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Resumo - Modelos de Atenção À Saúde

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MODELOS DE ATENÇÃO À SAÚDE E SEUS PRINCÍPIOS ORGANIZATIVOS

Introdução: Modelos de atenção à saúde são combinações tecnológicas


estruturadas para a resolução de problemas e para o atendimento das
necessidades de saúde da população, sejam elas individuais ou coletivas. Os
modelos podem ser concebidos por meio de normas, padrões e referências para
o campo técnico-científico, para orientar escolhas técnicas, decisões políticas e
financiamentos. Concisamente, são as formas de organização tecnológica do
processo de prestação de serviços de saúde que resultam do estabelecimento
de intermediações entre o técnico e o político. No Brasil, podemos relatar
diversos modelos de saúde desenvolvidos em diferentes momentos da história.
O modelo de medicina voltado para a assistência à doença em seus aspectos
individuais e biológicos, centrado no hospital, nas especialidades médicas e no
uso intensivo de tecnologia é chamado de medicina científica ou biomedicina ou
modelo flexneriano. Esta concepção estruturou a assistência médica
previdenciária na década de 1940, expandindo-se na década de 1950,
orientando também a organização dos hospitais estaduais e universitários. No
início da República, por exemplo, sanitaristas, guardas sanitários e outros
técnicos organizaram campanhas para lutar contra as epidemias que assolavam
o Brasil no início do século (febre amarela, varíola e peste). A partir da década
de 1930, a política de saúde pública estabeleceu formas mais permanentes de
atuação com a instalação de centros e postos de saúde para atender, de modo
rotineiro, a determinados problemas. Para isso, foram criados alguns programas,
como pré-natal, vacinação, puericultura, tuberculose, hanseníase, doenças
sexualmente transmissíveis e outras. Esses programas eram organizados com
base nos saberes tradicionais da biologia e da velha epidemiologia que
determinavam o “bicho‟ a ser atacado e o modo de organizar o „ataque‟, sem
levar em conta aspectos sociais ou mesmo a variedade de manifestações do
estado de saúde de um ser de acordo com a região e/ou população e, por isso,
denominamos Programa Vertical. Já, no contexto dos anos 70, estabeleceu-se,
internacionalmente, um debate sobre modelos de assistência que levassem em
conta as questões anteriormente mencionadas. Prevaleceram as propostas que
enfatizavam a racionalização do uso das tecnologias na atenção médica e o
gerenciamento eficiente. A mais difundida foi a de atenção primária à saúde ou
medicina comunitária. Objetivo: Reconhecer os diferentes modelos de atenção
à saúde e a forma como estes se organizam e são implementados no Brasil.
Resultados e Discussão: Quando se fala em mudança do modelo de atenção
à saúde é importante compreender que esta mudança é relativa ao modelo ainda
hegemônico no Brasil, ou seja, o modelo centrado nas ações médico-curativas,
excessivamente especializado, de alto custo e baixa resolutividade, com ênfase
no cuidado fragmentado e no ambiente hospitalar e, portanto, não estruturado,
não centrado no cidadão. O modelo idealizado para o SUS é o oposto, haja vista
que preconiza a integralidade do cuidado, a garantia do acesso, a regionalização
e descentralização dos serviços, as ações humanizadas e resolutivas de saúde
e voltadas às necessidades de toda a população por meio de ações de
planejamento e avaliação que respeitem as diferentes necessidades e
problemas de saúde locais e regionais. Para tanto, requer um processo de luta
política e social visando garantir avanços em direção às mudanças pretendidas.
Desta forma, há que se reconhecer que para mudar a lógica do modelo
hegemônico faz-se necessário promover mudanças também no lócus de
prestação do cuidado, buscando intervir nos problemas de saúde de forma mais
precoce e longitudinal, ou seja, com possibilidades de acompanhamento dos
indivíduos em seus contextos familiares e territoriais. Nesse sentido, a
organização da rede básica de saúde representa uma oportunidade de acúmulo
de forças em direção à própria consolidação dos princípios e diretrizes do SUS.
Assim, a organização do SUS em nosso país está assentada em três
pilares: rede (integração dos serviços interfederativos), regionalização (região de
saúde) e hierarquização (níveis de complexidade dos serviços). A Constituição
ao estatuir que o SUS é um sistema integrado, organizado em rede
regionalizada e hierarquizada, definiu o modelo de atenção à saúde e a sua
forma organizativa. O modelo do sistema de saúde brasileiro é centrado
na hierarquização das ações e serviços de saúde por níveis de complexidade.
Nesse sentido, o modelo de atenção à saúde, que se centra em níveis de
complexidade dos serviços, deve ser estruturado pela atenção básica, principal
porta de entrada no sistema, a qual deve ser a sua ordenadora. A hierarquização
se compõe da atenção primária ou básica; atenção secundária e terciária ou de
média e alta complexidade (ou densidade tecnológica). A atenção primária deve
atuar como se fora um filtro inicial, resolvendo a maior parte das necessidades
de saúde (por volta de 85%) dos usuários e ordenando a demanda por serviços
de maior complexidade, organizando os fluxos da continuidade da atenção ou
do cuidado. Este papel essencial da atenção primária, tanto na resolução dos
casos, quanto no referenciamento do usuário para outros níveis, torna-a a base
estruturante do sistema e ordenadora de um sistema piramidal. Este modelo
piramidal, de base alargada, densa, em razão de a atenção primária ser a
principal porta de entrada do sistema e responsável pela resolução da maioria
da necessidade de saúde da população, deve ser estruturada qualitativamente,
com fixação de metas e a atribuição de garantir o acesso do usuário ou o seu
caminhar na rede de atenção à saúde. Esta forma de organização do SUS –
integração (rede) de todas as ações e serviços de saúde dos entes federativos
daquela região – impõe aos municípios, articulados com o Estado e com a União,
a necessidade de permanente interação com vistas a garantir uma gestão
compartilhada. Considerações finais: Pelo exposto acima, pode-se concluir
que os modelos de atenção à saúde resultam dos diferentes contextos socio-
históricos que os determinam. Ao contrário do que se supõe, não há um modelo
de saúde que suplante, isoladamente, todas as necessidades e problemas de
saúde de uma determinada população. Por sua vez, a complexidade da
realidade brasileira evidencia a necessidade de se pensar nas desigualdades e
diversidades existentes entre as regiões brasileiras buscando adequar a oferta
de serviços de acordo com o contexto regional. E ao longo de sua aplicação,
torna-se necessário que cada modelo seja desenvolvido visando o
fortalecimento dos princípios e diretrizes do SUS.
Palavras-chave: Modelos Alternativos. Modelos Hegemônicos. Organização da
Saúde.
Referências
CAMPOS, G. W. S. Modelos de atenção em saúde pública: um modo mutante
de fazer saúde. Saúde em Debate, Londrina, n. 37, p. 16-19, 1992.

PAIM J. A reforma sanitária e os modelos assistenciais. In: Rouquayrol MZ,


Almeida Filho N. Epidemiologia e saúde. 5ª ed. Rio de Janeiro: MEDSI, 1999. p.
473-87.

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