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Caderno de Orientaã Ã Es Metodolã Gicas - Ensino Fundamental - Ensino Religioso PDF

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1

ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS
FASCÍCULO I

ELABORADORES
Constantino José Bezerra de Melo
Rosalia Soares de Sousa
Wellcherline Miranda Lima

COLABORADORES
Maria da Conceição Barros Costa Lima
Marize Messias Barbosa Ribeiro

2019

2
APRESENTAÇÃO

Prezado (a) Professor (a),

A partir da construção e publicação do Currículo de Pernambuco para o Ensino


Fundamental, a Secretaria de Educação e Esportes do Estado, em parceria com a
Undime, apresenta os Cadernos de Orientações Metodológicas como material
de apoio. Estes cadernos foram elaborados com o objetivo de proporcionar
sugestões didático-metodológicas que contribuam com a prática docente. Eles se
constituem em documentos complementares que abordam objetos de
conhecimento, unidades temáticas e temais contemporâneos, entre outros
aspectos, contemplando todos os componentes curriculares, com ênfase na
conexão entre a teoria e a prática, promovendo a articulação ora entre as
competências gerais e específicas, ora entre estas e as habilidades a serem
desenvolvidas a cada ano escolar. Ressaltamos que este é o primeiro fascículo de
uma série de outros cadernos que serão publicados posteriormente.

As atividades propostas no Caderno de Orientações Metodológicas poderão


servir de inspiração para a elaboração e o desenvolvimento de outras atividades
que busquem promover o engajamento dos estudantes no processo de ação e
reflexão, favorecendo a construção e sistematização dos conhecimentos.

Esperamos que este material contribua para enriquecer a sua prática de sala
de aula, auxiliando você, professor, no planejamento das atividades e fortalecendo
o processo de ensino-aprendizagem.

Ana Coelho Vieira Selva Sônia Regina Diógenes Tenório


Coordenadora Estadual - SEE Coordenadora Estadual UNDIME/PE

3
INTRODUÇÃO

Este Caderno de Orientações Metodológicas de Ensino Religioso (teoria e


prática) é pioneiro para as escolas da rede estadual de Pernambuco. O documento
apresenta sugestões de atividades que estão em consonância com a proposta do
novo Currículo de Pernambuco e poderão ser trabalhadas pelo professor com os
estudantes. Essas atividades de sala de aula foram planejadas e estruturadas a
partir das Cinco Unidades Temáticas, a saber:

1. Identidades e alteridades;
2. Manifestações religiosas;
3. Crenças religiosas e filosofias de vida;
4. Filosofia e religião;
5. Meio ambiente e religião.

A organização deste Caderno de Orientação Metodológica contém as


Unidades Temáticas, os Objetos de Conhecimento, os Conteúdos, as Habilidades,
as Competências Gerais da Base Nacional Comum Curricular de Ensino Religioso
a ela relacionadas e o(s) ano(s) em que podem ser trabalhadas. Foram
selecionados temas relevantes para o Ensino Religioso e, a partir daí, foram
elaboradas as atividades de ensino. Essas atividades estão referendadas pelas
Competências Gerais da Base Nacional Comum Curricular de Ensino Religioso.
O cuidado com a progressão é destaque neste caderno, mas atividades de
ensino de mesma natureza e grau de complexidade poderão e deverão ser
utilizadas nos vários anos das duas etapas do ensino fundamental. É recomendável
essa retomada se o professor perceber que o estudante não atingiu o nível de
maturidade cognitiva necessário à complexificação da habilidade envolvida nas
atividades.
Para tanto, tais atividades foram organizadas em um único fascículo por
entender que o professor pode contribuir a partir das suas experiências docentes
na elaboração de novas atividades. Nessa perspectiva, selecionamos atividades
que também envolvem questões relativas aos temas contemporâneos, tais como:

4
direitos da criança e do adolescente (Lei nº 8.069/199016), educação ambiental
(Lei nº 9.795/1999, Parecer CNE/CP nº 14/2012 e Resolução CNE/CP nº
2/201218), processo de envelhecimento, respeito e valorização do idoso (Lei nº
10.741/200320), educação em direitos humanos (Decreto nº 7.037/2009, Parecer
CNE/CP nº 8/2012 e Resolução CNE/CP nº 1/201221), educação das relações
étnico-raciais e ensino de história e cultura afro-brasileira, africana e indígena (Leis
nº 10.639/2003 e 11.645/2008, CNE/CP nº 3/2004 e Resolução CNE/CP nº 1/2004),
dentre outros temas sem, contudo, comprometer a autonomia e competência das
escolas em incorporar as suas atividades pedagógicas propostas que abordam
esses temas e que afetam a vida da comunidade.
Ao final da atividade, relacionaremos uma bibliografia recomendada para o
professor e a referência conceitual utilizada. E, ao final do Caderno, apresentamos
sugestões de filmes, de vídeos e de sites que o professor poderá acessar para
buscar novas propostas de ensino.
Nessa perspectiva, este Caderno de Orientações Metodológicas de Ensino
Religioso foi pensado e elaborado de maneira a oferecer aos professores algumas
sugestões de atividades para a sala de aula, considerando a disciplinaridade, a
interdisciplinaridade, a transdisciplinaridade e a interculturalidade. No entanto, é
importante ressaltar que as possibilidades metodológicas não se encerram nele,
sendo as intervenções do professor e as atividades escolhidas ou elaboradas por
ele indispensáveis ao processo de ensino-aprendizagem.

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1 - IDENTIDADES E ALTERIDADES

A identidade é um processo de construção que ocorre quando o sujeito


interioriza os aspectos socioculturais da família e da sociedade. As instituições, no
caso as de cunho religioso, também podem construir identidades quando os
sujeitos interiorizam tais aspectos, construindo o seu significado com apoio nessa
interiorização (BERGER, 1985).
Além da identidade individual, existe a identidade coletiva que se apresenta
como resultado de uma construção social da identidade diante das relações entre
estados e origens. Segundo Cardoso de Oliveira (2006, p. 104), a identidade tem
os elementos operantes que estruturam o sujeito; são eles: a terra ou território,
como local de origem e convivência com outros; processo histórico, referente à
biografia do sujeito ou o surgimento da instituição religiosa; o sangue: o fator
genético que mostra a ancestralidade; a língua: que identifica os sujeitos e tem o
valor simbólico; e o caráter: como “resultado da acumulação histórica” do sujeito.
A identidade é o reconhecimento que tem o efeito legitimador quando é introduzida
por uma instituição, no caso religioso, visando à sua amplitude para os demais
sujeitos e também à racionalização da sua influência.
A alteridade é reconhecer a existência do outro, correlacioná-la à nossa
responsabilidade moral sobre este e assim superar as próprias fronteiras ao
reconhecer a existência de outros entes dotados de uma identidade que deve ser
considerada. Desse modo, abre-se a possibilidade de conhecer e valorizar diversas
culturas (LÉVINAS, 2010). Na alteridade, não existem referências notáveis ao tema
das relações humanas que evidenciem a identidade como algo imóvel, há sim o
oferecimento de muitas ideias reflexivas para repensar os procedimentos
intersubjetivos na atual sociedade.
Logo, espera-se que o “eu” esteja voltado ao reconhecimento e ao respeito
ao “outro”, à sua diversidade ou à alteridade e à promoção de uma ideia de
interculturalidade. Essa ideia é resultado da colaboração entre os vários
conhecimentos que atuam juntos para o bem comum. Refere-se a pôr em prática
atividades voltadas para a superação das contraposições e dos pensamentos

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inviabilizadores da promoção do acolhimento da singularidade, do que é indivisível
do outro e do que produz um valor não negociável nas relações humanas.

Objeto de conhecimento: O eu, o outro e o nós

Conteúdos: O ser humano e o relacionamento com o outro;


O eu e o outro semelhanças e diferenças;
O eu e o outro somos nós nos relacionamentos;
O ser humano e o relacionamento com o outro;
Os nomes nos identificam e nos diferenciam

Habilidades:
(EF01ER01PE) Identificar e acolher as semelhanças e diferenças entre o eu, o
outro e o nós.
(EF01ER02PE) Reconhecer que o seu nome e o das demais pessoas os
identificam e os diferenciam.

Competência do Ensino Religioso:


Reconhecer e cuidar de si, do outro, da coletividade e da natureza, enquanto
expressão de valor da vida.
Conviver com a diversidade de crenças, pensamentos, convicções, modos de ser
e viver.

7
ATIVIDADE 1

Caixa com Espelho

Para a execução dessa atividade, será necessário um espelho pequeno


escondido dentro de uma caixa, de maneira que, ao ser aberta, permita ao
estudante enxergar o seu respectivo reflexo. O professor deverá motivar os
estudantes, por exemplo:

 “Cada um pense em alguém que lhe seja muito especial”.


 “Uma pessoa muito especial para você, a quem gostaria de dedicar a maior
atenção em todos os momentos”
 “...Alguém que você ama de verdade...”
 “Que merece todo carinho...”
 “Essa pessoa é muito importante...”

O ambiente deverá ser preparado para que ajude a promover momentos


individuais de reflexão, inclusive com o auxílio de uma música de meditação. Logo
após esses momentos de reflexão, o professor deverá continuar:
"Agora vocês vão se aproximar e encontrar-se, aqui, de frente com esta
pessoa que é especial na sua vida".
Em seguida, o professor avisa aos estudantes que se direcionem ao local
onde está a caixa, um por vez. Os estudantes deverão olhar o conteúdo na caixa,
voltar silenciosamente para seu lugar e continuar a reflexão sem se comunicar com
os demais. Por fim, abre-se o momento do debate para que os estudantes
compartilhem seus sentimentos, suas reflexões e conclusões sobre essa pessoa
tão especial. É importante socializar os objetivos da dinâmica.

