Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

Guia Completo Do Amputado

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 44

O Guia Completo do Amputado

O Guia Completo
do Amputado

IR PARA O ÍNDICE 1
O Guia Completo do Amputado

Olá! Seja bem-vindo(a)


Vamos supor que alguém descobriu recentemente um tumor na perna direita,
e não há outra saída além da amputação. Ou então, sofreu um grave acidente e
precisou amputar as duas pernas na altura do joelho.

Onde eles poderão se inteirar mais sobre a nova realidade, se quase não há
informações específicas sobre próteses e amputações disponíveis na internet?

Vamos solucionar este problema através deste guia.

Após anos submersos no universo da protetização, pudemos conhecer de


perto inúmeras histórias de superação de amputados, e entendemos que é
um processo difícil de ser enfrentado sozinho, especialmente se as condições
da nova realidade são desconhecidas.

A boa notícia é que após ler este material do começo ao fim, várias dúvidas
comuns sobre este assunto terão sido respondidas.

Agradecemos o interesse em nosso ebook. Bom proveito!

IR PARA O ÍNDICE 2
O Guia Completo do Amputado

Objetivo do guia
Este guia foi idealizado para orientar de forma positiva e simples,
todos os recém-amputados através de dicas, tutoriais e relatos.
Queremos demonstrar que o caminho para adaptação é possível e
que nossa capacidade de superação é ilimitada.

Tentamos ser o mais claro e objetivo possível, usando o mínimo de


termos técnicos. Porém, caso não entenda alguma palavra ou ex-
pressão, separamos um dicionário de termos ao final deste ebook,
feito especialmente para esclarecer tudo o que se refere a este
universo.
O guia se propõe a ajudar o amputado quanto:
Aprender os cuidados gerais com o coto;
As oscilações psicológicas que surgem durante o processo de fisio-
terapia e adaptação;
A responder dúvidas frequentes referentes à protetização;
A explicar as facilidades e créditos que todo amputado tem direito.

A Conforpés e toda sua equipe profissional estará à disposição para


solucionar qualquer dúvida que surgir durante a leitura deste material.

IR PARA O ÍNDICE 3
O Guia Completo do Amputado

Índice
Causas da amputação..........................................................................................................................6
Tipos de amputação....................................................................................................................................8
Dessensibilização................................................................................................................................10
Procedimentos para dessensibilização..........................................................................................11
Pós-operatório: quanto tempo após a amputação poderá ser feito a protetização?..12
Enfaixamento.......................................................................................................................................13
Passo a passo para enfaixamento de coto abaixo do joelho................................................14
Passo a passo para enfaixamento de coto acima do joelho..................................................14
Higienização........................................................................................................................................15
Sudorese......................................................................................................................................................16
Banho............................................................................................................................................................17
A importância da psicoterapia após amputação......................................................................18
Entenda a Síndrome do Membro Fantasma...............................................................................20
Sensação fantasma...................................................................................................................................21
Dor fantasma.............................................................................................................................................21

IR PARA O ÍNDICE 4
O Guia Completo do Amputado

Prótese – visão geral.........................................................................................................................22


Tipos de prótese.......................................................................................................................................23
Componentes de prótese superior..................................................................................................27
Componentes de prótese inferior....................................................................................................28
Quanto tempo leva a adaptação a próteses?............................................................................29
Características que influenciam na adaptação..........................................................................30
Acompanhamento fisioterápico....................................................................................................31
Vou poder continuar com minhas atividades anteriores?....................................................34
Crédito acessibilidade......................................................................................................................35
Compra de veículo com isenção de impostos............................................................................36
Depoimentos.......................................................................................................................................37
História da Conforpés, Nelson e Nelsinho.................................................................................39
Dicionário com termos.....................................................................................................................40

IR PARA O ÍNDICE 5
O Guia Completo do Amputado

Causas da Amputação
Desde a época das guerras mundiais, a amputação é um
dos procedimentos cirúrgicos mais frequentes da medici-
na. Esse processo se faz necessário quando não há espe-
rança de que o membro voltará a ser saudável.

