Gonçalves 2010 Estádios Desenvolvimento Apreciação Musical
Gonçalves 2010 Estádios Desenvolvimento Apreciação Musical
Gonçalves 2010 Estádios Desenvolvimento Apreciação Musical
2010
abstract The purpose of this dissertation is to find out which values a group of violin
students gives importance to in their musical preferences. Comparing their
answers to other studies in the subject of aesthetic appreciation of art and
particularly music, these values have been grouped in a scheme of ʻstages for
appreciationʼ. It has been found out that there is a systematic and sequential
order for the values students point out as important to their preferences. The
time spent with the instrument, personality, age, as well as studentsʼ specific
socio-cultural context have influence on the evaluation and on the progression
from one stage to the other. Appreciation starts at an individual sense of the
self in relation to music and evolves to a broader socio-cultural knowledge
about musical interpretation. Violin teachers can already take this study into
consideration to choose appropriate repertoire for their students.
Índice
1. Introdução 1
2. Fundamentação teórica 3
Estádios de desenvolvimento da apreciação musical
O que os intérpretes valorizam
2.1. Apreciação Musical 4
2.1.1. A Música 5
2.1.2. Situações e Contextos 8
2.1.3. O Ouvinte 10
2.1.4. A Resposta 11
2.2. Estádios e teorias de desenvolvimento 19
2.2.1. O que são estádios? 21
2.2.2. A Espiral de desenvolvimento de Swanwick/ Tillman 23
2.2.3. Estádios cognitivos: Parsons 27
3. Investigação empírica: 31
Explorando o contexto social e afectivo da apreciação
estética dos alunos de violino
3.1. Metodologia 33
3.1.2.1. Questionários 38
3.1.4. Análise dos dados das entrevistas 41
3.1.5. Aglomerados de ideias acerca da valorização musical em 46
cada ‘grupo’
3.1.6. Comparação com outros estudos 52
3.1.7. Observações 62
4. Conclusão 63
5. Bibliografia 65
6. Anexos 71
6.1. Tabelas 73
6.2. Entrevistas 104
Índice de Figuras e Tabelas
Figuras
1. Modelo de feedback recíproco das respostas musicais 5
(adaptado de: Hargreaves 2008:124)
2. Transformações Metafóricas 13
(adaptado de: Swanwick 1999:19)
3. Modelo de desenvolvimento em espiral 24
proposto por Swanwick & Tillman (1986:306)
4. Perspectiva interna e externa do intérprete 61
Tabelas
1. Estádios de desenvolvimento musical 26
(Adaptado de Swanwick & Tillman 1986)
2. Estádios de Parsons (adaptado de Parsons 1992) 30
3. Análise do percurso artístico 45
4. Valorização Representacional 47
5. Valorização Sensorial 48
6. Valorização do desafio 49
7. Valorização da Expressividade 50
8. Valorização da Interpretação Informada 52
Tabelas (Anexos)
A Identificação do aluno (41)
73
B Motivação 74
C Percurso Artístico 76
D Valorização
a) Perspectiva do ouvinte 80
b) Perspectiva do Performer 83
E Características e valores musicais (interpretação da autora) 101
Introdução
1
A magia da apreciação musical reside, portanto, num profundo envolvimento
pessoal com o fenómeno musical, que transcende a mera apreciação
sonora, envolvendo tudo aquilo que proporciona a fruição, desde o espaço à
forma como a peça é interpretada e apresentada. Pretende-se, portanto,
com o presente estudo, identificar que valores são privilegiados consoante a
idade ou consoante a educação que o meio proporciona e se existe uma
evolução nessa apreciação estética.
2
Fundamentação teórica
Existe uma tradição filosófica que remonta a Kant e que tem vindo a ser
considerada até aos dias de hoje, que distingue três tipos fundamentais de
conhecimento: o empírico – que lida com o mundo exterior dos objectos; o
moral – que lida com o mundo social das normas e o estético – que lida com
o mundo interior do eu. A escola de estética expressionista - Collingwood
(1958), Langer (1953), Danto (1988) – concorda que a arte é mais do que um
conjunto de objectos bonitos e tem a particularidade de ser um caminho, um
meio ou uma forma de articular a nossa vida interior – e de lhe dar uma
forma perceptível - com o mundo exterior. A interpretação da arte tem
diversas camadas de significação, consoante a qualidade da sua apreensão,
apreendida individualmente num contexto social e histórico. Os estádios de
3
desenvolvimento estético são níveis de capacidade crescente para
interpretar as obras de arte. (Parsons, 1992:29-30)
Apreciação Musical
4
Fig.1
Modelo de feedback recíproco das respostas musicais (adaptado de: Hargreaves 2008:124)
1. A Música
Teoria de Berlyne
5
de actividade que produz no “sistema reticular ascendente de activação”1.
As músicas preferidas têm um nível de estímulo intermédio, estabelecendo
uma relação equilibrada entre familiaridade e complexidade. As outras
encontram-se ao longo dos extremos da curva de Wundt (1874), também
proposta por Flechner, Platão e Aristóteles, em U-invertido:
1
Tradução da autora do original: ascending reticular activating system (North & Hargreaves
2008:77)
2
Tradução da autora do original inglês: “collative variable”
6
objectiva da música permanece inalterada, enquanto a complexidade
subjectiva da música diminui. Esta última versão está de acordo com o
gráfico em U-invertido e apresenta uma explicação para como a repetição
de uma peça pode influenciar a mudança de preferência dessa mesma peça
por parte do ouvinte. Esta segunda hipótese parece muito mais convincente
e está em concordância com a psicologia social da música, uma vez que
mede o grau de complexidade apreendida pelo ouvinte. De facto, o grau de
complexidade apreendida varia consoante a nossa relação pessoal com a
música: para uma criança de três anos, pode ser interessante tocar e
aprender a cantar “O balão do João”, mas para um adulto, esta peça pode
ser desinteressante devido à sua extrema simplicidade e familiaridade.
7
em que a música pode representar animais (como no "Pedro e o Lobo" de
Prokofiev); ou acontecimentos (marchas fúnebres ou militares, música de
filme, publicidade); ou pessoas, ou lugares, ou até ajudar a preservar a
identidade de comunidades emigradas; Informação/ Ideológico, referente a
valores artísticos e sócio-culturais (hinos, etc.). No trabalho empírico desta
dissertação estas dimensões foram tomadas em conta ainda que
devidamente adaptadas, circunstancialmente.
2. Situações e contextos
3
Tradução da autora do original inglês: “collative variable”
8
estão relacionadas com a associação do grau de estímulo pretendido para
determinado contexto. Embora Konecni defendesse que tendemos a preferir
músicas que equilibrem o grau de estímulo, isso não é completamente
verdade, uma vez que os ouvintes preferem muitas vezes ouvir músicas que
coincidam com o seu estado de espírito como por exemplo, música activa
para fazer desporto e música calma para relaxar.
9
que desconhece” (in North and Hargreaves (2008:97)4. A influência da
informação é um factor que afecta a preferência. É também o caso das
críticas de jornais, e publicidade musical em geral. Esta influência acontece
quando temos pouca ou nenhuma informação acerca da peça em questão e
baseamos por isso a nossa opinião na informação existente acerca dela.
Radocy (1975) fez estudos nesta área.
3. O Ouvinte
4
Tradução da autora a partir do inglês: if someone is told that a piece of music they don’t
know is by Mozart then they will probably like it more than if they are told it is by an
undistinguished composer.
10
A aptidão e o treino musical também podem influenciar as preferências
musicais (North & Hargreaves 1995b). Se associarmos esta ideia à teoria de
Berlyne, então as pessoas que têm mais treino musical poderão estar mais
habituadas a certos estímulos musicais, necessitando de uma maior
complexidade para continuarem a considerar a peça musicalmente
estimulante, como o efeito de uma droga. No entanto, o estilo musical é um
factor crucial para este tipo de influência – este efeito foi estudado no âmbito
da música clássica. A caracterização – experiência como instrumentista,
hábitos de audição, etc. - de cada entrevistado foi determinante na análise
das entrevistas da investigação que é relatada mais à frente.
4. Resposta
O ponto mais alto da experiência estética é atingido apenas quando se relaciona fortemente
com as estruturas da nossa experiência pessoal, apelando a uma nova forma de organizar os
esquemas ou traços de acontecimentos vividos anteriormente. É através desta experiência
que descobrimos um novo ponto de vista na obra musical, como se tratasse de uma
revelação. (Swanwick 1979:36)
5
Tradução da autora do original inglês: We internally represent actions and events to
ourselves; we imagine. We recognize and generate relationships between these images. We
employ systems of signs, shared vocabularies. We negotiate and exchangeour thinking with
others.
11
Este conhecimento é muito interessante e pode ser adaptado a uma
infinidade de situações. A ideia de discurso interno, aquilo que está dentro
do performer, como um motor, que o leva a agir desta ou daquela forma, as
suas motivações e a forma como valoriza são factores importantíssimos e de
relevo para a natureza da sua comunicação com o público e para a
qualidade da sua resposta estética.
A ideia do corpo como conhecimento (inconsciente), ou seja, o corpo como
reservatório de experiência é essencial para compreender que a natureza do
discurso artístico não é um acto totalmente consciente. As nossas
experiências são armazenadas emocional-, cinestésica- e simbolicamente, e
podem manifestar-se sob a forma de projecções metafóricas (cf. Lakoff &
Johnson 1999) As narrativas surgem da articulação de cada pequena
percepção com a experiência pessoal. (cf. Johnson 1987, Correia 2007,
Martínez 2008):
12
analisar mais à frente, no estudo de Parsons, a partir de uma certa etapa do
conhecimento artístico, existe uma necessidade de comunicar e comparar
as nossas interpretações com as de outros. Cria-se, desta forma, um espaço
público de inscrição, em que as experiências musicais absorvidas por cada
um são afirmadas e se deixam modificar pela troca de impressões.
Fig.2
13
Nesta figura, os Materiais, Expressão, Forma e Valor correspondem aos
fenómenos observáveis, os outros descrevem o processo metafórico que
ocorre no nosso corpo:
14
O Modelo para a Interpretação Musical, proposto por Correia (2007), dá
conta de como o intérprete explora os gestos expressivos e os relaciona
com os seus significados pessoais, com a intenção final de criar uma maior
comunicação com o público:
Num ensaio com a Orquestra das Beiras onde eu estive presente, Ernst
Schelle falou à orquestra do discurso musical, referindo-se ao 1º andamento
da 3ª Sinfonia de Brahms:
“As a member of the public I would not believe you. I would not listen. You have something
to tell, but I cannot believe you. I will not pay attention. It doesn’t have any meaning. You
have to exagerate everything you want to say so that the public can hear it. This movement is
about the power of nature blooming during the spring, everything is blooming, you have to
show it, show it to the public!”
15
É crucial o intérprete preparar o discurso musical e exagerá-lo para
estabelecer uma comunicação com a audiência.
Existe ainda uma terceira transformação metafórica que vai para além da
audição dos materiais sonoros ‘como se’ tivessem uma forma expressiva e
esses gestos expressivos realinhados ‘como se’ tivessem uma existência
independente. A terceira transmutação dá lugar a um forte sentido de
significância, tão fortemente notada por aqueles que valorizam a música.
Esta qualidade quase mágica da experiência foram atribuídos vários nomes
tais como ‘peak experience’, aesthetic emotion’ e ‘flow’, esta última
relacionada com ‘a abertura da sensibilidade que transforma e expande o
ser do observador’ (Csikszentmihaly and Robinson 1990:183)
16
*
17
As transformações metafóricas são, de certa forma, um processo de
adaptação e desenvolvimento da parte de quem as interpreta. Consoante a
nossa experiência pessoal - e musical - a nossa resposta ao estímulo
musical também se vai modificando. Torna-se, por isso, relevante considerar
o desenvolvimento musical como factor decisivo e influente na valorização
da música e experiência estética. Seguidamente, irei apresentar alguns
estudos e teorias sobre desenvolvimento musical e artístico.
18
Estádios e teorias de desenvolvimento
Teorias de desenvolvimento
19
Simbólica, combinações flexíveis de símbolos permitem uma maior liberdade
nas relações conceptuais e novas combinações do pensamento abstracto.
20
Resumindo, existe uma opinião unânime destes autores de que existe um
desenvolvimento da apreciação e compreensão musical, seja pela audição
das partes isoladas, de forma sucessiva ou simultânea, seja pela sua
abstracção simbólica, pela experiência sensorial ou pela consciência de
movimento no tempo.
21
inteligências. Embora a Espiral de Swanwick & Tillman (1986) se baseie na
teoria de Piaget (1951), com estádios de desenvolvimento racional
relacionado com determinadas faixas etárias, ele próprio refere a
adaptabilidade da espiral a outros factores e aquisição de competências que
podem desviar-se das indicações de idade. A espiral de desenvolvimento
deve ser tomada em consideração como um estudo de valor na área do
desenvolvimento da apreciação musical: ao basear-se em composições de
crianças e adolescentes, mostra aquilo que valorizam e consideram
importante. No entanto, temos de considerar o facto de ter sido feita com
alunos de ensino genérico, possivelmente com capacidades performativas
inferiores ao que a sua imaginação pedia. França (1998) investigou – à luz da
espiral de Swanwick – em paralelo composições, performance e
apreciação/audição em alunos de piano e chegou à conclusão que as
capacidades de audição e composição dos alunos mostram uma maior
simetria em relação às suas capacidades performativas, que normalmente
estão num nível diferente das outras duas. França sugere que “o indivíduo
pode não atingir o seu nível óptimo de compreensão musical se as
actividades não forem apropriadas e acessíveis” (França 1999:6), propondo
adequar o nível performativo ao nível geral de compreensão musical. Na sua
investigação, França teve em conta factores tais como horas semanais de
estudo, metodologias de estudo, histórico familiar e idade do aluno.
22
cada uma das partes – melodia, ritmo, harmonia, etc. – e tem sido testada
em várias modalidades – composição, audição/audiência e sob o ponto de
vista do performer. A título de exemplo, França (1998) pediu a estudantes de
piano entre os 11-13 anos para comentar, compor e interpretar 3 peças de
cada ao seu gosto. Concluiu que a compreensão musical dos seus
comentários e composições correspondem entre si em termos de
desenvolvimento e que as interpretações estavam menos desenvolvidas.
23
Fig.3: Modelo de desenvolvimento em espiral proposto por Swanwick & Tillman (1986:306)
Swanwick & Tillman não trabalharam com crianças do último estádio, tendo
contudo, especulado acerca das qualidades deste estádio baseando-se no
trabalho de Bunting & Bruner (Swanwick 1988). Neste estádio, os
adolescentes reflectem sobre a experiência musical e demonstram o
desenvolvimento de uma identificação pessoal com determinadas peças e
músicos. Este estádio culmina no modo “sistemático”, que combina uma
intensa emotividade com a capacidade de falar sobre música de uma forma
24
‘académica’ e estruturada. A experiência musical dos estudantes pode ser
informada através de investigação, teoria musical e tecnologia à medida que
os estudantes compõem, discutem e reflectem sobre o seu trabalho.
A teoria deste autor defende que a música é uma experiência humana que
compreende várias camadas, que interagem entre si vertical- e lateralmente,
à medida que a mente/consciência assimila e se habitua/acomoda os
processos musicais. Quanto à hierarquia das camadas, Swanwick afirma
que os estádios são cumulativos e que as estruturas sucessivas são
integradas entre assimilação/motivação pessoal e habituação/convenções
da cultura musical. As pontas soltas da espiral indicam que as camadas/o
processo se podem repetir de forma recorrente, por exemplo, quando um
performer começa a tocar uma nova peça.
25
Estádios de desenvolvimento musical
Domínio/ Técnica: 1a.Sensorial: exploração do som - atracção
1. Materiais(0-4): pelo timbre e extremos de dinâmica, f e p.
aquisição de competências Exploram os instrumentos de forma
imprevisível, sem pulsação e não dão
importância à cor do som.
1b.Manipulativo Maior controlo na
manipulação e exploração dos recursos e
técnica do instrumento. Pulsação regular,
repetição. Composições mais longas e
repetitivas derivados do prazer de controlar
o instrumento.
26
Apesar do interessante estudo de Swanwick, a teoria dos estádios de Piaget
– na qual Swanwick se baseia - não é bem aceite por North & Hargreaves
(2008) na sua versão original. Em primeiro lugar, é posta em causa a
coerência dos estádios, assim como o facto da aquisição de operações
lógicas poder não ser um objectivo do desenvolvimento. Por último, deveria
ser dado mais peso ao factor social e diversidade cultural. Gostaria de referir
que Silva (1998, 1999) teve a espiral em consideração no seu estudo de
alunos de piano, tendo em conta o ambiente familiar. Swanwick referiu no
seu estudo que os estádios têm uma certa independência das idades, uma
vez que o processo de aprendizagem é múltiplo e cumulativo, podendo ser
reiniciado quando o performer aprende uma nova peça.
Estádios cognitivos
27
apenas a considerar a parte de desenvolvimento racional do seu estudo,
ignorando a parte moral/social e, acima de tudo, o estudo das
características estéticas da apreciação. Hargreaves parece ter uma visão
cognitivista de aquisição de competências musicais: defende a perspectiva
de Gardner (1993) acerca das inteligências múltiplas. Gardner (1989, 1993)
defende que existe uma inteligência específica para cada actividade.
Gardner desenvolveu um projecto muito interessante a transversal para o
ensino, no qual a música também é contemplada: Em Project Zero6, que
apoia a teoria das inteligências múltiplas, Gardner considera a inteligência da
compreensão simbólica notacional e expressiva. Apesar de concordar com a
teoria das inteligências múltiplas de Gardner, penso que a ‘inteligência
estética’ tem uma forte componente corporal/ física que necessita de mais
investigação. É através da interpretação das entrevistas que Parsons tenta
observar as suas reacções à arte, tendo em conta uma perspectiva
tridimensional das entrevistas, nomeadamente, sob o ponto de vista
racional, moral/social e estético. Essas reacções foram agrupadas em
estádios (cf. Tabela na página seguinte).
28
Estádios de Parsons
29
Estádio: Características Ponto de vista psicológico
30
Investigação empírica
31
educação no gosto musical ao longo da vida? Apesar de se ter provado que
a influência de pais e professores são determinantes para toda a educação –
incluindo a educação estética da criança – de que forma a educação numa
área instrumental irá influenciar o desenvolvimento musical da criança/
adolescente?
32
desenvolvimento da apreciação musical? Será que esse desenvolvimento
está somente relacionado com a idade ou existe um segundo factor de
desenvolvimento da apreciação estética relacionado com a experiência
derivada do conhecimento tácito de comunicação musical? Existe uma
evolução na caracterização e consciencialização da narrativa musical que os
alunos constroem durante a performance?
Metodologia
Neste capítulo foi feita uma análise temática qualitativa, na qual foram
associadas as respostas dos entrevistados à hipótese teórica explorada no
capítulo anterior.
33
isto é descrito como procura da táctica de observador participante, em que
o conhecimento é contextualizado "por dentro" (Pidgeon and Henwood
1997:251).
34
participantes foi aleatória, tendo em conta a disponibilidade de cada um para
ser entrevistado, nos intervalos de cursos de música realizados durante as
férias da Páscoa de 2010.
35
Como surgiram as perguntas do questionário
36
uma imagem clara da sua apreciação musical uma vez que eu punha em
hipótese que o estilo da sua percepção teria um efeito significativo em
condicionar as suas respostas nas áreas que se seguiam durante a
entrevista. Pareceu-me óbvio, uma vez que os entrevistados seriam
certamente ouvintes mais ou menos reflexivos consoante o seu grau de
envolvimento com a performance musical e, portanto, as suas crenças
acerca da performance e audição musical estivessem sempre em constante
negociação. Para além disso, tinha também o propósito de me informar
acerca do grau de conhecimento do repertório para violino e de como está
relacionado com a evolução da apreciação estética e com a qualidade da
prática artística/ performativa de cada um.
37
Questionários
Questionário I
Questionário II
38
concertos, igreja, etc.)
D. Valorização
39
ouvido antes de a começares a tocar? Em que contexto?
Gostaste?
40
valorização apareçam também incluídos os alunos do questionário I, assim
como considerados na respectiva análise.
Entrevistas I
Nome Idade Grau Anos de Estabelecimento
performance de ensino
Daniel Silva 14 4º 5 Cons.Reg.Coimbra
Inês Fragoso 10 1º ½ CRC
Joana 19 6º 6½ CRC
Providência
Maria Gorgulho 6 2º Inic. 1½ CRC
Matilde Simões 7 1º Inic. ½ CRC
Matilde Pascoal 6 1º Inic. ½ CRC
Nádia Nunes 13 4º 6 CRC
Pedro Neves 20 5º 4 CRC
Raquel Dias 13 3º 4 CRC
Raquel Marinho 12 2º 2 CRC
Rute Miriam 14 4º 5 CRC
Afonso Serrano 13 3º Cons.Mus.Aveiro
Calouste Gulbenk.
Catarina Barros 16 6º 6 CMA
Pedro Sá 23 8º 8 CMA
Paulo Azevedo 29 2º Lic. 6 Universidade de
Aveiro
Zé Luís Carvalho 25 2º Lic. 12 UA
41
Entrevistas II
Nome Idade Grau Anos de Estabelecimento
Performance de ensino
Ana Raquel 15 6º/10º ano 6 Escola Prof.
Sacramento ARTAVE
Francisca Silva 15 6º/10º ano 4 ARTAVE
Seixas
Joana Machado 17 8º/12º ano 11 ARTAVE
Marcos 19 7º/ 11º ano 5½ ARTAVE
Lourenço
Silvina Dias 15 6º/ 10º ano 3 ARTAVE
Ariana Saro 13 3º 6 Cons.Mús.
Figueira da Foz
Cristina Lopes 26 4º 4 CRCoimbra
Eduarda Costa 14 4º 4 CMFF
Francisca 11 2º 2 CMFF
Freitas
Libânia Alves 12 3º 2 CRC
Sofia Carvalho 12 3º 3 Colégio de São
Teotónio (Coimb.)
Ana Luísa 18 8º / 1º Lic. 13 Cons.Mus.Porto/
Carvalho Esc.Sup.Mus.AE
42
Análise dos dados do segundo grupo de perguntas – motivação
43
continuação da prática instrumental, em que a motivação é um factor para
mais tempo de prática, que por sua vez aumenta a motivação para estudar.
44
pelo grupo. No entanto, apontam por vezes que o repertório a solo é mais
interessante e que recebem mais atenção do público.
Tal como podemos verificar no quadro, existem sugestões para uma maior
valorização de certos elementos por faixa etária ou por anos de prática, mas
esses resultados não são evidentes devido ao número reduzido de alunos.
45
Análise dos dados do quarto grupo de perguntas – valorização
46
(cf. Tabela E). Conforme a predominância de certas ideias em relação a
outras, sugiro uma nomenclatura, ainda que meramente indicativa e que
serve como referência para identificação dos estádios e posterior
comparação com os estudos de outros autores, que vamos ler mais à frente.
47
componente lúdica /diversão de tocar uma peça são também um factor
importante para a sua valorização. Em geral, gostam de todas as peças que
ouvem e tocam, mas preferem com as qualidades acima referidas. Referem-
se também à ‘harmonia’ como um elemento de perfeição entre as partes,
segundo a expressão idiomática ‘estar em harmonia’ ou ‘em sintonia’.
48
3. Valorizam uma obra enquanto representativa de um estilo
contrastante, barroco, com novas dificuldades: Desafio
Afonso Serrano 13 (7) Ser conhecida, rápida. Gosta de desafios, aprender novas
técnicas.