Sugestão de avaliação: Pode-se pedir que os


estudantes realizem um registro, através de um
desenho, de como se sentiram ao ver sua imagem
na caixa.

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ATIVIDADE 2

Música: É tão lindo – Balão Mágico


Se tem bigodes de foca É tão lindo!
Nariz de tamanduá - Parece meio É tão bom se gostar
estranho, heim!-Rum! E eu adoro!
Também um bico de pato É claro!
E um jeitão de sabiá... Bom mesmo é a gente encontrar
Mas se é amigo Um bom amigo...
Não precisa mudar São os sonhos verdadeiros
É tão lindo Quando existe amor
Deixa assim como está Somos grandes companheiros
E eu adoro, adoro Os três mosqueteiros
Difícil é a gente explicar Como eu vi no filme...
Que é tão lindo... É tão lindo!
Se tem bigodes de foca Não precisa mudar
Nariz de tamanduá - E orelhas de É tão lindo!
camelo, né tio?-É! Deixa assim como está
Mas se é amigo de fato E eu adoro e agora
A gente deixa como ele está... Eu quero poder lhe falar
É tão lindo! Dessa amizade…
Não precisa mudar
Para a execução da atividade, todos deverão ouvir a música e disponibilizar
um cartaz com a letra dela para todos acompanharem. Após a música, a professora
deverá entregar um papel A4 para cada estudante e conceder as coordenadas para
realizar um “desenho de ouvido” semelhante à descrição do personagem da
música. A professora poderá dar as coordenadas. Por exemplo: desenhe a cabeça
em forma de ovo; os olhos parecem duas tampas de garrafa; o nariz tem o formato
de cenoura; o término do desenho deve ocorrer pelas mãos, pés e cabeça.

Sugestão de avaliação: Pode-se promover uma


roda de conversa com os estudantes sobre cada
desenho que fizeram e lhes perguntar o motivo de
o mesmo personagem da música sair diferente em
cada desenho.

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ATIVIDADE 3

Construção da identidade

O professor, ao começar a atividade, deverá formar uma grande roda de


conversa para que cada estudante fale o seu nome, a história deste, informe o
significado e o motivo pelo qual a família escolheu nomeá-lo assim. Em seguida,
levar os estudantes ao estúdio fotográfico para tirar foto, a qual servirá para a
confecção de um boneco com o nome deles.

Sugestão de avaliação: Pode ser realizada no


decorrer da atividade, quando os estudantes terão
a oportunidade de participar de situações de
pesquisa sobre o tema trabalhado, compartilhando
todo o material produzido na sala de aula.

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REFERÊNCIAS

BERGER, Peter L. O dossel sagrado: elementos para uma teoria sociológica da


religião. São Paulo: Paulus, 1985.
CARDOSO DE OLIVEIRA, Roberto. Caminhos da identidade: ensaios sobre
etnicidade e multiculturalismo. São Paulo: Unesp, 2006.
LÉVINAS, Emmanuel. Ensaios sobre a alteridade. Petrópolis: Vozes, 2010.

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2 – MANIFESTAÇÕES RELIGIOSAS

Em todas as religiões, vamos encontrar diversas formas de manifestação


religiosa. O Brasil é um país formado pela influência de vários povos, e cada um
expressa seu modo de viver. As religiões fazem parte do mosaico cultural brasileiro,
caracterizado pela formação pluriétnica e, como tal, marcado por suas
particularidades em cada recanto do território nacional.
Em 1981, Organização das Nações Unidas proclamou a “Declaração sobre a
Eliminação de todas as Formas de Intolerância e Discriminação fundadas na
Religião ou Convicções” com o objetivo de contribuir para a superação dos
inúmeros conflitos religiosos existentes no mundo. O documento defende que:

Toda pessoa tem o direito à liberdade de pensamento, de


consciência e de religião. Este direito inclui a liberdade de ter uma
religião ou qualquer convicção à sua escolha, assim como a
liberdade de manifestar sua religião ou suas convicções, individual
ou coletivamente, tanto em público quanto em privado, mediante o
culto, a observância, a prática e o ensino (apud BRASIL, 2013, p.
21).

Assim, o trabalho pedagógico com a temática Manifestações Religiosas deve


contribuir para superação de qualquer forma preconceituosa de análise das
manifestações religiosas do povo brasileiro. Cada religião deve ser respeitada no
tocante à liberdade de crença e de manifestação nos cultos religiosos, sendo
assegurada a inviolabilidade dos templos, das indumentárias, dos instrumentos,
das músicas e de todos os artefatos e símbolos religiosos atrelados a cada religião.
O pesquisador Sérgio Junqueira (2013) defende que as Ciências da Religião
é a área que constitui os fundamentos para o Ensino Religioso. Como parte da
Base Nacional Comum, o componente curricular analisa os conhecimentos, os
saberes e os valores produzidos na cultura e na sociedade, favorecendo a
compreensão “[...] da relação com os valores sociais, os laços de solidariedade, a
superação do preconceito em todas as suas formas ao refletir sobre o éthos,
especialmente a questão da alteridade” (JUNQUEIRA, 2013, p. 613).
A defesa da liberdade constitucional de escolher ou não uma crença e o
respeito à dos outros são fundamentos defendidos pelo diálogo inter-religioso que

12
permeia a proposta do Currículo Escolar de Ensino Religioso de Pernambuco.
Ensinar exige, além do método e da pesquisa, da criticidade e da estética e ética,
o exemplo do educador no tocante ao respeito aos estudantes e sua identidade
cultural (FREIRE, 2007).

Objetos de conhecimento: Práticas celebrativas; Lideranças religiosas; Místicas


e espiritualidades.

Conteúdo: Mística; espiritualidade; a diversidade das práticas celebrativas; a


tolerância religiosa e o diálogo inter-religioso.

Habilidades:
(EF03ER04PE) Caracterizar as práticas celebrativas como parte integrante do
conjunto das manifestações religiosas de diferentes culturas e sociedades.

(EF07ER05PE) Discutir estratégias que promovam a convivência ética e respeitosa


entre as religiões.

(EF07ER05APE) Promover o reconhecimento e o diálogo inter-religioso da


diversidade cultural-religiosa como patrimônio da humanidade.

(EF07ER01PE) Reconhecer e respeitar as práticas de comunicação com as


divindades em distintas manifestações e tradições religiosas, valorizando a
tolerância, o diálogo inter-religioso e o respeito para com as outras religiões.

Competência do Ensino Religioso: Conhecer os aspectos estruturantes das


diferentes tradições/movimentos religiosos e filosofias de vida, a partir de
pressupostos científicos, filosóficos, estéticos e éticos.

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ATIVIDADE 1

O Caleidoscópio das Religiões Afro-Brasileiras: os sistemas


simbólico-religiosos dos povos de Terreiro.

Apresentar, por meio do texto de apoio, as diversas religiões


afro-brasileiras, sensibilizando os estudantes para a compreensão e o respeito a
toda forma de manifestação religiosa.

Texto de apoio
As religiões afro-brasileiras têm suas matrizes fundantes nas culturas
indígena, europeia e africana, que juntas formaram e continuam a produzir uma
variedade de possibilidades religiosas, fenômeno ímpar na cultura e religião
brasileira. Os africanos escravizados, trazidos para o Brasil a partir do século XVI,
deram grandes contribuições no processo de formação dessas tradições religiosas
(BASTIDE, 1985; PRANDI, 2001).
Segundo Waldemar Valente (1976), o sincretismo intertribal foi iniciado na
África, gestado durante a viagem nos navios negreiros e concretizado em terras
brasileiras. O comércio escravagista traficou para o Brasil aproximadamente quatro
milhões de negros, provindos da Guiné (séc. XVI), de Angola-Congo (séc. XVII), da
Costa da Mina (séc. XVIII) e de Benin (séc. XIX) (LODY, 1987, p. 8).
Desembarcaram, nos portos brasileiros, diversas etnias como os negros
falantes de quimbundo e os ambundos de Angola, que se juntaram aos diversos
grupos étnicos como os andongos, dembos, hungos, quissamas, songos, libolos e
bângalas (SILVA, 2012). Dos portos de Angola, Congo e Moçambique, chegaram
os congos, sossos, iacas, vilis, huambos, lubas, galangues, bailundos, luenas,
macuas e tongas. No Maranhão, atracaram os mandingas, banhuns, pepeis,
felupes, balantas, nalus e bijagós. De Benim, chegavam os fons, yorubás, mahis,
ibos, ijós, efiques, hauçás, nupes, baribas e bornus (SILVA, 2012).
A maioria das religiões africanas que chegaram ao Brasil tinham em comum
a crença em um ser supremo, Olodumaré dos yorubás, Mavu e Lissa dos jejes e
Zambi dos bantos (SILVA, 2005). Na formação das religiões afro-brasileiras,
predominou o culto às seguintes divindades: para os yorubás (nagôs), os orixás1;

1
Para Magnani (1986, p. 60), orixás são divindades do panteão nagô, representam forças da natureza.

14
para os daomeanos (jejes), os voduns2; para os bantos (congoleses e angoleses),
os inquices3; para os fanti-achanti (minas), os obossoms4.
No processo de diálogo intercultural e inter-religioso entre indígenas,
europeus e africanos, surgiram as religiões afro-brasileiras. Segundo o antropólogo
Néstor García Canclini (2000), as culturas híbridas são formadas por cruzamentos,
rupturas e justaposições na fronteira e nos encontros entre as culturas.

