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Alga

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


Alga (do latim: alga -e, "planta marinha") é o nome comum de um
diversificado agrupamento polifilético de organismos fotossintéticos cujo Alga
ciclo de vida se completa geralmente em meio aquático, embora algumas
espécies habitem no solo, sobre superfícies expostas à luz solar ou sejam
fotobiontes em fungos liquenizados. A polifilia do grupo impede que a
designação tenha valor taxonómico, embora tenha existido o ora obsoleto
reino Algae L., 1751. Por não constituírem um grupo evolutivo único, mas o
agrupamento de um conjunto alargado de organismo pertencentes a grupos
filogenéticos muito diferentes,[1] as algas são frequentemente definidas por
padrão, em geral por simples oposição aos vegetais terrestres pluricelulares.

Índice Laurencia, um género de alga marinha.

Descrição Classificação científica


Algas procariontes Domínio: Eukaryota
Autótrofos procariotas
Grupos
Algas eucariontes
Formas de organização das algas quimiossintetizantes Cyanobacteria
Ecologia das algas Archaeplastida
Importância das algas para o ser humano Chlorophyta (algas-verdes)
Consumo de algas pelos nativos das Américas Rhodophyta (algas-vermelhas)
Classificação Glaucophyta
Referências Chromista
Bibliografia
Ligações externas

Descrição
São seres avasculares, ou seja, não possuem vasos condutores de seiva. Constituem um grande e diversificado grupo de espécies
autotróficas, ou seja, que produzem a energia necessária ao seu metabolismo através da fotossíntese. Podem ser unicelulares ou
multicelulares. Ainda que algumas apresentem tecidos diferenciados, não possuem raízes, caules ou folhas verdadeiras.

Embora tenham, durante muito tempo, sido consideradas como plantas, apenas as algas verdes têm uma relação evolutiva com as
plantas terrestres (Embriófitas); os grupos restantes de algas representam linhas independentes de desenvolvimento evolutivo
paralelo.

A disciplina da biologia que estuda as algas é a ficologia ou algologia, tradicionalmente uma especialização da botânica.
Algas procariontes

Autótrofos procariotas
As "algas azuis" ou cianofíceas, modernamente classificadas Cyanobacteria como uma divisão dentro do domínio Eubacteria -
bactérias "verdadeiras" (antigo reino Monera) foram dos primeiros seres vivos a aparecerem na Terra, com o mais antigo fóssil
datado em 3800 milhões de anos (Pré-Câmbrico) e acredita-se que tenham tido um papel preponderante na formação do oxigénio
da atmosfera[2].

Estes organismos têm uma estrutura procariótica, sem uma verdadeira membrana nuclear e com os pigmentos fotossintéticos
dispersos no citoplasma.

Cianobacterias. Pertencem ao domínio Bacteria (Prokaryota ou Monera), mas são fotossintéticas e apresentam
clorofila a e ficobilinas como pigmentos auxiliares, ainda que algumas apresentam em seu lugar clorofila b.
Antigamente as cianobactérias foram denominadas "cianófitas" ou "algas azuis", mas actualmente se restringe o
termo alga aos eucariotas, pelo que não é correcto denominar a este grupo como algas azuis.
Alguns outros grupos de bactérias, como Chloroflexia e Chlorobia, realizam formas de fotossíntese anoxigénica ou oxigénica
usando bacterioclorofila em vez de clorofila, mas nunca foram consideradas algas. Também existem arqueas, em concreto
Halobacteria, que realizam reacções fotossintéticas, neste caso usando o pigmento bacteriorodopsina.

Algas eucariontes
Todos os restantes grupos de algas são eucarióticos (com uma verdadeira membrana nuclear) e realizam a fotossíntese usando
organelas chamadas cloroplastos. Os cloroplastos contêm DNA e têm uma estrutura semelhante às cianobactérias – pensa-se que
evoluíram a partir de uma alga mais "primitiva" que era endossimbionte.

