Orlando Villas Boas Filho. Verbete. Antropologia Jurídica
Orlando Villas Boas Filho. Verbete. Antropologia Jurídica
Orlando Villas Boas Filho. Verbete. Antropologia Jurídica
Antropologia jurídica
Orlando Villas Bôas Filho
A antropologia jurídica é uma disciplina de grande importância para a formação crítica do jurista. Em um contexto universitário como o brasileiro, no qual prepondera uma
dogmática e formalista, ela pode contribuir para uma melhor compreensão da complexidade social na qual se inscreve a regulação jurídica. Permite, ademais, a percepção
de expressão dessa regulação de modo a preparar o futuro jurista para a complexidade que caracteriza a sociedade brasileira. Assim, mesmo não sendo essa sua finalida
antropologia jurídica pode, inclusive, contribuir para uma atuação mais consistente dos juristas, uma vez que proporciona instrumentos analíticos capazes de ensejar uma
desvencilhada do “praxismo forense” e da “erudição ornamental”.
Em linhas gerais, é possível afirmar que a antropologia jurídica, mediante a análise dos discursos (orais e escritos), práticas e representações, estuda os processos de juridi
nas diversas sociedades, procurando compreender as lógicas que lhe são subjacentes. Norbert Rouland, por exemplo, sustenta que essa abordagem procuraria realizar um
cultura humana em sua generalidade, no que se refere ao domínio do direito, mediante a comparação entre as formas de regulação jurídica de todas as sociedades que se
possível situar o surgimento da antropologia jurídica no final do século XIX. Ela se inscreve, portanto, no contexto da expansão imperialista ocidental. É, desse modo, como
Lévi-Strauss, filha de uma época de violência. Contudo, sua institucionalização no contexto universitário ocorreu ao longo do século XX em momentos variados. No Brasil, a
da disciplina foi tardia, pouco uniforme e, muitas vezes, inconsistente.
Pode-se afirmar que a antropologia jurídica seria uma espécie de “produto cultural do ocidente moderno”. Conforme nota Norbert Rouland, a antropologia jurídica seria fi
direito e teria nascido na segunda metade do séc. XIX e se desenvolve em um contexto internacional marcado pela expansão imperialista ocidental que fornece às escolas
antropologia jurídica seus respectivos campos de experimentação.1 Trata-se, assim, de um saber que se inscreve, de um lado, na configuração epistemológica moderna 2 e
contexto da expansão imperialista com a qual manterá uma relação complexa que poderia ser qualificada, em termos weberianos, de “afinidade eletiva”.3
O imperialismo, que tem como contrapartida a expansão colonial dos Estados nacionais europeus, demandava justificação de onde pudesse haurir sua legitimidade. Como
Hobsbawm, em uma era de política de massa, havia a necessidade de se angariar para a expansão imperialista o apoio popular, sobretudo do grande contingente de desc
Estado-nação opera, nesse contexto, como uma máquina de produção de “outros”, fazendo com que o africano, o ameríndio e o oriental apareçam como o contraponto ne
europeia. O colonizado aparece, no imaginário europeu, como uma espécie de amálgama indefinido composto por tudo aquilo que, de um modo geral, se opõe à civilizaçã
observam Michael Hardt e Antonio Negri, “a construção negativa de outros não europeus é, finalmente, o que funda e sustenta a própria identidade europeia”.5 E, é precis
processo de produção do depreciativa do outro encontrará na antropologia nascente, quiçá, um dos mais influentes mecanismos de sustentação. É nesse sentido que Har
que “entre as disciplinas acadêmicas envolvidas nessa produção cultural de alteridade, a antropologia foi, talvez, a rubrica mais importante, sob a qual o outro nativo foi im
Europa e dela exportado”.6
A relação de afinidade eletiva entre imperialismo e antropologia se expressa, sobretudo, nos seguintes termos: a) a antropologia forneceu, ainda que involuntariamente, u
conhecimento que permitiu a otimização da dominação pela Administração colonial;7 b) a antropologia forneceu, também em caráter não deliberado, uma justificativa ret
à dominação colonial, uma vez que, em virtude de seu caráter inicialmente etnocêntrico, sustentou, por vezes, a superioridade das sociedades ocidentais em relação às de
as, assim, como naturalmente propensas à dominá-las.