Caleidoscópio das Religiões Afro-brasileiras

Candomblé

Macumba Catimbó
Religiões
Afro-brasileiras

Jurema Umbanda

O Catimbó

O Catimbó foi uma religião que predominou na década de 1920 nos estados
da Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte. Roger Bastide (2001), em seus
estudos pelo Nordeste, constatou a junção do Catimbó e da Jurema, os cachimbos
dos catimbozeiros eram elaborados com a raiz da jurema.
O antropólogo afirmou que o Catimbó correspondia à antiga festa da jurema
e que se transformou “[...] em contato com o Catolicismo, mas que, assim
transformada, continuou a se manter nas populações mais ou menos caboclas, nas
camadas inferiores da população do Nordeste” (BASTIDE, 2001, p. 148).

2
Vodum é uma categoria de divindade (LODY, 1987, p. 81).
3
Inquice é uma divindade, categoria de ser divino dos candomblés das nações angola e angola-congo (LODY,
1987, p.80).
4
Segundo Valente (1976, p. 41) a expressão obossoms deriva da palavra “bosum”, que significa divindade ou
santo, mas também pode ser empregada com o sentido de feitiço ou encantamento.

15
A Jurema Sagrada

Em Pernambuco, Maria do Brandão e Felipe Rios (2001) se debruçaram sobre


esta tradição ameríndia nomeada de “Catimbó-Jurema do Recife”, descrevendo os
principais elementos da prática religiosa. Os antropólogos classificaram a religião
como um “complexo mágico-religioso da jurema”, caracterizada pela ingestão da
bebida jurema, como também pelo uso ritual do tabaco e pelo transe de médiuns
com “seres encantados” que habitam a “cidade da jurema”. Na religião da Jurema,
encontramos duas categorias de seres espirituais, os caboclos de origem indígena
e os mestres, descendentes de escravos ou mestiços.

A Umbanda

A expressão Umbanda vem da língua quimbundo de Angola e significa “arte


de curar” (CINTRA, 1985). Ela surge com a consolidação da sociedade urbano-
industrial no Brasil e se presenta no cenário religioso por volta das décadas de 1920
e 1930, quando espíritas do Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul,
insatisfeitos com a sua religião, decidem criar uma nova religião, influenciados pela
mistura de tradições católicas, ameríndias e afro-brasileiras (MELO, 2015).
O antropólogo Vagner Silva (2005) menciona o Centro Espírita Nossa
Senhora da Piedade como um dos primeiros terreiros de Umbanda conhecidos do
Rio de Janeiro. Esse espaço foi fundado em Niterói, em meados da década de
1920, por um grupo de espíritas liderados por Zélio de Moraes.
Não existe uma Umbanda, porém muitas Umbandas, com uma grande
diversidade de crenças e rituais. Segundo o antropólogo Roberto Mota (2006), o
conceito de Umbanda Branca refere-se a uma tradição religiosa altamente
“kardecizada” no sistema de crenças e fortemente desritualizada em comparação
com as religiões do Catimbó e do Xangô, tendo suprimido o sacrifício de animais.
O antropólogo classifica a Umbanda Branca como uma religião “supra-sacrificial”.
A Quimbanda foi um espaço simbólico criado dentro da Umbanda, para esta
se afirmar como religião do bem. Empurrou-se para dentro deste território religioso
tudo o que representasse os fundamentos ancestrais primevos dos povos
africanos. Exu foi exilado neste espaço sagrado, “[...] exu foi também feito mulher,
deu-se origem à Pombagira, o lado sexualizado do pecado” (PRANDI, 2005, p. 81).

16
A Macumba

A Macumba foi uma religião que se desenvolveu no início do século XX, no


Rio de Janeiro e em São Paulo. Surgiu como resultado de múltiplas combinações
religiosas afro-brasileiras, gêge-nagô-musulmi-bantu-caboclo-espirita-catholico”
(sic) (RAMOS, 1988, p. 127). Por não apresentar uma estrutura mitológica e
doutrinária única, metamorfoseava-se constantemente, sem mitos e ritos
permanentes, transformou-se em magia, sendo vitimada pela ambição dos
macumbeiros que a distorciam conforme o seu arbítrio.

O Candomblé

Kandombelé: palavra banta que, na língua portuguesa, significa oração,


espaço de culto (CASTRO, 1985).
Roger Bastide (1961) foi o primeiro pesquisador no Brasil a tratar o candomblé
como um fenômeno de pesquisa muito sutil e complexo. O antropólogo defendia
que “a filosofia do candomblé não é uma filosofia bárbara, e sim um pensamento
sutil que ainda não foi decifrado” (BASTIDE, 1961, p. 11).
Os candomblés são religiões formadas no Brasil desde o fim do século XVIII
ao começo do século XIX. O candomblé para o antropólogo Vagner Silva (2005) foi
uma possibilidade de reconstrução da identidade africana em terras brasileiras.
Nos estados brasileiros, encontramos o candomblé nagô (iorubá), ketu-
nagô (iorubá), ijexá (iorubá), jeje (fon), jeje-nagô (yorubá), jeje-marrim (fon), jeje-
daomé (fon), jeje-sato (fon), jeje-modubim (fon), angola (banto), congo (banto),
angola-congo (banto), caboclo (afro-brasileiro) (LODY, 1988; PRANDI, 2006).
Abaixo relacionamos os principais fundamentos do Candomblé Nagô ou
Jeje-Nagô:
 Em todo Candomblé, a abertura de caminhos e a resolução de conflitos
humanos ficam sob a regência dos Orixás;
 A Lei do Santo: “O ancião detém o segredo da tradição” (PRANDI, 2005, p.
42);
 A cozinha é a usina de força onde a Iabassê prepara o axé que possibilita o
“rodar” dos Orixás no Terreiro;

17
 O axé é “plantado” no Terreiro. Para que ele se expanda e se fortifique, é
necessário o cumprimento das obrigações e das oferendas para com os
Orixás da família de santo.
 O processo de Iniciação leva aproximadamente sete anos.

Èsù: proto-matéria e princípio dinâmico do Candomblé

Èsù é um dos òrìsàs mais complexos do candomblé, geralmente é mal


compreendido. Èsù também não é elemento de consenso entre as religiões afro-
brasileiras. Na Jurema, ele é sincretizado como um mestre que serve, e, na
Umbanda, muitos o localizam no território da Quimbanda, como um espírito menor.
Para estudiosos e candomblecistas, Èsù é o único orixá, comunicador e
mensageiro entre o aié e o orun (SANTOS, 2012).
Para o antropólogo Reginaldo Prandi (2005), um dos efeitos negativos dos
processos de sincretização no Brasil se deu com as imitações e degradações do
Orixá Exu, que tragicamente foi sincretizado com o demônio cristão.
Exu carrega em sua mão o Àdó-iràn, a cabaça, que é o símbolo de seu poder
e promove a expansão de toda força vital. O Orixá também é representado pelo
Òkòtò, espécie de caracol, que representa a expansão e crescimento de tudo o que
existe no mundo (SANTOS, 2012).

Pontos para problematização da temática manifestações religiosas:

 As religiões afro-brasileiras foram elaboradas por meio do diálogo


intercultural e inter-religioso;
 A diversidade das manifestações religiosas nas Religiões Afro-Brasileiras no
Brasil: Catimbó, Jurema, Macumba, Umbanda, Candomblé.
 A presença e a manifestação religiosa de diversas divindades: Orixás,
Inquices, Voduns, Obssoms, dentre outros.
 A necessidade do respeito aos símbolos, mitos, ritos e doutrina de cada
religião afro-brasileira.

Sugestão de avaliação: Pode-se discutir,


com os estudantes, estratégias que
promovam a convivência ética e respeitosa
entre as religiões.

18
ATIVIDADE 2

Proposição para aulas subsequentes: indicação de documentários e


vídeos:

2.1 – Umbanda, direção Luca Pacheco, Observatório Transdisciplinar das


Religiões, 2010. Link: < https://www.youtube.com/watch?v=eGFys3JHMM0 >.

2.2 - Jurema, direção Luca Pacheco, Observatório Transdisciplinar das Religiões,


2009. Link: <https://www.youtube.com/watch?v=vTltwFeCfNk&t=10s>.

2.3 – Xangô Nação Xambá, direção Luca Pacheco, Observatório Transdisciplinar


das Religiões, 2010. Link: <https://www.youtube.com/watch?v=BsJWikShAPw>.

2.4 – Xangô. Clipe oficial. Enredo: Xangô, carnavalesco: Alex de Souza. G.R.E.S.
Acadêmicos do Salgueiro (2019).

2.5 – Não mexe comigo. DVD carta de amor – Maria Betânia, 2013. Link:
<https://www.youtube.com/watch?v=tjZgiXwDxwQ> .

2.6 – Nação – Clara Nunes. Canal Clara Brasil. Link:


<https://www.youtube.com/watch?v=w9P9EF3FNvc>.

19
ATIVIDADE 3

Mitologia dos orixás africanos: compreendendo a narrativa de Xangô

Essa atividade pode ser desenvolvida de forma interdisciplinar com o


componente curricular Língua Portuguesa.

1 - Leitura coletiva da música “Xangô”, da Escola de Samba Salgueiro – RJ;


2 - Escuta da música e/ou vídeo oficial do samba-enredo junto com os
estudantes;
3 – Registro no quadro das palavras africanas “yorubás” identificadas pelos
estudantes;
4 – Apresentação de pequeno glossário yorubá ao estudante. O professor
poderá construir uma narrativa mítica sobre a divindade, o Orixá Xangô.

