Programa de Pós-Graduação em Diversidade Cultural E Inclusão Social
Programa de Pós-Graduação em Diversidade Cultural E Inclusão Social
Programa de Pós-Graduação em Diversidade Cultural E Inclusão Social
TRÍADE EXTENSÃO-PESQUISA-ENSINO:
EXPRESSÃO E FUNDAMENTO DE UMA UNIVERSIDADE
TRANSFORMADORA
Novo Hamburgo
2017
1
TRÍADE EXTENSÃO-PESQUISA-ENSINO:
EXPRESSÃO E FUNDAMENTO DE UMA UNIVERSIDADE
TRANSFORMADORA
Novo Hamburgo
2017
2
3
TRÍADE EXTENSÃO-PESQUISA-ENSINO:
EXPRESSÃO E FUNDAMENTO DE UMA UNIVERSIDADE TRANSFORMADORA
AGRADECIMENTOS
RESUMO
ABSTRACT
The research proposes the extension-research-teaching triad as the expression and foundation
of a transforming university. The proposition of the debate about the production of knowledge
by means of and in extension has as its guiding thread its articulations with the territory, with
history, with the identity and with the strategic-institutional alignment, with the research and
with the curriculum. The reflection for a university that dialogues with the social actors /
movements from channels of listening to the community demands was the inspiring motto to
reflect on the conception, structure and academic practices under the extensionist perspective,
which meant to think the diversity and the public policies directly linked to university life and
to academic and social inclusion. Under this combination of factors, and from the Freirean
affiliation, in a dialogue with other authors, I proposed to organize a collective learning that
would subsidize the formulation of the institutional policy of extension, and to support the
reorientation of the pedagogical axis "extension-research-teaching" as a foundation of dialogue
and knowledge construction in the face of an emerging educational paradigm, based on critical
reflection, interdisciplinarity and indissociability of academic dimensionsKEY WORDS:
Academic and social inclusion. National Education Plan. Public policy. College education.
Extension curriculum. An educational proposal that challenges itself to overcome the
instrumental, utilitarian and reproductive teaching, centered on the teacher and limited to the
classroom, based on critical-reflexive learning, under the student protagonism, in real contexts.
In this movement of redefinition undertaken by the Lutheran University of Brazil (ULBRA),
the thematic clipping of the study takes place from and from the perspective of the construction
of the institutional policy of extension as one of the pillars of the proposal announced in the
academic policies of the Institutional Development Plan 2017 -2022 (ULBRA, 2016a). In this
sense, he interacts with the Freirean pedagogies in dialogue with other authors, as a basis for
the announced resignification, recontextualizing the praxis of university extension. The
structure of research-action-training is delineated in the period 2010-2016, in different stages,
signaled by the discussion of senses and extension practices, by the resolution of specific
organizational demands and teacher training. From the research findings, I understand that the
construction of collective learning (derived from the rediscovery of the "ULBRAs") and the
establishment of bonds of belonging and trust between the team of the Academic Rector Major,
coordinators and teachers, translates the essentiality of the transformation of the university as a
power for the feasibility of the proposal.
KEY WORDS: Academic and social inclusion. National Education Plan. Public policy. College
education. Extension Curriculum
8
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE GRÁFICOS
LISTA DE QUADROS
LISTA DE TABELAS
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 18
1 INTRODUÇÃO
1
Tendo Paulo Freire como referencial.
2
Síntese do meu entendimento de educação transformadora.
19
3
Entendo que não cabe, nos limites deste estudo, um mergulho na polêmica das fronteiras conceituais entre
modernidade e pós-modernidade, e, nesse processo transitório ou migratório, importa-me refletir sobre as
mudanças e fenômenos em curso, seus impactos sobre os princípios norteadores do ser e fazer universidade,
de produção e socialização de conhecimentos.
4
Assistencialismo e invasão cultural.
5
Decolonialidade, segundo Mota Neto (2015, p. 14) como [...] questionamento radical e a busca de superação
das mais distintas formas de opressão perpretadas contra as classes e os grupos subalternos pelo conjunto de
agentes, relações e mecanismos de controle, discriminação e negação da modernidade/colonialidade”.
6
Fui inspirada pelo questionamento de Huidobro et al. (2015, p. 35): “Puede, entonces, la extensión universitária,
constituir-se como uma herramienta transformadora de los paradigmas universitários em términos de
construción de conocimiento?”. Some-se ao questionamento do autor, o desafio da estratégia 7 da meta 12 do
Plano Nacional de Educação 2014-2024.
7
Assim, o leitor não encontrará um profundo referencial teórico introdutório, mas uma breve contextualização
e, a partir da narrativa das experiências, os entrelaçamentos teóricos fundamentais. Motivo pelo qual
qualifiquei-a como uma “tese extensionista”.
20
8
Trabalhei apenas com os campi gaúchos a partir de 2015, integrantes da ULBRA multicampi.
9
Como aluna trabalhadora, concluí minha graduação aos trinta anos de idade, após muitos começos e recomeços,
em diferentes cursos e instituições gaúchas. Sou, portanto, alguém que olha de dentro para fora, mas
principalmente, de “fora para dentro” da universidade.
21
10
Esta linha tem por objeto de investigação os processos de inclusão social decorrentes de ações afirmativas,
propostas por políticas públicas, demandadas e/ou executadas por instituições governamentais, por
organizações não governamentais e por movimentos sociais. Estuda as práticas sociais como espaços de
exclusão/inclusão, tais como aquelas mediadas pela educação, trabalho e políticas de desenvolvimento,
investigando a formulação, gestão e avaliação de projetos e políticas de inclusão social. A diversidade e seus
impactos sobre os processos de exclusão/inclusão contemplam, entre outras, o estudo das seguintes temáticas:
práticas sociais voltadas à cidadania; desempenho institucional e políticas públicas; movimentos sociais;
relações entre trabalho e educação (FEEVALE, 2013).
11
REUNI, PROUNI, FIES e Cotas étnico-sociais, por exemplo.
23
12
Encontros do Fórum Nacional de Extensão e Ação Comunitária das Universidades e IES Comunitárias
(FOREXT); XIV Seminário Internacional de Educação – Plano Nacional de Educação: Diálogos Sobre Textos
e Contextos da Educação – Universidade FEEVALE, Novo Hamburgo, Brasil, nov. 2014; XIII Congreso
Latinoamericano de Extensión Universitária, Havana, Cuba, jun. 2015; Fórum de Extensão do Mercosul – Tecendo
Processos de Curricularização da Extensão, Universidade de Passo Fundo, Brasil, ago. 2015; XV Colóquio
Internacional de Gestão Universitária – CIGU: Desafios da Gestão Universitária no Século XX, Mar Del Plata,
Argentina, dez. 2015; V Jornada de Extensión del Mercosul – Tandil – Argentina, maio 2016; IV Foro Regional
ORSALC - Responsabilidad Social Territorial: Tendencias en América Latina y el Caribe, Cartagena das
Índias, Colômbia, ago. 2016.
13
Espaço virtual, coordenado pela pesquisadora no período de junho 2015 a junho 2017, a partir dos contatos
obtidos no XIII Congreso Latinoamericano de Extensión Universitária, em Cuba, com o objetivo de constituir-
se em um ambiente interativo, para reflexões acerca dos saberes, lições aprendidas, práticas de extensão,
experiências de curricularização da extensão, entre outros aspectos, por meio de mesas virtuais. Mais de
trezentas instituições latino-americanas e caribenhas foram convidadas a participar e, destas, 108 (cento e oito)
aceitaram o convite. Assim, valiosos materiais (livros virtuais e relatos de caso, principalmente) foram
postados, constituindo-se em subsídios importantíssimos para as reflexões desta tese.
14
O termo curricularização refere-se a um neologismo amplamente discutido em diferentes fóruns de extensão, a
partir da estratégia 7, da meta 12, do Plano Nacional de Educação 2014-2024, cuja origem é desconhecida, mas
tem raízes na inserção da extensão como trajeto curricular em países latino-americanos, em especial no Uruguai
e Argentina, precursores desse processo. No presente estudo, refere-se à fusão da extensão universitária, a
partir de programas de projetos, ao currículo dos cursos de graduação, de forma articulada à pesquisa. Entendo
que supera, portanto, os conceitos de mera inserção ou integração curricular.
24
15
Art. 207 da Constituição Federal de 1988: “As universidades gozam de autonomia didático-científica,
administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre
ensino, pesquisa e extensão”.
25
O percurso investigativo.
27
2 O PERCURSO INVESTIGATIVO
16
A universidade desenvolvimentista é fruto da influência norte-americana, manifesta no Relatório Atcon. A
estruturação desse modelo de universidade, conectada ao governo e à sociedade industrial, tecnocrática e a
serviço do projeto modernizador de desenvolvimento nacional a partir da formação de mão de obra/capital
humano, serviu de base para a alienação e distanciamento cultural entre a universidade e a população, ao que
Buarque (1994, p. 55) chama de “apartheid social”.
17
Universidade transformadora compreendida como uma instituição territorializada, inclusiva, articulada com as
demandas, os problemas e os saberes de seu entorno e de seu tempo (direitos humanos, diversidade, relações
étnico-raciais, questões ambientais), frutos dos intensos debates dos movimentos sociais em nível
global/nacional alimentados por um campo de reflexão do pensamento social contemporâneo derivado de uma
governança global. Opção manifesta pela ULBRA em seu Plano de Desenvolvimento Institucional 2017-2022
que é apresentado no Capítulo 7.
18
Parto da constatação da transição paradigmática da ciência em marcha, fundamentada no reconhecimento de
outras formas, práticas e atores que referenciam o conhecimento histórico-social, além da geografia europeia
e da hierarquização de saberes imposta pela Modernidade, e em suas implicações na educação superior.
28
Sob tais perspectivas, o estudo objetiva analisar de que modo a tríade extensão-pesquisa-
ensino, por meio de programas e projetos interdisciplinares, potencializa a proposta de uma
universidade transformadora, considerando o processo de implantação da política institucional
de extensão na ULBRA, enunciando-se como questão de tese: Quais são os
sinalizadores, depreendidos do processo de implantação de uma política de extensão, na
Universidade Luterana do Brasil, que demonstram a viabilidade da configuração da
tríade extensão-pesquisa-ensino, como expressão e fundamento de uma universidade
transformadora?
Para responder à questão proposta, formulei um quadro teórico que me possibilitasse
repensar a universidade sob a óptica extensionista, num processo de decolonização pedagógica
que rompe com o modelo hegemônico de produção e difusão de conhecimento. Nas trilhas
investigativas percorridas, tornam-se inseparáveis, no meu entender, as etapas de reconstituição
da história da extensão na ULBRA e da análise do processo de ressignificação, territorialização,
institucionalização e sistematização da extensão, a sua integração com a pesquisa e o processo
de curricularização, como pegadas que demarcam o percurso e constituem as fases da
proposição anunciada.
Tais etapas não obedeceram a uma lógica linear, sequer foram previstas rigorosa e
antecipadamente, mas, sim, foram orientadas por feedbacks, pela constituição de uma teia
colaborativa com as coordenações acadêmicas, de extensão e de cursos, pelo reconhecimento
da singularidade dos estágios da extensão (concepções e práticas) em cada um dos
29
[...] é um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em
estreita associação com uma ação ou resolução de um problema coletivo e no qual os
pesquisadores e os participantes representativos da situação ou problema estão
envolvidos de modo cooperativo ou participativo.
Dessa forma, a pesquisa-ação responde à essa necessidade uma vez que além de
oferecer condições para a aquisição de um conhecimento sobre a temática, através da
análise e da reflexão sobre sua própria prática, possibilita o estabelecimento de uma
nova postura profissional: a de investigar a prática pedagógica em movimento.
19
Inicialmente dediquei-me à elaboração de questionários para pesquisa via autoatendimento (intranet) conforme
apresentado na qualificação do projeto de pesquisa, contudo, após as contribuições da banca e testagem de
32
diferentes versões com os coordenadores de extensão e docentes, optei pela simplificação do instrumento para
livre manifestação escrita, associado às anotações de meus diários de campo.
20
A ULBRA tem campi nos municípios gaúchos de Cachoeira do Sul, Canoas, Carazinho, Gravataí, Guaíba,
Porto Alegre, Santa Maria, São Jerônimo e Torres, além de uma unidade de Educação a Distância, com oitenta
polos distribuídos em todas as regiões brasileiras.
21
Para delimitação de uma amostra qualificada, envolvendo realidades distintas: territoriais (região metropolitana
de Porto Alegre e interior do Rio Grande do Sul) e acadêmicas (seleção de cursos por adesão voluntária de
suas coordenações).
22
No período de ressignificação e institucionalização da extensão e, na sequência, quando do início do processo
de curricularização da extensão (como veremos no capítulo 5).
33
23
Mais ex-gestores foram contatados, mas não se dispuseram a dialogar comigo sobre a temática.
24
Por adesão.
25
Sinônimo: semáforo.
34
26
Mesmo que provisória, pois encontra-se em implementação nos cursos da área da saúde neste ano, e seguirá
um calendário segmentado por áreas até 2020.
27
Apenas nos anos de 2012 e 2015, o tema extensão foi pautado na formação docente institucional. Assim, fomos
abrindo espaços, a partir do “lançamento” dos editais anuais de extensão, da elaboração e discussão de
“pareceres solidários” dos projetos submetidos aos referidos editais (coordenações de extensão e diretoria), da
análise das avaliações parciais e semestrais dos projetos desenvolvidos. A esse processo denominamos
“aprendizagem em serviço”, a partir do qual revisitávamos as diretrizes da política da extensão (nacional e
institucional) com coordenações e docentes extensionistas. Ao mesmo tempo, publicizávamos os projetos em
desenvolvimento (site, relatórios sociais, fóruns e colóquios de extensão) e por meio do próprio Sistema de
Gerenciamento de Informações da Extensão (SISDEX) (relatórios). Uma contribuição importante, nesse
processo de publicização e compartilhamento de experiências, foi a implementação de funcionalidade no
SISDEX, que possibilitou às coordenações (acadêmicas e de extensão) acessarem os projetos cadastrados em
todas as unidades ULBRA, organizados por programas, categorias de projetos, linhas de extensão, cursos de
graduação, entre outros critérios de busca. Tal funcionalidade possibilitou-nos o início de uma atuação em rede.
35
28
Como será descrito a seguir, os chamados “fóruns devolutivos” foram reuniões de discussão dos resultados
compilados, mesmo que parciais, em cada um dos oito campi participantes e com a unidade EAD. Essa
dinâmica foi adotada para avaliação e validação conjunta dos dados e aprofundamento das reflexões sobre as
trajetórias possíveis de curricularização (hipóteses de trabalho). Todo esse material, em dados
brutos/compilados era enviado ao Pró-Reitor para acompanhamento do andamento do trabalho coletivo.
29
Conteúdos, atividades, competências, habilidades, atitudes que não estão registrados/evidenciados nos
projetos pedagógicos e ou planos de ensino.
30
A minuta resultante dessa escrita coletiva foi submetida ao comitê da Pró-Reitoria Acadêmica, sendo rediscutida
pelos diretores e Pró-Reitor, recebendo contribuições e propostas de alterações e, na sequência, discutida e
aprovada pelo Conselho Universitário em dezembro de 2016.
36
No campo empírico, a ULBRA foi escolhida como unidade de análise pelo meu vínculo
profissional, por sua natureza multicampi, pela pluralidade de seus 146 (cento e quarenta e seis)
cursos de graduação31. Entendo que esses aspectos configuram a instituição como uma amostra
representativa das diversas faces das universidades brasileiras sem fins econômicos.
Complementar ao estudo na ULBRA, a participação em eventos, nacionais e
internacionais; as visitas técnicas e participação em jornadas de formação de outras
instituições de educação superior 32; a representação institucional da ULBRA no Fórum
Nacional de Extensão e Ação Comunitária das Universidades e IES Comunitárias
(FOREXT); a constituição da rede virtual de extensão (<http://redvinculacion.ning.com>) 33
constituíram estratégias valiosas para a pesquisa; contudo, não comporão seu corpus de
ações investigativas.
O Quadro 1, que segue, sintetiza a estratégia investigativa que direciona o curso de
interações, apresentando as ações correspondentes. Sua produção está fundamentada na
produção de Melo e Baptista (2017), correspondendo à proposição de Matrizes Analíticas e
de Criação da Pesquisa34:
31
Segmentados em sete áreas da classificação internacional EUROSTAT/UNESCO/OCDE, a saber: Educação;
Humanidades e Artes; Ciências Sociais, Negócios e Direito; Ciências, Matemática e Computação; Engenharia,
Produção e Construção; Agricultura e Veterinária; Saúde e Bem-estar Social.
32
Universidade de Passo Fundo (UPF), Centro Universitário UNIVATES, Universidade Comunitária da Região
de Chapecó (UNOCHAPECÓ), Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC), Centro Universitário
Franciscano (UNIFRA).
33
Essa rede oportunizou o acesso a importantes experiências de outros países, com destaque às contribuições de
colegas uruguaios, argentinos, cubanos e mexicanos.
34
O texto que apresenta essa proposição foi cedido em cópia, pelas autoras, por ser tratar de material inédito, a
ser publicado no ano de 2017.
37
reconhecer a (2017);
tríade extensão-
• Pesquisa documental e bibliográfica;
pesquisa-ensino
• Dinâmica da Sinaleira (instrumento de
como expressão
coleta de dados criado pela autora –
e fundamento
Apêndice A);
de uma
universidade • Mapeamento do currículo oculto –
transformadora práticas extensionistas vinculadas às
considerando o disciplinas;
processo de
implantação da c) Refletir sobre a
política • Pesquisa bibliográfica;
configuração da tríade
institucional de • Insumos da consulta pública virtual –
extensão-pesquisa-ensino,
extensão na políticas acadêmicas PDI/PPI 2017-
como diretriz da opção
ULBRA. 2022;
político-pedagógica pelo
modelo de universidade • Delimitação de trilhas teóricas.
transformadora;
35
Paulo Freire tinha um programa na Rádio Neederland da Holanda com o nome O Andarilho da Utopia, alusivo
a sua vocação andarilha (BRANDÃO, 2008).
40
de pensadores como Copérnico, Kepler, Newton, Descartes, Bacon, Locke, Hobbes, Kant,
Hegel, Galilei e Comte, para citar os mais importantes, alicerçou-se na manutenção de uma
ordem social estável, ilusoriamente garantida pela racionalidade científica e pelo progresso.
Nesse período, sob a perspectiva da produção econômica, tinha-se o mercantilismo em
apogeu e a industrialização em curso. Sucediam-se transformações sociais e políticas: a
Reforma Protestante, a formação dos Estados absolutistas e as revoluções burguesas liberais
(Revolução Industrial na Inglaterra, Independência dos EUA e Revolução Francesa). Vivia-se,
ainda, a expansão e consolidação do capitalismo, a crescente urbanização, o desenvolvimento
da democracia liberal e o processo de independência dos países latino-americanos.
A inauguração da Modernidade é marcada por uma crescente rebelião burguesa contra
a ordem medieval que resulta no individualismo (legado da Reforma). O homem renascentista
buscava libertar-se do jugo das instituições políticas, econômicas e religiosas, tomando essa
liberdade como autoafirmação em relação à sociedade. Ambiguamente, o individualismo na
cultura moderna é fundamentado em um discurso ideológico de liberdade, singularidade e
autorresponsabilidade e, ao mesmo tempo, no sistema capitalista esses conceitos relacionam-se
à capacidade de provimento de recursos financeiros para a real garantia da liberdade de escolhas
pessoais (DUMONT, 1985; SIMMEL, 1998). Uma liberdade, portanto, alienada ao poder
econômico.
O desenvolvimento da ciência, por seu lado, dá-se com a libertação dos dogmas
religiosos medievais e a intensificação tecnológica oriunda da Revolução Industrial em marcha.
Pode-se caracterizar a Modernidade, no entendimento de Trindade (2000, p. 11), como um
momento que, a partir do século XVII, foi “marcado por descobertas científicas em vários
campos do saber” e, também, pelo Iluminismo no século XVIII “com a valorização da razão,
do espírito crítico, da liberdade e tolerância religiosas e o início da revolução industrial inglesa”
o que levou a que a universidade começasse “a institucionalizar a ciência numa transição para
os modelos que se desenvolverão no século XIX”.