A amputação pode ocorrer em três níveis:

1 Nível proximal

2 Nível médio
1
3 Nível distal
2
É através deles, que o profissional especializado conse-
guirá definir a melhor prótese para cada caso, a fim de
possibilitar um ajuste mais confortável, menos dolorido e 3
evitando ao máximo possíveis complicações. 1

IR PARA O ÍNDICE 6
O Guia Completo do Amputado

Gangrena: é a morte ou apodrecimento de extremida-


des corporais, como: pés, pernas, dedos e mãos, causa-
dos ou por problemas arteriais ou infecções bacteria-
nas;

As principais causas para que ocorra a amputação, são: Infecções: menos frequente e sem uma faixa etária es-
pecífica, geralmente é decorrente de algum problema
Malformação congênita: geralmente realizada em de cicatrização originados após cirurgias, da meningite
crianças ou adolescentes que nasceram com alguma meningocócica ou necrose;
parte do corpo malformada – por exemplo, pés ou
braços mal desenvolvidos – que podem comprometer Traumatismo: uma das causas mais recorrentes, por
a qualidade de vida no futuro; ser comum após graves acidentes de trabalho, cho-
ques de alta tensão, hemorragias, queimaduras, esma-
Problemas vasculares: frequentemente realizada em gamentos ou acidentes de trânsito;
pessoas com mais de 50 anos, ocorre quando há um
entupimento nas veias, causados ou pelo tabagismo, Tumores: provocada geralmente por algum tumor ma-
hipertensão arterial, diabetes, sedentarismo, obesidade ligno ósseo diagnosticado tardiamente, como osteo-
ou estresse, impedindo a circulação sanguínea regular melite ou osteíte, é mais comum nos membros inferio-
na área; res ou em adolescentes.

IR PARA O ÍNDICE 7
O Guia Completo do Amputado

Tipos de Amputação Amputação Superior

1
1 Desarticulação de ombro
2
2 Amputação Transumeral
3
3 Desarticulação do cotovelo
4
4 Amputação transradial
5

5 Desarticulação do punho 6

6 Desarticulação parcial de mão

IR PARA O ÍNDICE 8
O Guia Completo do Amputado

Amputação Inferior

1 Hemipelvectomia

2 Desarticulação do quadril

3 Amputação transfemoral 1

2
4 Desarticulação do joelho

5 Amputação transtibial 3

6 Amputação do pé
4

IR PARA O ÍNDICE 9
O Guia Completo do Amputado

Dessensibilização
Logo após o pós-operatório, é recomendado iniciar a rotina
de exercícios de dessensibilização, ou seja, movimentos
que irão evitar dores intensas e auxiliar o coto a reconhe-
cer diversas sensações, como o frio ou calor.

Os materiais que auxiliam na dessensibilização, são:


Toalha
Cubo de gelo
Escova de dente
Algodão
Esponja de face fina ou grossa
Lixa fina ou grossa

IR PARA O ÍNDICE 10
O Guia Completo do Amputado

Procedimentos para dessensibilização:


Pequenos toques com a toalha: com uma toalha – de pre- Massagem Proprioceptiva: durante 5 minutos com um
ferência morna – comece tocando levemente as extremi- cubo de gelo, iniciar a massagem com movimentos circula-
dades do coto, para que ele se acostume gradativamente res ao redor da cicatrização, com a intenção de transpas-
com o toque. Depois, durante 3 minutos passe a toalha na sar duas sensações: o frio e o liso. Depois, submergir uma
parte de cima do coto; depois mais 3 minutos embaixo e esponja em água morna, e por mais 5 minutos continuar
por fim, mais 3 minutos na extremidade residual. com o mesmo movimento inicial, para que ele sinta o calor
e o áspero. Secar a região com uma toalha felpuda, pres-
Massagem simples: durante 5 minutos, realize movimen- tando sempre atenção para não exercer muita pressão no
tos leves e circulares, ou de cima para baixo, na região do local. Finalizar com uma massagem de 5 minutos feita com
coto, aumentando a circulação, sensibilidade e resistência o auxílio de uma escova de dente.
do membro. O objetivo dessa massagem é passar para o coto diversos
tipos de sensações, aumentando sua propriocepção.

É de extrema importância que esses procedimentos sejam realizados diariamente ou em dias alternados, pois auxiliam no proces-
so de cicatrização e diminuem o risco do paciente sofrer com dores intensas ou com a síndrome do membro fantasma.

Os materiais utilizados em cada processo podem ser alternados. Por exemplo, se na segunda feira foi realizada a massagem
proprioceptiva com gelo, esponja grossa e escova de dente, na terça-feira ela poderá ser feita com algodão, lixa grossa e es-
ponja fina.