Quem é Xangô?

Xangô – divindade do povo Yorubá celebrada pelas religiões afro--brasileiras.


Senhor da justiça, os seus elementos de força são o trovão, os raios e o fogo. Na
narrativa mítica, sempre é acompanhado por 04 mulheres: Yemanjá (mãe) e suas
esposas: Oxum, Obá e Yansã. Considerado o Rei de Oyó (Nigéria).

Letra da música

G.R.E.S. ACADÊMICOS DO SALGUEIRO | 2019


Enredo: Xangô
Carnavalesco: Alex de Souza
Autores: Demá Chagas, Marcelo Motta, Renato Galante, Fred Camacho,
Leonardo Gallo, Getúlio Coelho, Vanderlei Sena, Francisco Aquino, Guinga do
Salgueiro e Ricardo Neves.
Vai trovejar!!!
Abram caminhos pro grande Obá
É força, é poder, o Aláàfin de Oyó
“Oba Ko so!” ao Rei Maior
É pedra quando a justiça pesa
O Alujá carrega a fúria do tambor
No vento a sedução (Oyá)
O verdadeiro amor (Oraiêiêô)
E no sacrifício de Obà (Oba xi Obà)
Lá vem Salgueiro!
Mora na pedreira, é a lei na terra
Vem de Aruanda pra vencer a guerra
Eis o justiceiro da Nação Nagô
Samba corre gira, gira pra Xangô

20
Rito sagrado, ariaxé
Na igreja ou no candomblé
A bênção, meu Orixá!
É água pra benzer, fogueira pra queimar
Com seu oxê, “chama” pra purificar
Bahia, meus olhos ainda estão brilhando
Hoje marejados de saudade
Incorporados de felicidade
Fogo no gongá, salve o meu protetor
Canta pra saudar, Obanixé kaô
Machado desce e o terreiro treme
Ojuobá! Quem não deve não teme
Olori XANGÔ eieô
Olori XANGÔ eieô
Kabecilê, meu padroeiro
Traz a vitória pro meu Salgueiro!
Observação: O vídeo do G.R.E.S. ACADÊMICOS DO SALGUEIRO | 2019
está disponível no seguinte endereço eletrônico:
< https://www.youtube.com/watch?v=bN98usP_39g>.

Glossário para expressões “yorubás” pesquisadas junto ao povo de Terreiro


de Recife.
Ojuobá – Os olhos do Rei!
Obanixé kaô – Ouçam, o Rei chegou!
Kaô Kabecilê – Venham saudar o Rei Xangô!
Aláàfin de Oyó – Um das “qualidades” de Xangô.
Oba Ko so! - O Rei não se enforcou!
Alujá Oraiêiêô – Batida especial de tambor para Xangô.
Obá - Rei
Obá Xiré – Saudação do Orixá Obá.
Oba xi Obà – Saudação do Orixá Obá.
Ariaxé – Banho ritual com folhas.
Oxê – O machado de duas lâminas de Xangô.
Olori XANGÔ eieô – Xangô é dono da minha cabeça!

Sugestão de avaliação: Na participação dos


estudantes no debate, o professor deve estar
atento aos textos orais produzidos, que podem ser
considerados parte da avaliação processual.

21
REFERÊNCIAS

BASTIDE. O candomblé na Bahia: rito nagô. São Paulo: Companhia Editora


Nacional, 1961.
. As religiões africanas no Brasil: contribuições a uma sociologia das
interpretações de civilizações. São Paulo: Livraria Pioneira Editora, 1985.
. Catimbó. In: PRANDI, R. (Org.). Encantaria brasileira: o livro dos mestres,
caboclos e encantados. Rio de Janeiro: Pallas, 2001. p. 146-159.
BRANDÃO, M. do C; RIOS, L. F. O Catimbó-Jurema do Recife. In: PRANDI, R.
(Org.). Encantaria brasileira: o livro dos mestres, caboclos e encantados. Rio de
Janeiro: Pallas, 2001. p. 160-181.
BRASIL. Diversidade religiosa e direitos humanos. 3 ed. Secretaria de Direitos
Humanos. Brasília: Editora União Planetária, 2013.
CANCLINI, Nestór García. Culturas híbridas: estratégia para entrar e sair da
modernidade. 3 ed. São Paulo: EDUSP, 2000.
CASTRO, Y. O afro-negro e a língua no Brasil. In: MOTTA, R. (Org.).
Afro-Brasileiros. Anais do III congresso afro-brasileiro. Recife: Massangana,
1985.
CINTRA, R. Candomblé e umbanda: o desafio brasileiro. São Paulo: Edições
Paulinas, 1985.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática
educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2007.
JUNQUEIRA, Sérgio. Ciência da religião aplicada ao ensino religioso. In: PASSOS,
Décio; USARSKI, Frank. Compêndio de Ciência da Religião. São Paulo:
Paulinas: Paulus, 2013, p. 603-614.
LODY, R. Candomblé: religião e resistência cultural. São Paulo: Ática, 1987.
MAGNANI, J. G. C. Umbanda. São Paulo: Ática, 1986.
MELO, Constantino José bezerra de Melo. Representações sociais das religiões
brasileiras: o que pensam os estudantes das Escolas Estaduais de Referência da
Cidade do Recife. Dissertação de mestrado. Programa de Pós-graduação em
Ciências da Religião, Universidade Católica de Pernambuco, 2015.
MOTTA, Roberto. Religiões afro-recifenses: ensaio de classificação. In: CAROSO,
C; BACELAR, J. (Orgs.). Faces da tradição afro-brasileira: religiosidade,
sincretismo, anti-sincretismo, reafricanização, práticas terapêuticas. 2ed., Rio de
Janeiro: Pallas; Salvador, BA: CEAO, 2006. p. 17-35.
PRANDI, R. (Org.). Encantaria brasileira: o livro dos mestres, caboclos e
encantados. Rio de Janeiro: Pallas, 2001.
. Segredos guardados: orixás na alma brasileira. São Paulo: Companhia das
Letras, 2005.
. Referências sociais das religiões afro-brasileiras: sincretismo,
branqueamento, africanização. In: CAROSO, C., BACELAR, J. (Org.). Faces da
tradição afro-brasileira: religiosidade, sincretismo, anti-sincretismo,

22
reafricanização, práticas terapêuticas. 2ed., Rio de Janeiro: Pallas; Salvador,
BA: CEAO, 2006. p. 93-111.
RAMOS, Arthur. O sincretismo religioso. In: . O negro brasileiro: etnografia
religiosa e psicanálise. Recife: Editora Massangana, 1988, p. 105-127.
SANTOS, Juana Elbein. Os nàgô e a morte: pàde, àsèsè e o culto égun na Bahia.
14 ed., Petrópolis, Vozes, 2012.
SILVA, A. C. A. Um Brasil, muitas Áfricas. Revista de História da Biblioteca
Nacional, Rio de janeiro, ano 7, n. 78, p.17-21, marc. 2012.
SILVA, Vagner. Candomblé e umbanda: caminhos da devoção brasileira. 2 ed.,
São Paulo: Selo Negro, 2005.
VALENTE, Waldemar. Sincretismo religioso afro-brasileiro. 2 ed. São Paulo:
Companhia Editora, 1976.

23
3 - CRENÇAS RELIGIOSAS E
FILOSOFIAS DE VIDA

As religiões são perpassadas por crenças e filosofias de vida. Existe uma


pluralidade de mitos e símbolos que descrevem ou revelam uma tradição religiosa.
O mito é um discurso fundante de uma realidade. Para as Ciências da Religião, a
tolerância e o diálogo inter-religioso suscitam o respeito às diversas narrativas
míticas e filosóficas das tradições religiosas no Brasil e no mundo.
Em 2013, a Secretaria dos Direitos Humanos do Brasil elaborou a cartilha
“Diversidade Religiosa e Direitos Humanos” com o objetivo de contribuir para a
superação do desrespeito e da discriminação contra:

[...] a religião Indígena, a Cigana, a Wicca, a Fé Bahá’i, o


Espiritismo, o Xamanismo, o Hare Krishna, entre tantas outras, e,
inclusive, pessoas que optaram em não ter uma religião, como as
agnósticas e ateias, mas que têm suas convicções filosóficas e sua
verdade (BRASIL, 2013, p. 23).
Assim, o trabalho pedagógico com a temática Crenças Religiosas e Filosofias
de Vida deve promover a sensibilização dos estudantes para o respeito e
cumprimento da Constituição Federal, que traz no art. 16 o seguinte texto: “O direito
à liberdade compreende os seguintes aspectos: III – crença e culto religioso”
(BRASIL, 2013, p. 22). Cada ser humano tem o direito constitucional de escolher a
sua crença religiosa ou filosofia de vida, sem ser vítima de perseguições ou
discriminações.

Segundo Clifford Geertz (2013, p. 95), a religião é formada por um conjunto


de mitos e símbolos sagrados, elaborada “[...] numa espécie de todo ordenado”.
Ela possui mitos, símbolos, ritos e doutrinas com significados específicos em cada
tradição religiosa, logo devem ser compreendidos e respeitados como o amálgama
da estrutura de significado da tradição religiosa.

Objetos de conhecimento: Mitos nas tradições religiosas.

Conteúdo: O mito; a linguagem mítica; as funções e mensagens religiosas contidas


nos mitos; os mitos fundantes e os mitos de criação.