Vale notar que o próprio desenvolvimento da antropologia dependeu, em certa medida, da existência da dominação colonial, que fornecia aos pesquisadores seu campo d
análise. Wendy James e Talal Asad, por exemplo, enfatizam a relação de dependência dos antropólogos com os agentes coloniais, o que, segundo eles, acarretava uma situ
ambivalente para a antropologia, no contexto da dominação colonial. De um lado, havia ambivalência na relação entre a atuação dos antropólogos, no que concerne à fun
dominação, para a qual eram instados a colaborar, mesmo discordando e, de outro, diante dos movimentos nacionalistas e revolucionários, a antropologia, inicialmente vi
positivo, paulatinamente passava a ser considerada conservadora. Em razão dessa dupla ambivalência, explicam-se, segundo James, as acusações e suspeitas que recaiam
antropologia, durante o período colonial, tendo como base as mais variadas instâncias.8 Aliás, como sublinha Claude Rivière, “situado na história, o discurso antropológico
numa determinada conjuntura colonial, ele é o discurso do explorador, do missionário, do administrador, do jurista, o que em nada afeta a competência e a perspicácia de
eles”.9
Assim, a relação da antropologia, em sentido genérico, com o processo de colonização, decorrente da expansão imperialista europeia, mostra-se fundamental para que se
apenas as orientações conceituais das primeiras escolas de antropologia jurídica, mas, inclusive, seu desenvolvimento posterior enquanto disciplina.10 É possível apontar c
contexto em que surge a antropologia no delineamento preliminar do seu campo de análise e de pesquisa.11 Tendo surgido em um contexto marcado pela expansão impe
antropologia do século XIX apresentou a nítida prevalência de uma dimensão instrumental, voltada à gestão de populações, a partir de uma visão etnocêntrica que as desq
“primitivas”. É certo que, ao longo de seu desenvolvimento, a antropologia foi progressivamente se afastando dessas características de origem, de modo a superar as dete
contexto de formação. Entretanto, não se pode desconsiderar que, tendo surgido em uma época marcada pela dominação e pela espoliação decorrentes da dominação co
antropologia (de uma maneira geral e também a jurídica em particular) reforçou as relações de assimetria que o Ocidente impingiu a outros povos. Assim, se o saber antro
lado, forneceu uma visão mais objetiva acerca dos fenômenos humanos, por outro, é preciso notar que isso se deu, conforme bem o ressalta Claude Lévi-Strauss, a partir
que uma parte da humanidade se arrogou o direito de tratar a outra como um objeto.12
Não é simples caracterizar a especificidade da antropologia jurídica. Autores como Christophe Eberhard preferem referir-se a ela, não em termos de uma “teoria”, mas com
“abordagem”.13 Sem adentrar nessa discussão, serão indicadas a seguir algumas características que servem para especificar esse enfoque. Em primeiro lugar, cumpre sub
ao que Lévi-Strauss designa de técnica do dépaysement que a inclina naturalmente a apreender outros contextos que não apenas o ocidental tornando-a, assim, em princ
Além disso, como observa Norbert Rouland – contrastada com a etnografia jurídica, que consistiria na coleta e na descrição de dados qualificados como jurídicos nos nívei
práticas e das representações, no seio de uma dada sociedade, e com a etnologia jurídica, que se preocupa em interpretar as articulações de cada um desses níveis com o
funcionamento geral de uma mesma sociedade – a antropologia jurídica caracterizar-se-ia por um enfoque generalizador, procurando, conforme sublinha Rouland, realiza
da cultura humana em sua generalidade, no que se refere ao domínio do direito, mediante a comparação entre os sistemas jurídicos de todas as sociedades que se possa
particular, cumpre notar que, conforme Claude Lévi-Strauss, etnografia, etnologia e antropologia não constituem três disciplinas diferentes ou três concepções diferentes d
e sim três etapas ou três momentos de uma mesma pesquisa.16
Deste modo, como sublinha Norbert Rouland, a antropologia teria uma “vocação totalizante” que se expressa na procura de aspectos comuns a todas as sociedades.17 Ess
ilustrada, por exemplo, pela asserção de Shelton Davis, de que indica três proposições a respeito das quais, segundo ele, os antropólogos estariam de acordo: a) em toda s
um corpo de categorias culturais, de regras ou códigos que definem os direitos e deveres legais entre os homens; b) em toda sociedade disputas e conflitos surgiriam quan
rompidas; c) em toda sociedade existiriam meios institucionalizados através dos quais esses conflitos são resolvidos e através dos quais as regras jurídicas são reafirmada
redefinidas.18 Independentemente das críticas que possam, eventualmente, ser endereçadas a essa assertiva, o fato é que ela ilustra bem a “vocação totalizante” que se at
antropológica.
