A Visão Do Cordeiro - IPB - Tabuazeiro
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Junior 1
A Visão do Cordeiro
[ Apocalipse 5 ]
João diz que o livro que está nas mãos de Deus possui sete selos. O número sete
(hepta, em grego) expressa totalidade ou completude. Ou seja, o livro está totalmente
selado. Toda a história da humanidade está nas mãos de Deus. Nada escapa ao Seu
controle.
Em seguida, João vê um anjo forte (cf. 10.1; 18.21). Não sabemos ao certo quem é
esse anjo. Alguns o identificam como Gabriel ou o arcanjo Miguel. Embora João não
mencione o nome do anjo, ele registra o que ouviu. O anjo forte proclamava “em grande
voz” (v. 2), a fim de que a sua mensagem alcançasse todos os cantos do universo. O anjo
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Wiersbe, W. W. (1996). The Bible exposition commentary (Ap 5.1). Wheaton, IL: Victor Books.
© Rev. Jocarli A. G. Junior 2
procurou alguém que fosse “digno de abrir o livro e desatar os seus selos”.2 Porém, em
toda a criação não foi possível encontrar ninguém capaz de receber o livro das mãos de
Deus e abri-lo.
O arcanjo Miguel e Gabriel não responderam. Todos os santos de Deus, incluindo
Abraão, Isaque, Jacó, José, Jó, Moisés, Davi, Salomão, Elias, Eliseu, Isaías, Jeremias,
Ezequiel, Daniel, Pedro e os demais apóstolos, Paulo e todos os demais, na era da igreja,
permaneceram calados. Ninguém no céu nem na terra nem debaixo da terra (v. 3),
ninguém foi capaz de abrir o livro, nem mesmo de olhar para ele (v. 4).
“e eu chorava muito, porque ninguém foi achado digno de abrir o livro, nem
mesmo de olhar para ele” (v. 4) – Por que João chorou? João derramou lágrimas
copiosas por causa do livro selado que possuía a chave da redenção do povo de Deus.
João chorava porque queria ver o mundo livre do mal, do pecado e da morte. Se o livro
permanecesse selado, o plano de Deus para a salvação não seria concretizado e a raça
humana estaria para sempre condenada.3
O termo chorar (klaiō, em grego), é a mesma palavra usada por Lucas para
descrever o choro de Jesus sobre Jerusalém (Lucas 19.41), e também, quando Pedro
chorou amargamente depois de trair o Senhor (Lucas 22.62). É, portanto, uma palavra
que expressa uma emoção forte.
Tudo parecia perdido e incerto. Quando de repente, uma voz ecoa no céu: “Não
chores; eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus
sete selos” (Ap 5.5). O digno foi encontrado. Dois títulos exclusivos são dados ao nosso
Senhor, observe:
Em segundo lugar, Ele é a raiz de Davi. Ele é descendente de Davi (cf. 22.16; Jr
23.5-6; 33.15-17; cf. Is 11.1, 10). Ele pertence a realeza. Como as genealogias de Mateus
1 e Lucas 3 revelam, Jesus era descendente de Davi, tanto da linhagem materna quanto
paterna. Em Romanos, o apóstolo Paulo disse que Jesus “nasceu de um descendente de
2 Era tradição do primeiro século para validar e proteger livros e rolos de papel com um selo de argila ou
cera, impressos com a marca especial do remetente. O selo, em seguida, deveria ser retirado ou quebrado,
a fim de ler o documento. Em alguns casos, mais do que um selo foi colocado em cima de um documento. O
selo era considerado um bem pessoa do do remetente. Palmer, E. F., & Ogilvie, L. J. (1982). Vol. 35: The
Preacher's Commentary Series, Volume 35 : 1, 2 & 3 John / Revelation. Formerly The Communicator's
Commentary. The Preacher's Commentary series (159). Nashville, Tennessee: Thomas Nelson Inc. A
abertura do livro significa a realização das coisas pertencentes aos propósitos de Deus. Toda a história da
humanidade está na mão de Deus. Para Kistemaker, a abertura dos selos no capítulo 6 revela que o
conteúdo do rolo se refere a um período indefinido da história. Equivale dizer que o rolo revela o plano
completo de Deus e o propósito para o mundo todo ao longo das eras, do começo ao fim. KISTEMAKER,
Simon. Comentário do Novo Testamento, Apocalipse. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2004, p. 262. Ou
seja, não importa a fúria de Satanás ou a agitação do mundo, a história sempre estará na mão de Deus.
