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Biossegurança em Centros de Beleza

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Biossegurança

em centros de
beleza
Biossegurança em centros
de beleza

Danieli Juliani Garbuio Tomedi


Silvia Paulino Ribeiro Albanese
© 2018 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer
modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo
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Editorial
Adilson Braga Fontes
André Augusto de Andrade Ramos
Leticia Bento Pieroni
Lidiane Cristina Vivaldini Olo

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Tomedi, Danieli Juliani Garbuio


T656b Biossegurança em centros de beleza / Danieli Juliani
Garbuio Tomedi, Silvia Paulino Ribeiro Albanese. – Londrina:
Editora e Distribuidora
Educacional S.A., 2018.
168 p.
ISBN 978-85-522-0303-2

1. Biossegurança. 2. Saúde pública. I. Albanese, Silvia


Paulino Ribeiro. II. Título.

CDD 363.15

2018
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Sumário

Unidade 1 | Noções microbiológicas das mãos___________________________


___________________________ 7

Seção 1 - Princípios de microbiologia__________________________________10


1.1 | Introdução à microbiologia_______________________________________ 10
1.2 | Células procarióticas e eucarióticas_________________________________ 12
1.3 | Formação de biofilme e esporulação________________________________ 20
1.4 | Microbiota residente e transitória___________________________________ 24

Seção 2 - Higienização das mãos____________________________________ 27


2.1 | Contexto histórico da higienização das mãos_________________________ 27
2.2 | A importância da higienização das mãos_____________________________ 28
2.3 | Impacto da higienização das mãos sobre as microbiotas residente e
transitória____________________________________________________ 31
2.4 | Técnica de higienização das mãos__________________________________ 33
2.5 | Produtos recomendados para a higienização das mãos__________________ 37
2.6 | Outras recomendações para a higienização das mãos__________________ 38

___ 45
Unidade 2 | Doenças infectocontagiosas e legislação em biossegurança___

Seção 1 - Biossegurança ___________________________________________ 48


1.1 | Introdução à biossegurança no embelezamento e imagem pessoal ________ 48
1.2 | Legislação da biossegurança no Brasil_______________________________ 49
1.3 | Risco biológico_________________________________________________ 50
1.4 | Vírus ________________________________________________________ 51
1.5 | Bactérias_____________________________________________________ 51
1.6 | Protozoários____________________________________________________52
1.7 | Fungos________________________________________________________52
1.7.1 | Micoses superficiais____________________________________________ 53
1.7.2 | Onicomicose________________________________________________ 55
1.7.3 | Helmintos___________________________________________________ 55
1.7.4 | Artrópodes___________________________________________________ 55
1.8 | Risco químico_________________________________________________ 56
1.9 | Risco físico___________________________________________________ 57
1.10 | Risco ergonômico _____________________________________________ 58
1.11 | Acidente de trabalho com material biológico_________________________ 59
1.12 | Equipamentos de proteção individual ______________________________ 59
1.13 | Utilização de luvas de procedimento não estéril______________________ 63

Seção 2 - Doenças infectocontagiosas_______________________________ 65


2.1 | HIV _________________________________________________________ 65
2.2 | Hepatites virais________________________________________________ 67
2.3 | Hepatite B____________________________________________________ 68
2.4 | Vacina da hepatite B_____________________________________________68
2.5 | Hepatite C____________________________________________________ 69
2.6 | Embelezamento e biossegurança__________________________________ 70

____ 77
Unidade 3 | Esterilização, desinfecção e limpeza em centros de beleza____

Seção 1 - Mecanismos de controle de infecção em centros de beleza______ 80


1.1 | Conceitos básicos utilizados nos processos de controle de infecção________ 80
1.2 | Classificação de artigos__________________________________________ 82
1.3 | Mecanismos de controle de infecção _______________________________ 86
1.4 | Controles do processo de esterilização:______________________________ 99
1.5 | Armazenamento dos materiais limpos, desinfetados ou esterilizados________100

Seção 2 - Rotinas para a limpeza, desinfecção e esterilização de artigos e


cuidados com o ambiente_________________________________________ 102
2.1. | Reprocessamento de artigos utilizados em centros de beleza_____________ 102
2.1.1 | Materiais e artigos metálicos______________________________________102
2.1.2 | Artigos e recipientes plásticos_____________________________________103
2.1.3 | Escovas e pentes de cabelo_______________________________________103
2.1.4 | Toalhas e rouparia______________________________________________104
2.1.5 | Acessórios e utensílios de maquiagem______________________________104
2.2 | Limpeza e rotinas do ambiente_____________________________________105
2.2.1 | Superfícies fixas:________________________________________________105
2.2.2 | Mobiliários:__________________________________________________ 105
2.2.3 | Equipamentos:_______________________________________________ 106

Unidade 4 | Manejo de resíduos nos serviços de saúde___________________ 115

Seção 1 - Resíduos, sociedade e meio ambiente. Resíduos de Serviços de


Saúde-RSS e riscos ocupacionais.____________________________________ 118
1.1 | Classificação dos resíduos_________________________________________120
1.2 | Responsabilidade de gestão dos resíduos _____________________________122
1.3 | Resíduos de Serviços de Saúde-RSS__________________________________123
1.4 | Riscos relacionados aos resíduos de serviços de saúde ___________________124
1.5 | Características microbiológicas e riscos potenciais dos RSS________________125
1.6 | Saúde do Trabalhador e RSS________________________________________126

Seção 2 - Legislações sobre Resíduos de Serviços de Saúde. Sistema de


Gerenciamento Interno (SGI) e Sistema de Gerenciamento Externo (SGE).___130
2.1 | Sistema de Gerenciamento Interno (SGI)______________________________133
2.2 | Classificação___________________________________________________133
2.3 | Minimização e tratamento prévio __________________________________ 134
2.4 | Segregação_____________________________________________________135
2.5 | Acondicionamento_______________________________________________135
2.6 | Identificação___________________________________________________135
2.7 | Armazenamento temporário ou intermediário_________________________ 137
2.8 | Coleta e transporte interno________________________________________137
2.9 | Armazenamento final ou externo dos RSS____________________________ 137
2.10 | Sistema de gerenciamento externo (SGE)___________________________ 137
2.11 | Coleta e transporte externo_______________________________________137
2.12 | Tratamento___________________________________________________137
2.13 | Disposição final_______________________________________________ 138
2.14 | Política nacional de resíduos sólidos_______________________________ 138
2.15 | Finalizando a seção____________________________________________ 138

Seção 3 - Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde-


PGRSS passo a passo. Responsabilidades e direitos do trabalhador
assegurados na legislação do Brasil.__________________________________ 141
3.1 | Direitos do trabalhador e responsabilidade do gerador de RSS_____________ 144
3.2 | Finalizando a seção ______________________________________________145

Seção 4 - Política dos 4R: reduzir-reutilizar-restaurar-e-reciclar. Práticas


Globais e metodologias de minimização de Resíduos em Serviços de
Saúde__________________________________________________________ 147
4.1 | Agenda Global para Hospitais Verdes e Saudáveis (AGHVS)_______________ 148
4.2 | Mapeamento de processo e gestão de custos no gerenciamento de RSS____ 149
4.3 | Reciclagem de resíduos de serviços de saúde_________________________ 150
Apresentação
Atitudes biosseguras são indispensáveis nos serviços de saúde no
qual o Embelezamento e Imagem Pessoal estão inseridos, por abordar
medidas de controle de infecção para proteção dos profissionais e dos
clientes, e também na importância da preservação do meio ambiente
no descarte dos resíduos dos serviços de saúde.
Ao procurar um Centro de Embelezamento o cliente busca por
beleza e bem-estar, deste modo contrair infecção por fungos, vírus
ou bactérias está longe das suas expectativas. Por esta razão, os
profissionais devem comprometer-se com a saúde e segurança do
cliente que confia seu bem-estar ao profissional ao atendê-lo.
Verificar a ausência das boas práticas nos Centros de Embelezamento
pode estar relacionado muitas vezes a falta de capacitação dos
profissionais que não tiveram oportunidade de adquirir conhecimentos
ao longo da sua formação. Ressalta-se que existem poucas publicações
sobre o tema Biossegurança no Embelezamento e Imagem Pessoal.
Esperamos que esta obra venha atender os objetivos inicialmente
propostos suprindo as necessidades dos estudantes do curso de
Embelezamento e Imagem Pessoal, bem como contribuir para a
prática diária na profissão escolhida, que procurem alternativas para a
melhoria das condições de trabalho e assim colaborem com a redução
das ocorrências de acidentes de trabalho e doenças relacionadas ao
mesmo.
A proposta deste livro é trazer informações necessárias para
realização das boas práticas em biossegurança e no controle de riscos
e infecções, para que estes riscos possam ser amenizados e prevenidos
com a devida implementação dos conhecimentos adquiridos, com
compromisso em prestar um serviço de qualidade.
Unidade 1

Noções microbiológicas e
higienização das mãos
Danieli Juliani Garbuio Tomedi

Objetivos de aprendizagem
Esperamos que, após o estudo deste conteúdo, você seja capaz
de:

 Reconhecer a importância da microbiologia em nosso


cotidiano;

 Diferenciar as células procarióticas das células eucarióticas;

 Reconhecer a morfologia das bactérias, fungos e vírus;

 Compreender como acontecem a formação do biofilme e


a esporulação;

 Distinguir a microbiota residente da transitória;

 Conhecer o histórico da higienização das mãos e


reconhecer sua importância;

 Realizar a higienização correta das mãos, compreendendo


as técnicas com segurança.

