mesa abrindo a
correspondência com esse estilete que você usa pra abrir as cartas, que de
repente você corte seu braço sem querer... e aí você vai correndo pra
emergência... numa hora que eu esteja lá e aí você entra correndo, o sangue
jorrando do seu braço como de uma torneira... e eu pego no seu braço... pego
nele... só pego nele... e fico olhando jorrar... eu só pego no seu braço e fico
olhando o sangue jorrar...
ENFERMEIRA (Pega o estilete... fica segurando-o) Esse aqui? Mais provável ele
entrar nas suas costelas!
ENFERMEIRA (Meio para si mesma) Aposto que não. Deixe ele comigo... falando
assim comigo... ele vai sentir o meu chicote. Não perde por esperar. (Agora
para o SERVENTE) Meu pai diz que o Francisco Franco vai ganhar aquela
guerra... que ele vai ganhar... e que vai ser maravilhoso.
SERVENTE É mesmo?
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A Morte de Bessie Smith (fragmentos) – Edward Albee tradução Alexandre Tenório
ENFERMEIRA É o que ele diz. Meu pai diz que Francisco Franco ta com todos eles
no bolso, que eles são um bando de radicais, sei lá, e que vai ser ótimo...
maravilhoso.
ENFERMEIRA Eu disse a você que meu pai é... historiador, então ele não é qualquer
um. A opinião dele vale alguma coisa. Ainda vale alguma coisa. Ele diz que
quem quiser ir pra lá se meter naquele rolo tem que saber no que vai dar...
seja lá o que for.
ENFERMEIRA O que?
SERVENTE Eu disse... eu disse... que com certeza seu pai é um homem bem
informado, e... a opinião dele deve ser respeitada.
ENFERMEIRA É isso aí, garoto... você chega e diz o que acha que as pessoas querem
ouvir... você é como os dois lados de uma moeda. Você ouviu... ouviu ele
me ameaçando? Ouviu?
ENFERMEIRA Pr’um rapaz tão esperto... você ta sendo tão burro. Não sei o que
fazer com você. (Ela agora está pensando no RESIDENTE e sua expressão
revela isso) Você se recusa a entender as coisas e isso é um péssimo sinal...
péssimo. Ainda mais levando-se em conta que é tudo planejado...
ENFERMEIRA (Com uma grande risada, sem achar graça. Quase perdendo o
controle) Como assim, você não sabe? Não sabe que eu e você estamos
praticamente noivos?
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A Morte de Bessie Smith (fragmentos) – Edward Albee tradução Alexandre Tenório
ENFERMEIRA Sério? (Sua voz treme) Sério... que não ta me entendendo? Por que?
Qual o problema, garoto, ainda não sacou o lance?
SERVENTE (Contido mas com raiva) Achava que você já estivesse cheia de fazer
pouco mim. Realmente achava...
ENFERMEIRA Você vá agora até o quarto 206... suba lá agora e diga ao prefeito que
assim que o cu dele estiver melhor ele já tem um casamento pra fazer.
ENFERMEIRA Ah, não me diga, vou mesmo? Olha vou te dizer uma coisa... Eu to é
de saco cheio! Saco cheio. To de saco cheio desse mundo quente, burro e
cheio de moscas. To de saco cheio da disparidade das coisas do jeito que elas
são, e do jeito que deviam ser! To de saco cheio dessa mesa... desse
uniforme... que pinica... To de saco cheio de ter que olhar pra você... só
pensar que você existe me dá... coceira... to de saco cheio dele.
(Calmamente: cantando) To de saco cheio de falar pelo telefone desse
maldito hospital... de saco cheio desse cheiro de desinfetante... me dá
vontade de morrer... to de saco cheio de dormir a noite e de acordar no dia
seguinte... de saco cheio... saco cheio da verdade... e de saco cheio de mentir
sobre a verdade... saco cheio de mim mesma... EU QUERO SALTAR
FORA!
SERVENTE (Depois de uma pequena pausa) Por que você não vai lá pra
emergência... e se deita um pouco? (Chega perto dela)
ENFERMEIRA Que negócio é esse de entrar disparado assim? Que que há com você?
(Para o SERVENTE) Vai lá ver qual o problema dele.
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A Morte de Bessie Smith (fragmentos) – Edward Albee tradução Alexandre Tenório
SERVENTE (Recuando) Você não pode entrar aqui desse jeito... batendo a porta...
não sabe se comportar?
ENFERMEIRA Escuta aqui, seu preto... presta bem atenção... (Faz uma pausa e fala
a palavra distintamente mas sem nenhuma ênfase especial) ... isso aqui é um
hospital particular conveniado...
SERVENTE (No momento em que o RESIDENTE volta com dois copos de café)
Anda, agora vamos embora... vamos embora.
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A Morte de Bessie Smith (fragmentos) – Edward Albee tradução Alexandre Tenório
RESIDENTE (Suave e triste) Meu amor... você vai me por de castigo? Vai mandar
o Prefeito me botar pra fora com um pontapé na bunda? Ou vai pedir minha
extradição ao governo federal? Diz pra mim, meu amor... o que que você vai
fazer, hem?