Ademais, se se assume a distinção proposta por Theodor Viehweg entre enfoque zetético e dogmático, fica claro que a antropologia jurídica se enquadra na primeira persp
bem observa Tercio Sampaio Ferraz Junior ao afirmar que “zetéticas são, por exemplo, as investigações que têm como objeto o direito no âmbito da sociologia, da antropo
da história, da filosofia, da ciência política etc. Nenhuma dessas disciplinas é especificamente jurídica. Todas elas são disciplinas gerais, que admitem, no âmbito de suas p
espaço para o fenômeno jurídico.”19 Evidentemente que não cabe aqui explorar essa distinção. Cumpre apenas notar que a o enfoque zetético, diferente do dogmático, nã
uma decisão e, assim, orientar a ação. Ao contrário, sua finalidade consiste indagar, perquirir, acerca do que algo é.20 Baseando-se em Viehweg, Tercio Sampaio Ferraz Jun
que, na medida em que toda investigação zetética comporta pressupostos admitidos como verdadeiros para orientar os quadros da pesquisa, seria possível, no âmbito do
distinguir entre o nível empírico, cujos limites são dados pela experiência, e o nível analítico, em que ocorre a extrapolação dos limites da empiria, a partir dos níveis da lóg
do conhecimento ou da metafísica. Tendo em vista esses limites, a partir dos quais é possível distinguir entre zetética empírica e zetética analítica, é possível também, tend
aplicação técnica dos resultados da investigação, aludir a uma zetética pura e outra aplicada.21
Ora, conjugando esses critérios de classificação, Tercio Sampaio Ferraz Junior observa que a antropologia jurídica seria expressão de uma “zetética empírica pura”, pois os
admite como verdadeiros são dados pela experiência e, no que concerne à motivação que conduz a investigação, não há um vínculo direto com a aplicabilidade dos resulta
pesquisa.22 Poder-se-ia, contudo, ir mais além e afirmar que a pretensão de descentramento da antropologia jurídica relativamente às categorias, instituições, valores e co
levaria a uma radicalização da crítica zetética. O que expressa sua possibilidade de servir de ponto de ancoragem de uma “crítica à razão sociológica”, como, aliás, sublinha
Castro.23
Um típico exemplo do contorno zetético assumido pela antropologia jurídica está em seu questionamento crítico do vínculo inextricável entre direito e Estado. O pressupo
descrição do direito como ligado ao Estado é, como se sabe, amplamente questionado pela antropologia jurídica. Como a antropologia jurídica, pautada pela descentrame
direciona contextos sociais em que a regulação jurídica prescinde de organização estatal, sempre lhe soou natural contestar a ideia de que apenas o direito estatal das soc
seja considerado expressão da juridicidade. Portanto, as discussões relativas ao pluralismo jurídico no campo antropológico servem de clara ilustração de seu viés zetético
Por fim, cumpre notar que a antropologia jurídica, tal como ocorre com a sociologia jurídica, a história do direito, a psicologia jurídica etc., constitui uma perspectiva extern
crítica da regulação jurídica.25 Deste modo, pode enxergar o ponto cego da observação dos juristas, o que lhe confere, tal como ocorre com a sociologia, a possiblidade de
crítico muito contribui para desestabilizar certezas sedimentadas no “senso comum jurídico”.