Seção 1 | Princípios de microbiologia


Nesta seção, iniciaremos o estudo da microbiologia. Sua compreensão é
extremamente relevante para os profissionais da área de embelezamento para que
possam ser adotados todos os meios para evitar e/ou minimizar a contaminação
por microrganismos, tanto no que diz respeito aos profissionais quanto aos
clientes. Além disso, é importante conhecer as características dos principais
microrganismos como bactérias, vírus e fungos, além de compreender como
ocorre a formação do biofilme e a esporulação.
Seção 2 | Higienização das mãos
A importância da higienização das mãos é descrita historicamente desde
1847, quando o médico húngaro Ignaz Philipp Semmelweis estabeleceu o
procedimento como protocolo no Lying Hospital em Viena, sob sua direção, após
observar que tal medida estava diretamente relacionada com a diminuição dos
índices de febre puerperal naquela época. Atualmente, as técnicas mais eficazes
são estabelecidas por órgãos importantes como Ministério da Saúde e Agência
Nacional de Vigilância Sanitária. Além de ser um procedimento simples e acessível,
tem um grande impacto na prevenção de infecções.
Introdução à unidade
Abordaremos nesta unidade de ensino alguns conceitos da
microbiologia. Os profissionais de Centros de Embelezamento estão
constantemente em contato com microrganismos capazes de
causar agravos à saúde dos indivíduos, portanto, conhecer quais são
os principais microrganismos e como ocorre a contaminação é tão
importante quanto saber preveni-las.
Todos nós, seres humanos, possuímos uma microbiota residente
natural, ou seja, microrganismos que colonizam nosso sistema, mas
que em condições normais não nos causam qualquer doença, porém,
em algumas situações, carregamos em nossa pele a microbiota
transitória, a qual é constituída por microrganismos patogênicos e
causadores de doenças.
Diante disso, a higienização das mãos torna-se um dos meios mais
eficazes e menos dispendiosos para prevenção de infecções. Por esta
razão, a Organização Mundial da Saúde desenvolveu algumas diretrizes
sobre como esse procedimento deve ser implementado nos serviços
de saúde.
Além disso, a área da embelezamento tem apresentado um
crescimento constante e, mais do que somente possuir as competências
e habilidades necessárias inerentes à profissão, é necessário prezar pela
segurança e saúde dos profissionais, dos clientes, e da coletividade
como um todo.
Portanto, na Seção 1, abordaremos alguns conceitos celulares
básicos, como a estrutura das células procariontes e eucariontes, e
especificamente das bactérias, vírus e fungos, tendo em vista que são
os principais microrganismos transmissores de infecções. Na Seção
2, estudaremos as técnicas corretas de higienização das mãos, o
impacto de adotar esta rotina nos Centros de Embelezamento e quais
as soluções mais eficazes na prevenção de infecções cruzadas.
Seção 1
Princípios de microbiologia
Introdução à seção

Você já parou para pensar na quantidade de microrganismos


que estão presentes em nosso meio ambiente e nosso organismo?
Já ouviu falar sobre a flora bacteriana que habita o corpo humano?
Quais os tipos e as características de cada microrganismo? O que
diferencia as células bacterianas das células fúngicas ou virais? Os
microrganismos apresentam alguma forma de resistência e proteção
contra agentes externos? Pois bem, caro aluno, nessa seção
estudaremos a microbiologia, os aspectos estruturais responsáveis pela
classificação das células dos microrganismos, além de apresentar a
estrutura morfológica das bactérias, dos fungos e dos vírus, bem como
as formas de resistência dos microrganismos e as características da
microbiota residente e transitória.

1.1 Introdução à microbiologia

Questão para reflexão


Quais acontecimentos levaram à descoberta dos microrganismos?
Como esses acontecimentos contribuíram para o nosso conhecimento?

A palavra microbiologia apresenta origem grega, Mikros: o que é


pequeno, Bio: vida e Logos: ciência. Dessa forma, compreendemos que
a microbiologia é a ciência que estuda os organismos microscópicos,
também denominados microrganismos, como as bactérias, os fungos,
os vírus e algumas algas. Portanto, essa ciência é responsável pelo
estudo da fisiologia, forma, estrutura, reprodução e metabolismo
desses seres, e seu conhecimento torna-se relevante, uma vez que
alguns microrganismos causam doenças infecciosas - e muitos deles
apresentam papel fundamental à sociedade humana, realizando
processos benéficos na agricultura, na indústria alimentícia, na
produção de biocombustíveis e, inclusive, na degradação de poluentes

10 U1 - Noções de microbiológicas e higienização das mãos


gerados pela atividade do homem por meio do desenvolvimento da
biotecnologia.

Para saber mais


Leia o artigo que aborda os benefícios dos microrganismos na
área de embelezamento, intitulado: Toxina botulínica tipo a no
tratamento de rugas: uma revisão de literatura. Disponível em: <http://
publicacoesacademicas.fcrs.edu.br/index.php/mostracientificafarmacia/
article/view/1271/1038>. Acesso em: 10 de out. 2017.

O advento da descoberta dos microrganismos apresentou um


importante papel na compreensão dos mecanismos de transmissão e
prevenção de doenças, fato que se tornou possível graças ao uso de
microscópios que permitiram a ampliação dos organismos impossíveis
de serem vistos a olho nu. Destacamos aqui o pesquisador Anton
van Leeuwenhoek (1632-1723), que foi o primeiro homem a observar
o universo dos microrganismos por meio do microscópio simples.
Entretanto, apesar do grande avanço para a época, Leeuwenhoek
ainda não havia conseguido relacionar os microrganismos às causas
das doenças.
No século XIX, o cientista francês Louis Pasteur, por meio de seus
experimentos, conseguiu demonstrar a presença dos microrganismos
em locais como a matéria não viva, os sólidos, os líquidos e o ar. A
importância dessa descoberta influenciou diretamente na busca por
técnicas de descontaminação que são utilizadas até os dias de hoje.
Os estudos de Pasteur também contribuíram de maneira fundamental
para o desenvolvimento de uma das principais técnicas utilizadas
na conservação de alimentos, conhecida como pasteurização, que
consiste no aquecimento do alimento, seguido do seu resfriamento
súbito.
Os experimentos de Pasteur, de certa forma, permitiram relacionar
os microrganismos como possíveis causadores de doenças. Nessa
época, as doenças infecciosas foram grandes responsáveis pela alta
taxa de mortalidade, pois muitos tratamentos foram descobertos
por meio de tentativas e erros cometidos nos experimentos, porém,
para outras, não havia tratamento eficaz. Assim, os estudos acerca
da microbiologia continuaram se desenvolvendo, e um dos mais

U1 - Noções de microbiológicas e higienização das mãos 11


importantes acontecimentos foi a descoberta da causa da febre
puerperal pelo médico húngaro Ignaz Semmelweis, em 1860, que
relacionou a higienização das mãos como forma de prevenção da
mortalidade de mulheres após o parto.
Entretanto, foi somente em 1876 que o médico alemão Robert
Koch correlacionou, por meio de uma sequência de experimentos, os
microrganismos como os causadores de doenças. Posteriormente, em
1884, Joseph Lister realizou estudos sobre o impacto da higienização
prévia da pele do paciente na redução da infecção do sítio cirúrgico.
Ainda hoje observamos que algumas das principais doenças, tanto
do homem como de outros animais e plantas, são causadas por
microrganismos. Portanto, para uma melhor compreensão a respeito
desses seres, apresentaremos a seguir algumas de suas principais
características.
1.2 Células procarióticas e eucarióticas
Os microrganismos representam formas de vida muito pequenas,
invisíveis a olho nu, sendo somente visualizados por meio de
microscópio, e uma das principais classificações desses organismos
refere-se ao tipo celular. De uma forma geral, todas as células vivas
podem ser classificadas como procarióticas ou eucarióticas. Essa
nomenclatura tem origem grega, Pro: antes e Karyon: núcleo; Eu:
verdadeiro e Karyon: núcleo. Os microrganismos procariontes são
representados, principalmente, pelas bactérias, enquanto vírus, algas,
fungos e protozoários representam os eucariontes.

Questão para reflexão


Quais as diferenças básicas entre as células procarióticas e as células
eucarióticas?

As células eucarióticas apresentam tamanho maior em relação às


procarióticas, além de apresentarem maior complexidade estrutural
devido à presença das organelas celulares e a organização do DNA em
múltiplos cromossomos e compartimentalizados no núcleo celular.
Além disso, as células procarióticas são formadas basicamente por
estruturas externas à parede celular, pela parede celular propriamente
dita e por estruturas internas à parede celular. Na figura a seguir, podemos

12 U1 - Noções de microbiológicas e higienização das mãos


observar as principais estruturas presentes em células procarióticas. Em
seguida, apresentaremos cada uma dessas estruturas.
Figura 1.1 | A estrutura morfológica de uma célula procariótica
ribossomos pilus
DNA cromossômico
citoplasma

cápsula

parede celular plasmídeo

membrana
celular

flagelo

Fonte: <https://www.istockphoto.com/br/vetor/diagrama-da-c%C3%A9lula-bacterianagm685763686-125895521>. Acesso


em: 23 nov. 2017.

Cápsula: trata-se de uma estrutura de composição variável,


geralmente formada por fosfolipídeos, e que se apresenta de formas
distintas, conforme cada tipo de microrganismo. Assim, a cápsula
poderá ser vista como uma estrutura espessa ou delgada, rígida ou
flexível. Além disso, dificulta o reconhecimento dos microrganismos
pelo sistema imunológico e apresenta função de aderência nos
hospedeiros.
Parede celular: estrutura complexa e semirrígida, formada
basicamente por um complexo de proteínas e carboidratos. É
responsável por dar forma à célula, além de proteger a membrana
plasmática, e as estruturas no interior da célula, contra fatores externos.
Além destas funções, a parede celular também é responsável pela
ancoragem de flagelos em alguns tipos de bactérias.
Outras estruturas de superfície celular: algumas bactérias ainda
apresentam estruturas externas à parede celular, como as fímbrias,
estruturas filamentosas, compostas por proteínas que desenvolvem
funções de adesão das bactérias nos tecidos celulares, animais
ou humanos, auxiliando o patógeno a infectar seu hospedeiro. As
bactérias podem apresentar os pilus, que são estruturas semelhantes

U1 - Noções de microbiológicas e higienização das mãos 13


à fímbria, porém, mais longos e em menor quantidade e que também
exercem papel de ligação com a superfície. Além disso, as bactérias
ainda podem apresentar os flagelos, como estrutura essencial em sua
locomoção.
Membrana celular: realiza a delimitação do contorno celular e
estabelece a fronteira entre a célula e o meio extracelular, ou seja, o
meio externo à célula. É responsável pelo transporte de nutrientes e
outros componentes necessários ao metabolismo celular, bem como
excreção de produtos e metabólitos, sendo constituída principalmente
por proteínas e fosfolipídios. Apresenta em seu conteúdo, organelas
como os ribossomos.
Citoplasma: corresponde a um fluido existente entre as membranas
do núcleo e da membrana celular, no qual estão inseridas as organelas
e substâncias essenciais ao bom funcionamento da célula.
Nucleoide: as células bacterianas, principais representantes dos
organismos procariontes, não apresentam material genético delimitado
por um envoltório nuclear. Seu material, denominado nucleoide,
consiste em um único e grande cromossomo circular onde está contido
o material genético, principalmente DNA. Alguns tipos de bactérias,
possuem moléculas de DNA secundárias, chamadas plasmídios, que
suplementam as informações contidas no cromossomo.
Conforme citamos anteriormente, destacamos as bactérias como
as principais representantes dessa classe. Esses microrganismos
são unicelulares, ou seja, apresentam uma única célula, e podem
apresentar-se de diversas formas, sendo as mais comuns, os cocos
(Figura A), os bacilos (Figura B), e espiraladas (Figura C), ilustrados na
figura abaixo.