24
Habilidades:
(EF05ER01PE) Identificar e respeitar acontecimentos sagrados de diferentes
culturas e tradições religiosas como recurso para preservar a memória.
(EF05ER02APE) Compreender a concepção de mito.
(EF05ER02PE) Identificar mitos de criação em diferentes culturas e tradições
religiosas.
(EF05ER03PE) Reconhecer funções e mensagens religiosas contidas nos mitos de
criação (concepções de mundo, natureza, ser humano, divindades, vida e morte).

Competência do Ensino Religioso: Conhecer os aspectos estruturantes das


diferentes tradições/movimentos religiosos e filosofias de vida, a partir de
pressupostos científicos, filosóficos, estéticos e éticos.

25
ATIVIDADE 1

O mito e a construção das narrativas religiosas: o caso da linguagem mítica


retratando o Sertão brasileiro.
Apresentar a concepção de Mito proposto pela filósofa Marilena Chaui e
debater o texto elaborado pela antropóloga Maria Aparecida Lopes Nogueira
(Universidade Federal de Pernambuco) sobre os mitos e símbolos religiosos
utilizados por Ariano Suassuna na construção da narrativa religiosa sobre os
Sertões no Brasil.

Texto de apoio:
“Mito é uma narrativa sobre a origem de alguma coisa (origem dos astros, da
Terra, dos homens, das plantas, dos animais, do fogo, da água, dos ventos, do bem
e do mal, da morte, etc.) (CHAUI, 2010, p. 30).
“Quem narra o mito? O poeta rapsodo. Quem é ele? Por que tem autoridade?
Acredita-se que o poeta é um escolhido dos deuses, que lhe mostram os
acontecimentos passados e permitem que ele veja a origem de todos os seres e de
todas as coisas para que possa transmiti-las aos ouvintes. Sua palavra – o mito –
é sagrada porque vem de uma revelação divina. O mito é, pois, incontestável e
inquestionável” (CHAUI, 2010, p. 31).
O mito é um sistema animado por diversos símbolos [...] que, sob o impulso
de um esquema, tende a compor-se em narrativa” (DURAND, 2001, p. 62).
“Aí, dei um tombo maior, e caí com a cara virada para o sol. Senti que estava
esquentando, foi me dando aquela agonia, aquela agonia, e que agonia foi essa,
meu senhor, que quando dei de acordo de mim, a bicha estava daqui para aí, me
olhando!
Marieta: A bicha? Que bicha?
João: Ora, que bicha! Caetana, minha filha!
Padre João: Caetana? Caetana é bicha? Quem é Caetana?
Benedito: É a morte, padre! Esse povo é engraçado: estuda, se forma, lê tudo
quanto é de livro, e não sabe que o nome da morte é Caetana!” (Narrativa do
personagem João, do livro “A pena e a lei” de Ariano Suassuna, citada por Maria
Aparecida (2002, p.70).

26
“Na minha poesia, escolhi como símbolo do povo brasileiro a Onça castanha
ou Parda, também chamada no Sertão de Suçuarana. Sendo a Suçuarana de cor
castanha, para mim é uma descendente mestiça e completa da Onça Vermelha –
na qual simbolizei os índios -, da Onça Tigre, de cor negra – na qual figurei a grande
Raça Negra – e da Onça Malhada – que sendo fulva, com malhas pretas, bem pode
simbolizar os Portugueses e Espanhóis, tocados pelo nobre sangue semita – Judeu
ou Árabe (SUASSUNA apud NOGUEIRA, 2002, p. 104).
“O Sertão é terra de ninguém, deserto ameaçador donde emergem deuses e
diabos, sob a égide do acaso, do caos e da fatalidade. Esses seres ameaçadores
espreitam o homem por dentro e por fora. Em meio ao caos que os alimenta,
estabelecem continuamente a recriação da ordem, num processo infinito de auto-
eco-organização” (NOGUEIRA, 2002, p. 41).

Pontos para problematização da temática mito e símbolos religiosos:

 Toda religião desvela ou responde a uma busca de sentido;


 A religião é uma teia de significados construída através de um conjunto de
símbolos relativos a um mito;
 A linguagem poética está presente na narrativa simbólica (mítica);
 Os símbolos religiosos são extremamente importantes para as pessoas que
comungam uma religião, logo todos os mitos e símbolos religiosos devem
ser respeitados.

Sugestão de avaliação: Na participação dos


estudantes no debate, o professor deve estar
atento aos textos orais produzidos, que podem ser
considerados parte da avaliação processual.

27
ATIVIDADE 2

Proposição para aulas subsequentes: indicação de filme para a


continuidade do trabalho pedagógico com a temática: O Auto da compadecida,
direção Guel Arraes, Brasil, 2000.

Sugestão de avaliação: Na participação dos estudantes no debate, o professor


deve estar atento aos textos orais produzidos, que podem ser considerados parte
da avaliação processual

28
REFERÊNCIAS

BRASIL. Diversidade religiosa e direitos humanos. 3 ed. Secretaria de Direitos


Humanos. Brasília: Editora União Planetária, 2013.
CHAUI, Marilena. Iniciação à filosofia: ensino médio. São Paulo: Ática, 2010.
DURAND, Gilbert. As estruturas antropológicas do imaginário: introdução à
arquetipologia geral. 2 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC, 2013.
NOGUEIRA, Maria Aparecida Lopes. O cabreiro tresmalhado: Ariano Suassuna
e a universalidade da cultura. São Paulo: Palas Athena, 2002.

29
4 – FILOSOFIA E RELIGIÃO

Filosofia é uma palavra de origem grega que significa “amor à sabedoria”, ao


conhecimento. Pode ser compreendida como uma “decisão de não aceitar como
óbvias e evidentes as coisas, as ideias, os fatos, as situações, os valores, os
comportamentos de nossas existências cotidianas” (CHAUÍ, 2012, p. 09).
De acordo com Rubem Alves (1999, p. 09), religião é uma “teia de símbolos,
rede de desejos, confissão de espera, horizonte dos horizontes, a mais fantástica
e pretenciosa tentativa de transubstancial a natureza”. A Filosofia e as Ciências da
Religião buscam a reflexão, o questionamento sobre o fenômeno religioso exercido
pelo homem e sobre ele.
Nessa perspectiva, ao questionamento sobre se fatos do cotidiano são
adequados às aulas de Ensino religioso, especialmente na Unidade Temática
“Filosofia e Religião”, a resposta é sim. Notícias que saem nos jornais, nas revistas,
informações veiculadas em documentários ou mesmo na internet, além de pinturas
e fotografias, enfim, tudo pode e deve ser considerado para discutir, nas aulas,
conceitos relativos à filosofia e religião.
Uma sugestão seria exercícios reflexivos com temas que abordam a
atualidade e que façam parte do cotidiano, preferencialmente do estudante, e,
sempre que houver diálogos em sala de aula a respeito de qualquer conteúdo, as
expressões filosóficas já trabalhadas em momentos anteriores podem ser
retomadas de modo a promover o aprofundamento e a ampliação de
conhecimentos e avanços na aprendizagem do estudante.
Ao considerar que as religiões têm sua base filosófica relacionada ao ser
humano e ao mundo que o cerca, (linguagem, moral, verdade, ética...), cada
religião tem, portanto, sua doutrina, seus rituais, seus símbolos, seu templo, que
são transmitidos para a sua comunidade através das gerações.
Nesse sentido, toda pessoa tem o direito à liberdade de pensamento,
consciência e religião, além de se expressar sem que com isso seja exposta a
situações de preconceito e discriminação afetando sua dignidade. Esta unidade tem
a preocupação com o respeito às diferenças, tema esse que será objeto de estudo.

30
Esta unidade tem a preocupação com o trabalho pedagógico quanto ao
respeito à liberdade de crença, à pluralidade das manifestações religiosas e aos
princípios defendidos pela Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão. Todos
esses aspectos serão abordados dentro da temática Filosofia e Religião.

Texto de apoio: Para que Filosofia?5


Observemos o texto da filósofa Marilena Chaui:
“Para que Filosofia? ”, tem a sua razão de ser.
Em nossa cultura e em nossa sociedade, costumamos considerar que alguma
coisa só tem o direito de existir se tiver alguma finalidade prática, muito visível e de
utilidade imediata.
Por isso, ninguém pergunta para que as ciências, pois todo mundo imagina
ver a utilidade das ciências nos produtos da técnica, isto é, na aplicação científica
à realidade.
Todo mundo também imagina ver a utilidade das artes, tanto por causa da
compra e venda das obras de arte, quanto porque nossa cultura vê os artistas como
gênios que merecem ser valorizados para o elogio da humanidade.
Ninguém, todavia, consegue ver para que serviria a Filosofia, donde dizer-se: não
serve para coisa alguma.
Parece, porém, que o senso comum não enxerga algo que os cientistas
sabem muito bem. As ciências pretendem ser conhecimentos verdadeiros, obtidos
graças a procedimentos rigorosos de pensamento; pretendem agir sobre a
realidade, através de instrumentos e objetos técnicos; pretendem fazer progressos
nos conhecimentos, corrigindo-os e aumentando-os.
Ora, todas essas pretensões das ciências pressupõem que elas acreditam na
existência da verdade, de procedimentos corretos para bem usar o pensamento,
na tecnologia como aplicação prática de teorias, na racionalidade dos
conhecimentos, porque podem ser corrigidos e aperfeiçoados.
Verdade, pensamento, procedimentos especiais para conhecer fatos, relação
entre teoria e prática, correção e acúmulo de saberes: tudo isso não é ciência, são
questões filosóficas. O cientista parte delas como questões já respondidas, mas
é a Filosofia quem as formula e busca respostas para elas.

