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196

Grupo I

A
Lê o texto seguinte.

Saudade minha
Mote
Saudade minha, quando vos veria?

Voltas
Este tempo vão, Saudosa dor,
esta vida escassa, eu bem vos entendo;
para todos passa, mas não me defendo,
só para mim não. « porque ofendo Amor.
Os dias se vão Se fôsseis maior,
sem ver este dia, em maior valia
quando vos veria? vos estimaria.

Vede esta mudança Minha saudade,


se está bem perdida, 2s caro penhor meu,
em tão curta vida a quem direi eu
tão longa esperança! tamanha verdade?
Se este bem se alcança, Na minha vontade,
tudo sofreria, de noite e de dia
quando vos veria. » sempre vos teria.

CAMÕES, Luís de, 1994. Rimas (texto estabelecido,


revisto e prefaciado por Alvaro J. da Costa Pimpão).
Coimbra: Almedioa (p. 4) (1.* ed.: 1595)

Apresenta, de forma bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.

1. Transcreve as apóstrofes utilizadas ao longo do poema e justifica a sua presença.

2. Assinala a alínea que sintetiza a mensagem do poema.


a. Saudade da amada que já partiu.
b. Desejo de concretização física do amor por parte do "eu’’.
c. Angústia provocada por um sentimento não correspondido.

3. Explica a classificação deste poema como sendo um vi lancete.


4. Rimas de Camões 197

B
Lê o poema que se segue. Em caso de necessidade, consulta o glossário apresentado a seguir ao texto.

Alma minha gentil, que te partiste


Apresenta,
Alma minha degentil,
forma que
bemteestruturada,
partiste tãoas tuas respostas
E seaos itens
vires queque se merecer-te
pode seguem. ra algúa

cedoRefere
4. desta vida descontente,
o tema do poema.repousa lá cousa a dor que me ficou
no Céu
5. etemamente,
Identifica a razão epara
vivaoeu da mágoa,
cá nade espírito do sujeito
estado sem remédio, de perder-te,
poético.
terra sempre triste.
6. Explicita os dois pedidos que o "eu" lírico expressa à mulher amada.
roga a Deus, que teus anos encurtou,
7. Comprova
Se lá a classificação
no assento etéreo1, ondedo poema como soneto,
subiste, referindo
que asde
tão cedo suas características
cá me leve a ver-te,ao nível da estrutura interna e da
estrutura externa que o associam ao género.
memória desta vida se consente, não te quão cedo de meus olhos te levou.
esqueças daquele amor ardente que já CAMÕES, Lufe de, 1994. Rimas (texto estabelecido,
revisto e prefaciado por Álvaro I. da Costa Pimpão).
nos olhos meus tão puro viste.
Grupo II
Coimbra: Almedina (p. 156) (1.* ed.: 1595)
1. celestial

Lê o texto que se segue.

ALMA MINHA GENTIL: ROSA DE TALENTOS EM PROSA CAMONIANA


Rosa Lobato de Faria foi poeta e nunca deixou de o ser, mesmo quando enveredou, com talento e êxito, pelos caminhos
da ficção narrativa ou da ficção televisiva. Também o foi, naturalmente, quando escreveu textos para canções. E escreveu
muitos, com um exemplar sentido de ritmo e de envolvente musicalidade.
5 Sendo poeta, sábendo-se poeta, nunca deixou de se sentir irmanada com os gran
des poetas em cuja obra se sentia projetada. Luís Vaz de Camões é um dos exemplos dessa paixão. [...]
Talvez esta afinidade, esta paixão, explique o facto de Rosa Lobato de Faria ter deixado inédita a breve ficção Alma
Minha Gentil, que tem Luís de Camões e o drama io da sua vida como tema central.
198 Ficha Formativa