Figura 1.2 | Formas de apresentação das bactérias

A B C
Fonte: adaptado de Brooks, 2001, p. 49.

14 U1 - Noções de microbiológicas e higienização das mãos


Os cocos são redondos e podem apresentar algumas variações, com
formas ovaladas, alongadas ou achatadas em uma das extremidades.
Algumas bactérias, em forma de cocos, podem permanecer unidas
umas às outras no momento de sua divisão celular, surgindo assim,
os cocos aos pares (diplococos), cadeias (estreptococos) e cachos
(estafilococos).

Figura 1.3 | Formas de arranjo dos cocos

Fonte:<https://www.istockphoto.com/br/foto/neisseria-gonorhoeae-bact%C3%A9rias-gram-negativas-que-causam-a-gonorreia-
gm872562310-243720578>; <https://www.istockphoto.com/br/foto/streptococcus-pneumoniae-gm160808739-22816383>;
<https://www.istockphoto.com/br/foto/ou-superbug-staphylococcus-aureus-resistente-%C3%A0-meticilina-bact%C3%A9rias-
gm463286527-32595190>. Acessos em: 23 nov. 2017.

Quanto aos bacilos, estes se dividem sobre seu eixo menor,


formando agrupamentos com menor frequência que os cocos. Esses
arranjos podem se formar quando os bacilos se apresentam aos pares
(diplobacilos) ou em cadeias (estreptobacilos). Existem, ainda, alguns
bacilos que se assemelham aos cocos e são denominados cocobacilos.

U1 - Noções de microbiológicas e higienização das mãos 15


Figura 1.4 | Formas de arranjo dos bacilos

Fonte: <https://www.istockphoto.com/br/foto/bact%C3%A9ria-ilustra%C3%A7%C3%A3o gm112269904-15777366>;


<https://www.istockphoto.com/br/foto/bacillus-subtilis-bact%C3%A9rias-gram-positivas-usados-como-fungicidas-
em-plantas-gm858263176-141648673>. Acessos em: 23 nov. 2017.

Há também as bactérias espiraladas que apresentam algumas


variações em sua forma, podendo apresentar uma ou mais espirais.
Quando apresentam o corpo rígido e se assemelham a vírgulas,
são chamadas vibriões, quando apresentam forma semelhante a
saca rolhas, são chamados espirilos, e quando apresentam o corpo
espiralado, porém, flexível são as espiroquetas.

16 U1 - Noções de microbiológicas e higienização das mãos


Figura 1.5 | Formas de arranjo das bactérias espiraladas

Fonte: <https://www.istockphoto.com/pt/foto/vibrio-cholerae-bacteria-gm624718516-109852915>; <https://www.istockphoto.


com/br/foto/espirilo-bacteries-gm485943707-38190542>; <https://www.istockphoto.com/br/foto/treponema-pallidum-
bact%C3%A9ria-gm486710522-73520673>. Acessos em: 23 nov. 2017.

Algumas estruturas das células procarióticas também estão presentes,


de forma semelhante, nas células eucarióticas, como a membrana
plasmática e a parede celular. Conforme citamos anteriormente, as
células eucarióticas apresentam um núcleo celular organizado e mais
estruturado, além de apresentar em seu citoplasma, organelas celulares
como: Retículo Endoplasmático Liso e Rugoso, Complexo de Golgi,
Lisossomo, Mitocôndria, Peroxissomos e Centrossomos.
Os microrganismos eucariontes são representados pelos vírus, algas,
fungos e protozoários, sendo os vírus e fungos os de maior relevância
para a área de embelezamento. Além disso, os metazoários (animais e
plantas) também são constituídos por células eucarióticas. Na figura a
seguir, podemos observar a organização estrutural dessas células, com a
quantidade de organelas e a complexidade de arranjo celular.

U1 - Noções de microbiológicas e higienização das mãos 17


Figura 1.6 | A estrutura morfológica de uma célula eucariótica

Fonte: adaptada de Tortora, Funke e Case (2010, p. 99).

Agora que já conhecemos as estruturas dos principais tipos celulares,


que tal aprendermos sobre os microrganismos de maior relevância na
transmissão de doenças infecciosas em Centros de Embelezamento?
Vamos aprender sobre os vírus e os fungos.
Os vírus são microrganismos que para muitos autores traçam a linha
de separação entre os organismos vivos e não vivos, uma vez que sua
organização estrutural é muito mais simples, contendo basicamente
um ácido nucleico, que pode ser DNA ou RNA, envoltos por uma
cápsula proteica. Estão entre os menores agentes infecciosos existentes,
sendo que seu tamanho só pode ser determinado com a utilização da
microscopia eletrônica.
Além disso, os vírus não possuem organização e metabolismo
próprios para se multiplicarem de forma independente, permanecendo
inativos até que ocorra a interação entre eles e as células hospedeiras.
Essa característica classifica os vírus como parasitas obrigatórios, uma
vez que dependem do metabolismo das células hospedeiras para
replicar seu material genético e transferi-lo para outras células, causando
as infecções. A fim de impedir a multiplicação viral, na tentativa de
combater os vírus, as drogas antivirais acabam atingindo as próprias
células hospedeiras, o que dificulta a criação de novos medicamentos.
Os diversos tipos de vírus podem infectar plantas, protozoários,
fungos, animais vertebrados, bactérias e até mesmo outros vírus.
Todos eles possuem um espectro de hospedeiros, que corresponde

18 U1 - Noções de microbiológicas e higienização das mãos


à variedade de células hospedeiras que um mesmo tipo de vírus pode
infectar. Usualmente, os vírus são capazes de infectar células de uma
única espécie de hospedeiro, podendo, em casos raros, cruzar barreiras
e ampliar seu espectro.
Para que o vírus consiga infectar a célula hospedeira, é necessário
que haja interações químicas entre a superfície externa do vírus e
receptores específicos contidos na superfície celular. A forma como
esses receptores estão distribuídos pode variar conforme o tipo de
espécie do hospedeiro. No caso de vírus animais, os receptores estão na
membrana plasmáticas das células hospedeiras.
A partícula viral completa e infecciosa de um vírus, ou seja, que
contém o genoma viral é chamada de vírion, e inclui os vírus que infectam
tanto células eucarióticas quanto procarióticas. Essa denominação
refere-se apenas à partícula extracelular dos vírus, ou seja, antes da
invasão de células hospedeiras. O vírion é composto por um ácido
nucleico envolvido por uma membrana proteica denominada capsídeo
e, em alguns casos, pode haver um envoltório chamado envelope, que
normalmente consiste em uma combinação de lipídeos, proteínas e
carboidratos. A principal função dessas camadas é proteger o vírus do
ambiente externo e conduzir a carga genética viral para dentro da célula
hospedeira, para que possa ser replicado.
Quando um vírus infecta uma célula hospedeira, seu sistema
imunológico é ativado para produzir anticorpos contra esses organismos.
Essa relação entre as proteínas virais e os anticorpos do hospedeiro
é capaz de inativar o vírus e interromper a infecção. Entretanto, nem
sempre esse processo é possível, principalmente em função das
constantes mutações gênicas que codificam as proteínas virais.
As células fúngicas, por sua vez, possuem seu núcleo envolvido
por uma membrana celular, portanto, são classificadas como células
eucarióticas. Alguns deles, como os cogumelos, chegam a ser
confundidos com plantas em função do seu tamanho e aspecto,
entretanto, os fungos não possuem a capacidade de realizar fotossíntese.
Estes microrganismos podem ser encontrados no solo, na água, em
plantas, detritos em geral, em animais e no homem, e na maioria das
vezes são aeróbios obrigatórios, ou seja, necessitam de grande oferta de
oxigênio para seu crescimento. Alguns tipos de leveduras fermentadoras
podem, como exceção, desenvolver-se com pouco ou nenhum
oxigênio.
Os fungos podem causar milhares de doenças, principalmente em
ambientes hospitalares ou em indivíduos imunossuprimidos. Em função
do crescimento lento dos fungos, geralmente as micoses são infecções

U1 - Noções de microbiológicas e higienização das mãos 19


crônicas e podem ser classificadas em cinco formas, de acordo com
a porta de entrada do agente no organismo ou do tecido envolvido:
micoses sistêmicas, subcutâneas, cutâneas, superficiais ou oportunistas.
1.3 Formação de biofilme e esporulação

Questão para reflexão


De que maneira as bactérias podem se proteger das agressões do meio
externo? Como essas formas de resistência afetam o meio em que
vivemos?

O biofilme pode ser definido como uma microcolônia ou um


agregado bacteriano envolto em uma membrana de exopolissacarídeos,
que são produzidos pelas próprias bactérias. Este é definido como
um local em que os microrganismos se encontram agrupados e
fortemente aderidos à superfície, organizados em uma arquitetura
especial, podendo se apresentar em forma de pilares ou cogumelos.
Além disso, podemos encontrar no biofilme, a presença de canais
que permitem a difusão dos nutrientes necessários ao crescimento
bacteriano.
A formação do biofilme acontece a partir da deposição de
microrganismos em uma superfície de contato e que passam a se
fixar e se desenvolver neste local. Após essa primeira etapa, além da
multiplicação, os microrganismos formam a rede de exopolissacarídeo,
conforme citado, e a partir do momento em que a massa celular é
suficiente para agregar nutrientes, resíduos e outros microrganismos,
é estabelecido o biofilme. A figura abaixo apresenta uma imagem de
microscopia de um biofilme formado por bactérias Staphylococcus
spp.

20 U1 - Noções de microbiológicas e higienização das mãos


Figura 1.7 | Arranjo e organização do biofilme formado por Staphylococcus spp

Fonte: adaptada de Tortora, Funke e Case (2010, p. 19).