5
Texto de Marilena Chaui do livro Convite à Filosofia. Editora Ática, 2012, p. 22-23.

31
Assim, o trabalho das ciências pressupõe, como condição, o trabalho da Filosofia,
mesmo que o cientista não seja filósofo. No entanto, como apenas os cientistas e
filósofos sabem disso, o senso comum continua afirmando que a Filosofia não serve
para nada.
Para dar alguma utilidade à Filosofia, muitos consideram que, de fato, a
Filosofia não serviria para nada, se “servir” fosse entendido como a possibilidade
de fazer usos técnicos dos produtos filosóficos ou dar-lhes utilidade econômica,
obtendo lucros com eles; consideram também que a Filosofia nada teria a ver com
a ciência e a técnica.
Para quem pensa dessa forma, o principal para a Filosofia não seriam os
conhecimentos (que ficam por conta da ciência), nem as aplicações de teorias (que
ficam por conta da tecnologia), mas o ensinamento moral ou ético. A Filosofia seria
a arte do bem viver. Estudando as paixões e os vícios humanos, a liberdade e a
vontade, analisando a capacidade de nossa razão para impor limites aos nossos
desejos e paixões, ensinando-nos a viver de modo honesto e justo na companhia
dos outros seres humanos, a Filosofia teria como finalidade ensinarmos a virtude,
que é o princípio do bem viver... (CHAUÍ, 2012, p. 22-24).

Objeto de conhecimento: Philo + Sophia


Conteúdo: Para que serve filosofia?

Habilidade:
(EF06ERXPE) Compreender o significado da expressão philosophia;
(EF06ERYPE) Promover a reflexão e a atitude filosófica;
Competência do Ensino Religioso:
Reconhecer e cuidar de si, do outro, da coletividade e da natureza, enquanto
expressão de valor da vida.
Conviver com a diversidade de crenças, pensamentos, convicções, modos de ser
e viver.

32
ATIVIDADE 1

A Filosofia tem um propósito, que é o “conhecimento da realidade, o


conhecimento da nossa capacidade para conhecer” e satisfazer a curiosidade do
ser humano, tais como: “O que é o homem? O que é à vontade? O que é a paixão?
O que é a razão? O que é o vício? O que é a virtude? O que é a liberdade? Como
nos tornamos livres, racionais e virtuosos? Por que a liberdade e a virtude são
valores para os seres humanos? O que é um valor? Por que avaliamos os
sentimentos e as ações humanas? (CHAUÍ, 2012, p. 23).
Fazer uma leitura compartilhada e debater o texto de apoio com os
estudantes. Em seguida, apresentar o propósito da Filosofia e orientar os
estudantes para que escolham uma das perguntas acima e busquem responder a
ela (individual ou em equipe, a critério do professor). Em seguida, pode ser feita
uma roda de diálogo com avaliação, sempre a critério do professor.

Aspectos que podem ser considerados para uma problematização do tema


“Para que Filosofia? ”
 Fazer uma leitura compartilhada de textos sobre o fenômeno religioso é
estimular no estudante um exercício de reflexão. Professor, que tal solicitar
aos estudantes temas do cotidiano que tenham a ver com o fenômeno
religioso?

Sugestão de avaliação: Pode-se iniciar com uma


avaliação diagnóstica a fim de verificar o
conhecimento prévio do estudante sobre as
questões que vão ser respondidas por eles e, em
seguida, realizar a leitura compartilhada do texto.
A participação dos estudantes deverá ser
considerada no processo avaliativo.

33
ATIVIDADE 2

Proposição para aulas subsequentes e pode ser desenvolvida de forma


interdisciplinar com o componente curricular Língua Portuguesa: Indicação do
vídeo “PEQUENOS FILÓSOFOS - EU SOU O MAIOR”. Faz parte da série
animação “Pequenos Filósofos”. Tempo de 8:16. Disponível no site: <
https://www.youtube.com/watch?v=UYbjHq5ADRg>
O vídeo faz parte da série animação “Pequenos Filósofos”. Apresenta um tempo
de 8:16.

Sugestão de avaliação: Na participação dos


estudantes no debate, o professor deve estar
atento aos textos orais produzidos, que podem ser
considerados parte da avaliação processual

34
ATIVIDADE 3

Intolerância Religiosa
A intolerância religiosa representa uma afronta a nossa condição de seres
humanos e resulta da violência em seus mais variados graus, colocando em xeque
a dignidade humana. A história está a nos mostrar vários casos, cujo início ocorreu
“[...] na Antiguidade, passou pela Idade Média, pela Moderna e chegou até a
contemporaneidade. Seja na Europa, seja na América, mais precisamente no
Brasil”, a intolerância religiosa é assustadora (SOUSA; LIMA, 2018, p. 500).
Nesse contexto, o Relatório sobre Intolerância e Violência Religiosa (RIVIR),
a intolerância religiosa deve ser entendida como sendo o “conjunto de ideologias e
atitudes ofensivas a diferentes crenças e religiões, podendo em casos extremos
tornar-se uma perseguição. (BRASIL, 2016, p. 8). Esse relatório entende que esse
ato de violência religiosa é crime, fere o direito constitucional de liberdade e a nossa
dignidade humana.
Devemos questionar informações e atitudes de pessoas que criticam outras
porque elas têm uma religião diferente da sua. Ora, por que “eu” tenho o direito a
professar uma religião e uma “outra pessoa” não tem? Estranho isso, não? Se “eu”
quero respeito, por que o respeito que tanto quero não se estende a outras
pessoas?
Ao considerar a diversidade religiosa existente no Brasil e no mundo, não
aceitar as pessoas como elas são chega a ser um absurdo e um ato de covardia e
de desumanidade, quando não se respeita o direito de todos. Por isso, combater a
intolerância, principalmente a religiosa e o racismo religioso, é dever de todos.
Pensando assim, a Assessoria de Diversidade Religiosa e Direitos Humanos
do Brasil (ASDIR) lançou a campanha “Democracia, Paz Religião – Respeite:
Reconhecer as Diferenças, Superar a Intolerância e Promover a Diversidade”, em
2011, e, em 2018, realizou a Campanha: “Diversidade Religiosa – Conhecer.
Respeitar. Valorizar”. Essas ações ajudam no combate à intolerância religiosa e na
promoção do respeito à diversidade religiosa, patrimônio imaterial do Brasil. O
respeito a essa diversidade deve ser estimulado com vistas à superação da
mencionada intolerância e à defesa da laicidade do Estado brasileiro (BRASIL,
2016, p. 5) ou seja, assume a neutralidade em matéria de religião.

35
Objeto de conhecimento: “Conhece-te a ti mesmo? ”
Conteúdo: A reflexão filosófica
Habilidade:

(EF06ERYPE) Promover a reflexão e a atitude filosófica;


Competência do Ensino Religioso:
Reconhecer e cuidar de si, do outro, da coletividade e da natureza, enquanto
expressão de valor da vida.
Conviver com a diversidade de crenças, pensamentos, convicções, modos de ser
e viver

Proposição para aulas subsequentes: Indicação do vídeo “A Ponte


(Intolerância x Flexibilidade) ” disponível no site:
<https://www.youtube.com/watch?v=9vvV3O3Oqm0> .
Esse vídeo mostra uma situação de intolerância entre quatro personagens
(animais) quando tentam atravessar uma ponte estreita onde só um poderá passar.
Dois personagens não se entendem e ainda agridem os outros dois. Resultado, a
dupla de animais ofendidos derruba a ponte e consegue superar o obstáculo (ponte
estreita). Assim, acontece com as pessoas diante da adversidade que aparece.
Como os dois últimos animais, apesar das divergências, é possível um diálogo.
Basta, para isso, renunciarmos ao orgulho, à obstinação de sairmos sempre
vencedores com nossas opiniões ou de situações conflituosas. O vídeo é uma
animação com a música de Greg Gauba.

Sugestão de avaliação: Sugerimos uma


avaliação processual a partir da elaboração da
estratégia da campanha e da participação dos
estudantes durante a leitura do texto oral,
discussão sobre a temática, resposta aos
questionamentos. Tudo faz parte da avaliação
processual. Durante o debate a ser realizado após
a exibição do vídeo, o professor deve estar atento
às ideias dos estudantes, tendo, inclusive, o
cuidado com aquelas incondizentes com a
promoção da tolerância religiosa.

36
ATIVIDADE 4

Texto de apoio: A atitude crítica6

A primeira característica da atitude filosófica é negativa, isto é, um “dizer não”


aos “pré-conceitos”, aos “pré-juízos”, aos fatos e às ideias da experiência cotidiana,
ao que “todo mundo diz e pensa”, ao estabelecido. Numa palavra, é colocar entre
parênteses nossas crenças para poder interrogar quais são suas causas e qual é
seu sentido.

A segunda característica da atitude filosófica é positiva, isto é, uma


interrogação sobre o que são as coisas, as ideias, os fatos, as situações, os
comportamentos, os valores, nós mesmos. É também uma interrogação sobre o
porquê e o como disso tudo e de nós próprios. “O que é? ” “Por que é? ” “Como é?
” Essas são as indagações fundamentais da atitude filosófica. (CHAUI, 2012. p. 21).

Apresentar a concepção de atitude filosófica proposta pela filósofa


Marilena Chaui e debater o texto elaborado por ela. Em seguida, explicar o porquê
de a primeira atitude filosófica ser a negativa e a segunda ser positiva.

Sugestão de avaliação: solicitar ao estudante que


traga para a sala de aula imagens, fatos, situações
ou comportamentos relacionados à religião que
aparecem na mídia para exercitar a atitude
filosófica.