A antropologia jurídica se desenvolveu e se diversificou intensamente a partir da contribuição, direta ou indireta de uma grande quantidade de autores importantes. Atend
tradições anglófona e francófona, que se expressam como hegemônicas, cabe indicar, à guisa de mera ilustração, autores como: Henry Sumner Maine, Émile Durkheim, M
Lévy-Bruhl, Bronislaw Malinowski, Alfred R. Radcliffe-Brown, Franz Boas, Max Gluckman, Paul Bohannan, Pierre Clastres, Roscoe Pound, Georges Gurvitch, Leopold Pospisil
Michel Alliot, Jean Poirier, Clifford Geertz, Étienne Le Roy, Christoph Eberhard, Louis Assier-Andrieu, Shelton Davis, Sally Engle Merry, Laura Nader, Sally Falk Moore, Norber
Vachon, Gilda Nicolau, Robert Weaver Shirley, Conrad Arensberg, Solon Kimball, Pierre Bourdieu, Edmund Leach, Rodolfo Sacco, John Griffiths, Jacques Vanderlinden, Rode
Edwige Rude-Antoine, Geneviève Chrétien-Vernicos, Alain Rochegude, Moustapha Diop, Chantal Kourilsky-Augeven, Raimon Panikkar, Jean-Guy Belley etc. No Brasil, cabe d
especialmente, as pesquisas de Ana Lúcia Pastore Schritzmeyer, Roberto Kant de Lima e Luís Roberto Cardoso de Oliveira. Essa capitulação de autores é meramente ilustra
descortinar aos juristas e estudantes de direitos nomes de extrema relevância para a análise crítica da regulação jurídica que, entretanto, são praticamente ignorados nos
convencionais de direito.
Por outro lado, não menos diversificado e extenso é o âmbito das questões abrangidas pela antropologia jurídica. Dentre tais questões, se encontram, por exemplo: o plur
juridicidade,27 a aculturação jurídica,28 a crítica à concepção convencional de direitos humanos,29 as diversas formas de apropriação fundiária,30 as formas alternativas de
conflito,31 a relação entre regulação jurídica e Estado, socialização jurídica, consciência do direito (legal consciousness),32 o problema da universalidade das categorias juríd
ocidentais,33 visões de mundo e representações do direito, o direito das minorias e dos povos autóctones,34 o homeomorfismo jurídico,35 parentesco, casamento, família,
A diversidade de temas abrangidos pela antropologia jurídica impede que se capitule exaustivamente o rol de seus possíveis objetos de análise. Para que se tenha ideia da
temas por ela enfocados, gostaria de mobilizar dois exemplos, um na França e outro no Brasil. Em uma publicação, ocorrida em 2009, na qual foi feita um apanhado dos te
âmbito da Associação Francesa de Antropologia do Direito (AFAD), aparecem elencados, por exemplo: a questão do pluralismo jurídico e da juridicidade, a relação entre vis
representações do direito, as relações de parentesco, a socialização jurídica, as formas de apropriação fundiária etc.40 No último Encontro Nacional de Antropologia do Dir
ocorrido em 2015, na Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH/USP), em grande medida pelo louvável esforço de Ana Lúcia
Schritzmeyer, além das conferências, mesas e minicursos sobre temáticas variadas, havia 18 Grupos de Trabalho abordando os mais diversos assuntos, dentre os quais de
exemplo: a análise antropológica do sistema prisional, a questão da infância e da juventude, as políticas públicas de saúde em relação à questão das drogas, a organização
Estado, gênero, relações familiares, territórios, povos indígenas e comunidades tradicionais, justiça e criminalidade, moralidade, direitos, religiões e políticas públicas.41 Tu
riqueza e a potencialidade da análise antropológica do direito e aponta a necessidade de sua disseminação no ensino jurídico brasileiro.
