Agravo Interno No Processo de Paulo Henrique Amed X BMW I
Agravo Interno No Processo de Paulo Henrique Amed X BMW I
Agravo Interno No Processo de Paulo Henrique Amed X BMW I
PROCESSO Nº 0003469-26.2016.8.7.0001
SIG Quadra 01 Lotes 495/505/515 Sala 207 – Ed. Barão do Rio Branco – CEP 70.610-410 – Brasília – DF – Tel./Fax (61) 3344-7847
JPIRES
ADVOCACIA &CONSULTORIA
das turmas cíveis do Egrégio Superior Tribunal de Justiça, tudo em consonância com
os ditames legais.
P. Deferimento.
2
JPIRES
ADVOCACIA &CONSULTORIA
COLENDA TURMA
ESPECIAL
EMINENTES JULGADORES,
I – PRELIMINARMENTE
A) DA TEMPESTIVIDADE
3
JPIRES
ADVOCACIA &CONSULTORIA
11/AGO/2020 (art. 81, §2º, IV, do RISTJ) --, o que configura ter sido interposto o
presente Agravo Interno no prazo legal.
B) DOS FATOS
“EMENTA:
APELAÇÃO. DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO DE CONHECIMENTO.
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO DO VALOR DE UM VEÍCULO EQUIVALENTE
AO ADQUIRIDO OU DO VALOR PAGO CORRIGIDO EM RAZÃO DA FALTA
DE SOLUÇÃO DO PROBLEMA APRESENTADO NO VEÍCULO NO PRAZO
LEGAL. POSSIBILIDADE DE PRORROGAÇÃO DO TRINTÍDIO LEGAL. §2º
DO ARTIGO 18 DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR.
CONSENTIMENTO DA PARTE. DANOS MATERIAIS E MORAIS NÃO
CONFIGURADOS.
1. Nos termos do artigo 18, § 1º, do Código de Defesa do Consumidor, o
consumidor pode, quando não solucionado o defeito existe no prazo de 30
dias, requerer a substituição do produto por outro da mesma espécie ou a
restituição imediata da quantia paga ou o abatimento proporcional do preço.
Todavia, por convenção das partes, há a possibilidade de prorrogação desse
prazo até o limite de 180 dias.
2. Havendo acordo entre as partes prevendo a dilação do prazo de conserto do
veículo até 180 dias, o retorno à concessionária para a continuidade da
solução do mesmo problema dentro do prazo firmado se encontra abarcado
pelo acordo de extensão.
§4º. Os prazos processuais terão início no primeiro dia útil que seguir ao considerado como data da
publicação.
4
JPIRES
ADVOCACIA &CONSULTORIA
5
JPIRES
ADVOCACIA &CONSULTORIA
veículo e, por fim, a condenação das Rés em indenização por supostos danos
morais experimentados no valor de R$ 100.000,00. Atribuiu a causa o valor de
R$ 309.000,00.
Em contestação, a segunda Ré, EUROBIKE, destacou, em sede preliminar, a
ciência do Autor quanto à possibilidade superação do prazo de 30 dias para
reparo do veículo, nos termos do artigo 18, §2°, do Código de Defesa do
Consumidor. No mérito, sustentou a ausência de dano material ou moral (ID
10777307 - Pág. 1/8).
Por seu turno, a primeira Ré, BMW DO BRASIL, em contestação, afirmou que
todos os reparos teriam sido realizados no veículo do Autor, que estaria a
disposição dele desde 13.01.2016. Sustentou que a regra prevista no artigo 18
do CDC não poderia ser aplicada de forma absoluta, especialmente em
situações como a dos autos, que envolve a complexidade de um veículo e
peças importadas de outro país.
Ressaltou que em todos os outros serviços realizados no veículo não teria
havido atraso, somente na última vez e em poucos dias. Afirmou que durante
todo o período do reparo teria fornecido, sem custos, um veículo similar ao de
propriedade do Autor para minimizar-lhe os transtornos, tendo o Autor
acompanhando o reparo. No tópico seguinte, ressaltou que o veículo estaria
em perfeitas condições, o que afastaria alegações de que o bem poderia estar
impróprio ou inadequado ao uso. Defendeu que não se poderia admitir a troca
do veículo por um novo, uma vez que o veículo do Autor contaria com mais de
vinte e cinco mil quilômetros rodados. Nesse contexto, ressaltou que admitir a
tese do Autor ensejaria enriquecimento indevido. Por fim, defendeu a ausência
de dano moral e material (ID 10777314 - Pág. 1/21).
