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107 Orçamento Operacional

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Orçamento operacional

José Wladimir Freitas da Fonseca* *


Doutorado em Ciências
Econômicas pela Universi-
té de Toulouse 1. Mestrado
em Desenvolvimento Eco-
nômico pela Universidade
Federal do Paraná (UFPR).

Introdução
Especialização em Enge-
nharia Econômica pela
Universidade São Judas
Tadeu (USJT). Graduação
em Ciências Econômicas
Se quisermos fazer uma comparação entre o universo de empresas que são pela Faculdade Católica
de Administração e Eco-
bem-sucedidas e aquelas que precocemente começam a colecionar problemas nomia (FAE). Atualmente
é Professor Adjunto da
financeiros, uma das variáveis que certamente surgiria como divisora entre as Universidade Federal do
Paraná. Tem experiência
bem-sucedidas e as mal-sucedidas é, de fato, o orçamento operacional. na área de Economia.
Atua nos seguintes temas:
projetos industriais, trans-
Muitas empresas novas ou já atuantes no mercado têm como plano de ferência de tecnologia,
processo de inovação nas
ação a elaboração de orçamento operacional para suas atividades vindou- Biotecnologias.

ras. Nessas empresas, dificilmente será iniciado um novo modelo de produ-


to sem o orçamento operacional ou, mais ainda, jamais será iniciado o ano
vindouro sem o orçamento operacional de suas atividades já existentes, na
medida em que o orçamento operacional é parte integrante da estratégia
das empresas.

Nesses termos, a importância do orçamento operacional ultrapassa sim-


plesmente o fato de prever preços ou quantidades para um determinado
período futuro, ele vai mais além como veremos neste capítulo.

Assim, o objetivo deste capítulo é conhecer de perto as etapas do orça-


mento operacional e suas especificidades na situação de uma empresa já
existente no mercado.

O que é um orçamento operacional?


O orçamento operacional pode ser definido como sendo uma das partes
extremamente importantes do plano global de uma empresa que tem por
objetivo quantificar as informações deste plano para um determinado perí-
odo de tempo no futuro.

Como se trata do orçamento operacional, entende-se por operação todo


o processo fabril de um produto inserido num projeto. Em outros termos, tra-
ta-se de quantificar tudo o que será necessário para que o processo de pro-
dução daquele produto tenha êxito num determinado período de tempo.

Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A.,


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Orçamento operacional

Assim é possível identificar nove etapas de um orçamento operacional,


são elas:

1. o orçamento de receitas;

2. o orçamento de produção (em unidades);

3. o orçamento de consumo de materiais diretos e o orçamento de com-


pra de materiais diretos;

4. o orçamento de mão de obra direta;

5. o orçamento de custos indiretos de fabricação;

6. o orçamento de estoques finais;

7. o orçamento do Custo de Produtos Vendidos (CPV) (esta etapa é a mais


importante na medida em que leva em consideração as etapas 3, 4, 5 e 6);

8. o orçamento de custos não relacionados com a fabricação (despesas);

9. a demonstração de resultados orçada.

Uma vez identificadas as etapas do orçamento operacional passamos a


entender, num primeiro momento, quem é quem neste processo para depois
aplicarmos suas definições num caso específico.

O orçamento de receitas
O orçamento de receitas, como seu nome já diz, trata-se da etapa onde
se procura determinar a receita bruta que se deseja com o(s) produto(s)
elaborado(s).

Trata-se, então, do ponto de partida do orçamento operacional. Todavia,


para que se possa bem realizar esta etapa, duas variáveis devem ser conheci-
das: o preço estimado e as quantidades que se pretende vender.

No que concerne ao preço deve-se estar atento, pois podem existir duas
situações: o preço é conhecido e já foi determinado no período anterior ou
é preciso precificá-lo.

