Código/Designação Da Unidade: 9638 / Processos de Comunicação Com Crianças e Jovens
Código/Designação Da Unidade: 9638 / Processos de Comunicação Com Crianças e Jovens
Código/Designação Da Unidade: 9638 / Processos de Comunicação Com Crianças e Jovens
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Objetivo Geral.......................................................................................................................4
Objetivos Específicos.............................................................................................................4
Conteúdos Programáticos.....................................................................................................4
Introdução.............................................................................................................................6
1. Comunicação – definição e conceitos...........................................................................7
1.1 Dinâmica do ato comunicativo....................................................................................7
1.2 Elementos do processo de comunicação.................................................................9
2. tIPOS E FORMAS DE COMUNICAÇÃO..........................................................................12
2.1 Comunicação verbal..................................................................................................12
2.2 Comunicação não-verbal........................................................................................14
A comunicação corporal..............................................................................................15
3. Comunicação e linguagem..........................................................................................19
3.1. Importância da linguagem...................................................................................19
3.2 A linguagem como veículo de comunicação.............................................................21
3.3 Estimulação do desenvolvimento da linguagem e da comunicação........................21
3.4 Componentes da linguagem.....................................................................................23
3.4.1. Função, forma e significado..............................................................................25
3.5. Contextos da comunicação......................................................................................28
4. Comunicação na criança e jovem................................................................................30
4.1 Na interação com os pares........................................................................................30
4.2 Na interação adulto/criança......................................................................................31
4.3. Na interação pais/filhos e a importância do desenvolvimento parental na
comunicação...................................................................................................................32
4.4. Nos grupos de referência.........................................................................................35
5. competências para uma comunicação eficaz e barreiras à comunicação..................37
5.1 Assertividade.............................................................................................................37
5.2. Excuta ativa..............................................................................................................38
5.3. Auto imagem............................................................................................................39
5.4. Clareza e expressão..................................................................................................39
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5.5. Transparência na comunicação................................................................................40
5.6. Compreensão da mensagem....................................................................................40
5.7. Saber lidar com as emoções.....................................................................................41
6. Comunicação e o grupo...............................................................................................43
7. Novas tecnologias de informaçao e comunicação......................................................45
Conclusão............................................................................................................................47
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OBJETIVO GERAL
A unidade de formação visa desenvolver nos formandos:
Conhecimentos de suporte ao acompanhamento de crianças e jovens.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Enunciar os principais conceitos, tipos e formas de comunicação.
Reconhecer a importância da linguagem nos processos de comunicação.
Reconhecer a prática pedagógica como processo de comunicação com crianças
e jovens.
Identificar as principais competências para uma comunicação eficaz com
crianças e jovens.
CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS
Comunicação – definição e conceitos
o Dinâmica e ato comunicativo
o Elementos do processo de comunicação
Tipos e formas de comunicação
o Comunicação verbal
o Comunicação não-verbal
Comunicação e linguagem
o Importância da linguagem
o A linguagem como veículo de comunicação
o Estimulação do desenvolvimento da linguagem e da comunicação
o Componentes da linguagem
Função, forma e significado
o Contextos da comunicação
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Comunicação na criança e no jovem
o Na interação com os pares
o Na interação adulto/criança
o Na relação pais/filhos e a importância do envolvimento parental na
comunicação
o Nos grupos de referência
Competências para uma comunicação eficaz e barreiras à comunicação
o Assertividade
o Escuta ativa
o Auto imagem
o Clareza de expressão
o Transparência na comunicação
o Compreensão da mensagem
o Saber lidar com as emoções
Comunicação e grupo
Novas tecnologias de informação e comunicação (TIC)
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INTRODUÇÃO
Todos nós precisamos de nos fazer entender e entendermos os outros, e foi
através desta necessidade que ganhámos o principal fator de vantagem evolutiva. Ao
desenvolver a linguagem seja ela não-verbal ou verbal, a nossa espécie permitiu-nos
primitivamente dar a conhecer os perigos que o mundo oferecia e dessa forma alertar a
restante prole para o seu efeito, e de forma mais evoluída, a criação de grandes ideias
inovadoras que permitem atualmente o conforto de todos os cidadãos.
A comunicação na sua definição consiste num processo que envolve troca de
informação e utiliza sistemas simbólicos como suporte para este fim. Comunicar é parte
da vida sendo através deste processo tão natural que partilhamos o que somos e a forma
como gostaríamos de vir a ser. A comunicação surge no berço e é fruto da educação, e é
por meio dela, que desenvolvemos maior ou menor capacidade de realizar uma ligação
que atende plenamente às necessidades humanas e assim promover uma interação de
qualidade com os semelhantes. Tanto em família como em negócio, não dar importância
à comunicação significa perder oportunidades de construção de um bom
relacionamento. E como se sabe, todos somos seres humanos e, por conseguinte, seres
relacionais, logo precisamos de garantir que conseguimos relacionar-nos de forma
positiva e útil.
Na nossa vida pessoal, a comunicação constitui-se como um fator de extrema
importância para que possamos transmitir informações, factos, ideias, desejos, etc,
tornando-se evidente que quem não comunica eficazmente, acaba por ficar fora do
círculo que nos permite sentir parte integrante. No mundo empresarial não é diferente,
pois as informações produzidas e transmitidas causam impactos na vida dos funcionários,
cujas consequências se fazem sentir de variadas maneiras (desde a mais positiva à mais
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negativa) e por isso é tão importante conseguir-se realizar uma comunicação eficiente e
eficaz.