Para Macarthur, O pergaminho que João viu na mão de Deus é o título de propriedade da terra, que Ele
dará a Cristo. MacArthur, J. (1999). Revelation 1-11 (163). Chicago: Moody Press.
3 KISTEMAKER, Simon. Comentário do Novo Testamento, Apocalipse. São Paulo: Editora Cultura Cristã,
2004, p. 267.
4 LADD, George. Apocalipse, introdução e comentário. São Paulo: Editora Vida Nova, 1984, p. 64.
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Davi segundo a carne” (Rm 1.3). O termo “Filho de Davi” é um título messiânico usado
com freqüência, por exemplo, nos Evangelhos (Mt 9.27, 12.23, 15.22, 20.30-31, 21.9, 15;
Marcos 12.35; 22.42).
Jesus é o legítimo Rei da linhagem de Davi. Na cruz, o leão de Judá, a Raiz de Davi,
venceu e, portanto, conquistou o direito de abrir o livro e de quebrar seus selos, isto é,
de reger o universo em concordancia com o plano de Deus.5 Jesus é o único digno de
quebrar os selos e abrir o livro.
“Então, vi, no meio do trono e dos quatro seres viventes e entre os anciãos, de
pé, um Cordeiro como tendo sido morto” (v. 6) – Quando João olhou para o trono entre
os quatro seres viventes e os 24 anciãos, ele não viu um Leão, mas um Cordeiro. Em vez
do poderoso Leão, João, viu um Cordeiro. O que João precisava entender é que o Senhor
Jesus não poderia ser o Leão do juízo ou o Rei da glória, a menos que fosse “o Cordeiro
de Deus que tira o pecado do mundo” (João 1.29).6 O Cordeiro refere-se à Sua primeira
vinda e Sua morte e o Leão refere-se à Sua segunda vinda e Seu julgamento soberano do
mundo.7
A pergunta do Antigo Testamento feita por Isaque: “Onde está o cordeiro?” (Gn
22.07) foi respondida por João Batista, que exclamou: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o
pecado do mundo” (Jo 1.29).8
Entretanto, várias características indicam que esse não era um cordeiro comum.
João viu o Cordeiro em pé, mas como se estivesse morto. As cicatrizes da morte
ainda estão claramente visíveis, mas o Cordeiro está em pé – está vivo! Tomé foi
admoestado a olhar para as mãos do Senhor Jesus e tocar em Sua cicatriz (Jo 20.27).
Embora as forças demoníacas tenham conspirado contra Ele, o Cordeiro ressuscitou
dentre os mortos, e, assim, triunfando sobre Seus inimigos.
João viu que o Cordeiro tinha sete chifres e sete olhos. Os chifres na Escritura
simbolizam força e poder (por exemplo, 1Sm 2.1, 10; 2Sm 22.3; Sl 18.2, 75.10, 89.17, 24;
Jr 48.25; Mq 4.13). Já o número sete, o número da perfeição. Ou seja, os “sete chifres”
simbolizam o poder completo e absoluto do Cordeiro.
Além disso, João também diz que o Cordeiro possui “sete olhos, que são os sete
Espíritos de Deus enviados por toda a terra” (v. 6). O Cordeiro é capaz de ver as sete
5 HENDRIKSEN, William. Mais que vencedores. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2001, p. 126.
6 MacArthur, J. (1999). Revelation 1-11 (167). Chicago: Moody Press.
7 Walvoord, John F. (1985). Revelation. (J. F. Walvoord & R. B. Zuck, Orgs.)The Bible Knowledge
Commentary: An Exposition of the Scriptures (Vol. 2, p. 945). Wheaton, IL: Victor Books.