Ariana Saro 13 (6) Contrastes: ritmo, andamento, tessitura. Passagens rápidas e
agudas. Ter mais páginas. Referências extra-musicais/
narratividade. Gosta de desafios (coisas difíceis).
Não se enganar em nenhuma nota. Gosta de peças rápidas, com
muitas pág. e que demorem muito tempo, principalmente em
orquestra.
Eduarda Costa 14 (4) Melodia rápida e enérgica. Gosta de desafios. Música harmoniosa.
Dinâmicas e poucas repetições. Interpretação emocional. Sentir
prazer a tocar. Gosta de tocar em conjunto, com empenho de
todos. Gosta muito do barroco por ser um estilo leve e brincalhão.
Gosta dos contrastes entre partes e dinâmicas. Também gosta de
clássico, mas o estilo romântico é demasiado exagerado,
aborrecido, enfático.
Pedro Neves 20 (4) Estilo Barroco, leve, beleza da melodia
49
4. Valorizam a comunicação de emoções: Expressividade
50
5. Valorizam o rigor estilístico e a expressividade: Interpretação
Informada
51
Marcos Lourenço 19 (5,5) Desenvolvimento técnico, período romântico (mas também
sabe apreciar Mozart, pelas melodias, técnica, etc.), melodias,
virtuosismo, interpretação (dinâmicas, fraseada, etc.).
Reconhecimento do esforço.
(Gosta da ‘aventura’ em performance: improvisação com
humor ) Ao vivo: gosta muito de tocar em conjunto. Gostou de
ser surpreendido positivamente no momento da performance
(improvisos). A solo gosta de ter reconhecimento (competitivo).
Ouvinte atento, conhece vários intérpretes e repertório. Gosta
de música para violino e orquestra, especialmente do período
romântico. Perfeição da interpretação: beleza do som e
perfeição técnica.
Zé Luis Carvalho 25 (12) Carácter, variedade de técnicas, melodias, beleza, prazer de
tocar, comunicação com o piano - qualidade da composição e
do idioma da escrita.
Ana Luisa Carvalho 18 (13) Carácter, Beleza. Idioma/ Estilo. Interpretação pessoal.
Contrastes. Recursos técnicos (sabe utilizar). Atmosferas e
texturas sonoras. O espaço/ Sala.
Ao vivo: gosta mais de tocar em auditórios do que igrejas e em
orquestra/conjunto, porque o público está ali para apreciar.
Gostou do carácter brincalhão do maestro durante o concerto.
Gosta de tocar em salas importantes, de ter reconhecimento e
apoio dos colegas. Ouve música sozinha e vai a muitos
concertos. Aprecia os concertos pela sensação de estar ali a
sentir tudo à sua volta – som/sonoridade, silêncio, comunhão,
comunicação, sensações do público/músicos, etc. Os seus
intérpretes preferidos dependem consoante o repertório. Ouve
repertório diversificado e gosta de interpretação ‘da época’.
Tabela 8: Valorização da Interpretação informada
52
- No 2º estádio (S&T), caracterizado pela expressão (a: pessoal, b:
vernacular) os alunos apreciam mudanças de andamento, dinâmica, frases
teatrais e rítmicas. Estas características foram também observadas nos
entrevistados que classifiquei no segundo estádio de apreciação musical. No
entanto as idades dos entrevistados deste grupo varia entre os 10 e os 26,
ao contrário da divisão de S&W, entre os 5 e os 9 anos. Swanwick & Tillman
referiram que a divisão dos estádios por idades era apenas uma
aproximação e uma referência comum daquelas idades.
53
instrumentos de forma imprevisível. Numa segunda fase, começam a
mostrar um maior controlo na manipulação e exploração dos recursos do
instrumento, controlo de pulsação e capacidade e gosto pela repetição.
Começam a fazer composições mais longas derivadas do prazer de
controlar o instrumento. No caso dos entrevistados mais novos deste
estudo, eram todos meus alunos, de forma que vou falar da minha
experiência como sua professora, para além do que disseram como
entrevistados. De certa forma, observei que no início, o interesse destas
alunas era pelo número de cordas e cores da marca de cada corda, assim
como outros elementos que não estavam relacionados com a produção de
som do violino.
Também no infantário onde dou aulas de ensino genérico dos 2 aos 5 anos,
reparei que numa primeira fase, os alunos observam os instrumentos
atentamente, mas nem sempre os encaram de modo funcional, ou seja, nem
sempre produzem som, talvez preferindo observar a sua forma e cores.
Mesmo quando os outros alunos à volta estão a tocar, os mais novos
tendem a observar mais do que a tocar. Numa segunda fase, começam a
experimentar tocar o instrumento de forma não muito organizada, mas com
gosto pelo som e numa terceira fase nota-se um crescente sentido domínio
da produção de som e gosto pela repetição, assim como um crescente
domínio da pulsação. As suas composições tornam-se cada vez mais
longas, consoante o domínio do instrumento e confiança que vão
adquirindo.
A razão pela qual falei desta minha experiência como professora está
relacionada com o facto de S&T caracterizarem o primeiro estádio em idades
em que não é muito comum aprender violino e em que os alunos mais
frequentemente tocam percussões e instrumentos que não exigem tanto
domínio técnico, e em conjunto.
54
instrumento musical e a tentar produzir som de forma caótica. Numa
primeira fase, é essencial que os alunos mais novos saibam cantar aquilo
que vão tocar a seguir, de forma a tornar menos caótica a produção de som.
Quando a música tem uma letra e é conhecida, é muito mais fácil os alunos
decorarem a peça para depois a tocarem. É possível que tenha uma relação
do interesse que manifestaram pelo tema da música. Quando dominam a
música pelo canto, começam gradualmente a conseguir toca-la, sem grande
interesse pela cor do som e com dificuldades de repetir aquilo que já
conseguiram fazer antes. É possível que esteja relacionado com as
exigências de domínio do instrumento, que pedem um processamento
grande e por isso lhes confere menor capacidade para memorizar. Os
alunos mais novos (5-7anos) têm prazer em produzir som do instrumento,
forte e piano e na diferença de timbres: arco e pizzicato, mas não mostram
muito interesse ao início pela cor do som. Numa fase posterior começam a
gostar de tocar dentro da pulsação, peças muito fáceis e mais longas, muito
repetitivas. Mostram gosto em dominar aquilo que tocam, mesmo que seja
só uma nota repetida muitas vezes. É possivelmente por isso, aliado ao
gosto pelo tema, que vários pedagogos elaboraram arranjos de temas para
crianças em que o professor toca a melodia e os alunos acompanham com
uma ou duas notas, tónica e dominante. Os alunos têm imenso prazer em
tocar estas músicas. Nas entrevistas, referiram o tema do título da música
como a característica mais importante, mas noutras conversas informais
também referiram que gostam das músicas por já as conhecerem
anteriormente.
55
desenvolvem uma maior motivação para estudar e ouvir música. As horas de
prática e o contexto escolar em que estão inseridos é importante para o seu
desenvolvimento musical. Os alunos das escolas profissionais, apesar de
terem menos anos de contacto do instrumento, acumularam mais horas de
contacto com o instrumento e com o meio musical, o que lhes permite uma
evolução mais rápida a nível técnico e também da apreciação musical. É um
boa forma de constatar que a valorização estética, apesar de também estar
relacionada com a idade, está acima de tudo relacionada com o meio
musical e tempo de contacto com o instrumento.
56
qualidade reconhecida pela comunidade musical da tradição clássica). A
familiaridade e gostos musicais comuns com outros colegas é um factor
importante nesta fase – foi o caso de um aluno que tocou o mesmo concerto
que a irmã e de colegas do conservatório que apreciavam as peças que os
colegas estavam a tocar, por exemplo, o Concerto para violino em Lá menor
de Vivaldi. Pode estar relacionada com a fase de adolescência e de
afirmação de um gosto comum com os colegas (cf. Hargreaves et al.,
2002:134). No quarto grupo, os alunos valorizam mais a expressão de
emoções, apesar de os outros elementos de apreciação fazerem parte do
seu diálogo quando falam sobre as suas preferências. A interpretação é
também um aspecto de apreciação valorizado, mas mais do ponto de vista
interno de performance. No quinto estádio, os alunos sabem utilizar um
vocabulário vasto acerca das suas preferências musicais e estão informados
acerca das tradições musicais de interpretação. Neste último estádio, existe
uma integração das outras camadas de valorização musical aprendidas
anteriormente (cf. Swanwick e Parsons). O aluno/ performer viaja entre essas
camadas de forma livre e com uma perspectiva de associação global, em
rede, entre diversos factores de associação.
Bruner (1973)
57
própria/sensações, para finalmente a consciência do potencial que a peça
tem de causar determinado tipo de experiência, pelo próprio ‘carácter’ da
peça.
1.
2.
58
preferidas eram peças fáceis, que permitissem aos alunos dominar
tecnicamente o que estavam a tocar. A performance era considerada como
um divertimento. Tal como Parsons refere no seu estudo, os alunos
reconhecem implicitamente o ponto de vista dos outros: ‘Gosto de observar
como os músicos tocam bem e sentem harmonia’- Libânia Alves. O factor da
novidade é também valorizado, talvez porque os estudantes de violino
demoram muito tempo a aprender o repertório (uma peça por período, o que
equivale a três meses), mas também porque estão numa fase do
desenvolvimento em que gostam de ter experiências novas e diferentes. Os
contrastes de dinâmicas são também valorizados. Tal como no 2º estádio de
Parsons, admiram a habilidade, a paciência e o trabalho meticuloso como
ouvintes, embora não se refiram a esse trabalho meticuloso como
performers, na valorização das peças que interpretam.
3.
4.
Abre-nos as portas a uma maior gama de obras e permite-nos captar melhor as suas
capacidades expressivas. Observamos os quadros em função da experiência que podem
proporcionar, e quanto mais intensa e interessante for a experiência, melhor será o quadro. A
intensidade e o interesse garantem que a experiência é autêntica, ou seja, verdadeiramente
sentida. O sentimento ou pensamento expresso pode ser o do artista, o do observador, ou o
59
de ambos. Em todo o caso, é sempre aquilo que é interiormente apreendido por um
indivíduo. Assenta numa nova consciência da interioridade da experiência dos outros, numa
nova capacidade de apreender as suas ideias e sentimentos pessoais. Concomitantemente,
tomamos também a consciência da nossa própria experiência como algo íntimo e único.
(Tabela de Parsons, págs. 29-30)
5.
Uma vez que entrevistei alunos de violino, é natural que os alunos adoptem
algumas das perspectivas adoptadas pelos seus professores, mas começam
também a mostrar um autonomia crescente, desenvolvida pela prática/
interpretação e observação/audição crítica de outros intérpretes. É
importante assinalar que a opinião dos alunos de performance é ao mesmo
tempo exterior e interior, ou seja, observam a prática musical dos colegas e
a sua própria. Esta constitui a maior diferença dos estádios de Parsons, que
analisam uma perspectiva dos ‘observadores’ de arte.
60
Fig.4: Perspectiva interna e externa do intérprete:
Desenvolvimento por camadas cumulativas de sentido. O performer pode adoptar a
perspectiva interna e percorrer livremente as camadas de conhecimento que vai adquirindo,
como uma montanha invertida: primeiro só conhece o cume, depois começa a explorar e a
reconhecer novos locais especiais e aos quais pode voltar sempre que quiser. O contexto
individual insere-se num contexto social.
6.
Acredito que existe pelo menos um estádio para além daqueles que eu
encontrei nos alunos de violino. Esse estádio está relacionado com a
autonomia de expressão dentro de um contexto de profundo conhecimento
da performance. Poderá, eventualmente, estar relacionado com o 5º estádio
de Parsons. Teríamos que investigar os alunos dos últimos anos das
universidades e intérpretes profissionais (solo, professores e música de
conjunto).
Observações
61
No primeiro estádio, é muito importante a ‘associação icónica’ (Bruner) da
música à vida do dia a dia.
62
Conclusão
63
Num estudo posterior, tenciono fazer entrevistas a um maior número de
alunos e profissionais de vários estabelecimentos de ensino e diversas
regiões, no sentido de caracterizar mais pormenorizadamente cada estádio.
Esta investigação foi feita, de resto, no âmbito de um projecto de
investigação mais amplo, proposto pelo grupo de Estudos em Performance
do INET-MD e intitulado “Estádios de desenvolvimento da apreciação
musical”.
64
Bibliografia
Bamberger, J. (1991) The mind behind the musical ear: How children develop
musical intelligence. Harvard University Press. Cambridge, MA.
Campbell, P. (1998) Songs in their heads. Music and its Meaning in Childrens´
lives. Oxford University Press, New York.
Colwell, R. & Richardson, C., eds. (2002) The New Handbook of Research on
Music Teaching and Learning. Oxford University Press (MENC), New York.
65
Interpretação Musical teoria e prática, ed. Colibri/ Centro de Estudos de
Sociologia e Estética Musical, col. Ensaios musicológicos. Lisboa.
Hallam, Cross & Thaut (2009) The Oxford Handbook of Music Psychology.
Oxford University Press, New York.
66
University Press, Great Britain.
Johnson, M. (1987) The Body in the Mind: The Bodily Basis of Meaning,
Imagination and Reason. University of Chicago Press, Chicago.
Langer, S .(1953) Feeling and Form. Charles Scribner’s Sons, New York.
67
North, A. & Hargreaves, D. (1995) Subjective complexity, familiarity and liking
for popular music. Psychomusicology, 14, 77-93.
Piaget, J. (1951) Play, Dreams and Imitation in Childhood. Norton & Co., New
York.
Robson, C. (1993) Real World Research A resource for Social Scientists and
Practitioner Researchers. Blackwell Publishers, Oxford.
68
listening as symmetrical indicators of musical understanding. Unpublished
doctoral dissertation, University of London, Institute of Education.
69
70
ANEXOS
71
Índice das Tabelas
A Identificação do Aluno 73
B Motivação 74
C Percurso Artístico 76
D Valorização
a) Perspectiva do ouvinte 80
b) Perspectiva do Performer 83
E Características e valores musicais (interpretação da autora) 101
Entrevistas I 104
Entrevistas II 112
72
Tabela A – Identificação do aluno
Entrevistas I
Nome Idade Grau Anos de Estabelecimento
performance de ensino
Daniel Silva 14 4º 5 Cons.Reg.Coimbra
Inês Fragoso 10 1º ½ CRC
Joana 19 6º 6½ CRC
Providência
Maria Gorgulho 6 2º Inic. 1½ CRC
Matilde Simões 7 1º Inic. ½ CRC
Matilde Pascoal 6 1º Inic. ½ CRC
Nádia Nunes 13 4º 6 CRC
Pedro Neves 20 5º 4 CRC
Raquel Dias 13 3º 4 CRC
Raquel Marinho 12 2º 2 CRC
Rute Miriam 14 4º 5 CRC
Afonso Serrano 13 3º 6 Cons.Mus.Aveiro
Calouste Gulbenk.
Catarina Barros 16 6º 6 CMA
Pedro Sá 23 8º 8 CMA
Paulo Azevedo 29 2º Lic. 6 Universidade de
Aveiro
Zé Luis Carvalho 25 2º Lic. 12 UA
Entrevistas II
Nome Idade Grau Anos de Estabelecimento
Performance de ensino
Ana Raquel 15 6º/10º ano 6 Escola Prof.
Sacramento ARTAVE
Francisca Silva 15 6º/10º ano 4 ARTAVE
Seixas
Joana Machado 17 8º/12º ano 11 ARTAVE
Marcos 19 7º/ 11º ano 5½ ARTAVE
Lourenço
Silvina Dias 15 6º/ 10º ano 3 ARTAVE
Ariana Saro 13 3º 6 Cons.Mús.
Figueira da Foz
Cristina Lopes 26 4º 4 CRCoimbra
Eduarda Costa 14 4º 4 CMFF
Francisca 11 2º 2 CMFF
Freitas
Libânia Alves 12 3º 2 CRC
Sofia Carvalho 12 3º 3 Colégio de São
Teotónio (Coimb.)
Ana Luisa 18 8º / 1º Lic. 13 Cons.Mus.Porto/
Carvalho Esc.Sup.Mus.AE
73
Tabela B – Motivação
Entrevistas II
Nome Começou a 1.Escolheu o Minutos de Horas de Fre-
estudar por instrumento? aula de estudo (nº quenta
vontade 2.Gosta de violino/ de h/ activi-
própria? tocar? semana semana) dades?
3.Gosta de
estudar?
74
Nome Começou a 1.Escolheu o Minutos de Horas de Fre-
estudar por instrumento? aula de estudo (nº quenta
vontade 2.Gosta de violino/ de h/ activi-
própria? tocar? semana semana) dades?
3.Gosta de
estudar?
Cristina Sim 1. Sim. O violino 1x45’ Irreg. 4h-0h 1 Master-
Lopes era o classe vl
instrumento e orq.
mais acessível Audições
2. Sim
3. Sim
Eduarda Sim 1. Sim 1x45’ Diaria- 1 Master-
Costa 2. Sim mente. classe vl
3. Sim e orq.
Audições
Francisca Sim 1. +/- 1x45’ 1h dia sim 1 Master-
Freitas 2. Sim dia não classe vl
3. +/- e orq.
Audições
Libânia Alves Sim 1. Sim 2x45’ 1-3x 2h 1 Master-
2. Sim classe vl
3. Sim e orq.
Audições
Sofia Sim 1. Sim (amiga) 2x45’: 1x45’ 1h 2x 1 Master-
Carvalho 2. Sim classe semana classe vl
3. Depende do conjunto e orq.
repertório Audições
Ana Luisa Sim 1. Sim 2x45’ + 1h < 2h dia Regular-
Carvalho 2. Sim mente:
3. Sim Master-
classes vl
e estágios
orq.ª
75
Tabela C – Percurso artístico
Entrevistas II
Nome 1. Gosta de Houve alguma Gosta mais de 1. Que reacções
tocar em performance tocar a solo ou nota nas pessoas à
público? memorável? em conjunto? sua volta?
2. Em que 2. Quem mais
contexto? aprecia a sua
música?/Contexto?
Ana Raquel 1. Sim, mas Recital do 9º Tocar a solo é 1. Sempre
Sacramento fica muito ano: 2º andto. mais positivas
nervosa. Sonata 4 interessante 2. Professores e
2. Para Mozart: pelo repertório e amigos mais velhos
amigos, em preparou-a em é mais íntimo: (diálogo); menos
pouca 2 semanas e em conjunto competitivos do que
quantidade tocou muito está menos os colegas
bem, “muito nervosa e
sentido”. consegue “sentir
“Senti mais a música”
liberdade”;
“demonstração
do trabalho de
muito tempo”
Francisca 1. Sim. Recital 9º ano – Gosta de 2. As pessoas que
Silva Seixas Missa, estava à ambas. Tem não são do meio
infantário: vontade porque mais musical ficam mais
eles ficam sabia que oportunidades impressionadas:
admirados, a estava segura. de tocar em Apreciam e
rir. Cto lá m, Bach; orquestra do aprendem algo
Recital 9º Siciliana e que a solo, que novo.
ano: “senti- Rigaudon de exige mais Os outros são mais
me bem, no Kreisler e preparação e críticos. Os pais, no
meu sítio, Kavatina de trabalho. início apreciavam
senti que Raff mais do que ela.
pertencia ali”
2. pais, profs.,
colegas.
Joana 1. Nas Recital 9º ano. A solo porque 1.A professora ficou
Machado audições, se Foi o único “a tem mais noção muito satisfeita por
gostar do sério”, Deu-lhe das suas ver os frutos do seu
repertório e prazer tocar capacidades. trabalho. Os pais e
estiver bem num concerto Em orquestra outros convidados
preparada. formal, bem pode falhar também gostaram,
2. Audições e vestida e com qualquer coisa embora “não
concertos de tanta gente a que ninguém percebessem de
orquestra. assistir. Foi nota. música”
Toca em uma 2. A professora de vl
casamentos experiência em 1º lugar. Os pais
mas é-lhe completamente e professores.
indiferente. nova. (Na escola e em
casa.)
76
Nome 1. Gosta de Houve alguma Gosta mais de 1. Que reacções
tocar em performance tocar a solo ou nota nas pessoas à
público? memorável? em conjunto? sua volta?
2. Em que 2. Quem mais
contexto? aprecia a sua
música?/Contexto?
Marcos 1.“Tem de ser. Concerto de Orquestra, 1.Gostaria que
Lourenço É a nossa Orquestra com música de fossem mais
profissão” Bernardo câmara. Mas verdadeiras e
2. Tem de se Sassetti e Mário também gosta dissessem o que
contentar com Laginha. de tocar a solo. realmente pensam
o que houver. Tocaram obras em vez de elogiarem
Prefere o p/improvisarem sempre. O público é
público da em pleno muito crítico e
escola, “mas concerto. Foi nunca se sabe o
depois tem de muito divertido, que vai falar, porque
levar com as estavam a pode não
suas críticas” brincar um com compreender a
Gosta mais de o outro e não dificuldade que é
tocar para fizeram no tocar um
professores concerto o instrumento.
do que para mesmo que nos 2. Pais, professores,
um público ensaios. amigos.
não A solo, a
conhecedor audição da
última master-
classe, tocou o
1º andto. Sinf.ª
Espanhola
Silvina Dias 1. Não, Recital do 9º Depende do 2. O pai, que até
porque já teve ano. As coisas repertório e das chorou, de tanto
uma má estavam bem pessoas, mas sentir aquilo que ela
experiência: preparadas. Só gosta das duas. tocou.
na 1ª vez que gostou de tocar
tocou a família e “se mostrou”
desvalorizou o na última peça,
seu trabalho que é de
“só tocas Tchaikovsky,
isso?” um compositor
2. Audição que gosta
muito. Nas
outras peças
estava muito
nervosa.
Ariana Saro 1. Sim, mas No Centro de A solo, porque 1. Felicitam-na
fica muito Artes e tem mais sempre e dão-lhe os
nervosa. Espectáculos atenção e ajuda parabéns.
2. Quando os da Figueira, não das outras Incentivam-na a
professores a se enganou em pessoas. Em continuar. O
inscrevem nenhuma nota orquestra pode- Professor dá
para tocar fora e recebeu se enganar que conselhos.
da escola, em muitos ninguém nota e 2. Os pais e irmãos
salas maiores aplausos. a solo não. apoiam-na e “ficam
e com mais mais nervosos do
público. Em que ela” nas
casa tb gosta. audições.
77
Nome 1. Gosta de Houve Gosta mais de 1. Que reacções
tocar em alguma tocar a solo ou nota nas pessoas à
público? performance em conjunto? sua volta?
2. Em que memorável? 2. Quem mais
contexto? aprecia a sua
música?/Contexto?
Cristina 1. Sim, No ensaio do Sozinha, mas com 1. Não nota muito.
Lopes quando a dia anterior, no acompanhamento. Às vezes respiram.
convidam. circo, porque Sente-se mais Gostaria de ter uma
2. Nas estavam todos confiante a tocar ovação de pé a
audições e a dançar e não em grupo. pedir-lhe para não
no centro lhes parar de tocar.
social. interessava se 2. O gato, em casa.
Também já ela desafinava
tocou na rua.
Eduarda 1. Sim. Em orquestra, Só tocou uma vez 1. Normalmente
Costa 2. No Casino no CAE, a solo e gostou gostam.
e no CAE, porque muito. Também 2. Pais, amigos e
por causa da estavam todos gosta de tocar em professores.
sala, há mais empenhados orquestra.
pessoas. para que as
pessoas
gostassem.