Se o preço já foi determinado então não há problemas, pois considera-se


que não houve inflação e, portanto, não houve alteração. Por outro lado, no
caso de inflação ou para o lançamento de um produto novo existe a necessi-
dade da precificação, que significa elaborar o preço de venda.
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Existem três maneiras de precificar: a formação do preço a partir dos


custos; a formação do preço a partir dos custos e mercado e a formação
dos preços a partir do mercado.

Formar o preço a partir dos custos, conhecido como preços de dentro


para fora, tem-se como ponto de partida o custo do bem ou serviço apurado.
Sobre esse custo agrega-se uma margem, denominada markup, que deve
ser estimada para cobrir os gastos não incluídos nos custos, os tributos e as
comissões incidentes sobre o preço e o lucro desejado. Além disso, é impor-
tante conhecer o grau de elasticidade da demanda, os preços de produtos
concorrentes da empresa, o mercado ao qual está inserido etc.

Suponhamos uma situação bastante simples que apresente os seguintes


dados:

Custo unitário: R$10,00


Despesas gerais e administrativas: 15% da receita bruta
Comissões dos vendedores: 10% do preço de venda bruto
Tributos incidentes sobre o preço de venda: 25% bruto
Margem de lucro desejada: 10% sobre a receita bruta

O markup seria então:


Somatório de todos os percentuais acima = 60% sobre o preço de venda
bruto
O preço de venda (PV) será o custo acrescido de 60% do PV:
PV = R$10,00 + 0,6PV
PV – 0,6PV = R$10,00
Logo: PV = R$25,00

Esse preço seria então uma referência sujeita a ajustes para mais ou para
menos, de acordo com as condições de mercado e com negociações espe-
cíficas com cada cliente. Chama-se isto a segunda maneira de precificá-lo
onde parte-se dos custos e depois ajusta-se ao mercado.

A terceira maneira é formar o preço apenas a partir do mercado. Essa


forma é pouco usual, pois os custos de produção podem ser maiores do que
os preços praticados no mercado. Lembre-se: cada processo fabril é único.

Uma observação final ainda sobre o preço deve ser feita: se os vende-
dores tiverem vínculo empregatício com a empresa, então o percentual de
comissão deve incluir os encargos sociais. Os tributos são: ICMS, PIS, Cofins,
ISS, CPMF (antes de sua queda, bem entendido) etc.
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No que concerne à quantidade vendida, estas são fixadas a partir de um


estudo de mercado onde se deve levantar uma série histórica da oferta e da
demanda do produto em questão e daí encontrar uma demanda insatisfei-
ta. A partir dessa demanda insatisfeita, projetam-se as quantidades a serem
produzidas para atender o mercado. Muitas empresas conhecem o compor-
tamento de suas demandas e, com isso, conseguem estimar as quantidades
mais rapidamente sem a necessidade deste levantamento histórico, tanto da
oferta quanto da demanda.

Conhecendo os preços e as quantidades (como vimos anteriormente) po-


demos elaborar o orçamento das receitas conforme a tabela a seguir:

Tabela 1 – Orçamento de receitas para o findo em 31/12/X1

Preço de venda Unidades vendidas Total de receitas


Identificação do produto R$ Quantidades R$

Observe que as receitas serão obtidas multiplicando o preço de venda


pelas unidades que se pretender vender.

O orçamento de produção (em unidades)


A segunda etapa refere-se ao orçamento de produção. A tabela 2 a seguir
pode ser preparada a partir das unidades de vendas orçadas. Na verdade, o
total de unidades de produtos acabados a ser produzido depende de vendas
orçadas e mudanças esperadas nos níveis de estoque.

Nesses termos, para construirmos a tabela 2, basta lembrarmos da se-


guinte expressão:

Produção orçada (unidades) = vendas orçadas (unidades) + estoque-


-alvo final de produtos acabados (unidades) – estoque inicial de produ-
tos acabados (unidades)

Enquanto as vendas orçadas são obtidas através da tabela 1, o estoque-


-alvo final de produtos acabados deve ser determinado por quem faz o or-
çamento. O que vai determinar o tamanho do estoque-alvo final será o com-
portamento da demanda para o período seguinte. Em algumas situações
o orçamento exigirá um elevado estoque-alvo final e, em outras, um baixo

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estoque-alvo final. Situações como inflação, recessão, demanda sazonal do


produto (por exemplo, festas natalinas, Páscoa cristã etc.) podem alterar o
tamanho do estoque-alvo final.

