R - e - Beatriz Gineste Treysse
R - e - Beatriz Gineste Treysse
R - e - Beatriz Gineste Treysse
SÍNDROME DE KLIPPEL-FEIL
UMA REVISÃO DE LITERATURA
CURITIBA
2011
BEATRIZ GINESTE TREYSSE
SÍNDROME DE KLIPPEL-FEIL
UMA REVISÃO DE LITERATURA
CURITIBA
2011
DEDICATÓRIA
Ao meu pai, Carlos Udo Treysse (in memorian), pelo apoio e incentivo que
com imenso amor sempre me deu durante todos esses anos que estivemos juntos
neste plano como pai e filha. Seu jeito calmo, acolhedor, altruísta, incentivador e
amigo, fizeram e fazem de mim uma pessoa muito feliz e amada. Das melhores
qualidades que tenho, a maioria delas tenho que agradecer à educação e aos
ensinamentos sábios e valiosos de meu pai. Esta pessoa maravilhosa que me
ensinou a jamais desistir diante dos obstáculos, a ser uma pessoa boa para os
outros e para mim mesma, a ter orgulho dos meus bons atos e a valorizar tudo e
todos que fazem parte de minha vida.
Ao meu noivo, Luís Fernando Morgan dos Santos Alves, uma benção de
Deus em minha vida. Uma grata e alegre surpresa, fruto deste curso de
especialização. Sou grata ao imenso amor que sente e que demonstra por mim, ao
seu carinho, incentivo, aos momentos alegres e divertidos que passamos juntos e
aos sonhos que agora compartilha comigo. O homem que Deus colocou no meu
caminho para encher meus dias de alegria, amor e felicidade.
À minha tia Helga Treysse e ao meu primo Carlos Gieck Treysse, pelo
grande carinho e afeto que têm por mim. Pelas palavras generosas e sinceras, afeto
genuíno e cafés da tarde alegres e regados a deliciosas guloseimas. Duas pessoas
muito especiais e que eu tenho a felicidade de ter como membros de minha família.
Ao meu sobrinho, Rodrigo Otávio Gineste Donda, meu anjinho que está
crescendo, mas que para a tia vai ser sempre um menininho lindo, alegre, de ótimo
humor, engraçado, carinhoso e amoroso. Apesar de nos vermos pouco, os
momentos que passamos juntos são únicos e fazem parte dos episódios felizes
dessa longa jornada que se chama vida.
Aos meus sogros, Vânia Morgan e Carlos Roberto Alves, e à avó do meu
noivo, dona Arlete Morgan, três pessoas fantásticas e exemplares que eu tive a
sorte de encontrar em meu caminho. Sou agradecida pela maneira carinhosa e
amorosa com que me tratam, pela receptividade incrível que sempre têm quando
chego ao seu lar e pela oportunidade que me deram de serem agora também minha
nova família, um pouco de mãe, um pouco de pai, um pouco de avó, educados,
amorosos, exemplos de como se criar um filho e de um lar feliz.
A Deus, pois sem ele dificilmente saberíamos como conduzir a vida. Seu
amor infinito e sua bondade representam conforto e segurança em nosso caminhar.
Seu plano é perfeito e nos conduz a felicidade. Não há verdadeira felicidade sem o
amor e a fé em Deus.
Aos meus pequenos pacientes e aos seus pais, por terem me permitido
exercer o conhecimento adquirido durante o curso, que confiaram em mim e que
através de um olhar carinhoso, de um abraço apertado, de um elogio ou de um
muito obrigada me fizeram sentir que eu estava no caminho certo.