Grupo Pigmentos fotossintetizantes Substância de reserva


Euglenófitas Clorofilas A e B Paramido
Pirrófitas (Dinoflagelados) Clorofilas A e C Óleo e amido
Crisófitas (Diatomáceas) Clorofilas A e C Crisolaminarina
Feófitas (algas pardas) Clorofilas A e C Laminarina e manitol
Rodófitas (algas vermelhas) Clorofilas A e D Amido da florídeas
Clorófitas (algas verdes) Clorofilas A e B Amido

Há diferentes tipos de cloroplastos, que podem refletir diferentes eventos endosimbióticos. Existem três grupos de organismos
que têm cloroplastos "primários":

As algas verdes e as plantas terrestres;


As algas vermelhas (Rhodophyta); e
Glaucophyta.
Nestes grupos, o cloroplasto é rodeado por duas membranas que se pensa terem origem na cianobactéria endosimbionte. Os
glaucófitos possuem cloroplastos muito primitivos (denominados "cianelos"), muito semelhantes aos das cianobactérias e
mantendo ainda a camada de peptidoglicano entre as duas membranas. Os cloroplastos das algas vermelhas têm uma pigmentação
mais próxima das cianobactérias actuais. As algas verdes e as plantas "superiores" tem cloroplastos com clorofilas a e b, esta
última encontrada em algumas cianobactérias, mas não na maioria. Estes fatos indicam que provavelmente estes três grupos de
plantas têm origem num antepassado comum – uma espécie de alga com uma cianobactéria endossimbionte.
Há dois outros grupos de organismos com clorofila b – as Euglenophyta e as Chlorarachniophyta – mas nestes grupos, os
cloroplastos são rodeados, respectivamente, por três e por quatro membranas, que se pensa serem provenientes do próprio
ensossimbionte. Os cloroplastos dos Chlorarachniophyta contêm um nucleomorfo reduzido, que poderia ser um resíduo do núcleo
do endossimbionte, o que indica que provavelmente são originários de uma alga eucarionte que já possuía cloroplastos. Há uma
teoria segundo a qual os cloroplastos da Euglena têm apenas três membranas por terem sido adquiridos por mizocitose em vez de
fagocitose.

Os restantes grupos de algas têm cloroplastos com clorofilas a e c – que não são conhecidas em nenhum procarionte, nem nos
cloroplastos primários. No entanto, algumas semelhanças genéticas entre estes grupos e as algas vermelhas sugerem que existem
relações evolutivas entre todos. São os seguinte estes grupos:

Heterokonta (divisão Heterokontophyta) incluem as algas douradas, diatomáceas e algas castanhas;


Haptophyta ou Prymnesiophyta, que têm pigmentos semelhantes aos Heterokonta, mas a estrutura das células
é muito diferente, tipicamente com dois flagelos ligeiramente diferentes um do outro e um outro organelo
chamado "haptonema", que é superficialmente semelhante a um flagelo, mas que difere no arranjo dos
microtúbulos e no comportamento (pertencem a este grupo os cocolitoforídeos);
Cryptophyta
Dinoflagelados (Protista)
Nos primeiros três destes grupos (também conhecidos pelo nome Chromista), o cloroplasto possui quatro membranas e, no grupo
Cryptomonadina mantém o nucleomorfo. O cloroplasto do dinoflagelado típico possui apenas três membranas, mas este grupo
apresenta considerável variabilidade nos cloroplastos. Os Flagelado não possuem cloroplastos típicos, mas sim plastídeos.

As "algas verdes" são modernamente agrupadas em duas linhagens dentro do reino Plantae (ou Viridaeplantae):

um grupo que inclui as classes Prasinophyta (que está ainda em estudo, pensando-se que pode ser parafilética),
Chlorophyceae, Trebouxiophyceae (anteriormente considerada a ordem Microthmaniales) e Ulvophyceae.
o outro grupo, o clade Streptophyta, inclui as ordens Chlorokybales, Klebsormidiales, Zygnematales, Charales,
Coleochaetales e os embriófitos, ou seja, as plantas terrestres. Estas ordens estavam anteriormente colocadas
dentro duma classe Charophyceae, dentro da tradicional divisão Chlorophyta, mas estudos filogenéticos
recentes levaram a adotar a presente classificação.