8 Wiersbe, W. W. (1996). The Bible exposition commentary (Ap 5.1). Wheaton, IL: Victor Books.
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igrejas e o mundo inteiro por meio do Espírito Santo.9 Sua compreensão e conhecimento
são perfeitos. Ele é onisciente. Essas características do Cordeiro podem ser chamadas de
onipotência (sete chifres), onisciência (sete olhos) e onipresença (sete espíritos).10
“Veio, pois, e tomou o livro da mão direita daquele que estava sentado no
trono” (v. 7) – O versículo 7 registra o ato final. João viu o Cordeiro tomando o livro da
mão direita daquele que estava sentado no trono. Esta é a mesma cena descrita por
Daniel (7.13-14).11 Aquele que é digno chegou para receber de volta o que é Seu por
direito. A palavra “tomar” (lambano, em grego) significa receber, aceitar.12
Ao longo da história muitos líderes tentaram conquistar e dominar o mundo. O
primeiro e mais poderoso foi Satanás. Depois de sua rebelião contra Deus, ele e seus
seguidores foram expulsos do céu (Lucas 10.18; Ap 12.3-4). Todavia, ele inspirou vários
seres humanos, homens como Nabucodonosor, Dario, Alexandre, o Grande, os
imperadores de Roma, Átila o huno, Gengis Khan, Napoleão, Lenin, Stalin e Hitler.13
Entretanto, todos eles têm algo em comum: eles falharam! Apenas um tem o
direito, o poder e a autoridade para governar a terra: o Senhor Jesus Cristo. O Cordeiro
tem o livro em Suas mãos! Não é o diabo, nem mesmo o imperador Romano. É Jesus
Cristo, que tem a história em Suas mãos.
9 Palmer, E. F., & Ogilvie, L. J. (1982). 1, 2 & 3 John / Revelation. The Preacher’s Commentary Series (Vol. 35,
p. 161). Nashville, TN: Thomas Nelson Inc.
10 Wiersbe, W. W. (1996). The Bible exposition commentary (Ap 5.1). Wheaton, IL: Victor Books.
11 MacArthur, J. F., Jr. (1999). Revelation 1–11. MacArthur New Testament Commentary (p. 168). Chicago:
Moody Press.
12 Vine, W. E., Unger, M. F., & White, W., Jr. (1996).Vine’s Complete Expository Dictionary of Old and New
1. Os instrumentos
Cada um deles possui uma harpa e taças de ouro cheias de incenso. João viu
que cada um dos 24 anciãos estava segurando uma harpa e taças de ouro cheias de
incenso, que são as orações dos santos (v. 8).
Harpas são freqüentemente associadas no Antigo Testamento ao culto (por
exemplo, 2Sm 6.5; 1Cr 15.16, 20, 28; 16.5; 2Cr 5.12, 29.25; Sl 33.2; 71.22; 92.1-4; 144.9;
cf; 150.3. Ap 14.02, 15.2), mas elas também estavam intimamente ligados à profecia
(1Sm 10.5; cf. 2 Reis 3.15; cf. 1Cr 25.1, 3 e 6).15 As harpas simbolizam todas as profecias,
o que culmina com os acontecimentos prestes a ocorrer.
Samuel disse a Saul: “Então, seguirás a Gibeá-Eloim, onde está a guarnição dos
filisteus; e há de ser que, entrando na cidade, encontrarás um grupo de profetas que
descem do alto, precedidos de saltérios, e tambores, e flautas, e harpas, e eles estarão
profetizando” (1Sm 10.5).
Da mesma forma, quando estava prestes a profetizar, Eliseu disse: “Ora, pois,
trazei-me um tangedor. Quando o tangedor tocava, veio o poder de Deus sobre Eliseu”
(2Rs 3.15).
Assim, provavelmente, os 24 anciãos tocovam suas harpas em louvor é uma
indicação simbólica de que, tudo quanto os profetas haviam dito, estava para se cumprir.
Cada um deles possuía taças de ouro cheias de incenso. Além das harpas, os
seres celestiais também possuíam taças de ouro cheias de incenso. Essas taças eram
usadas no tabernáculo e no templo (1Reis 7.40, 45, 50, 2Reis 12.13-14; 1Cr 28.17; 2Cr
4.22, Jr 52.19; Zc 14.20). Elas simbolizavam o trabalho sacerdotal de intercessão pelo
sacerdote (Salmo 141.2, Lucas 1.9-10 e Apocalipse 8.3-4; cf. 6.9-10). Juntas, as harpas e
as taças indicam que tudo o que os profetas falaram e todas as orações dos filhos de
Deus finalmente serão cumpridas.16 As orações agora fazem sentido. Orar é falar com
quem está com o livro da história nas mãos.
