Enfermagem em Saúde Pública PDF
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Enfermagem em Saúde Pública PDF
do ensino,
RESUM O: Analisa- se o papel do enferme iro em saúde pública no contexto
Objetivo u-se 1 ) Identific ar o
como ponto de partida para uma avaliação da prática.
d �S
papel do enfermei ro em saúde pública projetado nos cont� údo� programá ticos
disciplina s de saúde pública do Curso de Enferma gem na U niversida de Federal do RIO
Grande do Norte desde sua implantação em 1 974 até 1 990 e, 2) Avaliar as concepções
projetad as no ensino frente a real idade das práticas dos egressos. Conceptua lizações
da teoria de papeis nortearam o entendimento do termo " papel" e do processo de inter
nalização do conceito. Utilizou-se uma abordagem qualitativa com triangulação na co
leta de dados. Dados foram obtidos em duas fontes: nos conteúdos programáticos do
Curso e nas opiniões dos enfermeiros egressos do Curso. Técnicas de análise docu
mentai foram aplicadas a 70 programas de disciplinas de Saúde Pública e uma amos
tra aleatória estratificada de 60 enfermeiros foi entrevistada utilizando um questionário
especifico. Os dados foram analisados à luz da teoria de papeis para a identificação do
conceito. Em seguida, se analisou o conceito com base nas politicas de saúde vigentes
da época em estudo. Os resu ltados demonstram que o papel do enfermeiro em saúde
pública projetado nos conteúdos focaliza funções múltiplas, assistenciais educativas e
administrativas dentro de u ma visão preventiva. O objetivo da enfermagem em saúde
pública tem sido a prevenção, dentro de u ma prática de assistência primária e mais
recentemente, dentro de u ma perspectiva de mudança e de transformação das q ues
tões sociais e das politicas de saúde. Focaliza o enfermeiro planejador, competente
nas técnicas epidemiológ icas. A percepção dos egressos é também preventiva e foca
liza o papel ed ucador e conscientizador do enfermeiro, embora pouco avanço se ob
serva com relação às q uestões sociais da popu lação. Existe u ma incompatibilidade
entre os conceitos expressos no curso e os exigidos na prática profissional, refletindo
insatisfação dos egressos com a formação recebida no Curso que ressaltam insegu
rança técnica na prática. Conclui-se que o conceito da prática de enfermagem em
saúde pública tem atendido as demandas das politicas de saúde vigentes, porém não
as demandas da prática do enfermeiro. Tal divergência entre o ensino e a prática de
enfermagem em saúde pública aponta a necessidade de u ma revisão cu rricular no que
tange o objeto de trabalho da enfermagem em saúde p ública.
a.- 1
lise q u a l itativa foi utilizada , c-.toe � a-o. _. p"... . .......
com triangulaçao metodológi .....- - - - ......- .. -..... . .....,. ....... - - pjiIoIIca.
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nos conteúdos prog ra máti
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cos do C u rso de Enfe rma
gem e nas co n ceptua l iza pObIIca
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ContexIo ConItxID SociII Sibl8ÇIo do pelo _ _: -.
ConItxID EconOmix>
ConItxID PoIIIico -
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2.1 . Análise Documental ConIoxIode T...,...,
ConIoxIode s..
Setenta programações de
disciplinas foram analisadas em dois g rupos cro elaboraçao. O Q UADRO 1 mostra a relaçao
nológicos, 1 975-1 98 1 e 1 982-1 990. Essa d ivi entre as d imensões de análise constru ldas,
Sa0 foi efetuada, em consideraçao à modifica os conceitos teóricos de origem e a evidên
çao cu rricular de 1 98 1 , q uando o C u rso de Ha cia que representaria a d imensao nos conteú
bilitaçao em Enfermagem de Saúde Pública foi dos.
incorporado ao C u rso de G raduaçao através da
Disciplina Enfermagem em Saúde Pública.