Quanto ao estoque inicial de produtos acabados estes são na verdade os


estoques finais do período anterior. Nesses termos, o estoque final do perío-
do anterior é o estoque inicial deste período.

Com isso temos a tabela abaixo:

Tabela 2 – Orçamento de produção (em unidades) para o ano findo


em 31/12/X1

Vendas unitárias (tabela 1)


(+) Estoque-alvo final de produtos acabados
(=) Total necessário
(–) Estoque inicial de produtos acabados
(=) Unidades a serem produzidas

O orçamento de consumo de materiais diretos e


o orçamento de compra de materiais diretos
A terceira etapa do orçamento requer duas variáveis: o material direto
que será consumido no processo de produção e o material direto que deverá
ser comprado para garantir o processo de produção.

Entende-se por material direto a matéria-prima (MP) que será empregada


na produção.

Observe a seguir que temos para esta etapa duas tabelas. Uma referente ao
consumo da matéria-prima e outra referente às compras de matéria-prima.

Vejamos cada uma delas separadamente.

No que concerne à tabela 3A do consumo, esta mostra basicamente qua-


tro colunas: uma coluna para as informações de consumo, duas outras para
os produtos que estão sendo produzidos e a quarta coluna com o total. Se
existissem três produtos teríamos cinco colunas e assim sucessivamente.

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Tabela 3A – Orçamento de consumo de materiais diretos para o ano


findo em 31/12/X1

Produto A Produto B Total


Orçamento de unidades físicas
Identificação da MP e unidades . preço unitário
a ser usado na produção
Orçamento de custos
(Disponível do estoque inicial)
Identificação da MP:
preço unitário . quantidade
Compras deste período
Identificação da MP: preço atual . (orçamento
unidades físicas – disponível estoque inicial)
Materiais diretos a serem usados
(Soma: disponível do estoque inicial
+ compras)

A primeira informação trata do orçamento das unidades físicas. Para en-


contrarmos essa informação, identificamos a matéria-prima que será empre-
gada e multiplicamos pelo preço unitário do período.

A segunda informação se refere ao disponível no estoque (inicial). Lem-


bre-se que se trata de outro preço, pois esse estoque refere-se ao final do pe-
ríodo anterior e, portanto, inicial deste. Basta multiplicarmos as quantidades
em estoque pelo preço daquele período.

A terceira informação trata das compras deste período que obtivemos a


partir da multiplicação do preço atual pela diferença entre o que foi orçado
neste período pelo que existe no estoque inicial.

Por fim, obtemos os materiais a serem usados pela soma do estoque ini-
cial com as compras deste período.

A tabela 3B revela o orçamento de compras. Note que somente é possível


fazer esta tabela a partir da anterior, pois ela começa exatamente com o con-
sumo de produção encontrado na tabela 3A.

Uma vez encontradas as compras conforme a seguir, basta multiplicar-


mos pelo preço atual e unitário do período.

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Tabela 3B – Orçamento de compras de materiais diretos para o ano


findo em 31/12/X1

Matéria-prima Total
Orçamento de unidades físicas
Consumo de produção (tabela 3A)
(+) Estoque-alvo final
(=) Total necessário
(–) Estoque inicial
(=) Compras
Orçamento de custos
Compras de matéria-prima:
quantidade . preço unitário

O orçamento de mão de obra direta


O orçamento de mão de obra direta (MOD) deve ser feito segundo alguma
base de rateio previamente definida. Por exemplo: o orçamento de mão de obra
direta pode ser feito com base nas horas empregadas na produção inteira; ou de
parte de um produto; ou ainda num determinado departamento da empresa.

Vamos supor para o quadro abaixo para apenas um departamento.