6
Texto de Marilena Chaui do livro Convite à Filosofia. Editora Ática, 2012, p. 21.

37
REFERÊNCIAS

BRASIL. Relatório sobre intolerância e violência religiosa no Brasil (2011-


2015): resultados preliminares / Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial, da
Juventude e dos Direitos Humanos; organização, Alexandre Brasil Fonseca, Clara
Jane Adad. – Brasília: Secretaria Especial de Direitos Humanos, SDH/PR, 2016.
Disponível no site: <http://www.unicap.br/observatorio2/wp-
content/uploads/2011/02/Relat%C3%B3rio-sobre-Intoler%C3%A2ncia-e-
Viol%C3%AAncia-Religiosa-no-Brasil-2011-%E2%80%93-2015-Resultados-
Preliminare.pdf> Acesso em 01 jan. 2019.

CHAUI. Marilena. Convite à Filosofia. Editora Ática, 2012,

SOUSA. Rosalia Soares de. LIMA, Maria da Conceição Barros Costa. Caminhos
da Intolerância: o passado que ainda não passou. A fogueira ainda está acesa.
Anais do VII Seminário TRT/UFPE e II Caravana ANPUH/PE: História, Direitos e
Trabalho/organização Márcio Vilela, Pablo Porfírio, Arthur do Nascimento. – Recife:
Ed. UFPE, 2018. Disponível em:
<https://drive.google.com/file/d/1Hh0YWKHOk_UezJYq86V7YxNoFoO8WtHn/vie
w> Acesso em 17 jan. 2019.

38
4 - MEIO AMBIENTE E RELIGIÃO

O meio ambiente envolve tudo que existe de elementos com vida (bactérias,
protozoários, fungos, plantas, animais, incluindo os seres humanos) e sem vida
(água, ar, fogo, minerais) e as suas relações entre os seres. A relação entre os
seres humanos e o meio ambiente é algo que sempre está em destaque nas
pesquisas e nos meios de comunicação, seja como conteúdo informativo e
formativo, mobilizações de grupos de pesquisadores ou ambientalistas, denúncia
de crime ambiental ou as práticas de alguma tradição religiosa, seja de maneira
individual ou grupal.
Cada religião contém uma amplitude de significados no âmbito do meio
ambiente e contém também atitudes e ações que estão relacionadas com a
influência da ética, educação, saúde e segurança alimentar. As religiões
transmitem uma cosmologia magnífica e diversificada com as narrativas orais e
escritas que enaltecem o universo e a natureza. As narrativas orais e escritas de
cunho religioso tendem a se diferenciar, em alguns pontos, dos questionamentos
científicos. Entretanto, destacamos que a influência cultural e histórica deve ser
considerada com mais ênfase do que o cientificismo, pois as narrativas religiosas
guardam valores que nos fazem refletir sobre a nossa relação com o meio
ambiente.
De fato, as religiões admitem a sacralidade da vida e da natureza, que
corresponde ao princípio da existência dos seres, inclusive da humanidade;
promovem a “criação do seu mundo” da perspectiva holística; promovem e
celebram a fecundidade do solo; confirmam que existe a dimensão estática do
universo; apresentam virtudes morais de encontro imediato na convivência dos
humanos entre si e desses com o meio ambiente.
E, por fim, ressaltamos que existem religiões com as suas tradições
específicas com o meio ambiente que se caracterizam efetivamente por via de
elementos simbólicos. Esses elementos são particularmente representativos no
Budismo, e Hinduísmo e na formação cultural da tradição Judaico-Cristã, como
também no Islamismo. Além de se manifestarem nesses sistemas de crença, as

39
narrativas referentes ao culto à natureza estão presentes nos povos indígenas, nas
religiões de Matriz Africana e na Wicca.

Objeto de conhecimento: Tradições e/ou culturas religiosas e educação ambiental

Conteúdo: As forças da natureza e a religião

Habilidade: (ERF08ERPE) Compreender a importância do meio ambiente para as


tradições e/ou culturas religiosas.

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ATIVIDADE 1

Levantamento dos conhecimentos prévios dos estudantes sobre as religiões


que possuem, na sua cosmovisão, a crença nas forças da natureza e religiões que
possuem narrativas escritas que representam a natureza com elementos
simbólicos.

Importante: Expor o termo “transcendente” para que os estudantes vinculem a ideia de


“deus” (a letra ‘d’ minúscula para ampliar o significado).

Registrar as ideias que os estudantes apresentam acerca do conteúdo.


Depois, dividir em grupos e entregar os nomes de uma religião, como sugestão:
indígena, matriz africana e/ou afro-brasileira, cristã. Cada grupo deve trabalhar
apenas uma religião para expor o que conhece sobre a tradição religiosa que lhe
foi oferecida.
Na socialização, providenciar que, na sala, haja um espaço adequado para
que os grupos realizem a exposição de suas percepções.

Sugestão de avaliação: Após a finalização dessa


penúltima etapa, realizar uma comparação entre os
conhecimentos prévios com os conhecimentos
adquiridos.

41
ATIVIDADE 2

Para ampliação do conhecimento, solicitar aos estudantes que se organizem


em 05 grupos, conforme os países ou continentes, e pesquisem uma religião cuja
tradição se volte para as forças da natureza ou para a representatividade da
natureza nas narrativas orais.
a) Solicite que os 05 grupos pesquisem e discutam: Por que as religiões ou
tradições religiosas fazem ligação com os elementos da natureza? Qual
é a importância de manter a educação ambiental nessas tradições
religiosas?
b) Após a discussão nos grupos, o professor deverá promover a
socialização e acrescentar nas percepções dos estudantes os aspectos
que as tradições religiosas apresentam:
 O meio ambiente e a tradição religiosa;
 A simbologia ou a representatividade da natureza nos cultos ou
narrativas orais e/ou escritas;
 A importância da natureza nos cultos;
 A valorização da natureza vinculada à vida humana.

42
ATIVIDADE 3

Para a sistematização do objeto do conhecimento adquirido e dos valores


acrescentados durante o desenvolvimento da Unidade Temática, assim como para
a assimilação referente à expectativa da habilidade norteada pelo Currículo
Pernambuco, organizar os estudantes em dupla a fim de produzirem um texto. O
texto deverá contemplar desde a primeira atividade até a última, destacando os
pontos mais discutidos e significativos para os estudantes no que se refere às
tradições religiosas e o meio ambiente.

Sugestão de avaliação: Na participação dos


estudantes no debate, o professor deve estar
atento aos textos orais produzidos, que podem ser
considerados parte da avaliação.

43
REFERÊNCIAS

BERGER, Peter L. O dossel sagrado: elementos para uma teoria sociológica da


religião. São Paulo: Paulus, 1985.
BITTENCOURT FILHO, José. Matriz religiosa brasileira: religiosidade e mudança
social. Petrópolis: Vozes; Rio de Janeiro: Koinonia, 2003.
LIMA, Wellcherline Miranda. Rezadeiras e curandeiras: no diálogo
(ético)inter-religioso nas tradições do povo indígena Pankaiwka. Recife, PE.
Anais do II Simpósio Nordeste da ABHR. Universidade Federal de
Pernambuco, 2015, p.01-08.
MAÇANEIRO, Marcial. Religiões e ecologia: cosmovisões, valores, tarefas. São
Paulo: Paulinas, 2011.

PERNAMBUCO. Orientações curriculares de educação ambiental. Recife:


Secretaria de Educação de Pernambuco, 2012.

44
SUGESTÕES DE FILMES

Orientações Pedagógicas para utilização dos filmes


Como recurso didático, um filme é de grande importância na sala de
aula, ao mesmo tempo requer atenção e cuidado no planejamento por
parte do professor a fim de usá-lo com coerência.

Alguns procedimentos tornam-se necessários na seleção e uso de filmes:


 Assistir ao filme escolhido na íntegra para relacionar o tema dele à sua aula

e à maturidade dos estudantes. É possível que um filme não se adeque à


realidade da sua turma.
 Selecionar as cenas mais significativas em relação à unidade temática, ao
objeto de conhecimento, ao conteúdo e às habilidades a serem explorados,
assim aproveitará melhor o tempo da aula, levando-se em conta a carga
horária do componente Ensino Religioso.
 Orientar os estudantes sobre o filme, contextualizando-o com a
aula/conteúdo e propondo que assistam às cenas, focando com atenção os
pontos de maior significado para posterior discussão, com criticidade.
A Secretaria de Educação e Esportes do Estado de Pernambuco publicou um
caderno de “orientações pedagógicas do uso do cinema brasileiro contemporâneo
na escola” que o professor poderá consultar sempre que precisar, pois encontra-se
disponível no site dessa Secretaria.
Com base nesse documento, adaptamos algumas questões que possibilitarão
debates sobre os filmes:
1- Qual o tema do filme? O que os realizadores tentaram nos contar? Eles
conseguiram passar a sua mensagem? Justifique sua resposta.
2- Você assimilou/aprendeu alguma coisa com este filme? O quê?
3- Algum elemento do filme não foi compreendido?
4- Do que você mais gostou nesse filme? Por quê?
5- Selecione uma sequência protagonizada por um dos personagens do filme,
analise e explique qual sua motivação. O que a sua motivação tem a ver com o
tema do filme?

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6- Qual o seu personagem favorito no filme? Por quê?
7- Qual o personagem de que você menos gostou? Por quê?
8- Qual é a síntese da história contada pelo filme?
9-Construa uma ficha técnica do filme (nome do filme, direção, elenco, gênero,
tempo do filme, classificação, ano de lançamento e sinopse)

Modelo de ficha técnica que poderá ser utilizado pelo professor

FICHA TÉCNICA
Nome do filme
Direção
Produção
Empresa
País de origem
Roteiro
Elenco
Gênero
Tempo
Classificação
SINOPSE

Professor, a seguir relacionamos vários filmes que poderão ser utilizados na escola
e a temática em destaque.