Em um cenário de ebulição econômica, social e política, Cocho, Gutiérrez e Miramontes
(2006) afiançam que a ciência moderna exaltou a vitória da razão sobre os dogmas, produziu o
racionalismo como doutrina filosófica, e partiu do entendimento de que existe um mundo real
independente da percepção dos seres humanos; espaço e tempo são absolutos e explicáveis
pelas leis da mecânica e de que tudo no universo está predeterminado, subalterno à natureza.
Destacam os autores:
41
acerca das leis da natureza e da sociedade e, coerente com o padrão de racionalidade imposto,
a problematização e a comprovação de hipóteses são orientadas pela dualidade, linearidade,
regularidade, previsibilidade, predição, controle e inevitabilidade.
Não obstante, Oliveira (2016) destaca que a noção de subjetividade introduzida por
Descartes e Hobbes incluía dois elementos fundamentais: a capacidade do indivíduo de se
autoconhecer e definir, traduzida no “penso, logo existo”, de um lado, e, de outro, a capacidade
de ação do sujeito para a realização dos desejos/interesses, influindo sobre o mundo de forma
ativa. O homem não mais integra a natureza, ele a domina.
Os modernos partem da consciência, orientados por uma pretensa universalização dos
padrões culturais do homem, branco, cristão e europeu conforme elucida Quijano:
Segundo Domingues (1999) “[...] o Estado também foi pensado em termos do modelo
de subjetividade originalmente atribuído ao indivíduo burguês: centrado, transparente e
racional, capaz de ação concertada e transformadora (ainda que amiúde direcionada para a
conservação do status quo)”. Moraes (2010, p. 42), por sua vez, reconhece que a “[...] ciência
clássica desintegrou o ser, a sociedade, a natureza e a própria dinâmica da vida”. A divisão em
classes e castas, estruturas sociais rígidas com papéis e funções definidas foram os instrumentos
dessa desintegração.
Tal lógica tem suas raízes na hierarquização sociopolítica grega a partir do saber-poder,
no abismo entre os seres viventes e conscientes de Santo Agostinho 36, na oposição sujeito-
objeto da ciência moderna. Servil aos propósitos capitalistas, essa concepção de humanidade
classifica os indivíduos pelas categorias trabalho, raça e gênero, instâncias que se associam ou
36
A interioridade proposta por Santo Agostinho considera que somente através da fé o conhecimento poderá ser
alcançado, por meio da compreensão da verdade já dada na revelação divina. O fundamento da hierarquia
proposta por Santo Agostinho é que o ser consciente – capaz de raciocínio – é superior porque possui o vivente
dentro de si mesmo, e o aprofundamento dessa concepção permitirá colocar a razão acima de todos os sentidos
e justificar a subalternidade dos povos.
43
37
Independemente de sua denominação (modernidade tardia, modernidade avançada, pós-modernidade,
neomodernidade ou transmodernidade).
44
A configuração dos saberes em arquipélago sugere, pois, uma situação reticular que
não postula uma gênese comum nem aceita qualquer hierarquia, natural ou funcional,
dos saberes. É este um de seus efeitos mais decisivos: a perda de importância, se não
mesmo de objeto, das concepções centralizadas, arborescentes ou piramidais de
conhecimento.
No regime de arquipélago, a ciência funciona como um (entre outros) dos saberes
constitutivos do campo cognitivo que ordena a produção de sentido na sociedade
contemporânea. Esta “perda”, em termos de importância relativa, da ciência, que
agora partilha o templo do conhecimento com outros saberes (que utilizam métodos e
46
[...] o conhecimento não é insular, mas peninsular, e, para conhecê-lo, temos que ligá-
lo ao continente do qual faz parte. O ato de conhecimento, ao mesmo tempo biológico,
cerebral, espiritual, lógico, linguístico, cultural, social, histórico, faz com o que o
conhecimento não possa ser dissociado da vida humana e da relação social. (MORIN,
2012, p. 26).
38
Segundo Teixeira (2017), A transdisciplinaridade é uma abordagem científica que visa à unidade do
conhecimento. Dessa forma, procura estimular uma nova compreensão da realidade, articulando elementos que
passam entre, além e através das disciplinas, numa busca de compreensão da complexidade.
39
Capacidade dos indivíduos de produzirem a si próprios (MATURANA; VARELA, 2001).
47
40
O conceito de multirreferencialidade foi esboçado inicialmente por Jacques Ardoino, na Universidade de Paris,
em 1966, relacionando a noção de complexidade à educação (em relação às ciências humanas), atribuindo um
caráter transversal e holístico à realidade estudada (leitura plural, sob diferentes ângulos e em função de
sistemas distintos), e, por consequência, apontando a impossibilidade de sua redução (da realidade) por recorte
em elementos mais simples (SOUZA, 2011).
48
A vida religa-se à ciência41 e estabelece uma racionalidade holística que busca uma
conexidade dinâmica a partir de relações (não mais de fenômenos isolados ou de partes).
Importa sublinhar que essa visão contraria a maior parte das noções vividas pela humanidade
visto compor-se de um enredado tecido de fenômenos interconectados.
41
Judith Schlanger citada por Morin (2015) reconhece equivalências minuciosas entre a vida biológica e a vida
social.
42
“O desenvolvimento de formas racionais de organização social e de modos racionais de pensamento prometia
a libertação das irracionalidades do mito, da religião, da superstição, liberação do uso arbitrário do poder, bem
como do lado sombrio da nossa própria natureza humana” (HARVEY, 2013, p. 23).
49
Este pode ser o propósito e sentido que possibilitem o estabelecimento de uma nova
relação ciência/virtude, conhecimento científico/vulgar e a atribuição de um papel socialmente
relevante à ciência (respondendo aos questionamentos de Rousseau). Propósito que delineia
uma nova ética:
[...] formulação e a aceitação de uma ética que subordine o avanço técnico a novos
propósitos civilizatórios nos quais estejam refletidos o direito à liberdade de cada
homem e a responsabilidade de cada um deles para a construção de uma civilização
em que o equilíbrio ecológico seja garantido, onde nenhum ser humano seja excluído
do mínimo necessário para a vida livre e criativa e onde o processo civilizatório tenha
por objetivo o constante enriquecimento da humanidade em seus valores culturais
(BUARQUE, 1994, p. 16).
A universidade, por seu lado, como ente integrante do aparato institucional da ciência –
referenciado anteriormente por Santos e Meneses (2010) –, e tributária dos princípios modernos
da razão e do Estado, está sendo questionada quanto ao seu papel e impacto sociais, ao mesmo
tempo em que é avaliada conforme padrões de qualidade com forte tendência produtivista e,
gerida de acordo com pressupostos empresariais dissimulados sob o preceito da autonomia.
Essa tricotomia circunscreve a identidade institucional e sua natureza administrativa (e gera
conflitos “operacionais”43), estabelece as diretrizes da produção e socialização do
conhecimento, e parametriza os indicadores de avaliação.
No momento em que vivemos um período de transição, o modelo vigente de
universidade permanece alicerçado na racionalidade instrumental 44 tendo como categorias
fundantes a regularidade, a previsibilidade, a uniformidade, a linearidade, a neutralidade e a
objetividade. Contudo, tais categorias mostraram-se insuficientes (e incapazes) para explicar a
complexificação da vida contemporânea, provocando a emergência de teorias que se
configurem em novos paradigmas (científicos e não científicos).
43
Missão, visão, valores, teorias pedagógicas versus critérios de número de alunos por turma; oferta regular de
disciplinas; infraestrutura; regime e formação docente; departamentalização; restritos investimentos em
pesquisa e extensão, venda de serviços, são alguns exemplos.
44
Segundo Taylor (2011, p. 13), “[...] tipo de racionalidade em que nos baseamos ao calcular a aplicação mais
econômica dos meios para determinado fim. Eficiência máxima, a melhor relação custo-benefício, é a sua
medida de sucesso”.
51
O título desta seção, a princípio, pode parecer inapropriado visto que a obra de Freire
não fez referência explícita à universidade. Todavia, repensá-la sob os referenciais do educador
brasileiro significa propor o rompimento com modelos exógenos (francês, alemão e norte-
americano) e considerar a educação como um ato político, um trabalho que se refaz na práxis.
Práxis entendida como um movimento de ação-reflexão-ação que se funda na teorização da
prática para transformá-la na leitura de mundo a partir da interação homens-homens e homens-
mundo, sua problematização e transformação.
Segundo Rossato (2008, p. 331), “A ação é precedida pela conscientização, mas gerada
por esta leva à construção de um outro mundo conceitual em que o indivíduo se torna sujeito e
54
passa a atuar sobre o mundo que o rodeia”. Nesse enfoque, a tarefa da universidade consiste em
integrar o homem ao seu momento histórico em busca de sua humanização (FREIRE, 1987,
1994). O desafio proposto pressupõe uma educação problematizadora voltada para a inserção
do homem na história como sujeito (autoemancipação intelectual). Pressupõe também uma
prática que integre a tríade docência, pesquisa e extensão e que supere, a partir da experiência,
as fronteiras modernidade/colonialidade, teoria/prática, saber científico/saber popular.
Implica uma prática que vença, conforme Ribeiro (2016), as resistências a um pensar
autêntico, crítico, consciente e comprometido com a realidade; uma educação que supere seu
caráter imperativo e incentive o respeito a diferentes formas de ler o mundo. Conforme Freire
nos desafia na obra Educação como Prática da Liberdade:
Por que não discutir com os alunos a realidade concreta a que se deva associar a
disciplina cujo conteúdo se ensina, a realidade agressiva em que a violência é
constante e a convivência das pessoas é muito maior com a morte do que com a vida?
Por que não estabelecer uma “intimidade” entre os saberes curriculares fundamentais
aos alunos e a experiência social que eles têm como indivíduos? Por que não discutir
as implicações políticas e ideológicas de um tal descaso dos dominantes pelas áreas
pobres da cidade? A ética de classe embutida neste descaso? (FREIRE, 1996, p. 30).
para que se assumam seres sociais e históricos, que fomentem a assunção da sua identidade
cultural.
No fundo, passa desapercebido a nós que foi aprendendo socialmente que homens e
mulheres, historicamente, descobriram que é possível ensinar. Se estivesse claro para
nós que foi aprendendo que percebemos ser possível ensinar, teríamos entendido com
facilidade a importância das experiências informais nas ruas, nas praças, no trabalho,
nas salas de aulas das escolas, nos pátios de recreios, em que variados gestos de
alunos, de pessoal administrativo, de pessoal docente se cruzam cheios de significação
(FREIRE, 1996, p. 44).
45
Aqui compreendidas como pedagogias de subalternização e homogeneização culturais, ditas únicas, neutras e
apolíticas, orientadas à capacitação para a empregabilidade.
46
Por vezes sequer produzido pelo professor que trabalha a disciplina.
58
pela instituição47. Os papéis estão dados: ao professor cabe seguir o cronograma e diretrizes
institucionais; ao aluno cabe responder às questões dentro desse roteiro e gabarito pré-
estabelecidos com vistas à sua aprovação, e urge a substituição dessa prática por uma pedagogia
de perguntas.
47
Considerando o marco regulatório vigente.
59
[...] extensão rural significaria, num sentido literal, o ato de estender, levar ou
transmitir conhecimentos de sua fonte geradora ao receptor final, o público rural.
Todavia, como processo, em um sentido amplo e atualmente mais aceito, extensão
rural pode ser entendida como um processo educativo de comunicação de
conhecimentos de qualquer natureza, sejam conhecimentos técnicos ou não. Neste
caso, a extensão rural difere conceitualmente da assistência técnica pelo fato de que
esta não tem, necessariamente, um caráter educativo, pois visa somente resolver
problemas específicos, pontuais, sem capacitar o produtor rural.
61
Ser dialógico é não invadir, é não manipular, é não “sloganizar”. Ser dialógico é
empenhar-se na transformação constante da realidade. Esta é a razão pela qual, sendo
o diálogo o conteúdo da forma de ser própria à existência humana, está excluído de
toda relação na qual alguns homens sejam transformados em “seres para outro” por
homens que são falsos “seres para si”. É que o diálogo não pode travar-se numa
relação antagônica (grifo do autor).
48
Temos órgãos governamentais brasileiros que adotam posturas distintas da explicitada, trabalhando na pesquisa
e reintrodução de culturas tradicionais, na organização de redes de cooperação de produtores, no resgate de
saberes nativos, em planos de desenvolvimento de assentamentos e quilombos. A Associação Sulina de Crédito
e Assistência Rural – ASCAR/EMATER, é um desses órgãos de fomento à produção agropecuária e apoio aos
pequenos produtores que destaco, dado minha experiência de onze anos no crédito agrícola do Banco do Brasil
(1993-2004) e minha atuação com projetos extensionistas em comunidades de remanescentes quilombolas.
49
E mercantil, pois os agrônomos são comissionados pelas empresas que comercializam tais produtos, além de
receberem percentagens sobre os valores de custeio e aquisição de máquinas e equipamentos para a elaboração
de projetos de financiamento bancário.
50
Na atualidade temos empresas integradoras (produção de frango, leite, fumo, são alguns exemplos), em que os
integrados (produtores) investem na estrutura produtiva e seu custeio (por vezes são financiados ou avalizados
pelas empresas integradoras), recebem os insumos e assumem a coobrigação de entrega do produto,
submetendo-se ao preço/cotação definidos pelas referidas empresas. A assistência técnica, fornecida pela
integradora e custeada pelo integrado, consiste na supervisão do processo produtivo para garantia de qualidade
e quantidade. As constantes crises da relação integradoras e integrados divulgados na mídia evidenciam o
quanto este modelo produtivo tem se configurado explorador, exemplo do que Freire (2013, p. 23) entende
como “domesticação”, a partir da persuasão, comercial, ideológica ou técnica dos produtores.
62
especializados, portanto, dado seu caráter arbitrário, não se constitui em ação educativa. Afirma
o autor:
É por isso que não é possível ao agrônomo-educador tentar a mudança das atitudes
dos camponeses em relação a qualquer destes aspectos (dos quais o conhecimento
deles [que não se pode ignorar] se encontra em nível preponderantemente sensível)
sem conhecer sua visão de mundo e sem enfrentá-la em sua totalidade (FREIRE, 2013,
p. 42).
51
Conforme será abordado no Capítulo 6.
52
Apesar dele reconhecer que a extensão tem sido entendida como invasão cultural, messianismo, transmissão e
domesticação, fruto do autoritarismo da universidade, mais preocupada com o universo acadêmico e ainda
pouco aberta ao saber popular.
64
53
Como será visto no Capítulo 6.
65
54
Conforme Santos (2011b), citado na página 48.
66
experiência vivida, seus sentidos, seus referenciais, seus tensionamentos, seus aprendizados,
uma trajetória coletiva construída por docentes-aprendizes em permanente diálogo entre si e
com seu território.
67
55
O recorte temporal compreende o resgate histórico do período anterior à minha “chegada” na Extensão da
ULBRA como gerente de projetos.
56
Além da ULBRA, outras seis instituições mantidas da AELBRA atuam na Educação Superior, sendo quatro
centros universitários, localizados em Ji-Paraná (RO), Manaus (AM), Palmas (TO) e Santarém (PA); e dois
institutos, em Itumbiara (GO) e Porto Velho (RO).
57
A mantenedora anterior era designada Comunidade Evangélica Luterana São Paulo (CELSP), porém, em abril
de 2014, uma mudança estatutária segregou suas atividades. Desse processo, resultou o surgimento da
AELBRA, como mantenedora das obras educacionais, ficando a Congregação Castelo Forte com as obras
religiosas. De fato, a mudança teve impactos na estrutura de governança da mantenedora, com o
estabelecimento de várias instâncias decisórias (assembleia de sócios, diretoria, conselho de administração e
diretoria executiva), integradas por membros internos e externos, bem como a descentralização da gestão (a
Reitoria da ULBRA deixou de concentrar a gestão das demais mantidas).
69
58
Atualmente ocupa o 18.º lugar em número de alunos, de acordo com dados do Censo da Educação Superior
(MEC/INEP, 2016).
59
Em 2008, por meio de greves de professores e funcionários, torna-se pública a crise financeira da instituição,
que leva à renúncia do seu Reitor, em 2009. Endividamento bancário e fiscal, perda do Certificado de Entidade
Beneficente de Assistência Social (CEBAS), inadimplência com salários e encargos trabalhistas são as
consequências de uma expansão desordenada, somada à centralização, nepotismo e falta de transparência da
gestão. O ex-reitor renunciou sob o impacto da exposição pública do endividamento, de denúncias de gestão
patrimonialista, da pluralidade de negócios alheios ao foco educacional e, mediante a repercussão da
mobilização de docentes, funcionários e alunos em defesa da ULBRA.
70
60
Com a reorganização administrativa, em 2015, as seis unidades das Regiões Norte e Centro-Oeste tornaram-se
autônomas.
61
Com oitenta polos, distribuídos em 21 (vinte e um) estados brasileiros (ULBRA, PDI 2017-2022, 2016),
gerenciados pela unidade EAD sediada em Canoas.
71
62
Até 2013, Reitoria e Campus Canoas tinham uma única gestão, e as demais unidades eram consideradas
“externas”. No caso da Extensão, até então era subdividida em quatro coordenações: Extensão, Cultura,
Estágios e Convênios e Relações Internacionais. Tais estruturas, estabeleciam as diretrizes institucionais para
todas as unidades. Com o recredenciamento institucional e, por consequência da consolidação da estrutura
multicampi, Canoas foi elevado à condição de campus autônomo, com estrutura administrativa própria,
corrigindo-se a anômala sobreposição de funções. A partir de então, a estrutura administrativa da então Pró-
Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários foi redefinida, sendo constituída por duas diretorias: Diretoria
de Extensão e Diretoria de Assuntos Comunitários. A Direção de Cultura foi transformada em coordenação e
integrada à Diretoria de Assuntos Comunitários; a Direção de Estágios e Convênios foi extinta e suas
atividades, absorvidas pela Diretoria de Extensão; a Direção de Assuntos Internacionais foi redimensionada
para uma Assessoria, vinculada diretamente ao Reitor.
63
A autora é Diretora de Assuntos Comunitários desde 2013, sendo que, de 2010 a 2013, desempenhou a função
de gerente de projetos da extinta Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários, diretamente vinculada à
Diretoria de Extensão.
73
64
Registro que não tenho a pretensão (sequer condições) de esgotar a narrativa referente aos primórdios da
extensão na ULBRA no período de 1972 a 2010 em função das dificuldades expostas. Continuarei meu
“garimpo” junto com os demais colegas e ex-colegas em pesquisas futuras.
75
Lutero também propôs uma reforma política, econômica e social. Juntamente com sua
defesa em favor de uma educação que alcançasse todos os seres humanos sem
discriminação, também buscou a instituição de novas regras nas relações político-
econômicas, que pudessem garantir a inclusão de quem continua ou estava sendo
alienado no novo modelo econômico emergente.
65
A universidade alemã ou humboldtiana, centrada na pesquisa e no saber universal, propunha-se a “[...] preparar
o homem para descobrir, formular e ensinar ciência, levando em conta as transformações da época” (LUCKESI
et al., 2012, p. 47). Uma “comunidade de pesquisadores”, organizada sob diferentes tipos de instituições –
universidades estatais, dedicadas à produção e à transmissão de conhecimentos, e instituições privadas,
limitadas à transmissão de conhecimentos – tendo por objetivo prover uma educação humanista e formação
filosófica, artística e científica e, fundamentando-se na indissociabilidade ensino-pesquisa-formação e na
defesa de sua autonomia, diante da Igreja e do Estado.
78
66
O Coral, criado em 1977, inicialmente do Colégio Cristo Redentor, passou a ser o Coral das Faculdades
Canoenses, e prestou relevante contribuição para a difusão do trabalho educacional (BECK,1994).
79
Um outro recorte, que evidencia ainda a questão da relação da universidade com seu
contexto, é relativo à forma que tomou a extensão universitária nos anos 60.
Basicamente a ideia era que a universidade deveria colocar seus recursos materiais,
humanos e de pesquisa a serviço da comunidade, sem intermediação do mercado de
trabalho. Essa posição no contexto político do momento, visava especialmente ao
movimento estudantil e propunha que “as universidades, o empresariado e o próprio
governo” deveriam “canalizar as demandas de participação política, de crítica ao
subdesenvolvimento e ao imperialismo [...] para objetivos que reforçassem a ordem
social e o próprio regime. (Grifo da autora).
