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CPC 32 - Tributos Sobre o Lucro

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Tópicos Contemporâneos em Contabilidade

Professor Marcos Roberto de Oliveira

CPC 32 – Tributos sobre o Lucro

1 – Introdução
A tributação do IRPJ e CSLL das empresas podem ser dar pelos regimes de
tributação: Lucro Arbitrado, Lucro Presumido ou Lucro Real.

O nosso objeto de estudo será o IRPJ e CSLL diferidos apurados no Lucro Real,
originários da diferença temporal entre a contabilidade e os efeitos fiscais para os
tributos sobre o lucro.

2 – Alcance
O tratamento contábil dos tributos sobre o lucro é uma preocupação evidenciada pelo
Pronunciamento Técnico CPC nº 32, o qual traz como questão principal a
contabilização dos efeitos fiscais atuais e futuros de:

a) Futura recuperação e/ou liquidação do valor contábil dos ativos e passivos


reconhecidos no balanço patrimonial da pessoa jurídica;

b) Demais eventos do período corrente que são reconhecidos nas demonstrações


contábeis da empresa.

3 – Conceitos

3.1 - Lucro Contábil (ou Resultado Contábil)


É o resultado (Lucro ou Prejuízo) apurado no período pela entidade antes da dedução
dos tributos sobre o lucro.

3.2 - Lucro Tributável (ou Prejuízo Fiscal)


Entende-se como sendo o Lucro ou o Prejuízo de um exercício assentado de acordo
com as regras impostas pelas autoridades tributárias, na qual o imposto sobre a renda
é devido ou recuperável.

3.3 - Tributo Corrente


É o valor do tributo devido ou recuperável sobre o lucro tributável ou prejuízo fiscal do
período.

3.4 - Despesa ou Receita Tributária


É o valor total incluído na determinação do lucro ou prejuízo para o período
relacionado com o tributo sobre o lucro corrente ou diferido.

Exemplo: Despesa ou receita de variação cambial (Tributação realizada pelo regime


de caixa, conforme a opção informada na DCTF).

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3.5 - Diferenças Permanentes
Ocorre quando de fato existe um tratamento diferente entre o resultado contábil e o
fiscal, ou seja, são registrados na contabilidade, mas não são para efeitos tributários
considerados dedutíveis e/ ou tributáveis.

Exemplo:

Em 31.12.2019 a Cia ABC apresentou no seu balancete os seguintes valores:

Receitas com Vendas R$ 300.000,00


Custos dos Serviços R$ 150.000,00
Despesas Operacionais R$ 80.000,00
Multas Fiscais R$ 20.000,00
Receita com Equivalência Patrimonial R$ 70.000,00

Contábi Tributári
DRE l LALUR o
       
       
       
       
       
       

3.6 - Diferenças Temporárias


É a disparidade entre o valor contábil de ativo ou passivo no balanço e sua base fiscal.

Sendo assim, a diferença entre a regra contábil e a tributação é temporária, devendo


essa diferença ser controlada na parte B do LALUR para que seja excluída e ou
adicionada em um momento futuro.

As diferenças temporárias podem ser tanto:

a-) Diferença Temporária Tributável, a qual resulta em valores tributáveis para


determinar o lucro tributável (prejuízo fiscal) de períodos futuros quando o valor
contábil de ativo ou passivo é recuperado ou liquidado.

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Exemplo:
Uma indústria adquire uma máquina pelo valor de R$ 150.000,00, com vida útil
estimada em 15 anos, porém, de acordo com a legislação do imposto de renda, esta
máquina será depreciada em 10 anos.

Custo de
Aquisição Vida útil Depreciação/ano
Contabilidade      
Societária      

Contabilidade      
Tributária      

Imobilizado Cont. Societária Cont. Tributária  


Máquinas      
       
(-) Deprec.
Acum.      
       
Valor Contábil      
       

b-) Diferença Temporária Dedutível, a qual resulta em valores que são dedutíveis
para determinar o lucro tributável (prejuízo fiscal) de futuros períodos quando o valor
contábil do ativo ou passivo é recuperado ou liquidado.