IR PARA O ÍNDICE 11
O Guia Completo do Amputado

Pós-operatório: quanto tempo após a amputação


poderá ser feito a protetização?
Há inúmeros fatores que influenciam no processo de rea- rapeuta não indique de antemão a protetização provisó-
bilitação, como: o aumento ou a diminuição do peso cor- ria. Este procedimento não é adequado para todos.
poral; membro amputado; nível de amputação e o apoio
de pessoas próximas. Geralmente, o processo para o início do uso das pró-
teses dura até 6 meses. Esse é o tempo recomendado
Porém, apesar da influência externa, cabe ao amputado para a ferida do membro residual finalizar a cicatrização.
a maior parcela de esforço para completar totalmente a É neste período, que o amputado deve aproveitar para
reabilitação. Este é um procedimento diferente de pes- conversar com outras pessoas que já usam próteses, a
soa para pessoa, já que devemos levar em consideração a fim de se familiarizar com a rotina diária de exercícios e
idade, o estado emocional e a situação socioeconômica de dificuldades comuns do dia a dia.
cada um.
A meta após a amputação, é preparar o paciente para
É comum em alguns casos, utilizar próteses com encaixe a prótese, proporcionando mobilidade e independên-
provisório 10 dias após a amputação. Com ela é possível cia, para que ele volte com sua rotina habitual o quanto
apoiar parcialmente o peso do coto e dar início ao treina- antes, sempre respeitando suas limitações físicas e psico-
mento de marcha. Entretanto, não espante caso o fisiote- lógicas.

IR PARA O ÍNDICE 12
O Guia Completo do Amputado

Enfaixamento
Após obter boa cicatrização, todo amputado deve partir O enfaixamento é importante, pois:
para o processo de enfaixamento do coto, através de uma
atadura ou faixa elástica. Recomendados que o primeiro 1 Estimula a circulação sanguínea e metabolismo;
enfaixamento seja realizado com o acompanhamento de
um profissional qualificado. Indicamos também trocá-lo 3 2 Elimina possíveis edemas;
vezes durante o dia, e nunca permanecer por mais de 12
horas com o coto numa mesma posição. 3 Prepara o coto para receber a prótese.

IR PARA O ÍNDICE 13
O Guia Completo do Amputado

Passo a passo para coto abaixo do joelho: Passo a passo para coto acima do joelho:

1 De trás para frente, comece passando a faixa 1 Comece passando a faixa por detrás da coxa do
acima da articulação do joelho; paciente até a virilha;

Em formato de infinito ou 8, enrole todo o coto, Em formato de infinito, comece a dar as voltas,
2 2
exceto em cima do joelho (para não comprometer enrolando todo o coto;
a mobilidade do membro);
Finalize com uma fita branca ou atadura elástica.
3
3 Finalize com uma fita branca ou atadura elástica.

É importante que a pressão seja uniforme em toda faixa, para que o paciente não sinta dores em áreas específicas. Caso isso
ocorra, o procedimento deve ser repetido até que o incômodo desapareça.

Outro hábito recomendado, é o de lavar as faixas elásticas ao menos uma vez por mês.

IR PARA O ÍNDICE 14
O Guia Completo do Amputado

Higienização
Por se tratar de uma área que passou por um processo complexo, resultando em várias cica-
trizes e perda significativa da sensibilidade, é imprescindível que o coto seja a região de maior
cuidado diário. O Dr. Sancinetti afirma que, além dos exercícios e massagens que vimos ante-
riormente, a higiene também é indispensável e suas etapas devem ser seguidas rigorosamente.

Se estiver sozinho, tenha sempre o hábito de observar o coto através de um espelho, procuran-
do por manchas de origem desconhecidas, má cicatrização ou pequenas protuberâncias, que
podem futuramente originar um edema.

Após a inspeção, se estiver tudo bem com o coto, siga para a higienização:
Lave-o pelo menos uma vez por dia com água Seque-o com uma toalha macia ou felpuda, mas
1 morna e sabonete neutro, sempre realizando
movimentos leves e circulares com o sabão;
2 evitando o contato direto na cicatriz;

Quando estiver seco, massageie a região com um Se a pessoa já faz uso de próteses, caso a higie-

3 creme hidratante. É muito comum as áreas pós


amputação ficarem ressecadas; 4 nização seja realizada durante a manhã, certi-
fique-se de que o coto está bem seco antes de
vestir a prótese;

Além da higienização diária, tomar banho de sol é um ótimo hábito para fortalecer o osso e
a pele, uma vez que a luz solar é rica em vitamina D.

IR PARA O ÍNDICE 15
O Guia Completo do Amputado

Evitar sudorese e pele oleosa:


Durante as primeiras 2 e 6 semanas de protetização, é
possível um aumento da transpiração. Chamamos esse
fenômeno de sudorese. Este efeito irá desaparecer gra-
dualmente, porém, é bom ter em mente alguns cuidados
básicos para diminuí-lo:

I. O paciente pode fazer uso de meia entre a pele


e o liner, para absorver um pouco do suor da pele;

II. Para remover parte da gordura da pele, lave


diariamente a superfície interna do silicone com deter-
gente hipoalérgico e PH neutro;
Meia
III. Se possível, limpar as extremidades da prótese
com uma quantidade pequena de álcool, em um pano
macio e limpo.