67
Marco regulatório vigente quando Freire (2013) escreveu a obra “Extensão ou Comunicação”.
68
Concebido sob influência das ideias freireanas, depõe o conceito de assistência às camadas populares e enfatiza
a promoção do protagonismo, a partir da troca de saberes acadêmico e popular.
80
69
Por conseguinte, o sentido de extensão é aderente às reflexões freireanas no livro “Extensão ou Comunicação?”
(FREIRE, 2013).
81
“Eu tenho aqui minhas relíquias, minhas lembranças e vou te mostrar”. Foi com essa
fala, um carinhoso abraço e muita emoção que uma ex-gestora da extensão70 recebeu-me em
sua casa, na noite de 24 de março de 2017, para dialogarmos sobre o período (1993-2009), em
que esteve à frente da extensão na ULBRA (ora como Coordenadora, ora como Diretora, ora
como Pró-Reitora Adjunta). A conversa, “alimentada” com petiscos, não teve um roteiro pré-
definido71, pedi-lhe que falasse sobre a trajetória da extensão (sentidos, experiências e
realizações). Com uma emoção contagiante, ela discorreu durante mais de duas horas. Narrativa
intercalada pela apresentação das referidas “relíquias” (catálogos, publicações, cópias de
relatórios, fotos, recortes de notícias, boletins da ULBRA).
Quando eu cheguei, não tinha muita coisa. O professor João Luiz Hohmann me
antecedeu, mas não encontrei nada registrado, nada de papel, começamos a inventar.
Por isso, sempre me preocupei em registrar tudo. Eu tinha uma equipe maravilhosa,
foi o melhor de tudo e, juntos, fomos construindo a normatização do fazer extensão.
O livro Os Caminhos da Extensão sintetiza como a gente trabalhava. Confesso que,
quando fui convidada a assumir a coordenação na ULBRA, eu não sabia muito de
extensão. Eu era Coordenadora do Curso de Pedagogia em outra instituição. Tinha
coisa para “mais de metro”, todos os projetos de atividades extensionistas tinham que
evidenciar a viabilidade financeira, para que pudéssemos reinvestir na infraestrutura
e no custeio da extensão. A maioria dos projetos referiam-se a cursos próprios ou em
70
Contatei com vários ex-gestores do período em estudo, mas apenas uma aceitou dialogar comigo.
71
Por solicitação da entrevistada.
82
O relato da ex-gestora sintetiza a pesquisa documental, realizada nos últimos dois anos
de estudo, conforme apresento a seguir. Passados dezesseis anos do início das atividades das
Faculdades Canoenses, o parecer de autorização da Universidade Luterana do Brasil, datado de
janeiro de 1988, concretiza a manchete do jornal O Timoneiro, edição de 2 de junho de 1971,
intitulada: “Cristo Redentor poderá ser a semente de uma universidade”72 (BECK, 1994, p. 46).
A universidade nascia orientada para a inclusão acadêmica e social, por intermédio da formação
profissional e da interiorização da educação superior, comprometida com o desenvolvimento
nas regiões em que se fazia presente. Um modelo profissionalizante de universidade,
constituído a partir da reunião de quatorze cursos 73 superiores, independentes entre si e
organizados de forma departamental, estrutura organizacional coerente com os estudos de
Sousa (2010) e de Teixeira (1989). O projeto de universidade reafirmava a prática extensionista,
na perspectiva de um intercâmbio contínuo entre a universidade e a comunidade, configurando-
a de diferentes formas, de acordo com o interesse da coletividade, conforme delimitado na seção
1.12.4 do Parecer de Autorização da ULBRA n.° 1.128/87, de 31/12/1987:
72
Entre 1980-1982, os cursos foram transferidos das instalações da Escola Cristo Redentor para o novo campus,
com 25 hectares, 32.451 m² de área construída, quando da apresentação do projeto para a criação da
Universidade Luterana do Brasil.
73
Além dos sete cursos, ofertados pelas Faculdades Canoenses, o primeiro vestibular realizado pela ULBRA, em
fevereiro de 1988, oferecia também Educação Artística, Economia, Letras, Matemática, Pedagogia, Biologia e
Química. Em 1989, iniciavam as atividades do curso de Engenharia Civil.
84
Art. 1.º - A extensão, entendida como uma das funções básicas da Universidade é a
forma de intercâmbio desta com a comunidade, contribuindo com o seu
desenvolvimento e buscando, pela ação integrada, conhecimentos e experiências para
subsidiar a avaliação e a qualificação do ensino e da pesquisa.
Art. 2.º - A extensão é a forma de complementar, aprofundar, atualizar e difundir os
conhecimentos.
Art. 3.º - A extensão estabelece com a comunidade um processo de troca e
participação, sem caráter assistencialista e/ou sem tomar a si ações e deveres do
Estado.
Art. 4.º - São consideradas formas de extensão: consultoria, assessoria, cursos,
treinamentos, seminários, simpósios, encontros, fóruns, debates, palestras, atividades
comunitárias e outras.
Parágrafo único: as ações de extensão poderão ser remuneradas e/ou implicar a
assinatura de protocolos, termos de compromisso, contratos e convênios (ULBRA,
1989b).
74
Além das dezesseis mantidas da educação superior e a unidade de Educação a Distância, a AELBRA possui
dezessete escolas de educação básica.
86
75
Estrutura administrativa adotada no período.
88
Verifica-se que a concepção de extensão como projeção social está presente nos
documentos analisados, e a ligação com o ensino e a pesquisa restringe-se a atividades
extracurriculares, complementares ou de diagnóstico de demandas, que “contribuam com a
qualificação profissional e ou pessoal do cliente” (ULBRA, 1999).
O Plano de Ação da Extensão, datado de 1999, evidencia a estruturação de sete
programas de extensão comunitária (categorizados como atividades permanentes), nas áreas de
saúde, educação, cultura e relações internacionais, conforme relacionado a seguir:
1. Saúde e Desenvolvimento
1.1 Universidade Solidária
1.2 Juventude Solidária
1.3 Saúde e Educação sem Fronteiras
1.4 Comitê de Ação da Cidadania
2. Saúde da Família e Comunidade
2.1 Saúde da Mulher
89
Onze anos após seu reconhecimento como universidade, observa-se, no referido Plano
de Ação, um esboço de institucionalização de ações permanentes, reflexo da interação com o
Fórum de Pró-Reitores das Universidades Públicas (FORPROEX). Essa reconfiguração é
manifesta na meta do planejamento estratégico da extensão de 2001:
A meta citada introduz a extensão como inovação acadêmica para uma educação
diferenciada, apoiada em programas e projetos que oportunizem aos acadêmicos experiências
concretas, em alinhamento à prática profissional e à filosofia educacional da instituição. Jezine
(2010) anuncia essa tendência, que é coerente com o conceito do I Encontro do FORPROEX
de 1987, e reafirmada no Plano Nacional de Extensão :
com ensino e pesquisa é citada nos objetivos da extensão, constantes no PDI 2002-2007
(ULBRA, 2001c), superando-se a concepção de “canal de comunicação”. Todavia,
contraditoriamente, reitera a concepção de socialização da produção técnico-científica,
conforme consta no Regimento Geral, Art. 50. “[...] função universitária destinada a aproximar
a comunidade acadêmica da sociedade, para repartir os resultados do ensino e da pesquisa, que
assumem formas diferenciadas conforme a clientela-alvo” (ULBRA, 2001b).
A adoção de uma estrutura acadêmica integrada (composta pelas diretorias de Pesquisa,
Pós-Graduação e Extensão), conforme apresenta o Regulamento e Diretrizes da Pró-Reitoria de
Pesquisa e Pós-graduação76 (ULBRA, 2004), não rompeu com o isolacionismo das dimensões
acadêmicas, conforme evidencia a da fala da ex-gestora da extensão. Em relação à segmentação
das atividades extensionistas, o referido regulamento mantém a classificação definida pela
Resolução CONSUN 08/1989, reafirmada por Dias (2000), no livro “Caminhos da Extensão”,
a saber:
76
Importante destacar que um rascunho impresso desse regulamento (assim como os relatórios, planos de ação,
resoluções), com anotações a lápis e folhas soltas, foi localizado em 2015 (em uma mudança de sala da
Diretoria de Assuntos Comunitários), apensado a relatórios de lançamento de carga horária de projetos
comunitários. Dessa maneira, todo o processo descrito no Capítulo 5 do presente estudo não teve essa referência
prévia, visto que sequer consta disponibilizado na intranet, em documentos institucionais de 2004 – Resoluções
CONSUN. Acredito que esse fato se justifique pelas sucessivas mudanças na gestão e o afastamento de muitos
integrantes da equipe da extensão. Dessa forma, esse capítulo também tem um significado especial, para o
registro do percurso da extensão na ULBRA, a partir de “achados”.
91
depoimento da gestora alerta para o protagonismo docente, nas ações eventuais, e delineia a
face de uma extensão comercial, complementar, desarticulada da pesquisa e do ensino.
Em relação aos programas comunitários, são referidos como “ação da universidade,
baseada em suas competências, junto à comunidade, realizando um trabalho de contribuição
social” (ULBRA, 2004). Missão social da universidade e extensão confundem-se como
sinônimos, espaço de interação teoria e prática, em que os acadêmicos refletem e desenvolvem
seus princípios de cidadania, numa perspectiva de resposta aos compromissos institucionais
com a sociedade, o que é compatível com os registros da Carta do V Encontro Nacional do
Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras, realizado em São
Luiz (MA), de 12 a 14 de junho de 1991. Esse documento estabelece, dentre suas diretrizes:
Pesquisa nos relatórios sociais da ULBRA dos anos de 2001, 2003, 2004, 2006, 2007,
2008 e 2009 evidencia uma progressiva correlação entre as práticas extensionistas, a missão da
instituição, a política/ações de responsabilidade social e sua contrapartida filantrópica. A
extensão em massa por meio dos mutirões de atendimentos é a marca desse período. Tal
equivalência é ratificada no PDI 2006-201677, em que, dos 18 (dezoito) objetivos da Política de
Responsabilidade Social, nove relacionam-se à extensão, e são focados na consolidação do
trabalho nas regiões de inserção; no compromisso com a formação integral/cidadã e na
transformação social; na prestação de serviços especializados e na promoção de extensão
comunitária.
O documento referido delimita a proposta pedagógica “[...] como um processo de
cultivo da mente e de interação social conduzido à participação plena, produtiva e crítica das
pessoas na sociedade” (ULBRA, 2006, p. 35). A Política de Extensão, por sua vez,
compromete-se com o equacionamento de problemas sociais, econômicos e políticos, com a
articulação entre o saber científico e social, com a conjugação teoria e prática, com a formação
77
O documento guarda sombreamento temporal com o PDI anterior, nos anos de 2006 e 2007. Desconheço a
justificativa.
92
ética e cidadã e, em seu décimo objetivo, propõe “Contribuir para a (re)definição do conceito
de currículo de maneira a incorporar a extensão como atividade rotineira do discente” (ULBRA,
2006, p. 57).
Saliente-se que, conforme registros dos Encontros Nacionais de Pró-Reitores de
Extensão das Universidades Públicas, desde 1991, propunha-se “[...] a definição de
mecanismos de operacionalização do processo extensionista nas estruturas curriculares, a fim
de que a participação dos discentes em projetos e atividades de extensão seja computada na
integralização curricular” (FORPROEX, 1991) como uma estratégia de institucionalização da
extensão. O objetivo de incorporação da extensão ao currículo dos cursos de graduação na
ULBRA, constante em seu PDI 2006-2016, reflete o alinhamento institucional à PNEX e às
discussões em curso nos Fóruns de Extensão.
Aponto que, no período 2006-2009, outra face da extensão revelou-se na ULBRA: a
massificação da ação comunitária, apoiada em investimentos em prestação de serviços
especializados e em projetos comunitários de grande mobilização social, promoção
institucional e parcerias com entes públicos e privados. A chamada extensão comunitária era
realizada por meio de Cursos Populares ENEM, Esporte para todos, Mutirões ULBRA, Central
de Atendimento ao Cidadão, Cursos Comunitários de Línguas, Mulheres em Construção,
Telecentros ULBRA, Esporte e Lazer da Cidade, mobilizando milhares de pessoas,
principalmente em Canoas. Algumas dessas ações, provenientes de parcerias governamentais,
foram responsáveis pela captação de vultosos montantes financeiros, evidenciando sua
intencionalidade implícita de obtenção de recursos.
Sintetizando a caminhada, os momentos marcantes da história da extensão da ULBRA,
vividos no período 1972 a 2009, foram recontados brevemente neste capítulo, a partir dos
registros e evidências a que tive acesso nessa “garimpagem institucional” e, na sequência,
graças ao diálogo com alguns dos protagonistas que se dispuseram a fornecer informações.
Poucos são os registros da atividade extensionista, realizada no período 2003-2009, sendo
restritos, quase que exclusivamente, a relatórios sociais e ao Sistema de Gerenciamento da
Extensão (SISDEX) existente.
Ao desafiar-me a compreender os processos de significação da extensão e sua relação
com a identidade institucional, realço o legado da natureza confessional da instituição presente
nos projetos desenvolvidos pela Pastoral em cada um dos campi/unidades e ligados a atividades
voluntárias e assistenciais essencialmente. De maneira ainda mais contundente, destaco os
impactos da crise institucional e financeira; a influência das fontes de financiamento da
93
78
Autor da citação que introduziu o presente capítulo.
94
distintos – e, por vezes, distantes – cenários, sentidos e lógicas de trabalho como veremos no
Capítulo 5.
Além disso, a concentração majoritária da alocação de carga horária em projetos de
extensão em Canoas alijou os demais campi/unidades dessa modalidade, restringindo sua
atividade extensionista a atividades eventuais (oferta de cursos e realização de eventos),
atividades curriculares (estágios/prestação de serviços nas clínicas multiprofissionais) e/ou à
realização de consultorias, assessorias e outras atividades em caráter de projetos em parceria
com entidades governamentais e não governamentais.
95
Aceito o desafio proposto por Silva e Cândido, nas páginas a seguir, apresento a
caminhada da extensão da ULBRA rumo à implantação da política institucional relativa a
programas e projetos de extensão79. Meu relato80 materializa as etapas percorridas e objetivo
demonstrar a construção da política institucional de extensão como uma das bases para a
proposta de reorientação do eixo pedagógico extensão-pesquisa-ensino. Cabe destacar a
influência, predominantemente, do Plano Nacional de Educação (BRASIL, Lei 13.005, 2014),
da participação docente nas distintas etapas do processo de discussão coletiva da política de
extensão, da opção político-institucional por um modelo de universidade transformadora
manifesto no PDI 2017-2022 (ULBRA, 2016a).
O ponto inicial foi o trabalho na coordenação adjunta do curso de Administração,
modalidade a distância, no período 2009-2010, o qual oportunizou o diálogo com outros
coordenadores de cursos, especialmente os de Pedagogia, Teologia, Ciências Sociais, Letras,
Serviço Social (trabalhávamos na mesma sala, no prédio 11 do Campus Canoas) e de Gestão
Pública (por eu integrar o corpo docente do curso). Incentivados pelo Coordenador Geral de
Ensino da EAD, no início de 2010, esboçamos programas/projetos de extensão integrados
(Programa de Desenvolvimento Municipal com ênfase nos Objetivos do Milênio; Escritório de
Projetos para Apoio a Municípios e Terceiro Setor; Projeto de Inclusão Socioprodutiva). Tais
documentos foram protocolados na Coordenação de Extensão, utilizando-nos do modelo de
termos de abertura de projetos, via metodologia Project Management Institute (PMI), visto que
a referida coordenação não nos forneceu modelos próprios, sequer nos orientou a utilizar o
sistema de submissão de projetos da extensão81.
79
O destaque às modalidades de programas e projetos de extensão dá-se em função da especificidade da
segmentação da extensão na ULBRA, bem como do foco do estudo.
80
Divido meus registros em dois, sendo o Diário de Campo 1, referente à recuperação de anotações do período
2010-2014, constantes em papéis de trabalho e de arquivos digitais anteriores ao meu ingresso no doutorado;
e o Diário de Campo 2, redigido no período 2015 a 2016.
81
Desde 2007, a extensão contava com o Sistema de Gerenciamento da Extensão (SISDEX).
97
Após meses sem retorno algum, juntamente com Coordenador Geral do Ensino da EAD,
agendamos uma reunião com o então Pró-Reitor de Extensão e Assuntos Comunitários. Ao
perguntarmos sobre a avaliação dos referidos projetos, o gestor solicitou-nos que deixássemos
as cópias impressas, para que verificasse pessoalmente seu status e encaminhamentos. Alguns
meses mais tarde, em setembro de 2010, fui contactada nos corredores do Prédio 11 por uma
assessora da Coordenação de Extensão, a qual me conduziu à Coordenadora de Estágios e
Convênios. A gestora explicou-me a intenção de incorporar-me à equipe da Pró-Reitoria, com
o objetivo de reestruturar o SISDEX, com ênfase no controle das ações extensionistas e
redefinição de fluxos e processos82.
Em outubro de 2010, aceitei participar da equipe, com o objetivo de reestruturar a
arquitetura informacional da extensão, liderada pela Coordenadora de Extensão. Já em
novembro, contudo, após verificar os documentos da extensão83 e os registos do SISDEX,
declinei do convite, visto que entendi que, previamente ao desenvolvimento e/ou adequação de
um sistema informacional de registro, controle e estabelecimento de fluxos e processos, havia
carência da institucionalização de políticas coerentes com a Política Nacional de Extensão
(PNEx). Foi o que afirmei ao Pró-Reitor, que me indagou se havia condições de propormos
uma política de extensão que integrasse as 15 (quinze) unidades presenciais, sendo nove no Rio
Grande do Sul e outras seis nas regiões Norte e Centro-Oeste, respeitadas suas especificidades
regionais e experiências extensionistas. A resposta foi positiva, mas exigia a ampliação do
grupo de trabalho, dada a necessidade de um estudo-diagnóstico dos sentidos e práticas de
extensão, bem como um levantamento social, político, econômico, cultural e ambiental das
regiões em que a ULBRA estava inserida e dos projetos pedagógicos de cursos. Dedicamo-nos
ao desafio, eu, dois assessores e uma estagiária.
Vivíamos um momento dificílimo, marcado pela desincumbência de negócios alheios
ao foco educacional e pela urgência de vultosos cortes orçamentários decorrentes da
reestruturação financeira, associadas à impossibilidade de captação de recursos públicos.
Concomitantemente, a instituição que havia sido fragmentada em distintas “ULBRAs”, buscava
reconhecer-se mutuamente, e reunir-se em torno de um projeto coletivo mediado por um novo
modelo de governança. E, nesse esforço de reorganização administrativa, grupos de trabalho
estudavam planos de reestruturação distintos, ora sob a forma jurídica de sociedade anônima de
82
Minha formação em Controladoria, com experiência em gerenciamento de projetos públicos e privados e em
extensão, foi o critério para este convite, segundo me foi informado.
83
Relatórios Sociais, sínteses das atividades extensionistas, apresentações, registros internos.
98
capital fechado, ora de associação sem fins econômicos e filantrópica, ora de associação sem
fins econômicos não filantrópica. As diferentes planificações, com foco na sua continuidade
operacional, tinham impactos no modelo de universidade, de filosofia educacional e, por
conseguinte, de extensão.
Simultaneamente, analisavam-se os cursos ofertados em cada campi, cotejando-se o
desempenho e potencialidade acadêmica versus sua respectiva margem de contribuição. Cursos
financeiramente inviáveis (considerando o reduzido número de alunos) e sem perspectiva de
reversão de cenário entravam em processo de extinção, ao mesmo tempo em que se mapeava a
estrutura física dos campi, com vistas a projetar uma equação eficiente de vagas/oferta de
turmas. Na educação a distância, reavaliavam-se os contratos com polos terceirizados e,
auditavam-se suas estruturas físicas, sua organização administrativa e pedagógica, seu número
de alunos.
