Apostila 1 Parte PDF
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• Conceitos básicos
• Órbita dos satélites
• Ligações por satélite
• Acesso a satélites
• Segmento do satélite
• Segmento terrestre
• Séries de satélites
Neste capítulo faz-se o estudo de sistemas de comunicação por satélite, a maioria dos quais,
operando em frequências de microondas, assumem a configuração de um feixe hertziano com
um único repetidor a bordo de um satélite.
Aplicações Utilização
Telecomunicações
L 1,6 GHz
Móvel Atribuições diversas
S 2,5 GHz
As bandas de frequências utilizadas em sistemas de comunicação por satélite caem nas bandas
de UHF (Ultra High Frequency: 300 MHz - 3 GHz) e SHF (Super High Frequency: 3 GHz - 30
GHz), tendo designações específicas algo confusas herdadas quer das bandas dos sistemas de
radar, quer das bandas dos sistemas de recepção de TV por satélite.
Banda L 1 - 2 GHz
Banda S 2 - 4 GHz
Banda C 4 - 8 GHz
Banda X 8 - 12 GHz
Banda Ku 12 - 18 GHz
Banda K 18 - 27 GHz
Banda Ka 27 - 40 GHz
Bandas de sistemas de
recepção de TV por satélite
O historial das comunicações por satélite é já longo, podendo destacar-se alguns saltos
qualitativos que conduziram aos sistemas mais modernos actualmente em operação.
lançados 1 4 8 14 15
Nº satélites
operacionais 0 0 0 0 3
O exemplo da série de satélites operados pela Intelsat é revelador dos enormes avanços nesta
área, que resultaram numa enorme capacidade das gerações mais recentes, com variadas
aplicações em termos de serviços.
lançados 5 9 6 6
Nº satélites
operacionais 5 7 6 6
– regulamentação
organismos internacionais UIT-R (Sector de Radiocomunicações)
organismos nacionais Portugal - Anacom
O modelo de exploração dos sistemas de comunicação por satélite assume duas formas:
− os serviços de satélite são disponibilizados aos utilizadores finais directamente pelos operadores dos
próprios satélites, nomeadamente nos casos de redes privativas, difusão directa de TV por satélite e
comunicações móveis;
− os serviços de satélite são disponibilizados a operadores genéricos de serviços de telecomunicações, os
quais alugam capacidade em satélites aos operadores dos satélites - é o caso da utilização de satélites no
transporte da rede fixa ou em aplicações de difusão de televisão, a montante da rede terrestre de
distribuição (recolha de notícias, intercâmbio de programas, etc.).
A área das comunicações por satélite envolve um conjunto muito vasto de vertentes
tecnológicas de natureza muito diferente.
Além disso, e ao contrário dos feixes hertzianos terrestres, a maioria dos sistemas por satélite
suporta a possibilidade de vários utilizadores partilharem os mesmos recursos de satélite - o
chamado acesso múltiplo, cujas técnicas serão igualmente abordadas neste capítulo.
rS - raio da órbita
MEO (Medium Earth Orbit): órbita circular de altitude média
T - período da órbita
– altitude típica: 10 400 km há outras órbitas
GM = 3,9861352 × 1014 m3/s
– período de revolução 6 horas utilizadas
HEO
órbita Molniya
período 12 h
período 23h:56m:4,09s
altitude velocidade 3 075 m/s
35 768 km N
LEO
órbita polar
inclinação
0º
altitude no perigeu
1 000 km equador
GEO
S
Uma visualização dinâmica destas órbitas pode ser obtida através de programas de
computador, como por exemplo Nova e Logsat.
HEO
LEO
GEO
Em virtude das altitudes que os satélites atingem nas diversas órbitas, assim teremos coberturas
variáveis: entre relativamente reduzidas para a órbita LEO, até cerca de meio globo para a
órbita GEO e igualmente para a órbita HEO, quando o satélite se encontra no apogeu.
tempo de passagem
8 horas
tempo de passagem
8 horas
A trajectória terrestre de um satélite define-se pelo lugar geométrico dos pontos sub-satélite, ao
longo do tempo.
No caso da órbita Molniya, a trajectória permanece cerca de 8 horas numa área relativamente
reduzida na maior parte do período de 12 horas da órbita. Contudo, a mesma área do globo só
tem a referida cobertura de 8 horas em cada 24 horas.
Numa estação terrestre, a elevação e o azimute são os parâmetros necessários para definir a
pontaria das respectivas antenas de emissão ou recepção.