Chico Xavier
SUMÁRIO
RESUMO....................................................................................................................viii
ABSTRACT..................................................................................................................ix
1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................1
2 REVISÃO DE LITERATURA.....................................................................................3
2.1 Definição................................................................................................................3
2.2 Histórico.................................................................................................................3
2.3 Incidência...............................................................................................................5
2.4 Etiologia.................................................................................................................5
2.5 Classificação..........................................................................................................8
2.6 Características físicas, neurológicas e problemas sistêmicos associados..........10
2.6.1 Alterações músculo-esqueléticas......................................................................11
2.6.1.1 Escoliose........................................................................................................12
2.6.1.2 Deformidade de Sprengel...............................................................................13
2.6.1.3 Alterações em dedos e membros...................................................................14
2.6.1.4 Sincinesia.......................................................................................................14
2.6.1.5 Espinha bífida.................................................................................................15
2.6.2 Alterações cardiovasculares..............................................................................16
2.6.3 Alterações na laringe.........................................................................................17
2.6.4 Alterações geniturinárias...................................................................................17
2.6.5 Alterações gastrointestinais e dermatológicas..................................................19
2.6.6 Alterações neurológicas....................................................................................19
2.6.6.1 Problemas auditivos.......................................................................................21
2.6.6.2 Problemas oculares.......................................................................................22
2.7 Características bucais e faciais da Síndrome de Klippel-Feil..............................22
2.7.1 Fissura palatina.................................................................................................24
2.7.2 Assimetria facial................................................................................................25
2.7.3 Língua bífida......................................................................................................25
2.7.4 Hipoplasia mandibular e apnéia........................................................................25
2.7.5 Úvula bífida.......................................................................................................26
2.7.6 Má oclusão........................................................................................................26
2.8 Sintomas da Síndrome de Klippel-Feil.................................................................26
2.9 Características radiológicas.................................................................................28
2.10 Diagnóstico........................................................................................................30
2.11 Diagnóstico diferencial.......................................................................................31
2.12 Prognóstico e tratamento...................................................................................31
2.13 Cuidados, conduta com pacientes portadores da Síndrome de Klippel-Feil e
implicações odontológicas.........................................................................................33
2.13.1 Riscos de lesão medular e cuidados na intubação para anestesia geral.....33
2.13.2 Conduta odontológica......................................................................................36
3 DISCUSSÃO...........................................................................................................39
4 CONCLUSÃO..........................................................................................................52
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................54
vii
RESUMO
viii
ABSTRACT
ix
1
1 INTRODUÇÃO
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 DEFINIÇÃO
2.2 HISTÓRICO
daquele até hoje conhecido o que mais impressiona. O que realmente chama a
atenção na radiografia dos ossos do pescoço do faraó Tutankhamon, é que eles têm
uma característica muito próxima daquela identificada hoje como Síndrome de
Klippel-Feil, ou seja, os ossos são fusionados. Esse mal pode causar problemas
sérios de deficiências, levando a anomalias musculares, dificuldades neurológicas e
outras. Apenas a título de ilustração, segundo o Dr. Todd Grey, que examinou as
chapas de Raios X, Tutankhamon deveria ficar instável em pé e pode ter andado
com uma bengala ou alguém ajudando. Grey afirma também que apenas uma queda
pode ser fatal para os portadores da Síndrome de Klippel-Feil (SÍNDROME DE
KLIPPEL-FEIL. Disponível em: http://www.crfaster.com.br/kpf.htm. Acesso em:
03/01/2011).
2.3 INCIDÊNCIA
2.4 ETIOLOGIA
irmãos afetados com pais não afetados. Estes autores sugerem que a anomalia se
deve a uma segmentação defeituosa dos somitos mesodérmicos entre a terceira e a
sétima semana de vida intra-uterina. Não existe evidência de anomalia
cromossômica.
Para Boraz, Irwin e Blarcom (1986), a Síndrome de Klippel-Feil pode ser
causada por uma falha na segmentação dos somitos mesodérmicos entre a terceira
e sétima semanas de gestação. Algumas pesquisas sugerem que esta síndrome
pode ser parte de um sério problema de desenvolvimento do tubo neural. Os
defeitos neurológicos podem ser paraplegia, hemiplegia e paralisia do nervo cervical.
Quase todos os casos desta síndrome ocorrem esporadicamente. A síndrome pode
ser autossômica dominante com expressão variável e autossômica recessiva, mas
nenhuma foi comprovada. Raramente ocorre em irmãos, mas a avaliação genética
dos membros mais próximos da família é indicada.
De acordo com Ramsey e Bliznak (1971) a etiologia da Síndrome de Klippel-
Feil é desconhecida e é provável que seja uma falha de segmentação determinada
geneticamente.
Para Silva (1982), a Síndrome de Klippel-Feil provavelmente representa uma
heterogeneidade genética, com pelo menos duas formas de herança: uma
autossômica dominante e outra autossômica recessiva.
Mahirogullari et al. (2006) comentam que a fusão cervical congênita ocorre
como resultado de uma falha na segmentação normal dos somitos mesodérmicos
cervicais. A causa dessa falha é desconhecida e ocorre entre a segunda e oitava
semanas de gestação.
Lagravère et al. (2004) dizem que a Síndrome de Klippel-Feil é listada como
sendo uma herança autossômica dominante esporádica, com penetrância reduzida e
expressão variável.
Lima et al. (2009) relatam que o defeito vertebral ocorre entre a quinta e
oitava semanas de gestação. A etiologia precisa é desconhecida. O determinante
genético pode ser recessivo ou dominante com penetrância variável.