A minha chegada à extensão ocorreu em um momento aflitivo e, por vezes, caótico, em
que a ULBRA resgatava sua identidade institucional, e perseguia seu reequilíbrio operacional
– pressionada por contingências jurídicas, trabalhistas e financeiras. Consequentemente, muitas
“extensões” coexistiam nos diferentes campi do Sul e Norte, evidenciadas pelos registros,
mesmo que parciais, existentes no SISDEX. Para a consecução do trabalho de
institucionalização de uma política de extensão, trabalhamos em ciclos, por vezes síncronos,
conforme descrevo nas seções seguintes.
da equipe da Extensão, tendo por principais referenciais Botomé (1996), Demo (2001), Faria
(2001), Santos (2010), Tavares (2001), Nogueira (2005), Freire (2016), Pozzobon e Busato
(2009), Sousa (2010), Silva e Rausch (2010). O marco legal aplicável (LDB, SINAES, PNEx),
as publicações da Rede Nacional de Extensão (RENEX) e do Fórum Nacional de Extensão e
Ação Comunitária das Universidades e Instituições de Educação Superior Comunitárias
(FOREXT) e os documentos institucionais84 (PPI, PDI, Relatórios Sociais, outros relatórios
administrativos da Pró-reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários85). As diretrizes para a
Extensão Universitária da ONU também compunham nosso material de apoio.
Eram momentos intensos. Intercambiávamos leituras e relatos de experiências,
participávamos de eventos do Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Insituições de Educação
Superior Brasileiras (FORPROEX) e de Fóruns/Salões de Extensão em outras instituições e,
também, realizávamos visitas técnicas. A pluralidade de concepções e práticas versus o legado
da massificação do trabalho comunitário dos “mutirões”, ainda muito presente na ação
extensionista da ULBRA, evidenciavam focos de resistência, chegando a provocar conflitos no
próprio grupo de trabalho.
Foram dias de aprendizados significativos, quando chegávamos a pontos comuns,
mesmo que provisórios, ou, mesmo quando as diferenças pareciam intransponíveis,
ampliávamos as discussões com a participação dos gestores da extensão (Coordenadora e Pró-
Reitor). Paulatinamente os tensionamentos eram vencidos, a maior parte das vezes sob
mediação dos gestores ou à luz da PNEx e dos exemplos de experiências de outras instituições.
Concomitantemente às discussões teóricas, procedia-se um levantamento amostral dos registros
dos projetos extensionistas no SISDEX. Entretanto, a incompletude/insuficiência do banco de
dados (atendendo quase que exclusivamente às exigências mínimas de lançamento de carga
horária), além da inexistência de um processo avaliativo institucionalizado, não permitiram o
aprofundamento do diagnóstico proposto a partir desses registros.
Mesmo assim, a partir da análise dos registros, verificamos diferentes estágios e
concepções de extensão nos campi/cursos. Em regra, objetivos acadêmicos imprecisos,
84
Confesso que desconhecia a Resolução CONSUN 08/1989, relatórios da antiga Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-
Graduação, PDIs anteriores a 2006, outros relatórios da Extensão ou Filantropia (“garimpei-os” apenas em
2015, a partir da reorganização de um “arquivo morto”). A extensão reestruturava-se a partir de um hiato
temporal, sob a perspectiva das concepções em pauta, no grupo de trabalho, com vistas ao rompimento de um
ciclo assistencialista e de sua afirmação como função acadêmica. Da mesma forma, a experiência extensionista
do curso de odontologia (e sua sistematização) por não estar evidenciada nos registros do SISDEX também
não foi considerada no início do processo.
85
Extinta em 2014, hoje integrada na Pró-Reitoria Acadêmica, representada pelas Diretorias de Extensão e de
Assuntos Comunitários.
100
86
Não se tratava aqui de pesquisa na extensão ou pesquisa-ação, mas de projetos investigativos dissociados da
atividade extensionista que, não tendo recebido carga horária nos editais da pesquisa, eram cadastrados como
extensão para que os docentes fossem remunerados.
87
Categoria orçamentária de enquadramento da carga horária da extensão.
101
As questões que sem dúvida podem proliferar, trazem à reflexão uma consideração
fundamental: a existência e o papel da extensão universitária só poderão ser
esclarecidos e entendidos com o correspondente esclarecimento dos aspectos que
podem constituir o relacionamento entre a Universidade e a sociedade. É essa a
informação mais importante: um delineamento sobre como pode ou deve ser a relação
entre a Universidade e a sociedade. Não como uma prescrição, mas considerando a
natureza da instituição, sua especificidade e características, como um delineamento
de formas ou perspectivas sobre qual a melhor forma de realizar o papel da
Universidade na construção da sociedade onde se insere.
88
Ligadas a políticas públicas/parcerias governamentais e captação de recursos externos.
102
89
Nessa etapa, trabalhamos (equipe da extensão) com o universo de todas as mantidas da Associação Educacional
Luterana do Brasil (AELBRA), situadas no Rio Grande do Sul, no Amazonas, em Tocantins, em Goiás, no
Pará e em Rondônia.
90
Na época, trabalhávamos com a regionalização sul e norte. Sul englobava os campi gaúchos e Norte as unidades
do centro-oeste e norte brasileiros, exceto polos EAD, pois, naquele momento, não tínhamos experiências
extesionistas na modalidade de programas/projetos.
91
Ainda hoje, ao falar em extensão com diferentes docentes, sou surpreendida com a relação com as atividades
do Dia da Responsabilidade Social (campanha nacional promovida pela Associação Brasileira de
Mantenedoras do Ensino Superior - ABMES).
103
normalmente referiam à programação de cursos e eventos, a maior parte dissociada dos projetos
cadastrados. Ao insistirmos sobre a manifestação sobre os projetos de seus cursos, elas eram
superficiais, sempre relacionando “ao projeto do professor x”, e pedindo que conversássemos
com o docente responsável, “que saberia nos explicar melhor”. No tocante à vinculação da
extensão aos projetos/proposta pedagógica dos cursos, a resposta era pontual, “está presente
nas horas complementares”.
Ao dialogarmos com docentes ou coordenadores de cursos sem projetos cadastrados,
invariavelmente sua concepção e experiência em extensão restringia-se à oferta de cursos livres.
Eles reportavam os esforços para viabilizar economicamente tais cursos de complementação
curricular (ponto de equilíbrio/número mínimo de alunos por turma), voltados, quase que em
sua totalidade, ao público acadêmico. Além disso, elencavam as palestras, semanas acadêmicas
e aulas magnas que organizavam em conjunto com os diretórios acadêmicos, quando existentes.
Ratificadas as hipóteses do levantamento amostral do SISDEX nas entrevistas
realizadas (concepção de extensão restrita à prestação de serviços, a cursos e eventos 92
essencialmente; objetivos acadêmicos imprecisos/desconexão das atividades extensionistas
com a proposta pedagógica dos cursos, protagonismo docente no desenvolvimento das ações
propostas/reduzido número de discentes participantes), envidamos uma experiência-piloto
avaliativa na extensão de Canoas.
O grupo de trabalho elaborou um formulário, e cada um de nós (incluída a estagiária)
visitamos os projetos de extensão em desenvolvimento no primeiro semestre de 2011. A divisão
da tarefa avaliativa deu-se por área de aderência de formação de cada um dos membros da
equipe (sempre que possível). O objetivo do grupo foi conhecer a totalidade das práticas
realizadas e efetivar a primeira autoavaliação dos projetos, a partir de um questionário aberto,
composto de perguntas acerca dos objetivos, metodologia de trabalho, aprendizagens/resultados
e participação discente (a ser preenchido e assinado pelo docente coordenador do projeto). Um
terceiro objetivo não era anunciado, o contingenciamento da carga horária de extensão e a
necessidade, assim entendida pelo grupo, de adoção de rigorosos (e justos) critérios, para a
realização do corte orçamentário exigido.
Semanalmente, as avaliações realizadas eram discutidas e enumeradas suas contradições
e equivalências, no que concerne à PNEx e aos projetos pedagógicos dos cursos, ao mesmo
92
Aderente à influência da concepção norte-americana de extensão, incorporada à prática universitária como
prestação de serviços sob a forma de cursos práticos, conferências e serviços técnicos e assistenciais.
104
93
Infelizmente, não formalizamos atas das reuniões de trabalho. O registro foi feito como diário de campo pessoal,
a partir das minhas anotações.
94
Do curso de Odontologia.
105
Compactuava com Jezine e, apesar das inúmeras dúvidas, restrições e tensões inerentes
ao processo em curso95, nas discussões no grupo de trabalho, eu sempre insistia que não
estávamos inovando, apenas implementando o que já estava formalizado na proposta
pedagógica da ULBRA: um projeto de universidade comprometida socialmente 96. Isso nos
exigia a institucionalização da política de extensão a partir de uma mudança cultural lastreada
em:
a) ressignificação da extensão como ação educativa;
b) estratégia de vinculação território-universidade;
c) institucionalização de programas coerentes com as realidades regionais e com a
proposta de formação dos cursos de graduação;
d) formação docente em extensão, com ênfase em programas e projetos;
e) integração extensão-ensino;
f) articulação extensão-pesquisa;
g) definição de papéis e atribuições, fluxos e processos, controles internos;
95
Nesse momento ainda restritas à equipe da extensão, pois o processo ainda não se havia irradiado ao ensino e à
pesquisa.
96
Sempre tinha em mãos o PDI, de forma a reafirmar a todo instante nossa missão, visão e valores, além das
políticas acadêmicas.
106
b.5.5. Extensão
Tem-se hoje como princípio que para a formação do profissional cidadão é
imprescindível sua efetiva interação com a sociedade, seja para se situar
historicamente, para se identificar culturalmente ou para referenciar sua formação
com os problemas que profissionalmente irá enfrentar.
A Extensão, entendida como prática acadêmica que interliga a Universidade nas suas
atividades de ensino e de pesquisa com as demandas da sociedade civil, possibilita a
formação do profissional cidadão e se credencia, cada vez mais, junto à sociedade,
como espaço privilegiado de produção do conhecimento significativo para a
superação das desigualdades sociais existentes (ULBRA, 2006, p. 55).
97
Mesmo que, naquele período, o CENSO tivesse suprimido as atividades extensionistas, optamos por contemplá-
lo no desenho da arquitetura informacional.
98
Embrião da Lei 13.005/2014.
107
5.2 TERRITORIALIZAÇÃO
99
Acadêmico porque integrada os objetivos/competências de formação acadêmica; social porque alinhada a
objetivos/demandas comunitárias e políticas públicas. A ordem dos termos tem como intencionalidade o
destaque à dimensão acadêmica da extensão como fundamento da práxis extensionista. Quer seja, a extensão
como um espaço de aprendizagem, de criação de conhecimentos a partir do diálogo homens-homens e homens-
mundo. Portanto, ações extensionistas realizadas por alunos sob orientação docente.
100
Manifesto nos objetivos, geral e específicos, do PDI 2006-2016 (ULBRA, 2006, p. 93).
101
Tradução livre do original: “Territorializar la universidad implica, entonces, persarla em relación com y
atravesada por las problemáticas sociales y los saberes como frutos de luchas por la transformación y la
liberación, desplezando definitivamente aquel modo de considerarla como um enclave desde el que se irradia
la denominada “alta cultura”. Em 2015, três anos mais tarde à etapa aqui relatada, tive acesso à obra intitulada
Universidad, Território y Transformacion Social: Reflexiones en Torno a Processos de Apredizaje en
Movimento, onde encontrei a definição objetiva de territorialização, aqui citada.
102
Nas discussões preliminares analisávamos a distinção entre os termos sociedade e comunidade. A opção pelo
termo comunidade deu-se a partir das reflexões de Morais (1995) no livro A Universidade Desafiada, que
define as relações societárias como impessoais, caracterizadas por acordos racionais de interesses, enquanto as
relações comunitárias são marcadas por laços identitários, e caracterizam-se por relações afetivas entre seus
membros.
108
103
Como Mestre em Desenvolvimento Regional, entendia que o estudo do território naturalmente consistia em
fundamento basilar para a definição de políticas institucionais.
104
Ainda não tínhamos disponíveis os dados do Censo 2010.
109
ressignificação da extensão, articulada com suas regiões. Uma leitura de cenários “de fora para
dentro” e de “dentro para dentro105”, foi um aprendizado de escuta e de reestabelecimento de
conexões inter e intrainstitucionais. A redescoberta de sentidos do “ser universidade
multicampi” e do “fazer extensão em rede” reorientava o eixo pedagógico. No decorrer do
estudo-diagnóstico, vivenciamos uma “reconciliação entre as ULBRAs” no âmbito da extensão,
de sul a norte e os primeiros passos no sentido de um direcionamento comum de trabalho.
Muitas foram as dificuldades nesse processo: dados censitários desatualizados,
dificuldades de acesso a informações dos municípios das Regiões Norte e Centro-Oeste e nosso
desconhecimento (da equipe da extensão) de suas realidades/culturas. Obstáculos foram
vencidos, pelos vínculos dos diretores com suas comunidades e suas preciosas contribuições (a
experiência pastoral da maioria dos diretores das regiões Norte e Centro-Oeste fez muita
diferença). E, se inicialmente sentimos um “estranhamento” de direções e coordenações,
quando da realização dos contatos por telefone ou teleconferências (pois não nos conhecíamos
pessoalmente). A pauta extensão versus região e a proposta de uma escrita colaborativa da
política institucional constituíram o vetor de concertação, dada a lacuna, reciprocamente
sentida, de orientação do trabalho coletivo.
Dos quinze campi presenciais, dois gestores não participaram ativamente. Dentre as
principais hipóteses levantadas: volume de trabalho; desconhecimento da relevância do
trabalho em curso; insuficiente entendimento do sentido e do trabalho da extensão e suas
potencialidades; sentimento de invasão à jurisdição administrativa. Não conseguimos
aprofundar a averiguação das hipóteses elencadas, mas registramos como ameaças ao escopo
do trabalho em desenvolvimento.
A sala de reuniões da coordenação da extensão foi transformada em um laboratório
improvisado, com as paredes revestidas pelos diagnósticos territoriais dos quinze campi
(impressos em folhas A3). A realidade das regiões era discutida e revisitada pelo grupo de
trabalho, na tentativa de, metodologicamente, estabelecer perfis, conexões e especificidades,
que constituiriam os fios condutores da política institucional. Nossas diretrizes provisórias e
dúvidas eram relacionadas em um quadro branco, sendo continuamente atualizadas. A
experiência extensionista acumulada – síntese da etapa de ressignificação – foi cotejada com os
estudos realizados, alicerçando as análises e constituindo subsídios fundamentais ao propósito
do trabalho.
105
Quando refiro de “dentro para dentro”, relaciono ao movimento de autorreconhecimento institucional, de
rompimento de casulos institucionais.
110
106
A universidade e sua diversidade de experiências extensionistas, dada sua capilaridade, é sintetizada no conceito
de unidiversidade. Conceito proposto pela autora.
111
aos projetos pedagógicos dos cursos, e, ainda, guardar aderência à PNEx, moldando,
substancialmente, a extensão na ULBRA.
Assim, o que designamos como processo de territorialização teve por objetivo inicial o
diagnóstico da ULBRA e de seu entorno, em seus diferentes campi, com vistas ao
estabelecimento de linhas de ação, configuradas em uma matriz programática institucional. Ao
analisar a trajetória empreendida, contudo, considero que os resultados mais importantes foram
o autoconhecimento dos campi e a construção de um sentido de unidade institucional, bem
como o estabelecimento de uma rede colaborativa da extensão, condições fundamentais para a
institucionalização e sistematização da extensão, etapas subsequentes.
Após o levantamento amostral dos registros do SISDEX, das discussões dos sentidos e
práticas de extensão e da delimitação de uma perspectiva acadêmico-social a balizar nosso
trabalho, seguidos da “leitura das regiões” de inserção territorial e do movimento de
convergência institucional em um trabalho em rede, dedicamo-nos à leitura dos projetos
pedagógicos dos cursos de graduação, ofertados em cada um dos campi, buscando estabelecer
relações com as sínteses produzidas.
Excluímos os cursos em processo de extinção do universo investigado. Segmentamos
as leituras, partindo dos cursos presenciais comuns a todas ou a mais de uma unidade (Educação
Física, Pedagogia, Direito, Administração, Psicologia, Serviço Social, por exemplo). Nosso
foco era avaliar os objetivos do curso, os dados socioeconômicos e socioambientais da região,
sua justificativa e a relação locorregional com o perfil do egresso, bem como o referenciamento
da extensão nos projetos pedagógicos.
Buscávamos inter-relações, sentidos e práticas de extensão, contidos (ou não) na
proposta de formação acadêmica. Foi um inestimável aprendizado para o grupo de trabalho o
período em que discutíamos a conexão dos cursos de graduação, prevista ou potencial, com a
região de abrangência da instituição, com os projetos/atividades de extensão existentes, com os
112
107
Esse esforço de diálogo interinstitucional de forma direta restringiu-se a Canoas e região metropolitana de Porto
Alegre, dadas as restrições orçamentárias. Nos demais campi, deu-se por iniciativa das coordenações de
extensão e suas respectivas direções, identificando os parceiros existentes ou potenciais na planilha de
territorialização.
113
Resultantes dessa etapa, foi a delimitação e validação, pelo grupo de trabalho, pela
Coordenação e pelo Pró-Reitor, dos onze programas institucionais de extensão: Acessibilidade;
Ações Culturais e Artísticas; Comunicação, Mídia e Marketing; Desenvolvimento Regional;
Educação e Formação Profissional; Gestão Pública e Institucional; Meio Ambiente e
Sustentabilidade; Memória Social e Patrimônio Cultural; Qualidade de Vida e Saúde;
Tecnologia, Produção e Inovação; e Violência e Direitos Humanos.
A partir da definição dos programas institucionais, aos quais se vinculariam todas as
demais modalidades extensionistas (projetos, cursos, eventos, prestação de serviços), iniciamos
a terceira etapa, intitulada Sistematização da Extensão. Foram esboçados os procedimentos
técnicos que subsidiariam a arquitetura informacional necessária ao registro, controle/
monitoramento e avaliação de programas/projetos de extensão, bem como os fluxos processuais
estabelecidos pela estrutura de governança pactuada: submissão de projetos vinculados a
programas, aprovação colegiada de projetos (Coordenação de Extensão e Pró-Reitoria),
avaliações semestrais dos projetos em desenvolvimento, vinculação de alunos aos referidos
projetos (bolsistas, voluntários), indicadores de avaliação da ação extensionista, relatórios
gerenciais, vinculação do fluxo de aprovação de projetos ao lançamento de carga horária
docente.
A política de extensão foi aos poucos sendo configurada. Conceito, objetivos, regiões
de planejamento e programas, definidos. Simultaneamente, realizamos o estudo do Sistema de
Informação da Extensão (SIEX) das instituições públicas108, bem como a consulta a diversos
sites de instituições comunitárias, para verificar formulários, editais, regulamentos, políticas
institucionais. Ao estudarmos o SIEX, propusemos sua adoção, mas nossa TI não autorizou.
Diante da negativa, dedicamo-nos a desenhar a arquitetura do gerenciamento de projetos,
prestação de serviços, cursos e eventos. Tudo isso, sob uma única base informacional, o sistema
ensino. Para essa etapa, foi extremamente válida a minha experiência na informatização da
contabilidade de agências do Banrisul, no início dos anos 1990, e no projeto-piloto de
sistematização de carteiras empresariais de clientes pessoa jurídica no Banco do Brasil, no
início dos anos 2000, sendo definitivo o trabalho conjunto das equipes da extensão e da TI para
a consecução do novo SISDEX.
Esse esboço, lastreado na organização e na sistematização propostas pelo FORPROEX
(2007), tendo como base linhas (53) e áreas temáticas (8) da Extensão, constituiu o subsídio a
108
Na época, havia a possibilidade de inscrição no FORPROEX por instituições não públicas e, ao fazermos o
pagamento da anuidade, recebemos o CD com o programa.
114
membros internos e externos em produtivas reuniões de discussão, após prévia leitura e relatoria
realizada pela equipe da extensão. O percentual de “diligências” ainda foi significativo nessa
segunda experiência; entretanto, a adesão dos docentes era maior e mais diversificada. O
mesmo acontecia com o número de projetos.
Tínhamos trabalhado com cada uma das unidades, de forma presencial ou virtual;
elaboramos um roteiro de preenchimento (passo a passo) e um instrumento de “perguntas mais
frequentes”; realizamos reuniões com as coordenações de extensão, divulgando o Regulamento
da Extensão (ULBRA, 2012) e participamos da Jornada de Formação Docente pela primeira
vez. Pouco a pouco, os projetos de extensão entravam na pauta, rediscutindo conceitos e
reorientando práticas. O projeto de institucionalização e sistematização se legitimava e
tínhamos mais segurança de sua continuidade109.