Tabela 4 – Orçamento de mão de obra direta para o ano findo em


31/12/X1
Mão de obra no
Total
departamento A
Orçamento de horas de mão de obra
Identificação da MOD no depto:
unidades . horas/unidade
Total de horas
Orçamento de custos
Mão de obra no depto: valor por
hora . quantidade de horas
Total

Observe que na tabela 4 temos três colunas: a primeira onde aparece a


identificação, a segunda que revela a mão de obra num determinando de-
partamento fabril e o total.

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Na coluna da identificação deve ser destacado que obtemos o orçamento


da mão de obra através do valor por hora vezes a quantidade de horas em-
pregadas naquele departamento. Para encontrarmos a quantidade de horas,
basta multiplicarmos as unidades a serem produzidas pela quantidade de
horas que passam naquele departamento.

O orçamento de custos indiretos de fabricação


Os custos indiretos de fabricação são aqueles que dificilmente conse-
guimos apropriá-los aos produtos com um certo grau de confiabilidade.
Por exemplo, imagine uma fábrica de sacos plásticos. É fácil perceber que o
polipropileno (aquelas bolinhas brancas de plástico) que alimentam a má-
quina extrusora representam matéria-prima para a fabricação das sacolas e,
portanto, representam custos diretos, pois conseguimos apropriá-las dire-
tamente à sacola plástica. Por outro lado, imagine o supervisor do chão de
fábrica. Seu salário é direto ou indireto? A resposta é simples, para esse caso
é indireto, pois não conseguimos apropriar diretamente seu salário à produ-
ção das sacolas como fazemos com a matéria-prima.

Assim como nos custos diretos encontramos os custos fixos e variáveis, nos
indiretos também encontramos. Enquanto os variáveis se alteram com o volu-
me de produção, os fixos não se alteram com o aumento ou redução do
volume de produção.

Uma observação deve ser feita sobre os variáveis. Quando da elaboração


desta etapa devemos atentar quanto à base de rateio dos custos indiretos
variáveis. Normalmente, essas informações são passadas para o administra-
dor da empresa avaliar e empregar a base de rateio.

A seguir encontramos uma tabela com um exemplo de alguns custos in-


diretos fixos e variáveis.

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Tabela 5 – Orçamento de custos indiretos de fabricação para o ano


findo em 31/12/X1

Custos indiretos variáveis de fabricação


Suprimentos
Mão de obra indireta
Luz e energia
Manutenção
Total dos indiretos variáveis
Custos indiretos fixos de fabricação
Depreciação
Impostos
Seguros
Supervisão da fábrica
Total dos indiretos fixos
Total dos custos indiretos de fabricação

O orçamento de estoques finais


Para orçar o estoque final, facilita se trabalharmos com duas tabelas: uma
para calcularmos o custo unitário de produção e outra para os estoques
finais propriamente ditos.

A tabela 6A mostra exatamente o cálculo do custo unitário de produção.


Para obtermos, basta separarmos na primeira coluna, conforme demonstra-
do, todos custos envolvidos no processo, por exemplo: os materiais diretos
(matéria-prima), a mão de obra direta e os custos indiretos.

Conhecendo suas quantidades unitárias basta multiplicarmos pelo preço


unitário de cada um deles para obtermos o custo unitário de produção, con-
forme a seguir.

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Uma observação deve ser feita antes de passarmos para a próxima tabela.
É necessário sabermos que este custo unitário refere-se às unidades inicia-
das e completadas em X1 (neste caso, por exemplo, podemos empregar o
método PEPS – Primeiro que Entra, Primeiro que Sai do estoque). Somente
com o método determinado podemos partir para a elaboração da próxima
tabela.

Tabela 6A – Cálculo de custo unitário de estoque final de produtos


acabados em 31/12/X1

Custo/un. de insumo (R$) Quantidade Total


Materiais diretos
Matéria-prima
Mão de obra (MOD) direta
MOD no departamento
Custos indiretos
Total

Na tabela 6A fica fácil perceber que, para obtermos o custo unitário, basta
multiplicarmos o custo unitário pela quantidade e, após, somarmos todos os
custos envolvidos.