Exemplos: (Estimativas e provisões não realizadas)


 Estimativa para perdas sobre estoques;
 Estimativa para perdas permanentes em investimentos;
 Provisões: Garantia, Trabalhistas, Fiscais, Danos Ambientais, etc;
 Perdas estimadas para liquidação duvidosa.

3.7 – Ativo Fiscal Diferido


Refere-se ao valor do tributo recuperável em exercícios futuros a qual corresponde as
diferenças temporárias dedutíveis e a compensação futura de prejuízos fiscais e
créditos fiscais não utilizados.

Portanto, as adições temporárias resultarão em um ativo fiscal diferido que poderá ser
dedutível em um momento futuro.

3.8 – Passivo Fiscal Diferido

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Corresponde ao valor do tributo sobre o lucro na qual o pagamento ocorrerá em
períodos futuros relacionados às diferenças temporárias tributáveis.

Logo, as exclusões temporárias geram um passivo diferido que será cobrado em um


momento futuro.

3.9 – Base Fiscal


A base fiscal representa o valor designado ao ativo e passivo para fins de apuração do
imposto.

4. Reconhecimento
A entidade deverá realizar o reconhecimento de um ativo ou passivo diferido pelo
tributo recuperável ou devido.

4.1 – Passivos e ativos fiscais correntes


Os tributos correntes quando referirem ao exercício atual e anteriores, na proporção
em que não for realizado o pagamento, deverá ser reconhecido como passivo.
Caso, o valor que já realizado o pagamento referente a períodos anteriores e ao
período corrente, o excesso deverá ser registrado como ativo.

4.2 – Passivos e ativos fiscais diferidos


O item 15, do CPC nº 32 prevê que o imposto diferido passivo deva ser reconhecido
em relação a todas as diferenças temporárias tributáveis, exceto quando tratar-se do:

a-) reconhecimento inicial do ágio;


b-) ativo ou passivo em uma operação que não seja uma combinação de negócios, e
não há afetação do lucro contábil e nem do lucro tributável (prejuízo fiscal).

Com relação ao Imposto diferido ativo, o CPC nº 32, item 24, exige que seja
reconhecido em todas as diferenças temporárias dedutíveis, em que há a
probabilidade de que a pessoa jurídica terá lucro tributável no futuro, com exceção do
reconhecimento inicial de um ativo ou passivo em operação:

a-) que não seja uma combinação de negócios; e


b-) quando não há afetação do lucro contábil e nem do lucro tributável (prejuízo fiscal).

4.3 - Tributo reconhecido no resultado


Em linhas gerais, o ativo fiscal e o passivo fiscal diferidos surgem quando a despesa
ou receita integra o lucro contábil do período, contudo são inseridas no lucro tributável
e ou prejuízo fiscal em período distinto.

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O reconhecimento dos tributos correntes e diferidos serão registrados como uma
receita e ou despesa sendo adicionado no resultado da pessoa jurídica, exceto
quando a origem do tributo for:

a-) quando for reconhecido fora do resultado e diretamente no Patrimônio Líquido;

b-) Combinação de negócios, com exceção se for aquisição por entidade de


investimento.

5. Contabilização
Com relação a contabilização, convém salientar que o CPC nº 32, em seu item 22,
determina que os impostos sobre o lucro, seja corrente, ou se forem diferidos, devam
ser contabilizados como despesa ou receita, e incluídos na determinação do resultado
do exercício, exceto se tais impostos tenham surgido de uma combinação de
negócios.

Os ativos e passivos de imposto diferidos decorre geralmente quando as receitas e


despesas compõe o lucro contábil de um período e sendo posteriormente inserido no
lucro tributável de exercícios futuros.