No curso da instrução processual foi deferida a realização de perícia, cujo
laudo e esclarecimentos do expert foram juntados nos IDs 10777445,
10777488, 10777520 e 10777546.
Ao analisar a questão, o douto juiz de primeiro grau julgou improcedentes os
pedidos formulados na inicial e condenou o Autor nos ônus
sucumbenciais, fixando honorários sucumbenciais em 10% do valor
atualizado da causa.
Os embargos de declaração opostos contra a r. sentença foram rejeitados (ID
10777582 - Pág. 1).
Em suas razões recursais (ID 10777585 - Pág. 1/28), com preparo registrado
no ID 10777590, o Autor reprisa os fatos narrados na inicial para em seguida
ressaltar que a causa de pedir da ação não guardaria correlação com o estado
do veículo no momento da realização da perícia, mas tão somente com o
descumprimento, pelas Recorridas, do trintídio legal previsto no artigo 18 do
CDC para a execução dos reparos. Em seguida, ressalta que a anuência no
prazo para prorrogação dada na ordem de serviço n. 5136 não configuraria
aceitação da prorrogação do prazo de reparo para as ordens de serviços
subsequentes (OSs n. 7318 e 258). Nesse tema, alega abusividade na cláusula
de extensão do prazo de reparo, uma vez que não poderia o consumidor
autorizar o conserto sem anuir com a automática prorrogação do prazo e
também porque a previsão de prorrogação do prazo estaria presente em todas
as ordens de serviço da concessionária, independentemente da complexidade
do serviço a ser realizado.
Ainda quanto às ordens de serviço, sustenta que as OSs 5136, 7318 e 258 não
teriam relação entre si, tendo os reparos da OS 5136 sido realizados e o
veículo entregue ao proprietário.
Em seguida, alega que o seu assistente técnico teria destacado e comprovado
que o problema de vazamento de óleo do câmbio do veículo seria um problema
crônico dos veículos da BMW, o que demonstraria que a engenharia da marca
não teria o conhecimento técnico necessário para a solução do problema do
seu veículo.
6
JPIRES
ADVOCACIA &CONSULTORIA
7
JPIRES
ADVOCACIA &CONSULTORIA
8
JPIRES
ADVOCACIA &CONSULTORIA
com o prazo legal para consecução dos reparos no veículo. [...] Em primeiro
lugar, deve-se considerar, que a estrutura da Ordem de Serviço da já referida
2a Requerida, ora recorrida, é típica de um documento de adesão, não
permitindo que o cliente, no caso o ora recorrente, se manifestasse de forma
contrária quanto ao elastecimento de prazo de um determinado reparo, visto
que ao assinar a autorização para a execução do serviço o cliente aceitava
automaticamente a majoração do período legal de reparo, podendo-se supor,
portanto, que em caso de discordância com o aumento desse período não
realizaria a recorrida com os serviços necessários nos veículos, em flagrante
descumprimento com o preceituado no artigo 51 do CDC. [...] Por este motivo,
reforça-se mais uma vez que se fez inconteste pelas Requeridas, bem como
que fora reconhecido pelo ilustre Perito do Juízo, de que o bem quando da
entrada na concessionária para consecução dos serviços constantes da Ordem
de Serviço de n° 7318, complementada pela Ordem de Serviço de n° 258,
permaneceu em posse da 2a Requerida, sem que fossem executados os
reparos necessários no prazo de 30 (trinta) dias, não tendo havido nenhuma
anuência tácita ou expressa por parte do Requerente, para que o prazo dos
serviços de reparo ali dispostos fossem executados em prazo diferente daquele
que preceitua o artigo 18 do Código de Defesa do Consumidor, diploma que
regulamenta e disciplina a relação entre o Requerente e as Requeridas. [...]
Sendo o princípio da confiança, portanto, de ordem pública, deve a violação
deste princípio por parte das recorridas, garantir ao requerente o retorno ao
status quo ante a aquisição do veículo, o que no presente caso se dará
mediante a condenação das recorridas a restituição da quantia referente a um
carro novo compatível com o adquirido, possibilitando que o recorrente possa
buscar um bem equivalente ao seu em outra montadora de renome. (fls.
903/912). É o relatório. Decido. Documento: 112395323 - Despacho / Decisão -
Site certificado - DJe: 04/08/2020 Página 2 de 5 Superior Tribunal de Justiça
Na espécie, incide o óbice da Súmula n. 284/STF, uma vez que não houve a
indicação do permissivo constitucional autorizador do recurso especial,
aplicando-se, por conseguinte, a referida súmula: “É inadmissível o recurso
extraordinário, quando a deficiência na sua fundamentação não permitir a
exata compreensão da controvérsia”.