Tabela 6B – Orçamento de estoques finais 31/12/X1

Custo por unidade Quantidade Total


Materiais diretos
Matéria-prima
Produtos acabados
Produto
Total do estoque final

A tabela 6B acima é talvez a mais fácil de preparar, pois basta tomarmos


os valores unitários encontrados na tabela 6A e multiplicarmos pelo valor
das quantidades do estoque final, seja os materiais diretos, seja os produ-
tos acabados.

O orçamento do Custo de Produtos Vendidos (CPV)


Para orçar o CPV é bastante simples, pois todas as informações são reuni-
das a partir das tabelas previamente calculadas. Portanto, basta conhecermos

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a primeira coluna e lançar os valores conhecidos das tabelas anteriores. Ob-


serve na tabela 7 como isso é feito.

Tabela 7 – Orçamento do custo dos produtos vendidos para o ano


findo em 31/12/X1 (em R$)

Estoque inicial de produtos acabados,


Dado inicial
1.° de janeiro de X1
Materiais diretos usados Tabela 3A
Mão de obra direta Tabela 4
Custos indiretos de fabricação Tabela 5
Total dos custos de produção (Tabelas: 3A+4+5)
Custo de produtos disponíveis para a (Dado inicial + total custo de
venda produção)
Deduzir estoque final de produtos aca- Tabela 6B
bados, 31/12/X1
Custo de produtos vendidos CPD – Tabela 6B

O orçamento de custos não relacionados


com a fabricação (despesas)
A oitava etapa trata das despesas incorridas durante o processo de pro-
dução. Existe, para efeitos contábeis, uma distinção entre custos e despe-
sas. Enquanto os custos, como vimos até agora, são os gastos monetários do
processo de produção, as despesas também são gastos monetários mas não
guardam uma relação direta com a produção. Assim, apresentamos a seguir
uma tabela que apresenta alguns exemplos de despesas.

Tabela 8 – Orçamento dos custos de não fabricação para o ano findo


em 31/12/X1 (em R$)

Identificação Variáveis Fixas Totais


Planejamento e Desenvolvimento (P&D)
Marketing
Distribuição
Atendimento ao cliente
Administração
Energia elétrica da administração
Total

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É importante notar que é possível ainda encontrarmos despesas variá-


veis e fixas. Para podermos bem apropriar as despesas variáveis é preciso
conhecermos as bases de rateio como fizemos na etapa dos custos indiretos
variáveis.

A demonstração de resultados orçados


O orçamento operacional termina com a demonstração de resultado
orçada. A elaboração desta tabela é simples, pois basta preenchê-la com as
informações obtidas nas tabelas 1, 7 e 8. Vejamos:

Tabela 9 – Demonstração de resultados orçados para o ano findo em


31/12/X1

Receitas Tabela 1
Custo de produtos vendidos Tabela 7
Margem bruta (Tabela 1 – Tabela 7)
Custos operacionais
P&D Tabela 8
Marketing Tabela 8
Distribuição Tabela 8
Atendimento ao cliente Tabela 8
Administração Tabela 8
Energia elétrica da administração Tabela 8 (Total da tabela 8)
Lucro operacional (Margem bruta – tabela 8)

A fim de que possamos bem guardar os conceitos do orçamento opera-


cional, vejamos uma aplicação passo a passo.

Exemplo
A Pranchas Ltda. fabrica e vende pranchas de surfe, porém, fabrica um
único modelo, o Tubo. No verão de 2003, o contador desta empresa obteve
os seguintes dados para preparar o orçamento operacional de 2004 (HORN-
GREN; DATAR; FOSTER, 2006, v.1).

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Requisitos de materiais e mão de obra (diretos)


Materiais diretos
Madeira 5 pés de madeira (p.m.) por prancha
Fibra de vidro 6 metros por prancha
MOD 5 horas por prancha

O presidente executivo da empresa espera vender 1 000 pranchas em


2004 a um preço estimado de R$450,00 cada prancha. Além disso, ele espera
um estoque inicial para 2004 de 100 pranchas e gostaria de terminar 2004
com 200 pranchas em estoque.