IR PARA O ÍNDICE 16
O Guia Completo do Amputado

Banho
Um hábito que faz parte da rotina de todas as pessoas, seja qual for a
idade, etnia ou cultura, é o banho. É comum surgir inúmeras dúvidas
na cabeça do recém-amputado em relação a isso, principalmente se a
amputação aconteceu em algum membro inferior.

O mais adequado, se possível, é que a pessoa conte com a ajuda de


outro alguém para essa atividade, e que de preferência, o banheiro
seja adaptado com barras de apoio nas paredes próximas ao chu-
veiro e do vaso sanitário. Caso a residência não seja adaptada, fique
tranquilo! Mais à frente iremos explicar sobre os principais créditos e
facilidades para realizar esta reforma.

É bom ter em mente que não há uma prótese específica para o banho
diário, apenas para quem deseja frequentar piscinas ou o mar, como a
3R80, por exemplo.

Se banhar com a prótese, seria a mesma atitude de tomar banho com


um sapato: o pé continuaria sujo, da mesma forma que o coto não
seria higienizado.

Ter uma cadeira de banho é o mais indicado nesses casos.

IR PARA O ÍNDICE 17
O Guia Completo do Amputado

A importância da psicoterapia
após amputação
Do ponto de vista psicológico, independente da origem da am-
putação, o sentimento de dor e perda são tratados da mesma
maneira, visto que após o procedimento cirúrgico, todos os
pacientes se deparam com uma nova realidade.

Por exemplo, a maioria das pessoas tendem a acreditar que


alguém que perdeu um dedo da mão ou do pé, se adapta melhor
a nova rotina, do que aqueles que perderam uma perna ou um
braço, mas isso não é verdade.

O sofrimento e capacidade de superação está muito mais atre-


lado ao contexto social, histórico e cultural que o paciente está
inserido, do que com a área amputada.

O receio diante da nova imagem não ser aceita pelos outros,


até mesmo pela própria pessoa e as limitações do dia-a-dia, são
fatores constantes que rondam a mente dos recém-amputados.
São nessas circunstâncias que a psicoterapia se faz necessária,
pois, é através dela que a pessoa irá enfrentar a situação e en-
tender as fases que perder uma parte do corpo implica.

IR PARA O ÍNDICE 18
O Guia Completo do Amputado

O tratamento reflete diretamente em sua qualidade de vida e minuindo as chances do paciente desenvolver psicopatologias
reabilitação física e mental, tornando-se capaz de concluir a relacionadas ao luto por perda de membro corporal, como a
adaptação de maneira adequada e saudável, evitando ou di- depressão, por exemplo.

IR PARA O ÍNDICE 19
O Guia Completo do Amputado

Entenda a Síndrome do Membro Fantasma


Além das oscilações psicológicas e dúvidas
durante a fisioterapia, também é frequente a
queixa sobre a síndrome do membro fantas-
ma.

Leva este nome, pois trata-se de uma con-


dição neurofisiológica, na qual a parte des-
membra-se do corpo, porém, não do cérebro,
ocasionando dores e impressões tão reais.
De acordo com o Dr. Sancinetti, ela pode se
manifestar de duas maneiras: Sensação Fan-
tasma e Dor Fantasma.

IR PARA O ÍNDICE 20
O Guia Completo do Amputado

Sensação fantasma: trata-se de ainda sentir que o membro Dor fantasma: sem causa aparente, é uma ilusão que
está lá, mesmo após a amputação. Por exemplo, é como se machuca de verdade. Os pacientes relatam sentir forte
o cérebro fosse um computador e nossa perna uma impres- ardência, queimação e beliscões na área que anterior-
sora. Se cortássemos os fios que conectam as máquinas, o mente pertencia ao membro amputado. Geralmente ela é
computador ainda reconheceria a conexão, mesmo que os intensa e pode se intensificar ao longo dos anos. Sua cau-
fios estivessem danificados. É basicamente o que acontece: sa, ainda é um mistério para a medicina moderna, porém,
o cérebro continua achando que o corpo está intacto. o pouco que se sabe, é que tende a se manifestar com
Cerca de 66% dos amputados dizem senti-la ao longo da maior frequência em pacientes que sofreram amputação
vida. traumática.

Tendo em mente a protetização, é importante manter uma rotina diária de cuidados básicos, higiene e exercícios, que explica-
mos no início deste material, para manter uma boa desenvoltura muscular e articular. A atenção especial começa logo no pós-
-operatório e se estende por toda vida.

IR PARA O ÍNDICE 21
O Guia Completo do Amputado

Prótese - Visão Geral


Ao longo dos anos, a finalidade das próteses foi se modi-
ficando. Se antigamente ela tinha acabamento cosmético,
tentando apenas substituir esteticamente o membro des-
membrado, hoje sua prioridade é ser funcional, possibi-
litando que o amputado não dependa de outras pessoas
para realizar atividades diárias simples.