Tocaram as
danças
húngaras nº 5
e nº 6.
Francisca 1. Gosta mas Gostou de Em conjunto: “se 1. “Ficam
Freitas fica muito todas. me enganar os espantadas e se eu
nervosa. outros estão lá me enganar ficam ...
2. Audições, para me socorrer” dizem que correu
em casa, na bem, mas se eu
igreja, na noto que alguma
banda. coisa correu mal,
bem podem vir ter
comigo e dizer isso
mil vezes que eu
não quero
acreditar.”
2. Amigos, irmã e os
pais, nas audições
Libânia Alves 1. Sim. Fica Uma audição Dos dois. Quando 1. Acha que
nervosa, mas do 1º grau em toca sozinha sente gostaram
perde os que sentiu que mais a música – 2. Pais, porque não
nervos as pessoas “parece que as tiveram a
depois de gostaram notas dançam à possibilidade no
começar a muito e até se minha volta, é uma tempo deles de
tocar e ver as levantaram sensação boa, aprender música
pessoas para bater sinto-me leve,
empenhadas palmas como se estivesse
em ouvi-la. a voar no céu”;
2. Nas quando toca em
audições, conjunto, sente a
para mostrar harmonia entre
as suas vários
capacidades. instrumentos.
78
Nome 1. Gosta de Houve alguma Gosta mais de 1. Que reacções
tocar em performance tocar a solo ou nota nas pessoas à
público? memorável? em conjunto? sua volta?
2. Em que 2. Quem mais
contexto? aprecia a sua
música?/Contexto?
Sofia 1. Depende. Não, mas será Das duas. “As 1. Eles acham
Carvalho Não gosta de provavelmente músicas são impressionante a
tocar para os uma audição da mais giras a forma como eu
amigos porque semana cultural solo, mas em toco.
eles começam da escola, para conjunto gosto 2. A família – avós e
a gozar. Gosta a qual foi de tocar com tios, em casa
de tocar para escolhida com as outras
os pais e para uma colega para pessoas.”
as pessoas que representar a
não conhece, escola.
nas audições.
Gosta de
mostrar o
trabalho que
fez durante o
período.
2. Nas
audições.
Ana Luisa 1. Quando era Foi no estágio Em quarteto e 1. Em audições e
Carvalho mais nova de orquestra em em orquestra, é concursos as
nunca ficava que tocou no mais... pessoas estão ali
nervosa, agora, centro de envolvente... para me avaliar. Nos
quando fica, congressos da concertos de
enfrenta o madeira. “Ao orquestra, as
público e tenta mesmo tempo pessoas não estão
acalmar. 2. Não que está a ali para apreciar
gosta de tocar dirigir, o minha música, mas
para pessoas maestro brinca a música do
que conhece connosco e ri-se conjunto.
para não as e a faz aquelas
desapontar, coisas dele” . 2. Pais, irmã,
prefere tocar A solo, foi no amigos e outras
para concurso pessoas que não
desconhecidos. capela, no teatro percebem de
Prefere tocar São Carlos em música mas que
em auditórios a Lisboa. “Não estão lá para
tocar em tanto pela forma apreciar.
igrejas, porque como toquei,
o público é mais pelo
mais espaço”
conhecedor. Uma audição de
Grieg em que
Gosta de tocar tocou bem e as
em orquestra pessoas/colegas
porque o gostaram muito,
público está ali bateram muitas
para apreciar e palmas.
não para
avaliar.
79
Tabela D – Valorização
a) Perspectiva do ouvinte
Entrevistas II
Nome 1. Onde ouves as tuas músicas 1. Qual é a tua música preferida?
preferidas? Porquê?
Costumas ouvir música mais 2. Qual é o teu repertório preferido?
quando estás sozinho/a ou Porquê?
acompanhado/o?...com quem? (3. Gostas de ouvir música
2. Já foste a concertos ao vivo? clássica? Para violino?)
3. Intérpretes preferidos
Ana Raquel 1. Sozinha, para poder sentir e Gosto muito de músicas românticas,
Sacramento estar a acompanhar a música. Sibelius, Tchaikovski.
Quando estou a ouvir é só música, Violino acompanhado de orquestra...
só para a música. A estudar mas também gosto com piano
sociocultural, prefiro não ouvir. É mais sentido e eu gosto que puxe
2. Não vou muito a concertos, só pela expressão, mesmo que seja mais
quando algo me incentiva. Fui fácil tecnicamente
ouvir a orquestra APROARTE a
tocar o cto violino Tchaikovsky
(Coliseu Porto) e a Midori na Casa
da Música
3. David Oistrakh, Midori, Sara
Chang
Francisca 1. Na cama, à noite, antes de 1. Cto violino Tchaikovsky. Gosto de
Silva Seixas dormir ou na carrinha ao ir para a o ouvir e às vezes começo a pensar,
escola se um dia o pudesse tocar... acho
2. Midori, na Casa da Música. que alimenta a paixão.
Tinha visto vídeos no youtube. É bonito, soa tão bem que nem
Adorei a técnica, o som... às vezes parece difícil. Tem uma harmonia
quando estão a tocar mal uma envolvente, uma pessoa sente-se
pessoa nem se sente bem na calma, relaxada
cadeira, com ela a tocar uma 2. Sibelius, mas gosto mais de
pessoa fica relaxada, fica na paz. Tchaikovski. Para orquestra, gosto
3. Oistrakh, Menuhin, Itzhak das aberturas e sinfonias de
Perlman Beethoven e Mahler. Gosto mais do
período Romântico e ultra-romântico,
são mais envolventes e mais coiso...
há muita emoção
3. Sim. Violino e também orquestra
Joana 1. Em casa, quando estou sozinha 1. Depende, quando estou mais em
Machado 2. o último que eu fui na casa da baixo oiço aquelas músicas mais
musica foi a 3ª sinfonia de calminhas, quando estou mais alegre
Beethoven. Gostei muito: para oiço aquelas músicas mais mexidas,
começar é o tema da minha PAP. depende.
e depois é uma sinfonia de tudo o 2. Violino e orquestra. Gosto muito do
que eu falei, é uma sinfonia Pássaro de Fogo de Stravinsky.
completamente revolucionária, Também gosto muito do concerto
revolucionou a musica do tempo para violino de Tchaikovsky: obra
em que ele viveu. e gostei de ouvir virtuosa que todos os violinistas
e perceber umas coisinhas novas anseiam tocar, tem melodias muito
que ele lá põe lá, coisinhas muito bonitas. Nigun de Bloch, vl e orq.ª A
pequeninas e que fazem toda a melodia meia cigana é diferente,
diferença. Por exemplo, um tema profunda e toca-me mesmo. A
que aprece nos primeiro violino. história que está por detrás disto é
80
logo a seguir, aparece num muito triste. É um conjunto de 3
instrumente completamente, do melodias dedicadas à mãe que tinha
genérico do fagote... é um morrido e era uma pessoa muito
contraste brusco de repente, não importante na sua vida. (ficou
sei comovida)
81
Também gosto do clássico, no
romântico é que as músicas se
tornam um bocado enfáticas e
aborrecidas. Às vezes exageram
um bocado.
Francisca 1. No telemóvel. Acompanhada: 1. A que estou a tocar agora
Freitas amigos, irmã, colegas (estamos a (3ºandtoRiedingop.35). Tb gosto
ouvir assim uma música para ver daquela que a Ariana está a tocar
se é fixe... nos phones ou em voz (Vivaldi, cto vl Lá) mas não posso
alta) olhar para aquilo que eu assusto-me
2. Não com tantas notas rápidas.
3. Não tenho... gosto mto de ouvir Também gosto de ouvir músicas
o meu prof., o Vladimir, o prof inglesas no meu telemóvel. Oiço
Quijada, gosto de a ouvir a si e tb aquilo tudo.
a Eduarda e a Ariana. 2. Músicas mexidas, rápidas, alegres
3. Não é assim uma coisa que eu
aprecie muito, mas também não
desgosto. p/vl, oiço, quando passa
na rádio do carro...)
Libânia Alves 1. Oiço sempre música. Sozinha e 1. Não é tão clássica, é mais
acompanhada – pais, amigos, pesada... tipo Metallica. É só quando
profs. Oiço cds mús. clássica lá posso estar irritada ou chateada,
em casa e meto assim um de porque é assim que me estou a sentir
cada vez. naquele momento, mas também
2. Sim. Orqª Clássica Cª. Gosto gosto de ouvir música clássica
qd estão tds juntoas a tocar quando me estou a sentir bem, leve...
porque acho que estão a sentir a 2. Mozart, Beehoven... são as mais
música e dos que estão a tocar a conhecidas que aprecio mais.
solo porque têm mto jeito e Orquestra e violino.
mostram que sentem a música e (o que ouves de vl?-Não sei mto bem,
sentem harmonia. (Cto guit.ª) são pessoas conhecidas.)
Sofia Carvalho 1. Quarto (tenho sempre o rádio 1. Não tenho, muda mtas vezes. O
ligado), carro, escola, as festas que passa na rádio ou então oiço
(pop/rock). Mais sozinha música portuguesa: Carlos Paião,
2. Sim. Cto Orqª c/ pais em lisboa: José CAD e Amália.
fez-me sentir que um dia se 3. É raro. Só se estou a estudar a
trabalhar posso chegar àquele peça e o professor de violino me
patamar de violino pede esse tipo de trabalho.
Ana Luísa 1. Em todo o lado, não tenho 1. Oiço de tudo. Pões. agora tenho
Carvalho assim um sítio especial. Sozinha. ouvido sonatas vl e pn, Brahms e
2. Sim, tento ir a muitos. Gosto de Grieg. Tb gosto mto de ouvir mús.
ir a um cto para... ok, vamos barroca c/ interpretação barroca.
sentar, vamos ouvir e não estar Num cto ao vivo, gosto de ouvir a
concentrada a pensar nalguma sonoridade, seja um conj.º ou
coisa, gosto simplesmente de intérprete a solo, sentir um bom som
ouvir e sentir que os outros e sentir que toda a sala ou igreja...o
músicos estão também a ... sentir que for, gosto de ouvir o silêncio que
o feedback do público. Gosto de fica e ouvir só a música (momento
sentar, ouvir ...e gostar da peça especial de comunhão com o público)
que oiço.
3. Depende das peças, mas p.ex.
p/ sonatas Beethoven gosto mto
da Anne-Sophie Mutter, da Sara
Chang... e depois Itzhak Perlman,
Oistrakh, esses grandes.
82
b) Perspectiva do performer
Podes falar-me de uma peça que te marcou especialmente?
Nome 1. ...que gostaste 1. Tenta 1. Que aspectos 1. Em que
2. ..que não descrever a musicais situação foi
gostaste sensação de aprecias mais tocada?
3. ...que tocar essa nessa obra 2. Já a
gostasses de peça, como te (1.1.)? conhecias
tocar um dia sentiste? 2. O que gostas antes?
2. Evoca-te mais de ouvir 3. Alguma coisa
alguma numa peça (em que queiras
memória? O geral)? melhorar?
que te faz
lembrar essa
música?
Ana Raquel 1. Cantabile de 1.1. Senti-me 1.1. Poor 1. Concurso
Sacramento Tartini: em livre e com exemplo, quando (menção honrosa)
termos de técnica vontade de há melodias
era muito fácil aprender cada muito para além 3. O virtuosismo,
mas eu consegui vez mais... da corda...muito a expressividade
dar brilho à sentir-me para do corpo, é o que
música, consegui alguém porque cima, em vez de o meu professor
expressá-la às vezes ir para a corda lá, me está sempre a
bem... levei-a a desanimo e ficamos na corda dizer
um concurso e foi perco a sol... nas
isso que me vontade... mas posições
safou... ganhei a depois quando altas, e eu acho
menção honrosa. temos estas que nessas
Expressão coisas, estes posições
2. um concerto concursos e... conseguimos
de Viotti. Foi tocamos bem, expressar ainda
também porque isso dá-nos melhor e
não estava muito força nessa peça
bem preparada. 2. Evoca existiam muitos
Porque eu não porque foi uma glissandos,
gostava do das únicas timbre mais
concerto, e vezes em que cheio, mais
quando uma eu me senti masculino, as
pessoa não gosta livre a tocar dinâmicas que
do que está a por vezes eram
tocar... eu não o muito
conseguia tocar... contrastantes,
e foi por isso tanto estávamos
também que saí pianíssimo como
da artave.... de repente
2.1. Não gostava estávamos forte
da música, era 2. Dos temas....
muito técnico, por exemplo, no
semicolcheias, e scherzo, o tema,
eu não gostava... é por isso que
e mesmo quando identificamos a
havia parte música
melódica.... não
gostei
3. o Scherzo de
83
Brahms. É
potente, forte.
3.1.Ouvi tocada
pelo Oistrakh
84
de saint saens. é por mim, por também, tanto 2.1.muitos
um concerto um lado sinto- está numa coisa professores
muito difícil, que me nervosa, muito forte, disseram " ai toca
tem puxado pelo com medo de como a seguir já este concerto, vai
meu potencial. falhar, por é uma coisa ser muito bom,
também gosto outro lado muito sensível, vai ajudar-te a
muito de o ouvir. sinto-me mais triste. para desenvolver as
2.1. gosto muito grande, não mim, uma obra tuas
do início desta sei como que seja muito capacidades"
peça que toquei posso explicar monótona não então eu juntei o
porque é um isto. por causa me cativa muito, útil ao agradável,
tema que é muito do inicio, em tem de ser assim gostava, e
expressivo. forte, dá-me uma coisa que realmente está a
....melancólico. adrenalina seja mais ou fazer-me
Gosto muito de menos desenvolver a
peças tristes. contrastante minha
2. a capacidade
expressividade. E violinística, então
a técnica, eu não na altura pedi À
gosto daqueles minha professora,
violinistas que ainda estava a
passam por cima estudar com ela,
das passagens, para ler, e ela
embrulham. eu "tudo bem, podes
gosto de ouvir começar a ler" e
muito expressivo então comecei,
e tudo muito depois houve
limpinho, o som uma altura em
muito limpinho. que não peguei
P.ex. no concerto nele, comecei a
de Tchaikovsky ver outras coisas,
dar uma então este ano é
interpretação que voltei com
pessoal sem fugir ele
do estilo do
compositor
85
maneiras de memórias depois também a na mão direita.
tocar. Ultrapassei assim técnica que tenho uma obra
as dificuldades especiais não. ajuda a uma agora que é o
que tinha. Muitas pessoa brilhar meu objectivo.
coisas da sinfonia mais... ou menos Chaconne de
espanhola Vitali. é
consegui por nos como a pessoa lindíssima. é a
dedos. eu pensei que está a tocar peça que mais
que não ia se expressa. gosto. a obra em
conseguir tocar porque se for si é fantástica.
aquilo. uma peça e que tecnicamente tem
2. o meu a pessoa está as suas
professor tenta muito rígida e a variações, o
mudar quando tocar e estiver tema. a melodia é
nós não chateada com lindíssima, muito
gostamos do alguém, a peça expressiva.
repertório. muito não vai sair como
gente não gosta se estivesse
de tocar Mozart, alegre, bem
mas o Mozart faz disposto. é
muito bem aos também a forma
dedos, para por do estado de
os dedos a espírito da
mexer. Eu não pessoa....
sou muito
esquisito com o não é tanto pela
repertório. se não peça, é mais pelo
gosto muito, às estado de
vezes tenho espírito da
tocar.... eu até pessoa....
aqui pouco
Mozart tinha
tocado, era
daqueles
compositores a
quem não tinha
prestado tanta
atenção como
Wieniawski, que é
mais romântico,
lá está, o meu
estilo de gostar
de compositores
românticos mais
do que
compositores do
classicismo. Mas
agora já estou a
começar a
engatar no
Mozart: Agora
que o estou a
tocar, estou a ver
as coisas de uma
maneira diferente.
Também faz
muito bem
tecnicamente, faz
86
falta. Gosto das
melodias que ele
tem. tem
concertos
lindíssimos.
outros
compositores
também têm, mas
há pormenores
nos compositores
que os
distinguem uns
dos outros. não é
uma coisa que
seja muito
técnica, mas é
uma coisa bonita
de se tocar
3. neste momento
encontrei uma
peça que gostava
de tocar um
dia....as variações
na corda sol de
Paganini. só que
é um sonho... não
é fácil: gosto da
melodia,
virtuosismo e
expressividade da
corda sol.
Conheci-a no
youtube.
perguntei ao meu
professor o que
ele achava...
agora já me deu
as partituras, para
o meu recital do
ano que vem.
87
principalmente bocadinho
quando estava para chegar a
ouvir outras casa, e às
pessoas a tocar, vezes a cair
a forma como quando era de
elas tocavam... as Outono... e
folhas de Outono adorava essa
a cair, depois a sensação
chuva, já quase a
morrer, sei lá, a quando estás
forma como uma a tocar estás a
pessoa encara a lembrar-te
peça é que é dessa viagem
especial. as que fazias,
folhas a cair têm dessa
aquele gesto mais sensação que
ao morrer, mais tinhas quando
ao de leve, foi por ias casa?
isso que eu
gostei, é mesmo sim
sentimental. principalmente
como se eu quando oiço
estivesse dentro outras
delas, como se pessoas a
eu fosse mesmo tocar... quando
uma folha a cair sou eu a tocar
é como se eu
2. não. estivesse a
normalmente, tocar naquele
todo o repertório preciso
que eu gosto ou momento e...
que eu peço ao só... tudo em
meu professor. e mim gira... é
quando não como se só eu
gosto de uma que estivesse
peça, eu digo ao a tocar e não
meu professor me
para trocar, interessasse
porque quando os outros
estou a tocá-la
não sinto nada,
como se eu não
estivesse a fazê-
la... então o meu
professor troca
de peça. Não
gostei porque
quando a estava
a tocar era como
se eu não
estivesse a sentir
nada. era o vazio
que não era
preenchido.
enquanto que na
canção de outono
não, sentia-me
bem, eu a faze-lo.
88
talvez por estar a
sentir a música,
da forma como
eu a sinto, dou-
lhe um carácter
especial. ...na
outra peça não.
3. Não
89
passagens e depois vão lá
agudas... o ajudá-lo. uma
primeiro também, história, de
mas só tem duas tragédia e no
páginas..... este fim fica alegre.
tem 3... toda a gente ri
e brinca. o 2º é
2. ....não me mais triste, é
lembro... talvez mais tragédia
mais para trás, no mesmo.
1º grau alguém
morre... eu
3. sim. as quatro estou a
qualquer coisa de inventar um
Paccini. o bocado... mas
professor já me é mais ou
tocou, e é muito menos isso.
bonito mesmo... e nas
não ouvi com variações de
piano... o Dancla, evoca-
professor disse te alguma
que o memória?
acompanhamento
de piano é muito essa é várias
difícil...mas porque tem
gostei: pelas várias
mesmas razões, variações e
porque era rápido diferentes.
e porque o lembro-me da
professor fez minha família
muitos contrastes nas partes
entre o piano e o mais alegres,
forte... das pessoas
da minha
família que já
morreram, nas
pessoas mais
tristes...
90
giras... alegres. eu estão, é sempre quando estou a
gostava de por milímetros estudar.... e às
- tens prazer a tocar numa que falho as vezes gosto de
tocar essa peça? orquestra mas notas.... eu falho trocar aquela
também sempre... bolinha branca
o tenho algum... gostava muito *falhei muito, pelas colcheias
porque as outras de tocar num comecei mal,
que eu tocava circo... quando começas
eram muito ... gosto de tens de começar
básicas, mas eu originalidade bem, na hora de
também não era * tocar estava
capaz de tocar * desconcentrada,
melhor do que 3. faz-me mas depois lá me
aquilo.... lembrar a Alice consegui
no Pais das desenrascar....
2. não, gostei de
Maravilhas, andei perdida, e
todas... as
imagino depois nunca te
músicas que eu
alguém a saltar encontras... só
não gosto não me
de vestido se estiveres
põem a tocar
(canta). no muito à vontade
aqui... pimbas,
início não, se a tocar aquela
fado, ópera... em
calhar faz-me música é que
geral a voz não
lembrar um nunca mais
me atrai muito.
palco queres sair dali...
violino gosto
fechado... uma
sempre, até
coisa mais
quando as
fechada que
pessoas estão a
se transforma
tocar mal porque
numa dança
estão a aprender.
qualquer mas
também gosto
fechada... e no
muito de
fim é que se
violoncelo, mas é
liberta...
muito caro...
normalmente
também gostava
é, mas é uma
de tocar
coisa muito
contrabaixo, mas
vaga, não vejo
só com o arco,
imagens nem
normalmente
nada disso...
toca-se com o
no inicio é
dedo e fica
assim uma
bastante
coisa preta
reduzido... e
fechada um
depois só se vê
palco, eu
isso, não percebo
também sou
porquê...
um bocado
3. várias... não bicho de
sei, não consigo palco, eu
dizer qual. o meu gosto muito de
problema é que teatro... o
não conheço porque a
muitas músicas, música é muito
não tenho um rasgada
contacto diário (canta)... mas é
com a música uma sensação
para dizer é muito vaga...
aquela... por alguém a
exemplo, dançar
91
Paganini, não sei fechado num
se gosto, é um espaço interior
problema muito e alguém a
grande quando tu dançar num
queres dizer uma espaço
coisa e não exterior no
conheces, tens só início não, mas
uma ideia muito depois
vaga, é muito transforma-se
complicado... numa dança...
como eu gosto
muito de teatro
estou sempre
a encenar e
todas as
músicas
contam uma
história
se está
empenhada
naquilo que está
a fazer
sim. é
completamente
diferente uma
pessoa estar a
tocar aquilo e
querer despachar
ou estar a tocar
estar a sentir
92
aquilo
o sim
- mais alguma
coisa...?
o não... até na
banda quando
eu estou a
ouvir umas
musicas das
orquestras há
lá uma musica
em que parece
que um adulto
está a falar
com uma
criança e a
criança está a
responder com
uma voz mais
fininha....
senti que
estava a
prestar
atenção e que
estavam a
gostar daquilo
que estava a
tocar...
2. não
93
Libânia Alves 1. O Concertino. 1. senti-me 1. ...mmmm... é
gostei porque foi confortável, mais o som...é
uma experiência segura, que mais as
nova que me estava a sentir melodias....
marcou. senti que a música, que
os meus parentes estava em aqui no inicio é
gostaram muito harmonia com uma parte mais
da musica: Era o pianista, que calma, depois,
bonita... acho que não troquei o no ultimo
também era um ritmo e que compasso da 3ª
bocado diferente correu bem pauta acho que o
das outras ritmo muda, fica
2. Houve uma 2. ...não... mais rápido...
que fui depois é mais
acompanhada calma e depois
por piano e não rápida ...depois
correu lá muito tem uma parte
bem. Também com ligaduras
havia umas certas que também é
partes que eram mais calma,
um bocado mais parecida com o
difíceis e como inicio, que me faz
havia certas sentir como uma
pautas que pena. na outra
tinham partes parte mais calma
iguais eu perdi- é como estar a
me...não me flutuar na água...
estava a sentir e a parte mais
confortável rápida é como
3. uma tempestade
...especificamente
não sei...
2. gosto quando
a melodia é
continua...
primeiro tem
umas primeiras
notas e a
segunda dá
continuidade à
primeira parte,
também gosto
daquelas que
variam entre as
partes... a
primeira parte é
de uma maneira,
mas a segunda já
é de outra... e de
outra em que os
primeiros são
iguais à primeira
parte mas os
segundos já
começam a
mudar
94
Sofia 1. não sei 1. ....estive o 1. eram musicas
Carvalho sinceramente, período todo a mexidas e não
também não tocar duetos... era só eu a
toquei assim gosto mais de tocar...
muitas peças... o tocar em dueto
andante de do que a solo. gostei de tudo.