No final do primeiro semestre de 2013, o desenvolvimento do módulo de prestação de
serviços foi interrompido em decorrência de priorização de outros projetos e adaptamos o
módulo projetos de extensão para viabilizarmos seus registros, assim como as demais
classificações de projetos: voluntários, pastoral, rede de escolas, vinculados a disciplinas.
A sistematização proposta, mais do que um conjunto de regras e procedimentos
(registro, controle, avaliação) explícitos e regularizados, ambicionou estruturar um repositório
institucional dos projetos de extensão, cujos objetivos essenciais foram a preservação da
história da extensão e a disseminação da nova cultura e diretrizes extensionistas, seu legado e
resultados (acadêmicos e sociais). O redesenho rompeu com a lógica formal, meramente
burocrática, de um pré-requisito para lançamento de carga horária, constituindo-se em
instrumento-base para a formação permanente dos docentes em extensão, a partir da
compreensão dos sentidos e ações envolvidas e sua rediscussão, nas jornadas de formação e,
principalmente, nos fluxos anuais de submissão, acompanhamento e avaliação de projetos.
O fluxo definido, da submissão até o parecer final, envolve um calendário que
contempla aprovação do edital no CONSUN, lançamento do referido edital (discussão das
diretrizes e instrumentalização de coordenadores e docentes), período de submissão dos
projetos (plantões de dúvidas, workshops, FAQ/passo a passo), avaliação prévia/feedback
(realizada pelas coordenações de extensão e, na sequência, pela diretora de Assuntos
109
Ainda em 2012, concedeu-se autonomia ao Campus Canoas e foram segmentadas as atribuições entre a gestão
da extensão “local” e a “institucional”, havendo, por consequência, uma paulatina migração de tarefas, no que
se refere aos projetos comunitários durante todo o ano de 2013. Como consequência, não mais trabalharíamos
na operacionalização os projetos, mas sim, na sua normatização, acompanhamento e avaliação da política
institucional (análogo ao nosso papel em relação aos demais campi).
116
110
Os docentes acompanham via autoatendimento as etapas de submissão de projetos e avaliação.
117
111
“Aprender fazendo solidariamente”, porque é um exercício propositivo de projetos de extensão, envolvendo
vários atores: docente, coordenador de extensão e diretora de Assuntos Comunitários, em interação
permanente. Desde a proposição da minuta do edital ao CONSUN e as discussões para sua
adequação/aprovação, o lançamento do edital e as discussões acerca dos critérios de seleção dos projetos com
coordenadores e docentes, passando pelos plantões de dúvidas, até a discussão dos pareceres da coordenação
de extensão e da diretoria envolvida com vistas a postagem de um parecer individual e abertura de diligências
(se for o caso) são as múltiplas as oportunidades de aprendizado organizacional.
112
As trocas de Pró-Reitor e da Coordenação da Extensão na sequência impactaram o ritmo dos trabalhos. Em
agosto de 2012, antes mesmo da aprovação do Regulamento da Extensão, e, no auge dos testes do SISDEX,
para o ciclo 2013, fui afastada da extensão, assumindo o desafio de normatizar o Programa de Bolsas Sociais
na Pró-Reitoria de Administração. No final de setembro daquele mesmo ano, fui reintegrada à equipe da
extensão para dar continuidade ao desenvolvimento/testes dos módulos projetos e prestação de serviços,
conciliando com o trabalho na Pró-Reitoria de Administração, o que ocasionou menor tempo disponível ao
processo.
118
113
Tradução livre, do original: Poner en diálogo la investigación y la intervención, supone la búsqueda
permanente de la apropiación social del conocimiento, al tiempo que posibilita la construcción de nuevos
conocimientos socialmente acordados. Esta dinámica requiere sumar a las capacidades existentes en la
universidad el diálogo abierto con otros actores, una mayor atención a los problemas del entorno social y un
crecimiento relativo de las actividades de investigación surgidas de una nueva sinergia con el medio socio-
productivo (MENÉNDEZ, 2011)
120
Ao analisar o papel da extensão, proposto pela CIPEX, contudo, deparo-me com uma
concepção intrínseca de extensão universitária associada à comunicação dos resultados da
pesquisa e à transferência tecnológica. Ainda, a proposição da CIPEX aconteceu sem a
efetiva interlocução com o universo de atores envolvidos, por consequência, sem a
representatividade exigida e alheia à trajetória em curso na extensão. Por outro lado, a
equipe operacional da extensão (diretamente envolvida em seu processo de reestruturação)
123
(continua)
EIXOS TEMÁTICOS DA PESQUISA PROGRAMAS DE EXTENSÃO
3- TECNOLOGIA E PRODUÇÃO: aborda 2- TECNOLOGIA, PRODUÇÃO E
estudos que focalizam crescimento e INOVAÇÃO: desenvolvimento de produtos ou
produtividade; inovações e mercado de trabalho; processos; crescimento e produtividade;
processos de desenvolvimento de produtos e inovações e mercado de trabalho; instituições,
serviços; instituições, ciência e tecnologia; áreas ciência e tecnologia; áreas estratégicas; processos
estratégicas e portadoras de futuro; processos de de desenvolvimento de tecnologia social;
desenvolvimento de tecnologia; relações entre relações entre ciência, tecnologia e sociedade.
ciência, tecnologia e sociedade.
4- MEIO AMBIENTE E 3- MEIO AMBIENTE E
SUSTENTABILIDADE: engloba estudos que SUSTENTABILIDADE: avaliações globais
focalizam avaliações globais de impacto no de impacto no meio ambiente, incluindo
meio ambiente, incluindo armazenamento, armazenamento, gerenciamento e reciclagem
gerenciamento e reciclagem de água e de água e gerenciamento de resíduos e controle
gerenciamento de resíduos e controle de de poluição; energia; biocombustíveis;
poluição; energia; biocombustíveis; bioprospecção; processos de educação
bioprospecção; educação ambiental e ambiental e sustentabilidade; cidadania e meio
sustentabilidade; arquitetura sustentável; ambiente; arquitetura sustentável; agronegócio
agronegócio e ecodesign. e ecodesign.
5- BIODIVERSIDADE: engloba estudos de
avaliação e manejo da biodiversidade;
estratégias de conservação da biodiversidade
por grupos sociais e nas políticas públicas;
inventário e avaliação da biodiversidade em
biomas.
6- DESENVOLVIMENTO URBANO E 4- DESENVOLVIMENTO REGIONAL:
RURAL: congrega estudos sobre modos de planejamento regional urbano e rural visando o
vida urbana e rural e diversificação das formas tratamento de problemas da população local;
sociais familiares; cultura, sociabilidade e ação estudos sobre desenvolvimento regional
política nos espaços; processos de integrado; modos de vida urbana e rural e
desenvolvimento nessas áreas; análise diversificação das formas sociais familiares;
socioeconômica de cadeias agroindustriais; análise socioeconômica de cadeias
dinâmicas socioambientais; agroindustriais; assistência técnica; dinâmicas
agrobiotecnologias; indicadores de socioambientais; biotecnologias; estratégias de
sustentabilidade em agroecossistemas; produção de roteiros turísticos sustentáveis;
mediadores técnicos e dinâmicos agroindústria; avaliação de processos e
socioambientais; turismo; agroindústria. metodologias de intervenção.
7- GESTÃO PÚBLICA E INSTITUCIONAL: 5- GESTÃO PÚBLICA E INSTITUCIONAL:
examina os temas relacionados às estratégias estratégias administrativas e organizacionais
administrativas e organizacionais, em órgãos e em órgãos e instituições públicas, privadas e do
instituições públicas, privadas e do terceiro terceiro setor; sistemas regionais e locais de
setor; sistemas regionais e locais de políticas políticas públicas; análise do impacto dos
públicas; análise do impacto dos fatores fatores sociais, econômicos e demográficos nas
sociais, econômicos e demográficos nas políticas públicas; formação, capacitação e
políticas públicas; formação, capacitação e qualificação de pessoas que atuam nos sistemas
qualificação de pessoas que atuam nos sistemas públicos
públicos.
125
(continua)
EIXOS TEMÁTICOS DA PESQUISA PROGRAMAS DE EXTENSÃO
8- METODOLOGIA E ESTRATÉGIAS DE 6- EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO
ENSINO-APRENDIZAGEM: discute as PROFISSIONAL: educação e cidadania;
questões sobre alfabetização e letramento de incentivo à leitura e alfabetização; processos
crianças, jovens e adultos; desenvolvimento de de ensino/aprendizagem em leitura, escrita e
metodologias de ensino da leitura e da escrita; línguas estrangeiras; desenvolvimento de
formação e valorização de professores, metodologias de ensino da educação
envolvendo a discussão de fundamentos e presencial e a distância; formação e
estratégias para a organização do trabalho valorização de professores; promoção e apoio
pedagógico. a oportunidades de trabalho; cooperativas e
empreendimentos solidários; formação
técnica profissional. Gestão Pública e
Institucional: estratégias administrativas e
organizacionais em órgãos e instituições
públicas, privadas e do terceiro setor; sistemas
regionais e locais de políticas públicas; análise
do impacto dos fatores sociais, econômicos e
demográficos nas políticas públicas;
formação, capacitação e qualificação de
pessoas que atuam nos sistemas públicos.
9- PATRIMÔNIO CULTURAL, HISTÓRICO 7- MEMÓRIA SOCIAL E PATRIMÔNIO
E NATURAL: abrange as temáticas CULTURAL: preservação e difusão do
envolvendo a preservação e difusão do patrimônio artístico, cultural, histórico,
patrimônio artístico, cultural, histórico, natural, natural, material e imaterial; formação,
material e imaterial; formação, organização e organização e manutenção de centros de
manutenção de museus, bibliotecas, centros memória (museus, bibliotecas, centros
culturais, arquivos e outras organizações culturais, arquivos e outras organizações
culturais, coleções e acervos; restauração de culturais), coleções e acervos; restauração de
bens móveis e imóveis de reconhecido valor bens móveis e imóveis de reconhecido valor
cultural; valorização da memória, educação cultural; educação patrimonial e educação
patrimonial e educação ambiental. ambiental; processos de construção das
identidades culturais (etnias, relações de
gênero, mulheres).
10- MÍDIA, COMUNICAÇÃO E 8- COMUNICAÇÃO, MÍDIA E
SOCIEDADE: congrega estudos de MARKETING: metodologia de análise
metodologia de análise crítica acerca dos crítica acerca dos fenômenos comunicativos
fenômenos comunicativos nas produções da nas produções da mídia; de elaboração,
mídia e na suas relações com o campo da implementação e avaliação de planos
cultura e da subjetividade; de elaboração, estratégicos de comunicação e marketing
implementação e avaliação de planos (publicidade, propaganda e de relações
estratégicos de comunicação e marketing públicas); suporte de comunicação a
(publicidade, propaganda e de relações programas e projetos de mobilização social, a
públicas); suporte de comunicação a organizações governamentais e da sociedade
programas e projetos de mobilização social, a civil; mídias contemporâneas, multimídia,
organizações governamentais e da sociedade web design, arte digital; veículos de difusão da
civil; mídias contemporâneas, multimídia, informação, impressos e eletrônicos;
web-design, arte digital; veículos de difusão promoção do uso didático dos meios de
da informação, impressos e eletrônicos; comunicação e de ações educativas sobre as
promoção do uso didático dos meios de mídias.
educação e de ações educativas sobre as
mídias.
126
(continua)
EIXOS TEMÁTICOS DA PESQUISA PROGRAMAS DE EXTENSÃO
11- MEMÓRIA, IDENTIDADES E 9- AÇÕES CULTURAIS E ARTÍSTICAS:
PRÁTICAS CULTURAIS: contemplam os desenvolvimento cultural; criação e
temas de literatura, línguas, etnias, relações performance de dança, teatro, música,
de gênero, mulheres; criação e performance folclore, artesanato, artes plásticas, gráficas
de dança, teatro e música; produção e e visuais; produção e divulgação de
divulgação de informações e material informações e material didático na área;
didático na área; memória, ações ações multiculturais, envolvendo as diversas
multiculturais, envolvendo as diversas áreas áreas da comunicação e difusão cultural e
da produção e difusão cultural e artística. artística.
12- ACESSIBILIDADE: abrange os processos 10- ACESSIBILIDADE: processos de atenção,
de atenção, de emancipação e inclusão de de emancipação e inclusão de pessoas com
pessoas com deficiências, incapacidades deficiências, incapacidades físicas,
físicas, sensoriais e mentais, síndromes, sensoriais e mentais, síndromes, doenças
doenças crônicas, altas habilidades, dentre crônicas, altas habilidades, dentre outras;
outras; estudos em ergonomia; promoção, estudos em ergonomia; promoção, defesa e
defesa e garantia de direitos. garantia de direitos; desenvolvimento de
metodologias de intervenção.
13- DESENVOLVIMENTO HUMANO: 11- QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE:
aborda estudos de diferentes áreas do cuidados com a saúde do ser humano
conhecimento, especialmente de ciências (criança, adolescente, jovem, adulto e
humanas, biológicas, sociais aplicadas como idoso), incluindo as ações de educação e
o desenvolvimento econômico e financeiro, promoção da saúde, proteção e reabilitação
exatas e da terra, da saúde, ciências agrárias, de doenças; práticas esportivas e de lazer;
engenharias, linguística, visando à reflexão, processos de atenção e de inclusão da
discussão, atualização e aperfeiçoamento terceira idade; processos visando à
humano. promoção e assistência à saúde animal.
14- ATENÇÃO À SAÚDE E AO BEM-
ESTAR: envolve estudos relacionados aos
cuidados com a saúde do ser humano, em
todas as fases - criança, adolescente e jovem,
adulto e idoso, incluindo as ações de
promoção, proteção, reabilitação e
tratamento às doenças.
15- GENÉTICA CLÍNICA: aborda estudos de
prevenção e manejo de defeitos físicos
congênitos e distúrbios genéticos;
deficiências mental, física, auditiva e visual;
doenças metabólicas; doenças
degenerativas; câncer.
16- BIOTECNOLOGIA E FÁRMACOS:
aborda estudos de desenvolvimento e síntese
de biofármacos e medicamentos; atividade
de extratos e substâncias vegetais em
organismos; constituintes químicos dos
produtos naturais; efeito de extratos e
substâncias vegetais sobre bactérias e fungos
patogênicos; efeito de extratos e substâncias
vegetais sobre doenças.
127
(conclusão)
EIXOS TEMÁTICOS DA PESQUISA PROGRAMAS DE EXTENSÃO
17- TEOLOGIA E CIÊNCIAS DA Não existem programas de extensão
RELIGIÃO: contempla o estudo das quatro correspondentes.
grandes áreas da Teologia: Teologia
Bíblica/Exegética (Antigo Testamento e Novo
Testamento), Teologia Sistemática, Teologia
Histórica e Teologia Prática; abrange
igualmente estudos na fenomenologia da
religião, englobando as áreas da Antropologia
da Religião, Sociologia da Religião, Filosofia
da Religião e Psicologia da Religião;
interfaces entre Teologia e Ciências da
Religião.
18- GESTÃO DO CONHECIMENTO: Não existem programas de extensão
congrega estudos que focalizam o uso de correspondentes.
instrumentos de análise documentária e das
interfaces da análise documentária com a
linguística, a lógica, a terminologia e a
comunicação; gerenciamento de processos e
de documentos em organizações nacionais e
internacionais; estudos do processo de
construção e gestão do conhecimento e
tecnologias da informação para o
fornecimento e divulgação de informações
econômicas, financeiras e sociais das
organizações públicas, privadas e terceiro
setor.
Fonte: Elaborado pela autora com base em ULBRA (2015; 2016b).
114
Citação proferida em Conferências UFRGS na palestra intitulada Integração Acadêmica Latino-americana, em
Porto Alegre, 22 nov 2017. Contudo, o Relatório Final do Plano Nacional de Pós-Graduação – PNPG (BRASIL,
2013), anuncia uma tendência à implantação de indicadores qualitativos pela CAPES, com a valorização de
requisitos ligados ao papel social da pós-graduação e a instrumentos de inclusão social para avaliação dos cursos.
Intenção oficializada com a inclusão da inserção social, como requisito de avaliação dos cursos de Pós-Graduação,
com peso de 10% para todos os programas. Ainda, a CAPES dá autonomia aos programas para que cada área do
conhecimento defina como entende inserção social e apresente seus próprios indicadores de impacto. O requisito
legal ratifica o papel social da ciência/pesquisa e estabelece uma ponte entre pesquisa e extensão.
128
115
Atualmente a instituição possui seis cursos de mestrado e quatro de doutorado, credenciados pela Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), nas áreas de concentração de estudos culturais em
educação, ensino de ciências e matemática, saúde e materiais e processos (engenharia), fato que
impacta/direciona o perfil de pesquisa institucional.
116
Aqui me refiro à interconexão entre projetos de pesquisa e projetos de extensão ou potenciais projetos de
pesquisa e extensão. Observa-se a compreensão tácita de extensão, entre os pesquisadores, como comunicação
de resultados da pesquisa e, nesse sentido, a inter-relação é efetiva, sob a forma de eventos e publicações.
Mesmo sob essa perspectiva, no entanto, os eventos promovidos pela pesquisa, assim como seus periódicos,
encontram-se cadastrados em sistema próprio, diverso da extensão.
117
Verifica-se um movimento concomitante de desenvolvimento de projetos de extensão, por iniciativa de
docentes dos Programas de Pós-Graduação (Educação, Ciências e Matemática e Promoção da Saúde) e dos
professores de graduação extensionistas no desenvolvimento de pesquisas (os editais dos projetos de extensão
estabelecem uma publicação anual e a participação em eventos científicos, como estratégia indutora deste
“movimento”).
118
Pesquisa no site do CNPq sobre as bolsas de iniciação científica da ULBRA aponta o registro de vinte bolsas
de iniciação científica e tecnológica em 2016. Ainda, no site da ULBRA, constam resultados de editais de
Bolsas de Iniciação Científica FAPERGS, totalizando outras 45 (quarenta e cinco) bolsas (Programas PROBITI
e PROBIC). Em relação ao número de bolsas próprias de iniciação científica, totalizam 36 bolsas.
129
119
Como integrante da CPA, verifico o conflito semântico extensão – assuntos comunitários/responsabilidade
social, quer nas respostas às questões avaliativas propostas anualmente, quer nos comentários abertos dos
alunos, nos referidos processos avaliativos. Exemplo disso é a não identificação, pelos alunos, dos projetos
comunitários ou ações comunitárias integradas como atividades de extensão dos cursos, confundidos, muitas
vezes, com ações de responsabilidade social, dada sua promoção pela Diretoria de Assuntos Comunitários.
Penso que há que se analisar o impacto disso também no preenchimento do formulário ENADE.
130
6 A CURRICULARIZAÇÃO DA EXTENSÃO
Um dos desafios centrais é que a extensão integre o ato educativo de todas as práticas
dos estudantes e docentes da Universidade. Este desafio exige um processo de
institucionalização da extensão em relação a outras funções da universidade, que se
opõe curricularizar apenas certas experiências particulares e dar créditos
(TOMMASINO; RODRÍGUEZ, 2011)120.
120
Tradução livre, do original: Uno de los desafíos centrales es que la extensión conviva em el acto educativo de
todas las prácticas de los estudiantes y docentes de la Universidad. Dicho desafio requiere de un proceso de
institucionalización de la extensión en relación con las otras funciones universitarias, que se contrapone a
únicamente curricularizar ciertas experiencias particulares y otorgarle créditos.
133
Ao retornar para minha sala, refleti sobre o processo vivido na ULBRA, a partir da
leitura do território de inserção da universidade, do levantamento das concepções
docentes sobre o fazer extensão, do mapeamento das práticas extensionistas, da
análise das conexões dos projetos pedagógicos dos cursos e da vinculação dos eixos
temáticos de pesquisa com a extensão, da Política Nacional de Extensão e, também,
do Projeto de Lei 8.035/2010 (gênese do PNE). Percebi o quanto esse trabalho tinha
sido invisível, para os gestores acadêmicos. Concluí que sua trajetória tinha sido
edificada pelos coordenadores, docentes e discentes diretamente vinculados às
práticas extensionistas e, portanto, precisávamos ir além.
Três anos e meio, desde a delimitação do escopo de trabalho pelo Pró-Reitor, a
experiência na coordenação desses processos instigava-me a vencer novas etapas,
orientadas pela articulação ensino-pesquisa-extensão. A estratégia 7 da meta 12 do
PNE constituía a legitimação do processo em desenvolvimento e os aprendizados
construídos coletivamente, sua alavanca (DIÁRIO DE CAMPO 1, jul. 2014).