Para que ela atenda todas as funções motoras do paciente,


alguns componentes precisam ter um encaixe perfeito, o
que torna o processo de protetização um pouco extenso e
cansativo para muitas pessoas. As visitas ao centro de reabi-
litação serão constantes até encontrar o tamanho perfeito
de cada peça, o que diminui por completo possíveis descon-
fortos e dores que são comuns nesse período.

Para cada nível de amputação, há uma prótese correspon-


dente, que diferem em relação a fabricação e sua intenção
inicial: de apenas substituir esteticamente o membro per-
dido ou devolver suas funções motoras.

IR PARA O ÍNDICE 22
O Guia Completo do Amputado

Os materiais mais utilizados para fabricar as próteses são divididos em duas categorias:
1 Exoesqueléticas: feitas em resinas, PVC, fibra de carbono ou polipropileno, podendo ser ocas ou não;

2 Endoesqueléticas: também conhecidas como modulares, podem ser feitas em alumínio, aço, titânio ou fibra de carbono.

Dificilmente um amputado conseguirá decidir qual a mais indicada para ele, sem ao menos saber quais os tipos disponíveis no
mercado. Conheça:

Prótese Mecânica Prótese Elétrica


A fonte de energia é interna, sendo assim, é acionada Controlada por chave elétrica, é acionada pelo contato
pelo próprio paciente através de propulsão muscular; corporal;

IR PARA O ÍNDICE 23
O Guia Completo do Amputado

Prótese Biônica Prótese Híbrida Prótese Estética


A fonte de energia são eletrodos que Controladas por dois tipos de com- Mantém o aspecto semelhante aos
captam as contrações musculares, ponentes: biônico e mecânico, o que demais membros corporais, porém,
acionando os movimentos. Um pré- a torna mais funcional. Recomendada não é funcional, pois não proporciona
-requisito para utilizá-la, é a capaci- para pacientes com amputação acima funções ativas. Contudo, é utilizada
dade cognitiva do paciente em con- da articulação do cotovelo; eventualmente para apoiar objetos,
seguir distinguir os diferentes grupos como um copo por exemplo, mas sem
musculares, além da habilidade de a mobilidade do braço para pegá-lo.
contraí-los, tornando-a menos popu-
lar;

IR PARA O ÍNDICE 24
O Guia Completo do Amputado

Independente do material utilizado e sua finalidade, um compo-


nente que encontramos em todas as próteses, seja para amputa-
ção superior ou inferior, é o encaixe. Ele é específico de acordo
com o nível de amputação e é o responsável por englobar o coto
com a prótese, controlando o movimento. É a partir dele que o
processo de protetização é confeccionado, já que ele é a medida
exata do coto.

Por isso é tão importante manter um coto saudável, seguindo


diariamente os exercícios básicos e o enfaixamento adequado.

Atualmente há alguns métodos para medir o tamanho do coto.


Pode ser a laser, através de imagens digitais ou de um molde
de gesso, sendo este último o mais convencional. A partir des-
te molde, o primeiro soquete é produzido e nele são montados
todos os demais componentes protésicos complementares.

Encaixe

IR PARA O ÍNDICE 25
O Guia Completo do Amputado

Um outro elemento muito comum que compõe as próteses,


é o liner, que nada mais é do que um revestimento em sili-
cone, localizado entre o encaixe e o coto, que visa amenizar
o atrito da pele com os componentes, protegendo as partes
sensíveis.

O encaixe pode ser feito tanto com liner de silicone, quanto


por sucção. A diferença entre eles, é que no método por
sucção, há uma bomba que permite a saída de ar, ocasio-
nando vácuo entre o coto e a prótese. Isso evita pistona-
mentos, ou seja, garante que o coto não se se movimente
dentro do encaixe, além de controlar o volume do membro
residual e auxiliar a aumentar a circulação sanguínea na
região.
Liner
Os componentes por sua vez, diferente do encaixe e do
liner, são variáveis segundo o nível de amputação. Isso quer
dizer que os elementos encontrados em uma prótese para
amputação abaixo do joelho, não são necessariamente os
mesmos que uma prótese para desarticulação de quadril,
por exemplo.

IR PARA O ÍNDICE 26
O Guia Completo do Amputado

Componentes da prótese superior


As próteses de braço podem, além de recriar os movimentos das
mãos, garantir a imagem estética do corpo, através de peças cos-
méticas ou mioelétricas, que costumam ter componentes específi-
cos para cada uma delas.