O procedimento de análise foi elaborado com 2.2. "Survey" dos Enfermeiros
base nas técnicas de análise de conteúdo de
KRI PPENDORFF 1 8 e consistiu de seis passos: Uma amostra de 99 enfermeiros egressos do
1 )Coleta, autenticaçao e organizaçao dos pro Curso de 1 974 a 1 990 foi selecionada de forma
g ramas das d isciplinas; 2) Elaboraçao das di probabil lstica e estratificada por ano de forma
mensões e instruções para análise, por pesqui tura. Sessenta (60) enfermeiros foram entrevis
sador nao envolvido na análise documental; 3) tados, representando 6 1 ,0% da amostra plane
Codificaçao dos itens nos d ucumentos seg u n jada e 08,0% do total dos egressos do Curso. A
do as dimensões e i nstruções elaboradas; 4) alta rotatividade nos empregos, mudanças de
Agrupamento, classificaçao e categorizaçao dos endereço e u ma g reve prolongada ocorrida nos
itens nas respectivas d i mensões; 5) I nterpre serviços d u rante o perlodo do estudo dificulta
taçao das categorias ind icando a maneira q ue ram a localizaçao de alguns enfermeiros. Ou
o elemento da d i me n sao se refletia no pro tros foram eliminados após várias tentativas sem
g rama; e, 6) I nferência contextual, ou reexa sucesso de entrevista no local de trabalho ou
me das categorias com relaçao aos elemen na residência. Houve d ificuldades também, em
tos constitutivos do conceito teórico de " pa obter as informações daqueles enfermeiros que
pei profissional". concordaram em participar. As entrevistas eram
I nstruções e dimensões de análise foram ela concedidas só após várias tentativas de procu- .
boradas com base nas q uestões de pesqu isa, ra, prolongando assim, o tempo de coleta de
no teoria de papeis e no con hecimento das prá dados. Apenas u m enfermeiro se recusou a par
ticas da enfermagem. As mesmas foram testa ticipar.
das antes da sua aplicaçao por dois pesq u isa As informações foram coletadas através de
dores membros q u e nao participaram da s ua questionário durante entrevista realizada após \
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v.
254 R. Bras. Enferm. Brasilia, 48 , n. 3, p . 251 -2 7 1 , jul.lago.lset. 1 995
\
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da obtenção do consentimento do enfermeiro, 1 982-1 990 e 26 tinham cursado especialização.
adquirido posterior à explicação do estudo e de Tinham, em média, 9 anos de trabalho na enfer
seus direitos de participação. Elaborado com magem, embora 1 5, ou 25,0%, tenham traba
base nos conceitos da teoria de papeis1 7 e na lhado previamente como auxiliar, técnico ou
relação teórica entre conteúdo curricular e a prá atendente de enfermagem. As principais insti
tica, segu ndo BOTOM É . 7 O questionário solici tuiçOes empregadoras foram as Secretarias de
tava informaçOes demográficas e de trabalho, a Saúde, estadual e municipal, a Fundação Naci
opinião dos participantes sobre a concepção do onal de Saúde e a U niversidade. O local de tra
enfermeiro em saúde pública adquirida no Cur balho de 47,0% dos enfermeiros era o hospital,
so, sobre a correspondência dessa concepção 23,0% trabalhavam no Centro de Saúde, ambu
com as demandas do trabalho, sobre dificulda latório ou N rvel Central da Secretaria e 1 3,0%
des enfrentadas com relação ao seu papel no em cHnica de ensino.
trabalho, a concepção do papel do enfermeiro
frente as mudanças ocorridas no sistema de 3.2. O Papel do Enfermeiro em Saúde Publica
saúde; e, as suas impressões sobre o ensino nos Conteúdos Programáticos
de enfermagem em saúde pública no C u rso. O
seu conteúdo foi validado por 2 enfermeiros 3.2.1 . Período 1 975-1 981
"experts"na área e testado com um g ru po de 1 O
enfermeiros. O Q UADRO 3, mostra os resultados da aná
As informações foram submetidas a análise lise de conteúdo dos programas para o periodo
de conteúdo para a elaboração das taxionomi 1 975-1 981 e apresenta as categorias de con
as as q uais foram analisados comparativamen teúdo identificadas para cada dimensão teórica
te ju nto aos marcos estrutu rais, sociais e de e as proporções de programas que contenham
saúde vigente da época para detectar os fato cada categoria.