Brahms....Haydn? Foi uma achei que a peça
não tenho a experiência era muito bonita
certeza: porque nova e.. foi
foi uma peça que engraçado e (Haydn)
eu estudei mais e foi uma coisa
foi a primeira que nunca me
daquelas a sério, tinha passado 2. gostas mais de
sem ser a da pela cabeça musicas rápidas,
estrelinha e hino fazer é isso? sim
da alegria...
Foi uma coisa ser rápida, não
porque a nova, fiquei ser triste, alegre
estrelinha é mais alegre e e ser uma coisa
de criancinhas e contagiei um que se eu ouvir
o hino da alegria bocado o ficar espantada,
acho que foi mais violino com a por ser bonita
no inicio e o musica
andante senti que sim foi pelas
já podia começar músicas que eles
a tocar bem tocaram, acho
que eram
não sei. para bonitas. senti
além de que... fiquei um
considerar que bocado
era musica a espantada
sério, era bonita.. porque aquilo
era gira e era deve ter dado
mexida... eu não demorado
gosto de musicas trabalho... e no
lentas porque se final tudo correu
são musicas bem... (referindo-
lentas sai tudo se ao concerto
desafinado de orquestra a
portanto...eu não que assistiu)
gosto de musicas
lentas
2. a que toquei
para vir para cá...
as variações da
escala da lá
maior... eu disse
ao stor mas ele
só me deu isto na
5ª feira! eu gosto
mais das peças...
3. o concerto que
a Francisca tocou
(Rieding, op.34,
3º andamento) eu
95
já tirei fotocópia
disso e vou
começar a
estudá-lo e
depois vou
perguntar ao stor
se posso
apresentar no
final do ano!: eu
nunca toquei
concertos mas
achei a música
muito gira e o
professor Pedro
também ma
recomendou,
disse que
facilitava melhor
as minhas
posições e ia
aprender mais
jeito...
96
o concerto de exemplo, o como uma carácter...
Mozart no 5º Pedro lengalenga e ri)
grau... (canta) e (Meireles) lá ...não sei, eu
gostei bastante.... em baixo, quando estamos sinceramente não
eu gosto mais de ...está um mais penso muito
tocar Mozart no rapaz lá em melancólicos, nessas coisas,
piano... mas não baixo a tocar Mozart é um tento
desgosto de um concerto bocado... não é simplesmente
Mozart... gosto de Mozart e aquela coisa... tocar... não sei...
muito, tem ele associou uma Sonata de o fortíssimo, tem
algumas coisas aquilo às Brahms, aquela de ser bastante
lindíssimas óperas de nº 1, é forte, com
também, o Mozart, tentou completamente bastante vibrato...
Requiem é criar diferente, é muito
fantástico...o personagens... envolvente e
Requiem é e eu isso não estamos ali e
bastante diferente tenho muito o sentimos a
das outras hábito de música....
obras...talvez fazer, tento
precisamente por simplesmente mais calmo, mais
isso.... porque às ouvir a musica sereno... também
vezes Mozart se e ver o que é gosto bastante
torna bastante que ela de... por
repetitivo...os pede.... e tento exemplo, eu
concertos para os interpretá-la estou a tocar o
diferentes da melhor concerto de
instrumentos, o maneira Saint Saens, nº3,
concerto para eé
violino, o eu acho que é completamente o
concerto para de mim, eu oposto.... gosto
fagote, o nunca tive também muito de
concerto para muito esse peças fortes.... lá
trompa, o hábito... o que está, gosto dos
concerto para eu acho que contrastes...
oboé, são todos às vezes é
mau, porque 2. (na sonata de
bastante
se nós Brahms) talvez
parecidos... talvez
tivermos uma da suavidade do
o Requiem por
ideia, se início... gosto
ser diferente
criarmos um mais da parte
3. concerto de teatro...para mais calma, essa
Sibelius... aquilo vamos obra, não tem
perceber um grande
melhor as fortíssimo, por
personagens, exemplo, mas
vamos precisamente,
perceber acho que é muito
melhor as especial... pela
frases...e o suavidade, pela
que a peça calma que
pede, mas, transmite...
não sei, nunca
tive muito esse
hábito...
97
Nome 1. ...que 1. Tenta 1. Que aspectos 1. Em que
gostaste descrever a musicais aprecias situação foi
2. ..que não sensação de mais nessa obra tocada?
gostaste tocar essa (1.1.)? 2. Já a
3. ...que peça, como te 2. O que gostas conhecias
gostasses de sentiste? mais de ouvir antes?
tocar um dia 2. Evoca-te numa peça (em 3. Alguma
alguma geral)? coisa que
memória? O queiras
que te faz melhorar?
lembrar essa
música?
Entrevistas I
Nome Qual foi a peça que mais gostaste de tocar?
Daniel Silva 14 (5) Na Classe de Conjunto, o Clarinet Marmelade: Tinha várias
vozes e era com bastante ritmo
A solo, El Shadai: Fala sobre o fado de Deus.... mmmm... É
música para violino solo... e também dá para flauta. o meu
pai gostava muito dessa música e arranjou-me a peça e
quando a comecei a tocar como gostei dela... - Então as
peças que mais gostas de tocar, no fundo, são aquelas que
não todas aqui na sala...o Sim, porque são peças livres
Inês Fragoso 10 (0,5) A do papagaio loiro e.... todos os patinhos: são divertidas.
Acho que também não foi muito difícil de as aprender e têm
um bom ritmo
Joana Providência 12 (6,5) Gostei muito de um concerto de Vivaldi (mi lá lá lá lá)...
também não toquei muito mais peças... Primeiro porque foi a
peça mais elaborada que toquei... o resto eram quase só
estudos... Tinha o piano a acompanhar e também porque já a
conhecia
98
consegui ter 5 a violino Eu gostava do ritmo da música, do
estilo... soava-me bem a tocá-la
Pedro Neves 20 (4) Gostei de todas mas sinceramente gosto muito mais do
barroco... também gosto do clássico, mas o barroco, não sei
explicar, é diferente
Não consigo explicar... talvez por ser assim mais staccato.
Também gosto de Mozart, mas para mim não tem nada a ver
com Vivaldi nem com Bach
o Canone de Pachelbel: É uma música que eu sempre gostei
e já a toquei há 2 anos, se calhar...e... sempre gostei daquela
música, pela própria melodia dela, não sei.... esta é uma
delas... Uma que estou a ver agora, o concerto em lá menor
de Vivaldi... pelas mesmas razões que disse
Raquel Dias 13 (4) Concerto de Rieding opus 34, 2º andamento: Porque tem
várias dinâmicas e várias partes... tem lento e depois mais
rápido e depois lento outra vez, tem várias dinâmicas,
Também é alegre, mais alegre. Também há partes mais
tristes, assim nas partes mais lentas
Raquel Marinho 12 (2) Frohlicher Landman: Porque tinha dinâmicas.... era
harmoniosa...
Rute Miriam 14 (5) Cossacks: pelo o tipo de ritmo. Era assim uma música um
bocado alegre
Afonso Serrano 13 Concerto de Rieding opus 34: Gostava da música, já tinha
ouvido a minha irmã a tocar e gostei muito dele,
principalmente da última parte, eu gostava muito daquelas
semicolcheias... Eram as primeiras que eu tinha tocado, era
rápido, era novo...
E no concerto que vamos ver agora gosto da parte das
cordas dobradas, só que ainda não consigo fazer muito
bem... (gosta de desafios)
Catarina Barros 16 Porque é diferente, não tem nada a ver com as outras que eu
toquei. É por ser diferente. Acho que é muito bonita, primeiro,
e mete muita técnica e...eu preciso de desenvolver a técnica
portanto também gosto tanto por causa disso e pela
musicalidade, é muito bonita...gosto de tudo na peça porque
tem coisinhas muito diferentes umas das outras
Pedro Sá 23 Concerto de Max Bruch para violino e orquestra: Penso que é
um concerto muito intenso a nível de sentimentos e de
expressividade, e para além das características técnicas de
dificuldade que tem e porque me vão fazendo evoluir
tecnicamente ao longo do tempo... portanto é basicamente
uma questão de carácter, a nível do concerto é aquilo que
mais me impressiona. Acho que é muito emocionante, muito
intenso, o concerto por si só e, portanto, basicamente é isso,
a nível das emoções é um concerto que explora as diferentes
emoções ao longo dos diferentes andamentos
99
tocar porque foi a última e que explora mais os limites da
minha técnica
Paulo Azevedo 29 (12) Acho que gostei de tocar o Max Bruch, foi fixe, e o Scherzo
de Brahms, também gostei muito: Consegui interiorizá-las e
consegui desfrutar delas. Interiorizar é tocá-la sem
preocupações nenhumas
100
Tabela E
Características e valores ‘musicais’
Entrevistas I
Nome – idade (anos de O que valorizam na performance (prática)
aprendizagem de violino)
Daniel Silva 14 (5) Gosta de peças livres/ à escolha. Música de conjunto e
religiosa (porque o pai gosta)
Inês Fragoso 10 (0,5) Músicas fáceis e divertidas
Joana Providência 19 (6,5) Peças mais elaboradas, com acompanhamento e conhecidas
Maria Gorgulho 6 (1,5) Relação do título da música com a vida do dia a dia
Matilde Simões 7 (0,5) Relação do título da música com a vida do dia a dia
Matilde Pascoal 6 (0,5) Relação do título da música com a vida do dia a dia
Nádia Nunes 13 (6) Beleza, Ritmo, Reconhecimento exterior, ser fácil
Pedro Neves 20 (4) Estilo Barroco, leve, beleza da melodia
Raquel Dias 13 (4) Contrastes de andamentos, de dinâmicas, de carácter.
Alegre.
Raquel Marinho 12 (2) Dinâmicas. Harmonia/ Beleza
Rute Miriam 14 (5) Música alegre e com ritmo
Afonso Serrano 13 Ser conhecida, rápida. Gosta de desafios, aprender novas
técnicas.
Catarina Barros 16 Ser diferente. Desenvolver a técnica e musicalidade.
Pedro Sá 23 Sentimentos e expressividade. Desenvolver a técnica.
Carácter, expressão de emoções
Paulo Azevedo 29 (12) Interiorizar e disfrutar a peça. Domínio.
Zé Luis Carvalho 25 (6) Carácter, variadade de técnicas, melodias, beleza, prazer de
tocar, comunicação com o piano - qualidade da composição
e do idioma da escrita.
Entrevistas II
Nome O que valorizam na O que valorizam como
performance (prática) ouvintes, observações
Ana Raquel Sacramento Expressão de emoções, Música romântica, sentida,
15 (6) sentir liberdade a tocar, som mesmo que seja fácil
expressivo, recursos tecnicamente. É uma ouvinte
técnicos para atenta e conhece vários
expressividade, contrastes intérpretes.
(som, dinâmicas),
temas.Reconhecimento
exterior.
Francisca Silva Seixas 15 Sensação de bem-estar no Soar bem, com harmonia
(4) corpo, comunicação de envolvente, causar sensação
emoções, ‘toquei para mim, de bem estar, alimentar a
como se não houvesse mais paixão de um dia poder tocar
ninguém’, período romântico, assim.
Tensão e distensão, paz. Período Romântico e ultra-
romântico. Música que seja
envolvente e onde haja
emoção.
101
Joana Machado 17 (11) Adrenalina, energia dos É uma ouvinte atenta, gosta de
temas, Sensibilidade, obras para orquestra. Observa
Expressividade, Temas a continuidade da linha
tristes, melancólicos. melódica e contrastes. Ajusta
Contraste, Interpretação as escolhas musicais em
limpa e perfeita, função do seu estado de
Desenvolvimento técnica. espírito. Virtuosismo,
originalidade, profundidade
dos temas e interesse pela
narrativa subjacente à
composição.
Marcos Lourenço 19 (5,5) Desenvolvimento técnico, Ouvinte atento, conhece vários
período romântico (mas intérpretes e repertório. Gosta
também sabe apreciar de música para violino e
Mozart, pelas melodias, orquestra, especialmente do
técnica, etc.), melodias, período romântico. Perfeição
virtuosismo, interpretação da interpretação: beleza do
(dinâmicas, fraseada, etc.). som e perfeição técnica.
Reconhecimento do esforço.
(Gosta da ‘aventura’ em
performance: improvisação
com humor )
Silvina Dias 15 (3) Beleza, Referências extra- Ouve música sozinha mas não
musicais, expressão de tem intérpretes favoritos.Gosta
emoções no corpo, ‘a peça é de ouvir todo o tipo de música,
simples, é a forma como a especialmente erudito –
sinto que a torna especial’; ‘é clássico e romântico. Não
como só eu existisse e não gosta muito do barroco.
me interessasse os outros’ Aprecia a expressão de
sentimentos.
Ariana Saro 13 (6) Contrastes: ritmo, Ouve a música que passa na
andamento, tessitura. rádio, pop/rock, ouve música
Passagens rápidas e agudas. clássica de vez em quando, no
Ter mais páginas. carro.
Referências extra- Gosta de peças rápidas, com
musicais/narratividade. mtas pág. e que demorem
Gosta de desafios (coisas muito tempo, principalmente
difíceis). Reconhecimento em orquestra. Se forem peças
exterior. curtas, prefere vl. (factor
dificuldade). Os seus
intérpretes preferidos são os
professores de vl.
Cristina Lopes 26 (4) Gosta de todas as músicas Ouve a música que passa na
que tocou. Gosta de músicas antena 2, geralmente sozinha.
rápidas e alegres, de circo. Gosta muito de
Originalidade. Como a linha clássico/erudito e jazz. Aprecia
melódica se transforma, toda a música que passam
tocar os tempos e notas excepto as óperas.
certos, dinâmicas. Ainda não
sei muito bem o que é a
expressividade. Imagina
encenações na música/
narratividade.
Eduarda Costa 14 (4) Melodia rápida e enérgica. Gosta de ouvir música de
Gosta de desafios. Música vários géneros, geralmente
harmoniosa. Dinâmicas e acompanhada. Não
poucas repetições. temintérpretes preferidos.
Interpretação emocional. Gosta muito do barroco por
102
Sentir prazer a tocar. ser um estilo leve e brincalhão.
Gosta dos contrastes entre
partes e dinâmicas. Também
gosta de clássico, mas o estilo
romântico é demasiado
exagerado/aborrecido/enfático.
Francisca Freitas 11 (2) Gosta de tudo na música, Os seus intérpretes preferidos
mas prefere partes mexidas e são os professores. Ouve
rápidas (leves, rítmicas). música acompanhada e não
Narratividade. Diversão. aprecia mto música erudita,
Alegria. Reconhecimento mas ouve quando passa na
positivo. rádio do carro. Gosta de
músicas alegres, rápidas,
mexidas.
Libânia Alves 12 (2) Uma coisa nova. Beleza. Ouve música sozinha e
Harmonia, som, melodias acompanhada, não tem
bonitas. Transformação e intérpretes favoritos. As suas
continuidade da linha preferências dependem do
melódica. Referências extra- estado de espírito. Gosta de
musicais/Emoções no corpo. mús. para orquestra e p/ vl.
Também gosta de rock. Gosta
de observar como os músicos
tocam bem e sentem harmonia
Sofia Carvalho 12 (3) Música bonita e mexida. ‘a Ouve música mais sozinha,
sério’. Alegre e que me cause pop/rock. Só ouve as músicas
espanto. Uma coisa nova. (erudito) que o professor pede.
Valorização do trabalho por Ficou fascinada e motivada
uma peça ser bem tocada. depois de assistir a uma cto de
orqª em lisboa.
Ana Luisa Carvalho 18 (13) Carácter, Beleza. Idioma/ Ouve música sozinha e vai a
Estilo. Interpretação pessoal. muitos concertos. Aprecia os
Contrastes. Recursos concertos pela sensação de
técnicos (sabe utilizar). estar ali a sentir tudo à sua
Atmosferas e texturas volta – som/sonoridade,
sonoras. O espaço/ Sala. silêncio, comunhão,
comunicação, sensações do
público/músicos, etc. Os seus
intérpretes preferidos
dependem consoante o
repertório. Ouve repertório
diversificado e gosta de
interpretação ‘da época’.
103
Entrevistas I
Questionário
- Como te chamas (esta pergunta era óbvia, devido ao facto de serem meus alunos e foi por
vezes omitida)
- Qual a tua idade?
- Em que grau estás? (esta pergunta era óbvia, devido ao facto de muitos serem meus
alunos e foi por vezes omitida)
- Há quanto tempo tocas violino?
- Qual foi a peça que tocaste que mais gostaste? Porquê?
( Props: Tenta descrever as características que te fazem gostar dessa peça. )
104
Inês Fragoso, 1º grau
105
Matilde Simões, iniciação
- Quantos anos tens?
o Sete
- E tocas violino há seis meses... diz-me qual foi a peça que mais gostaste de tocar até
agora?
o O papagaio loiro
- Porquê?
o Porque gostei
- Mas deve ter aí uma razão especial...
o Porque... porque .... gosto muito da música
- Mas o que é que a música te transmite assim de especial....
o mmmm....
- Que características tem a música para tu gostares tanto dela?
o a... o, o papagaio
- O papagaio.. o que queres dizer com isso?
o Eu gostava de ver um papagaio
- Gostavas de ver um papagaio?
o Sim sim
- E conheces algum papagaio?
o Não
- Mas gostavas de conhecer...
o Sim
- E é essa a razão pela qual tu gostas da música?
o Sim
- E gostas muito de mais alguma música?
o Também gosto muito desta. Da loja do mestre andré
- Porque gostas desta?
o Porque tem.... instrumentos... e eu gosto de instrumentos
(pequeno registo sonoro da aula)
106
o Eu gostava do ritmo da música, do estilo... soava-me bem a tocá-la
- E das peças mais recentes...?
o O Rondeau
- De?
o Não sei
- Tocaste o ano passado?
o Sim
- E o que gostaste tanto no Rondeau?
o Gostei dela. Gostava de me ouvir tocar. Achei-a fácil
- Então também tinha a ver com o facto de a poderes tocar bem?
o Sim
107
Raquel Marinho, 2º grau
Afonso Serrano,
108
- E no concerto que vamos ver agora?
o Gosto da parte das cordas dobradas, só que ainda não consigo fazer muito bem...
- Então tu gostas de desafios, não é?
o (aceno)
(registo sonoro com piano)
Catarina Barros
Pedro Sá
- Diz-me a tua idade
o 23 anos
- E estás em que grau
o 8º grau
- E qual foi a peça que mais gostaste de tocar?
o A peça que mais gostei de tocar e que ainda estou a tocar é o concerto de Max Bruch
para violino e orquestra
- E quais são as características do concerto que te fazem gostar tanto dele?
o Penso que é um concerto muito intenso a nível de sentimentos e de expressividade, e
para além das características técnicas de dificuldade que tem e porque me vão fazendo
evoluir tecnicamente ao longo do tempo... portanto é basicamente uma questão de carácter,
a nível do concerto é aquilo que mais me impressiona
- Como defines o carácter?
o Acho que é muito emocionante, muito intenso, o concerto por si só e, portanto,
basicamente é isso, a nível das emoções é um concerto que explora as diferentes emoções
ao longo dos diferentes andamentos
- Então é a parte emocional do concerto que te cativa
o Sim, sim, sem dúvida. E técnica também, porque a parte evolutiva de técnica que tenho
vindo a aprender com esse concerto também é bastante importante... e para já não falar
que foi a que mais gostei de tocar porque foi a última e que explora mais os limites da
minha técnica
- Houve mais algum que tenhas gostado de tocar?
o Houve um que me ficou marcado que foi o meu concerto de 5º grau, que foi o concerto de
Seitz em sol menor, esse marcou-me muito
- Porquê?
o Lá está, talvez também por ter sido concerto de exame e ter sido até à altura a peça que
eu tinha mais trabalhado e gostei muito, foi uma coisa que me permitiu evoluir muito e achei
109
uma peça interessante, como é que eu hei-de explicar...a nível de exploração de
pormenores técnico, spicato, e várias coisas...
- Foi a parte técnica no concerto que mais te...
o Sim, por exemplo, trabalhar com o arco fora da corda foi uma coisa interessante para o 5º
grau, não é, e mal começar a ter esse domínio
- Então o que motivou mais foi a parte técnica desse concerto...
o sssim... eu penso que sim
Paulo Azevedo
110
Zé Luís Carvalho
111
Entrevistas II
Questionário
Identificação
Como te chamas?
Que idade tens?
Qual é o grau que frequentas?
Há quantos anos tocas violino?
Motivação
Percurso artístico
Gostas de tocar em público? Em que contexto gosta mais de tocar em público (ex.
audições, família, festas, concertos, igreja, etc.)
Houve alguma vez memorável, onde tenhas gostado especialmente de tocar? Em que
contexto e porquê?
Gostas mais de tocar a solo ou em conjunto? Porquê?
Como te sentes depois de tocar em público? Que reacções notas nas pessoas à tua volta?
Quem são os teus fãs...?
Em que contexto sentes que a tua música é mais apreciada?
Valorização
Perspectiva do ouvinte
Perspectiva do performer
Podes falar-me uma peça que tenhas tocado que te marcou especialmente? Gostado de
tocar? – prazer de tocar, ser apreciada, aprendizagem...
Existe alguma que não tenhas gostado tanto? Porquê?
Existe alguma peça que gostasses de tocar um dia? Porquê?
Tenta descrever a sensação de tocar essa peça. Como te sentiste enquanto a tocavas?
Que aspectos musicais aprecias mais nessa obra? O que ouves nela para gostar tanto?
Essa peça evoca alguma memória em especial? O que te faz lembrar essa música?
Em que situação foi tocada? (apresentação... audição, etc.)
112
Já conhecias essa música/peça?/Já a tinhas ouvido antes de a começares a tocar? Em que
contexto? Gostaste?
Consegues nomear os factores que mais valorizas numa obra musical?/ O que gostas mais
de ouvir numa peça?
113
o .. sim
- E onde costumas tocar violino... na escola e ... em casa, pouco
o É isso, às vezes, tirando os concertos
- Consideras-te envolvida nas actividades da tua escola?
o Sim
- Que tipo de actividades costumas frequentar?
o a escola costuma organizar Masterclasses onde vêm professores muito bons, o Alexei
Miklin, vêm lá professores muito bons, professores de Londres, de Oviedo, etc. Também há
estágios, muitos estágios de orquestra com o Shelle, também de Londres, com o professor
Colin Meters, já estivemos com o Pedro Neves, com o César....m...
- Houve alguma que tenhas gostado mais?
o Não, porque... são todas boas. A escola tem muitas actividades e muito boas e os alunos
não precisam de estar sempre a recorrer a coisas fora da escola.