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1. COMUNICAÇÃO – DEFINIÇÃO E CONCEITOS
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próprio, de acordo com o número de pessoas em presença. Observando o esquema
abaixo, podemos compreender as diferentes versões do eu:
o que eu
acredito ser o que os
outros
o que na gostariam
realidade sou que eu fosse
o que
suponho que EU o que
querem que
pensam que
sou SOU eu seja
o que eu
gostaria que
acreditassem o que
pensam que
que sou o que eu me considero
creio que os ser
outros
gostariam
que fosse
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ação e reação recíprocas entre pessoas, que se manifesta através da linguagem verbal ou
não-verbal. Sempre que à interação se alia a interrelação – capacidade de estabelecer
elos afetivos – surge a comunicação: INTERAÇÃO + INTER-RELAÇÃO = COMUNICAÇÃO.
Um aspeto fundamental da comunicação é o reconhecimento da impossibilidade
de não comunicar. O individuo que afirma que não comunica porque não fala,
apresentando-se aparentemente passivo perante um determinado episódio
comunicacional está, de facto, e mesmo contra a sua vontade, a comunicar. A inatividade
ou o silêncio possuem um valor de mensagem, por implicarem atitudes valorativas em
relação aos outros. Para além disto, toda a comunicação implica e define uma relação
que, por sua vez, implica sempre comportamento. O comportamento é sempre
indissociável da comunicação, constituindo, ele próprio, uma forma de comunicar.
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Aquele que emite ou transmite a
mensagem; é o ponto de partida de
qualquer mensagem. Deve ser capaz de
EMISSOR perceber quando e como entra em
comunicação com o(s) outro(s). Deve ser
capaz de transmitir uma mensagem
compreensível para o recetor.
Aquele para o qual se dirige a mensagem.
RECETOR Deve estar sintonizado com o emissor
para entender a sua mensagem.
MENSAGEM É o conteúdo da comunicação. É o
conjunto de sinais com significado.
É todo o suporte que serve de veículo a
uma mensagem, sendo o mais comum o
CANAL ar. Existem muitos outros canais, como
por exemplo a carta, o livro, o cartaz, o
telefone, a rádio, a televisão, etc.
São sinais com certas regras, que todos
CÓDIGO entendem, como por exemplo, a língua. O
emissor codifica a mensagem e o recetor
interpreta a mensagem, descodificando-a.
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FEEDBACK
CODIFICAÇÃO DESCODIFICAÇÃO
CANAL
OBJETIVO
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2. TIPOS E FORMAS DE COMUNICAÇÃO
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Através da comunicação verbal oral, os indivíduos de um mesmo grupo linguístico
criam diversas representações do mundo, interagem, comunicam, trocam experiencias e
procuram soluções para os seus problemas.
2. Função apelativa
Orientada para o destinatário, encontra a sua manifestação mais pura no vocativo e no
imperativo. As fases imperativas, ao contrário das declarativas, não podem ser
submetidas a uma prova de verdade, nem transformadas em frases interrogativas.
3. Função referencial
Também chamada denotativas ou cognitiva, orientada para o referente, para o contexto.
4. Função fática
É predominante nas mensagens que têm por finalidade estabelecer, prolongar ou
interromper a comunicação, verificar se o circuito funciona, fixar a atenção do
interlocutor.
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5. Função metalinguística
Ocorre quando o emissor e/ou recetor julgam necessário averiguar se ambos utilizam na
verdade o mesmo código. Quando o discurso está centrado no código, desempenha uma
função metalinguística. Esta função representa um instrumento importante nas
investigações logicas, mas o seu papel é também relevante na linguagem quotidiana.
6. Função poética
Centrada sobre a própria mensagem. Esta função não constitui a função exclusiva do
conjunto de textos que Jakobson designa por “arte da linguagem”, trata-se apenas da sua
função dominante. A função poética pode, contudo, desempenhar um papel secundário,
embora muito importante, em mensagens cuja função dominante seja uma das outras
funções (publicidade, propaganda política), em que a função dominante é a função
apelativa.
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1. Tratar das informações sobre o orador e a sua situação, através dos quais o(s)
recetor(es) ficam a conhecer a sua identidade, emoções, atitudes, etc.
2. Gerir a interação que o codificador quer ter com o outro. Ao usar certos gestos,
posições e tom de voz, o emissor pode tentar dominar os interlocutores, ser
conciliador em relação a eles ou desligar-se deles.
Códigos representativos – são usados para produzir mensagens com uma existência
independente. Um texto representa algo independente de si mesmo e do seu
codificador, sendo composto por símbolos. A linguagem verbal ou a fotografia são
exemplos de códigos representativos.