Botero e Tello (2005) ressaltam que se desconhece a etiologia desta
Síndrome, mas têm sido associados fatores ambientais e genéticos que, entre a
terceira e oitava semanas de gestação produzem um defeito no desenvolvimento
embrionário, o qual provoca a falta de segmentação dos somitos mesodérmicos e,
7
2.5 CLASSIFICAÇÃO
2.6.1.1 Escoliose
associam-se aos três tipos desta síndrome, sendo em 62% no tipo I, 71% no tipo III
e muito menor no tipo II (BOTERO; TELLO, 2005).
A anomalia geniturinária mais comum é a agenesia renal unilateral
(VAIDYANATHAN et al.; 2002). Outras anomalias urinárias encontradas são: além
de agenesia renal, rim em ferradura, litíase renal contralateral, útero bicorne,
malrotação renal (segundo em freqüência), ectopia renal e as genitais: criptocardia,
ausência de vagina e ovários (FIGUEROA; OROZCO; ROSAS, 2005; DOMÍNGUEZ;
NAJÉRA, 2006).
Segundo Teoh e Williams (2007), anomalias geniturinárias estão presentes
em 64% dos pacientes. Dentre as alterações que podem ser encontradas estão:
hidronefrose, ausência de rim e rins ectópicos. Quando os pacientes com a
síndrome tiverem tetraplegia ou outras lesões medulares, há maiores chances de
desenvolvimento de cálculos do trato urinário. Estima-se que dentro de 10 anos
depois do ferimento, 7% das pessoas com lesão medular desenvolverá a sua
primeira pedra no rim. O tratamento desses cálculos renais pode apresentar um
desafio em virtude das anomalias renais associadas. Os profissionais da área da
saúde destinados a cuidar de pacientes com síndrome de Klippel-Feil associados à
lesão medular e anomalias renais, devem enfatizar a prevenção de pedras nos rins.
A grande ingestão de líquidos é recomendada para estes pacientes. É ainda a mais
poderosa e com certeza o meio mais econômico de prevenção da nefrolitíase.
Apesar de que cálculos renais são uma causa rara de insuficiência renal, infecções
relacionadas, associadas anomalias anatômicas e funcionais do trato urinário e da
medula espinhal, e ainda ferimento da medula apresentam grande risco para
insuficiência renal. Portanto a prevenção de infecção urinária e evasão de cateteres
urinários são de extrema importância nos pacientes com síndrome de Klippel-Feil e
tetraplegia.
Hensinger, Lang e Macewen (1974) trataram uma criança de cinco anos com
deformidade de Sprengel e síndrome de Klippel-Feil leve. Durante avaliação pré-
operatória, a urografia excretora revelou ausência de um rim e hipoplasia do rim
remanescente. Neste, houve o desenvolvimento de insuficiência renal subseqüente
e o transplante renal foi necessário quando a criança tinha quatorze anos. Num
estudo realizado por estes autores, de cinqüenta pacientes com a síndrome,
quarenta e cinco fizeram urografia excretora e dezesseis tiveram uma anomalia
renal. Embora este estudo se baseie numa amostra pequena, os resultados
19
sugerem que as crianças com esta síndrome estão em maior risco de ter uma
anomalia renal (35%), do que para o desenvolvimento de escoliose congênita
isolada (20%). A urografia excretora deve ser parte integrante da avaliação tanto
para a síndrome de Klippel-Feil como para escoliose congênita. É interessante notar
que o paciente descrito por Klippel e Feil em 1912 morreu devido a uma doença
renal e uremia, e não devido a problemas relacionados a anomalias cervicais.
Para pacientes com a Síndrome de Klippel-Feil a ultrasonografia serve como
teste inicial para determinar se ambos os rins estão em bom funcionamento
(SULLIVAN, 2009).
é copiado pela outra e isto pode interferir em algumas funções), hiperestesia por
pinçamento de nervos e paralisia de nervos craniais. Como complicações tardias
configuram: siringobilbia, siringomielia, paralisia espástica, ataxia, hemiplegia e
quadriplegia (DOMÍNGUEZ; NAJÉRA, 2006).
Apesar do caso original desta Síndrome descrito por Klippel e Feil em 1912
não ter sido relatado com alterações na audição, estudos na seqüência têm
mostrado a significativa associação entre os três tipos de Síndrome de Klippel-Feil e
a presença de surdez e outras alterações auditivas.
Segundo McGaughran, Kuna e Das (1998), Yldirim et al. (2008) e Oeken et al.