Ponto sub-satélite
– intersecção da recta centro da Terra-satélite com a superfície da Terra
– define a posição angular do satélite em relação à Terra
A operação inversa que permite determinar os elementos orbitais a partir de duas ou três
medidas de parâmetros de visibilidade é normalmente efectuada pelas organizações que
efectuam o seguimento de satélites, exigindo equipamentos mais ou menos sofisticados para
medir os parâmetros de visibilidade com a precisão necessária.
instante t0: ( i0 , Ω 0 , ω 0 , a0 , e0 , t p 0 )
através de medidas
calculadas teoricamente
– elementos orbitais calculados com correcções de 1ª ordem
ou medidas empiricamente
instante t1: i0 +
di
(t1 − t0 ), Ω 0 + dΩ (t1 − t0 ),
dt dt
– elementos orbitais calculados com inclusão das forças perturbadoras mais importantes
previsão com 15 dias de avanço requer a consideração de cerca de 20 forças!
Na maioria das aplicações, nomeadamente na área das comunicações por satélite, os elementos
orbitais, regularmente actualizados, permitem determinar a órbita de um satélite no presente e
no futuro próximo.
Contudo, em aplicações que exijam grande precisão, poderá recorrer-se a cálculos em que os
elementos orbitais são extrapolados para o futuro com correcções de 1ª ordem.
Em casos ainda mais excepcionais, haverá que efectuar um cálculo teórico muito complexo,
envolvendo múltiplos efeitos sobre a órbita.
órbita real
As manobras de correcção da órbita só podem ser executadas por motores que expelem gás
numa direcção, de modo a criar um impulso no satélite de sentido contrário (princípio da
conservação da quantidade de movimento).
75º E
deslocamento
85 m
do satélite
(dimensões da figura
165º E Terra 15 º W muito fora de escala)
deslocamento
plano do equador do satélite
105 º W
Deslocamentos de satélites geoestacionário por efeito do achatamento equatorial da Terra
Os pontos a 75ºE e 105ºW são pontos de menor energia potencial, pelo que constituem pontos
de "atracção" dos satélites da órbita geoestacionários. A necessidade de efectuar correcções
permanentes ao longo da vida útil dos satélites conduz, a prazo, ao esgotamento do
combustível, e, consequentemente, à incapacidade de controlar a órbita.
Além disso, a variação da distância implica ainda uma variação no atraso de propagação que
conduz a que, em comunicações digitais, o número de bits "armazenados" no percurso varie ao
longo do tempo. Para restabelecer um débito constante na recepção, será então necessário
utilizar memórias tampão que compensarão as variações ocorridas no trajecto (mais bits
armazenados na memória, quando o satélite se aproxima e vice-versa).
Um dos maiores problemas dos eclipses é o efeito do choque térmico resultante do período em
que o satélite está na sombra da Terra, durante o qual a temperatura desce imenso (na Terra, o
abaixamento nocturno de temperatura é fortemente atenuado pelo efeito moderador da própria
Terra e da atmosfera). Grande parte das falhas dos equipamentos electrónicos ocorre nestes
períodos.
50 50
40 40
30 30
20 20
10 10
0 0
1 11 21 31 10 3 13 23 3 13
Março Abril Setembro Outubro
Estes gráficos permitem determinar facilmente a duração do eclipse total. Fora destes
intervalos, haverá ainda períodos em que o satélite permanece na zona de penumbra.
Azen ( f , he )
Ag = = − Lg (dB) α > 5º
sen (α )
estação
α
terrestre
A expressão acima permite calcular a atenuação num trajecto inclinado, presumindo uma terra
plana e uma atmosfera com absorção variável apenas com a altitude.
No entanto, para baixas elevações, a curvatura da Terra conduz a desvios da expressão, por
excesso.
10
0,1
5 10 20 50 100
Frequência (GHz)
Absorção pelos gases atmosféricos no zénite, desde o nível do mar (he=0)
A figura mostra os valores da absorção para um feixe apontado para o zénite, sendo evidentes
os picos correspondentes às frequências de ressonância da água (22 GHz) e do oxigénio (60
GHz).
nuvem de gelo
isotérmica de 0ºC camada de fusão
h0 − he ds
célula de chuva
α
dhor
Mais uma vez, a análise do ruído térmico efectuada para os feixes hertzianos terrestres é
aplicável, com algumas adaptações. A principal diferença ocorre na ligação satélite-terra, em
que o ruído do céu pode ser muito baixo.
Em sistemas por satélite que usam acesso múltiplo por divisão nas frequências (FDMA), a
intermodulação entre canais terá de ser especialmente considerada.
Note-se que, no caso de existir uma única portadora por canal, como acontece tipicamente nos
feixes hertzianos terrestres, ocorrem igualmente produtos de intermodulação entre as várias
componentes espectrais do sinal. Contudo, como há um único sinal no canal, é possível utilizar
igualizadores para reduzir este tipo de ruído.