A comunicação corporal
A comunicação corporal assume papel de relevo no ato de comunicar: cerca de
65% das mensagens que se emitem e recebem ao longo do dia são não verbais. O corpo
humano é o principal transmissor de códigos apresentativos, tendo Argyle feito uma lista
de dez desses códigos:
1. Contato físico
Quem tocamos, onde e quando o fazemos veicula importantes mensagens sobre o
relacionamento. É muito variável entre povos de diferentes culturas;
2. Proximidade
O grau de proximidade com que nos acercamos de alguém pode transmitir uma
mensagem quanto ao relacionamento que temos com essa pessoa. Existem
características que diferenciam significativamente distancias: até um metro é íntimo;
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mais de dois metros e meio é semipúblico. Estas distâncias variam de cultura e de classe
social para classe social;
3. Orientação
O ângulo em que nos colocamos relativamente aos outros é uma forma de emitir
mensagens sobre o relacionamento. Olhar alguém de frente pode ser indicador de
intimidade ou intimidação;
4. Aparência
Este código é dividido em duas partes: os aspetos de controlo voluntário (cabelo,
vestuário, pele) e os menos controláveis (altura, peso). A aparência é utilizada para
enviar mensagens sobre a personalidade e o estatuto social;
5. Movimento da cabeça
Estes têm de ver, principalmente, com a gestão da interação. Um assentimento pode dar
licença para se continuar a falar enquanto movimentos rápidos da cabeça podem
significar desejo de falar;
6. Expressão facial
Esta pode dividir-se em subcódigos de posição das sobrancelhas, formato dos olhos,
formato da boca e tamanho das narinas. Estes elementos, em diferentes combinações,
determinam a expressão do rosto. A expressão facial revela menos variações inter-
culturais do que a maioria dos códigos apresentativos.
7. Gestos
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A mão e o braço são os principais transmissores do gesto, sendo dos pés e cabeça
também importantes. Estão intimamente relacionados com a fala e completam a
comunicação verbal. O gesto intermitente, enfático, para cima e para baixo, indica
frequentemente uma tentativa de domínio, enquanto gestos mais fluidos, contínuos e
circulares indicam o desejo de explicar ou de conquistar simpatia. Para além destes
gestos indiciais existem gestos simbólicos, de que o sinal V é um exemplo.
8. Posturas
As formas como nos sentamos, deitamos ou levantamos, podem comunicar diferentes
significados. Relacionam-se, muitas vezes, com atitudes interpessoais: a amistosidade, a
hostilidade, a superioridade ou a inferioridade podem ser indicadas pela postura. A
postura pode também indicar um estado emocional, nomeadamente, o grau de tensão
ou descontração. A postura é mais difícil de controlar do que a expressão facial, podendo
denunciar-se na postura um estado de ansiedade não visível no rosto.
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Em síntese:
O OLHAR Os olhos sustentam a nossa relação com os outros, denunciando-nos e
denunciando. É com o olhar que aferimos da reação dos interlocutores e eles se
apercebem da autenticidade (ou não) do conteúdo das nossas mensagens.
O ROSTO O franzir da testa, o comprimento dos lábios, o rubor repentino… são
inúmeras manifestações do rosto que representam sinais não verbais perante uma
determinada mensagem.
O GESTO Batemos palmas, esticamos a mão fechada com o polegar para cima,
mandamos parar ou avançar, agradecemos, tudo com um gesto, notavelmente simples
em muitas das circunstâncias, mas extraordinariamente eficaz e claro para o interlocutor.
A POSTURA DO CORPO Encolhemos os ombros, cruzamos os braços, viramos o corpo
no sentido oposto ao interlocutor, debruçamo-nos sobre a mesa ou recostamo-nos na
cadeira quando ouvimos uma determinada mensagem, consoante estamos atentos ou
distraídos, mais ou menos interessados, de acordo ou em desacordo com as mensagens
emitidas.
A APARÊNCIA FÍSICA A forma como vestimos, andamos, cumprimentamos,
despoletam juízos de valor que podem ser percetíveis através de sinais não verbais, de
assentimento ou discordância.
O SORRISO São vários os tipos de sorriso, conforme o classifica Paulo da Trindade
Ferreira, no seu “Guia do Animador na Formação de Adultos”.
Sorriso Alvar Idiota e inoportuno
Sorriso Homérico Exagerado e ruidoso
Sorriso Amarelo Forçado e artificial
Sorriso Esgar Contraído e sem conteúdo
Sorriso Enigmático Indefinido e duvidoso
Sorriso Fingido Esquivo e efémero
Sorriso Espontâneo Livre, autêntico e convincente
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3. COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM
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Organização racional: organização racional na medida em que possui um
conjunto de regras, isto é, com uma determinada sintaxe. São estas regras que,
em resultado de um longo esforço de racionalização, estabelecem as formas de
combinar significativamente os símbolos.
Possibilidade de dar sentido: possibilidade que esta dá de dar
sentido/significado às experiencias, noções e pensamentos de cada um.
Sendo a linguagem definida como uma ferramenta de comunicação do ser humano
para interagir com o mundo e consigo próprio através de símbolos verbais e acústicos, a
sua aquisição é essencial no sentido em que: primeiro permite o estabelecimento da
comunicação entre os familiares/cuidadores e o bebe, para que este possa desenvolver
competências de linguagem e, segundo o estabelecimento da comunicação entre o bebé
e o mundo exterior de modo a que os seus cuidadores possam perceber as suas
necessidades. Deste modo, temos dois pontos muito relacionados com o
desenvolvimento humano, a partir do desenvolvimento da linguagem: a estimulação por
parte do meio e a compreensão das necessidades do bebé pelos seus cuidadores.
Na interação com o ser humano, a linguagem representa um papel fundamental. A
linguagem dá a oportunidade ao individuo de traduzir o que sente estruturar o seu
pensamento e expressar o que já conhece. Os indivíduos que têm transtornos específicos
da linguagem têm mais probabilidades de ter dificuldades na sua vida social, o que pode
gerar problemas emocionais, pois estes indivíduos são menos confiantes na comunicação
e mais ansiosos.
Através da aquisição da linguagem, podemos expressarmo-nos de diversas formas.
Permite-nos expressar pensamentos, emoções, sentimentos entre outros. Coisas que, se
não detivéssemos esta capacidade de desenvolver palavras e frases, não seríamos
capazes de exprimir. Tal como Davidson disse: “falar é expressar pensamento”.