A principal função da formação do biofilme é a de proteção


contra agentes químicos e físicos, incluindo os produtos com ação
desinfetante e os antibióticos na área médica. O biofilme age como
uma barreira física, tornando-se uma fonte resistente de contaminação,
chegando a ser de dez a mil vezes mais resistentes aos agentes externos.
Destacamos que os principais locais para formação do biofilme são as
diferentes superfícies dos dispositivos plásticos, principalmente os que
se apresentam em formas de tubos e cânulas. Portanto, para maior
segurança do cliente, orienta-se que os produtos descartáveis não
sejam reutilizados.
Devido ao aumento da resistência dos biofilmes, que dificultam a
sua eliminação, a principal estratégia que deve ser implementada está
relacionada à prevenção de formação por meio da higienização que
deve ser aplicada regularmente, antes mesmo do início do processo
de adesão da bactéria.
A esporulação das bactérias, ou o processo de formação de
esporos, também pode ser compreendida como um mecanismo de
defesa desses microrganismos que ocorre como um processo de
diferenciação celular, e é desencadeado por uma situação desfavorável
do meio ambiente, como a limitação de nutrientes e pouca oferta
de água. Após a diferenciação, os esporos são altamente resistentes

U1 - Noções de microbiológicas e higienização das mãos 21


a longos períodos de seca, ao calor extremo, além de radiações e
algumas substâncias químicas.
Os esporos apresentam uma estrutura constituída por várias
camadas protetoras altamente resistentes, como exospório, capa do
esporo, córtex e núcleo, compondo uma estrutura complexa. A figura
a seguir representa as células da espécie de Bacillus em esporulação.

Figura 1.8 | Células da espécie de Bacillus em esporulação

Fonte: adaptado de Brooks (2001, p. 37).

O processo de diferenciação dura cerca de 8 horas e pode ser


dividida em algumas fases, representadas pelo esquema na figura a
seguir:
0. Célula em condições normais.
1. Formação do filamento axial de DNA.
2. Formação do septo pré-esporo.
3. Captação do pré-esporo.
4. Síntese do córtex.
5. Deposição da capa.
6. Maturação.
7. Lise da célula-mãe.

22 U1 - Noções de microbiológicas e higienização das mãos


Figura 1.9 | Estágios de formação do esporo

Parede celular

DNA

Célula-mãe
do esporo

Córtex
Capas do
Parede celular esporo
germinativa

Esporo
Fonte: adaptada de Brooks (2001, p. 38).

Quando o esporo volta às condições favoráveis, ele se torna uma


célula vegetativa, com as mesmas características da célula anterior
à diferenciação, ou seja, não possui as mesmas propriedades de
resistência dos esporos.
A germinação, que é o processo pelo qual o esporo retorna a
seu estado vegetativo, ocorre em três estágios. O primeiro estágio
é a ativação e que geralmente é desencadeada por algum agente
traumático que rompe com a capa de proteção, como baixo ph ou
calor extremo. Na segunda fase, de germinação propriamente dita,
a água consegue adentrar pela proteção danificada. Por fim a fase
crescimento, que acontece na presença de nutrientes adequados,
tornando possível a divisão celular e crescimento bacteriano.

U1 - Noções de microbiológicas e higienização das mãos 23


Para saber mais
Conheça outros meios de proteção desenvolvidos pelas bactérias, como
a resistência bacteriana aos antibióticos, acessando: <https://www.
youtube.com/watch?v=b3AINFHThDg>. Acesso em: 16 ago. 2017.

Questão para reflexão


Quais as diferenças da microbiota residente e transitória?

1.4 Microbiota residente e transitória


Conforme apresentamos no início desta seção, os microrganismos
estão presentes em praticamente todos os locais no ambiente,
hospedando-se no organismo humano, inclusive, onde compõem
a flora bacteriana normal, cientificamente denominada microbiota
residente.
A formação da microbiota residente tem seu início já no momento
do nascimento, com a passagem do bebê pelo canal do parto, quando
recebe os primeiros componentes de sua microbiota. A distribuição
dos microrganismos ocorre em áreas do corpo que se encontram em
contato com o meio externo, tais como pele, mucosas da cavidade
oral e vias áreas superiores, uretra anterior e vagina, ouvido e intestinos.
Além disso, a concentração da microbiota não é distribuída de
maneira uniforme, uma vez que cada região do corpo humano possui
características próprias.
Devido sua importância na área de embelezamento, elencamos a
pele como um dos principais órgãos do organismo humano que é
colonizado pela microbiota residente. A microbiota da pele é distribuída
por toda a sua extensão e concentra-se, principalmente, em áreas
quentes e úmidas, como as axilas e períneo (região dos órgãos genitais
e ânus). Nas áreas menos colonizadas, podemos encontrar cerca de
104 bactérias por cm2 e nas mais colonizadas, em torno de 106.
Além disso, a microbiota residente é responsável por colonizar
as camadas mais profundas da pele e que apresentam maior
concentração de glândulas sebáceas. Devido à dificuldade de acesso

24 U1 - Noções de microbiológicas e higienização das mãos


nessas regiões, esse tipo de microbiota não é facilmente eliminado das
camadas da pele, seja por meio de remoção mecânica ou por agentes
químicos. Assim, podemos inferir que esses microrganismos têm sua
carga reduzida temporariamente, somente. Outra característica da
microbiota residente é sua baixa virulência e a contribuição na defesa
do hospedeiro contra microrganismos patogênicos.
A composição da microbiota residente varia quantitativa e
qualitativamente dependendo do gênero, idade, condição clínica e
higiene do paciente. As principais espécies desta microbiota são os
Staphylococcus coagulase negativo, micrococos e certas espécies de
corinebactérias.
Já a microbiota transitória é transferida para a pele do hospedeiro por
contato com fontes externas, e é composta por microrganismos que
se depositam na superfície epitelial. Esse tipo de microbiota apresenta
maior virulência em relação à residente, porém, pode ser removida com
maior facilidade por se localizar em camadas superficiais e fracamente
aderidas à pele. A composição da microbiota transitória é variável e
geralmente constituída por Staphylococcus aureus, Escherichia coli,
Streptococcus spp, Pseudomonas spp e Proteus spp.
Existem alguns microrganismos que compõem a microbiota
transitória e que podem ser detectados na pele por períodos mais
prolongados e sem causar infecção, como o caso das Staphylococcus
aureus, que apresenta incidência de 5-25% de todos os microrganismos
da pele e que na maioria das vezes é adquirido durante a realização das
mais variadas atividades clínicas.
Como observamos ao longo desta seção, a maioria dos
microrganismos não apresenta efeito nocivos ao homem, entretanto,
qualquer microrganismo que apresenta baixa virulência pode apresentar
potencial risco de infecção em indivíduos que apresentam algum tipo
de imunodepressão.
O processo de invasão dos microrganismos patogênicos,
caracterizados pelos microrganismos que apresentam capacidade de
causar doenças em outros seres vivos, acontece quando o patógeno
consegue ter acesso aos tecidos em que estão suas células-alvo,
passando a se multiplicar. A maioria das infeções tem início em rupturas
ou ferimentos na pele, pois a barreira já se encontra rompida, o que
facilita o processo inicial. A invasão também pode acontecer quando
a microbiota normal é modificada ou até mesmo eliminada pelo uso

U1 - Noções de microbiológicas e higienização das mãos 25


e tratamento com antibióticos. Dessa forma, sem competidores, os
microrganismos patogênicos encontram facilidade para colonizar os
tecidos e iniciar a invasão.

Atividades de aprendizagem
1. Quais as principais diferenças estruturais entre as células procarióticas e
eucarióticas?

2. Quais fatores ambientais desencadeiam a formação de esporos


bacterianos?

26 U1 - Noções de microbiológicas e higienização das mãos


Seção 2
Higienização das mãos
Introdução à seção

Você já parou para pensar na quantidade de microrganismos que


estão presentes em nossas mãos? Será que fazemos a higienização
correta delas? Uma má higienização pode acarretar prejuízos às
pessoas a nossa volta? Pois bem, caro aluno, nessa seção estudaremos
sobre a importância da higienização correta das mãos como modo
de prevenção de agravos decorrentes da infecção cruzada. Também
veremos os tipos de higienização e a forma correta de higienizar as
mãos conforme preconizado pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (ANVISA, 2009).
2.1 Contexto histórico da higienização das mãos

Questão para reflexão


Quais acontecimentos levaram à descoberta da lavagem das mãos
como fator na redução de transmissão de doenças?

Conforme estudamos na Seção 1 desta unidade, o procedimento


de higienização das mãos passou a ganhar destaque na história da
medicina após a investigação realizada pelo médico húngaro Ignaz
Philipp Semmelweis, em 1847, seu trabalho ficou conhecido como “a
febre puerperal”. Seu objetivo de estudo foi buscar compreender as
causas que levavam ao aumento crescente do número de óbitos entre
mulheres e bebês que ocorriam no período do pós-parto imediato que
eram atendidas pelos estudantes de medicina em comparação àquelas
que eram atendidas exclusivamente por parteiras.
Após descartar outras causas de mortalidade que haviam sido
sugeridas na época, Semmelweis identificou que a única divergência
em relação a esses dois grupos de enfermarias encontrava-se no
período que antecedia a realização do procedimento, uma vez que os
estudantes de medicina realizavam dissecção de cadáveres antes de

U1 - Noções de microbiológicas e higienização das mãos 27


realizar os partos, enquanto as parteiras não realizavam as autópsias. Ou
seja, as partículas de decomposição de matéria cadavérica poderiam
contaminar as pacientes durante exames ginecológicos e o parto,
desencadeando a febre puerperal. Dessa forma, a partir das observações
sistemáticas e cuidadosas, a higienização das mãos foi instituída como
medida de controle das infecções e trouxe como resultado uma queda
rápida da taxa de mortalidade em níveis equivalentes aos das outras
enfermarias.
Após um século e meio de grandes avanços tecnológicos e
científicos, a higienização das mãos, apesar de ser um procedimento
simples, mostrou-se altamente eficaz na prevenção das infecções.
Entretanto, esta ação continua sendo ainda pouco praticada entre os
profissionais da área da saúde em geral, inclusive entre os profissionais
do segmento de beleza, que por muitas vezes negligenciam a lavagem
correta das mãos e a utilização de equipamentos de proteção individual
(EPIs) como precaução padrão.
De um modo geral, a adesão insatisfatória à rotina de higienização
das mãos pode estar muito mais ligada à falta de incorporação nos
seus hábitos diários do que a falta de conhecimento em relação a sua
importância, uma vez que a maioria dos profissionais reconhecem
impacto que esse hábito proporciona, apesar de não o praticar.
A legislação brasileira estabelece, por meio da Portaria nº 2.616, de
12 de maio de 1998, e da RDC nº 50, de 21 de fevereiro 2002, as ações
mínimas a serem desenvolvidas com vistas à redução da incidência das
infecções relacionadas à assistência à saúde e as normas e projetos
físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde, respectivamente.
Esses instrumentos normativos reforçam o papel da higienização das
mãos como a ação mais importante na prevenção e controle das
infecções em serviços de saúde.
Também em função da sua relevância e insatisfatória adesão, os
temas relacionados à higienização das mãos estão sendo tratados
como prioridade em programas que enfocam a segurança no cuidado
do paciente, como por exemplo Diretrizes instituídas pela Organização
Mundial de Saúde (OMS) e Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA).
Os riscos de agravos à saúde nos Centros de Embelezamento
podem ser variados e cumulativos, tanto para os profissionais como para
os clientes. Portanto, é de vital importância que todos os profissionais

28 U1 - Noções de microbiológicas e higienização das mãos


conheçam e adotem o conceito de biossegurança a fim de se obter
um ambiente profissional livre de riscos para todos.