Isso porque, conforme disposto no art. 1.029, II, do CPC/2015, a petição do
recurso especial deve conter a “demonstração do cabimento do recurso
interposto”. Sendo assim, o recorrente, na petição de interposição, deve
evidenciar de forma explícita e específica em qual ou quais dos permissivos
constitucionais está fundado o seu recurso especial, com a expressa indicação
da alínea do dispositivo autorizador. Esse entendimento possui respaldo em
jurisprudência desta Corte Superior de Justiça, que no julgamento do AgInt no
AREsp 1.479.509/SP, relator Ministro Francisco Falcão, Segunda Turma, DJe
22/11/2019, assim definiu: PROCESSO CIVIL. ADMINISTRATIVO.
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. INCIDÊNCIA POR ANALOGIA DO
ENUNCIADO N. 284 DA SÚMULA DO STF. DEFICIÊNCIA RECURSAL. ART.
1.029 DO CPC/2015. AUSÊNCIA DE INDICAÇÃO DE DISPOSITIVO
VIOLADO. PRETENSÃO DE REEXAME FÁTICO-PROBATÓRIO. INCIDÊNCIA
DO ENUNCIADO N. 7 DA SÚMULA DO STJ. [...] II - Na espécie, incide o óbice
da Súmula n. 284/STF, uma vez que não houve a correta indicação do
permissivo constitucional autorizador do recurso especial, aplicando-se, por
conseguinte, a referida Súmula: "É inadmissível o recurso extraordinário,
quando a deficiência na sua fundamentação não permitir a exata compreensão
da controvérsia". III - Conforme disposto no art. 1.029, II, do CPC/2015, a
petição do recurso especial deve conter a "demonstração do cabimento do
recurso interposto". Sendo assim, o recorrente, na petição de interposição,
deve evidenciar de forma explícita e específica em qual ou quais dos
permissivos constitucionais está fundado o seu recurso especial, com a
expressa indicação da alínea do dispositivo autorizador. Este entendimento
possui respaldo em antiga jurisprudência desta Corte Superior de Justiça, que
assim definiu: "O recurso, para ter acesso à sua apreciação neste Tribunal,
deve indicar, quando da sua interposição, expressamente, o dispositivo e
alínea que autoriza sua admissão." [...] V - Agravo interno improvido. Confiram-
9
JPIRES
ADVOCACIA &CONSULTORIA
10
JPIRES
ADVOCACIA &CONSULTORIA
11
JPIRES
ADVOCACIA &CONSULTORIA
“Data maxima venia, merece o acórdão proferido pelo douto juízo a quo, ser
integralmente reformado pela inobservância expressa do preceituado nos
Artigos 18, 51 e 54 do Código de Defesa do Consumidor.” (grifo nosso)
12
JPIRES
ADVOCACIA &CONSULTORIA
E mais:
E mais:
13
JPIRES
ADVOCACIA &CONSULTORIA
STF, somente pode ser aplicada na hipótese de não indicação dos dispositivos de lei
considerados violados, o que no caso em tela conforme já demonstrado não é a
situação do Agravante, visto que este requisito foi estritamente cumprido pelo
Agravante à fl. 896 dos autos, bem como ao longo de toda a fundamentação do
recurso.
14
JPIRES
ADVOCACIA &CONSULTORIA
“No que pertine ao entendimento emanado pelo douto juízo a quo, quanto ao
fato de a aposição do autor em determinada ordem de serviço, mais
especificamente a de fl. 686, ter prorrogado o prazo para a consecução
dos reparos de 30 (trinta) para 180 (cento e oitenta) dias, considerando
que neste caso o prazo haveria sido cumprido no que se refere as já
referidas ordens de serviço de nºs 7318 (fls. 257/258) e 258 (fls. 51/51-v).
Assim como já ilustrado, considerou a r. sentença de fls. 828/829, data maxima
venia, de forma equivocada, que ao apor o requerente, ora recorrente a sua
assinatura na Ordem de Serviço de nº 5136, no campo referente ao
elastecimento do prazo para consecução dos reparos, que essa anuência
expressa se estendeu para que qualquer outro problema que viesse a
surgir no câmbio do veículo do autor, se encontrasse acobertada,
também, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, ao conceder interpretação
a cláusula disposta pela 2ª Requerida (EUROBIKE) em suas ordens de
serviço, de forma totalmente extensiva, ignorou o juízo a quo as
disposições contidas no ordenamento consumerista pátrio.