res que influenciaram a defin ição do conceito Quanto à dimensão teórica Finalidade/Obje
emitido no ensino no periodo de 1 5 anos em tivo da Enfermagem, que representa a idéia prin
estudo. cipal mantida pelo enfermeiro com relação a sua
função, ou seja, o " para q ue"das suas ações, os
3. RESULTADOS conteúdos que indicavam o repasse de concei
tos ou objetivos da Enfermagem em Saúde PÚ
3 . 1 . C a ra cte rização da A m ostra d e blica foram identificados em cada prog rama,
Programas e de Enfermei ros Egressos agrupados e classificados. A classificação des
sa dimensão resu ltou em 9 categorias, sendo
O Q UADRO 2 mostra o número de prog ra que cinco categorias foram identificadas em mais
ms examinados por d isciplina e por periodo. de 50,0% dos programas. Essas categorias for
QuacInI Z ma: "Cuidar", " Educar" , "Assistência Pri
prog_ da dlKlpllna do Cuno de EnfeIlll8gllll na UFRH analludoa por periodo.
mária" , " C ontro l e de Doenças Trans
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1975-1981 Introduçlo. S8Ilde Pública 8 missrveis"e " Planejamento da Assistên
PIanejamenIo em S8Ilde 5
AssisItnc:I8 PrimiriII em s.üde 5 cia".
NutriçAo em Saúde PübIiCa
EnIermIIgem em Saúde Públial I 5
1
O enfoque do Curso nesses conteúdos
AdrrinistraÇlo de �IIIII EI\fIonnagem 5 34
indica que o ensino no perrodo, 1 975-1 981 ,
1982-1990 Introduçlo . Saúde Públial 18
Enfermagem em SaUde Públial I 18 3S
projetava a função assistência I e educati
va do enfermeiro. A função administrativa
A amostra de 60 enfermeiros entrevistados foi representada em 44, 1 % dos programas. Os
se caracterizou da seg u inte forma: 98,6% eram objetivos "Transformar a realidade"e " I nterven
do sexo feminino, a maioria ca.s ada (58,0%) ou ção no BinOmio saúde-doença", estiveram inse
solteira (37,0%) e tinham em média 33 anos de ridos em apenas 35,2% e 8 , 8% dos programas,
idade. A maioria ( 80,0%) se formou no perrodo respectivamente, demostrando assim, que no
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resultado vai ao encontro do enfoque
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11,1
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Na dimensao Caracteristicas/Conhec imento ção p�ra a Saúde", "Técnicas de Ensino"e
Técnico-Cientificos, nao houve um enfoque con "Ensino em Serviço". Observa-se. porém. q ue.
tinuo e forte nos conteúdos desse primeiro perf neste perfodo, a função educativa do enfermei
odo. já que o n úmero de programas que enfo ro priorizava a orientação individual no proces
caram essas categorias foram poucos, menos so da assistência, como mostram as d uas pri
de 50,0%.0 conhecimento focal izado referiu-se meiras categorias encontradas na g rande mai
à "Bioestistica, " "Epidemiologia, ' " Levantamen oria dos programas. O ensino coletivo represen
to Sócio-Sanitário, ""Planejamento" e " Pesqu i tado pela categoria " Educação para Saúde"teve
sa." A interpretação desses resu ltados refere que menores proporções.
no perido 1 975-1 981 , o aspecto técn ico do pa Quanto às "Ações Administrativas", observa
pei do enfermeiro em saúde pública predomi se que u ma porporção minima dos programas
nou, especialmente nas áreas de diagnóstico apresentaram conteúdo que focalizava tais ati
sanitário e de planejamento. vidades, com apenas três categorias sendo iden
Quanto ao comportamento, elemento essen tificadas nessa dimensão ("Funções Administra
cial do conceito de " pape!", as d imensões de tivas", " Passos do Processo Administrativo"e
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de reflexões sobre os elementos do tra-
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Egressos
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3.3.1 . O Trabalho dos Enfermeiros
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encontrado em apenas 1 4, 0% dos pro enfennelroa eg.....as do CUI'8O de Enfennagem na UFRN (noo6O).