Para saber mais


Você sabia que existe um dia específico para conscientização da
higienização das mãos? É definido como o Dia Mundial da Higienização
das Mãos e é comemorado todo dia 5 de maio. Nesta data, o Ministério
da Saúde, amparado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA) e Organização da Saúde, divulgam diversas campanhas a fim
de controlar as infecções e diminuir a resistência microbiana. Acesse:
<http://www.anvisa.gov.br/hotsite/higienizesuasmaos/index.htm>.
Acesso em: 5 ago. 2017.

2.2 A importância da higienização das mãos


A higienização das mãos pode ser definida como a diminuição
ou eliminação das sujidades e da microbiota residente e transitória da
superfície da pele. O método mais eficaz para essa limpeza acontece
por meio da ação mecânica, o que a torna o método mais acessível
para prevenção de infecções relacionadas aos serviços de saúde e
embelezamento, conforme citamos no início dessa Seção.
Recentemente o termo “higienização das mãos” passou a ser
utilizado em substituição à “lavagem das mãos”, pois entende-se que
o primeiro termo engloba uma maior abrangência em seu significado
em relação ao segundo, e envolve todas as etapas e todas as formas
de lavagem, como higienização simples, a higienização antisséptica,
a fricção antisséptica e a antissepsia cirúrgica das mãos. Devido a sua
importância para os profissionais de Embelezamento, elencamos os
procedimentos de higienização simples com álcool em gel e a lavagem
das mãos propriamente dita, que serão abordadas mais adiante.
Ressaltamos que o processo de higienização das mãos deve
acontecer sempre que houver presença de sujidades visíveis, após
contato com materiais biológicos (como sangue e secreções), antes e
após o atendimento a cada cliente, antes e após a utilização de luvas,
ou ainda, antes e após a utilização de instalações sanitárias. O principal
objetivo da higienização das mãos, é evitar ou minimizar as infecções
cruzadas, cuja maior fonte de propagação de infecções, nos centros
de embelezamento, são as mãos e os utensílios contaminados, os

U1 - Noções de microbiológicas e higienização das mãos 29


principais instrumentos de trabalho nestes locais. A redução da carga
microbiana acontece devido à remoção de parte dos microrganismos
residentes, na superfície epitelial, além de suor, oleosidade e células
descamativas.
A técnica de higienização das mãos para os profissionais dos
serviços de saúde e embelezamento pode variar conforme a utilização
de produtos específicos como: água e sabão, preparação alcoólica e
antisséptico. A seguir descreveremos cada situação.

Questão para reflexão


Qual a diferença entre a higienização das mãos com água e sabão e
com soluções alcoólicas?

O uso de água e sabão é indicado nas seguintes situações:


 Mãos com sujidade visível, sujas ou contaminadas com sangue
e outros fluidos corporais.
 Ao iniciar o turno de trabalho.
 Após ir ao banheiro.
 Antes e depois das refeições.
 Antes de preparo de alimentos.
 Antes de preparo e manipulação de produtos químicos.
O uso de preparação alcoólica é indicado nas seguintes situações:
 Antes de contato com o cliente - para proteção do cliente,
evitando a transmissão de microrganismos oriundos das mãos
do profissional de saúde.
 Após contato com o cliente - para proteção do profissional e
das superfícies e objetos imediatamente próximos, evitando a
transmissão de microrganismos do próprio cliente.
 Após contato físico direto (aplicação de massagem, realização
de higiene corporal); e gestos de cortesia e conforto.
 
Antes de calçar luvas, para realização de procedimentos
invasivos e injetáveis, com objetivo de proteger o cliente,
evitando a transmissão de microrganismos oriundos das mãos
do profissional de saúde.

30 U1 - Noções de microbiológicas e higienização das mãos


 
Antes de calçar luvas, para realização de procedimentos
que exponham o profissional ao contato com sangue e
outros fluidos corporais, com objetivo de protege-lo contra a
transmissão cruzada de microrganismos.
Além da importância do procedimento de higienização das mãos,
destacamos também a estrutura física como uma ferramenta de
suporte para a implementação de uma rotina de higienização das mãos,
tanto nos serviços de saúde, quanto nos Centros de Embelezamento.
A existência de pias com água corrente, torneiras com acionamento
automático, dispostas próximas aos locais de trabalho, o fácil acesso
aos insumos que serão utilizados como sabão líquido, soluções
alcoólicas e toalhas de papel, devem ser planejados a fim de facilitar
que os profissionais adotem este hábito.
Assim, torna-se necessária a atenção de gestores públicos,
administradores dos serviços de saúde e educadores para o incentivo
e a sensibilização do profissional de saúde quanto a essa questão, uma
vez que todos devem estar conscientes da importância da higienização
das mãos na assistência à saúde para a segurança e qualidade da
atenção prestada.

Para saber mais


Conheça um pouco mais sobre a história da higienização das mãos
acessando: <https://www.cremesp.org.br/?siteAcao=Revista&id=480>.
Acesso em: 17 ago. 2017.

2.3 Impacto da higienização das mãos sobre as microbiotas


residente e transitória
As nossas mãos constituem a principal via de transmissão de
microrganismos durante a assistência prestada aos clientes. Não
podemos esquecer que a nossa pele é um possível reservatório de
diversos microrganismos e que podem se transferir de uma superfície
para outra, por meio de contato direto (pele com pele), ou indireto, por
meio do contato com objetos e superfícies contaminados.
A figura a seguir nos auxilia a compreender a quantidade de
microrganismos que podem ser carregados pelas nossas mãos.
Podemos observar duas placas de Petri (recipiente cilíndrico, achatado

U1 - Noções de microbiológicas e higienização das mãos 31


de vidro ou plástico utilizado para cultura de microrganismos), a da
esquerda ilustra as colônias de microrganismos que se formaram após
uma pessoa tossir diretamente contra a placa, já a da direta, apresenta
as colônias que se formaram a partir de uma mão com sujidades.
Cada colônia é formada milhões de microrganismos e quanto maior o
diâmetro da colônia, maior o número de microrganismos.

Figura 1.10 | Crescimento de culturas de microrganismos presentes em gotículas


produzidas pela tosse (esquerda) e de uma mão sem higienização
(esquerda)

Fonte: adaptada de <http://www.mdsaude.com/wp-content/uploads/lavar-maos.jpg>. Acesso em: 15 ago. 2017.

Questão para reflexão


Quanto a higienização das mãos reduz a carga microbiana presente em
nossa pele?

As mãos constituem-se, basicamente, como um reservatório de


duas populações de microrganismos, representados pela microbiota
residente e pela microbiota transitória. Conforme vimos na Seção
1, a microbiota residente é constituída por microrganismos de baixa
virulência, como Estafilococos spp, corinebactérias e micrococos,
pouco associados às infecções veiculadas pelas mãos. Esses
microrganismos não são facilmente removidos da pele por meio da
higienização das mãos, uma vez que colonizam as camadas mais
internas da pele.
Já a microbiota transitória coloniza a camada mais superficial
da pele, o que permite sua remoção mecânica pela higienização
das mãos com água e sabão, sendo também eliminada com mais

32 U1 - Noções de microbiológicas e higienização das mãos


facilidade pelo uso de solução antisséptica. Os microrganismos que
compõem a microbiota transitória, de um modo geral, são as bactérias
Gram-negativas, como enterobactérias (Escherichia coli), bactérias não
fermentadoras (Pseudomonas aeruginosa), além de fungos e vírus.
2.4 Técnica de higienização das mãos
A higienização das mãos deve ser realizada conforme técnica
específica, que garante a eficácia do procedimento. A seguir
elencaremos e ilustraremos todas as etapas da lavagem, ou higienização
simples das mãos, orientadas pela ANVISA (2009):
1. Abrir a torneira com a mão dominante, molhando ambas as
mãos e evitando encostar-se na pia a fim de não se contaminar.
2. Aplicar sabonete líquido na palma das mãos, em quantidade
suficiente para estender-se por todas as superfícies.
3. Ensaboar as palmas das mãos friccionando-as uma contra a
outra.
4.  Esfregar a palma da mão direita contra o dorso da mão
esquerda entrelaçando os dedos e vice-versa.
5. Entrelaçar os dedos e friccionar os espaços interdigitais.
6. Esfregar o dorso dos dedos de uma mão com a palma da mão
oposta, segurando os dedos com movimentos de vai e vem e
vice-versa.
7. Esfregar o polegar direito com o auxílio da palma da mão
esquerda, utilizando-se de movimento circular e vice-versa.
8. Friccionar as polpas digitais e unhas da mão esquerda contra a
palma da mão direita, fechada em concha, fazendo movimento
circular e vice-versa.
9. Esfregar o punho esquerdo com o auxílio da palma da mão
direita, utilizando movimento circular e vice-versa.
10. Enxaguar as mãos, retirando toda a espuma e os resíduos
de sabonete. As mãos devem estar em forma de concha, de
modo que a água caia inicialmente nos dedos e depois em
direção aos punhos. Deve-se tomar o cuidado de não realizar
contato direto entre as mãos e a pia ou torneira.
11. Secar as mãos com papel toalha descartável, iniciando pelas
mãos, seguindo pelos punhos. No caso de torneiras com
acionamento manual, o próprio papel toalha deve ser utilizado
como proteção para o fechamento.
Destacamos que, antes do início do procedimento, deverão ser
retirados todos os adornos (anéis, pulseiras, relógios), pois nesses

U1 - Noções de microbiológicas e higienização das mãos 33


objetos também há acúmulo de bactérias que não foram removidas
na higienização das mãos. Além disso, a duração da técnica deve durar
entre 40 a 60 segundos, a fim de garantir a qualidade do procedimento,
com eliminação de grande parcela dos microrganismos.