Notas
1 Cf. ROULAND, N. Anthropologie juridique. p. 47.
2 Cf. VILLAS BÔAS FILHO, Orlando. O direito de qual sociedade? Os limites da descrição sociológica de Niklas Luhmann acerca do direito a partir da crítica antropológica. So
teoria e práxis. p. 338
3 Cf. VILLAS BOÂS FILHO, Orlando. A constituição do campo de análise e pesquisa da antropologia jurídica. In: Prisma Jurídico, n. 6. p. 333-349. Sobre a questão da “afinidad
antropologia e imperialismo, ver, do mesmo autor, Ancient Law: um clássico revisitado 150 anos depois. In: Revista da Faculdade de Direito da USP, v. 106-107, p. 550-552,
6 Idem. p.142.
7 Cf . ASAD, Talal. Introduction. Anthropology & the Colonial Encounter. pp. 9-19. Do mesmo autor : Two European Images of Non-European Rule. Anthropology & the Colon
103-118.
8 Cf. JAMES, Wendy. The anthropologist as reluctant imperialist. Anthropology & the Colonial Encounter. pp. 41-69.
10 Ao referir-se à antropologia qualificada como jurídica, Jacques Vanderlinden ressalta que “la qualification juridique se situe alors sur le même plan que d´autres adjectifs
culturelle, économique, politique ou sociale, pour définir un compartiment particulier de ce savoir global que serait l´anthropologie [...]” VANDERLINDEN, Jaques. Anthropo
36.
11 Acerca do perfil originalmente assumido pela antropologia jurídica no momento de sua formação, ver: VILLAS BOÂS FILHO, Orlando. A constituição do campo de análise
antropologia jurídica. In: Prisma Jurídico. n. 6, 2007, pp. 333-349.
12 Segundo Lévi-Strauss, “l’anthropologie est fille d’une ère de violence ; et si elle s’est rendue capable de prendre des phénomènes humains une vue plus objective qu’on n
auparavant, elle doit cet avantage épistémologique à un état de fait dans lequel une partie de l’humanité s’est arrogé le droit de traiter l’autre comme un objet.” (LÉVI-STRA
Anthropologie structurale - Deux. p. 69).
13 Cf. EBERHARD, Christoph. Le Droit au miroir des cultures. Pour une autre mondialisation; Do mesmo autor : Para uma teoria jurídica intercultural – o desafio dialógico. In
democracia. Vol. 3, n.º 2, p. 489-530, jul./dez 2002. Para um contraste entre a perspectiva de Christophe Eberhard e Étienne Le Roy acerca dessa questão, ver, por exemplo
Orlando. Juridicidade: uma crítica à monolatria jurídica como obstáculo epistemológico. In: Revista da Faculdade de Direito da USP, vol. 109, p. 281-325, jan./dez. 2014.
14 Cf. LÉVI-STRAUSS, Claude. Anthropologie structurale deux. p. 320. A respeito, ver também: VILLAS BÔAS FILHO, Orlando. O direito de qual sociedade? Os limites da descr
Niklas Luhmann acerca do direito a partir da crítica antropológica. Sociologia do direito: teoria e práxis. p. 339.
19 Cf. FERRAZ JUNIOR. Tercio Sampaio. Introdução ao estudo o direito: técnica, decisão, dominação. p. 44.
22 Idem. p. 45.
23 A respeito, ver: VILLAS BÔAS FILHO, Orlando. O direito de qual sociedade? Os limites da descrição sociológica de Niklas Luhmann acerca do direito a partir da crítica antr
Jurídica. p. 339; Do mesmo autor: A regulação jurídica para além de sua forma ocidental de expressão: uma abordagem a partir de Étienne Le Roy. In: Revista Direito & Prá
184.