Formas de organização das algas quimiossintetizantes


A organização de algas também é chamada de talo. Muitas espécies de algas são seres unicelulares, vivendo livres na água e
movendo-se com o auxílio de flagelos ou por movimento amebóide. Algumas espécies não têm movimento próprio e ocorrem no
meio ambiente quer na forma cocóide (de coccus, o tipo mais simples de bactéria), quer na forma capsóide, cobertas de
mucilagem. No entanto, mesmo as algas unicelulares se agrupam por vezes em formas coloniais, móveis ou não. Alguns destes
tipos de organização, que podem ocorrer ao longo do ciclo de vida duma espécie, são:

colónia simples – pequenos grupos de células móveis (exemplo: Volvox)


colónia palmelóide – grupo de células sem mobilidade embebidas em mucilagem
filamento – uma fiada de células unidas, quer pelas paredes celulares, quer por mucilagem; por vezes
ramificados
colónia parenquimatosa – grandes grupos de células formando um pseudo-talo, por vezes com diferenciação
parcial de tecidos.
As algas castanhas, vermelhas e alguns grupos de algas verdes apresentam indivíduos com tecidos totalmente diferenciados em
órgãos parcialmente equivalentes aos das plantas verdes. O corpo do indivíduo é chamado talo e em muitos casos apresenta um
estipe, parecido com um caule, mas sem tecidos vasculares, um órgão de fixação que se pode assemelhar a uma raiz, e lâminas
foliares, parecidas com verdadeiras folhas.

As formas mais complexas encontram-se na ordem Charales, que aparentemente são os parentes mais próximos das plantas
verdes.
Ecologia das algas
As algas têm um importante papel na biosfera (pensa-se que foram elas as primeiras produtoras de oxigénio no nosso planeta). No
presente, elas são responsáveis pela maior parte da produção nos ecossistemas aquáticos: como produtores primários, elas
formam a base da cadeia alimentar desses ecossistemas.

As macroalgas marinhas, ou seja, as que têm dimensões maiores que as do fitoplâncton, como as algas verdes, vermelhas e
castanhas, podem, por vezes colonizar grandes porções do substrato, fornecendo refúgio, alimento e mesmo substrato secundário
a uma grande variedade de organismos, tornando-se num microhabitat específico dentro de um ecossistema maior.

Algumas algas são excelentes indicadores de determinados problemas ecológicos. Por exemplo, quando se vê um tapete de
alfaces-do-mar ou de algas azuis numa zona, isso é normalmente indicador de poluição por excesso de efluentes nitrogenados.

Por vezes, as algas planctónicas multiplicam-se demasiado – normalmente em condições de temperatura óptima e de nutrientes
abundantes – formando o que se chama "flor-da-água". Este fenômeno pode ser uma indicação de poluição, como indicado
acima, e pode levar à destruição da biodiversidade duma massa de água (lago, estuário), uma vez que as algas que morrem são
decompostas, levando à diminuição do oxigénio na água. Mas pode também ser um fenômeno natural, que desaparece quando a
temperatura muda e quando os nutrientes são esgotados pelas algas; nesse caso, a população planctónica normalmente regressa
aos níveis normais.

Um fenômeno semelhante mas mais grave acontece quando, associadas à poluição, o grande acúmulo de nutrientes provoca um
aumento desenfreado das algas Pirrofíceas (Alga Cor-de-Fogo), formando o que se chama maré vermelha. Nesta situação, estes
organismos produzem toxinas avermelhadas e podem provocar a morte de uma grande quantidade de peixes e mesmo de aves ou
outros animais que deles se alimentam.