Figura 1.11 | Técnica recomendada pela ANVISA para higienização simples das mãos

Abra a torneira e molhe as mãos, Aplique na palma da mão quantidade sufi-


evitando encostar na pia. ciente de sabonete líquido para cobrir todas
as superfícies das mãos (seguir a quantidade
recomendada pelo fabricante).

Ensaboe as palmas das mãos, Esfregue a palma da mão direita contra Entrelace os dedos e friccione os
friccionando-as entre si. o dorso da mão esquerda (e vice-versa) espaços interdigitais.
entrelaçando os dedos.

Esfregue o dorso dos dedos de uma mão Esfregue o polegar direito, com Fricciona as polpas digitais e unhas da
com a palma da mão oposta (e vice-ver- o auxílio da palma da mão mão esquerda contra a palma da mão
sa), segurando os dedos, com movimento direita, fechada em concha (e vice-versa),
esquerda (e vice-versa), utilizando fazendo movimento circular
de vai-e-vem.
movimento circular.

Esfregue o punho esquerdo, Enxágue as mãos, retirando os Seque as mãos com papel toalha
com o auxílio da palma da mão resíduos de sabonete. Evite con- descartável, iniciando pelas mãos
direita (e vice-versa), utilizando tato direto das mãos ensaboadas e seguindo pelos punhos.
movimento circular. com a torneira.

Para a técnica de Higienização Antisséptica das mãos, seguir os


mesmos passo e substituir o sabonete líquido comum por um
associado a antisséptico.

Fonte: <http://samu192regionalbraganca.blogspot.com.br/2013/06/higienizacao-das-maos.html>. Acesso em: 15 ago. 2017.

34 U1 - Noções de microbiológicas e higienização das mãos


A ANVISA (2009) também orienta quanto a técnica de higienização
das mãos com as preparações alcoólicas, conforme as etapas
destacadas e ilustradas a seguir:
1. Aplique
 uma quantidade suficiente de preparação alcoólica
em uma das mãos em forma de concha para cobrir todas as
superfícies das mãos.
2. Friccione as palmas das mãos.
3. Friccione
 a palma direita contra o dorso da mão esquerda,
entrelaçando os dedos e vice-versa.
4. Friccione a palma das mãos entre si com os dedos entrelaçados.
5. Friccione
 o dorso dos dedos de uma mão com a palma da
mão oposta, segurando os dedos, com movimento de vai-e-
vem e vice-versa.
6. Friccione
 o polegar esquerdo, com o auxílio da palma da mão
direita, utilizando-se de movimento circular e vice-versa.
7. Friccione
 as polpas digitais e unhas da mão direita contra a
palma da mão esquerda, fazendo um movimento circular de
vice-versa.
8. Quando as mãos estiverem secas, estarão seguras.

U1 - Noções de microbiológicas e higienização das mãos 35


Figura 1.12 | Técnica recomendada pela ANVISA para higienização das mãos com
preparações alcoólicas

Aplique na palma da mão quantidade Friccione as palmas das mãos entre si.
suficiente do produto para cobrir todas as
superfícies das mãos (seguir a quantidade
recomendada pelo fabricante).

Friccione a palma das mãos entre si com


os dedos entrelaçados.

Friccione a palma da mão direita contra Friccione o dorso dos dedos de


o dorso da mão esquerda (e vice-versa) uma mão com a palma da mão
entrelaçando os dedos. oposta (e vice-versa), segurando
os dedos.

Friccione as polpas digitais e unhas da mão


esquerda contra a palma da mão direita
(e vice-versa), fazendo um movimento
circular.

Friccione o polegar direito, com o auxílio Friccione os punhos com movi-


da palma da mão esquerda (e vice-versa), mentos circulares.
utilizando movimento circular.

Friccionar até secar. Não utilizar papel


toalha.

Fonte: <http://samu192regionalbraganca.blogspot.com.br/2013/06/higienizacao-das-maos.html>. Acesso em: 15 ago. 2017.

36 U1 - Noções de microbiológicas e higienização das mãos


Para saber mais
Assista ao vídeo que apresenta o passo a passo da higienização das
mãos, acessando: <http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/
videos/lavagem_maos.wmv>. Acesso em: 21 ago. 2017.

2.5 Produtos recomendados para a higienização das mãos


Além da técnica adequada para higienização das mãos e da
estrutura que deve ser oferecida para o desenvolvimento desse hábito,
destacamos também alguns critérios para a escolha do produto de
higienização ideal. A seguir, indicaremos os produtos recomendados
para a higienização das mãos.
Sabão neutro: caracterizado por apresentar menor potencial
irritativo, portanto, seu uso é recomendado para a rotina de
higienização das mãos. Indica-se o armazenamento deste produto de
forma individual e em saboneteiras do tipo bag, a fim de reduzir o risco
potencial de contaminação do produto. Além disso, recomenda-se
que as saboneteiras com sabão líquido não sejam preenchidas antes
do esvaziamento total, devendo ser higienizadas antes do novo envaze.
As saboneteiras devem apresentar um dispositivo de acionamento que
evite contato direto das mãos com o produto.
Álcool 70% com emoliente (álcool gel ou álcool glicerinado):
reconhecido pela sua ação antisséptica e germicida. Pode ser utilizado
em substituição à lavagem de mãos com água e sabão, conforme as
situações citadas anteriormente. Assim como o sabonete líquido, este
produto também pode ser armazenado em saboneteiras tipo bag,
além de frascos tipo pamper. Devido a sua praticidade, em relação
ao sabonete líquido, pode ser disponibilizado e distribuído em pontos
estratégicos, próximos ao local onde são desenvolvidas as atividades
dos profissionais de Embelezamento, de modo a incentivar seu uso e
incorporar esse hábito às rotinas.
Papel toalha descartável: a utilização deste produto para a secagem
das mãos torna-se indispensável, uma vez que as toalhas de tecido não
são recomendadas para a utilização em serviços de saúde, devido ao
risco que apresentam por abrigar os microrganismos.
Por sua vez, o uso do sabonete em barra não é indicado nos
serviços de saúde e Centros de Embelezamento, pois além de ser um
produto que não apresenta álcool em sua composição, pode formar
rachaduras, locais potenciais para abrigo de microrganismos.

U1 - Noções de microbiológicas e higienização das mãos 37


2.6 Outras recomendações para a higienização das mãos
Como forma de completarmos todas as informações relacionadas
à higienização das mãos, elencaremos algumas recomendações gerais
que os auxiliaram nas principais dúvidas acerca desse assunto:
 Preferir o uso de água morna ou fria ao invés da água quente
ao higienizar as mãos, pelo risco desta última aumentar a
incidência de dermatites.
 Usar produtos para higiene das mãos que sejam eficientes
e com baixo potencial de irritação da pele, como os sabões
neutros de boa qualidade.
 Não usar o fator custo para a escolha dos produtos para a
higiene das mãos, mas sim as características que auxiliem a
adesão do uso (odor e tolerância cutânea).
  Solicitar ao fabricante informações sobre as possíveis
interações ao produto com loções e cremes.
 Não higienizar as luvas para cuidar de outros clientes.
 Não usar toalha de pano de uso múltiplo ou em rolo nos
Centros de Embelezamento.
 Manter as unhas naturais curtas, não ultrapassando a polpa do
dedo.
 Não utilizar adornos (pulseiras, anéis, relógios).
 Usar papel toalha para fechar a torneira, se de mecanismo
manual.
 Preferir álcool 70% na apresentação gel ou glicerinado, para
prevenir ressecamento das mãos.
 Utilizar sabão neutro de boa qualidade, evitando ressecamento
e fissuras das mãos.
  Considerar a higiene das mãos como uma prioridade
administrativa e implantar programas multidisciplinares de
adesão à higienização das mãos.

Para saber mais


Conheça outros documentos que a ANVISA disponibiliza acerca da
temática de higienização das mãos, acessando: <http://www.anvisa.
gov.br/servicosaude/manuais/index.htm>. Acesso em: 16 ago. 2017.

38 U1 - Noções de microbiológicas e higienização das mãos


Atividades de aprendizagem
Com base nos conteúdos apresentando ao longo dessa seção, realize as
seguintes atividades:
1. A higienização das mãos requer, além da técnica adequada, o uso de
produtos específicos para esta finalidade. Quais são estes produtos?

2. Quais as principais indicações da higienização das mãos com água e


sabão?

Fique ligado
O estudo da microbiologia ganha relevância na área de
embelezamento no que diz respeito aos principais tipos de
microrganismos, com destaque para sua diferenciação celular básica,
bem como as formas de resistência que garantem sua sobrevivência.
Além disso, o conhecimento sobre os tipos de microbiota, residente e
transitória, relacionam-se diretamente com a prática de higienização
das mãos, a qual deve ser realizada com técnica adequada e com
produtos específicos para essa finalidade, buscando sempre reduzir a
transmissão de microrganismos.

Para concluir o estudo da unidade


Caro aluno, esta unidade abordou assuntos relacionados à
microbiologia e à higienização das mãos, temas que servirão como base
para compreensão de outros assuntos relacionados à biossegurança.
Por isso, acesse os links recomendados e tenha bons estudos!

Atividades de aprendizagem da unidade


1. As bactérias são caracterizadas morfologicamente pelo seu tamanho,
forma e arranjo. Quanto à forma, elas podem se apresentar arredondadas
(cocos), em forma de bastão (bacilos) e espiraladas (espirilos). Quanto ao
arranjo, alguns desses microrganismos podem se dividir em dois ou três
planos, permanecendo em formato de cachos. Essa forma de apresentação
é denominada:
a) Diplobacilos.
b) Estafilococos.
c) Estreptococos.

U1 - Noções de microbiológicas e higienização das mãos 39


d) Diplococos.
e) Estreptobacilos.

2. Uma das estruturas comuns às células procarióticas e eucarióticas,


é a membrana plasmática celular. Ela realiza a delimitação da célula e é
constituída principalmente por proteínas e fosfolipídios, apresentando-se
em constante movimento. Dessa forma, analise as assertivas a seguir quanto
às outras funções da membrana celular:
I. É responsável pelo transporte de nutrientes e outros componentes
necessários ao metabolismo celular.
PORQUE
II. Estabelece a comunicação entre o meio intracelular, o citoplasma, e o
ambiente extracelular.
Assinale a alternativa correta:
a) A assertiva I é verdadeira e a II é falsa.
b) A assertiva I é falsa e a II é verdadeira.
c) As duas assertivas são falsas.
d) As duas assertivas são verdadeiras e a II justifica a I.
e) As duas assertivas são verdadeiras, mas a II não justifica a I.