2. A música
Que tipo de música eles cantavam? João declara que os seres celestiais entovam um
“novo cântico” (v. 9). No Antigo Testamento a expressão “novo cântico” refere-se a uma
canção de redenção (Sl 33.3, 40.3, 96.1, 98.1, 144.9, 149.1; Is 42.10; Ap 14.3).17 No Salmo
96 encontramos a mesma expressão: “Cantai ao SENHOR um cântico novo, cantai ao
SENHOR, todas as terras. Cantai ao SENHOR, bendizei o seu nome; proclamai a sua
salvação, dia após dia” (Sl 96.1-2).
“e entoavam novo cântico, dizendo: ... porque foste morto e com o teu sangue
compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação” (v. 9) – O
coral dá graças porque a redenção foi concretizada pela vida de Jesus Cristo. O termo
“Compraste” (agorazō, em grego) é uma palavra utilizada no Novo Testamento para o
15
MacArthur, J. (1999). Revelation 1-11 (171). Chicago: Moody Press.
16 MacArthur, J. F., Jr. (1999). Revelation 1–11. MacArthur New Testament Commentary (p. 171). Chicago:
Moody Press.
17 MacArthur, J. F., Jr. (1999). Revelation 1–11. MacArthur New Testament Commentary (p. 171). Chicago:
Moody Press.
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No versículo 11, João diz pela quarta vez no capítulo que ele viu e ouviu uma
voz de muitos anjos ao redor do trono... O coral celestial aumentou. Agora, não são
apenas os quatro seres viventes e os 24 anciãos que adoravam ao Cordeiro, mas
também, milhares de anjos. Que coral! A palavra “milhares” (murias, em grego) de onde
temos a palavra “Miríades”. Significa “dez mil”, aparentemente o número mais elevado
para os gregos.19 O número tenciona expressar uma quantidade impossível de ser
calculada.
O coral celestial entoava uma doxologia familiar, “Digno é o Cordeiro que foi morto
de receber poder, e riqueza e sabedoria, e força, e honra e glória e louvor” (v. 12). Mais
uma vez, a ênfase está na morte de Cristo.
13 Então, ouvi que toda criatura que há no céu e sobre a terra, debaixo da
terra e sobre o mar, e tudo o que neles há, estava dizendo:
Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro,
seja o louvor, e a honra, e a glória, e o domínio
pelos séculos dos séculos.
18 Palmer, E. F., & Ogilvie, L. J. (1982). Vol. 35: The Preacher's Commentary Series, Volume 35 : 1, 2 & 3 John /
Revelation. Formerly The Communicator's Commentary. The Preacher's Commentary series (165).
Nashville, Tennessee: Thomas Nelson Inc.
19 MacArthur, J. F., Jr. (1999). Revelation 1–11. MacArthur New Testament Commentary (p. 172). Chicago:
Moody Press.
20 KISTEMAKER, Simon. Comentário do Novo Testamento, Apocalipse. São Paulo: Editora Cultura Cristã,
2004, p. 280.
© Rev. Jocarli A. G. Junior 7
Conclusão:
Os capítulos 4 e 5 de Apocalipse revelam a glória indescritível e a infinita
majestade de Deus no céu. Os capítulos seguintes revelam esse poder soberano de Deus,
expresso no julgamento de um mundo perverso afundado nas profundezas do pecado.
Embora não tivemos o privilégio de receber uma visão igual ao do apóstolo João ou
a visão similar concedida a Paulo do terceiro céu (2Co 12.1-3), podemos tomar as
palavras registradas por eles e antecipar a glória e a maravilhosa cena celestial que um
dia vamos contemplaremos com nossos próprios olhos. 21
Dwight L. Moody (1837-1899) foi um dos evangelistas mais influentes e prolíficos.
Sua vida é um poderoso testemunho de luta e triunfo. Estima-se que no auge de seu
ministério, ele atraiu multidões de até 30 mil pessoas.
Durante suas campanhas evangelísticas DL Moody gostava de chocar seu público
com a verdade de que a morte não seria o fim de sua vida, mas apenas o começo.
“Algum dia você vai ler nos jornais que DL Moody, de East
Northfield, está morto. Não acredite nessas palavras!
Naquele momento eu estarei mais vivo do que agora. Eu
nasci da carne em 1837. Eu nasci do Espírito Santo em 1856.
O que é nascido da carne pode morrer. O que é nascido do
Espírito viverá para sempre”.
21 Walvoord, J. F., Zuck, R. B., & Dallas Theological Seminary. (1983-c1985). The Bible knowledge