24 É por isso que Shelton Davis, por exemplo, problematizando as representações tradicionais dos juristas, define a antropologia jurídica nos seguintes termos: “é a investi
definição de regras jurídicas, da expressão de conflitos sociais e dos modos através dos quais tais conflitos são institucionalmente resolvidos. Como tal, a antropologia do d
ponto de partida que os procedimentos jurídicos e as leis não são coincidentes com códigos legais escritos, tribunais de justiça formais, uma profissão especializada de adv
legisladores, polícia e autoridade militar etc... O direito tal como existe nas organizações políticas complexas como o Estado moderno é concebido pela antropologia apena
especial, ainda que importante dentro do conjunto de dados etnográficos.” DAVIS, Shelton. Antropologia do direito. p. 10.
25 Cf. ARNAUD, André-Jean; FARIÑAS DULCE, María José. Introduction à l’analyse sociologique des systèmes juridiques. p. 4.
26 Cf. BELLEY, Jean-Guy. Pluralismo jurídico. Dicionário enciclopédico de teoria e de sociologia do direito. p. 585-589; LE ROY, Étienne. Le pluralisme juridique aujourd’hui ou
juridicité. In: Cahiers d’anthropologie du droit 2003. Les Pluralismes juridiques. p. 7-15; MOORE, Sally Falk. Certainties undone: fifty turbulent years of legal anthropology, 1
Memorial Lecture. Journal of the Royal Anthropological Institute, 7(1), pp. 95-116, 2001; Do mesmo autor: Law and anthropology: a reader; Law as process: an anthropologi
ROULAND, Norbert. Anthropologie juridique; Do mesmo autor : L’anthropologie Juridique. (Que Sais-je?, 2528.); Nos confins do direito; Do citado, também: Pluralismo juríd
antropológica). Dicionário enciclopédico de teoria e de sociologia do direito. pp. 589-590; VANDERLINDEN, Jacques. Anthropologie juridique; Do mesmo autor : Le pluralism
de synthèse. Le pluralisme juridique. pp. 19-56; Ainda : Les pluralismes juridiques. Anthropologies et droits: état des savoirs et orientations contemporaines. pp. 25-76; Do
Return to legal pluralism: twenty years later. In: Journal of legal pluralism. n. 28, pp. 149-157; Ainda: Trente ans de longue marche sur la voie du pluralisme juridique. In: Cah
du droit 2003 (les pluralismes juridiques). pp. 21-33.
27 Cf. LE ROY, Étienne. Le jeu des lois. Une anthropologie “dynamique” du Droit.; Pour une anthropologie de la juridicité. Cahiers d’anthropologie du droit 2004. Anthropolo
intersections et confrontations. p. 241-247. VILLAS BÔAS FILHO, Orlando. A regulação jurídica para além de sua forma ocidental de expressão: uma abordagem a partir de
Revista Direito & Práxis, vol. 6, n. 12, p. 159-195, 2015; Do mesmo autor, ainda: Juridicidade: uma crítica à monolatria jurídica como obstáculo epistemológico. In: Revista d
Direito da USP, v. 109, p. 281-325, jan./dez. 2014; O direito de qual sociedade? Os limites da descrição sociológica de Niklas Luhmann acerca do direito a partir da crítica an
Sociologia do direito: teoria e práxis. pp. 337-366.
28 Cf. CARBONNIER, Jean. Sociologie juridique; SACCO, Rodolfo. Antropologia jurídica: contribuição para uma macro-história do direito.
29 Cf. EBERHARD, Christoph. Le Droit au miroir des cultures. Pour une autre mondialisation ; Les droits de l’homme face à la complexité: une approche anthropologique et
et Société. 51/52, pp. 455-486, 2002; Para uma teoria jurídica intercultural – o desafio dialógico. In: Revista direito e democracia. Vol. 3, n. 2, p. 489-530, jul./dez 2002; SANT
Sousa. A crítica da razão indolente: contra o desperdício da experiência (Para um novo senso comum: a ciência, o direito e a política na transição paradigmática; Por uma c
multicultural de direitos humanos. In: SANTOS, Boaventura de Souza. (Org.) Reconhecer para libertar: os caminhos do cosmopolitismo multicultural. pp. 429-461
30 Cf. RUDE-ANTOINE, Edwige; CHRÉTIEN-VERNICOS, Geneviève. Anthropologies et droits : état des savoirs et orientations contemporaines.