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Conforme vamos aprendendo a desenvolver as diferentes linguagens, vamos
aprendendo a pensar. Sendo assim, podemos concluir que o processo entre o
desenvolvimento do pensamento e da linguagem relaciona-se.
Para além de ser um meio de comunicação entre a sociedade, a linguagem permite
também a transmissão de valores culturais que caracterizam cada sociedade.
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A audição é um sentido que já se encontra desenvolvido antes do nascimento do
bebé, pois este reage aos sons e parece aprender a reconhecê-los. Numa perspetiva
evolutiva, o primeiro reconhecimento de vozes e linguagem ouvidas no útero pode
estabelecer os fundamentos para a relação com a mãe e mesmo bebés com três dias de
vida podem conseguir os novos sons das falas. Em suma, a audição é a chave para o
desenvolvimento da linguagem.
Segundo a hipótese inatista, a aquisição da linguagem, o ser humano nasce com
uma capacidade inata no cérebro para adquirir linguagem. A tarefa da criança será a de
desenvolver a sua faculdade em função do ambiente que a rodeia e não apenas a de
imitar o que ouve, pois se assim fosse a criança numa produziria frases e palavras que
nunca ouviu. Chomsky defende que todas as crianças passam por fases semelhantes da
aquisição da linguagem, independentemente da língua que estão a aprender, no entanto,
isto não significa que todas as crianças passem exatamente pelas mesmas fases. Este
processo de aquisição, uma vez que a criança já possui capacidades inatas para analisar a
estrutura da língua, é um processo rápido e simples, que sucede na fase critica para a
aquisição da linguagem. Este período ocorre nos primeiros anos de vida, sendo que é
importante que haja uma estimulação para que o cérebro possa amadurecer na altura
devida.
Concluindo, podemos dizer que os bebés já nascem predispostos a aprender a
falar, assim, cada criança possui à nascença um conjunto de regras que uma língua pode
ter. a sua tarefa acaba por ser a de observar a forma como é utilizada a língua que é
falada no meio em que ela é inserida.
Será que deve considerar-se o inicio do processo de linguagem quando a criança
começa a balbuciar, ou quando produz uma frase? Esta questão tem levantado algumas
discussões.
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É importante referir que a evolução da criança e o inicio da linguagem acontecem
maioritariamente por volta da mesma altura, sendo que Piaget afirma que o
desenvolvimento intelectual de cada pessoa, desde o nascimento à inteligência passa por
4 estádios de desenvolvimento: sensório-motor (0 aos 2 anos), pré-operatório (2 aos 7
anos), operações concretas (7 aos 11 anos) e operações formais (12 anos para cima).
Neste manual, iremos centrar-nos no estádio sensório-motor, pois é nesta fase que as
crianças iniciam o desenvolvimento da linguagem.
Quando nasce, a vida, a vida mental do bebé manifesta-se por comportamentos
inatos, sensoriais e motores, a partir dos reflexos. Ao longo deste período, há varias fases
generalizadas, primeiro a criança começa a coordenar as informações vindas dos
sentidos, sendo que é por esta altura que estabelece as suas primeiras referências (4 a 8
meses), como a cara e a voz da mãe. Contudo, se estas desaparecem do seu campo
sensorial, deixam de existir para as crianças, porque ainda não há noção da permanência
do objeto. Mais tarde, dá-se o inicio do ato intencional e passa a prestar atenção aos
resultados das suas ações. Já por volta dos 11-12 meses, segundo Piaget, há uma
“intensa experimentação ativa”, existindo um desfasamento entre a produção e o
reconhecimento linguístico.
Contudo, cada criança progride conforme o seu próprio ritmo, pois as aquisições
seguem mais ou menos a mesma ordem, mas a velocidade dos progressos varia muito.
No estádio pré-operatório, que decorre entre os 2 e os 7 anos, a criança já consegue usar
a inteligência e o pensamento. No que toca à linguagem, a partir desta idade dá-se uma
enorme evolução a este nível, adquirindo imensas palavras (com 2 anos compreende
entre 200 a 300 palavras aproximadamente, e com 5 anos cerca de 2000). Esta evolução
necessita obviamente de um acompanhamento por parte dos pais ou dos criadores. As
crianças têm de ser estimuladas diariamente. Verificamos este ponto mais à frente.
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3.4 Componentes da linguagem
A linguagem é um dos aspetos fundamentais para a comunicação e socialização no
mundo; é um sistema de símbolos arbitrários e munido de regras para a que se faça a
correta combinação, visa à transmissão de ideias através de um código comum
socialmente compartilhado, a língua.
A linguagem oral possui regras de comunicação, palavras e frases com significado,
tendo também por parte do interlocutor propósito e intencionalidade. No decorrer do
desenvolvimento vão se adquirindo conhecimentos acerca das estruturas e do código
para que a mensagem possa ser elaborada e entendida. A aquisição da linguagem oral é
realizada através de um processo interativo que envolve a manipulação, combinação e
integração das formas linguísticas e das regras que lhe estão subjacentes, permitindo o
desenvolvimento de capacidades de perceber a linguagem (linguagem compreensiva) e
capacidade para formular/produzir linguagem (linguagem expressiva). Este processo é
determinado pela interação entre fatores ambientais, psicossociais, cognitivos e
biológicos.
A linguagem oral pode ser apresentada como sendo uma combinação complexa de
várias componentes, categorizadas a 3 niveis: forma, conteúdo e uso.