No balanço patrimonial, o ativo e o passivo fiscais correntes e o ativo e o passivo


fiscais diferidos devem ser classificados separadamente de outros ativos e passivos. O
ativo e o passivo fiscais correntes devem ser classificados no grupo Circulante,
enquanto que o ativo ou passivo fiscal diferido deve ser classificado destacadamente
no Realizável a Longo Prazo ou no Passivo Não Circulante, e transferido para o
Circulante no momento apropriado, mas sempre identificando tratar-se de item fiscal
diferido.

Exemplos:

I – Uma empresa apresenta as seguintes informações:

Lucro Líquido Antes do IR R$ 45.000,00


ADIÇÕES
Estimativa para perdas liquidação devedores
duvidosos R$ 3.750,00
Estimativa de perdas com estoques R$ 3.960,00
Multas fiscais indedutíveis R$ 3.450,00
Lucro Real R$ 56.160,00
IRPJ (15%) R$ 8.424,00
CSLL (9%) R$ 5.054,40

Tributos Correntes:

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IRPJ

D – Provisão para IRPJ (Resultado)

C – IRPJ a Pagar (PC)

CSLL

D – Provisão para CSLL (Resultado)

C – CSLL a Pagar (PC)

Quais são as despesas que serão dedutíveis no futuro?

   
   
   
   
   
   
   
   
   
   

Logo o registro contábil deve ser registrado da seguinte forma:

IRPJ

D – IRPJ Diferido (ANC)

C - Provisão para IRPJ (Resultado)

CSLL

D – CSLL Diferido (ANC)

C - Provisão para CSLL (Resultado)

Conforme as despesas que foram adicionadas ao Lucro Real se tornarem dedutíveis


será efetuada uma reversão:

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IRPJ

D – Provisão para IRPJ (Resultado)

C – IRPJ Diferido (ANC)

CSLL

D – Provisão para IRPJ (Resultado)

C – IRPJ Diferido (ANC)

II – A empresa KLB possui uma máquina, com valor de aquisição de R$


200.000,00 (valor residual igual a zero).
A vida útil estimada da máquina é de 20 anos.

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Do ponto de vista fiscal, é admitida a depreciação pelo período de 10 anos.
Além disso, a empresa tem receitas diversas no exercício de R$ 400.000,00 e
despesas de R$ 300.000,00.

Custo de
Aquisição Vida útil Depreciação/ano
Contabilidade      
Societária      

Contabilidade      
Tributária      

Imobilizado Cont. Societária Cont. Tributária  


Máquinas      
       
(-) Deprec.
Acum.      
       
Valor Contábil      
       

Apuração Cont. Societária Cont. Tributária


Receitas    
     
(-) Despesas    
     
(-) Depreciação    
     
Lucro    
     
IRPJ (15%)    
     
Diferença    
     

IRPJ

D – Provisão para IRPJ (Resultado)

C – IRPJ a Pagar (PC)

C – IRPJ Diferido (PNC)

Exercícios:

01 - Uma empresa apresenta um lucro antes do IR de R$ 600, sendo que apenas


duas despesas não são dedutíveis: PDD de R$ 100 (diferença temporária) e despesa

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de brindes R$ 50 (diferença permanente). Considerando uma alíquota de 30%,
informe:

a. O montante de IR a pagar.
b. A despesa com IR corrente e a despesa (receita) com IR diferido no período.

02 – Uma Sociedade Empresaria que apura seu tributo sobre o lucro com base no
resultado contábil reconheceu despesa com depreciação de um veículo por R$
20.000,00, no período, o que repercutiu em seu Balanço Patrimonial da seguinte
forma:

A autoridade fiscal dessa jurisdição, todavia, somente autoriza a dedução a título de


depreciação, para fins de apuração de tributos de apenas R$ 10.000,00 nesse
período. O valor poderá ser deduzido em períodos futuros.
Há segurança de existência de débitos fiscais suficientes que permitirão o
aproveitamento futuro desse crédito.
Para esse caso hipotético, deve-se considerar, excepcionalmente, que o Imposto de
Renda, à alíquota de 25%, sem adicional, seja o único tributo incidente sobre o lucro.