gramas que focalizaram mais a sua evo Proceao de Trabalho Enfennelroa %
lução h istórica . Já o Contexto de Saú
' Administrar 47 78,0
de foi amplamente representado neste Cuidar 43 72,0
perlodo, com conteúdos que abordaram Controlar Doenças Transmisslveis 14 23,0
a situação de saúde do ponto de vista Educar para Saúde 09 1 5,0
R. Bras. Enferm. Brasflia, v. 48, n. 3, p. 251 -27 1 , jul .lago.lset. 1 995 259
1
processos tais como Educar para a Saúde, En Esses resu ltados mostram u ma concepçêo
sinar e Pesqu isar foram identificados em u m In restrita do papel do enfermeiro em saúde coleti
d ice menor de enfermeiros, de 03,0 a 1 5,0%. va, pois, embora tenham como foco de açêo a
Observou-se, porém, que a maioria dos enfer prevençêo, essa funçêo educativa se limita ao
meiros desenvolvem vários prpcessos de tra contexto das atividades assistenciais no Centro
balho no emprego. Poucos sêo os que citaram de Saúde. A visêo mais ampla do papel transfor
exclusivamente u m tipo de processo: 1 1 disse mador, ou do enfermeiro como agente de mudan
ram administrar, 5 ensinar, 4 cuidar e 1 realiza ça, foi referida por pouqu lssimos participantes
c9ntrole de doença. Dessa forma, a maioria, 37 (05,0%). Embora alguns criticaram o papel polfti
(6 1 , 0%) dos enfermeiros descreveram seu pro co enfatizado no segundo período, a maioria nao
cesso de trabalho como de Administrar e C u i expressa0 insatisfaçêo com tal conteúdo.
dar, simultaneamente e em combinaçao com Outro resultado marcante foi o g rande nú
outros. mero de enfermeiros 27,0% que nao conseg uiu
dar uma conceituaçêo. Alguns desses aponta
3 . 3 . 2 . O Papel do E nferm e i ro e m Saúde ram deficiências no Curso como explicaçao prin
Pública no Curso cipal dessa falha.
OPINIAo
acompanharam alg u mas das opini Aquisiçlo da NoYII Vida dai EnferrNgem ".... t., uma ",.6:1 eM uúdt for. do hoapl. (. ..). t., eontllto • familia e
ASPECTOS PostT1VOS
•... com
comunidade (. . .) ...,. . lIn'aomapwn ,,-venliv8. •
ões favoráveis ao Curso são apresen "o contato com • � ,.Z dtegar mais próximo . ,..mJede"
noa;
0' ófimo conh«;er comunidade • f1CJCW traçw um � da mNma • melhor
uma
,;�, poder miaturar �••
"proporcionou llgum embeaaamento ".,• • vKJ. prof.Rna/"
tados no QUADRO 5 seg u ndo os
". vialo qw tenho ". .eúde pública .. � Q.no . goato de trabalho
ao o com
aspectos considerados positivos. piIt>Ic. dew I. ".n8 ..,. ",aJo"
laúde
em •
Como se obseva no Q UADRO 5, V._ do S,..,. p""... "qt» ' um .,.fIino de "'.Importlncia. IM.".""",, _ um prcIuionli de uúde"
"de grantJ. impottllnde porque o .".00 de .m.rmagem aaúI:M plÍblca ,
em
�. na ptOIulo de enfwmllfl8lF'"
Tez p#IIW . ".,.IM . "WIder qw mlita coi•• ..n. diferente .. houwue uma poIftju
dtt aaúde 'fIIOIt.Ja par• . ... preventiv.-
os enfermeiros que opinaram de for
mas positiva sobre o ensino, se refe Amptillçlo d . Conh8CirNntoa "IIiYenci8I h.ant. � tanteM quanto .. �. como peaqU•• no c","po de
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"m. troux. um maior apntndzagwn (. .) ampliando minha vi•., do mimei:) adquirindo
. •
m•• •K".nInd.-
riram aos aspectos de mudança sen
eltlrnJlo doi .".., fIIdIador doe proINaex.• ••imulou • nó. ntud."t•• -
"'''t. int.,.... p« pari. doe pro/Naex..-
tida na formação de conceitos pre Prot.ssor..
T._ .