Forma
Nesta componente incluem-se as regras de organização dos sons e as suas
combinações (fonologia); as regras que determinam a organização interna das palavras
(morfologia) e as regras que especificam a forma como as palavras, serão ordenadas e a
diversidade nos tipos de frases (sintaxe).
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Fonológico
Refere-se aos fonemas, isto é, aos sons que formam as palavras. Dentro deste
nível, pode-se diferenciar a fonética e a fonologia. A fonética estuda os sons enquanto
que a fonologia estuda os fonemas. Ao falar, realiza-se e são percebidos um número
muito variado de sons, e por outro lado, existe uma serie limitada de regras que formam
o sistema expressivo de um língua. A disciplina que se ocupa dos sons é a fonética,
enquanto que a fonologia se ocupa das regras e organização do significante ou da forma
de uma palavra. A fonética estuda os sons, e a fonologia opera com abstrações, isto é,
com fonemas. Domínio da estrutura dos sons da língua – capacidade de apreensão e
utilização das regras referentes aos sons e suas respetivas combinações.
Sintaxe
A sintaxe faz referencia à gramatica ou estrutura da linguagem, isto é, a ordem em
que as diferentes partes da fala se apresentam numa oração. A sua função primordial é
combinar as palavras de uma determinada língua para formar orações. Na sua forma
mais simples, as orações compõem-se de sujeito, verbo e predicado.
Conteúdo
Esta componente envolve o significado. Este significado poderá ser extraído de
forma literal ou não literal, dependendo de contextos linguísticos ou não linguísticos. O
nível semântico é o que faz referencia ao significado do que se diz. Nas unidades deste
nível são as palavras e os morfemas. Os morfemas são as pequenas partículas incluídas
em muitas palavras, que isoladas não significam nada, mas que unidas a outros
segmentos (raiz) fazem que o enunciado proporcione uma ou outra informação. O
vocabulário forma parte do nível semântico da linguagem.
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3.4.1. Função, forma e significado
Funções da linguagem são as formas como cada individuo organiza a sua fala
dependendo da mensagem que se quer transmitir. A linguagem pode ser usada para
expressar sentimentos, para informar, para influenciar outras pessoas, etc. A transmissão
dessa mensagem pressupõe um emissor, um recetor, um contexto, um código e um canal
entre o emissor e o recetor.
As funções da linguagem são:
1 – função emotiva ou expressiva – quando a linguagem está centrada no próprio
emissor, revelando os seus sentimentos, as suas emoções. Ex: “Solto a voz nas
estradas/Já não posso parar/Meu caminho é de pedra/Como posso sonhar”.
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6 – função poética – quando a linguagem revela um cuidado especial com o ritmo das
frases, com a sonoridade das palavras, com o jogo de ideias. Ex: Textos literários,
provérbios, etc.
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formais. A linguagem de programação de computadores é uma linguagem formal que
consiste na criação de códigos e regras especifica que processam instruções para
computadores.
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Comunicação organizacional – é o tipo ou processo de comunicação que ocorre no
contexto de uma organização, seja esta publica ou privada. Fazem parte da comunicação
organizacional o conhecimento e o estudo dos grupos de interesse de uma instituição, o
planeamento de práticas de comunicação nos âmbitos interno e externo, aí
compreendidos a escolha e os usos de medidas empregadas, a sua implementação e a
sua contínua avaliação.
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4. COMUNICAÇÃO NA CRIANÇA E JOVEM
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entre pares. Entre elas, lidar com a atenção conjunta, regular emoções, inibir impulsos,
imitar as ações de outras crianças, compreender relações causa-efeito, e desenvolver
habilidades de linguagem. Alguns fatores externos, tais como as relações das crianças
com os membros da família e sua bagagem cultural ou socioeconómica, e fatores
individuais, como incapacidades físicas, intelectuais de desenvolvimento ou
comportamentais, também podem influenciar as experiencias de crianças com os seus
pares.
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O contato com a natureza e a experimentação de novas texturas, sabores e sons
também devem ser priorizados. A televisão e outros dispositivos eletrónicos, como
computador, tablet, videojogos e smartphones, são atraentes para as crianças, pois
oferecem estímulos visuais, musicais e rítmicos. Porem, não há qualquer evidência
cientifica de que tragam benefícios ao desenvolvimento infantil.
Há recomendações a respeito da idade mínima e da exposição máxima diária aos
écrans em geral. A Academia Americana de Pediatria (AAP) aconselha aos pais que
evitem por completo a exposição de crianças de ate 2 anos à televisão.
Atividades como brincar, passear, conversar, cantar e contar historias são
importantes ao desenvolvimento pleno da criança.
Os adultos devem ficar atentos não apenas à falta de estímulos, mas também ao
excesso. A criança precisa de tempo para descansar e para brincar, bem como para
atividades não assistidas, ou seja, sem o direcionamento e a interação com um adulto. O
desenvolvimento da criança também se dá por meio das próprias descobertas, ou seja,
ela deve ser ativa nesse processo para se tornar capaz de aprender a aprender.
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constitui-se por exigências comunicacionais e funcionais inerentes ao exercício da
parentalidade. Para uma melhor compreensão, analisar-se-ão duas etapas do ciclo vital
consideradas na classificação proposta por Relvas (1996): Família com filhos na escola e
família com filhos adolescentes. Em cada uma desta fases serão abordados os desafios
específicos da parentalidade ao nível do exercício da autoridade, da promoção da
socialização e individualização, do cuidado afetivo e, finalmente, da comunicação
estabelecida, dimensão que assume um caracter transversal relativamente às anteriores
tarefas. Família com filhos em idade escolar.