- E diz-me, provavelmente já tocaste muitas vezes em público e... gostas?
o Não... depende, eu fico muito nervosa, então quando toco para o público eu quase que
não sinto a música e... eu gosto mais de tocar sozinha ou para pessoas que conheço... mas
isso vai ter de ser uma coisa que eu vou ter de ultrapassar
- Para que público gostas mais de tocar?
o É para os amigos, mas em pouca quantidade
- Houve alguma vez memorável em que tenhas gostado especialmente de tocar?
o Sim. Foi antes deste ano, no primeiro módulo, em que eu estava a tocar a primeira sonata
de Mozart, nº4, 2º andamento, muito gira, e eu vi-a duas semanas antes da prova e eu
estava muito nervosa, mas, Mozart, eu acho que em termos de técnica, é fácil, mas depois
musicalmente é difícil e soube-me mesmo muito bem tocar e mesmo na prova, como eu
nunca tinha conseguido tocar algo mesmo sentido, acho que naquela prova foi o máximo
que eu consegui, foi mesmo... gostei muito
- Foste expressiva
o Sim
- E estavas nervosa?
o Sim, estava muito nervosa antes de começar, mas depois comecei a tocar e quebrei um
bocado o gelo
- E o que sentiste?
o Ai sei lá, liberdade, senti que... a demonstração de todo o trabalho que eu tive... acho que
é a maneira de nós mostramos o que trabalhámos durante muito tempo
- E gostas mais de tocar a solo ou em conjunto (orquestra/ música de câmara)?
o Depende, porque quando é em conjunto - orquestra, música de câmara - eu consigo
sentir mais a música, e quando é sozinha, não sei...
- Estás mais preocupada...
o Exacto, mas por outro lado, quando toco sozinha, toco coisas mais intensas... gosto mais
de tocar sozinha... é mais íntimo
- E como te sentes depois de tocar em público?
o Nervosa. Mesmo antes das audições, eu estou muito nervosa, mas eu não tremo,
fisicamente, não se nota que eu estou nervosa, mas depois da audição ou da prova eu fico
uma pilha de nervos, porque fico muito preocupada pelos comentários ou pelas opiniões ou
mesmo por mim mesma... de como correu a prova
- Que reacções notas nas pessoas?
o Depende das audições mas, normalmente são sempre positivas
- Quem são as pessoas que mais apreciam aquilo que tu tocas?
o São os meus professores. Porque eu tenho amigos, mas mais velhos, porque uma coisa é
certa; nós, eu, pelo menos, consigo falar melhor sobre o meu instrumento, as minhas
técnicas, etc. com pessoas mais velhas em que a competitividade não está tão alerta...
sinto-me mais à vontade, mas é mais com os meus professores porque, pelo menos na
ARTAVE, a relação entre professores e alunos é muito boa, eu acho, e... além de
professores são amigos... então a minha acompanhadora, que me acompanhou durante três
anos, eu dou-me muito bem com ela, e numa altura em que eu me andava a desleixar... foi
ela que veio falar comigo para me chamar a atenção...os avanços e elogios que dão... são
mais os professores
- E os teus pais apoiam-te?
114
o Apoiam... os meus pais não são muito ligados à música... a música não vem de família...
apoiam mas não é coisa que eles....
- Onde ouves as tuas músicas preferidas e quais são as tuas músicas preferidas?
o Eu não vou muito a concertos... mas, sempre que vou é porque alguma coisa me incentiva
e... eu gosto muito de músicas românticas... Sibelius, Tchaikovsky... adoro músicas
românticas...
- Porque gostas tanto?
o Porque é mais expressiva, mais sentimental do que o barroco... é mais sentido e eu
gosto... mesmo que a peça seja mais fácil tecnicamente, eu gosto que puxe pela expressão
- E onde gostas de ouvir?
o Eu gosto muito de ouvir música sozinha ... gosto de sentir as coisas sozinha então...
depende...em casa... eu, ao estar a estudar não consigo ouvir música porque sinto a
necessidade de estar a acompanhar, a sentir a música... por isso é sozinha e quando estou
a ouvir é só música, só para a música
- E acompanhada?
o É mais quando vou a concertos...
- A que concertos já foste?
o Fui ao coliseu do porto ouvir a orquestra APROARTE, tocar o concerto de violino de
Tchaikovsky, e fui ver a Midori...
- Quais são os teus intérpretes favoritos?
o David Oistrakh, Midori, também gosto muito da Sara Chang...
- E que repertório gostas mais de ouvir?
o Violino, principalmente acompanhado de orquestra... quando é piano também gosto
mas...
- Podes falar-me de uma peça que já tenhas tocado e te tenha marcado especialmente?
o Cantabile de Tartini... em termos de técnica era muito fácil mas eu consegui... dar brilho à
música, consegui expressá-la bem... aliás, levei-a a um concurso e foi isso que me safou...
ganhei a menção honrosa
- E porque gostaste tanto de tocar essa peça?
o essa expressão...
- E que sentiste quando estava a tocar?
o Senti-me livre e com vontade de aprender cada vez mais... sentir-me alguém porque às
vezes desanimo e perco a vontade... mas depois quando temos estas coisas, estes
concursos e... tocamos bem, isso dá-nos força
- Que aspectos musicais aprecias mais nessa obra? Porque gostas dessa peça? O que
ouves na peça para gostar tanto?
o Aspectos técnicos?
- Técnicos, musicais...
o Por exemplo, quando há melodias muito para além da corda...muito pra cima, em vez de ir
para a corda lá, ficamos na corda sol... nas posições altas, e eu acho que nessas posições
conseguimos expressar ainda melhor e nessa peça existiam muitos glissandos, timbre mais
cheio, mais masculino, as dinâmicas que por vezes eram muito contrastantes, tanto
estávamos pianíssimo como de repente estávamos forte
-Essa peça evoca-te alguma memória especial quando a tocas?
o Evoca porque foi uma das únicas vezes em que eu me senti livre a tocar
- E quando a estás a tocar, não pensas em mais nada, só pensas mesmo na música?
o Sim, porque um dos meus grandes medos é desconcentrar-me, eu posso estar a sentir a
música, mas tento não desviar a minha concentração
- Já conhecias a peça antes?
o Não, foi o meu professor que me mostrou
- Houve alguma peça que não tenhas gostado de tocar?
o Houve, um concerto de Viotti. Foi também porque não estava muito bem preparada.
Porque eu não gostava do concerto, e quando uma pessoa não gosta do que está a tocar...
eu não o conseguia tocar... e foi por isso também que saí da ARTAVE....
- Marcou-te mesmo!
o Marcou-me...
- Porque não gostaste?
115
o Não gostava da música, era muito técnico, semicolcheias, e eu não gostava... e mesmo
quando havia parte melódica.... não gostei
- Há alguma peça que gostasses de tocar um dia?
o Sim, o Scherzo de Brahms. É potente, forte
- Já a ouviste?
o pelo Oistrakh...
- Algum aspecto que gostes de ouvir numa peça musical?
o Dos temas.... por exemplo, no Scherzo, o tema, é por isso que identificamos a música
- Podes tocar um bocadinho para mim?.... algo que tu gostes.... o que tu quiseres....
o É um arranjo do Kreisler.... é mesmo só um bocadinho.... (En Bateau, Debussy)
- Gostas de tocar esta peça
o Gosto de tocar, mas não é uma peça.... o problema é mesmo a melodia...
- Achas que consegues tocar bem esta peça?
o Se eu quiser consigo
- Alguma coisa que queiras melhorar nesta peça?
o O virtuosismo, a expressividade do corpo, é o que o meu professor me está sempre a
dizer
- Muito obrigada
116
concerto lá menor, de Bach, toquei a siciliana e Rigaudon de Kreisler e Cavatina de Raff
essa foi a vez mais memorável, especial?
foi
gostas em geral mais de tocar a solo ou em conjunto?
depende, para tocar a solo é preciso muito mais trabalho, exige muito mais preparação, até
porque nos não temos tantas oportunidades de tocar a solo como em orquestra, em
orquestra temos vários concertos ao longo do ano, é diferente
mas gostas mais de uma ou outra
é diferente. gosto dos dois
Porque é que aquele recital foi memorável?
eu a tocar, sentia-me bem, estava preparada
em que contextos sentes que a tua musica é mais apreciada?
o não sei.... por exemplo, quando tenho que tocar para pessoas que não estão tão dentro
do meio, é uma novidade, sinto que posso levar conhecimento às pessoas, coisas que elas
não conheciam e ficam a conhecer
ficam mais impressionadas
sim
achas que apreciam mais?
sim, porque para as pessoas que conhecem também pode ser muito bom, porque elas
podem-nos ajudar, dizer olha podes melhorar aqui, .... também é bom,
mas é uma percepção diferente
sim
e os teus pais apreciam a tua musica'
sim, no inicio eles até gostavam mais que eu
foi por causa deles que foste para a ARTAVE?
sim, eu não sabia para o que ia
e qual é a tua musica que gostas mais de ouvir
o concerto de Tchaikovsky para violino
onde ouves as tuas musicas preferidas?
na minha cama, à noite, ou de manha quando vou para a escola, na carinha, vou sempre a
ouvir musica
então é mais sozinha
sim
porque gostas tanto desse concerto?
gosto de ouvir e às vezes começo a pensar, se eu um dia o pudesse tocar...acho que
alimenta a paixão...
tem a ver com a dificuldade
é difícil e é tão bonito e soa tão bem...e às vezes a ouvir, nem parece difícil porque soa tão
bem, mas depois uma pessoa vai a ver....
o que achas tão bonito
uma harmonia tão envolvente, uma pessoa sente-se tão bem... calma, derretida
as vezes, mas é mais sozinha
já foste a algum concerto ao vivo que tenhas gostado especialmente?
fui ouvir a Midori na casa da musica
porque gostaste tanto
sempre a ver vídeos no Youtube com ela e vê-la ao vivo, ela toca tão bem, meu deus ("ídolo
de adolescência....?")
o que achas que define esse tocar, o que mais aprecias
a técnica, o som, uma pessoa sente-se bem quando ouve, às vezes quando uma pessoa
está a tocar mal uma pessoa nem se sente bem na cadeira, com ela a tocar uma pessoa fica
relaxada, fica na paz
costumas ouvir muita musica clássica
sim
mais para violino ou orquestra
depende, gosto das duas, como me sentir no momento, às vezes gosto de ouvir violino,
outras vezes já não posso ouvir violino, depende
que compositores gostas mais de ouvir?
117
não eu ache que me guio mais pelas obras gosto de concerto de Sibelius, mas gosto mais
do de Tchaikovski. por exemplo para orquestra gosto muito de ouvir as aberturas e das
sinfonias de Beethoven, as sinfonias de Mahler, gosto assim da musica do período
Romântico e Ultra-romântico, são mais envolventes e mais coiso... há muita emoção
tens algum intérprete preferido para alem da Midori
Oistrakh, Menuhin, Itzhak Perlman
e o repertório que gostas de ouvir
mais orquestra e para violino. não costumo ouvir musica clássica dos outros instrumentos...
podes falar de uma peça que tocaste que te marcou especialmente?
o Scherzo de Brahms
e porque gostaste tanto de a tocar?
nos temos um termo pujante, é preciso garra e eu antes não tinha assim tanta garra, era
assim mais na paz e com essa obra consegui libertar-me, deitei tudo cá para fora e gostei
muito de a tocar
como te sentiste a tocar
senti-me muito bem, senti que não estava a tocar para as outras pessoas, senti que estava
a tocar ... para o meu prazer... e correu muito bem...
existe alguma peça que não tenhas gostado tanto?
acho que não.... por exemplo quando eu não gostava, o meu professor também via
alguma peça que gostasses de tocar um dia?
tantas... concerto de Tchaikovsky, Tzigane de Ravel
o que gostas tanto na Tzigane
difícil, é uma musica que as pessoas não estão habituadas a ouvir, assim estranha... eu
gosto
que aspectos musicais gostas mais no Scherzo de Brahms
como assim?! faz-me sentir bem...é o conjunto é tudo
essa peça evoca-te alguma memoria especial?
não... só a parte do trio.... eu fui a uma masterclasse com o professor Michelin e ele disse
que essa era a canção do amor e então eu acho que essa parte talvez pode responder... eu
comecei a pensar nisso para interpretar a obra
em que situação tocaste o Scherzo
numa audição, numa prova e na masterclasse
já a conhecias antes?
já a tinha ouvido, alguns colegas já a tinham tocado
foste que a escolheste?
não, foi o meu professor, eu tinha intenções de a tocar, mas não era já....
e assim em geral, o que valorizas mais numa obra musical? o que gostas masi de ouvir
numa peça?
as obras contemporâneas são um bocado estranhas, porque estão sempre a criar tensão e
uma pessoa fica...assim quase sem respirar... também gosto de obras calmas....
mas gostas das contemporâneas...\
não muito, talvez porque nós também não as conhecemos muito bem...
mas o que valorizas o que gostas de ouvir
depende, por exemplo, se eu vir que é uma obra difícil para violino, pode ficar aquele
bichinho de um dia....mas não sei.... é complicado
o que tem o Scherzo e o Tchaikovsky que te faz gostar?
tem uma harmonia, que nos envolve, nós nessa altura não estamos em mais lado nenhum, é
só musica, musica...
em relação a Bach....
as Partitas são um bocado ...seca... os concertos são bonitos.... mas gosto mais do
Scherzo e Tchaikosky...
o que tem em comum
não sei... são muito românticos...
talvez seja por isso
não sei, talvez...
podes tocar um pouco para mim?
(Beethoven, Romanza)
obrigada. gostaste?
118
sim
podes falar um bocadinho do que tocaste
bonito, tranquilo
como te sentiste
nervosa, a peça não está pronta nem nada. uma pessoa vai-se libertando, começa a
apreciar o que está a fazer
alguma parte que gostes especialmente
sim... esta parte... também gosto do tema...
obrigada
Joana Machado
119
- e gostas de tocar em publico?
o não sei bem. nunca toquei em público
- Nas audições....
o Ah sim...depende. Se gosto do repertório, se estou bem preparada, mas gosto de tocar
em público
- Existem outros locais onde gostes de tocar em publico?
o só em casamentos
- E gostas?
o sim
- muito?
o é-me indiferente
- em que situações gostas mais de tocar?
o a solo e em orquestra
- houve alguma vez memorável onde tenhas gostado especialmente de tocar?
o num recital que eu fiz no nono ano, que é o recital de fim de curso. foi esse, o único que
eu fiz assim a sério, a solo
- o que tocaste?
o já não me lembro. sei que toquei a sonata, de Veracini, uma peça com aqueles nomes
meio russos...não sei e também toquei tempo de Minueto de Kreisler
- porque gostaste tanto de tocar nesse recital?
o em primeiro foi uma experiência completamente nova, nunca tinha feito nada disto. E
depois, foi uma coisa muito formal, estar assim muito bem vestida com tanta gente a assistir
foi uma coisa que me deu muito prazer tocar
- Gostas mais de tocar a solo ou em conjunto?
o a solo. também gosto de tocar em conjunto, mas é diferente
- em que sentido?
o em conjunto pode-se falhar em qualquer coisinha que ninguém vai notar a solo é muito
mais rigoroso. A solo tenho mais noção daquilo que estou a fazer. das minhas capacidades,
não sei explicar
- em que contextos sentes que a tua musica é mais apreciada? Quem mais te apoiou, quem
te elogiou naquele recital, por exemplo?
o Sem dúvida a minha professora. E os meus pais. na escola, dos professores em geral
ajudam quem precisa
- Que reacções notaste
o a reacção da minha professora foi de grande satisfação, gostou de ouvir, porque todo o
trabalho que ela fez comigo deu fruto. dos meus pais e pessoas que eu convidei, também
gostaram muito, embora não percebessem de música e isso, mas gostaram bastante do
que ouviram.
- tocas para ti ou para agradar às pessoas que te rodeiam?
o antes tocava muito para mim, agora estou a tentar agradar também às pessoas que me
estão a rodear. foi um conselho que me deram e acho que é bom ter a capacidade de auto
criticar-me. ouvir de fora
- em que contextos sentes que a tua musica é mais apreciada?
o em casa, a minha mãe sempre que me ouve a tocar diz que eu estou sempre a tocar
melhor do que eu estava a tocar, mas na escola também gostam de me ouvir tocar
- e onde costumas ouvir as tuas musicas preferidas
o em casa. quando estou sozinha
- que musicas costumas ouvir?
o depende do meu estado de espírito, quando estou mais em baixo oiço aquelas musicas
mais calminhas, quando estou mais alegre oiço aquelas musicas mais mexidas, depende
- e algum tipo de repertório especifico?
o para violino e orquestra
- alguma obra que gostes especialmente de ouvir?
o não sei. por exemplo um excerto do pássaro de fogo, mexe muito comigo, transmite muita
força. também gosto muito de ouvir o concerto de Tchaikovsky
- porquê?
o porque além de ser uma coisa muito virtuosa, muito difícil, que todos os violinistas
anseiam tocar, por assim dizer, tem melodias muito bonitas
120
- mais alguma?
o Nigun de Bloch. aquela melodia meia cigana é diferente. uma melodia muito profunda e
toca-me mesmo. a história que está por detrás disso é muito triste, dedicada, à mãe. é um
conjunto de 3 peças dedicadas à mãe que já tinha morrido, era uma pessoa muito
importante na vida dele e decidiu dedicar-lhe este conjunto de 3 peças. (ficou sensibilizada)
- podes falar-me de uma peça que tenhas tocado que te marcou especialmente?
o não sei. acho que nenhuma peça me deixou assim marcas grandes. estou a tocar o
concerto de Saint Saens. é um concerto muito difícil, que tem puxado pelo meu potencial.
também gosto muito de o ouvir.
- por algum em especial?
o quando oiço uma peça, oiço por vários
-há quanto tempo a estás a tocar?
o há 2, 3 meses
- já a tocaste em publico?
o só numa masterclasse
- e qual é a sensação de o tocar em público?
o supostamente por ser um concerto muito difícil, e por muito puxar por mim, por um lado
sinto-me nervosa, com medo de falhar, por outro lado sinto-me grande, não sei como posso
explicar isto. por causa do inicio, em forte, dá-me adrenalina
- que aspectos musicais mais aprecias nesse concerto
o dos temas, da energia dos temas e também da sensibilidade que depois há noutros temas
também, tanto está numa coisa muito forte, como a seguir já é uma coisa muito sensível,
mais triste. para mim, uma obra que seja muito monótona não me cativa muito, tem de ser
assim uma coisa que seja mais ou menos contrastante
- e essa peça evoca-te alguma coisa em especial
o não, não costumo relacionar musica com alguma coisa
- e estas a prepará-lo para...
o O recital do 12º
- já conhecias esse concerto antes de o tocar?
o sim por uma colega minha que andava lá na ARTAVE no 12º que também o tocou.
- gostaste do concerto?
o gostei muito
- e foi por tua própria iniciativa que começaste a ver ou foi alguém que te propôs
o muitos professores disseram " ai toca este concerto, vai ser muito bom, vai ajudar-te a
desenvolver as tuas capacidades" então eu juntei o útil ao agradável, gostava, e realmente
está a fazer-me desenvolver a minha capacidade violinística, então na altura pedi À minha
professora, ainda estava a estudar com ela, para ler, e ela "tudo bem, podes começar a ler"
e então comecei, depois houve uma altura em que não peguei nele, comecei a ver outras
coisas, então este ano é que voltei com ele
- tenta descrever os factores que mais valorizas numa obra musical
o a expressividade. E a técnica, eu não gosto daqueles violinistas que passam por cima das
passagens, embrulham. eu gosto de ouvir muito expressivo e tudo muito limpinho, o som
muito limpinho
- dá-me exemplos de duas peças com essas qualidades
o concerto de Tchaikovsky
- tocado por?
o não sei, vi uma no Youtube que gostei muito, mas tenho outra no telemóvel que já não
gosto tanto, não me soa a Tchaikovsky
- por causa do estilo?
o sim
-valorizas muito a interpretação?
o dar uma interpretação pessoal sem fugir do estilo do compositor
- costumas ir a concertos ao vivo?
o O último que eu fui na casa da musica foi a 3ª sinfonia de Beethoven.
- gostaste muito
o sim. para começar é o tema da minha PAP. e depois é uma sinfonia de tudo o que eu falei,
é uma sinfonia completamente revolucionária, revolucionou a musica do tempo em que ele
viveu. e gostei de ouvir e perceber umas coisinhas novas que ele lá põe lá, coisinhas muito
121
pequeninas e que fazem toda a diferença. Por exemplo, um tema que aprece nos primeiro
violino. logo a seguir, aparece num instrumente completamente, do género do fagote... é um
contraste brusco de repente, não sei
- podes tocar para mim um pouquinho?
o está muito fresco...
- alguma parte que tu gostes especialmente desta peça?
o do início. porque é um tema que é muito expressivo. não é assim triste.... triste...
melancólico.
-gostas de peças tristes...
o sim...por acaso gosto muito
Marcos Lourenço
122
- em que contexto gostas mais de tocar?
o é o que tivermos. temos que nos contentar com o que há. gosto mais do público da
escola. claro que depois temos de levar com as nossas críticas
e gostas mais de tocar a solo ou em conjunto?
é diferente. muito diferente. gosto de tocar em conjunto, trabalhar com os outros,
conhecer.... musica de câmara principalmente, ... mas também gosto de tocar a solo
houve alguma vez memorável em que tenhas gostado especialmente de tocar?
o concerto que mais gostei foi em orquestra. de facto foi em orquestra, o concerto que
tocámos com os dois pianistas Bernardo Sassetti e Mário Laginha. Foi um concerto
espectacular
- O que tocaram?
o Tocámos duas obras deles, mesmo para eles improvisarem, mesmo em pleno concerto.
Foi um espectáculo. São os dois super divertido
-porque gostaste tanto?
o porque também sempre gostei de piano e gostei de que em pleno concerto eles não
fizeram nada daquilo que fizeram nos ensaios... andavam os dois a brincar um com o
outro... toca um toca outro, foi o concerto que até hoje ... também já ouvi concertos com
muito bons violinistas Ilia Grubert. O Grubert dá aulas no conservatório de Amesterdão é
muito bom, tem um excelente violinista. Apesar de ele já ter tocado centenas de vezes o
Tchaikovski, dentro da igreja o som que ele tinha, muita técnica,
esta tudo perfeitinho
estava tudo, até fazia confusão
só o violino dele, que era o violino de Wieniawski, com 300 e muitos anos, k um som
fenomenal
- professor Elliot
-Houve alguma vez que tenhas gostado assim muito de tocar a solo?
o gostei da audição final das masterclasses desta que passou
- o que tocaste?
o Sinfonia espanhola, 1º andamento de lalo
- o que sentiste nessa altura?
o primeiro senti um nervosismo incrível, quando entrei, mas depois, é o à-vontade, temos de
nos habituar, tocaremos tudo, até morrer, para o público
- porque gostaste tanto dessa vez?
o porque de certa forma, na escola, em todas as escolas, há aquele despique entre alunos.
há sempre, mesmo que seja por um bom motivo, é sempre bom, há aquelas coisas que uns
falam os outros falam...e gostei que na masterclasse o professor valorizou os verdadeiro
alunos. Nós éramos para tocar cinco alunos de cada professor, só tocamos dois do
Michelin, os outros foram postos fora, senti-me no meu dever de fazer um bom trabalho
- e achas que fizeste
o acho que fiz um bom trabalho
- como te sentiste depois de tocar em publico
o nervoso, porque nunca se sabe o que as outras pessoas vão dizer, um publico, muito
critico. quando é para professores, para um prova, estou mais à vontade. Apesar de estar a
defender ou a criar uma nota. Porque quando o publico sai da sala, é gente que pode
criticar sem perceber as dificuldades que é tocar um instrumento.
- que reacções notas nas pessoas à tua volta?
o depende. Há pessoas que falam... por falar.... muitas vezes corre mal e vêm na mesma dar
os parabéns e eu prefiro que me digam o que pensam verdadeiramente, para melhorar
- quem gosta mais de te ouvir?
o posso ter muitas pessoas que gostam de me ouvir mas eu acho sempre que tenho os
meus defeitos.
- e os teus pais e professores apoiam o teu trabalho?
o sim
- em que contexto sentes que a tua musica é mais apreciada?
o na escola
- onde costumas ouvir as tuas musicas preferidas?
o no meu telemóvel, que anda sempre comigo
- e é mais sozinho?