31 Cf. LE ROY, Étienne. O lugar da juridicidade na mediação. In: Meritum. pp. 289-324 – jul./dez. 2012; NICOLAU, Gilda. Entre médiation et droit, les enjeux d’une bonne inte
Jurisprudence – Revue critique, n. 4 (La médiation. Entre renouvellement de l’offre de justice et droit), pp. 209-235, 2013.
32 Cf. RUDE-ANTOINE, Edwige; CHRÉTIEN-VERNICOS, Geneviève. Anthropologies et droits : état des savoirs et orientations contemporaines.
33 Cf. BOHANNAN, Paul. A categoria injô na sociedade Tiv. Antropologia do direito. pp. 57-69; Etnografia e comparação em antropologia do direito. Antropologia do direito.
GLUCKMAN, Max. Obrigação e dívida, Shelton H. Antropologia do direito: estudo comparativo de categorias de dívida e contrato. pp. 25-56; VILLAS BÔAS FILHO, Orlando. A
universalidade das categorias jurídicas ocidentais a partir da abordagem antropológica: nota sobre a discussão entre Max Gluckman e Paul Bohannan. In: Revista da Faculd
USP, vol. 110, p. 277-318, jan.-dez. 2015.
34 ROULAND, Norbert (Org.). Direito das minorias e dos povos autóctones; VILLAS BÔAS FILHO, Orlando. A juridicização e o campo indigenista no Brasil: uma abordagem in
Revista da Faculdade de Direito da USP. vol. 111, pp. 339-379, jan.-dez. 2016; Do mesmo autor: Os direitos indígenas no Brasil contemporâneo. In: BITTAR, Eduardo C. B. Hi
brasileiro: leituras da ordem jurídica nacional. pp. 279-293.
35 Cf. VACHON, Robert. L’étude du pluralisme juridique: une approche diatopique et dialogale. In: Journal of legal pluralism and unofficial law, n. 29, 1990. pp. 163-173; VILL
Orlando. A questão da universalidade das categorias jurídicas ocidentais a partir da abordagem antropológica: nota sobre a discussão entre Max Gluckman e Paul Bohann
Faculdade de Direito da USP. vol. 110, p. 277-318, jan.-dez. 2015.
36 Cf. RUDE-ANTOINE, Edwige; CHRÉTIEN-VERNICOS, Geneviève. Anthropologies et droits : état des savoirs et orientations contemporaines.
37 Cf. CLASTRES, Pierre. La société contre l’État. Recherches d’anthropologie politique. MALINOWSKI, Bronislaw. Crime and custom in primitive society. 7; RADCLIFFE-BROW
and function in primitive society; SHIRLEY, Robert Weaver. Antropologia jurídica.
38 Cf. KANT DE LIMA, Roberto. Ensaios de antropologia e de direito: acesso à justiça e processos institucionais de administração de conflitos e produção da verdade em um
comparada.
39 Cf. SCHRITZMEYER, Ana Lúcia Pastore. Jogo, ritual e teatro: um estudo antropológico do Tribunal do Júri.
40 Cf. RUDE-ANTOINE, Edwige; CHRÉTIEN-VERNICOS, Geneviève. Anthropologies et droits : état des savoirs et orientations contemporaines.
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Citação
VILLAS BÔAS FILHO, Orlando. Antropologia jurídica. Enciclopédia jurídica da PUC-SP. Celso Fernandes Campilongo, Alvaro de Azevedo Gonzaga e André Luiz Freire (coords.
e Filosofia do Direito. Celso Fernandes Campilongo, Alvaro de Azevedo Gonzaga, André Luiz Freire (coord. de tomo). 1. ed. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de Sã
Disponível em: https://enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/42/edicao-1/antropologia-juridica
Edições
Tomo Teoria Geral e Filosofia do Direito, Edição 1, Abril de 2017