RESIDENTE Bom, meu amor, alguma coisa eu sei que você vai fazer... é melhor
aproveitar a chance então.
Eu to avisando! Eu vou acabar com vocês. Se saírem por essa porta... não
precisa nem voltar.
(JACK vai para uma área vazia perto do banco à direita. A ENFERMEIRA
acende um cigarro)
Falei que eu ia acabar com vocês... E vou sim. (Agora para JACK) Acho que
eu disse que esse aqui é um hospital de branco.
ENFERMEIRA (Atenta à porta) Parece que você não tem juízo pra fazer o que te
mandam... quer é criar problema pra si mesmo... problema pros outros.
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A Morte de Bessie Smith (fragmentos) – Edward Albee tradução Alexandre Tenório
tava indo muito rápido... acho que a gente nem tava correndo... a gente tava
com pressa, sim... e a gente tinha bebido... a gente tinha bebido... mas não
acho que a gente tava correndo... não tava correndo muito...
ENFERMEIRA (Suas falas agora são comentários tranqüilos sobre as falas dele)
...dirigiam bêbados... dia claro ainda...
JACK ...mas aí apareceu um carro... eu nem vi... ele não me viu... numa estrada
transversal... de repente, rápido, direto... (Fica rígido) ...PAF! (Relaxa) ... e a
gente não saiu... nenhum dos dois... os dois carros ficaram, na estrada...
parados... meu motor funcionando... eu desliguei... a porta... a porta da
direita toda amassada... foi só isso que aconteceu... e agente tava na estrada...
dando risada... a viagem tava tão boa, mas tava quente... ela tava com o
braço pra fora da janela...
JACK ...e eu disse... eu disse, meu anjo, a gente bateu... você ta bem? (Seu rosto se
contorce) Eu olhei... a porta tinha entrado... ela tava presa ali... onde a porta
tinha entrado... o lado direito dela, todo machucado pela porta, a porta entrou
no lado direito dela. BESSIE! BESSIE!... (Mais para a ENFERMEIRA) mas
senhora... o braço dela... o braço dela... o braço direito dela... tinha sido
arrancado... arrancado quase na altura do ombro dela... e tudo cheio de
sangue... ELA TAVA SANGRANDO TANTO...!
JACK Eu não esperei... por ninguém... o outro carro... eu liguei o meu... liguei...
ENFERMEIRA Uma hora dessas a polícia deve estar atrás de vocês... sabia?
JACK Sei sim senhora... deve estar sim... mas eu fui... tinha um hospital uns três
quilômetros pra frente...
JACK No outro hospital... eu fui até a recepção e disse o que tinha acontecido...
eles disseram, senta aí e aguarde... você vai ter que aguardar. ESPERE! Era
um hospital de branco, senhora...
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A Morte de Bessie Smith (fragmentos) – Edward Albee tradução Alexandre Tenório
ENFERMEIRA (Amortecida, distante) Eu sei quem ela é... já ouvi ela cantar.
(Abruptamente) Diga seu nome! Você não pode deixar o local do acidente
assim... Eu vou ligar pra polícia; vou dizer a eles onde você está!
ENFERMEIRA Ele deixou o local do acidente... ele foi embora... e não veio direto
pra cá... ele já esteve num outro hospital. Eu avisei pra vocês não se
meterem nessa...
JACK Também quer saber meu nome... é isso o que você quer?
RESIDENTE Não, não é isso o que eu quero. (Ele está controlado mas há uma
emoção violenta dentro dele) Me diz uma coisa. Quando trouxe ela pra cá...
RESIDENTE Tudo bem. Quando trouxe ela pra cá... quando trouxe essa mulher
pra cá...
ENFERMEIRA Ah, mas ela não é uma qualquer... não é uma cantora qualquer... é
Bessie Smith!
RESIDENTE Quando trouxe essa mulher pra cá... quando trouxe ela pra cá...
VOCÊ SABIA QUE ELA JÁ TAVA MORTA?
(Pausa)
ENFERMEIRA Morta!... esse preto trouxe uma mulher morta pra cá?
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A Morte de Bessie Smith (fragmentos) – Edward Albee tradução Alexandre Tenório
JACK (Cansado; vira-se e se dirige para a porta) Sabia... Eu sabia que ela tava
morta. Ela morreu no caminho até aqui.
ENFERMEIRA (Rapidamente) Aonde você vai? Onde você pensa que vai? Vou
chamar a polícia pra vir pegar você!
(JACK faz uma pausa, olha para ele sem expressão, e fecha a porta atrás de
si)
RESIDENTE (Indo em direção a ela) Pára com isso! Pára com isso!
(Mas ela não consegue. Por fim ele dá-lhe um tapa. Silêncio. Ela congela,
com a mão sobre a face que ele bateu. Ele vai para a porta)
SERVENTE (De costas para a parede) Nunca vi uma coisa dessas... trazer uma
mulher assim... às vezes não sei o que que as pessoas têm na cabeça...
Cai o pano.
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