A protetização via controle mioelétrico, permitem que o amputa-


do feche e abra os dedos e as mãos, por exemplo, através da ação
muscular. Cada contração do músculo resulta em uma tensão elé-
trica medida pela pele, sendo estes os sinais utilizados para coorde-
nar os componentes elétricos.

Este tipo de prótese exige muito do paciente, pois o processo de


reabilitação é ainda mais intenso do que os demais, visto que mes-
mo quem possui todos os membros corporais, não necessariamen-
te tem um controle total de todos os músculos do corpo.

IR PARA O ÍNDICE 27
O Guia Completo do Amputado

Componentes da prótese inferior


Abaixo do joelho:
Encaixe Rígido
Liner
Sistema tornozelo-pé
Espuma cosmética
Pilar de sustentação

Acima do joelho:
Encaixe
Encaixe flexível ou liner
Desarticulação do joelho
Sistema tornozelo-pé
Pilar de sustentação
Espuma cosmética

Desarticulação de quadril:
Encaixe
Articulação de quadril
Componentes modulares
Joelho

Espuma

IR PARA O ÍNDICE 28
O Guia Completo do Amputado

Quanto tempo leva a adaptação às próteses?


Após ter passado por todos os estágios iniciais que ampu-
tar uma parte do corpo implica, e ter decidido partir para
a protetização, o paciente encontra-se na etapa de definir
qual prótese irá escolher para substituir o membro perdi-
do. É comum nessa fase surgirem várias dúvidas, como:
“será que vou conseguir me adaptar?” ou “em quanto tem-
po acontece o tratamento?”

De acordo com o Dr. Raphael Sancinetti, o tempo varia de


caso para caso, já que fatores individuais, como o nível de
amputação e características pessoais do paciente, devem
ser levados em consideração.

Porém, é primordial ter sempre em mente a vontade de


querer adaptar-se. Entender que esse processo será difícil
e que irá levar algum tempo é importantíssimo. Indepen-
dente da condição do recém-amputado, tentar manter
uma atitude positiva faz toda diferença.

IR PARA O ÍNDICE 29
O Guia Completo do Amputado

As características pessoais que influenciam no tempo de adaptação, são:

1 Idade do paciente: pacientes com mais de 45 anos 3 Prótese: a qualidade de fabricação, peso e articulação
tendem a ter uma maior dificuldade para se adaptar a da prótese são fatores importantes na hora de decidir
protetização, uma vez que a quantidade de fibras muscula- qual comprar. As mais baratas e simples, tendem a exigir um
res é menor do que o de alguém com 20 anos, por exemplo; maior tempo de adaptação, por não proporcionarem 100%
de qualidade em seu acabamento.
2 Nível de amputação: é a peça chave no tempo de
adaptação, principalmente no que diz respeito ao ta- Sensibilidade: cotos bem cicatrizados e maduros auxi-
4
manho do membro residual. Cotos maiores, tendem a fixar liam numa rápida adaptação, diferente de um paciente
melhor a prótese, enquanto cotos menores têm um encaixe com o coto ainda sensível, comum em amputações recentes.
mais complicado, demandando maior tempo de ajuste a O ideal é esperar alguns meses após a amputação, até partir
nova realidade; de fato para a protetização.

A ordem dos fatores varia e não altera o resultado, segundo o Dr. Sancinetti, em condições favoráveis, o paciente levaria de
6 a 12 meses para um uso pleno do material.

IR PARA O ÍNDICE 30
O Guia Completo do Amputado

Acompanhamento fisioterápico
Após escolher a prótese mais indicada para o tipo e nível de
amputação, começa uma das fases mais importantes na vida
de todo amputado: a fisioterapia.

O objetivo principal deste acompanhamento, é assegurar a


deambulação e incrementar os exercícios diários, semelhantes
aos que vimos no início deste ebook, mas mais aprofundados
e específicos para cada pessoa, respeitando sempre as limita-
ções de cada um.

É através desta orientação, que o amputado irá realizar os


primeiros movimentos com a prótese, visando melhorar seu
equilíbrio e condicionamento físico, por exemplo:

IR PARA O ÍNDICE 31
O Guia Completo do Amputado

Seja através de aulas que reeducam o amputado a sentar, andar, subir e descer escadas ou de exercícios assistidos, como o kabat, é
bom lembrar que essas atividades são recomendados com a presença de um profissional qualificado.

Dois exercícios, que os fisioterapeutas geralmente costumam recomendar para serem repetidos em casa, quando o paciente já
atingiu certo grau de reabilitação, é a marcha lateral e o rolar a bola, veja:
Marcha lateral: acompanhado por outra pessoa, o amputado Rolar a bola: acompanhado por outra pessoa e o paciente em
fica próximo à uma parede, com o umbigo voltado para ela, e pé, rolar uma bola pequena e leve para direita, esquerda, fren-
tenta percorrer sua extensão caminhando lateralmente; te, em círculos e para trás.