250
Temperatura de ruído do céu (K)
θ = 0º
200
θ = 5º Valores à superfície
15°C
150
Temperatura de ruído do Céu (NASA, p. 360) 1 atmosfera
7,5g/cm3 H2O
100
θ = 10º
50
θ = 90º
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Frequência (GHz)
Temperatura de ruído do céu em tempo limpo em função da elevação θ
Esta figura reflecte o aumento da temperatura de ruído de céu resultante da absorção nos gases
atmosféricos. Como a temperatura de ruído cósmico de fundo Tcosm é muito baixa (cerca de
3 K), a temperatura de ruído do céu Tcéu pode ser calculada usando a expressão
28 0
duas portadoras
Relação portadora-interferência (dB)
24 -2
grande número
16 de portadoras -6
uniformemente
12
distribuídas -8
8 -10
4 -12
0 -14
-10 -9 -8 -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 0 -18 -16 -14 -12 -10 -8 -6 -4 -2 0
Por outro lado, no gráfico da direita pode verificar-se que resulta uma margem de saturação à
saída (output backoff) de cerca de 3 dB - logo, a potência à saída está 3 dB abaixo da potência
máxima de saturação.
G T = (Gr + Lr ) − 10 log10 TS
figura de mérito da estação receptora
(dB K -1 )
(independente do ponto de referência!)
(C N ) = (C N )a + (C I )a + (C N )im + (C N )d + (C I )d
−1 −1 −1 −1 −1 −1
interferências na ligação
ascendente ruído na ligação
(C/I)a ascendente
(C/N)d
A equação acima presume ruído aditivo, sendo por isso aplicável apenas no caso de não haver
regeneração a bordo do satélite. Se este for o caso, teremos de calcular separadamente a
relação C/N na ligação ascendente e na ligação descendente.
LIGAÇÃO COMPLETA
Característica Dados Cálculos Intermédios Cálculo Final
Relação portador-ruído ascendente 29,9 dB 29,9 dB
Relação portador-ruído descendente 22,9 dB 22,9 dB
Relação portador-ruído total (2) 22,1 dB
Notas:
(1) As antenas terrestres têm cerca de 24 m de diâmetro e larguras de feixe de 0,2º a 4 GHz e 0,15º a 6 GHz
(2) Assume-se que o repetidor do satélite é não regenerativo e que o ruído térmico é dominante
2 2
10 log 10 (4πd ) (-) 162,6 dB m
Perdas por absorção -0,5 dB -0,5 dB
2
Densidade de fluxo na Terra -105,3 dBW/m
-1 -1
Constante de Boltzmann -228,6 dB W Hz K
Temperatura de ruído de sistema (4) 120 K 20,8 dB K 20,8 dB K
Largura de banda do canal (FI) 36 MHz 75,6 dB Hz
Potência de ruído (-) -132,2 dB W
Notas:
(1) A potência de 120 W, sendo elevada, aumenta o custo e complexidade do satélite, mas permite que
milhões de utilizadores utilizem pequenos sistemas de recepção, de baixo custo
(2) A antena do satélite tem uma largura do feixe de 3ºx 2º, correspondente a uma cobertura de 2000x 1400 km
(3) A antena de recepção de 0,7 m tem 2,5º de largura de feixe; para apontá-la com um erro de 1 dB é
necessário uma precisão de 0,7º
(4) Uma temperatura de ruído de sistema de 120 K é compatível com a tecnologia actual de LNBs de baixo
ruído e custo reduzido
Notas:
(1) A antena do barco tem cerca de 2 m e 8º de largura de feixe
(2) Considera-se o valor do ganho no limite de cobertura do satélite
Televisão ∆f ef
(S N ) p = C N + 20 log10
3BFI a = 2,0 dB
+ 10 log10 +a+ p (dB) p = 7,4 dB
SCPC f max f max
SCPC - Single Channel per Carrier
Da mesma forma, é habitual considerar uma ponderação, que se traduz numa melhoria
subjectiva da relação sinal ruído (parâmetro p das equações).
É sabido que os sinais de baixo nível são os mais afectados pelo ruído. Ora, a vantagem desta
técnica decorre precisamente do facto de, nesta situação, os sinais sofrerem uma atenuação à
saída do desmodulador, e, consequentemente, o ruído ser atenuado do mesmo valor. Resulta,
assim, uma melhoria associada à ausência de ruído percebido, por exemplo, durante silêncios
da conversação. Considera-se um aumento equivalente da relação sinal-ruído, de um valor
típico de 16 dB.
Em relação aos feixes hertzianos digitais terrestres, os sistemas por satélite apresentam as
seguintes particularidades ao nível dos moduladores:
− modulações com poucos estados, mais eficientes em potência;
− utilização mais frequente de códigos de correcção de erros de tipo FEC;
− adopção de métodos de encriptagem de dados, devido à maior possibilidade de intrusão de estranhos na
recepção dos sinais.
dados não
telefonia
interligação de redes
restritos
digital
ADPCM 32 kbit/s
tráfego Internet e Intranets
vocoders 16 / 4,8 / 2,4 kbit/s
tráfego transaccional
(codificadores de fonte para voz)
videotelefonia
tele-serviços
DPCM 34 Mbit/s
tipo RDIS
televisão
teleconferência MPEG-2
telemedicina distribuição 4 - 5 Mbit/s
educação à distância contribuição 7 - 8 Mbit/s
controlo remoto HDTV 20 - 24 Mbit/s