Em primeiro lugar, deve-se considerar, que a estrutura da Ordem de Serviço
da já referida 2ª Requerida, ora recorrida, é típica de um documento de
adesão, não permitindo que o cliente, no caso o ora recorrente, se
manifestasse de forma contrária quanto ao elastecimento de prazo de um
determinado reparo, visto que ao assinar a autorização para a execução
do serviço o cliente aceitava automaticamente a majoração do período
legal de reparo, podendo-se supor, portanto, que em caso de
discordância com o aumento desse período não realizaria a recorrida com
os serviços necessários nos veículos, em flagrante descumprimento com
o preceituado no artigo 51 do CDC.
Por este motivo, eventual assinatura aposta em uma determinada ordem de
serviço, deve ser analisada de forma relativa e não absoluta, visto que não é
possível que o cliente autorize a execução de serviço sem anuir com o
automático elastecimento do prazo, referida alegação ganha ainda mais força
ao se analisar que o texto é padrão em todas as ordens de serviço da 2ª
Requerida, independentemente da complexidade e/ou extensão do serviço que
será executado no bem.
Diante de todo o contexto apresentado, se constitui cláusula leonina, a forma
como são dispostas as ordens de serviço da 2ª Requerida, no entanto, deve-
se frisar mais uma vez, que os serviços referentes as Ordens de Serviço
15
JPIRES
ADVOCACIA &CONSULTORIA
16
JPIRES
ADVOCACIA &CONSULTORIA
pelo Agravante, seria sumamente ignorado por essa Egrégia Corte, o que não
coaduna, com a Excelência com a qual são costumeiramente analisadas as questões
postas ao conhecimento de tão respeitada Corte.
E mais:
17
JPIRES
ADVOCACIA &CONSULTORIA
E mais:
18
JPIRES
ADVOCACIA &CONSULTORIA
19
JPIRES
ADVOCACIA &CONSULTORIA
“Além disso, em relação aos arts. 51 e 54, ambos do CDC, incide o óbice das
Súmulas n. 282/STF e 356/STF, uma vez que a questão não foi examinada
pela Corte de origem, tampouco foram opostos embargos de declaração para
tal fim. Dessa forma, ausente o indispensável requisito do prequestionamento.”
“Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais
relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por
vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou
disposição de direitos. Nas relações de consumo entre o fornecedor e o
20
JPIRES
ADVOCACIA &CONSULTORIA
21
JPIRES
ADVOCACIA &CONSULTORIA
qualquer forma não assegure o justo equilíbrio entre direitos e obrigações das
partes.”
Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas
pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor
de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar
substancialmente seu conteúdo.
§ 1º A inserção de cláusula no formulário não desfigura a natureza de adesão
do contrato.
§ 2º Nos contratos de adesão admite-se cláusula resolutória, desde que a
alternativa, cabendo a escolha ao consumidor, ressalvando-se o disposto no §
2º do artigo anterior.
§ 3o Os contratos de adesão escritos serão redigidos em termos claros e com
caracteres ostensivos e legíveis, cujo tamanho da fonte não será inferior ao
corpo doze, de modo a facilitar sua compreensão pelo consumidor. (Redação
dada pela nº 11.785, de 2008)
§ 4º As cláusulas que implicarem limitação de direito do consumidor deverão
ser redigidas com destaque, permitindo sua imediata e fácil compreensão.
§ 5º (Vetado)
“Em suas razões recursais (ID 10777585 - Pág. 1/28), com preparo registrado
no ID 10777590, o Autor reprisa os fatos narrados na inicial para em seguida
ressaltar que a causa de pedir da ação não guardaria correlação com o estado
do veículo no momento da realização da perícia, mas tão somente com o
descumprimento, pelas Recorridas, do trintídio legal previsto no artigo 18 do
CDC para a execução dos reparos. Em seguida, ressalta que a anuência no
prazo para prorrogação dada na ordem de serviço n. 5136 não
configuraria aceitação da prorrogação do prazo de reparo para as ordens
de serviços subsequentes (OSs n. 7318 e 258). Nesse tema, alega
abusividade na cláusula de extensão do prazo de reparo, uma vez que
não poderia o consumidor autorizar o conserto sem anuir com a
automática prorrogação do prazo e também porque a previsão de
prorrogação do prazo estaria presente em todas as ordens de serviço da
22
JPIRES
ADVOCACIA &CONSULTORIA
23
JPIRES
ADVOCACIA &CONSULTORIA
Por fim, no dia 03.12.2015, sob a ordem de serviço n. 258, nova solicitação de
manutenção com as mesmas observações apontadas na ordem de serviço
anterior (ID 10777501 - Pág. 10).