desintegração entre a teo Proporç6ee de pIOII ra_ . """""'_ eg_ no periodo lHZ-1_,
legundo • ftnalldade/objetIvo do ..........Iro om ..�cIo pIlbllca no Cu.... _ E.... .....gom I UFRN,
ria e pela qualidade do en P..... Enfw-
Fln.lldad�vo g ....... % FlnalldadolObjetivo me_ %
sino em si, caracterizando (...34) (...... Z)
o como m u ito s u perfici a l . AniliM daa poIilicaa de Sa_ 3B 18 38,0
31 !Ie,O IO 2 1 ,0
1 00,00 Saúde clo Comuniclode
28 05
EducaçAo em Sa_
Envolvimento com ....pactos Sociais
Aasislencla (Culd.r)
Carga horária i n s u ficiente
20 .....1.t6ncI. (Programas Especiais) 04 08,0
78,0 PneYençiod. � 10,0
04 08,0
ee->YoIYimenlDdaComuniclode 56,0
a p a rece ta m b é m n essas
Saneamonto 03 06,0
Epidemiologia 18 50,0 Atendimento nas unidades de saúde
"(;camos na vontade, no desejo (.. .) o tempo de aprendizado (nesta área) é muito curto
"perlodo muito curto para qUft se possa fazer alguma coisa realmente e sentir efeffo" objetivos m a i s sociais
n'o dá para desenvolver um bom trabalho" em saúde, como a trans
Falta de Estrutura "locais n'o estruturados para comportar a atuaç'o dos professores·
·campo de estágio muito restrito" formação e mudança no
Deseltimulante "faltava estImulo (... ) transmiti. um. vis'o restrita do que seria s.úde pública · setor, embora pouco fre
"faltava incentivo, motivaç'o·
q uentes , Nos conteúdos,
predomina a análise das
Tabela 5
Pro� de programa0 • •n'.nn.._ eg ....... no perlocIo 1874-18'1 , pol íticas de saúde e en
_undo . flnalldaclelobjetlvo do .nfennelro .m .. �. pIlbllca no Cu ..o d. E ....nn.g.m I UFRN
P ..... Enfer-
volv i mento com aspec
Obj.tlvO/Fln.lldad. g..mea % ObjetlYoIFlnalld.d. malnce % tos sociais , A fu nção as
(11"34) (... 1 2)
29 06 50,0 sistencial continua forte,
2S 06
85,0
Educar
Cuidar Saude da Comunidade
22 05
74,0 EducaçAo em Saude 42,0
porém, com 86 , 0% dos
02
Auill6ncia Primaria 85,0 PrevençAoda Doença 42,0
02
Controle de D.T. 21 62,0 ..... ist6ncia (Programas Especiais) 1 7,0
18 53,0 Atendimento nas unidades de saúde prog ramas refletindo tal
LDerar
Planajar a Assist6ncia 11,0
18 53,0 AdministraçAo 01 08,0
15 44,0 01 08,0 enfoque, Contudo, o tra
T ....formara Realidade
Administrar Controle de DT? Vig. Sanit6ria
12 35,0
Intervençllo na Saude e n. Doença 03 09,0 ba l h o n a com u n i d a d e
• Os Anais do 37° CBEn contém uma série de trabalhos que foram apresentados sobre a temática da situação da assistência de
enfermagem nas diversas áreas de atuação e que delineam a problemática d a enfermagem nos diversos setores.
R. Bras. Enferm. Bras ília, v. 48, n. 3, p. 251 -27 1 , j u l . lago.lset. 1 995 265
1
Qualitative approach with data col lection triang u l ation has been used . The d ata have
been obtained from two sou rces: at cou rse progra m m e context and from g raduated
n u rses from these co u rses. Docu ment a n a lysis tech n i q u e has been a pp l i ed for 70 Pu
blic Health S u bjects progra m mes and a stratified ra ndom ized sa mple of 60 n u rses h as
been i nterviewed using a specific q u estio n n a i re . The data have been analysed under
the light of the theory of papers fo r concept identifycation of con cept . N ext, the concept
of health pol i cy esta b i l ished by the t i m e of the study, has been a n a lysed . The resu lts
have shown that the p u b l i c health n u rse proj ected i nto the contents focuses assiste nce
, educative and administrative fu nctions into a preventive view. The a i m of public health
n u rsing has been preventio n , i nside a pri mary assista nce practice , and , more recently,
i nside a change and transfo rmation perspective for the social q u estions and health
pol i cy. It focuses the planner n u rse , com petent at epid e m i o l ogycal tech-niq ues. The
Graduated perception is a lso preventive and focuses a n ed ucative and awa re role of
the n u rse·, although l ittl e adva nce has been o bserved reg a rd i ng to pop u l ation socia l
questions. There is a n i n co ril patibi l ity between the concepts expressed a t t h e cou rse
and the ones req uested at the professional practice , reflecting g raduated u nsatisfaction
with the formation acq u i red d u ring the cou rse that o utsta nds tech n ical insecu rity at the
practice. It has been co ncl ud ed that the public h e a lth n u rsing practice has attended the
demands of the u p-to-d ate health policies, but n ot the n u rse practice d e m a nds. Such a
contras! between teach ing and public h e a lth n u rsing sh ows the necessity of a cu rricu
lum revision as to the public h e a lth n u rsing work o bject .
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