Estoques de materiais diretos


Estoque inicial (1/1/2004) Estoque final (31/12/2004)
Madeira 2 000p.m. 1 500p.m.
Fibra de vidro 1 000m 2 000m

Preços em unidades
Preço por unidade de 2003 Preço por unidade de 2004
Madeira R$28,00 por p.m. R$30,00 por p.m.
Fibra de vidro R$4,80 por metro R$5,00 por metro
MOD R$24,00 por hora R$25,00 por hora

Os custos indiretos variáveis de fabricação são alocados a uma taxa de


R$7,00 por hora de MOD. Também há R$66.000,00 em custos fixos indiretos
de fabricação orçados para 2004. A empresa junta os CIF variáveis e fixos de
fabricação em uma única taxa baseada nas horas de MOD. Os custos variá-
veis de marketing são alocados a uma taxa de R$250,00 por visita de vendas.
O plano de marketing estima 30 visitas de vendas durante 2004. Finalmente,
há R$30.000,00 em despesas orçadas para 2004.

O custo unitário do produto para o estoque final de PA no dia 31 de dezem-


bro de 2003 é de R$374,80. Suponha que a empresa use o método PEPS de
estoque para MD e PA. Não há produtos em processo para esta aplicação.

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Etapa 1 – Orçamento de receitas para o findo em 31/12/2004

Preço de venda Unidades vendidas Total de receitas


Pranchas R$450,00 1 000 R$450.000,00

Etapa 2 – Orçamento de produção (em unidades) para o ano findo em


31/12/2004

Vendas unitárias (tabela 1) 1 000


(+) Estoque-alvo final de produtos acabados 200
(=) Total necessário 1 200
(–) Estoque inicial de produtos acabados 100
(=) Unidades a serem produzidas 1 100

Etapa 3A – Orçamento de consumo de materiais diretos para o ano


findo em 31/12/2004

Madeira Fibra de vidro Total


Orçamento de unidades físicas
M*: 1 100 unidades . 5 p.m. por unidade 5 500 p.m.
FV**: 1 100 unidades . 6m por unidade 6 600m
A ser usado na produção 5 500 p.m. 6 600m
Orçamento de custos (disponível do es-
toque inicial)
M*: R$28,00 por p.m. . 2 000 p.m. R$56.000,00
FV**: R$4,80 por m . 1 000m R$4.800,00
Compras deste período:
M*: R$30,00 por p.m. . (5 500p.m. – R$105.000,00
2 000 p.m.)
FV**: R$5,00 por p.m. . (6 600p.m. – R$28.000,00
1 000p.m.)
Materiais diretos a serem usados R$161.000,00 R$32.800,00 R$193.800,00
*M = madeira
**FV = fibra de vidro

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Etapa 3B – Orçamento de compras de materiais diretos para o ano


findo em 31/12/2004

Madeira Fibra Total


Orçamento em unidades físicas
Consumo de produção (etapa 3A) 5 500p.m. 6 600m
(+) Estoque-alvo final 1 500p.m. 2 000m
(=) Total necessário 7 000p.m. 8 600m
(–) Estoque inicial 2 000p.m. 1 000m
(=) Compras 5 000p.m. 7 600m .
Orçamento de custos
M: 5 000 p.m. . R$30,00 por p.m. R$150.000,00
FV: 7 600m . R$5,00 por m R$38.000,00
Compras R$150.000,00 R$38.000,00 R$188.000,00

Etapa 4 – Orçamento de mão de obra direta para o ano findo em


31/12/2004

Total de horas Total custos


Orçamento de horas de MO
Unidades: 1 100 unidades . 5 horas/unidade 5 500 horas
Orçamento de custos
R$25,00 por hora . 5 500 horas R$137.500,00