Como consequência dessa reunião, em setembro de 2014, teve início o que considero a
consolidação da Política de Extensão da ULBRA: o Projeto Institucional Curricularização da
Extensão121. Em sua primeira fase, o projeto pautou-se pela rediscussão do sentido de extensão
presente no PNE para subsidiar o projeto institucional. Para tanto, retomei e ampliei as bases
conceituais da etapa de ressignificação de 2010, como apresento a seguir.
121
Para o qual fui designada como coordenadora.
122
Da equipe da extensão da PROAC.
134
123
Muitos já haviam sido estudados na etapa de ressignificação da extensão em 2010 e outros foram incoporados
aos referenciais. Importante destacar que na Diretoria de Assuntos Comunitários, apenas eu tinha participado
da etapa de ressignificação em 2010 e, nos campi gaúchos, somente três coordenações de extensão.
135
124
Suprimidas pelos governos militares, tais ações reaparecem em fases posteriores da extensão
universitária brasileira, seguindo a lógica do marco regulatório corrente.
140
A Lei da Reforma Universitária (BRASIL, Lei 5.540, 1968) que fixou as normas
de organização e o funcionamento do ensino superior brasileiro, instituiu a
indissociabilidade ensino-pesquisa, e fez referência, de forma secundária, à extensão,
tornando-a obrigatória, por intermédio da promoção cultural, artística, cívica e desportiva
dos acadêmicos e a contribuição ao desenvolvimento das comunidades. O marco legal
aproximou as políticas educacionais brasileiras ao modelo norte-americano, e ratificou o
vínculo da prática extensionista à prestação de serviços por meio dos CRUTACs, do
Projeto Rondon e do Campus Avançado, projetos desenvolvidos nacionalmente.
Determinou, ainda, que as instituições de ensino estendessem à comunidade, suas
atividades de ensino e os resultados da pesquisa (NOGUEIRA, 2005). Realizada por
estudantes, em caráter opcional e sem participação docente, a extensão mantém-se
desarticulada das demais atividades acadêmicas, sendo considerada uma atividade social.
125
Sequer estava sob gestão do Ministério da Educação.
141
Segundo Sousa (2010, p. 65): “Trata-se da Universidade cumprindo uma missão social a
serviço do Estado”.
O primeiro Plano de Trabalho de Extensão Universitária data de 1975, e definiu
como competência do MEC a proposição de diretrizes extensionistas para as
universidades. As atividades de extensão presentes nesse plano foram, além das citadas
anteriormente, os Projetos de Integração das Universidades nas Comunidades e de
Integração Escola-Empresa-Governo. Até a abertura política, a extensão foi tratada,
essencialmente, como prestação de serviços assistencialistas a serviço do projeto
desenvolvimentista do Estado (BRASIL, MEC/DAU, 1975).
A partir do final dos anos 80, as discussões sobre a ação extensionista, a
proposição de diretrizes e a interlocução com o MEC foram capitaneadas pelo
FORPROEX, fundamentadas na função social da universidade; na indissociabilidade de
ensino, pesquisa e extensão; no caráter interdisciplinar da ação extensionista, na
necessidade de institucionalização da extensão nas universidades e no próprio MEC; no
reconhecimento do saber popular e a valorização da troca de saberes universidade-
sociedade; na necessidade de financiamento estatal da ação extensionista (NOGUEIRA,
2005). Sousa (2001, p. 117) complementa que nos anos 80 a extensão “[...] passou a ser
buscada além de sua compreensão tradicional de disseminar conhecimentos, prestar
serviços ou difundir cultura”.
O conceito estabelecido pelo referido Fórum alicerça o Programa de Fomento à
Extensão Universitária (PROEXT) (BRASIL, 1993) e a Política Nacional de Extensão
Universitária, e depõe velhos conceitos que, até então, orientaram as práticas
extensionistas e a legislação. No mesmo período, nos debates pré-constituintes sobre a
educação superior brasileira, encontro pistas da histórica polissemia da extensão. Nas 75
(setenta e cinco) páginas do documento-síntese do Observatório Universitário, Nogueira
(2009) registra os debates dos grupos de trabalho e a proposta do Sindicato Nacional dos
Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES) e da União Nacional dos
Estudantes (UNE) de incorporação da extensão ao princípio da indissociabilidade ensino-
pesquisa (este último presente nas normas legais desde 1960).
No decorrer das discussões parlamentares descritas por Nogueira, ora a extensão
é tida como ação política da universidade ao estender as atividades de ensino e pesquisa
além de suas “fronteiras” ora é conjugação de saber crítico e compromisso/trabalho social,
ora prestação de serviços. Extensão é vista, ainda, como experimentação e intervenção
social, feedback à sociedade e inter-relação com o meio social.
142
O PNE 2001-2010 (BRASIL, Lei 10.172, 2001), por meio das metas 21 e 23,
buscou reverter essa lógica, alinhando a concepção de extensão às discussões do
FORPROEX e FOREXT126, e propondo sua universalização por meio da obrigatoriedade
de 10% dos créditos curriculares exigidos para a graduação integralizados em ações
extensionistas. A partir da atribuição de créditos curriculares por intermédio e pelas
atividades extensionistas, constitui-se um movimento de flexibilização curricular (horas
complementares).
Some-se aos esforços realizados pelo FORPROEX e FOREXT, o Fórum Nacional
de Educação Superior (FNES) propôs uma “reforma universitária por dentro”, capaz de
aproximar a universidade da sociedade:
126
Em 1998, foi instituído o Fórum Nacional de Extensão e Ação Comunitária das Universidades e IES
Comunitárias (FOREXT). Outros fóruns de extensão surgem a partir de então. Em 2002, o Fórum de
Extensão das IES Particulares (FOREXP) e, em 2009 o Fórum de Extensão da Educação Tecnológica
da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica. Quatro fóruns distintos, com
restrito diálogo entre si.
144
(conclusão)
2004 – Papel da extensão como referencial ético e metodológico tanto no processo
formativo do educador como do educando, quanto no processo de produção de
conhecimentos.
2006 – Extensão como processo significativo de aprendizagem, fomentando a participação
do maior número de discentes, caracterizando-a como um componente pedagógico efetivo
enquanto prática orgânica do processo acadêmico, tendo como princípio a
indissociabilidade com o ensino e a pesquisa.
2007 –A extensão é parâmetro ético e epistemológico da pesquisa e do ensino. É igualmente
instrumento pedagógico para a formação, que deve estar sempre aberto às novas realidades,
aos novos modos de efetivar a produção socialmente engajada do conhecimento científico
e de formar integralmente as pessoas.
2008 – Extensão como vetor imprescindível para a realização da identidade universitária;
2009 – A extensão busca a constituição de uma educação problematizadora que provoca
nos estudantes e na comunidade, a potencialização de sua capacidade de pensar sobre seus
próprios problemas na busca de soluções conjuntas, alimentando um conhecimento baseado
na participação e mobilização sociais.
2010 – Extensão como lugar privilegiado de diálogo entre os diversos modos e formas do
conhecimento e entre as necessidades e possibilidades de solução de problemas da
sociedade atual, ou seja, um novo campo de produção e socialização do conhecimento,
possibilidade de aprendizagem articulada ao ensino e à pesquisa e oportunidade de
contribuição ao desenvolvimento da sociedade; extensão e identidade da Instituição
Comunitária de Educação Superior (ICES).
2011 – Proposição da incorporação curricular definitiva das ações de extensão,
reconhecendo seu papel formativo.
2012 – Entendimento de que a extensão pode contribuir na formulação e desenvolvimento
de políticas através de sua ação e reflexão nos espaços sociais e, particularmente, em âmbito
acadêmico.
2012 – A extensão universitária como definição da identidade da ICES.
2013 – Extensão universitária compreendida no seu caráter acadêmico, enquanto estratégia
para transformação da sociedade brasileira e da educação superior no Brasil.
2014 – A extensão, ação acadêmica contributiva da formação profissional, construção e
difusão do conhecimento, que amplia a participação do estudante na implementação das
políticas públicas brasileiras, expondo-o ao diálogo com a sociedade diretamente implicada
em suas ações, deve ser reconhecida e legitimada como tal.
2015 – Extensão como processo de aprendizagem integrado ao currículo e articulado à
pesquisa – Curricularização.
Fonte: Elaborado pela autora com base nas cartas dos Encontros do FOREXT e FORPROEX de 1987 a
2015.
Almeida (2015) preconizam uma prática acadêmica que transponha o espaço físico
tradicional da sala de aula, mas compreenda, segundo complementa Garrafa (1989, p.
114), “todos os espaços dentro e fora da Universidade, em que se realiza o processo
histórico-social com suas múltiplas determinações, passando a expressar um conteúdo
interdisciplinar/transdisciplinar como exigência da própria prática”.
Para Albuquerque (2013, p. 137), o sentido recente de extensão implica associá-
la ao “fazer-saber” e ao “saber-fazer”, do que se depreende um processo sistemático de
ação-reflexão e reflexão na ação lastreado por múltiplas aprendizagens (formação
acadêmica e profissional, promoção e desenvolvimento humano, compromisso social).
Por intermédio da extensão, o desvelamento da realidade, segundo o autor, promove um
processo de tomada de consciência, progressiva, crítica e criativa, acerca do homem, do
meio e da relação recíproca homem-meio.
Silva (2013, p. 133) reafirma a extensão como uma metodologia de ação da
universidade, articulada entre diferentes atores e atividades, envolvendo uma relação
dialógica e democrática entre universidade-sociedade, ambas aprendentes e ensinantes.
Souza Neto e Atik (2005, p. 27) defendem:
127
Meta 12 do PNE: Elevar a taxa bruta de matrícula na Educação Superior para 50% e a taxa líquida para
33% da população de 18 a 24 anos, assegurada a qualidade da oferta e expansão para, pelo menos, 40%
das novas matrículas, no segmento público (BRASIL, Lei 13.005, 2014).
149
128
Tradução livre, do original: A casi 100 años de la Reforma Universitaria de 1918, sus principios
fundamentales se mantienen con sorprendente vigencia en la búsqueda de una universidad democrática
y democratizadora, con calidad y compromiso social, autónoma y con plena capacidad de desarrollar
el pensamiento crítico. Esta Universidad Reformista hoy renueva su compromiso de pensarse a sí
misma para afrontar los desafíos futuros en sociedades cada vez más complejas, desiguales e injustas.
Y es aquí donde aparece como indispensable el rol de la extensión universitaria como función
sustantiva, académica e institucional, con capacidad de interpelar e integrarse con la docencia y la
investigación en la construcción de una sociedad más inclusiva, con pleno ejercicio de los derechos
humanos, de la democracia, del sentido ético de la política, de la ciudadanía, de la solidaridad y del
bien común.
150
129
Creio que a relação intrínseca da Diretoria de Assuntos Comunitários com a temática responsabilidade
social reiterava o foco social (não acadêmico) das referidas ações/projetos. Tal fato agravava-se não só
pelo legado histórico do sentido de extensão apresentado no Capítulo 4, mas ainda, pelo
desconhecimento ou incompreensão do organograma institucional, pela segmentação das políticas
acadêmicas ensino, pesquisa e extensão (não constando qualquer referência a “Assuntos
Comunitários”). A minha atuação como responsável pela proposição de metas e compilação dos dados
para o relatório social anual, ainda a vinculação anterior ao comitê de filantropia/bolsas sociais e,
integrante da CPA – eixo responsabilidade social também contribuíam para as dúvidas apresentadas.
Externamente também represento a ULBRA em diferentes redes de promoção e defesa de direitos,
comissões e prêmios de responsabilidade social. Assim, a ausência de clareza dentre as coordenações
era justificada.
152
Esse movimento, que vincula pesquisa social e ação política transformadora e põe
em diálogo os saberes acadêmicos e os originados pelos setores populares (FREIRE,
1987; STRECK, 2010), vai de encontro à decolonialidade existente, e requer um trabalho
interdisciplinar e intensa relação dialógica intra e interinstitucional (SANTOS, 2010). Ao
mesmo tempo, apoia-se em uma relação ecossistêmica e complexa, em princípios de
incerteza e autorreferência, autocríticos e autorreflexivos (MORIN, 2015).
Sob tais perpectivas e, assentada na concepção de extensão como princípio e
processo de aprendizagem (SÍVERES, 2013), a partir do diálogo universidade-
comunidade, operacionalizada em programas e projetos integrados ao currículo, propus
as diretrizes do projeto curricularização da extensão da ULBRA com base na Política
Nacional de Extensão (FORPROEX, 2012), como segue:
130
Tradução livre, do original: [...] la integralidad supone un movimiento hacia adentro de la Universidad
que impulse el dejar de pensar aisladamente la investigación, la docencia y la extensión si realmente
queremos poner en discusión nuevos modos de hacer universidad. Integrar dichas funciones para
nosotros significa generar un modelo de universidad que, abierta y flexible, se estructure a partir de
las problemáticas sociales, dejando de usar a la realidad como mera excusa para su auto reproducción.
154
I- Indissociabilidade extensão-pesquisa-ensino
Extensão que se consolida como diretriz institucional da ULBRA, através
da redefinição do eixo pedagógico extensão-pesquisa-ensino: extensão que
orienta a pesquisa e retroalimenta o ensino, a partir da integração de
programas e projetos de extensão à dinâmica curricular dos cursos.
Indissociabilidade, tendo como referência o conceito de Programa de
Extensão, adotado pelo MEC: “[...] conjunto articulado de projetos e outras
ações extensionistas de caráter multidisciplinar e integrado a atividades de
pesquisa e de ensino, executado a médio e longo prazos por alunos
orientados por um ou mais docentes da instituição (PROEXT, 2013).
II- Interdisciplinaridade e Interprofissionalidade
Objetiva-se, através dos programas e projetos de extensão, não a deposição
da especificidade das ciências ou disciplinas, mas a instituição de elos de
intercâmbio, entre os conhecimentos e a realidade concreta, entre as
dimensões acadêmicas, entre diferentes cursos.
III- Interação dialógica – intra e interinstitucional
A defesa do diálogo de saberes, acadêmico e social, racional e empírico,
norteia a proposição de integração da extensão ao currículo. A
dialogicidade se impõe a partir da efetiva indissocialidade extensão -
pesquisa-ensino e do relacionamento com diferentes atores/entidades
sociais.
IV- Identidade confessional da instituição e compromisso social/
comunitário
Fortalecimento da missão confessional da instituição e de seu compromisso
comunitário, manifestos em seu alinhamento estratégico (IMPERATORE,
2015).
131
Percorridas até a sua normatização.
159
132
É importante que se destaque que a efetivação da agenda das reuniões dependia de aprovação prévia e
custeio de despesas de locomoção, pelos diretores de campi, do que se depreende um primeiro filtro
administrativo (e justifica a não participação de uma unidade, na formação docente proposta).
133
A princípio não entendia esse “temor”, até que vivi uma experiência incomum em um campus. Após
três agendamentos frustrados da reunião com as coordenações de curso e NDEs (em uma delas eu já
estava a caminho), somente após a mediação do Pró-Reitor a agenda se efetivou. Como em todas as
reuniões, discutimos a história, as concepções e as práticas da extensão no Brasil e na ULBRA, as
diretrizes do projeto “Curricularização da Extensão”. Na sequência, ao entregar o instrumento da
“Dinâmica da Sinaleira” a cada um dos participantes, fui surpreendida com a atitude da direção de
recolher os instrumentos e tentar impedir sua aplicação. Após reiterar a orientação institucional da
PROAC e, finalmente, persuadi-la acerca da indelegável participação das coordenações e NDEs, foi
solicitado que eu me retirasse da sala para deixá-los “à vontade” com a coordenação acadêmica. Insisti
em defesa do pacto de confidencialidade das informações e de sua relevância para a escrita coletiva da
normatização da curricularização da extensão. Permaneci na sala, respondendo a diversos
questionamentos dos colegas e recebi minguadas contribuições. Na sequência, não consegui concretizar
as fases de formação docente e devolutivas como nas demais unidades.
160
134
Inicialmente havia esboçado questionários eletrônicos, cujo pré-teste evidenciou limitações e
inexpressiva adesão dos docentes. Na sequência, entrevistas, cuja dificuldade de agendamento e
constrangimento dos dois primeiros entrevistados revelou a sua inaplicabilidade. Declinei da proposta
de grupos focais na experiência com os coordenadores acadêmicos e de extensão, ao perceber que os
silêncios falaram mais do que as manifestações expressas (e tive dificuldade em "decodificá-los”). Tal
incidência fez-me repensar a estratégia dado o elevado número de docentes envolvidos (e minha
limitação para operacionalizar as anotações), o meu lugar na extensão como diretora, o anonimato dos
“informantes”, o ineditismo da experiência de construção coletiva de uma política acadêmica na
ULBRA com tamanha participação.
135
Alguns eventos de formação envolveram mais de um campus.
136
Conforme relatado anteriormente, um campus ficou alijado do processo.
137
Some-se ao referido instrumento, os apontamentos da pesquisadora em seu diário de campo, referentes
às jornadas de formação, reuniões de coordenação/grupos de trabalho.
161
138
Alusão às experiências do Projeto Rondon.
162
CATEGORIAS f
1. Financiamento da Extensão 94
Remuneração docente para o desenvolvimento de projetos de extensão/regime de
trabalho horista ou parcial/consequente reduzido número de projetos. 59
Restrições à captação/diversificação de recursos para financiamento de
programas/projetos de extensão. 21
Disponibilidade/carga horária para planejamento e coordenação dos projetos de
extensão. 14
2. Infraestrutura 49
Carência de infraestrutura física para o desenvolvimento de projetos; AVA. 9
Insuficiente estrutura de apoio para planejamento e desenvolvimento dos projetos,
especialmente nos polos EAD. 5
Materais/insumos para os projetos, logística, bolsas/seguro discente. 21
Número de alunos por turma; oferta regular de disciplinas; processo avaliativo
incompatível com a “pedagogia por projetos”. 14
3. Perfil/Cultura Discente 109
Indisponibilidade de tempo/cursos noturnos/restrição de campo para atuação. 73
Desinteresse por atividades extensionistas extraclasse/inexpressividade da participação
discente em programas/projetos de extensão. 13
Insuficiente fomento (inclusive financeiro) à participação discente em projetos de extensão. 7
Dificuldades dos alunos da educação a distância. 8
Capacitação do aluno para o desenvolvimento de atividades extensionistas. 6
Alunos de diferentes municípios - deslocamentos diários/controle da participação
discente. 2
4. Perfil/Cultura Docente 36
Deficiente formação e experiência docente em programas e projetos de extensão;
desvalorização do fazer extensionista na carreira docente. 16
Desconhecimento da Política Nacional e Institucional de Extensão e do Plano Nacional
de Educação. 8
Insuficiente formação em pesquisa. 2
Desconhecimento das coordenações de curso acerca dos projetos de extensão
desenvolvidos inclusive no âmbito de seu curso. 3
Excessiva carga de trabalho dos professores; número reduzido de professores do curso. 4
Protagonismo docente. 3
5. Política Institucional 39
Descontinuidade de políticas/projetos institucionais. 3
Representatividade/disponibilidade tempo para a participação dos atores na definição
dos projetos (docentes, discentes, comunidade). 2
Complexidade da instituição; cultura disciplinar da instituição/rigidez curricular/
dificuldade de operacionalizar atividades integradas (insuficiente integração entre os
cursos; resistências na integração EAD e presencial para o desenvolvimento de
programas e projetos de extensão); histórica dissociação pesquisa, extensão e currículo. 23
Burocratização dos processos internos da extensão, SISDEX pouco eficaz. 11
163
(conclusão)
CATEGORIAS f
6. Comunicação da Extensão 11
Falta de marketing institucional sobre extensão (programas e projetos). 11
7. Relação ULBRA-Comunidade 38
Questões políticas locais/relação com o poder público. 4
Aceite das instituições para receber nossos alunos/número elevado de alunos; parcerias
despreparadas para orientação do trabalho discente. 9
Compreensão das instituições acerca do processo em curso. 2
Diálogo universidade-sociedade/parcerias. 8
Descontinuidade dos projetos/tempo da universidade versus tempo da comunidade. 2
Cultura/expectativa assistencialista da comunidade; diagnóstico das demandas
comunitárias. 2
Limites da responsabilidade técnica docente no desenvolvimento das atividades
extensionistas; observância das exigências/regulamentações dos respectivos Conselhos
Profissionais e compreensão da curricularização. 11
Total Entraves/Obstáculos Curricularização 376
Fonte: Elaborado pela autora com base nos registros da Dinâmica da Sinaleira.