3. O processo de formação de esporos é um processo de diferenciação


celular com finalidade de defesa das bactérias para sua sobrevivência em
condições ambientais adversas, sendo desencadeado por situações com
limitação de nutrientes e pouca oferta de água. Após a diferenciação, os
esporos são altamente resistentes a longos períodos de seca, ao calor
extremo, além de radiações e algumas substâncias químicas. Analise as
afirmativas abaixo quanto à sequência de formação do esporo:
1. Maturação.
2. Síntese do córtex.
3. Formação do filamento axial de DNA.
4. Deposição da capa.
5. Captação do pré-esporo.
6. Formação do septo pré-esporo.
a) 1, 2, 3, 4, 5 e 6.
b) 5, 3, 2, 1, 4 e 6.
c) 3, 6, 5, 2, 4 e 1.
d) 4, 3, 1, 6, 2 e 5.
e) 6, 3, 5, 4, 2, e 1.

40 U1 - Noções de microbiológicas e higienização das mãos


4. A higienização das mãos é o método mais acessível e eficaz para redução
de infecções por microrganismos. Órgãos como Organização Mundial da
Saúde, Ministério da Saúde e Agência Nacional de Vigilância Sanitária atuam
continuamente na divulgação na realização de sua técnica correta, bem
como a incorporação desse hábito na rotina diária. Acerca dessa temática,
analise as afirmações a seguir e assinale V para verdadeiro e F para falso.
( ) A higienização das mãos não é necessária quando o profissional fizer
uso de EPIs como luvas.
( ) O histórico da higienização das mãos remete ao médico húngaro Ignaz
Philipp Semmelweis, que já em 1847, estabeleceu esse procedimento
como uma medida obrigatória no Lying Hospital, em Viena.
( ) A utilização de água fria é benéfica porque diminui o risco de dermatites
ocasionadas pela temperatura elevada.
( ) A maneira mais eficaz de realizar a utilização das mãos é a ação mecânica
por fricção, que diminui a microbiota residente na superfície epitelial,
minimizando o risco de infecção.
Indique a alternativa que contém a sequência correta:
a) V-V-V-F.
b) F-V-F-V.
c) F-V-V-V.
d) V-F-F-V.
e) F-V-F-V.

5. A higienização das mãos é definida como a diminuição ou eliminação das


sujidades e da microbiota residente e transitória, presentes na superfície da
pele, portanto, o método mais eficaz para essa limpeza deve acontecer por
meio da ação mecânica. Dessa forma, analise as assertivas a seguir sobre a
higienização das mãos, em geral:
I. As mãos podem abrigar tanto a microbiota residente quanto a transitória,
e podem ser totalmente removidas por meio da higienização simples das
mãos com água e sabão.
II. O procedimento de higienização simples das mãos, ou lavagem das mãos,
deve compreender um período mínimo de dois minutos de duração, com a
finalidade de remover microrganismos.
III. O uso de preparações alcoólicas objetiva a redução da carga microbiana
presente nas mãos. Para que esse procedimento seja concluído com
sucesso, orienta-se a secagem espontânea das mãos, sem o papel toalha
descartável.
IV. A técnica para uso de preparações alcoólicas é igual à da higienização
simples das mãos, sendo a única diferença, o tempo de duração de cada
uma, que deve ser superior na higienização simples.
V. O termo lavagem das mãos foi substituído por higienização das mãos,

U1 - Noções de microbiológicas e higienização das mãos 41


pelo fato desta medida, individual e menos custosa, prevenir a transmissão
cruzada de microrganismos mesmo sem o uso de antissépticos.
Estão corretas somente as afirmativas:
a) I, II e III.
b) I, III e IV.
c) III, IV e V.
d) I, II e IV.
e) III e V.

42 U1 - Noções de microbiológicas e higienização das mãos


Referências
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BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA. Higienização das mãos em
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serviços de saúde: Higienização das Mãos. Brasília, 2009.
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DAMACENO, N. B.; FARIAS, L. R. Relação existente entre biofilmes bacterianos, quorum
sensing, infecções e resistência a antibióticos: uma revisão bibliográfica. Revista Brasileira
de Pesquisa em Ciências da Saúde. v. 3, n. 1, p. 46-51. 2016.
GARBACCIO, J. L.; OLIVEIRA, A. C. Biossegurança e risco ocupacional entre os profissionais
do segmento de beleza e estética: revisão integrative. Revista Eletrônica de Enfermagem.
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São Paulo: Makron Books, 1996. 517 p. v. 2.
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Revista de Administração em Saúde. v. 4, n. 15. Abr-Jun, 2002.
SÃO PAULO. Centro de Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo. Manual de orientação
para instalação e funcionamento de institutos de beleza sem responsabilidade médica.
São Paulo, 2012.

U1 - Noções de microbiológicas e higienização das mãos 43


SEHNEM, N. T. Microbiologia e imunologia. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2015.
Coleção Bibliografia Universitária Pearson.
TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. 10. ed. Porto Alegre: Artmed,
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TRABULSI, L. R.; ALTERTHUM, F. Microbiologia. 5. ed. São Paulo: Atheneu, 2008.

44 U1 - Noções de microbiológicas e higienização das mãos


Unidade 2

Doenças infectocontagiosas e
legislação em biossegurança
Silvia Paulino Ribeiro Albanese

Objetivos de aprendizagem
Esperamos que, após o estudo deste conteúdo, você seja capaz
de:

- Compreender o que é biossegurança e a legislação relacionada


à biossegurança.

- Compreender os riscos que o cliente e o profissional do


embelezamento estão expostos.

- Reconhecer a necessidade de ter uma atitude biossegura nos


Centros de Embelezamento.

- Reconhecer o risco de adquirir infecções em Centro de


Embelezamento e as formas de preveni-las.

Seção 1 | Biossegurança
No embelezamento podemos definir biossegurança como um conjunto
de procedimentos, ações, técnicas, metodologias, equipamentos e dispositivos
capazes de eliminar, reduzir ou minimizar as consequências provenientes de
atividades que envolvam riscos.

Constantemente no meio em que vivemos estamos expostos aos mais


diversos riscos: físicos, químicos, biológicos e de acidentes. Desta forma, no
campo do embelezamento e imagem pessoal é necessário compreender sobre
cada um desses riscos.
Seção 2 | Doenças infectocontagiosas
O entendimento da legislação aplicável às atividades de biossegurança é ponto
fundamental para os profissionais do embelezamento e imagem pessoal, que irão
desenvolver suas atividades sempre visando à segurança e a proteção pessoal e
do meio ambiente. O profissional deverá saber como escolher o uso adequado
do equipamento de proteção individual (EPI), pois acidentes podem ser aliviados
com o uso correto do EPI, tema de grande importância que será abordado ainda
nessa seção.
Introdução à unidade
Os principais conceitos que norteiam e as informações relativas
aos riscos relacionados à biossegurança e ao ambiente de trabalho
do embelezamento e imagem pessoal estão inseridas nesta unidade,
assim como as medidas de prevenção necessárias.
Todo profissional deve conhecer os conceitos e os aspectos legais
com o objetivo de construir uma cultura na área de biossegurança que
permita ao profissional assumir uma postura biossegura.
Seção 1
Biossegurança
Introdução à seção
A biossegurança é definida como:

Um conjunto de ações voltadas para prevenção, minimização


ou eliminação de riscos inerentes às atividades de pesquisa,
produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e
prestação de serviços que possam comprometer a saúde
do homem, dos animais, do meio ambiente ou a qualidade
dos trabalhos desenvolvidos (FIOCRUZ, 1996).

Para Brasil (2013), a biossegurança é um conjunto de medidas


destinadas a prevenir riscos inerentes às atividades dos laboratórios
de assistência, ensino, pesquisa e desenvolvimento tecnológico, que
possam comprometer a saúde dos profissionais e o meio ambiente.De
uma forma mais simples podemos dizer que a biossegurança tem por
objetivo evitar e/ou minimizar os riscos de se contrair enfermidades em
ambientes de trabalho ou situação de risco.
1.1 Introdução à biossegurança no embelezamento e imagem
pessoal

Questão para reflexão


Quais são as atividades desenvolvidas em um Centro de
Embelezamento e Imagem Pessoal?

No embelezamento podemos definir a biossegurança como


um conjunto de procedimentos, ações, técnicas, metodologias,
equipamentos e dispositivos capazes de eliminar reduzir ou minimizar
o risco proveniente de atividades que envolvam riscos.
Constantemente, no meio em que vivemos, estamos expostos aos
mais diversos riscos: físicos, químicos, biológicos e de acidentes. Desta
forma, no campo do embelezamento e imagem pessoal é necessário
compreender sobre cada um destes riscos.

48 U2 - Doenças infectocontagiosas e legislação em biossegurança


1.2 Legislação da biossegurança no Brasil
Lei nº 9.974, de 5 de janeiro de 1995, cujo artigo 1º estabelece:

Normas de segurança e mecanismos de fiscalização no uso


das técnicas de engenharia genética na construção, cultivo,
manipulação, transporte, comercialização, consumo,
liberação e descarte de organismo geneticamente
modificado (OGM), visando a proteger a vida e a saúde
do homem, dos animais e das plantas, bem como meio
ambiente.

O órgão regulador dessa lei é a Comissão Técnica Nacional de


Biossegurança (CNTBio), integrada por profissionais de diversos
ministérios e indústrias biotecnológicas.
A biossegurança também está relacionada a centros de
embelezamento, indústrias, hospitais, laboratórios de saúde pública,
laboratório de análises clínicas, hemocentros, universidades entre
outros.
A Norma Regulamentadora nº 32 - trata da Segurança e Saúde
no Trabalho em Serviços de Saúde, tem por finalidade estabelecer as
diretrizes básicas para a implementação de medidas de proteção à
segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde, bem
como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à
saúde em geral. A NR 32 apoia-se em três grandes eixos:
- Programas específicos aos riscos.
- Capacitação contínua dos trabalhadores.
- Medidas de proteção contra os riscos.
Essa normativa preconiza desde exigências relacionadas à
planta física, capacitação dos profissionais de saúde, uso do EPI,
comportamento dos profissionais, gerenciamento de resíduos,
vacinação dos profissionais, controle de infecções, questões
relacionadas ao ambiente e controle médico de saúde ocupacional.
Recomendam-se unhas curtas para evitar a perfuração das luvas
de procedimento. Unhas artificiais têm sido relacionadas com a
proliferação de microrganismos. O uso de esmaltes craquelados
contribui para a concentração de microrganismos. Nesta NR está

U2 - Doenças infectocontagiosas e legislação em biossegurança 49


proibido o uso nos postos de trabalho de adornos como: aliança, anéis,
pulseiras, relógio de pulso, colares, piercing, crachás pendurados em
cordão e gravatas.
Segundo o item 3.2.4.5 da NR 32 o empregador deve vetar:
a) A utilização de pias de trabalho para fins diversos dos previstos;
b) O ato de fumar, o uso de adornos e o manuseio de lentes de
contato nos postos de trabalho;
c) O consumo de alimentos e bebidas nos postos de trabalho;
d) A guarda de alimentos em locais não destinados para este fim;
e) O uso de calçados abertos.
Cabe ao empregador estabelecer normas que recomendem o
não uso de adornos que dificultem a higienização das mãos e dos
antebraços ou que possam entrar em contato com o cliente, o uso
de calçados fechados em áreas de risco de sangramento e acidente
com material perfurocortante. Lentes de contato não deverão ser
manuseadas nas áreas de trabalho. Os cabelos compridos devem
estar sempre amarrados para que não se contaminem encostando
nos clientes e para que o profissional durante o atendimento não fique
arrumando os cabelos com as mãos sujas.
É importante ressaltar que o profissional do embelezamento deve
consultar a legislação vigente do município e do estado para as normas
de biosssegurança na área do Embelezamento e Imagem Pessoal.