Quanto a esse último serviço, o Apelante alega superação do prazo legal
de 30 dias para o conserto e, com base nesse evento, sustenta o seu
direito indenizatório.
Conquanto reste claro e seja incontroversa a superação do prazo de 30 dias,
uma vez que o veículo foi deixado para conserto em 03.12.2015 e somente
estava pronto para retirada em 12.01.2016, o caso dos autos se enquadra na
regra do §2° do artigo 18 do CDC que permite às partes, por convenção,
estender o prazo do conserto para período não superior a 180 dias.
Com efeito, dois elementos nos conduz a tal ilação.
Primeiro, quanto ao defeito no câmbio, que apresentava vazamento de óleo, se
permitiu a extensão do prazo de conserto pela ordem de serviço n.5136. Ora,
assim como há o entendimento expresso, demonstrado pelo próprio
Apelante, de que o prazo de 30 dias para solução do vício não se conta de
cada ida à oficina, quando essa se faz pelo mesmo defeito, ID 10777585 -
Pág. 19/20, também se pode concluir que a extensão do prazo para
conserto acordado entre as partes não pode deixar de ser considerado
quando, após a primeira tentativa de conserto, se retorna a oficia para a
solução do mesmo problema. Assim, se houve ciência e autorização na
ordem de serviço n. 5136 de que o conserto poderia ultrapassar o prazo
de 30 dias e que, se ultrapassasse, a concessionária poderia dar
continuidade no serviço até o prazo limite de 180 dias, se pode concluir
que o retorno do veículo para a solução do mesmo problema no prazo
acordado se fez em continuidade para a solução do defeito que em um
primeiro momento não foi solucionado.
Sobre esse acordo de extensão de prazo, vale ressaltar que a simples
existência de texto padrão nas ordens de serviços sobre a possibilidade
de superação do prazo de conserto não retira do consumidor o direito e a
possibilidade de expressamente rejeitar a dilação do prazo.
Segundo, conquanto o Apelante sustente que o prazo para conserto do veículo
seja considerado isoladamente em relação a ordem de serviço n.258, e
defenda que para essa ordem não tenha assinado documento autorizando a
prorrogação do prazo de reparo, sua conduta, ao permanecer com o veículo
que a segunda Ré forneceu para sua comodidade e sem custo, enquanto
aguardava importação e troca da caixa de câmbio de seu veículo, demonstra
concordância na dilação do prazo do conserto. De acordo com os documentos
colacionados, o veículo emprestado pela Eurobike ao seu cliente, uma BMW
modelo X3, ficou em comodato entre os dias 26.11.2015 e 13.01.2016, dia
24
JPIRES
ADVOCACIA &CONSULTORIA
25
JPIRES
ADVOCACIA &CONSULTORIA
26
JPIRES
ADVOCACIA &CONSULTORIA
“Ainda que o Tribunal de origem não tenha feito menção expressa aos
dispositivos legais em que se baseou o seu pronunciamento, ele emitiu juízo de
valor acerca da matéria debatida, configurando-se o prequestionamento
implícito, plenamente admitido por esta instância superior.”
27
JPIRES
ADVOCACIA &CONSULTORIA
28
JPIRES
ADVOCACIA &CONSULTORIA
D) DA SÚMULA 07 DO STJ
E mais:
“Recurso especial.
29
JPIRES
ADVOCACIA &CONSULTORIA
E mais:
30
JPIRES
ADVOCACIA &CONSULTORIA
31
JPIRES
ADVOCACIA &CONSULTORIA
elastecimento do prazo, referida alegação ganha ainda mais força ao se analisar que o
texto é padrão em todas as ordens de serviço da 2ª Requerida, independentemente da
complexidade e/ou extensão do serviço que será executado no bem, em completa e
total inobservância as disposições do contido no §2º do artigo 18 do CDC, sendo
oportuno destacar ainda, que o campo para assinatura da anuência com o
elastecimento do prazo, não vinha em separado no corpo da Ordem de Serviço, ferindo
de morte com as disposições mais comezinhas do direito consumerista pátrio,
conforme demonstrado no Recurso Especial à fl. 902.
32
JPIRES
ADVOCACIA &CONSULTORIA
33
JPIRES
ADVOCACIA &CONSULTORIA
34
JPIRES
ADVOCACIA &CONSULTORIA
E mais:
E mais:
35
JPIRES
ADVOCACIA &CONSULTORIA
E mais:
E mais:
E mais:
36
JPIRES
ADVOCACIA &CONSULTORIA
V- DOS PEDIDOS
37
JPIRES
ADVOCACIA &CONSULTORIA
38