Importância das algas para o ser humano


Além da sua importância ecológica, muitas espécies de algas têm importância econômica para o ser humano. Algumas são
utilizadas como alimento (ver kombu e nori), outras como matéria-prima para a produção de espessantes: de certas Feofícias
extrai-se a algina, utilizada na indústria alimentar e de cosméticos; de algumas Rodofícias, obtém-se o ágar, usado na indústria
farmacêutica e para a produção de meios-de-cultura de fungos e bactérias em laboratórios[3].

Muitas diatomáceas, que produzem um esqueleto silicioso, são utilizadas na indústria de tintas e de filtros.

Consumo de algas pelos nativos das Américas


As algas faziam parte da dieta dos ameríndios, assim como os fungos, liquens, musgos, uma grande variedade de vegetais,
animais invertebrados e vertebrados, e elementos constituintes do solo[4].

Os nativos Yurok, Hupa, Yuki e os Pomo da Califórnia coletavam a alga marinha do gênero Porphyra spp. e a usavam como
alimento. Os Yurok pressionavam uma quantidade de algas enquanto estavam úmidas dando-lhes a aparência de pão. Os pães
eram secos ao sol e depois ingeridos crus. Os Hupa a apreciavam devido à presença do sal. Os Yuki e os Pomo preferiam assar as
algas, mas também as ingeriam cruas.[5].

Classificação
Na antiga classificação taxonômica de Jussieu, Algae é uma ordem botânica da classe Acotyledones.

Referências
1. de Reviers, Bruno (outubro 2002). Belin, ed. Biologie et phylogénie des algues. Référence:Biologie et phylogénie
des algues, tome 1. Col: Biologie (em francês). 1. Paris: Belin Sup Sciences. 352 páginas. ISBN 2-7011-3083-2.
ISSN 1158-3762 (https://www.worldcat.org/issn/1158-3762)de Reviers, Bruno (fevereiro 2003). Belin, ed. Biologie
et phylogénie des algues. Référence:Biologie et phylogénie des algues, tome 2. Col: Biologie (em francês). 2.
Paris: Belin Sup Sciences. 256 páginas. ISBN 2-7011-3512-5. ISSN 1158-3762 (https://www.worldcat.org/issn/11
58-3762)
2. Fabiana “Divisão Cyanophyta (cianofíceas)” no site InfoEscola.com (http://www.infoescola.com/biologia/divisao-c
yanophyta-cianoficeas/) acessado a 24 de junho de 2009
3. “Os Seres Vivos. Reino das Plantas. Algas pluricelulares, vegetais sem órgãos especializados” no site
PortalBrasil.net (http://www.portalbrasil.net/educacao_seresvivos_plantas_algas.htm) (mesmo o título está
incorreto, mas tem bastante informação sobre a importância das algas) acessado a 24 de junho de 2009
4. CAVALCANTE, Messias S. Comidas dos Nativos do Novo Mundo. Barueri, SP. Sá Editora. 2014, 403p.ISBN
9788582020364
5. CAMPBELL, Paul D. Survival skills of native California. Layton, Utah, Gibbs Smith Publisher. 1999, 448 p

Bibliografia
Bicudo, C.E.M. (org.). Flora ficológica do estado de São Paulo. São Carlos, SP: RiMa Editora, 2004–presente.
14 vol.
Bicudo, C.E.M. & Menezes, M. (org.). Gêneros de algas de águas continentais do Brasil. São Carlos, SP: Rima,
2a ed., 2006. [1a ed., 2005; ed. da FUNBEC, 1970, link (https://archive.org/details/Algas_aguas_continentais_br
asileiras).]

Ligações externas
Base de dados das algas (http://www.algaebase.org) (em inglês)
Página das "algas marinhas" (http://www.seaweed.ie/defaulttuesday.html) (em inglês)
Jussieu, Antoine Laurent de (1789). "Genera Plantarum, secundum ordines naturales disposita juxta methodum
in Horto Regio Parisiensi exaratam" (http://books.google.coid=nikkCxpBLm8C)[ligação inativa]
Ordem Algae (http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k98276j/f83.table)
Tudo Sobre Algas Marinhas (http://algasmarinhas.net/)

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