123
o sim, eu também moro sozinho
- e quais são as tuas músicas preferidas?
o ai, tantas! primeiro, o concerto para violino, de Tchaikovsky, oiço muita coisa de
Wieniawski, Paganini, Mozart, tudo um pouco, musica clássica é o que não pára no meu
telemóvel... também para orquestra
- tens intérpretes preferidos?
o Heifetz, Hilary Hahn, Anne-Sophie Mutter, Itzhak Perlman
- tens algum repertório preferido?
o repertório romântico, é mais expressivo. mas também gosto de outros períodos.
- costumas ir a concertos?
o quando tenho tempo.... o nosso professor tocou com orquestra a Tzigane, eu também
estava a tocar
- podes falar-me de uma peça que tenhas tocado que tenhas gostado
o a sinfonia espanhola
- porque?
o foi uma obra muito complicada de tocar.
- tocaste-a toda?
o toquei o primeiro andamento e já tinha tocado o quarto. tive muitas dificuldades no
primeiro andamento.
- foi porque sentiste que ultrapassaste as dificuldades
o Sim. porque quando peguei naquilo sentia que tinha cada vez mais dificuldades. Na
masterclasse, trabalhei mil maneiras de tocar. Ultrapassei as dificuldades que tinha. Muitas
coisas da sinfonia espanhola consegui por nos dedos. eu pensei que não ia conseguir tocar
aquilo.
- E em termos musicais, o que apreciaste naquela obra?
o aquilo de musical tem e não tem, pouco tempo uma pessoa tem para musicalidade no
meio daquelas semicolcheias todas.... mas mesmo assim tem boas partes de solista para
vibrar
- gostas do virtuosismo
o (acena)
- tenta descrever a sensação de a tocar
o faltam-me as palavras. Foi uma sensação estranha estar a tocar em publico e ao mesmo
tempo estar a pensar que há umas semanas atrás aquelas coisas não saiam.
- foi um triunfo. o meu professor também me ajudou muito
o sim
- evoca-te alguma memória especial.
o tantas que já toquei que memorias assim especiais não.
- existe alguma peça que não tenhas gostado de tocar?
o O meu professor tenta mudar quando nós não gostamos do repertório. muito gente não
gosta de tocar Mozart, mas o Mozart faz muito bem aos dedos, para por os dedos a mexer.
Eu não sou muito esquisito com o repertório. se não gosto muito, às vezes tenho tocar.... eu
até aqui pouco Mozart tinha tocado, era daqueles compositores a quem não tinha prestado
tanta atenção como Wieniawski, que é mais romântico, lá está, o meu estilo de gostar de
compositores românticos mais do que compositores do classicismo. Mas agora já estou a
começar a engatar no Mozart
- porque começaste a gostar mais?
o Agora que o estou a tocar, estou a ver as coisas de uma maneira diferente. Também faz
muito bem tecnicamente, faz falta
- e para além da técnica, que vês de forma diferente para começares a gostar de Mozart?
o das melodias que ele tem. tem concertos lindíssimos. outros compositores também têm,
mas há pormenores nos compositores que os distinguem uns dos outros.
- algum pormenor que gostes especialmente no concerto?
o não é uma coisa que seja muito técnica, mas é uma coisa bonita de se tocar
- o que mais aprecias numa obra musical?
o principalmente a expressão, como o músico toca, as dinâmicas, e depois também a
técnica que ajuda a uma pessoa brilhar mais... ou menos
- interessa-te a forma como a obra é transmitida
o sim
124
- já conhecias a sinfonia espanhola?
o sim
- foste tu que escolheste tocá-la?
o foi o meu professor que me deu a ideia. eu já tinha tocado o 4º andamento. ele tinha-me
falado... vai vendo o primeiro, mas quando pegava no andamento perdia a vontade de
tocar... era muito difícil.
- alguma obra que gostasses de tocar?
o neste momento encontrei uma peça que gostava de tocar um dia....as variações na corda
sol de Paganini. só que é um sonho... não é fácil
- o que gostas tanto nessa peça?
o melodia, virtuosismo e expressividade da corda sol
- diz-me, é possível tocares um bocadinho para mim?
o ...já estou cansado... (tocou)
- gostaste?
o mais ou menos. há coisas a melhorar. gostava de melhorar o fraseado e alguma técnica
na mão direita. tenho uma obra agora que é o meu objectivo. Chaconne de Vitali. é
lindíssima. é a peça que mais gosto. a obra em si é fantástica. tecnicamente tem as suas
variações, o tema. a melodia é lindíssima, muito expressiva.
- onde a conheceste?
o no Youtube. perguntei ao meu professor o que ele achava... agora já me deu as partituras,
para o meu recital do ano que vem.
Silvina Dias
- como te chamas?
o Chamo-me Silvina
- quantos anos tens
o tenho 15
- em que ano estás
o estou no 10º ano, que equivale ao 6º grau
- há quanto tempo tocas violino
o desde o meu 7º ano
- há 3 anos?
o sim
- estás na ARTAVE?
o sim
- quantas aulas tens de instrumento por semana?
o 3 de 45 minutos
- e porque decidiste estudar música?
o tudo começou porque o meu pai tinha o sonho de aprender música. quando eu entrei para
a escola, não foi por obrigação, foi mais por dar prazer ao meu pai e no nono ano deram-me
a escolha de continuar a estudar música ou seguir outra área e durante aqueles 3 anos eu
comecei a gostar mais daquilo que estava a fazer e então continuei.
- e o que te levou à escolha do instrumento?
o bem, quando fiz as provas, tinha boa nota a clarinete e violino, no CCM já tinha aulas de
piano e na ARTAVE não se podia tocar piano e tive de fazer uma escolha, disseram-me para
eu ir para violino e então foi quase como uma obrigação.
- gostas de tocar violino?
o sim
- e de estudar também?
o sim
- porquê?
o porque é uma forma não é de distrair-me, mas é uma forma de mostrar como eu sou
também por dentro
- onde costumas estudar?
o em casa, no meu quarto, na escola, e nos auditórios, quando possível?
- quanto tempo costumas estudar por dia?
o 3 blocos de 45 minutos, mais uma hora em casa, por vezes
125
- consideras-te envolvida nas actividades da escola?
o sim. eu participo nas masterclasses organizadas pela escola.
- gostaste?
o mais ou menos. acho que não tirei o rendimento máximo do masterclasse. ele toca muito
bem e eu gosto muito da forma como toca, mas penso que não foi o ano que me mostrei
mais. se eu tivesse mostrado as peças deste módulo talvez ele me pudesse ajudar mais
achas que ele trouxe muito de novo
pois
gostas de tocar em público
não. já tive uma má experiência, ouvi coisas que não gostei de ouvir. a minha família não me
apoiou e a primeira vez que toquei para eles e eles disseram, só tocas isso?
...e houve alguma vez que tenhas gostado de tocar em público?
no meu recital do 9º ano gostei. primeiro porque as coisas estavam relativamente bem
preparadas. e principalmente na última peça, que é de Tchaikovski, que é um dos meus
compositores favoritos, que estava relaxada, quase a acabar o recital, vai ser agora que eu
vou mostrar, gostei de tocar, aí, mas foi só no momento daquela peça, porque no outro
estava cheia de medo, mesmo
o que sentiste quando estavas a gostar?
- senti-me livre, mesmo, como se eu estivesse noutra pessoa, noutro mundo. quando estou
sem tocar, a falar, sinto vazio. quando começo a tocar, e sei que aquela coisa está bem,
sinto que aquele espaço está a ser preenchido, sinto-me completa
o gostas mais de tocar a solo ou em conjunto?
- depende. do repertório, das pessoas. mas gosto. de tocar a solo, mas também em
conjunto.
quem mais aprecia a tua música?
o meu pai. até chorou no meu recital, de tanto sentir aquilo.
onde ouves as tuas musicas preferidas.
no meu quarto ou na minha sala
que musicas gostas mais de ouvir
todas. mas principalmente erudita. período Clássico ou Romântico, principalmente
Romântico.
porque
é Romântico, diferente. por exemplo, já não gosto tanto do barroco. é mais impressionista,
expressivo, mais sentimental, mesmo.
já foste a concertos ao vivo?
alguns. vou ao coliseu do porto.
um que tenhas gostado muito
foi o ano passado, o ano passado, uma violinista. gostei muito
costumas ouvir musica mais quando estás sozinha ou acompanhada?
quando estou sozinha
quais são os teus intérpretes preferidos de violino?
sei lá... não tenho...
podes falar-me de uma peça que tenhas tocado que te marcou especialmente
pode ser a que eu toquei no recital. canção de Outono de Tchaikovsky primeiro é um dos
compositores favoritos, depois a peça é muito bonita, depois foi aquele momento.... foi
especial
então foi a experiência de a tocar bem que te fez gostar
sim
e o que consideras bonito, na peça
por era uma canção de Outono.... quando estava a tocar, principalmente quando estava
ouvir outras pessoas a tocar, a forma como elas tocavam... as folhas de Outono a cair,
depois a chuva, já quase a morrer, sei lá, a forma como uma pessoa encara a peça é que é
especial.
conseguias imaginar
as folhas a cair têm aquele gesto mais ao morrer, mais ao de leve, foi por isso que eu gostei,
é mesmo sentimental
conseguias sentir as folhas
como se eu estivesse dentro delas, como se eu fosse mesmo uma folha a cair
126
e existe alguma peça que não tenhas gostado tanto?
não. normalmente, todo o repertório que eu gosto ou que eu peço ao meu professor. e
quando não gosto de uma peça, eu digo ao meu professor para trocar, porque quando
estou a tocá-la não sinto nada, como se eu não estivesse a fazê-la... então o meu professor
troca de peça
isso aconteceu alguma vez?
sim. eu disse ao meu professor para trocar e ele trocou.
porque não gostaste da peça?
quando a estava a tocar era como se eu não estivesse a sentir nada. era o vazio que não era
preenchido. enquanto que na canção de Outono não, sentia-me bem, eu a faze-lo. talvez
por estar a sentir a música, da forma como eu a sinto, dou-lhe um carácter especial. ...na
outra peça não
existe alguma que gostasses de tocar um dia?
...não
que aspectos musicais gostas mais de ouvir naquela peça de Tchaikovsky?
que aspectos musicais aprecias mais na peça?
não é uma peça muito complicada, é uma peça bastante simples, mas é a forma como eu a
sinto que a torna especial, que parece que é outra peça que estou a tocar
não tem a ver com uma harmonia especial, uma frase, é o conjunto...
lá está
faz-te lembrar alguma memória especial?
como uma canção de Outono, quando tocava, fazia-me lembrar a tarde de Outono, quando
chegava da escola e saía do autocarro, e tinha que passar, tinha que andar ainda um
bocadinho para chegar a casa, e às vezes a cair quando era de Outono... e adorava essa
sensação
quando estás a tocar estás a lembrar-te dessa viagem que fazias, dessa sensação que
tinhas quando ias casa?
sim principalmente quando oiço outras pessoas a tocar... quando sou eu a tocar é como se
eu estivesse a tocar naquele preciso momento e... só... tudo em mim gira... é como se só eu
que estivesse a tocar e não me interessasse os outros
o que mais valorizas numa obra musical? O que gostas mais de ouvir numa peça?
como a pessoa que está a tocar se expressa. porque se for uma peça e que a pessoa está
muito rígida e a tocar e estiver chateada com alguém, a peça não vai sair como se estivesse
alegre, bem disposto. é também a forma do estado de espírito da pessoa....
não é tanto pela peça, é mais pelo estado de espírito da pessoa....
sim...
podes tocar um bocadinho para mim (meditação de Massenet)
adoro esta música
por acaso fui eu que pedi ao meu professor porque lá está... sentimentos...
achas que dominas esta peça? o que gostavas de melhorar?
se tivesse o piano....sei lá ...
parabéns, gostei muito de te ouvir. Obrigada
Ariana Saro
- Como te chamas?
o Ariana
- Quantos anos tens?
o 13
- Qual o grau que estás a frequentar?
o 3º
- E há quantos anos estudas violino?
o 6 anos
- porque começaste a estudar música?
127
o Gostava, ouvia muita música, estava indecisa entre violino e violoncelo, se fosse agora
escolhia violoncelo. mas fui eu que escolhi violino
porque escolheste o violino?
pelo tamanho, pelo som mais agudo, ouvia mais violino do que violoncelo
e quando soubeste que era esse o teu instrumento?
aos cinco, quando os professores do conservatório disseram que tinha muito jeito
e gostas de tocar violino?
sim
e de estudar?
mais ou menos.... quando as coisas me agradam, gosto mais, mas quando não consigo
fazer tudo à primeira começo a flipar...
e onde costumas estudar?
no meu quarto, na sala, com a minha mãe a ajudar...
e tocar?
no conservatório, em audições ou concertos fora. convocam-nos, a mim e a mais uns
colegas que tocam melhor. modéstia à parte as todos os professores dizem que eu toco
bem, ok, tudo bem, ou convocam-nos, ou o professor inscreve-nos para tocar
quantas vezes tocaste nesse tipo de concertos fora da escola?
5. cá em Coimbra, Castelo de Paiva, ...
com que regularidade costumas estudar?
eu costumo estudar ao sábado, domingo, 2ª e 3ª. 3 ou 4 vezes por semana. 45 min., uma
hora.
consideras-te envolvida pelas actividades organizadas pela escola?
sim. esta masterclasse. e houve outra actividade que eu não pude frequentar.
sentes-te bem na tua escola de música?
sim. tem bons professores, bom clima
já tinhas frequentado uma masterclasse antes?
não, é a primeira.
estás a gostar?
é bom, porque o professor é simpático, dá-nos sempre elogios e corrige, o professor de
orquestra também é muito simpático
gostas de tocar em público?
fico muito muito nervosa, mas gosto. ainda faltam mais de três horas, e eu já estou
completamente nervosa
e em que contexto gostas mais de tocar em publico?
quando os professores me inscrevem ou dizem que eu toco bem, dizem que eu tenho
performance, os meus pais, os meus colegas...
em que situações gostas mais de tocar?
gosto mais de tocar fora do conservatório, às vezes corre melhor fora, gosto mais de tocar
fora porque tem mais audiência, no CAE, nas audições gerais
e noutro tipo de situações?
em casa, às vezes vão lá uns amigos jantar... apesar de eu não gostar muito de tocar à
frente dos meus pais, gosto mais de não os ver, tipo ervinhas ali assim, é mais
reconfortante, não gosto muito de tocar assim com eles a olharem para mim
houve alguma vez que tenhas gostado muito de tocar?
no CAE, correu-me muito bem mesmo. não me enganei em nenhuma nota, recebi muitos
aplausos...
tiveste um grande reconhecimento porque fizeste um bom trabalho
sim...
gostas mais de tocar a solo ou em conjunto?
gosto mais de tocar a solo. não é por as atenções virem todas para mim, mas gosto mais de
ter mais ajuda das outras pessoas, em conjunto a ajuda vai para toda a gente, mesmo que
eu me engane numa nota ou duas os outros podem não se enganar não há problema
porque não se ouve a minha, quando eu toco sozinho, se eu me enganar já fica tudo
perdido
e em termos de repertório?
gosto de coisas rápidas, e que não sejam muito calmas, muito piano, é mais fortes
mais a solo, para tocar sozinha?
128
sim
e como te sentes depois de tocar em público?
sinto-me desenvolvida, sinto-me bem, muito bem mesmo. Até posso não receber muitos
aplausos, mas já toquei, está feito, correu bem, correu bem, fica para a próxima
e quais são as reacções das pessoas à tua volta?
felicitam-me sempre. desejam-me os parabéns que continue a fazer isto, aquilo, o professor
diz-me não faças isto assim, não faças isto assado,...
e quem mais aprecia a tua música?
os meus pais e o meu irmão. nas audições ficam mais nervosos que eu
e apoiam-te bastante?
sempre
em que contexto sentes que a tua música é mais apreciada?
em casa, apesar de eu não gostar muito de tocar, ouvem-me melhor, a sala é mais
pequena, não é como no CAE, em que a sala é muito grande, as pessoas lá atrás não me
ouvem tão bem.
que tipo de comentários é que tens dos teus pais tens quando estão a apreciar?
muito bem, não faças isto, olha que te enganaste aqui, ou ali...
tens um feedback constante...
sim...
onde costumas ouvir as tuas músicas preferidas?
no quarto, na rádio.
e quais são as tuas músicas preferidas?
musicas inglesas, também de portuguesas, mas mais das inglesas....
rock pop...?
sim
alguma em especial?
a música chama-se Baby, Just You Giver... é um rapaz de 15 anos... é muito recente
foste tu que descobriste?
sim, na net....
então ouves mais música sozinha...
sim...também no carro... quando vou numa viagem.... cd ou rádio
e que músicas costumas ouvir?
rock pop, músicas mais conhecidas que a minha mãe e o meu pai, que todos gostam
e quem é que costuma ouvir musica contigo?
as minhas amigas, a minha mãe, mais a minha mãe, porque viajo mais com ela....
em que situações ouves com os teus amigos?
festas de anos, quando vão lá a minha casa...
e com os teus pais. em que situações costumas ouvir musica clássica?
é mais rock, mas de vez em quando também ouvimos musica clássica no carro...
e com que regularidade ouves cds com violino?
não sei, uma vez por semana...
e já assiste a concertos ao vivo
já. não muitas vezes mas não foi muito interessante. foi na quinta das lágrimas era musica
assim mais da idade média, não tinha tanto interesse.
não gostaste muito?
não. saímos no intervalo, não dava para ouvir, porque era muito antigo e não era muito o
nosso estilo, o meu e do meu irmão... o meu pai gostou, mas tivemos de sair, o meu irmão
já se estava a queixar.
já foste a outros que tenhas gostado?
que eu agora me lembre não, mas devo ter ido....
mas nada que te tenha marcado especialmente....
não...
e quem são os teus intérpretes preferidos, de violino?
o meu professor, a minha professora antiga, uma professora de substituição de quando uma
professora estava grávida, o meu avô, que era violinista.... a minha mão disse-me que ele
tocava muito bem
que repertório gosto mais de ouvir?
129
coisas rápidas, que não sejam muito lentas, que não sejam sempre a engonhar, assim mais
para frente... com muitas páginas.... que demorem muito tempo....
gostas de sinfonias ou preferes mais para instrumento solista?
gosto das duas. se for rápida e bonita para orquestra, mas se forem pecinhas mais
pequeninas, prefiro a solo...
podes falar-me de uma peça que tenhas tocado que tenhas gostado?
4 variações de Dancla, no período passado, gostei muito.
porque gostaste tanto?
porque tinha várias variações um coisa rápida, uma variação mais lenta, um final. também
gostaram muito de me ouvir. gostei dos contrastes, notas agudas, muito cá em cima, ser
rápido-lento.
e tiveste resultado apreciado no final
sim. já tinha ouvido a minha professora tocar e gostei muito. era muito difícil, mas gostei.
também foi muito apreciada pelos meus pais e pelo meu professor na audição
e se pudesses caracterizar a música, o gostaste mais na música em si foi o contraste?
sem dúvida
e houve alguma peça que não tenhas gostado assim de tocar?
....não me lembro... talvez mais para trás, no 1º grau
e fala-me de outra que tenhas gostado de tocar
esta que vou tocar agora. o 3º andamento Vivaldi, porque é rápido, tem passagens
agudas... o primeiro também, mas só tem duas páginas..... este tem 3...
disseste-me que gostavas do violoncelo, mas as passagens que gostas mais no violino são
as passagens agudas... porquê?
porque é giro... são coisas mais difíceis... se eu estiver a tocar violino sem esforço não vale
a pena... chego lá.. "está bom!" ..pronto...
e existe alguma peça que gostasses de tocar um dia?
sim. as quatro qualquer coisa de Paccini. o professor já me tocou, e é muito bonito
mesmo... não ouvi com piano... o professor disse que o acompanhamento de piano é muito
difícil...mas gostei.
e porquê?
pelas mesmas razões, porque era rápido e porque o professor fez muitos contrastes entre o
piano e o forte...
ok. eu vou gravar a tua audição... podes avaliar a tua performance daquilo que tocaste para
este professor?
não gostei muito. porque estava muito devagar. eu estou habituada a tocar mais depressa e
ele pediu-me para tocar mais devagar e fazer mais contrastes entre o piano e o forte, eu
faço, só que ele dava mesmo muito contraste, e depois era mais devagar e eu enganava-me
várias vezes por ser tão lento...
e não gostaste por causa disso?
pois. eu estudo devagar e rápido. aqui toquei como se estivesse a estudar e quando eu toco
devagar engano-me mais.
o que gostarias de melhorar ou aperfeiçoar?
as descidas de notas seguidas, eu não tenho muita flexibilidade nos dedos...
tenta descrever a sensação de tocar esta peça....
sinto-me sempre muito nervosa... mas é bom porque a peça é bonita e o piano também
ajuda muito, se eu me enganar o pianista improvisa para eu apanhar logo a seguir...
essa peça evoca-te alguma memória em particular?
não...
faz-te lembrar alguma coisa?
faz-me lembrar tragédia... e no fim... alegria. como se fosse assim uma história... que cai
num poço e depois vão lá ajudá-lo. uma história, de tragédia e no fim fica alegre. toda a
gente ri e brinca. o 2º é mais triste, é mais tragédia mesmo. alguém morre... eu estou a
inventar um bocado... mas é mais ou menos isso.
e nas variações de Dancla, evoca-te alguma memória?
essa é várias porque tem várias variações e diferentes. lembro-me da minha família nas
partes mais alegres, das pessoas da minha família que já morreram, nas pessoas mais
tristes...
obrigada, desejo-te uma excelente audição...
130
Cristina Lopes
131
- que reacções notas nas pessoas à tua volta?
o não reparo muito nelas
- sentes-te especial quando tocas
o mais ou menos... não muito... queria tocar melhor. toco porque quero evoluir e já ouvi
pessoas que tocam, e gostava de tocar como elas. o público... às vezes respira... claro que
eu gostava de chegar ali e ter uma ovação.... e tudo de pé, toca outra vez, não pares de
tocar... mas...vou tocar para casa... o meu gato gosta de me ouvir tocar, toco para ele...
- tens algum fã?
o é o meu gato... também ninguém me ouve, só aqui...
- qual e a tua música preferida?
o jazz e música clássica... e na rádio, na tv, na antena 2
- e é mais acompanhada ou sozinha?
o sozinha.... se estiver acompanhada aproveito mais a companhia da pessoa ... música
clássica sou quase mais eu que gosto
- costumas ouvir cds....
o só tenho um cd de violino, mas ouço mais na antena 2, de vez em quando tenho que levar
com as óperas, que eu não gosto tanto.... mas também passam muito violino...
- e já foste a concertos ao vivo?
o já fui à Zambujeira... arte à parte... já vos fui ouvir a vocês à orquestra clássica do
centro....
- gostaste?
o gostei...
- tens assim algum tipo de repertório que gostes especialmente?
o gosto dos clássicos, mesmo clássicos gosto do Mozart... mas conheço pouco, penso que
se conhecesse tudo ia gostar de quase tudo... Beethoven também é muito querido.... tem
umas músicas queridas...não achas?
- sim... alguma coisa de Mozart ou Beethoven que gostes mais
o acho que conheço pouco para dizer aquilo que gosto mesmo... tinha que conhecer a obra
mais vasta para dizer aquilo que eu gosto...e eu até posso descobrir que nem gosto, mas...
os outros até posso gostar mas não conheço
- dos que conheces...
o Paganini tem uns ritmos engraçados, mas são muito difíceis...