IR PARA O ÍNDICE 32
O Guia Completo do Amputado

Ambos os exercícios não devem ser realizados logo no início


do processo de protetização, pois o equilíbrio é primordial para
sua prática efetiva, de modo que não apresente riscos de que-
da para o paciente.

Mas é sempre bom ter em mente, que a adaptação não ocorre


do dia para a noite, e provavelmente é também uma das etapas
mais difíceis que todo amputado enfrentará, mais até do que a
própria amputação. É neste ponto que os limites serão testados,
entretanto, a superação será diária.

O mais recomendado é aliar a fisioterapia com o acompanha-


mento psicoterápico.

IR PARA O ÍNDICE 33
O Guia Completo do Amputado

“Vou poder continuar com minhas


atividades anteriores?”
Está é, sem dúvidas, umas das perguntas que os profissionais na
área ouvem com maior frequência.

Sim, a rotina anterior poderá ser retomada. Porém, é importante le-


var em consideração que o tempo para que isso aconteça, varia de
caso para caso, e deve ser levado em consideração aspectos físicos,
socioeconômicos e psicológicos para obter-se resultados positivos.

Por exemplo, a pessoa que sofreu amputação transtibial direita, faz


uso da prótese e quer voltar a praticar caminhadas diariamente,
mas vai à fisioterapia uma vez por semana, terá uma recuperação
mais longa do que alguém que tem amputação transfemoral bilate-
ral, também usa prótese, porém dispõe cinco vezes por semana do
acompanhamento.

O papel do fisioterapeuta, do psicólogo, da assistente social e dos


familiares neste período são primordiais, principalmente para uma
adaptação qualificada e efetiva. A ajuda dessas pessoas tem poten-
cial para conduzir o recém-amputado até a etapa final do processo
de reabilitação social.

IR PARA O ÍNDICE 34
O Guia Completo do Amputado

Crédito Acessibilidade e outras facilidades


Após o tempo de adaptação física e psicológica, um problema
recorrente que muitos amputados enfrentam, quando deci-
dem adquirir uma prótese ou precisam trocar a atual por uma
mais moderna, é a falta de dinheiro para tal investimento.

Visando diminuir esses obstáculos, o Governo Federal junto


da Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa
com Deficiência, possibilita desde 2012, o Crédito Acessibili-
dade.

Mas como ele funciona?

Com ele é possível financiar, com uma linha de crédito com


juros subsidiados, diversos bens e serviços específicos que
possibilitam a acessibilidade, como: compra de próteses ou
adaptações residenciais.

Para poder utilizar este financiamento, a pessoa precisa ter


uma conta com crédito disponível no Banco do Brasil e ter
uma renda máxima de até 10 salários mínimos. O valor do
financiamento varia de R$ 70,00 à R$ 30.000,00 e o prazo de
pagamento é de até 60 meses.

IR PARA O ÍNDICE 35
O Guia Completo do Amputado

Compra de veículos com isenção


de impostos
Uma outra facilidade, é para aqueles que querem começar ou
voltar a dirigir: isenção de impostos na compra de veículos
adaptados, o que diminui o valor total do carro em até 30%.
A pessoa poderá estar isenta de taxas como o IPI, IOF, ICMS,
IPVA e inclusive, do rodízio municipal.

Para que a isenção seja validada, é necessário ter em mãos o


laudo da Receita Federal, assinado por um médico credencia-
do ao SUS, e o limite máximo do carro é de até R$ 70.000,00
(valor sem o desconto).

A isenção ocorre apenas uma vez por pessoa, mas a cada dois
anos poderá ser renovada.

IR PARA O ÍNDICE 36
O Guia Completo do Amputado

Depoimentos

Marinalva Almeida
Julia Weiss
“Muitos sonhos que foram podados na
“Prótese para o amputado, é qualidade de
hora da amputação, se realizaram e de um
vida. Ela faz parte de mim”
jeito muito maior do que eu imaginava”

IR PARA O ÍNDICE 37
O Guia Completo do Amputado

Dona Isabel Kaida Gabriela Rebeschini


“Por um erro médico tive que amputar a “O primeiro passo é se aceitar. Se você não
minha perna, e achava que andar de pró- se aceitar, ninguém vai”, “meu maior sonho
tese era mais fácil, mas com muita dedica- era cruzar os braços e com a prótese, isso
ção minha e da equipe, em alguns meses já foi possível”
estava andando, mas ainda não consegui
perder a muleta, mas vou conseguir!”