(1996), a surdez é o segundo defeito em importância associado à Síndrome e está
presente em aproximadamente 30%, (um terço dos pacientes com Síndrome de
Klippel-Feil) devido a deficiências no desenvolvimento do ouvido interno. Pode haver
também alterações do ouvido externo e ouvido médio. Estas anormalidades
auditivas podem ser uni ou bilaterais.
A perda auditiva pode ser do tipo neurossensorial, condutiva ou mista
(SULLIVAN, 2009) e sua detecção precoce é importante, permitindo o início da fala
e da linguagem numa idade mais precoce do que normalmente seria se houvesse
um atraso (HENSINGER, LANG, MACEWEN, 1974).
Estes autores encontraram 36% dos pacientes estudados com perda
audititiva. Uma revisão de Helmi e Pruzanski (1980) sugeriu que 24% dos pacientes
com Síndrome de Klippel-Feil são portadores de alterações audititivas.
McGaughran, Kuna e Das (1998) realizaram uma avaliação auditiva em 44
pacientes com a síndrome de Klippel-Feil, com o objetivo de relacionar a
característica de surdez e outros problemas auditivos com esta síndrome. Para a
realização dos testes foram selecionados pacientes que viviam em determinadas
regiões do Reino Unido, sendo que se disponibilizou aos mesmos a realização dos
testes no Centro de Audição de Timperley ou a possibilidade de fazê-los em visitas
domiciliares. O consentimento foi obtido no início do estudo. Obteve-se um histórico
detalhado, exame clínico e avaliação auditiva. A perda audiológica neurossensorial
foi a mais comum, sendo encontrada em 15 casos. Foi relacionado o tipo de perda
auditiva ao tipo de síndrome de Klippel-Feil. O tipo I da síndrome estava presente
22
2.7.6 Má – oclusão
2.10 Diagnóstico
acidentes ou trauma. Quanto às doenças do coração cada caso deve ser estudado
individualmente para decidir se é melhor tratamento médico ou cirúrgico
(FIGUEROA; OROZCO; ROSAS, 2005).
O prognóstico para a maioria dos portadores da Síndrome de Klippel-Feil é
bom se a doença é tratada cedo e de forma adequada. Atividades que podem
machucar o pescoço devem ser evitadas para não ter complicações posteriores. A
detecção precoce ajuda a tomar os cuidados necessários, mas o descobrimento da
Síndrome é muitas vezes complicado pelo fato de que em jovens pacientes, a
presença de fusão cervical pode não ser prontamente determinada porque a
ossificação ainda não progrediu ao ponto que possa ser indicada falta de
segmentação da coluna vertebral (CHEN; WANG, 2008; BARBOSA; MAGANZINI;
NIEBER, 2005).
Algumas complicações da Síndrome de Klippel-Feil são: alterações
degenerativas, protrusão dos discos vertebrais, siringomielia e estresse no nível da
união crânio-vertebral. As deformidades cervicais descritas tendem a se agravar com
o tempo. Os pacientes com hipermobilidade do segmento cervical têm um elevado
risco para apresentar seqüelas neurológicas. Deve-se evitar atividades esportivas
que envolvam possibilidade de ocasionar lesões no pescoço. Geralmente, os
pacientes com cardiopatias desenvolvem hipertensão arterial (FIGUEROA;
OROZCO; ROSAS, 2005).
A predição da evolução do quadro clínico e o resultado das medidas
terapêuticas que podem ser utilizadas dependem da complexidade da síndrome e
condições associadas. Normalmente, os pacientes afetados podem ter uma vida
normal, porém com algumas restrições. Entre elas, deve-se evitar a prática de
esportes em que o pescoço possa correr risco de ser lesionado. Com a finalidade de
minimizar o desconforto relativo à hipermobilidade cervical e outros problemas
mecânicos, aconselha-se o uso de um colar ortopédico. A dor cervical pode ser
tratada com analgésicos, mas se ela é comprovadamente produzida pela
compressão dos nervos nos espaços intervertebrais, poderá ser necessária uma
tração cirúrgica. A decisão de intervir cirurgicamente justifica-se em casos de
anomalias que tenham caráter progressivo, deformante ou incapacitante, mas
dependem da localização. Podem ser realizadas cirurgias corretivas como: fusão
cervical em caso de hipermobilidade, fusão para tratamento da escoliose, recessão
33
3 DISCUSSÃO
Já, os defeitos na visão podem acometer 20,63% dos pacientes, sendo vistos
com freqüência o estrabismo convergente e a pstose palpebral (HELMI;
PRUZANSKY, 1980; BOTERO; TELLO, 2005).