A entrada dos filhos na escola assinala um ponto de viragem importante para a
família nuclear de uma forma direta e para a família alargada e comunidade de forma
indireta (Relvas, 1996). De um momento para o outro, o sistema familiar vê-se
confrontado com a nova realidade que precipita a autonomização dos filhos. O exercício
da autoridade passa a ser partilhado com o contexto escolar e a promoção da
socialização acontece de forma quase acidental, já que se trata de um acontecimento
inerente à entrada dos filhos na escola. Fora do contexto familiar, os pares influenciam e
contribuem para a formação das crianças colocando à prova a imagem que a família
promove ao exterior. O contato com novos amigos conduz a um progressivo afastamento
físico facilitando um distanciamento emocional que promoverá o processo de autonomia
(Relvas, 1996). O cuidado afetivo continua a ser essencialmente prestado no contexto
familiar (Relvas, 1996), embora a triangulação com o sistema escolar seja inevitável
(Alarcão, 2006). A dimensão comunicacional está, nesta etapa, muito associada às
discrepâncias entre o sistema escolar e familiar. É através da criança que as mensagens
circulam entre os sistemas, marcando a entrada destas no mundo dos adultos. Vários
estudos centram a sua analise na comunicação, ao nível da parentalidade, constatando-
se que: por vezes, a comunicação parento-filial não é tao frequente quanto o desejável
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na perceção dos filhos; os pais parecem comunicar de forma mais aberta com as filhas do
que com os filhos; a comunicação suportada na desqualificação parece estar na base da
dificuldade do desenvolvimento das competências sociais, em crianças em idade escolar.
A descrição da adolescência tende a ser feita em termos exagerados, tanto pelas
famílias, como pela sociedade ocidental em geral. No entanto, alguns autores referem
que este período constitui “um campo psicológico privilegiado para o estudo da
mudança”. Assim, as dinâmicas familiares são um dos alvos de mudança e
transformações, processando-se de forma mais ou menos conflituosa (Relvas, 1996). Por
este motivo, a flexibilidade tem um papel chave na superação dos desafios familiares
(Preto, 1989/1995).
Centrado nas relações estabelecidas entre pais e adolescentes, encontram-se, com
frequência, referencias relativas à relação entre a comunicação e o exercícios de
autoridade. Eckstein (2004) estudou a violência filio-parental, concluindo que os filhos
tendem a percecionar a postura comunicacional dos pais como sendo desafiante,
precipitando uma interação negativa. Este estudo, tal como outros, vem corroborar a
necessidade de estabelecer limites e fronteiras claras entre os subsistemas filial e
parental, especialmente em circunstancias de conflito eminente (Relvas, 1996). Por outro
lado, Ochoa, Lopez e Emler (2008) constataram que o auto-conceito familiar positivo
depende do nível de abertura comunicacional entre o adolescente e as figuras parentais,
à semelhança da conclusão retirada pelo estudo de Jackson, Bijistra, Oostra e Bosma
(1998), indicando que quando a comunicação é aberta/livre de problemas, os jovens
experienciam sentimentos positivos e menor conflitualidade. Efetivamente, a
comunicação parento-filial parece assumir um papel de grande relevância a longo prazo,
enquadrando alguns comportamentos problemáticos (Relvas, 1996) e promovendo, por
vezes, o desenvolvimento de psicopatologias. A investigação longitudinal efetuada por
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Overbeek, reforça os efeitos negativos de uma comunicação de baixa qualidade, entre o
adolescente e a figura parental, para o desenvolvimento socio-emocional na idade
adulta. Outros estudos demonstram ainda que a comunicação do adolescente é
preferencialmente mantida com o progenitor do sexo feminino e, geralmente, as figuras
parentais tendem a percecionar uma boa comunicação com os filhos, contrariamente ao
que é percecionado por estes. A adolescência parece funcionar enquanto estádio
pináculo da socialização e promoção da individualização. Os grupos de pares são fulcrais
para a resolução desta tarefa, pois favorecem a descentralização emocional/relacional do
adolescente com o sistema familiar. Alem disso, assumem, também, o papel de
cuidadores afetivos, sobretudo pelo facto de gerirem as tensões emocionais que surgem
no contexto familiar (Alarcão, 2006)
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situações onde tal relação aparece “distorcida” – é o caso, por exemplo, dos membros
das classes altas com ideologias mais radicais.
Assim, é essencial recorrer ao grupo de referencia do individuo (que pode ser um
grupo ou um individuo), que não só funciona como fonte de normas, de valores e de
atitudes (grupo de referencia normativo, que pode ser positivo ou negativo, de acordo
com a sua (des)valorização, como também permite estabelecer comparações (grupo de
referencia comparativo, perante o qual o individuo percebe o seu grau de privação
relativa).
O conflito entre o grupo de pertença e o grupo de referencia revela-se, entre
outros, nas experiencias de mobilidades social, onde o individuo, enquanto mantém
relações com o grupo de pertença, aceita, simultânea e voluntariamente, as normas e os
valores do grupo de referencia (muitas vezes em relativa oposição com os do grupo de
pertença), adotando-os como seus através de um processo de socialização antecipada.
De salientar que a seleção de grupo de referencia exige um conhecimento, entre outros,
das normas e da posição do mesmo por parte do individuo, cuja identificação, por ser
percebida, pode ser confusa ou errónea.