Considerando-se apenas as informações apresentadas e de acordo com a NBC TG 32


(R3) – Tributos sobre o Lucro, é correto afirmar que essa diferença irá gerar:

a) um ativo fiscal diferido de R$2.500,00.


b) um passivo fiscal diferido de R$2.500,00.
c) um ativo fiscal diferido de R$45.000,00.
d) um passivo fiscal diferido de R$45.000,00.

03 – Uma Sociedade Empresária extraiu os seguintes saldos entre as contas de


resultado que virão a ser apresentadas em sua Demonstração do Resultado do
período:

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Considerando-se apenas as informações apresentadas e de acordo com a NBC TG 26
(R4) – Apresentação das Demonstrações Contábeis e a NBC TG 32 (R3) – Tributos
sobre o Lucro, a Despesa com Tributos sobre o Lucro é de:

a) R$495.994.170,25.
b) R$710.559.261,91.
c) R$846.555.235,16.
d) R$982.551.208,41.

04 - Uma empresa apresentava o seguinte balanço patrimonial em 31/12/2015:

Caixa 200.000
Capital Social 200.000

No ano de 2016 aconteceram os seguintes eventos:


 Compra de um veículo por R$ 30.000,00 à vista. A empresa espera utilizá-lo
por dez anos, enquanto a vida útil fiscal é de cinco anos;
 Apuração de receita de serviços no valor de R$ 70.000,00 à vista. Os custos
eram de R$ 100.000,00 e foram pagos à vista.

No ano de 2017 aconteceram os seguintes eventos:


 Apuração de receita de serviços à vista no valor de R$ 120.000,00. Os custos
eram de R$ 100.000,00 e foram pagos à vista.

Assinale o saldo do imposto de renda e contribuição social diferidos, apresentado no


balanço patrimonial da empresa em 31/12/2017, considerando a alíquota de imposto
de renda e contribuição social de 34% e que a empresa apresenta perspectiva de
lucros futuros em todos os exercícios.

A) R$ 8.772,00.
B) R$ 9.034,00.
C) R$ 10.812,00.
D) R$ 12.852,00.

05 - Uma Sociedade Empresária adquiriu, em 2.1.2015, um equipamento por


R$20.000,00.

Estima-se que o equipamento será utilizado por quatro anos, e que seu valor residual
é desprezível.

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A depreciação é calculada pelo Método Linear.

Para fins fiscais, nesse caso hipotéticos, a legislação permite a depreciação em dois
anos, utilizando-se o Método Linear.

Em razão da utilização do benefício fiscal, em 31.12.2015, a Sociedade Empresária


apurou um Lucro Antes dos Tributos sobre o lucro de R$100.000,00 e um Lucro
Tributável de R$95.000,00.

Considerando-se as disposições da NBC TG 32 (R2) – TRIBUTOS SOBRE O LUCRO


e uma alíquota hipotética de tributos sobre o lucro de 20%, é CORRETO afirmar que,
no exercício de 2015:

a) a Despesa Tributária Total soma R$19.000,00. Composta de R$20.000,00 de


Despesa Tributária Corrente e R$1.000,00 de Receita Tributária Diferida.
b) a Despesa Tributária Total soma R$20.000,00. Composta de R$19.000,00 de
Despesa Tributária Corrente e R$1.000,00 de Despesa Tributária Diferida.
c) a diferença entre depreciação contábil e fiscal gerou uma diferença temporária
tributável de R$5.000,00, a qual resultou no registro de um Ativo Fiscal Diferido de
igual valor.
d) a diferença entre depreciação contábil e fiscal gerou uma diferença temporária
dedutível de R$5.000,00, a qual resultou no registro de um Passivo Fiscal Diferido de
igual valor.

Referências:

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. 32 – Tributos sobre Lucro.

IOB, Manual de Procedimentos – Temática Contábil e Balanços – Fascículo


nº 11/2019.

Equipe Técnica Econet Editora, Boletim Imposto de Renda, nº 05 – 1ª Quinzena.


Publicado em: 02/03/2020.

Exames de Suficiência CFC.

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