Em tempo de Portugal se fazer ao mar, dilatar horizontes e se tornar império, não foi auspiciosa a vida deste
jovem fogoso e apaixonado, que guardou no corpo e na alma as cicatrizes da desdita amorosa e da errância solitária
por paragens que só is muito raramente lhe quiseram dar conforto e paz. Mesmo quando amou, inebriado por esse
fogo que arde sem se ver, o autor de 0$ Lusíadas, épico entre os épicos, lírico entre os líricos, nunca foi feliz. [...]
Alma Minha Gentil de Rosa Lobato de Faria mostra-nos, partindo de uma base factual mas ficcionando-a
como só os poetas sabem, Luís de Camões ainda jovem em 2o Lisboa, apaixonado por D. Joana de Menezes, cuja
condição social a distanciava dele e cujo coração se obstinou em viver esse amor impossível. [...]
E impõe-se a pergunta: teria a lírica camoniana sido aquilo em que se transformou, momento altíssimo e
inexcedível da nossa história poética, se, porventura, Luís de Camões não tivesse padecido com vários desencontros
e desditas, com perdas que 25 o deixaram inconsolável e com saudades que quase fizeram dele um estrangeiro na
hora de regressar à pátria que não soube merecê-lo e estava prestes a ver-se despojada da sua soberania? Por certo
que não, ainda que fosse imenso o seu génio.
Rosa Lobato de Faria deixou-nos esta história de um amor trágico, com Luís de Camões, poeta do seu
coração, como personagem central, como um legado poético 35 que a narrativa consubstancia e engrandece,
tomando-o acessível a públicos de diversas idades.
Ao escrever isto, recordo a incansável obreira da escrita, a polivalência do seu talento, a limpidez da sua ética
como autora e o seu amor a Portugal e à sua História, valores que as angústias do nosso presente coletivo tomam
ainda mais urgentes e ir- 35 renunciáveis. A questão central que este texto coloca talvez seja muito simplesmente
esta: será a infelicidade o destino natural dos poetas que, sem ela, não alcançam o núcleo puro e luminoso das
palavras que se tomam únicas e eternas?
Esta Rosa, em prosa, lembra-nos a rosa dos ventos e talentos de uma vida que terminou quando tanto ainda
esperávamos dela, como esperaremos sempre da poesia «o de Camões, de cada vez que com ela nos cruzamos.
José Jorge Letria, “Alma minha gentil: Rota de talento» em prosa camoniana", ln FARIA, Rosa Lobato de, 2013. Alma Minha
Gentil. Lisboa: Clube do Autor (pp. 32-35)

\1- Para responderes a cada um dos itens de 1.1. a 1.7., seleciona a opção correta.

1.1. No primeiro parágrafo, com a enumeração das diversas facetas artísticas de Rosa Lobato de Faria, o autor
procura
(A) exemplificar o potencial criativo da escritora.
|B) salientar a vertente lírica de toda a produção da autora de Alma Minha Gentil.
(C) exaltar qualitativa e quantitativa mente o trabalho da poeta.
(D) aproximar a obra da escritora da de Luís Vaz de Camões.
4. Rimas de Camões 199

Audio
1.2. 0 adjetivo “auspiciosa", utilizado na linha 9, significa
(A) inspiradora. (C) infeliz.
(B| moderada. (D) afortunada.

1.3. As orações relativas "que guardou no corpo e na alma as cicatrizes da desdita amorosa e da errância solitária
por paragens que só muito raramente lhe quiseram dar conforto e paz." (ll. 13-15) aludem às temáticas
camonianas
(A) do amor e do desconcerto individual de natureza autobiográfica.
tB) do amor e da viagem.
(0 do desconcerto e da mudança.
CDl do amor e da Natureza.

1.4. Os modificadores apositivos do nome usados na passagem "o autor de Os Lusíadas, épico entre os épicos,
lírico entre os líricos, nunca foi feliz. " (ll. 16-17)
(A] evidenciam a superioridade da epopeia camoniana.
(Bj comparam Camões aos restantes poetas do seu tempo.
(C) destacam a supremacia da obra épica e lírica de Luís de Camões.
(D) salientam a qualidade da produção lírica do autor de Os Lusíadas.

1.5. Os elementos "que" do penúltimo parágrafo introduzem orações subordinadas


(A) adjetivas relativas explicativas.
(B) adjetivas relativas restritivas.
(C) adjetivas relativas restritivas e subordinadas adverbiais consecutivas.
(D) adjetivas relativas explicativas e subordinadas substantivas completivas.

2. Responde aos itens apresentados.

2.1. Identifica a função sintática desempenhada pelo constituinte “de Camões" (l. 40).

2.2. 0 conector “ainda que", no contexto da frase “Por certo que não, ainda que fosse imenso o seu génio.” (1.27)
assume um valor:
a. condicional c. concessivo
b. consecutivo d. comparativo

2.3. Refere três aceções de “rosa” que integrem o campo semântico da palavra.

Grupo III

| Recorda o estudo que fizeste da obra lírica de Luís de Camões e, partindo da tua experiên- | cia de leitura, redige uma
apreciação crítica bem estruturada, de cento e vinte a cento e I cinquenta palavras, relativa a um dos poemas do autor.

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