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5. COMPETÊNCIAS PARA UMA COMUNICAÇÃO EFICAZ E
BARREIRAS À COMUNICAÇÃO
Comunicar é uma arte de bem gerir mensagens, enviadas e recebidas, nos processos
internacionais. Mas não só. O tempo, o espaço, o meio físico e envolvente, o clima
relacional, o corpo, os fatores históricos da vida pessoal e social de cada individuo em
presença, as expetativas e os sistemas de conhecimento que moldam a estrutura
cognitiva de cada ator social condicionam e determinam o jogo relacional dos seres
humanos. Assim, podemos equacionar uma estrutura de variáveis interacionais que, nos
processos de comunicação humana, tanto podem facilitar como barrar ou constituir
fontes de ruido às relações face a face.
5.1 Assertividade
Pessoas assertivas são capazes de defender os seus direitos e interesses e de
exprimir os seus sentimentos, os pensamentos e as suas necessidades de forma aberta,
direta e honesta. A pessoa afirmativa tem respeito por si própria e pelos outros, está
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aberta a compromisso e à negociação. Aceita que os outros pensem de forma diferente
da sua. Respeita as diferenças e não as rejeita.
Como é fácil constatar, o comportamento assertivo é o mais eficaz e saudável nas
relações interpessoais. Este tipo de comportamento não nasce connosco, é aprendido.
Este estilo de comunicação é mais recomendado na relação face a face e com o publico,
porque implica um individuo confiante em si próprio, que não teme a relação com os
outros, expressando diretamente as suas opiniões e convicções, sentimentos, desejos e
necessidades. Concentrando a nossa atenção neste tipo de estilo comunicacional,
observamos um método pragmático, desenvolvido por Bower (1976), que permite o
desenvolvimento da atitude de auto-afirmação. Este método pressupõe a negociação
como base do entendimento e permite reduzir as tensões entre as pessoas.
Esta técnica de auto-afirmação é denominada de D.E.EC.:
D – descrever
E – expressar
E – especificar
C – consequência
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O individuo que age de forma afirmativa mantém o seu equilíbrio psicológico e
favorece o bom clima. Esta autenticidade do sujeito que se auto-afirma, implica, na sua
vida social, abster-se de julgar e fazer juízos de valor apressados sobre os outros; não
utiliza linguagem corporal ou entoações de voz opostas ao que diz por palavras;
descrever as suas reações mais que as reações dos outros; facilitar a expressão dos
sentimentos dos outros, não os bloqueando.
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um simples “espero que o fim de semana tenha sido fantástico” pode ser suficiente para
que o destinatário se sinta apreciado.
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Entende-se que a organização deve estar atenta ao que vai além das
palavras no processo de comunicação. É preciso focalizar também os gestos, as
expressões e atitudes. Ao mesmo tempo, ressalta-se que o mais importante é ter
capacidade de uma escuta atenta ao que diz o cliente, pois ele repassará para a
empresa o feedback de todo o investimento realizado na sua direção.
O maior cuidado deve estar em não produzir “ruídos” ao realizar
comunicação. Isto quer dizer ter certezas de que a mensagem emitida foi
corretamente recebida e interpretada pelo público-alvo.
É preciso ter o conhecimento das técnicas e dos conceitos para colocar as
palavras certas em função da comunicação certa.
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As nossas emoções são talvez a maior fonte potencial capaz de unir todos os
membros da espécie humana. Claramente, as diferenças religiosas, cultural e politica não
permitem isto, apesar das emoções serem “universais”.
Daniel Goleman considera que, além de uma inteligência “intelectual” nós
possuímos também uma inteligência “emocional”, tão ou mais importante que a outra
para o sucesso da vida. Goleman fala até mesmo num QE (Quociente emocional), que
complementaria o QI (Quociente intelectual). A base de uma boa e forte liderança
assenta primeiro nas emoções. Quando os gestores criam estratégias ou mobilizam
equipas para a ação, ou seja em grupos, isto é, encaminham as emoções coletivas para
direções positivas. Emoções dirigidas com entusiasmo geram desempenhos cada vez
melhores e emoções dirigidas com rancor e ansiedade geram desorientação e
paralisação. Os trabalhadores procuram empatia junto do líder, pois este funciona como
um apoio emocional, e esta relação está para além da tarefa meramente desempenhada.
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6. COMUNICAÇÃO E O GRUPO
A boa comunicação é primordial para a eficácia de qualquer organização ou grupo.
Pesquisas demonstram que as falhas de comunicação são as principais fontes
mencionadas como motivo para conflitos interpessoais. Mas para ter um bom
relacionamento com as pessoas é desejável desenvolver algumas competências assim
como: auto-estima (considerar que você é um ser único com ideias próprias e digno de
respeito); autoconhecimento (conhecer a si próprio); autocontrole (controlar impulsos e
emoções); motivação (determinação para alcançar os seus objetivos); empatia (saber
colocar-se no lugar do outro) e habilidades sociais (agir cordialmente com as pessoas). A
partir do desenvolvimento destas competências podemos direcionar a nossa atenção
para atitudes que poderão tornar as relações pessoais mais positivas. Entre elas estão as
atitudes de conhecer a si mesmo, contrabalançar razão e emoção, compreender e
respeitar a visão diferente que cada pessoa tem das coisas, instruírem relações de
confiança e dar e receber feedback.