- daquela sinfonia de Mozart... gostas...
o gosto... está um bocado banalizada... o problema é que as coisas acabam por ficar
banalizadas, ao início são muito especiais, mas depois é sempre... só se ouve aquilo...
- tens algum intérprete preferido
o a única pessoa que eu ouvi a tocar é o Vladimir... oiço aqueles bocadinhos e dá logo para
ver...também gosto muito da professora vera... é muito certinha, mas ele é mais liberal.... e
também achava muita piada ao professor Jacinto, tocava com muita paixão, ele entregava-
se muito
- já assististe a algum concerto?
o ouvi viola d'arco solo... ele tocou músicas conhecidas, tipo hino de Coimbra... não fiquei
muito impressionada... sempre que é instrumentos clássicos crio muita expectativa depois
se não é bem tocada... de resto também não fui muito a concertos...
- podes falar-me de uma peça que tenhas tocado que te marcou especialmente?
o acho que nenhuma me marcou especialmente.. olha esta que estou a tocar... Concertino
de Kuchler...
- tens prazer a tocar essa peça?
o tenho algum... porque as outras que eu tocava eram muito básicas, mas eu também não
era capaz de tocar melhor do que aquilo....
- o que gostas nesta peça?
o O gosto das passagens mais rápidas...(canta...) e dos agudos... eu não costumo gostar
muita das notas longas, mas estas até são giras... eu adorava saber tocar aquelas músicas
dos circos...
- o que consideras músicas de circos?
o Cirque de Soleil, com aqueles ritmos.. porque o violino é um instrumento muito triste e
dramático que faz chorar muito então eu procuro tocar coisas mais alegres
- também fazes outras coisas no circo?
132
o sim... trapézio, acrobacias e malabares comecei agora também como o violino com 26...
eu gostava de tocar numa orquestra mas também gostava muito de tocar num circo...
- é curioso e fora do comum
o eu gosto muito desse tipo de coisas... eu quando vou ao supermercado, prefiro sempre os
produtos com menos exemplares... gosto de originalidade
- há alguma peça que não tenhas gostado tanto?
o não, gostei de todas... as músicas que eu não gosto não me põem a tocar aqui... pimbas,
fado, ópera... em geral a voz não me atrai muito. violino gosto sempre, até quando as
pessoas estão a tocar mal porque estão a aprender. também gosto muito de violoncelo,
mas é muito caro... também gostava de tocar contrabaixo, mas só com o arco,
normalmente toca-se com o dedo e fica bastante reduzido... e depois só se vê isso, não
percebo porquê...
- existe alguma peça que gostasses de tocar um dia?
o várias... não sei, não consigo dizer qual. o meu problema é que conheço muitas músicas,
não tenho um contacto diário com a música para dizer é aquela... por exemplo, Paganini,
não sei se gosto, é um problema muito grande quando tu queres dizer uma coisa e não
conheces, tens só uma ideia muito vaga, é muito complicado...
- que características te chamam mais a atenção neste concerto que tocaste?
o talvez a linha melódica(canta), como ela se transforma (canta)... e depois gosto muito da
parte final (canta)
- gostas do encadeamento dos momentos, dos contrastes..
o sim
- e o que sentes quando o estás a tocar?
o sei lá... quando o estou a tocar, sinto que o público até gosta, mas do outro lado, quem
sabe onde as notas realmente estão, é sempre por milímetros que falho as notas.... eu falho
sempre...
- que sentiste quando tocaste?
o falhei muito, comecei mal, quando começas tens de começar bem, na hora de tocar
estava desconcentrada, mas depois lá me consegui desenrascar.... andei perdida, e depois
nunca te encontras... só se estiveres muito à vontade a tocar aquela música é que nunca
mais queres sair dali...
- o que gostas mais de estudar nesta peça
o fazer os tempos certos..... depois quando está tudo certo... as minhas preocupações são
as notas, a afinação, mas agora já posso pensar mais nas dinâmicas... expressividade ainda
não sei muito bem o que é isso... também gosto de brincar e improvisar quando estou a
estudar.... e às vezes gosto de trocar aquela bolinha branca pelas colcheias
- essa peça evoca-te alguma memória especial?
o faz-me lembrar a Alice no País das Maravilhas, imagino alguém a saltar de vestido (canta).
no início não, se calhar faz-me lembrar um palco fechado... uma coisa mais fechada que se
transforma numa dança qualquer mas fechada... e no fim é que se liberta...
- e tu imaginas tudo isso quando tocas?
o sim, normalmente é, mas é uma coisa muito vaga, não vejo imagens nem nada disso... no
inicio é assim uma coisa preta fechada um palco, eu também sou um bocado bicho de
palco, eu gosto muito de teatro... já fiz teatro mas agora estou mais afastada, estou mais no
circo e na música....
- essa coisa que imaginas da Alice das maravilhas, um palco....podes descrever-me essa
sensação vaga mais pormenorizadamente
o porque a música é muito rasgada (canta)... mas é uma sensação muito vaga... alguém a
dançar fechado num espaço interior e alguém a dançar num espaço exterior
- então tu imaginas esta peça como uma dança...?
o no início não, mas depois transforma-se numa dança... como eu gosto muito de teatro
estou sempre a encenar e todas as músicas contam uma história, eu fantasio muito, estou
sempre a imaginar histórias na minha cabeça... nunca contei isto a ninguém, estás a sacar-
me os segredos!...
- é bom imaginarmos para termos uma sensação daquilo que queremos transmitir...
que mais gostas de ouvir numa obra musical? que mais valorizas?
o a originalidade e essa mudança ritmos diferentes na mesma peça, estados de alma
diferentes, contrastes, lento/rápido, forte/piano, assim vais mudando o teu estado, ...
133
- gostas que a música te faça viajar...
o gosto. eu não gosto muito de exibicionismo... gosto muito da modéstia... o professor
Jacinto até dava umas ao lado mas a paixão estava tão lá... que a coisa ficava sempre
bem...
- já tocaste de forma apaixonada?
o eu ainda não tenho conhecimento para isso...eu ainda não sei que tipo de violinista é que
eu sou, o bébé ainda está a nascer, não se sabe se vai ficar loiro ou moreno...
- se tivesses três palavras para descrever aquilo que mais aprecias numa obra musical...
o originalidade, diversidade e contrastes...cor...a forma como a originalidade e diversidade
se combinam...não sei como explicar... gosto muito de ser surpreendida... pela positiva,
claro... tem que contar uma história... uma narração, de repente a coisa e depois a coisa
muda e torna-se interessante....
- podes tocar um bocadinho para mim?
o posso, vou tocar é mal, mas tudo bem...
- (tocou)
134
sim. no Paião foi na festa de natal e agora foi esta masterclasse
sentes-te bem na tua escola de música?
sim. o ambiente é agradável, as pessoas são simpáticas, os professores também fazemos
amigos...
gostas de tocar em público?
gosto. só toquei uma vez a solo mas gostei e gosto muito de tocar em orquestra
em que contexto gostas mais de tocar em público a solo?
nas festas, na altura em essa minha professora tinha formado um grupo também tocava, e
nas audições... eu gosto mais de tocar nas audições no casino e no CAE. é por causa da
sala, há mais pessoas.. é diferente
houve alguma vez memorável em que tenhas gostado especialmente de tocar?
... não... foi no CAE, no ano passado, em orquestra nós tocámos as danças húngaras, nº 5 e
nº 6 nessa audição estávamos todos empenhados para que as pessoas gostassem.
como te sentes de pois de tocar em público?
aliviada... se correu bem, sinto-me bem... e feliz
e que reacções vês nas pessoas?
normalmente elas gostam
por quem sentes que o teu trabalho é apreciado?
pelos meus pais, pelos amigos, pelos professores
de alguma forma sentes que os outros gostam mais de ti quando tocas?
não... tocar é uma coisa e a minha personalidade é outra, continuo a ser a mesma pessoa a
tocar
e sentes que te valorizas a ti própria um pouco mais por tocar?
sim porque sinto que consegui
tens uma certa satisfação pessoal....
...sim
e qual é a tua música preferida?
eu não tenho assim nenhuma musica preferida, gosto de ouvir vários estilos de musica, não
me fico só por um
onde costumas ouvir as tuas musicas preferidas?
em casa, no computador, mp3, na rádio
e ouves mais quando estás sozinha ou acompanhada?
acompanhada, com os pais ou amigos
e o que ouvem?
com os amigos, mais pop rock, com os pais oiço mais clássica, porque eles gostam e eu
também, ouvimos música para orquestra, violino e piano
já foste a algum concerto ao vivo?
não
e tens algum compositor preferido dessa musica clássica para violino?
Vivaldi, das quatro estações, dos concertos
porque?
gosto muito do barroco e gosto da maneira como ele escreve as coisas é giro
então também gostas de Bach, Corelli
...sim...
gostas do estilo em si...
também gosto de clássico, romântico é que ...algumas músicas tornam-se demasiado
enfáticas e aborrecidas... às vezes exageram um bocado
e quais são os teus intérpretes preferidos?
no piano gosto do Richard Clayderman, no violino André Rieu....
e qual o repertório que gostas mais de ouvir...?
barroco...
porquê?
é uma música mais leve, mais brincalhona... essencialmente mais leve. gosto do contraste
entre as partes, dinâmicas
podes falar-me de uma peça que tenhas tocado que te tenha marcado especialmente?
o concerto de Vivaldi em lá menor
porque gostaste tanto?
135
primeiro porque as pessoas diziam-me que era muito difícil e eu consegui e gosto da
música, especialmente o 3º andamento
porquê?
acho que a peça para violino e piano está harmoniosa...há uma parte da música que eu
gosto muito, que é a parte mais rápida, mais enérgica...
tiveste prazer a tocar essa peça?
sim
tenta descrever a sensação de tocar essa peça na audição
eu estava um bocado nervosa, mas já ia a meio e os nervos já tinham passado e senti
estava a gostar daquilo que estava a fazer....
que sentiste?
prazer
e deram-te os parabéns?
sim
que aspectos musicais mais aprecias numa obra..?
...mmmm...
já me referiste o andamento rápido, a leveza, os contrastes, interacção com piano, estilo...
sim...
essa obra faz-te lembrar alguma recordação em especial?
não me faz lembrar assim nada....
e já conhecias a música antes?
não
o que gostas de ouvir numa peça?
gosto de perceber que a pessoa que está a tocar está a sentir aquilo que está a tocar e se
está ali por estar ou se está ali porque trabalhou para isso e
se está empenhada naquilo que está a fazer
achas que aquilo se ouve?
sim. é completamente diferente uma pessoa estar a tocar aquilo e querer despachar ou
estar a tocar estar a sentir aquilo
podes tocar um bocadinho para mim?
(tocou)
como te sentiste a tocar a peça
ainda não está muito bem...
o que gostarias de melhorar?
a dinâmica, afinação e arco...
e depois de conseguires isso?
gostaria de transmitir algo ao público
podes enumerar 3 aspectos que aprecias nas peças?
a dinâmica, se elas não são repetitivas, que eu não gosta das repetitivas... (estrutura
ABACADA?) não gosto muito dos 2os andamentos, lentos, gosto de coisas enérgicas,
energia
Francisca Freitas
Como te chamas?
Francisca Freitas
Quantos anos tens?
11
em que grau estás?
2º
no conservatório da Figueira
hum hum
e há quantos anos tocas?
há dois
entraste directamente para o 1º grau?
hum hum... porque eu já tocava antes clarinete numa banda. Eu toco clarinete numa banda
e violino no conservatório
porque começaste a estudar música?
136
eu era muito pequenina quando comecei a tocar clarinete, tinha seis anos. eu ia sempre ver
a banda e gostava de ouvir e gostava de lá estar também a tocar ...e quis ir... pedi à minha
avó... andava no 1º ano... mas tinha de saber ler normal para poder entrar e aprender a ler
música...
porque escolheste o clarinete e o violino?
eu queria transversal, mas não havia vagas e eles escolheram o clarinete para mim
e o violino
eu queria flauta transversal, mas depois vi o violino e preferi o violino. também vi na
televisão e gostava de ver e de ouvir
gostas de tocar?
sim
e de estudar
também gosta, mas não assim muito muito muito... gosto mais de estar a fazer uma coisa
assim mais mexida... violino ainda gosto de estudar agora os outros...
em casa?
sim, no meu quarto, depois vou à cozinha mostrar
e porque gostas de estudar
quero ver as capacidades que eu tenho sem estar mesmo o professor a ver
quanto tempo costumas estudar?
antes era uma hora por cada dia da semana mas agora é mais dia sim dia não
consideras-te envolvida nas actividades da escola?
sim. participei na audição da primavera e nas outras audições e também nesta masterclasse
já tinhas feito alguma masterclasse antes?
não. é uma experiência nova.
o que gostaste nesta masterclasse
conheci outros conservatórios...
gostas da tua escola?
sim.
gostas de tocar em público?
gosto mas fico muito nervosa
em que contexto costumas tocar?
nas audições, em casa, nos anos... às vezes escrevo músicas...agora na igreja sou eu que
faço as minhas músicas... eu tenho uns primos... eu e o mais velho temos uma banda... eu
já tive de escrever três músicas... eu canto e toco e ele toca guitarra...
em que contexto gostas mais de tocar em público?
em casa. sinto-me mais à vontade, já conheço as pessoas
houve algum momento memorável em que tenhas gostado especialmente de tocar em
público?
não. gostei de todos.
e gostas mais de tocar a solo ou em conjunto?
em conjunto. Se eu me enganar os outros estão lá para me socorrer.
e gostas mais em orquestra na banda ou mais naquele grupo que tu tens
gosto mais da orquestra mas também gosto muito da banda... a banda ainda não está
muito bem treinada... ele também não sabe tocar muito bem guitarra e eu tenho que
escrever para ele... eu também gostava de tocar guitarra mas preferi mesmo o violino
como te sentes depois de tocar em público?
se toquei mal sinto-me péssima e se corre bem fico feliz feliz feliz
que reacções notas nas pessoas à tua volta?
ficam espantadas e se eu me enganar ficam meias.... vêm ter comigo e dizem correu bem
correu , mas se eu noto que alguma coisa correu mal podem dizer isso mil vezes que eu não
quero acreditar
quem aprecia a tua musica?
os meus amigos, a minha irmã... os meus pais
em que contexto é que sentes que a tua música é mais apreciada?
nas audições
e qual a tua música preferida
137
até agora foi esta que eu estou a tocar... o 3º andamento (do concerto de Rieding) também
gosto muito daquela que a ariana está a tocar... mas eu não posso olhar para aquilo que eu
assusto-me com tantas notas rápidas
mesmo comparando com outras músicas que tu ouves
sim. eu também gosto muito de outras músicas inglesas que eu tenho no telemóvel...oiço
aquilo tudo
e ouves mais música sozinha ou acompanhada
acompanhada
e com quem?
com os meus primos, a minha irmã também... e também na escola com os meus colegas,
estamos assim a ouvir uma música para ver se é fixe... nos phones ou em voz alta
já foste a concertos ao vivo?
não
e gostas de ouvir música clássica
não é assim uma coisa que eu aprecie muito mas também não é uma coisa que eu desgosto
e para violino?
o ...às vezes quando passa no rádio do carro....
- então também não sabes quem são os teus intérpretes preferidos...
o não
- tens o teu professor...
o sim. gosto muito de ouvir o meu professor a tocar, o Vladimir, o professor Quijada, gosto
de a ouvir a si e também gosto de ouvir a Eduarda e a Ariana
- quais são as músicas que mais gostas de ouvir, para violino?
o são assim mexidas...
- rápidas
o sim
- alegres
o sim
- podes falar de uma peça que tenhas tocado que te marcou especialmente?
o acho que foi este concerto de Rieding
- porque
o porque é mexida, é mais uma musica que eu gosto
- o que sentes a tocar esta música?
o sinto uma diversão. para mim cada musica conta uma historia e a historia que a musica
que eu agora estou a tocar é uma historia boa, imaginativa.... é tipo estão dois meninos a
brincar e um mete-se com outro... é conforme os tons da musica...
- imaginas isso quando tocas?
o sim
- mais alguma coisa...?
o não... até na banda quando eu estou a ouvir umas musicas das orquestras há lá uma
musica em que parece que um adulto está a falar com uma criança e a criança está a
responder com uma voz mais fininha....
- existe alguma peça que não gostaste tanto?
o não
- e uma que gostasses de tocar? ... aquela do Vivaldi?
o sim
- qual é a sensação de tocares esta peça do Rieding...?
o senti que estava a prestar atenção e que estavam a gostar daquilo que estava a tocar...
- estavas descontraída?
o muito descontraída não... mas estava à vontade
- que aspectos musicais aprecias mais nessa obra?
o é logo o início e uma parte que é a 3ª pagina. porque é levezinha e mais rítmica... da
expressão da 1ª parte ...alegria
- já conhecias a peça antes de a começar a tocar?
o não
- o que valorizas mais numa obra musical?
o tudo desde que se começa a tocar até que se acaba. há sempre uma parte mais mexida
que é a que eu gosto mais
138
- a peça evoca-te alguma memória especial quando a tocas?
o não
- obrigada
Libânia Alves
- Como te chamas?
o Libânia
- Que idade tens?
o 12
- Em que grau estás?
o No 3º
- E há quantos anos tocas?
o Há 2 porque saltei do 1º para o 3º
- E porque começaste a estudar musica
o Porque é uma coisa que eu gosto desde os meus 6 anos
- Como conheceste o violino?
o Ia a concertos que havia aqui em Coimbra e gostei do instrumento violino
- Mas disseste-me que já andavas na musica antes...
o Sim, já andava desde o 2º ano no Virgilio a aprender a tocar flauta... as notas...
- Gostas de tocar violino
o Sim
- E estudar também
o Sim.. é uma forma de aprender também...
- Onde costumas tocar e estudar nas aulas de violino?
o Em casa, no meu quarto e nas aulas de violino
- E com que regularidade costumas estudar violino?
o Aos fins de semanas... às vezes às quartas. costumo estudar por volta de duas horas
- Consideras-te envolvida nas actividades organizadas pela escola?
o Sim
- Sentes-te bem nesta escola?
o Sim
- Gostas de tocar em público?
o Sim... às vezes fico um bocado nervosa mas depois quando começo a tocar e começo a
ver as pessoas empenhadas em ver-me tocar perco os nervos
- Em que situações gostas de tocar?
o Em audições para mostrar como sei tocar violino e as minhas capacidades
- Também tocas para a família?
o Sim. digo que tenho uma musica para tocar e os meus pais sentam-se no sofá e ficam a
ouvir
- Houve alguma vez memorável em que gostaste especialmente de tocar?
o Foi numa audição. acho que as pessoas que estavam a assistir gostaram muito de me
ouvir porque até se levantaram no final para bater. senti que tinha tocado bem e as pessoas
tinham gostado mesmo. foi no 1º grau
- Gostas mais de tocar a solo ou em conjunto?
o Gosto das duas. quando estou sozinha estou a sentir a musica e quando estou em grupo
acho que é harmonia entre vários instrumentos.
- E o que chamas sentir a musica?
o Parece que as notas dançam à minha volta. e uma sensação boa sinto-me leve é como se
estivesse a voar no céu.
- Isso acontece com qualquer musica?
o Depende é com uma musica que eu gosto mais e sinto que estou a tocar bem
- Mais em casa ou nas audições
o Mais nas audições
- E como te sentes depois de tocar em publico?
o Bem
- Que reacções notas nas pessoas à tua volta?
o Acho que gostaram
139
- Quem aprecia mais a tua musica
o Os meus pais. porque sinto que foi uma coisa que os meus pais não tiveram a
possibilidade nos tempos deles
- Ouves mais musica acompanhada ou sozinha
o As duas. eu praticamente oiço sempre musica.
- Com quem costumas ouvir?
o Com quem estiver ao meu lado. pode ser pais amigos, professores
- O que costumas ouvir?
o Não é tão clássica... é mais pesada... tipo Metallica
- Gostas muito de ouvir isso
o Não tanto é só quando posso estar irritada ou chateada porque é assim que me estou a
sentir naquele preciso momento, mas também gosto de ouvir musica clássica quando me
estou a sentir bem, leve...
- Então e de musica clássica o que gostas de ouvir?
o Mozart, Beethoven... são aquelas mais conhecidas e também aquelas que eu aprecio mais
- Tens cds lá em casa
o Sim
- Orquestra ou violino
o Tenho cds e meto assim um de cada vez
- De violino, o que costumas ouvir?
o Não sei muito bem, são pessoas conhecidas
- Já foste a concertos aqui? (pavilhão do centro de Portugal - OCC)
o Sim
- Gostaste?
o Sim
- O que gostas mais de ouvir
o Gosto quando eles estão todos juntos a tocar porque acho que estão a sentir a música e
também gosto daqueles que estão a tocar a solo que têm muito jeito e que mostram que
sentem a música e sentem harmonia. há alguns que quando estão a tocar viola parece que
dançam com a viola, parece que a viola é a sua namorada... e também a viola dedilhada...
- Gostas de concertos de guitarra
o Sim... também é um instrumento que eu gostava de aprender
- Podes falar-me de uma peça que tenhas tocado que te tenha marcado especialmente?
o O concertino. gostei porque foi uma experiência nova que me marcou. senti que os meus
parentes gostaram muito da musica
- Porque?
o Era bonita... acho que também era um bocado diferente das outras
- Houve alguma que não tenhas gostado?
o Houve uma que fui acompanhada por piano e não correu lá muito bem. Também havia
umas certas partes que eram um bocado mais difíceis e como havia certas pautas que
tinham partes iguais eu perdi-me...não me estava a sentir confortável
existe alguma peça que gostasses de tocar um dia?
...especificamente não sei...
tenta descrever a sensação que tiveste a tocar a peça que gostaste naquela audição
senti-me confortável, segura, que estava a sentir a música, que estava em harmonia com o
pianista, que não troquei o ritmo e que correu bem
e que aspectos musicais é que gostas mais nessa obra...? o que ouves nela para gostar
tanto?
...mmmm... é mais som...
não consegues enumerar características.... dinâmicas, melodias...
é mais as melodias....
três aspectos que gostes muito
gosto quando a melodia é continua... primeiro tem umas primeiras notas e a segunda dá
continuidade à primeira parte, também gosto daquelas que variam entre as partes... a
primeira parte é de uma maneira, mas a segunda já é de outra... e de outra em que os
primeiros são iguais à primeira parte mas os segundos já começam a mudar
esta peça evoca-te alguma memória especial?
...não...
140
podes tocar um bocadinho para mim...?
sim (toca)
é um concerto muito bonito, não é?
sim
indica-me algum pedacinho de musica que tu adores
aqui no inicio é uma parte mais calma, depois, no ultimo compasso da 3ª pauta acho que o
ritmo muda, fica mais rápido... depois é mais calma e depois rápida ...depois tem uma parte
com ligaduras que também é mais calma, parecida com o inicio, que me faz sentir como
uma pena. na outra parte mais calma é como estar a flutuar na água... e a parte mais rápida
é como uma tempestade
e pensas isso quando estás a tocar ou quando não estás a tocar?
é mais quando estou a tocar
Sofia Carvalho
como te chamas?
Sofia Carvalho
quantos anos tens?
12
e em que grau estás?