139
O registro literal de algumas manifestações orais (resgatadas de meu diário de campo) e escritas (das
planilhas da sinaleira) que evidenciam as preocupações docentes. Para garantir o anonimato docente,
164
codifiquei-as em “P” - professor - seguido da numeração sequencial dos registros e C- campus - seguido
da numeração sequencial por mim atribuída à identificação de cada unidade/evento.
165
2500
2000
1500
1000
500
0
2013 2014 2015 2016
Fonte: Elaborado pela autora com base nos registros do ULBRA, 2017d.
140
Camillioni (2013) conceitua educação experiencial como uma estratégia holística de ensino que
relaciona as aprendizagens acadêmicas com a vida real. Sujeitos e seu mundo implicados e em contínuo
processo de construção de saberes, como diria Freire (1987). Para Deeley (2016), a aprendizagem-
serviço é uma experiência educativa que combina o trabalho comunitário com a formação acadêmica,
mantendo vínculos com os princípios de justiça social, cidadania, desenvolvimento intelectual e
pensamento crítico. Carbonell (2016, p. 21) a define como “[...] projeto educativo com potencialidade
social”. Segundo esse autor, a aprendizagem-serviço segue a sequência: aprendizagem + trabalho +
projeto + participação + reflexão.
141
Sob a perspectiva de Fals Borda e Paulo Freire apud Streck (2010), pesquisa-ação como pesquisa social
e ação política transformadora. Orientada pela elucidação de problemas sociais cientificamente
relevantes, em grupos de trabalho em que se reúnem docentes, discentes, atores e interessados na
resolução dos problemas/demandas levantados. Na pesquisa-ação encontram-se entrelaçados objetivos
de conhecimento e ação que remetem a quadros de referência teóricos com base nos quais estruturam-
se os conceitos, linhas de interpretação e dados coletados no campo (THIOLLENT, 2011). Silva e
Miranda (2012, p. 53) complementam, afirmando que “Trabalha-se com aprendizagens em processo
que vão ressignificando a realidade a ser transformada”.
142
Por óbvio a curricularização gerará impactos orçamentários com a necessária redução do número de
alunos por turma e/ou a potencialidade de abertura de subturmas para atendimento aos requisitos
metodológicos e avaliativos (em disciplinas-projeto integrantes dos programas de extensão),
investimentos em formação docente, estrutura de gestão/apoio, insumos, infraestrutura, logística,
contratação de seguros, aperfeiçoamento dos instrumentos de registro e controle do SISDEX, Sistema
Ensino e Sistema da Pesquisa com vistas à sua efetiva articulação, entre outros. Contudo, os registros
docentes analisados relacionam-se à carga horária incremental, a partir da concepção vigente de
remuneração dos “docentes extensionistas” via seleção de projetos em editais anuais, ou do pagamento
de horas suplementares quando da proposição de cursos de extensão. Duas questões são precípuas: a
deposição da lógica marginal da extensão (que se integra ao currículo existente sob a modalidade de
programas) e a necessidade de reajuste/reestruturação da matriz curricular, de forma que não haja
incremento de carga horária nos cursos e, portanto, sequer nos custos com folha de pagamento docente.
167
prevalecendo uma alocação desigual nos editais anuais, o que justifica a perspectiva dos
docentes.
200
150
100
50
0
2013 2014 2015 2016
Fonte: Elaborado pela autora com base nos registros do ULBRA, 2017s.
143
Constituído por inúmeras atividades: turmas/ensino graduação presencial e EAD, turmas/ensino pós-
graduação presencial e EAD, orientações de TCC, projetos de extensão e de pesquisa – via editais, horas
autorizadas, outros.
168
144
Após a sanção do PNE, lançamos o primeiro edital de projetos-piloto de extensão EAD. Desde então, já
desenvolvemos 11(onze) projetos, tendo por principal característica a participação de acadêmicos de
todos os cursos dada a transversalidade das temáticas. Essa experiência tem sido fundamental para
aprimorarmos metodologias, fluxos e processos, recursos tecnológicos e processos avaliativos. Também
para dirimirmos, aos poucos, as resistências entre educação a distância e cursos presenciais.
172
120.000
100.000
80.000
60.000
40.000
20.000
0
2013 2014 2015 2016
Fonte: Elaborado pela autora com base nos registros do ULBRA, 2017d.
145
Tivemos a oportunidade de dialogar com o Conselho Regional de Arquitetura e Urbanismo (CAU-RS)
sobre a temática, em seminário que contou com a participação de coordenações de curso do Estado e
no qual fui painelista, esboçando potencialidades de curricularização da extensão nos cursos de
Arquitetura, normatização do Escritório Modelo e os limites de atuação profissional e formação
acadêmica versus responsabilidade técnica. No CRCRS, participo da Comissão de Estudos de
Responsabilidade Social, e trabalho em projeto de incorporação do Programa de Voluntariado da Classe
Contábil (instituído em 2004) à proposta de curricularização dos cursos de Ciências Contábeis.
175
Fonte: Elaborado pela autora com base nos registros do ULBRA, 2017d.
Fonte: Elaborado pela autora com base nos registros do ULBRA, 2017d.
177
ASPECTOS INSTRUMENTAIS
f
1. Delimitação do projeto de curricularização da extensão na ULBRA 71
Definição objetiva das etapas, diretrizes, papéis e critérios da curricularização, inclusive
no tocante à EAD; estabelecimento de canais de comunicação entre os cursos/campi;
promoção de espaços de discussão dos docentes extensionistas. 13
Articulação entre os cursos, em especial os homônimos; reanálise das estruturas dos cursos
e as potencialidades de trabalho interdisciplinar. 16
Articulação extensão-pesquisa e articulação presencial/EAD. 5
Identificação de disciplinas com potencialidade para adotarem a metodologia de projetos. 5
Socialização de experiências extensionistas, com destaque para as potencialmente
interdisciplinares; mapeamento de ações extensionistas; sistematização de ações que já
ocorrem na prática. 25
Realização de projetos-piloto de extensão EAD via AVA; reconfiguração da plataforma
para que atenda à nova demanda. 4
Trabalhar com projetos de extensão "amarrados" ao projeto pedagógico dos cursos;
reorganização curricular. 3
2. Participação Discente 30
Sensibilização discente para a compreensão da proposta e da importância da sua
participação nas discussões. 19
Adoção de meios de incentivo à participação discente nos projetos; valorização dos
discentes extensionistas; adequação de horário dos projetos para viabilizar a participação
discente. 4
Formação discente em extensão. 7
3. Participação Docente 114
Sensibilização e formação docente em extensão com ênfase em metodologias aplicáveis a
projetos de extensão. 47
Formação e incentivo ao docente para pesquisa. 2
Carga horária para participação no projeto institucional/planejamento, mapeamento de
processos, esboço de trajetórias; acompanhamento de todas as etapas do processo em curso. 12
Revisão dos critérios de remuneração docente em programas/projetos de extensão. 41
Mudança nos contratos de trabalho (parcial/horista e tutores EAD). 2
179
(conclusão)
ASPECTOS INSTRUMENTAIS
f
Valorização da extensão na carreira docente. 4
Capacitação acerca dos fluxos e processos de programas e projetos de extensão. 3
Fortalecimento dos NDEs. 3
4. Infraestrutura 79
Instrumentos de controle da participação discente em programas e projetos de extensão –
atividades extraclasse. 3
Redesenho do SISDEX – simplificação de fluxos e processos. 6
Infraestrutura física e tecnológica para desenvolvimento de projetos. 20
Apoio técnico-administrativo para o planejamento. supervisão e desenvolvimento dos
projetos, bem como para mediação com instituições; Comitê de Ética para projetos de
extensão. 11
Redimensionamento do número de alunos/turma para as discplinas-projeto. 5
Dotação orçamentária para custeio de materiais/insumos, logística, seguros. 34
5. Relacionamento ULBRA-COMUNIDADE 39
Diagnóstico/conhecimento do território de inserção da universidade: demandas, políticas
públicas, atores, potencialidades, instituições; articulação dos cursos com o entorno. 13
Socialização da curricularização à sociedade, com vistas à integrá-la no processo de
construção de trajetórias. 3
Socialização dos resultados de projetos de pesquisa e de extensão/devolutiva social 4
Ampliação do número de parcerias/termos e cooperação/criação de canais permanentes
de interação com a sociedade. 15
Continuidade das ações; desconstrução do conceito assistencialista de extensão. 2
Buscar apoio dos Conselhos Profissionais para a realização de atividades que dependam
de regulamentação profissional. 1
Carga horária para representação institucional em instâncias de controle social. 1
Total aspectos instrumentais necessários à curricularização da extensão. 333
Fonte: Elaborado pela autora com base nos registros da Dinâmica da Sinaleira.
146
Gradativamente a opção por Programas de Extensão integrando disciplinas-projeto se consolidava nas
discussões.
182
147
Em sua origem, a delimitação do escopo do projeto de curricularização da extensão alicerçou-se no
entendimento de Menéndez (2013), de proposição de um mesmo currículo e uma nova forma de
conhecer, conceito amplamente divulgado em 2015 nas reuniões com as coordenações acadêmicas, de
extensão e de cursos.
184
(conclusão)
148
Tendo em vista a desarticulação extensão-pesquisa-ensino e as deficiências de comunicação da extensão
apresentadas anteriormente.
149
A partir dessa constatação criei uma nova categoria de projetos – “projetos vinculados a disciplinas”,
motivando os docentes a cadastrarem suas práticas.
150
A Direção de Ensino no período 2015-2016 fez um esforço para a implementação dos planos de ensino
eletrônicos de todos os cursos, de forma a harmonizar os registros acadêmicos. Campos-texto para a
extensão e para a pesquisa foram disponibilizados no referido plano para o registro das ações de
extensão e de pesquisa articuladas às práticas das disciplinas. Entretanto, verifiquei que os raros
registros de ações extensionistas existentes estavam vinculados a ações pontuais de eventos (seminários
integradores, painéis, palestras, workshops) e de prestação de serviços/práticas profissionais,
majoritariamente.
186
151
Invariavelmente era solicitada uma exemplificação ao final das reuniões de trabalho, o que construíamos
conjuntamente a partir da realidade local de cada campus.
187
152
Tais sugestões foram fundamentais na escrita da minuta da resolução normativa da curicularização,
apresentada ao colegiado da Pró-Reitoria Acadêmica em outubro de 2016 e, após “lapidações”, ao
CONSUN de dezembro do mesmo ano, conforme descreverei nas páginas seguintes.
190
153
Preparação para concursos públicos, provas de residências, exames da OAB, prova de suficiência do
CFC também foram elencados.
191
154
O que somente era possível a partir de estudo prévio das diretrizes curriculares de cada um dos cursos
envolvidos, bem como de seu projeto pedagógico.
194
155
Como a amostra envolveu dois campi, utilizarei a identificação C1 e C2, e, quando se referir a gestores,
Gx, considerando o mesmo critério dos docentes nas etapas anteriores.
156
Definidas pelos Núcleos Docentes Estruturantes (NDEs).
157
Exceto disciplinas de estágio, dadas as especificidades do marco regulatório e os condicionantes dos
conselhos profissionais.
195
158
Tradução livre do original: El sujeto aprende por médio de su propria acción transformadora, construye
sus proprias categorías de pensamento, organiza el mundo y lo transforma.
196
Extensão
Ensino Pesquisa
159
A Coordenadoria de Processos Avaliativos da Diretoria Geral de Ensino organizou o material
intitulado “Dinamização do Processo de Avaliação da Aprendizagem: Subsídios Teóricos e
Avaliativos” com a colaboração das demais diretorias, de forma a subsidiar o trabalho com
metodologias e instrumentos avaliativos na perspectiva de uma avaliação emancipatória.
197
160
A Resolução CONSUN n.º 50/2016 (ULBRA, 2016f) aprovou o novo sistema de avaliação da
aprendizagem na ULBRA, incluindo as inovações introduzidas no processo avaliativo das
disciplinas de curricularização (como ficaram conhecidas as integrantes dos Programas de
Extensão Interdisciplinares – PEIs). Além da pré-definição de um rol de instrumentos avaliativos
diferenciados (não inclui a possibilidade de provas objetivas ou discursivas) nas avaliações parciais
e avaliação semestral, não há exame nessas disciplinas dado o caráter processual da avaliação. Isso
constituiu um outro tensionamento com os docentes, já que a eliminação de “provas” (objetivas e
discursivas) do elenco de instrumentos avaliativos sugeridos para essas disciplinas foi interpretado
por ausência ou insuficiência de avaliação. “Nossos alunos não farão provas?. Como se prepararão
para o ENADE, para residências, para concursos, para exames de suficiência?”. Pouco a pouco
esboçávamos os programas, planejávamos as disciplinas e seu processo avaliativo e, em geral,
ficava evidente que a complexidade do processo avaliativo era maior.
198
161
Realizados ora em conjunto com todos os cursos da área, ora por grupos de cursos, ora por cursos
homônimos, ora individualmente em um cronograma definido pela PROAC, associado a um intenso
trabalho de acompanhamento por mim liderado, com a relatoria designada pela PROAC (composta por
quatro coordenações acadêmicas) com as coordenações de extensão.
162
Por exemplo, o PEI comum da área da saúde exige que se curse Epidemiologia e Bioestatística, na
sequência Políticas Públicas, para, depois, a disciplina de Práticas Multidiscplinares de Educação em
Saúde. Envolvendo acadêmicos de todos os cursos da saúde, as turmas mistas trabalharão
conjuntamente, com vistas a experienciar a atuação multiprofissional, a inserção no Sistema Único de
Saúde e na comunidade.
163
Com os PEIs, estabelecemos um processo de seleção docente, via edital, para as disciplinas que o
compõem.
200
164
Aqui uma intersecção com outro projeto institicional “Reestruturação Curricular por Eixos”.
201
Vivemos hoje, nós que nos dedicamos à educação, qual Édipos diante da
Esfinge. Ou deciframos o enigma que o monstro nos coloca ou somos
devorados por ele. No processo educativo, ser devorado pela Esfinge é passar
a fazer parte do sistema educacional vigente, tornar-se mais uma engrenagem
dessa máquina social, reproduzindo-a a todo instante em nossos fazeres
cotidianos. A condição de não ser mais uma engrenagem é sermos capazes de
decifrar os enigmas que a crise na educação nos apresenta, conseguindo
superar esse momento de rupturas (GALLO, 2017).
165
Conforme citado na página 74: Art. 7.º, § V, do estatuto da ULBRA: “Promover a formação integral da
pessoa humana em conformidade com a filosofia educacional luterana, como ente eticamente
responsável, cuja existência se desenrola na presença de Deus, o Criador” (ULBRA, 1996).
166
Anunciado na política acadêmica constante no PDI 2017-2022 (ULBRA, 2016a), conforme veremos a
seguir.
167
Binômio custo-benefício presente no Acordo MEC-USAID apud Silva (2014).
204
168
Proposta-síntese do I Seminário Nacional da Reforma Universitária promovido pela UNE em 1961.
169
FIES e PROUNI como políticas públicas que propõem o acesso ao ensino superior privado pelas
camadas populares, com o objetivo de promover a democratização nesse nível de ensino diante da
insuficiência de vagas públicas.
170
A primeira reforma, segundo a autora, foi a Reforma de Córdoba que defendeu a autonomia e o
cogoverno universitários; a segunda, nos anos 80, marcada pela expansão desordenada das instituições
privadas, verificando-se, de um lado, a elitização da universidade pública e a massificação das
instituições privadas, conforme evidenciam as estatísticas apresentadas.
205
171
Contudo, dados divulgados pela pesquisa TIC Domicílios 2015 (CETIC, 2016) apontam que 49% dos
domicílios brasileiros ainda não têm acesso à internet, e 50% não possuem computador, configurando
uma iniciativa de “inclusão excludente” que alija as classes C, D e E.
206
Muitos são os enigmas a serem elucidados, visto que, conforme alerta Cristóvão
Buarque, o conhecimento universitário deixou de ser a vanguarda do conhecimento, e
sequer assegura um futuro exitoso para seus egressos, dada a perda de sua eficiência
epistemológica e dissintonia com o conhecimento e as demandas da realidade social,
inclusive as oriundas do mercado de trabalho (BUARQUE, 2014). Diante desses enigmas
e do cenário de racionalidade mercantil imperante na educação superior, a ULBRA, como
as demais instituições de educação superior 172, encontra-se diante da Esfinge, e precisa
inovar sua proposta educacional para não ser devorada, pois subverter-se em engrenagem
também significa capitular.
172
Refiro-me especialmente às confessionais e comunitárias, pela sua história e compromisso com a
qualidade da educação superior.
173
Aqui refiro-me ao legado da ciência Moderna.
207
objetividade, teoria e prática” (STRECK, 2010, p. 329). Sob essa óptica, em minhas
reflexões introdutórias, esboço a intencionalidade de uma construção pedagógica do
“inédito-viável” (FREIRE, 1987, p. 111) orientado pela tríade extensão-pesquisa-ensino.
Inédito-viável como acepção freireana definida por Ana Maria Araújo Freire é:
174
Refiro-me às bases da edificação de uma política acadêmica.
208
175
Alusão à obra “A aventura da universidade” (BUARQUE, 1994).
176
Livre tradução do original: Una universidad transformadora, requiere que se pongan em debate los
paradigmas acadêmicos de construcción de conocimientos; a aceptar enfoques tanto inter y trans
disciplinares como multisectoriales, que superem los compartimientos estancos y cuestionen el modelo
neoliberal y tecnicista del conocimiento.
209
177
É a consciência de inacabamento que retroalimenta a utopia.
210
lógica da empregabilidade; que privilegiem a vocação ontológica dos seres humanos sob
a óptica de sua humanização e libertação, que formem para a vida (FREIRE, 1987;
MORIN; DÍAZ, 2016).
É preciso pedagogias transformadoras, conforme Gadotti (1998) reflete no livro
Pedagogia da Práxis que não tentam esconder as contradições existentes na sociedade,
mas intentam decifrá-las criticamente; nas quais objetividade e subjetividade não são
dicotômicas, mas vivem em constante dialética, concebendo a educação como um espaço
de luta contra a legitimação do status quo e que, conforme complementa o autor,
configura-se como um lugar de conflito, de debate, de crítica, de desconforto a partir da
percepção do sujeito do seu lugar no mundo.
Acrescenta Carbonell (2016, xii) que “[...] adquirem relevância as pedagogias
sistêmicas, críticas, lentas, inclusivas, não diretivas ou que se relacionam com as
inteligências múltiplas ou com os projetos de trabalho”. Ao abordar pedagogias
sistêmicas, o autor faz referência à superação do pensamento lógico-linear, propondo a
abordagem de todos e de cada um dos elementos em seu conjunto e em relação com o
meio. Tal abordagem delineia a dimensão do desafio proposto, pois, do ponto de vista
concreto, temos poucos professores e, talvez nenhuma instituição, realmente abertos e
preparados para pensar e caminhar nessa direção.
Dentre os fundamentos da teoria dos sistemas, destaco os estudos de Maturana e
Varela (2001), Bachelard (2004), Prigogine (2011), Arroyo (2014) e Morin (2015), que
foram objeto de minha imersão teórica inicial, especialmente descrita no capítulo 3, e a
partir dos quais sintetizo os princípios dessa teoria:
a) Complexidade: aspiração ao conhecimento multidimensional, não
fragmentado, não compartimentalizado, não redutor. Conhecimento que
considere a instabilidade, o desequilíbrio, o dinamismo, a desordem, a
imprecisão, a incerteza;
b) Diversidade: reconhecimento dos “outros”; dos valores e saberes, das culturas
e identidades, das cosmovisões e dos modos de pensar e de produzir
conhecimentos que fazem parte da formação de nossas sociedades;
c) Auto-organização, autoexperimentação e ação: concepção de que inexiste
mundo externo objetivo independentemente da ação do sujeito que vive e
conhece ao mesmo tempo178;
178
Segundo Maturana e Varela (1990) apud Pellanda (2009, p. 16) “Viver é conhecer”.
211
179
O que não quer dizer que não haja o reconhecimento de “questões” disciplinares.