As manifestações orais desta síndrome podem ser extensivas e de difícil
manejo, necessitando de uma relação essencial com profissionais de outras áreas,
como pediatras. Apesar de grandes avanços nas técnicas de cirurgias crânio-faciais
terem acontecido nos últimos anos, complicações e algumas falhas ainda ocorrem
(BORAZ; IRWIN; BLARCOM, 1986).
Várias alterações faciais e bucais podem ocorrer nos pacientes com a
Síndrome de Klippel-Feil: assimetria facial, terço inferior da face pequeno,
malformação frontonasal, lábio e palato fissurados, úvula bífida e obstrução crônica
de via aérea superior. Foram mencionados ainda, micrognatia, ponte nasal
proeminente e palato fissurado submucoso (LAGRAVÈRE et al., 2004; OZDILER;
ACKAM; SAYIN, 2000; STADINICKI; RASSUMOWSKI, 1972; COOPER, 1976).
Estes autores ainda citam que o cirurgião-dentista deve estar ciente das
características desta síndrome para realizar um correto diagnóstico e plano de
tratamento. Estes profissionais devem checar a presença de palato fissurado
submucoso e a ausência congênita de alguns dentes, pois estas características são
comuns na Síndrome de Klippel-Feil.
Barbosa, Maganzini e Nieberg (2005) citam ainda que além da possibilidade
da existência das características descritas acima, pode ocorrer a presença de
oligodontia em ambas dentições decídua e permanente em alguns pacientes.
Por fim, podem ser encontrados defeitos na fala em cerca de 16,87% destes
pacientes, sendo que a hipernasalidade é o problema mais comum. (HELMI;
PRUZANSKY, 1980). Estes problemas podem ser amenizados quando a deficiência
auditiva é reconhecida cedo na vida destes pacientes.
Há uma grande associação entre fusão de vértebras cervicais e fissura
palatina. Botero e Tello (2005), Boraz, Irwin e Blarcom (1986) e Azambuja;
Azambuja e Zanatta (2003) dizem que a aparição de palato fissurado nos pacientes
com a Síndrome de Klippel-Feil é entre 5 % a 20% dos casos, o que é considerado
uma incidência relevante. A aparição de desta condição nesta síndrome é explicada
da seguinte forma: entre a oitava e nona semanas de vida embrionária, a língua do
feto fica orientada verticalmente entre as apófises palatais. Na nona ou décima
semanas, a cabeça é levantada a partir da região do pericárdio, e em seguida, a
47
4 CONCLUSÃO
nestes pacientes que possam lesionar a coluna cervical pode induzir à súbita
injúria neurológica, ou em casos piores, até mesmo à morte.
8- Há uma grande associação entre fusão de vértebras cervicais e fissura
palatina. A aparição de desta condição nesta síndrome é explicada da
seguinte forma: entre a oitava e nona semanas de vida embrionária, a língua
do feto fica orientada verticalmente entre as apófises palatais. Na nona ou
décima semanas, a cabeça é levantada a partir da região do pericárdio, e em
seguida, a mandíbula e a língua se de deslocam dessa posição permitindo
que o palato se fusione na linha média e finalmente, formando o palato mole.
Se o feto tem uma fusão de vértebras cervicais, a mandíbula permanece
comprimida contra o peito e força a língua a continuar entre as apófises
horizontais do palato, resultando em incompleto fechamento do palato.
9- Como já foi dito neste trabalho, o conhecimento das características físicas,
neurológicas, dos problemas sistêmicos associados assim como dos
problemas bucais do paciente com a Síndrome de Klippel-Feil são de grande
relevância para o cirurgião-dentista compreender estes pacientes, já que
estas características trazem conseqüências para o tratamento odontológico. A
partir do momento que se tem conhecimento desses aspectos, será possível
o profissional evitar a ocorrência de acidentes durante a execução do
procedimento clínico, podendo exercer um trabalho correto e com segurança.
54
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LIMA, M. de D. M. de. et al. Dental team management for a patient with Klippel-Feil
syndrome: case report. Spec Care Dentist, v. 29, n. 6, p. 244-248, 2009.
RAMSEY, J.; BLIZNAK, J. Klippel-Feil syndrome with renal agenesis and other
anomalies. From the Department of Radiology, Hendrick Memorial Hospital,
Abilene, Texas, v. 113, n. 3, nov. 1971.
STADNICKI, G.; RASSUMOWSKI, D. The association of cleft palate with the Klippel-
Feil syndrome. Oral Surg, Chicago, v. 33, n. 3, p. 335-340, mar. 1972.
56