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A comunicação abrange além do que apenas palavras. Assim, as palavras acabam
por representar apenas uma pequena parte da nossa forma de se expressar. Pesquisas
apontam que numa apresentação diante de um grupo, 55% do impacto é determinado
pela nossa linguagem corporal (postura, gestos e contato visual), 38% é determinado
pelo tom da nossa voz, isto é, os sons e apenas 7% desse impacto tem a ver com o
conteúdo da nossa apresentação, ou seja, as palavras.
Segundo Lima (2007) como integrante de um determinado grupo jamais podemos
dar a impressão que derrotamos um participante do nosso grupo, pois ela jamais
perdoará uma derrota em publico. Não podemos esquecer que dentro de um grupo o
importante não é vencer e sim cooperar. Todos integrantes são responsáveis pelo êxito
do grupo assim não procure sentir-se único e responsável, ou seja, não procure carregar
o grupo nas costas. Fuja do papel de dominador que se justifica da sua atitude alegando
que ninguém queria trabalhar e do papel de tímido que justifica a sua atitude alegando
que o dominador não deixava ninguém participar. Para o autor, pessoas imaturas
precisam de alguém que direcione as atividades, já as pessoas maduras sugerem regras
de cooperação. Então a atitude dentro de um grupo não é de obedecer a regras e sim
cooperação. Não se comporte como um parasita que usurpa o grupo sem dar nada em
troca, pois você é uma pessoa única e o grupo precisa de si, então coopere. Não espere
que ninguém o convide para participar no grupo, então reivindique o seu lugar. Procure
ser claro e conciso evitando ser prolixo. Falar demais ou falar menos pode ser
comprometedor, portanto escolha criteriosamente a medida da sua participação, pois às
vezes o silencio pode ser muito eloquente. O autor afirma que ser responsável é exercer
um papel e que participação em grupo gera responsabilidade e se você não se sentir
responsável você não faz parte desse grupo. É importante ser desportivo ou ser
espirituoso, pois todo o individuo perspicaz sabe rir. Recuse frases feitas e seja
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prontamente criativo. Adote a reciprocidade e respeite quem o respeita. Evite um
comportamento robótico sem afetividade e transmita calor humano e as suas ideias. O
mundo esta em constante transformação, então aceite as mudanças e procure modificar
o grupo, mas também deixe-se modificar pelo grupo. Para o autor, a premissa para existir
um dialogo é aceitar mesmo que provisoriamente, o ponto de vista do outro, pois do
contrario será um monólogo paralelo. Reivindique que os integrantes do seu grupo
critiquem, pois a consciência critica resulta de interiorização das criticas que são aceites.
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económicas, politicas e sociais, fruto da evolução das Tecnologias da Informação e da
Comunicação (vulgo TIC), particularmente da World Wide Web, diminuidoras das
distancias e das incompreensões entre as pessoas e promotoras de emergência de
uma consciência global interplanetária, pelo menos na teoria.
Essa profunda interligação entre todas as regiões do planeta originaria uma
poderosa teia de dependências mutuas e, desse modo, promoveria a solidariedade e
a luta pelas mesmas ideias, ao nível, por exemplo da ecologia e da economia, em prol
do desenvolvimento sustentável da Terra, superfície e habitat desta “aldeia global”.
Na verdade, trata-se mais de um conceito filosófico e utópico do que real. O mundo
está longe de viver numa “aldeia” e muito menos global: o conceito de aproximação
das pessoas numa aldeia, em que todos se conhecem e participam na vida e nas
decisões comunitárias não se coaduna com a ideia de sociedade contemporânea.
Além disso, partindo da ideia que o mundo está, de facto, interligado, não deixa de
ser verdade que, nesta aldeia, de nome utópico e otimista, muitos são os excluídos
(basta lembrar o numero de habitantes ligados à internet em algumas regiões
africanas). Para termos uma ideia deste conceito, é preciso, pois, lembrar a sua
ambivalência: por um lado, saber que parte do pressuposto de uma maior
aproximação entre as pessoas e da consequente necessidade de uma
responsabilidade e responsabilização global; por outro lado, saber que é um conceito
exclusivo e, como tal, excludente. Estes avanços estão vivenciados por grande parte
da população, sendo tratados como peças fundamentais da maneira de viver e
comunicar.
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CONCLUSÃO
Um aspeto fundamental da comunicação é o reconhecimento da impossibilidade
de não comunicar. O individuo que afirma que não comunica porque não fala,
apresentando-se aparentemente passivo perante um determinado episodio
comunicacional, está, de facto, e mesmo contra a sua vontade, a comunicar. A
inatividade ou o silencio possuem um valor de mensagem, por implicarem atitudes
valorativas em relação aos outros. Para além disto, toda a comunicação implica e define
uma relação que, por sua vez, implica sempre comportamentos. O comportamento é
sempre indissociável da comunicação, constituindo, ele próprio uma forma de
comunicar. Neste modulo, foram abordados os processos de comunicação e os seus
elementos; estratégias para melhoria da comunicação; atitudes que facilitam ou
dificultam a comunicação dentro de um grupo. Ficou assim a perceber-se a importância
dos processos da comunicação com crianças e jovens.
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Alarcão, M. (2006). (Des)Equilibrios Familiares; uma revisão sistémica. Coimbra:
Quarteto.
Bower, S., & Bower, G. (1976). Asserting yoursekf. Beverly: Perseus Books.
Lima, L. d. (2007). Dinamicas de grupo nas empresas, no lar e na escola. Petrólis, RJ:
Vozes.
Relvas, A. P. (1996). O ciclo vital da familia, perspectiva sistémica. Porto: Afrontamento.
Wolf, M. (1994). Teorias da Comunicação. Lisboa: Presença.
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