Etapa 5 – O orçamento de custos indiretos de fabricação

CIF = CF + CV
Custo fixo = R$66.000,00
Custo variável = R$7,00/hora . 5 500h = R$38.500,00
Total dos CIF = R$104.500,00
Custo indireto de fabricação por prancha (R$104.500,00/1 100) = R$95,00 por prancha

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Etapa 6A – Cálculo do custo unitário de estoque final de produtos


acabados em 31/12/2004

Custo unitário Quantidade Total


Materiais diretos
Madeira R$30,00 por p.m. 5p.m. R$150,00
Fibra de vidro R$5,00 por m 6m R$30,00
Mão de obra direta
MOD R$25,00 por hora 5 horas R$125,00
Custos indiretos R$19,00 por hora 5 horas R$95,00
Total R$400,00

Obs.: o custo encontrado (orçado) para o ano 2004 de R$400,00 é compa-


rado ao custo do ano de 2003 que é de R$374,80.

Etapa 6B – Orçamento de estoques finais 31/12/2004

Custo unitário Quantidade Total


Materiais diretos
Madeira R$30,00 por p.m. 1 500p.m. R$45.000,00
Fibra de vidro R$5,00 por m 2 000m R$10.000,00
Produtos acabados
Pranchas R$400,00 por unid. 200 unidades R$80.000,00
Total do Estoque final R$135.000,00

Etapa 7 – Preparação do orçamento do custo do produto vendido


As informações da tabela 3 e da tabela 6 são usadas na tabela 10.

Tabela 10 – Orçamento do custo do produtos vendidos para ano


findo em 31/12/2004

Estoque inicial de produtos acabados, 1.° de Dado


R$37.480,00
janeiro de 2003 (R$374,80 x 100) inicial
Materiais diretos usados Etapa 3A R$193.800,00
Mão de obra direta Etapa 4 R$137.500,00
Custos indiretos de fabricação Etapa 5 R$104.500,00
(=) Total dos custos de produção R$435.800,00
(=) Custo de produtos disponíveis para a venda R$473.280,00
Deduzir estoque final de produtos acabados, Tabela 6B R$80.000,00
31/12/2004 (200 x R$400,00)
Custo de produtos disponíveis R$393.280,00

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Etapa 8 – Prepare o orçamento de custos não relacionados com a fa-


bricação (despesa)

Custos variáveis de marketing = R$250,00/visita . 30 visitas = R$7.500,00

Despesas orçadas = R$30.000,00

Total dos custos não relacionados = R$37.500,00

Tabela 11 – Demonstração de resultados orçados para o ano findo


em 31/12/X1

Receitas Tabela 1 R$450.000,00


Custo de Produtos Vendidos Tabela 7 R$393.280,00
Margem bruta R$56.720,00
Custos operacionais
Marketing Tabela 8 R$7.500,00
Despesas orçadas Tabela 8 R$30.000,00
Lucro operacional R$19.220,00

Conclusão
O que podemos perceber neste capítulo é que elaborar um orçamento
operacional é uma tarefa bastante longa, mas ao mesmo tempo fácil se co-
nhecidas todas as etapas envolvidas no processo.

Uma maneira de fixar bem os conceitos e as etapas é a prática, isto quer


dizer que, ao elaborar vários orçamentos, errando e acertando, acabamos no
final das contas assimilando todos os conceitos vistos até aqui.

Ampliando seus conhecimentos

Novas abordagens ao processo de elaboração


do orçamento
(MAHER, 2001)

A HON Company é a maior fabricante de móveis para escritório dos Estados


Unidos e do Canadá. A HON estabeleceu que o orçamento representa impor-
tante ferramenta de controle para que possa atingir dois objetivos estratégicos:

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(1) desenvolvimento permanente de novos produtos e (2) melhoras contínuas,


rapidamente implantadas. Ao vincular estratégia e orçamento, a companhia
percebeu que teria de rever o orçamento mais do que uma vez por ano.