N TÍTULO DO FILME ( ANO ) TEMÁTICA


1 A Corrente do Bem (2000) Princípios de bondade e o reflexo social

2 Á Espera de um Milagre ( 1999) História mediúnica

3 A Missão (1986) Cultura indígena e a catequização jesuítica

4 A Odisseia (1997) Mitologia

5 A Sétima Profecia (1988) Escatologia

6 A virada (2003) Projeto de vida

7 Além da Eternidade (1989) Princípios do espiritismo

8 Amistad (1997) Cultura afro


Discussão entre o suicídio e a condenação ao
9 Amor além da Vida (1998)
inferno
10 Anjo de Vidro (2004) Existe o destino?

11 As 200 Crianças do Dr. Korczak (1990) Direitos infantis

12 As Profecias de Nostradamus (1994) Biografia do profeta Nostradamus

13 Brincando nos Campos do Senhor Catequização indígena

46
14 Campo dos Sonhos (1989) Vida após a morte

15 Cartas para Deus (2010) Projeto de vida

16 Chico Xavier Reencarnação – vida após a morte

17 Deixados para trás 1 (2001) Sobre o livro do Apocalipse da Bíblia


Deixados para trás 2: comando
18 Sobre o livro do Apocalipse da Bíblia
tribulação (2002)
19 Desafiando Gigantes (2006) Projeto de vida

20 Em Algum Lugar do Passado (1980) Auto-hipnose

21 Em Nome de Deus (1988) Conflito sobre o celibato

22 Estrada para Redenção (2001) Projeto de vida

23 Falando com os Mortos (2002) Dom mediúnico

24 Francesco (1989) Biografia de São Francisco de Assis

25 Gandhi (1982) Biografia de Gandhi

26 Hércules (1997) Mitologia

27 Irmão de Fé (2004) Conversão de São Paulo

28 Irmão Sol, Irmã Lua (1973) Vida de São Francisco

29 Jesus de Nazaré (1997) Trajetória do fundador do cristianismo


A história do 14º Dalai Lama; cultura chinesa;
30 Kundun (1997)
"Sociedade Budista do Espírito"
31 Lutero (2003) Reforma protestante

32 Madre Tereza Biografia de madre Tereza de Calcutá


Manika: A Menina que Nasceu duas
33 Reencarnação hinduísta e cultura oriental
vezes (1988)
34 Minhas Vidas (1987) Projeção astral

35 Mississipi em Chamas Intolerância


Não tenha Medo: a Vida e os
A trajetória do Papa João Paulo II e suas
36 Ensinamentos do Papa João Paulo II
mensagens para o mundo contemporâneo
(1996)
Julgamento após a morte; a decisão entre céu e
37 O Auto da Compadecida (2000)
inferno
38 O Corcunda de Notredame Intolerância religiosa

39 O Fazendeiro de Deus (2006) Convivência

40 O Mahabharata (1989) A vida de Vishinu e Shiva; hinduísmo

41 O Mistério da Libélula (2002) Influência dos mortos na vida dos vivos

42 O Nome da Rosa (1986) Idade Média e o catolicismo


Discussão sobre a influência da religião na
43 O Pagador de Promessas (1962)
sociedade/sincretismo/intolerância

47
44 O Pequeno Buda (1993) Reencarnação budista

45 O Príncipe do Egito (1998) Judaísmo

46 O Sétimo Selo Cristianismo medieval

47 O Último Imperador (1987) Cultura chinesa

48 Os Espíritos (1996) Comunicação com os espíritos

49 Paixão de Cristo (2003) Releitura da Via Dolorosa

50 Paixão Eterna (1987) Vida após a morte e reencarnação


Patch Adams: o Amor é Contagioso
51 Poder da cura pelo amor
(1998)
52 Pendragon (2010) Projeto de vida

53 Prova de Fogo (2008) Projeto de vida

54 Questão de Honra (1992) Princípios de justiça

55 Ressurreição (1998) Amizade, família e comunidade

56 Sempre ao seu lado (2009) Convivência

57 Sete anos no Tibet (1997) Dalai Lama como mentor espiritual

58 Tenha Fé (2000) Conflito sobre o celibatário

59 Um Anjo Rebelde (2000) O Limbo e a reencarnação

60 Um casamento à Indiana (2001) Tradições e costumes hindus

61 Um Homem de Família (2000) A procura da verdadeira felicidade


Depoimentos sobre pessoas que passaram por
62 Vida após a Morte (1992)
"semimorte"
63 Voltar a Morrer (1991) Hipnose
Fonte: IPFER. Instituto de Pesquisa e Formação de Educação e Religião

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REFERÊNCIAS

IPFER. Instituto de Pesquisa e Formação de Educação e Religião.


Recurso-Orientações e sugestões de filmes para o Ensino Religioso.
Disponível no site: <https://ipfer.com.br/blog/saladeaula/maper-orientacoes-para-o-
uso-dos-filmes/> Acesso em 03 jan. 2019.

PERNAMBUCO. Secretaria de Educação e Esportes. Orientações Pedagógicas


do Uso do Cinema Brasileiro Contemporâneo na Escola. Disponível no site:
<http://www.educacao.pe.gov.br/portal/upload/galeria/12289/ORIENTA%C3%87%
C3%95ES%20PEDAG%C3%93GICAS%20DO%20USO%20DO%20CINEMA%20
BRASILEIRO%20CONTEMPOR%C3%82NEO%20NA%20ESCOLA%202017.pdf
> Acesso em 03 jan. 2019.

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SUGESTÕES DE VÍDEOS

1. Meio ambiente na educação infantil - Tempo: 04:30


https://www.youtube.com/watch?v=2oTkb7jx2Ak
2. Um plano para salvar o planeta –Turma da Mônica - Tempo: 25:32
https://www.youtube.com/watch?v=L3zaoUaHJhQ
3. A intolerância religiosa no Brasil está intimamente ligada ao racismo –
Tempo: 2:12
https://www.youtube.com/watch?v=SsVL9564cGw
4. The LEGO Ghostbusters Movie (Os Caça-Fantasmas da LEGO) –
Tempo: 3:35
http://melhorescurtas.com.br/category/tipo/stop-motion/
5. A Ponte (Intolerância x Flexibilidade) - Tempo: 2:45
https://www.youtube.com/watch?v=9vvV3O3Oqm0
6. Sagrado 000 - Tony Ramos faz uma breve apresentação da Série
Sagrado.avi – Tempo: 2:03
https://www.youtube.com/watch?v=OYfUv0L9j9g&list=PL756EED46595144
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7. Tolerância - Música de Jeane Siqueira – Tempo: 2:33
https://www.youtube.com/watch?v=XkxoX_r8pAE
8. Tolerancia y respeto.wmv – Tempo: 3:02
https://www.youtube.com/watch?v=SGwEp4Sm3w8
9. Casal de babalorixá e evangélica dá lição de tolerância religiosa –
Tempo: 2:59
https://www.youtube.com/watch?v=p5wQTdIbwRE
10. Educação e tolerância – Tempo: 5:08
https://www.youtube.com/watch?v=uNhJiP5dgFU
11. Prece da tolerância (Autor: Voltaire) – Tempo: 2:27
https://www.youtube.com/watch?v=Tq77HQcmrkE
12. De criança para criança - "o casulo e a borboleta" – Tempo: 2:24
https://www.youtube.com/watch?v=TMDrszKlUJI

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SUGESTÕES DE SITES

https://escolaconectada-educacao-pe-gov-br.escoladigital.org.br/colabore>
http://www.unicap.br/observatorio2/?page_id=43
<https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000127160por.pdf> Acesso em: 17
jan. 2019.
<https://www.youtube.com/watch?v=_HoFlTr88l8> Acesso em: 17 jan. 2019.
< http://www.mdh.gov.br/navegue-por-temas/diversidade-religiosa> Acesso em: 17
jan. 2019.
<https://nacoesunidas.org/relatorio-alerta-para-aumento-dos-casos-de-
intolerancia-religiosa-no-brasil/> Acesso em 17 jan. 2019.
<https://drive.google.com/file/d/1Hh0YWKHOk_UezJYq86V7YxNoFoO8WtHn/vie
w>
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/decreto/d6177.htm>
<http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/about-this-office/single-
view/news/corporate_film_of_the_international_fund_for_cultural_divers/>
<http://www.unesco.org/new/pt/brasilia>
<http://www.unicap.br/observatorio2/wp-
content/uploads/2011/02/Relat%C3%B3rio-sobre-Intoler%C3%A2ncia-e-
Viol%C3%AAncia-Religiosa-no-Brasil-2011-%E2%80%93-2015-Resultados-
Preliminare.pdf >
<http://www.cultura.pe.gov.br/>
<http://www.culturapernambucana.com/>
<http://www.memorialpernambuco.com.br/memorial/index.htm>
<http://www.ufpe.br/nepe/povosindigenas/>
<http://books.scielo.org/>
<http://crunicap.blogspot.com/2013/08/livros-gratuitos-de-arte-e-religiao.html>
<http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/social-and-human-sciences/culture-of-
peace/>
<http://olma.org.br/2017/09/10/observatorio-trasndisciplinar-das-religioes-
promove-mostra-de-arte-e-religiao-e-foruns-escolares-da-diversidade-religiosa/>
<http://crunicap.blogspot.com/2011/05/livros-digitais-vendem-mais-que-livros.html>
<http://tvbrasil.ebc.com.br/entreoceueaterra>

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