3º
e há quantos anos tocas?
há 3
e porque começaste a estudar musica?
porque gostava. gostava de ouvir musica, gosto de cantar e queria saber mais do que aquilo
que sei. o meu irmão entrou e os meus pais também queriam que eu entrasse.
foi em que situação, entraste para uma escola...?
na escola onde eu ando tinha lá uma actividade de musica e eu entrei.
quando soubeste que era esse o teu instrumento?
eu tive uma influencia da ariana, porque nos já nos dávamos muito bem e eu gostava muito
da ouvir tocar. quando fiz os testes estava indecisa entre o violino, a flauta e o piano mas
decididamente foi o violino que eu escolhi. também gostava mesmo do violino. achei mais
giro e impressionante. som, a maneira como as pessoas tocam e transmite alegria
gostas de tocar violino?
sim
e de estudar?
depende das músicas que estou a estudar
onde costumas estudar violino
na escola e em casa, no escritório ou no meu quarto
com que regularidade costumas estudar violino
normalmente tenho 3 aulas por semana...à 3ª duas de classe de conjunto, 5ª tenho sozinha
e 4ª tenho a par, 2ª não porque tenho treinos, costumo estudar à 6ª, sábado e domingo
quanto tempo?
uma hora
141
porque eles acham impressionante a forma como eu toco?
e no caso das audições?
porque gosto que as pessoas oiçam o trabalho que eu tive durante o período, para mostrar
aquilo que fiz
e houve alguma vez memorável em que gostaste especialmente de tocar....?
...não... se me perguntasse isso daqui a algum tempo, já lhe poderia responder a essa
pergunta porque eu e uma amiga minha fomos as únicas escolhidas para tocar na semana
cultural da escola. vamos representar a classe dos violinos.
gostas mais de tocar a solo ou em conjunto
não sei acho que gosto das duas maneiras. acho que as musicas são mais giras a solo, mas
em conjunto gosto de tocar com as outras pessoas
como te sentes depois de tocar em publico?
depende, se a peça me correu bem, sinto-me bem, senão fico um bocado triste
que reacções notas nas pessoas à tua volta?
quanto é na minha família elas ficam contentes, ficam contentes por ter um membro na
família a fazer uma coisa diferente do que eles fazem, pelo menos é o que me parece a mim.
quanto toca ao público, acho que eles gostam de me ouvir
quem é que tu sentes que apreciam mais aquilo que tu fazes?
os meus avós... e os meus tios...
eles vão às audições...ou é mais em casa...?
eu às vezes quando vou almoçar a casa deles levo o violino
tocas nalgum grupo fora da escola
os meus pais têm umas equipas e fazem muitas missas e eu e o meu irmão costumamos
tocar
gostas de tocar?
sim. é giro. mas eu não gosto de tocar no meio de muita gente. eu meto-me lá para o meio
da casa, ponho-me atrás de uma parede e toco
mas gostas na mesma?
sim, gosto. mas foi só uma vez...
qual é a tua musica preferida?
não tenho. muda muitas vezes
onde ouves musica normalmente
no quarto, no carro e na escola
e costumas ouvir mais sozinha ou acompanhada
sozinha. no quarto tenho sempre o rádio ligado
que tipo de musica escolhes para ouvir?
é a que passa na rádio. depende , é a que der melhor. ou então oiço músicos portugueses;
Carlos Paião, José Cid e Amália.
e quando estás acompanhada?
normalmente isso é mais nas festas, oiço as musicas actuais que agora que se ouvem mais,
as pops e rocks
então raramente ouves musica clássica?
é raro. só estou a estudar alguma peça e o professor de violino me pede para fazer esse
tipo de trabalho. às vezes vou à aldeia tocar violino mas não é muito frequente
já foste a algum concerto ao vivo?
sim. fui ver uma orquestra com os meus pais uma vez a Lisboa
gostaste?
sim.
porquê?
fez-me sentir que um dia se trabalhar posso chegar àquele patamar do violino
e gostaste?
eu gostava muito mesmo!
é uma experiência muito boa!
eu tenho orquestra lá na escola, mas é muito pequena... só temos os sopros... e as
cordas...mais nada...
que tipo de repertório costumas ouvir...?...não costumas ouvir.. é mais rádio...
sim
e podes falar-me de uma peça que te tenha marcado especialmente?
142
não sei sinceramente, também não toquei assim muitas peças... o andante de
Brahms....Haydn?...não tenho a certeza
porque gostaste dessa peça
porque foi uma que eu estudei mais e foi a primeira daquelas a sério, sem ser a da estrelinha
e hino da alegria...
porque consideras isso música e as outras não?
porque a estrelinha é mais de criancinhas e o hino da alegria acho que foi mais no inicio e o
andante senti que já podia começar a tocar bem
quando foi isso?
no final do primeiro grau
porque gostaste dela
não sei. para além de considerar que era musica a sério, era bonita.. era gira e era mexida...
eu não gosto de musicas lentas porque se são musicas lentas sai tudo desafinado
portanto...eu não gosto de musicas lentas
e se estivessem afinadas, já gostavas mais?
não sei... também não gostava muito
gostas mais de musicas rápidas, é isso?
sim
e o que estás a tocar agora?
as variações da escala de lá maior
pensava que estavas a tocar uma peça...
....estive o período todo a tocar duetos...
gostaste?
foi uma experiência nova, foi giro.
e gostas mais de tocar os duetos ou a solo?
os duetos
e porque gostaste?
foi uma experiência nova e.. foi engraçado e foi uma coisa que nunca me tinha passado pela
cabeça fazer
e na musica, porque gostaste dessa musica?
eram musicas mexidas e não era só eu a tocar...
tinhas uma interacção...
...sim
diz-me uma que não gostaste assim tanto de tocar
a que toquei para vir para cá... as variações da escala da lá maior... eu disse ao 'stor mas
ele só me deu isto na 5ª feira! eu gosto mais das peças...
alguma peça que gostasses de tocar um dia?
o concerto que a Francisca tocou (Rieding, op.34, 3º andamento) eu já tirei fotocópia disso e
vou começar a estudá-lo e depois vou perguntar ao 'stor se posso apresentar no final do
ano!
porque gostas dessa peça?
eu nunca toquei concertos mas achei a música muito gira e o professor Pedro também ma
recomendou, disse que facilitava melhor as minhas posições e ia aprender mais jeito...
tenta descrever a sensação... entre o Haydn e os duetos... talvez o Haydn, tenta descrever a
sensação de tocar essa peça....
foi uma coisa nova, fiquei alegre e contagiei um bocado o violino com a musica
deixaste-te envolver?
sim
nos duetos também?
sim
estavas tensa, relaxada, a ouvir-te?
a ouvir
que aspectos musicais gostaste mais no Haydn?
como assim...?
daquilo que está escrito... das qualidades da musica...
gostei de tudo. achei que a peça era muito bonita
porque?
não sei
143
e essa peça evoca alguma memoria especial
não. para alem de ser a 1ª peça que eu toquei mais a sério
em que situação foi tocada?
nas audições do final do ano
correu bem
sim
consegues nomear os factores que mais valorizas numa obra musical?
ser rápida, não ser triste, alegre e ser uma coisa que se eu ouvir ficar espantada, por ser
bonita
que te cause algum espanto
sim
mas não sabes exactamente definir o que te causa esse espanto
não
por exemplo naquela orquestra, gostaste muito
sim foi pelas musicas que eles tocara, acho que eram bonitas. senti que... um bocado
espantada porque aquilo deve ter dado demorado trabalho... e no final tudo correu bem...
podes tocar um bocado para mim?
sim... (tocou)
como te chamas
Ana Luísa Carvalho
estás no...
8º grau do conservatório e no 1º da ESMAE
e há quantos anos tocas violino?
desde os 4... mas fazia cinco nesse ano... há 13 anos
e onde foi que tu estudaste?
comecei no conservatório regional de gaia com o professor Augusto Trindade e depois fui
com 7 anos para o conservatório de música do Porto com a professora Susana Lipton
tens tido sempre 45 minutos de aula por semana?
sim.... a minha professora tem sido sempre muito regular e quando não pode dar um aula
repõe sempre. até ao 7º grau era sempre uma aula de uma hora e a partir do 8º temos tido
duas horas por semana seguidas
tens musica de câmara, orquestra...
fiz musica de câmara com um rapaz de piano, tive orquestra... também toco piano, faço
musica de câmara às vezes com piano
porque começaste a estudar musica?
foi por vontade própria. o meu pai está ligado à musica já e a minha irmã mais velha
também, toca oboé. eu sempre vi o violino como o instrumento da minha vida... tinha um
violoncelo em casa mas na altura não sabia nem ligava àquilo e sempre que via um violino
na televisão dizia quero tocar isto, quando for grande quero ser violinista... foi mesmo por
vontade própria
e o teu pai, o que toca?
ele não tem o curso superior de musica, mas estudou violoncelo e canto no conservatório e
também toca acordeão, piano, porque ele é professor de educação musical e então dedica-
se a aprender instrumentos e gosta
como conheceste e escolheste o violino?
via na televisão e ia a muitos concertos da minha irmã, que é oboísta e olhava para o
instrumento e gostava, achava bonito a maneira como eles tocam e o som do instrumento
ela é muito mais velha que tu?
temos 10 anos de diferença.
ela fez o 8º grau em oboé moderno e depois fez a licenciatura em educação musical, via
ensino, e já acabou o curso de esmague de oboé barroco e está agora a terminar o
mestrado em musica antiga.
e gostas de tocar violino?
claro
e de estudar também?
144
sim
e onde costumas estudar violino?
estudo normalmente em casa, no meu cantinho de casa... tenho o meu próprio quarto de
estudo onde toco violino, piano... e estudo
com que regularidade costumas estudar?
sou sincera, até ao meu 5º grau, eu raramente estudava, ia para as aulas tocava e pronto,
mas a partir do 5º grau o grau de exigência começou a subir... nunca tive um horário regular
para estudar... mas ..duas horas por dia... tentava estudar todos os dias... agora já não
tenha tanto tempo mas tento tocar um bocadinho todos os dias
que actividades é que a tua escola organiza?
neste momento na ESMAE fazem-se várias audições para os alunos se ouvirem uns aos
outros, temos também 3 estágios de orquestra, vêm maestros de fora e fazemos programa
bastante exigente... eu não estou a fazer muita musica de câmara, mas tem muita musica de
câmara e convidam professores de fora para dar masterclasses. no conservatório também
há varias audições e também fazem um estágio de orquestra, oj.com um estágio orquestra
de jovens dos conservatórios oficiais de musica... já vou a esse estágio desde 2004 e já
temos ido a vários sítios...
sentes-te bem na ESMAE?
sim
com quem estudas
com a Marta Eufrásia
e gostas de tocar em público?
quando era mais pequenina tocava à vontade e nunca ficava nervosa, ia para o palco na
desportiva, a rir-me. quando comecei a ficar mais velha comecei a ficar mais nervosa mas
enfrento sempre o publico de uma maneira.... tento não ficar muito nervosa e quando fico
nervosa tento acalmar-me. a minha professora sempre me disse que eu sou uma pessoa
muito calma, mesmo quando vou para palco. nunca houve assim um nervosismo que me
tivesse feito ter uma branca nas notas... nunca aconteceu...
em que situação gostas mais de tocar em publico?
eu não gosto muito de tocar para pessoas que eu conheço, porque deixa-me mais nervosa,
porque sempre tive a noção tenho a obrigação de as orgulhar e de elas gostarem do que eu
estou a fazer. quando são pessoas que eu não conheço, toco bem, tento não ficar muito
nervosa também. em relação aos sítios onde tocar, sempre toquei em igrejas com
orquestra. quando toco a solo é mais em auditórios. a solo nunca toquei em igreja a solo,
mas gosto mais de tocar em auditórios do que igrejas... também pelo público, mais
conhecedor
houve alguma vez memorável em que tenhas gostado especialmente de tocar?
houve uma vez nos açores com o estágio da oj.com e na madeira. foi um estágio muito bom
com o Rui Macena em que tocamos no auditório do centro de congressos e foi muito
especial porque ao mesmo tempo que está a dirigir o maestro brinca connosco e ri-se e faz
aquelas coisas dele... e foi muito bom. agora a solo, ou com piano, já toquei em vários
sítios. talvez o que me marcou mais foi no concurso capela, que toquei no teatro são Carlos
em Lisboa. nós não tocamos mesmo na sala do teatro, foi numa sala à parte, mas estudei
no teatro e aquilo é lindíssimo, dá prazer tocar lá, mesmo
porque gostaste tanto?
não tanto pela forma que eu toquei, foi mais pelo espaço. aquele teatro é muito bonito. faz-
me lembrar a opera de paris, a antiga, em ponto pequeno
diz-me uma vez em que tenha sido especial por teres gostado daquilo que tocaste
já me correram muito bem audições no conservatório novo daqui do porto, no auditório
grande. foi uma audição em que eu toquei uma sonata de frige, correu-me bastante bem e
senti que o publico também gostou e os meus colegas estavam na parte de trás do palco.
quando eu acabei de tocar foi aquela sensação das pessoas baterem palmas e eu fiquei sff
ok, está feito.. correu-me mesmo bem... sei lá as palmas das pessoas fazem-me sempre
sentir sempre muito bem
e durante o tempo que estavas a tocar o que pensaste?
eu não penso...
o que tentaste explorar no teu trabalho de preparação pessoal, para além do que tua
professora te disse?
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tentei ouvir muitas gravações, porque eu não conhecia muito bem a sonata quando a
comecei a tocar... é uma sonata muito forte, tentei tirar um bom som do violino, tentei
explorar o violino... sei lá.... também procurei o carácter da peça... é uma sonata bastante
forte (canta)... tentei procurar uma história que fizesse dar mais sentido àquela música,
talvez...
alguma história em especial?
acho que não...
mas que características procuraste, para atingir esse som
foi mais procurar, não agressividade, mas... força... porque é uma sonata bastante bonita e
ao mesmo tempo é muito forte, com bastante intensidade, não sei... a história não é
específica...
mas o que imaginaste?
...talvez uma história daquele deus do Olimpo... o deus da trovoada que eu nem sei o nome,
talvez isso
lembravas-te disso quando estavas a tocar?
...quando estava a tocar nem tanto... porque quando eu estou a tocar nem penso, toco e
pronto... mas na parte do estudo tentei encontrar alguma coisa que me fizesse perceber a
música e me fizesse perceber como é que eu tinha que tocar essa peça
isso foi a tua professora que te sugeriu?
não... fui eu própria que tentei fazer. Porque a minha professora sempre disse que eu sou
muito calma e muito tímida e que às vezes preciso de alguma coisa que me faça acordar e
eu tentei procurar essa coisa que me fizesse despertar porque aquela peça exigia isso, não
podia estar a tocar simplesmente tinha mesmo que procurar isso
em que contextos sentes que a tua música é mais apreciada?
não sei, sinceramente....acho que em audições e concursos as pessoas estão ali para me
avaliar... e nem tanto para me ouvir, podem dizer se gostam, como correu, podem dar as
ideias, mas, principalmente em concursos, as pessoas estão ali para me avaliar... nos
concertos... faço mais concertos com orquestra do que concertos a solo... não faço ainda
concertos a solo, mas... quando toco em orquestra, as pessoas não estão ali a avaliar a
minha música, não estão a apreciar a minha música, mas estão a apreciar o conjunto todo e
acho que isso é bastante agradável, sentir que as pessoas interagem com a orquestra e
gostam de estar ali a ouvir... acho que quem vai ouvir um concerto é para apreciar
e gostas mais de tocar a solo ou em conjunto?
gosto bastante de tocar em conjunto, gosto muito de tocar em quarteto, com piano
também, claro, e em orquestra também, é completamente diferente estar a tocar numa
orquestra e estar a tocar com piano, só, por exemplo, estar a tocar uma sonata com piano e
violino, tudo bem, é muito bonito, mas orquestra é aquela coisa mais....
envolvente...
pois
e quem mais te apoia a ouvir-te?
os meus pais sempre me apoiaram muito, a minha irmã também, e principalmente os meus
amigos, que gostam de estar lá a ouvir... e muitas pessoas que não percebem nada de
música mas... gostam de ouvir e de apreciar
e onde costumas ouvir as tuas músicas preferidas?
em todo o lado, não tenho assim nenhum sítio especial
e é mais sozinha ou acompanhada?
sozinha...
e o que é que costumas ouvir?
eu oiço de tudo... sinceramente agora tenho ouvido sonatas para violino e piano, por
exemplo as sonatas de Brahms, as sonatas de Frige, também gosto muito de ouvir musica
barroca, tocada por instrumentistas barrocos e com instrumentos barrocos... é isso
então ouves essencialmente musica clássica...
sim
tens alguns intérpretes preferidos?
depende das peças, mas por exemplo para sonatas de Beethoven gosto bastante da Anne
Sophie Mutter, da Sara Chang, também gosto bastante, depois... Itzhak Perlman, David
Oistrakh, esses grandes..
e costumas ir a concertos ao vivo?
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sim, tento ir a muitos
e o que mais aprecias num concerto ao vivo?
eu gosto de ir a um concerto para... ok, vamos sentar, vamos ouvir... e não estar
concentrada a pensar nalguma coisa, gosto de simplesmente ouvir e sentir que os músicos
estão também a... sentir o feedback do público... simplesmente gosto de sentar e ouvir e...
gostar do que oiço, claro
e o que te faz gostar?
a sonoridade, seja um conjunto ou um intérprete a solo, gosto muito de sentir um bom som
e sentir que toda a sala ou a igreja, o que for... gosto de ouvir o silêncio que fica e ouvir só a
música, acho que isso é bastante interessante...
gostas que haja uma certa comunhão do público, um certo ritual... a apreciar... um
momento especial...
sim, é isso, exacto.
podes falar-me de uma peça que tenhas tocado que te marcou especialmente?
em que sentido, que gostasse?
sim...
gostei muito da sonata de Brahms que toquei no ano passado, que é a sonata que a Mara
estava a tocar lá em baixo... é muito bonita, as sonatas de Brahms são todas incríveis, mas
aquela foi a primeira sonata de Brahms que eu toquei, nunca tinha tocado nenhuma e, não
sei, é simplesmente brutal, adorei tocar aquela sonata, mesmo...
o que a tornou tão especial para ti?
não sei, talvez o carácter que aquela peça tem, é muito calmo e às vezes tem momentos de
explosão... acho que é isso... é muito bonita
e como tentaste explorar esse carácter quando estavas a estudar?
não sei, tentei ouvir várias gravações... para tentar perceber a maneira de interpretar...e...
não sei, quando eu estou a estudar, sinceramente, eu não penso muito.. ok, como é que eu
vou fazer isto... tento tocar e tento gostar do que toco, porque se eu não gostar as outras
pessoas não vão gostar...
e ir de encontro às referencias que também tens
exacto
gostaste dela pelo carácter e pelas suas qualidades... mais alguma qualidade para além
daqueles contrastes...consegues definir mais alguma qualidade nessa sonata?
não sei, acho que é muito espiritual... não sei explicar... não é, por exemplo, uma sonata de
Mozart (canta Nachtmusik como uma lengalenga e ri)
não gostas de Mozart
gosto, mas é mais noutras situações, por exemplo, quando estamos mais melancólicos... ou
assim, Mozart é um bocado... não é aquela coisa... uma Sonata de Brahms, aquela nº 1, é
completamente diferente, é muito envolvente e estamos ali e sentimos a música....
então tu gostas desse carácter mais melancólico...?
sim... mais calmo, mais sereno... também gosto bastante de... por exemplo, eu estou a tocar
o concerto de Saint Saens, nº3, e é completamente o oposto.... gosto também muito de
peças fortes.... lá está, gosto dos contrastes...
e como tentas explorar esses contrastes, na música?
não sei, tento tirar um bom som do violino, como já tinha dito, tento fazer bastante
pianíssimo, bastante fortíssimo, mostrar mesmo os contrastes...
em que é que pensas....mais na parte técnica, na parte musical, nalguma imagem...?
na parte técnica também... mão direita, é muito importante, na pressão...principalmente feita
na mão direita, convém pensar a nível técnico também, mas... conjugar com a parte
musical... demasiada pressão não vai ficar bonito...
nalguma destas obras aconteceu como no Grieg em que tu pensaste nos deuses... alguma
pensaste num tema assim desse género?
para a sonata de Brahms não... no Saint Saens por acaso nunca tive assim nenhuma
imagem... por exemplo, o Pedro (Meireles) lá em baixo, ...está um rapaz lá em baixo a tocar
um concerto de Mozart e ele associou aquilo às óperas de Mozart, tentou criar
personagens... e eu isso não tenho muito o hábito de fazer, tento simplesmente ouvir a
musica e ver o que é que ela pede.... e tento interpretá-la da melhor maneira
e achas que isso tem a ver com uma evolução tua ou é tem a ver com a própria peça?
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eu acho que é de mim, eu nunca tive muito esse hábito... o que eu acho que às vezes é
mau, porque se nós tivermos uma ideia, se criarmos um teatro...para aquilo vamos
perceber melhor as personagens, vamos perceber melhor as frases...e o que a peça pede,
mas, não sei, nunca tive muito esse hábito...
embora tenhas feito isso para Grieg
pois...
existe alguma peça que não tenhas gostado de tocar?
...não...
estavas a referir o Mozart... de uma forma...
... eu toquei o concerto de Mozart no 5º grau... (canta) e gostei bastante.... eu gosto mais de
tocar Mozart no piano... mas não desgosto de Mozart... gosto muito, tem algumas coisas
lindíssimas também, o Requiem é fantástico...
e porque gostas mais do Requiem do que as outras obras...o Requiem é bastante diferente
das outras obras...
talvez precisamente por isso.... porque às vezes Mozart se torna bastante repetitivo...os
concertos para os diferentes instrumentos, o concerto para violino, o concerto para fagote,
o concerto para trompa, o concerto para oboé, são todos bastante parecidos... talvez o
Reguem por ser diferente
e alguma peça que gostasses de tocar um dia?
concerto de Sibelius... (grande pausa com tosse)
falaste-me de uma peça que gostaste de tocar... o Brahms, onde é que o tocaste...?
em várias audições... na escola... foi uma sonata que eu escolhi... e falei à minha professor,
vamos tentar trabalhar
tenta descrever a sensação de tocá-la, numa vez que tenhas gostado...
eu gosto sempre de tocar essa sonata... é sempre muito especial... não, sei, como já te
tinha explicado tem de se sentir bastante a peça, mas eu não penso quando estou a tocar,
tento simplesmente tocar e gostar do que faço e tentar mostrar aos outros que eu gosto do
que faço para eles também gostarem e tentarem apreciar...
consegues nomear os factores que mais valorizas numa obra musical? ...por exemplo na
sonata de Brahms
talvez da suavidade do início... gosto mais da parte mais calma, essa obra, não tem um
grande fortíssimo, por exemplo, mas precisamente, acho que é muito especial... pela
suavidade, pela calma que transmite...
podes tocar para mim?
sim
que vais tocar... talvez o concerto de saiba saens...
perfeito...
(toca...)
podes descrever o que mais gostas neste concerto?
dos contrastes...como já tinha dito e o início que é muito forte... a orquestra começa em
pianíssimo e entra o violino em fortíssimo, solo... e o carácter, que é bastante.... não tenho
assim nenhum adjectivo...
como tentas explorar esse carácter...
...não sei, eu sinceramente não penso muito nessas coisas, tento simplesmente tocar... não
sei... o fortíssimo, tem de ser bastante forte, com bastante vibrado...
pensas na parte....
mais técnica...
ok...como avalias a tua performance de agora? o que gostaste e o que gostarias de
melhorar...?
podia ter corrido melhor... do som, porque esta sala também não é muito agradável de
tocar... mas, não sei, relativamente à parte técnica, talvez nas partes agudas, e com
semicolcheias, talvez fazer mais definido, algumas coisas mais afinadas... agora que me
estala a lembrar....
muito obrigada
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