A companhia decidiu preparar orçamentos anuais a cada trimestre. Isso


exige que o orçamento dos três trimestres seguintes, preparado no trimestre
anterior, seja revisto, e que o orçamento de um novo trimestre seja adiciona-
do. O processo envolve cinco passos:

 elaborar o orçamento de vendas, por linha de produto;

 com base no orçamento de vendas, preparar o orçamento e o planeja-


mento da produção;

 preparar orçamentos dos custos de produção e das despesas de distri-


buição, de vendas e administrativas;

 consolidar os orçamentos departamentais e das fábricas, e comparar os


resultados do orçamento com o plano estratégico;

 preparar um pacote completo do orçamento, para encaminhamento à


controladora.

A administração e os empregados da HON acreditam que, planejando as


operações trimestralmente, podem fazer uma avaliação justa das melhoras
alcançadas, e assim estabelecer objetivos realistas para o futuro.

Atividades de aplicação
1. Uma determinada empresa produz caixas para embalagens em metal.
As vendas projetadas para o primeiro trimestre do ano vindouro e os
dados sobre o estoque inicial e final são os seguintes:

Vendas 100 000 unidades


Preço por unidade R$15,00
Estoque inicial 8 000 unidades
Estoque-meta final 12 000 unidades

As caixas são moldadas e então pintadas. Cada caixa exige 4kg de me-
tal, que custa R$2,50 por kg. O estoque inicial de matéria-prima é de

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4 000kg. A empresa quer ter 6 000kg de metal em estoque no final do


trimestre. Cada caixa produzida exige 30 minutos de tempo de mão
de obra direta, que é cobrada a R$9,00 por hora. Pede-se: prepare o
orçamento de vendas para o primeiro trimestre.

2. Com base nas informações da questão 1, prepare o orçamento de pro-


dução para o primeiro trimestre.

3. Com base nas informações da questão 1, prepare o orçamento de


compras de materiais diretos para o primeiro trimestre.

4. Com base nas informações da questão 1, prepare o orçamento de mão


de obra direta para o primeiro trimestre.

5. Uma empresa deseja fazer seu orçamento de produção e reúne as se-


guintes informações:

Vendas orçadas = 1 000 unidades

Estoque-alvo final de produtos acabados = 200 unidades

Estoque inicial de produtos acabados = 100 unidades

Pergunta: quantas unidades devem ser produzidas?

6. Uma empresa está na nona etapa do seu orçamento operacional e


reúne as seguintes informações:

 Receitas = R$1.200.000,00

 CPV = R$800.000,00

 Despesas operacionais = R$500.000,00

Pergunta: informe seu orçamento do resultado.

Gabarito
1.

Orçamento de vendas
Unidades 100 000
Preço R$15,00
Vendas R$1.500.000,00

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2.

Orçamento de produção
Vendas 100 000
(+) Estoque final 12 000
(=) Total 112 000
(–) Estoque inicial 8 000
Unidades a serem produzidas 104 000

3.

Orçamento de compras de materiais diretos


Unidades a serem produzidas 104 000
Materiais diretos por unidades x 4kg
Necessidade de produção 416 000kg
(+) Estoque final desejado 6 000kg
Total das necessidades 422 000kg
(–) Estoque inicial 4 000kg
(=) Materiais a serem comprados 418 000kg
Custo por kg R$2,50
Total das compras R$1.045.000,00

4.

Orçamento de MOD (Mão de Obra Direta)


Unidades a serem produzidas 104 000
Tempo de MOD 0,5horas
Total necessário 52 000 horas
Salário por hora R$9,00
Total do custo da MOD R$468.000,00

5.

Vendas unitárias 1 000


(+) Estoque-alvo final de produtos 200
acabados
(=) Total necessário 1 200
(–) Estoque inicial de produtos aca- 100
bados
(=) Unidades a serem produzidas 1 100

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6.

Receitas R$1.200.000,00
(–) Custo de Produtos Vendidos R$800.000,00
(=) Margem bruta R$400.000,00
(–) Despesas operacionais R$500.000,00
Prejuízo operacional (R$100.000,00)

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