IR PARA O ÍNDICE 38
O Guia Completo do Amputado

História da Conforpés, Nelson e Nelsinho Nolé


A Conforpés é uma empresa nacional, especialista em próteses
e órteses, que visa a autonomia e boa qualidade de vida de seus
clientes. Fundada há mais de 50 anos por Nelson Nolé, em Soro-
caba-SP, já atendeu mais de 30.000 amputados desde sua criação.
Além de utilizar tecnologia de ponta em seus produtos e doar 30%
de toda sua produção, seu outro diferencial é o ambiente acolhe-
dor e inclusivo que proporciona aos seus 65 funcionários: muitos
deles são ex pacientes da instituição. Hoje, além da sede, a Confor-
pés também atua nas cidades de Indaiatuba – SP e em Cuiabá – MT,
administradas por Nelsinho, Diretor Geral e filho de Nolé. Nelson Nolé Nelsinho Nolé

“Toda apresentação da empresa, dos vídeos com os casos clínicos, dos produtos e da
equipe, nós fazemos com os pacientes recém-chegados, para que eles vejam que a vida
não acaba quando se perde um membro” – Nelson.

IR PARA O ÍNDICE 39
O Guia Completo do Amputado

Dicionário de termos
Amputação Bilateral – é o termo para quando duas pernas, braços, pernas, mãos ou pés de uma mesma
pessoa são amputadas;

Amputação Hemipelvectomia – amputação na altura da virilha;

Amputação Transtibial – amputação na altura da panturrilha;

Amputação Transfemoral – amputação na coxa, entre o joelho e o quadril;

Atadura – bandagem que auxilia na prevenção de lesões musculares;

Coto – é a parte restante do membro amputado, também conhecido como membro residual;

Deambulação – caminhar ou marchar;

Desarticulação – quando a amputação ocorre na altura da articulação, porém com manutenção do osso;

Desenvoltura muscular – capacidade de movimento dos músculos corporais;

IR PARA O ÍNDICE 40
O Guia Completo do Amputado

Diabetes – doença crônica provocada pelo acúmulo de açúcar no sangue, divididas em tipo 1, no qual
pouca ou nenhuma produção de insulina, e ou tipo 2, quando o organismo não consegue utilizar de maneira
adequada a insulina produzida;

Edema – acúmulo anormal de líquidos, abaixo da pele, que gera inchaço na área afetada;

Encaixe – é o componente que conecta a prótese ao coto;

Extremidade residual/membro residual – é a parte restante do membro amputado, popularmente conheci-


do como coto;

Faixa elástica – bandagem que auxilia na reabilitação e previne lesões musculares;

Fisioterapia – Acompanhamento clínico que visa restaurar ou manter a função ideal e a qualidade de vida
da pessoa, através de exercícios e técnicas, como a massagem;

Hipertensão Arterial – doença cardiovascular que aumenta consideravelmente a pressão arterial; popular-
mente conhecida como pressão alta;

Kabat – Recurso fisioterapêutico, que através da sensibilidade aumenta a força, equilíbrio e coordenação da
pessoa;

IR PARA O ÍNDICE 41
O Guia Completo do Amputado

Malformação congênita – transtorno do desenvolvimento fetal, o bebê pode nascer com parte ou sem o
membro;

Membro – parte do corpo, como pé, mão, braço ou perna;

Meningite meningocócica – infecção bacteriana, que causa inflamação no sistema nervoso e infecção total
do corpo;

Necrose – é a degeneração de um órgão, tecido ou grupo de células de um organismo vivo, que impede seu
bom funcionamento, muitas vezes causada por infecções;

Obesidade – excesso de gordura corporal, que são prejudiciais à saúde;

Órteses – Aparelhos colocados junto ao corpo, para corrigir ou suprir alguma malformação do membro;

Osteíte – inflamação causada por bactérias que ocorre nos ossos;

Osteomelite – inflamação causada por bactérias, fungos ou vírus nos ossos;

Psicopatologias – estudo referente a doenças psicológicas;

Propriocepção – é a capacidade de reconhecer a posição, orientação e localização espacial corporal, conse-

IR PARA O ÍNDICE 42
O Guia Completo do Amputado

guindo distinguir diversas sensações, como o frio e o calor;


Próteses – aparelhos que tem como objetivo compor as necessidades de um amputado;

Protuberância – pequenos caroços em uma superfície;

Sedentarismo – ausência ou baixa frequência da atividade física;

Sudorese – acúmulo de suor em determinada área corporal;

Tabagismo – hábito de fumar cigarro com tabaco;

Trauma – acidentes de qualquer natureza;

Tumor – crescimento de algum tecido corporal morto, podendo ser benigno ou maligno, popularmente co-
nhecido como câncer.

IR PARA O ÍNDICE 43
www.conforpes.com.br

blog.conforpes.com.br

Você também pode gostar