180
Anteriormente eram cinco pró-reitorias, uma administrativa e outras quatro acadêmicas. A proposição
estatutária manteve a Pró-Reitoria Administrativa, e redefiniu a estrutura a acadêmica a partir de sua
unificação, conforme descrito a seguir.
213
181
Temos um calendário de reuniões regulares: (a) Reitoria e Pró-Reitorias; (b) Reitoria, Pró-Reitorias e
Diretorias; (c) Pró-Reitoria Acadêmica, Diretorias e Coordenações de Processos; (d) Reitoria, Pró-
Reitoria Acadêmica, Diretorias, Coordenações de Processos, Coordenações Acadêmicas, de Pesquisa,
Pós-Graduação e de Extensão; (e) Reitoria, Pró-Reitoria Acadêmica, Diretorias, Coordenações de
Processos, Coordenações Acadêmicas, de Pesquisa, Pós-Graduação e de Extensão, coordenações de
cursos (por áreas).
214
Do ponto de vista formal, pode-se considerar que essas etapas foram tranquilas,
porque estavam ancoradas no Estatuto e avalizadas pela AELBRA. Do ponto de vista
operacional, contudo, foram necessários ajustes, pois mexeram com estruturas pré-
definidas, compreensões sedimentadas, paralelismos existentes (segmentação do ensino:
ensino de graduação – presencial e EAD; segmentação da pós-graduação: pós-graduação
lato sensu – presencial e EAD, pós-graduação stricto sensu; segmentação da extensão:
extensão e assuntos comunitários182).
Acredito que o processo da consolidação da integração acadêmica aconteceu a
partir desse exercício de gestão corresponsável e da construção coletiva do novo PDI
2017-2022 (o segundo passo), ratificando a coerência desse processo de reestruturação
administrativa para a consecução das políticas definidas pela comunidade acadêmica. Do
ponto de vista formal, continuam as diretorias como núcleos gerenciais das atividades e
demandas decorrentes do próprio PDI. Segundo o Pró-Reitor Acadêmico:
182
Atualmente estão vinculadas à Pró-Reitoria Acadêmica - PROAC: Diretoria Geral de Ensino, Diretoria
Adjunta da Educação à Distância, Diretoria de Legislação de Registros, Diretoria de Pesquisa e Pós-
graduação, Diretoria de Extensão e Diretoria de Assuntos Comunitários.
215
183
Pesquisadores principalmente.
184
Um questionamento reiterado era se a pesquisa estaria “subordinada” à extensão. Nas falas interpreto a
referência à pesquisa do pós-graduação, visto que a iniciação científica, essência do alinhamento com a
extensão e o ensino na graduação, gozava de incipiente pré-definição de linhas/grupos que articulassem
graduação e pós-graduação ou pesquisa-ensino.
185
A pesquisa-ação não consiste na única opção para o desenvolvimento dessa articulação, mas foi a opção
da ULBRA. No caminhar de implementação de processos investigativos ligadas ao contexto histórico,
certamente serão inseridas outras metodologias que possam, quiçá, atingir o mesmo objetivo.
217
GT – Integração Extensão-Pesquisa-Ensino
A ULBRA orienta sua ação pedagógica pela tríade extensão-pesquisa-ensino,
a saber:
- extensão enquanto vínculo dialógico universidade-sociedade, lócus de
interação de aprendentes, sujeitos acadêmicos e comunitários, sob a
perspectiva de aprendizados mútuos;
- pesquisa enquanto problematização da realidade, construção e reconstrução
de conhecimento, que compreende a ciência como parte de uma ecologia mais
ampla de saberes, desmistificando um saber universal, a-histórico, neutro,
objetivo, hegemônico e, desnudando a percepção social do papel da ciência;
- ensino comprometido com a formação de profissionais cidadãos, lastreado
pela formação pessoal, empreendedorismo e empregabilidade e, orientado
pelos pilares: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver,
aprender a ser.
O cumprimento da missão institucional, nesta perspectiva, assume uma nova
organicidade com a ressignificação das funções acadêmicas: extensão que
orienta a pesquisa e retroalimenta o ensino, comprometidas com a
transformação, síncrona, da sociedade e da própria universidade. A dinâmica
ação-problematização-formação sintetiza o movimento de criação, recriação,
reflexão, compreensão e aplicação de diferentes saberes, voltada para uma
educação emancipatória, para a construção de um homem coletivo que
transcenda os aspectos técnicos, instrumentais e teóricos, integrando aspectos
éticos, políticos e socioculturais.
O objetivo de educar para a cidadania e para a participação plena na sociedade
impulsiona o modelo acadêmico caracterizado pela indagação de problemas
reais e concretos, pela produção e difusão do valor social do conhecimento,
pela promoção de espaços de ação conjunta e corresponsável de diferentes
atores (em consonância com a Declaração Mundial sobre Educação Superior
no Século XXI).
Extensão, pesquisa e ensino, superam o modelo de integração e investem na
transversalidade de ações com vistas à efetiva indissociabilidade sob o desafio
da estratégia 12.7 do Plano Nacional de Educação (2014-2024): “Assegurar,
no mínimo, 10% (dez por cento) do total de créditos curriculares exigidos para
a graduação em programas e projetos de extensão universitária, orientando sua
ação, prioritariamente, para as áreas de grande pertinência social” (BRASIL,
Lei 13.005, 2014).
218
Entendo que todo esse percurso desvelou o lugar conquistado pela extensão no
processo acadêmico, não sem tensões e/ou contradições que ainda podem se revelar na
implantação do processo, mas, que, de qualquer forma, se desenhou como o inédito-
viável. Isso só foi possível graças aos diferentes fóruns de discussão; aos resultados das
valiosas experiências extensionistas; às contribuições das coordenações de curso e dos
professores extensionistas; ao empoderamento das coordenações de pesquisa e pós-
graduação e extensão que, por acumularem funções nos campi, evidenciaram maior
propriedade para fundamentar as discussões acerca da potencial indissociabilidade; ao
árduo trabalho da equipe da extensão na construção da política institucional desde 2010.
A seguir apresento trechos extraídos da consulta pública PDI 2017-2022 –
segmento docentes – em resposta à questão: “Políticas de Extensão-Pesquisa-Ensino
(destacar ações que precisam ser aperfeiçoadas, bem como orientem processos de
qualificação da temática)”.
Em relação ao sentido de extensão, é evidente a evolução (em relação ao início do
trabalho em 2010) de sua compreensão acadêmica, como processo/metodologia de
aprendizagem, conforme registram os docentes:
Dos 217 (duzentos e dezessete) registros docentes da consulta pública virtual, 33%
referiram-se especificamente à extensão, e 16% abordaram a articulação extensão-
pesquisa-ensino186. Cabe ressaltar que as manifestações/solicitações mais frequentes dos
docentes em relação à pesquisa foram: (a) descentralização do Comitê de
Ética/subcomitês nos campi; (b) regulamentação da pesquisa/iniciação científica
atendendo às especificidades dos cursos de graduação187; (c) alinhamento dos Trabalhos
de Conclusão de Curso a linhas/grupos de pesquisa188; (d) maior estímulo à produção
científica (carga horária, bolsas de iniciação científica, formação docente em pesquisa e
infraestrutura); (e) criação de redes de pesquisa entre os campi da ULBRA; (f) fomento à
pesquisa aplicada para aprimoramento dos cursos de graduação.
Os insumos dos grupos de trabalho, a análise desses registros e das manifestações
nos seminários regionais subsidiaram a escrita sintética das políticas acadêmicas189:
186
Outros 27% abordaram questões específicas da pesquisa e os 24% restantes, de ensino de graduação e
pós-graduação, além de questões relacionadas à gestão administrativa.
187
Principalmente aqueles que não têm Programas de Pós-Graduação.
188
Trabalho em curso desde 2016, pela Diretoria de Pesquisa e Pós-Gradução.
189
Assim como contribuíram para o esboço da Resolução CONSUN n.º 48 (ULBRA, 2016c) que normatiza
a Curricularização da Extensão na ULBRA conforme apresentado no Capítulo 6, e para a definição de
metas e estratégias para a o PDI 2017-2022.
222
190
Diretrizes aderentes à Política Nacional de Extensão (FORPROEX, 2012).
191
Os outros pilares são: Organização Curricular por Eixos, Educação Continuada, Avaliação da
Aprendizagem e Acessibilidade Universal.
223
A teoria sem a prática vira “verbalismo”, assim como a prática sem teoria, vira
ativismo. No entanto, quando se une a prática com a teoria tem-se a práxis, a
ação criadora e modificadora da realidade (FREIRE, 1996, p. 25).
• Ressignificação da extensão
b) Investigar o processo acadêmico-social, a partir de
de implantação da política programas e projetos de extensão;
institucional de extensão como • Trabalho em rede pesquisadora-
O estudo alicerce das dimensões coordenações (de curso, acadêmicas,
objetiva acadêmicas, sob a perspectiva de extensão), NDEs e docentes
reconhecer a dos docentes; (pesquisa-ação-formação);
tríade extensão- • Reaproximação universidade-
pesquisa-ensino, comunidade;
como expressão e • Sistematização da arquitetura
fundamento de informacional de registros, controles,
uma processos avaliativos;
universidade • Formação continuada em extensão;
transformadora, • Curricularização da extensão, a partir
considerando o de Programas de Extensão
processo de Interdisciplinares (PEIs), integrados
implantação da por disciplinas-projeto e outras ações
política de extensão, articuladas à pesquisa
institucional de (linhas de extensão/eixos de pesquisa),
extensão na de forma a possibilitar a
ULBRA. universalização da extensão;
• Definição da pesquisa-ação, como
metodologia das disciplinas-projeto
c) Refletir sobre a integrantes dos PEIs.
configuração da tríade
extensão-pesquisa-ensino, • Integração Pró-Reitoria Acadêmica;
como diretriz da opção • Opção político institucional por um
político-pedagógica pelo modelo de universidade
modelo de universidade transformadora (alinhamento
transformadora. estratégico);
• Definição da indissociabilidade como
fundamento epistêmico;
• Reestruturação curricular;
• Mudança no processo avaliativo;
• Consolidação das Políticas
Acadêmicas no PDI 2017-2022.
Fonte: Elaborado pela autora (2017).
192
Não sou luterana e muito aprendi nessa imersão.
226
193
Apoio-me em Gadotti (2000, p. 63): “Racionalidade intuitiva: que desenvolve a capacidade de atuar
como um ser humano integral” (grifos do autor), reconhecendo os limites da lógica e integrando
afetividade, vida e subjetividade.
228
em 2004, que não rompeu com o isolacionalismo das dimensões acadêmicas (evidenciado
na fala da ex-gestora da extensão ), a mudança cultural ocorreu mediante um processo de
aprendizado dos gestores (diretores, coordenadores, docentes), sob a perspectiva de um
projeto de universidade de autoria coletiva, o qual tem em seu PDI a síntese das aspirações
coletivas, com diretrizes institucionais e políticas acadêmicas que orientarão a gestão
estratégica da universidade no período 2017-2022.
A cisão acadêmica, portanto, constituiu um passo expressivo em direção à
articulação concreta das dimensões acadêmicas e a reafirmação da indissociabilidade,
como fundamento epistêmico da proposta educacional da ULBRA. Este é um processo
em implementação que não está livre de tensões e contradições (como a própria
segmentação da extensão em duas diretorias), mas que sinaliza um esforço de ‘recostura’,
a partir do trabalho integrado das diretorias. Esse trabalho reflete-se na gestão coletiva de
projetos institucionais194, na definição de calendários comuns, no compartilhamento das
equipes de trabalho. As “pontes” estão sendo construídas em nível estratégico, para que
possam ser ampliadas ao tático e ao operacional.
Entendo que a singularidade da experiência investigativa em cenários tão distintos
e cujo roteiro foi sendo escrito pelos próprios atores (a partir da delimitação da rede de
trabalho/governança, da interlocução entre os grupos, da definição de instrumentos,
cronograma de atividades, metodologia(s), trajetórias, projetos-piloto, estudos
prospectivos) constitui um sinalizador determinante da exequibilidade da proposição.
Mais do que uma política acadêmica, formalizamos um pacto solidário, sob a perspectiva
de articulação entre conhecimento e práticas sociais, indissociabilidade extensão-
pesquisa-ensino e entre universidade-comunidade. Na prática, a sinergia estabelecida na
delimitação de uma direção comum, a partir da construção de aprendizagens
colaborativas e horizontalizadas sobre extensão, selaram o compromisso mútuo com sua
efetividade.
Operacionalmente, a implementação da arquitetura informacional – Sistema de
Gerenciamento da Extensão – de registros, controles internos, avaliação, governança e
planejamento orçamentário do processo de implementação da política de extensão na
ULBRA assinala a factibilidade da proposta (racionalização de recursos humanos,
materiais e financeiros). As tecnologias de informação disponíveis impulsionaram, ainda,
194
A dinâmica de discussão do PDI 2017-2022 foi um exemplo, assim como os projetos institucionais
Curricularização da Extensão, Reestruturação Curricular por Eixos, Avaliação da Aprendizagem,
Educação Continuada e Acessibilidade Universal.
229
195
Compatibilizando viabilidade acadêmico-metodológica e ponto de equilíbrio financeiro, visto que as
dimensões acadêmico-sociais e econômico-administrativas são complementares e integram critérios
decisórios do processo.
196
Estruturação de Grupos de Trabalho específicos.
197
Formalização de termos de cooperação, aditivos aos já existentes, delimitação de papéis e atribuições
dos parceiros para supervisão in loco, formatação de formulários e desenho de fluxos específicos para
a EAD, considerando sua especificidade administrativa.
230
198
Especialmente com os de extensão.
231
199
Incluídos os demais projetos institucionais: Curricularização da Extensão, Reestruturação Curricular por
Eixos, Avaliação da Aprendizagem, Educação Continuada e Acessibilidade Universal.
200
Pré-definidos em resolução específica, observadas as singularidades das categorias de disciplinas.
235
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O encontro com meu objeto de estudo deu-se com a experiência de vida que me
moldou extensionista, com o caminho profissional que me oportunizou espaços de gestão
em uma das maiores universidades brasileiras no período de sua reestruturação
administrativa e acadêmica, concomitante à proposição do Projeto de Lei 8.035/2010 e à
sanção do Plano Nacional de Educação 2014-2024 (BRASIL, Lei 13.005, 2014). A
reflexão em prol de uma universidade que dialogue com os atores/movimentos sociais a
partir de canais de escuta das demandas comunitárias foi o mote inspirador para refletir
acerca da concepção, estrutura e práticas acadêmicas sob o olhar extensionista, o que
significou investigar e analisar as políticas públicas diretamente ligadas à vida
universitária e à inclusão acadêmica e social.
Sob essa conjugação de fatores e, a partir de minha filiação freireana, em diálogo
com outros autores, propus-me a, mais do que edificar um lastro teórico, concertar um
aprendizado coletivo que subsidiasse a formulação de uma política institucional da
extensão que sustentasse a reorientação do eixo pedagógico “extensão-pesquisa-ensino”
como alicerce de construção de saberes diante de um paradigma educacional emergente
baseado na ação como princípio de aprendizagem, na prática educativa em contextos
sociais, na reflexidade crítica, na interdisciplinaridade e na indissociabilidade.
Em pauta a intencionalidade em contribuir para a construção de inéditos-viáveis
pedagógicos a partir da insuficiência do modelo de educação desenvolvimentista para o
cumprimento do alinhamento estratégico institucional; as diversidades epistemológicas
de mundo, ciência, conhecimento, homem, cultura e educação que exigem novas lógicas
de aprendizagem; a emergência de sujeitos como autoconstrutores de conhecimentos
como seres sociais, políticos e históricos; a ressignificação da extensão sob a óptica de
programas e projetos integrados ao currículo e articulados à pesquisa.
No estudo, incursionei no mapeamento das etapas de implantação da política
institucional de extensão, cujo percurso investigativo foi sendo desenhado
dinamicamente. Inicialmente, a busca dos sentidos da extensão na ULBRA referenciada
pelo estudo das práticas evidenciadas em registros garimpados. O desvelamento de
238
Não restrita ao cumprimento legal da estratégia 12.7 do PNE, mas integrante da Política Acadêmica –
201
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Colegas, esta dinâmica objetiva promover ampla participação docente, na construção das diretrizes e referenciais do Projeto Institucional
Curricularização da Extensão, “sinalizando” as trajetórias possíveis, a partir das concepções e práticas vigentes em nossa instituição.
Constitui, ainda, instrumento de coleta de dados da tese intitulada “Tríade extensão-pesquisa-ensino: expressão e fundamento de uma
universidade transformadora” de Simone Loureiro Brum Imperatore sob orientação do Prof Dr. Valdir Pedde, Universidade Feevale.
Para preencher a tabela, OBSERVE:
a) vermelho: relacione os pontos de alerta, dificuldades/entraves existentes e ou possíveis pontos negativos (da instituição, da
unidade, de seu curso), que podem obstaculizar o projeto;
b) amarelo: aqui, elenque os fatores instrumentais/operacionais, necessários à sua implementação, os condicionantes para seu
planejamento e efetivação;
c) verde: liste os pontos de partida a balizar o projeto “curricularização”, sob a perspectiva de práticas vigentes, saberes/lições
aprendidas, aspectos positivos (da instituição, da unidade, de seu curso), outros fatores/perspectivas considerados relevantes.
I- IDENTIFICAÇÃO:
Unidade CELSP/ULBRA
Diretor/contato:
Cursos Superiores Ofertados:
IV- EDUCAÇÃO
Analfabetismo
População Residente com ensino médio completo e superior incompleto
Pessoas que frequentavam o ensino médio regular
Pessoas que frequentavam EJA do ensino médio
Escolas públicas de ensino médio e técnico (relacionar no quadro a seguir)
Escola Número de alunos no Contato (nome, e-mail,
ensino médio/técnico telefone)
V- TRABALHO
Pessoas de 10 anos ou mais de idade com condição de atividade na semana de referência
de economicamente ativas - homens
Pessoas de 10 anos ou mais de idade com condição de atividade na semana de referência
de NÃO economicamente ativas - homens
Pessoas de 10 anos ou mais de idade com condição de atividade na semana de referência
de economicamente ativas mulheres
Pessoas de 10 anos ou mais de idade com condição de atividade na semana de referência
de NÃO economicamente ativas – mulheres
Pessoas de 10 anos ou mais de idade com condição de atividade na semana de referência
de economicamente ativas e com nível de instrução de sem instrução e fundamental
incompleto
Pessoas de 10 anos ou mais de idade com condição de atividade na semana de referência
de economicamente ativas e com nível de instrução de fundamental completo e médio
incompleto
272
VI- RENDIMENTO
Valor do rendimento nominal médio mensal por domicílio per capita RURAL
Valor do rendimento nominal médio mensal por domicílio per capita URBANO
Pessoas de 10 anos ou mais de idade com Classes de rendimento nominal mensal de mais
de 1/2 a 1 salário mínimo - total
Pessoas de 10 anos ou mais de idade com Classes de rendimento nominal mensal de mais
de 1 a 2 salários mínimos – total
Pessoas de 10 anos ou mais de idade com Classes de rendimento nominal mensal de mais
de 2 a 3 salários mínimos – total
Pessoas de 10 anos ou mais de idade com Classes de rendimento nominal mensal de mais
de 3 a 5 salários mínimos – total
Pessoas de 10 anos ou mais de idade com Classes de rendimento nominal mensal de mais
de 5 a 10 salários mínimos – total
Pessoas de 10 anos ou mais de idade com Classes de rendimento nominal mensal de mais
de 10 a 15 salários mínimos – total
Pessoas de 10 anos ou mais de idade com Classes de rendimento nominal mensal de mais
de 15 – total
PIB 2010
Valor adicionado bruto da agropecuária a preços correntes
Valor adicionado bruto da indústria a preços correntes
Valor adicionado bruto dos serviços a preços correntes
PIB per capita a preços correntes
Número de Empresas Atuantes
273
VII- OUTROS:
a) Histórico, aspectos culturais e identidade étnica;
b) Calendário anual de eventos regionais;
c) Teia social (instituições que compõem a organização social da região) relacioná-
las informando seus respectivos contatos.
CONSULTAR:
Fonte: IBGE Cidades.
http://www.portalodm.com.br/relatorios
http://www.pnud.org.br/HDR/arquivos/rdh_Brasil_2009_2010.pdf