Para saber mais


Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde NR 32
http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr32.htm
(Acesso em: 10 de out. 2017)

1.3 Risco biológico


O risco biológico se faz presente em centro de embelezamento,
pois esse segmento se enquadra como serviço de saúde, sendo assim,
os clientes, profissionais e meio ambiente estão expostos a vários tipos
de microrganismos e alguns podem nos causar doenças. Os agentes
biológicos que contaminam os ambientes de trabalho, chamados de
ocupacionais, são: vírus, bactérias, protozoários, fungos, artrópodes,
parasitas (helmintos) e derivados de animais e vegetais.

50 U2 - Doenças infectocontagiosas e legislação em biossegurança


A forma de contaminação pode ocorrer pelo contato com
materiais contaminados e com pessoas portadoras de alguma doença
contagiosa, por transmissão através de vetores (mosquitos, roedores,
baratas e animais domésticos) por contato com roupa suja e objetos
de pessoas doentes, por acidente com materiais perfurocortantes
contaminados, por utilização de material não esterilizado devidamente
pelo reuso de material descartável.
Várias medidas devem ser tomadas com o objetivo de proteger
os profissionais e os clientes. Os trabalhadores expostos a agentes
biológicos devem realizar exames periódicos, receber as três doses da
vacina contra a hepatite B, a vacina antitetânica, assim como o reforço
desta a cada 10 anos. Os equipamentos de proteção individual (EPIs)
devem ser utilizados para proteger o profissional de contaminação e
prevenir acidentes.
Os acidentes com material biológico devem ser imediatamente
comunicados à chefia. Após realizado os primeiros socorros o
profissional acidentado deve ser encaminhado para atendimento
médico de urgência, em um centro médico de referência para
acidente com material biológico, bem como realização de abertura
do comunicado de acidente de trabalho, que deve ser acompanhado.
Ressalta-se a importância quanto à adoção de medidas preventivas
para os acidentes de trabalho.
1.4 Vírus
São as formas mais simples de vida, de tamanho microscópico,
constituído por material genético e uma cobertura proteica. Seu
ciclo vital passa necessariamente por um hospedeiro, isto é, para se
reproduzir é necessário que ele penetre em algum ser vivo. O vírus,
portanto, é intracelular obrigatório.
Seguem alguns exemplos de doenças provocadas por vírus:
-Hepatite
- HIV
- Rubéola
- Sarampo
- Arborivores (dengue, zika e chikungunya)
1.5 Bactérias
São em parte patogênicas, microscópicas, porém maiores que os
vírus, capazes de viver em um meio adequado sem passar por um

U2 - Doenças infectocontagiosas e legislação em biossegurança 51


hospedeiro intermediário.
Têm capacidade de liberar esporos, que são formas de vida
resistentes às condições adversas, podendo manter-se durantes anos
em condições de alta temperatura, clima seco e com falta de nutrientes
e depois recuperar seu estado normal e sua capacidade infectante ao
entrar em contato com um meio adequado para seu desenvolvimento.
Seguem alguns exemplos de doenças provocadas por bactérias:
- Pneumonia bacteriana
- Endocardite
- Tuberculose
- Hanseníase
-Tétano
- Meningite meningocóccica.
1.6 Protozoários
São organismos unicelulares, alguns deles parasitas dos vertebrados.
Seu ciclo vital é complexo, necessitando, em alguns casos, de vários
hospedeiros para completar seu desenvolvimento. A transmissão de
um hospedeiro a outro geralmente é feita por meio dos insetos.
Seguem alguns exemplos de doenças causadas por protozoários:
- Doença de Chagas
-Amebíase
- Toxoplasmose
- Leishmaniose
- Malária
1.7 Fungos
Uma das principais formas de transmissão de infecção em Centros
de Embelezamento são causados por fungos, microrganismos muitas
vezes presentes nas atividades de embelezamento, pois podem ser
transmitido através de reúso de artigos descartáveis, esterilização
inadequada e artigos, como no compartilhamento de toalhas, até
mesmo esmaltes de cor escuras contaminados. Os fungos são
formas complexas de vida que apresentam uma estrutura vegetativa
denominada micélio, que surgem da germinação de suas células
reprodutoras, ou esporos (forma reprodutiva).
Felizmente, pouquíssimos fungos infestam os seres humanos,
e os que o fazem geralmente colonizam a superfície (pele, unhas e

52 U2 - Doenças infectocontagiosas e legislação em biossegurança


cabelos), causando doenças como é pé de atleta, tinha e monilíase,
popularmente conhecida como sapinho. As infecções fúngicas mais
comuns no embelezamento são:
1.7.1 Micoses superficiais
As micoses superficiais compreendem as infecções fúngicas que
atingem a pele, os pelos, as unhas e as mucosas.
As micoses superficiais estritas caracterizam-se por lesões nodulares
nos pelos (piedras) ou manchas na pele (pitiríase versicolor, tinha nigra)
produzindo alterações mais superficial no estrato córneo e, na maioria
das vezes, não induzem resposta inflamatória do hospedeiro. Essas
infecções são consideradas mais pelo aspecto antiestético da lesão.

Figura 2.1 | Tinea do corpo (“impingem”)

Fonte: <http://www.dermatologia.net/cat-doencas-da-pele/micoses-superficiais-da-pele/>. Acesso em: 4 out. 2017.

Figura 2.2 | Pitiriase versicolor

Fonte: <http://www.dermatologia.net/cat-doencas-da-pele/micoses-superficiais-da-pele/>. Acesso em: 4 out. 2017.

U2 - Doenças infectocontagiosas e legislação em biossegurança 53


A pitiríase versicolor é uma micose superficial, assintomática,
caracterizada por lesões hipo ou hiperpigmentadas, daí seu nome de
versicolor de consistência furfurácea, de bordos delimitados, localizadas
no tórax, abdome e pescoço, face e, com menos frequência, nos
membros, axilas virilhas e coxas. É uma micose com prevalência
em zonas tropicais e subtropicais, ocorrendo principalmente em
adolescentes e adultos. É conhecida como micose de praia pois,
quando o indivíduo se expõe ao sol, as manchas que já existiam
aparecem.
O diagnóstico é feito pelo exame microscópico do material raspado
da lesão. O tratamento pode ser feito com aplicação de produtos
tópicos, via oral conforme orientação e prescrição médica.

Figura 2.3 | Tínea nigra

Fonte: <http://www.healthhype.com/tinea-nigra-black-fungus-on-palm-or-sole-information-and-pictures.html>. Acesso


em: 10 out. 2017.

É infecção assintomática de localização preferencial nas palmas das


mãos e nas plantas dos pés. Podem também ocorrer em outras áreas
da pele. Clinicamente, manifesta-se pelo aparecimento de manchas
escuras, marrons ou negras de aspecto fuliginoso. O diagnóstico é feito
pelo exame microscópico do material raspado da lesão. O tratamento
indicado é tópico.
As dermatofitoses são micoses da pele, pelos ou unhas causadas
por um grupo de fungos, os dermatófitos, que têm predileção pela
queratina humana.

54 U2 - Doenças infectocontagiosas e legislação em biossegurança


1.7.2 Onicomicose
A onicomicose é uma infecção nas unhas, causada por fungos, que
se alimentam da queratina, proteína que forma a maior parte das unhas.
As unhas dos pés são as mais afetadas por enfrentarem ambientes
úmidos, escuros e quentes com maior frequência do que as mãos.
Esse ambiente é considerado ideal para o crescimento dos fungos.

Figura 2.4 | Onicomicose

Fonte: <http://diets-doctor.com/pt/pages/852541>. Acesso em: 10 out. 2017.

1.7.3 Helmintos
São animais pluricelulares com ciclos vitais complexos e com
diversas fases (ovo, larva, adulto) em diferentes hóspedes (animais/
homens) e com transmissão de um hospedeiro para outro se realizando
por diferentes vetores (fezes/água/alimentos/insetos/ roedores).
Esses vermes parasitas afetam o intestino humano de várias maneiras
e em alguns casos migram para outros órgãos do corpo. Nesse grupo,
incluem-se nematoides, ancilóstomos, lombrigas e solitárias.
1.7.4 Artrópodes
São organismos pluricelulares com ciclos vitais complexos e com
diversas fases de desenvolvimento (ovo, larva, ninfa, adulto), que
podem se completar em diversos hóspedes, sendo transmitidas por
vários vetores.
Algumas espécies são endoparasitas, outras não penetram no
corpo, mas podem causar efeitos adversos por meio de toxinas

U2 - Doenças infectocontagiosas e legislação em biossegurança 55


inoculadas. Os artrópodes, como piolhos, pulgas e ácaros infestam os
seres humanos e atuam como vetores de outros patógenos.
1.8 Risco químico
São diversos os produtos químicos aos quais os profissionais
e clientes do embelezamento e imagem pessoal estão expostos,
assim como os clientes, porém numa proporção menor. Os agentes
químicos podem se apresentar nos estados: gasoso, líquido, sólido ou
na forma de partículas suspensas no ar. As principais vias de penetração
dessas substâncias no organismo humano são a pele e os aparelhos
respiratório e digestório (MATTOS; MÁSCULO, 2011). Portanto, é
necessário que o profissional conheça os produtos que trabalham assim
como os cuidados necessários para manusear, armazenar e o correto
descarte de produtos químicos no lixo e até mesmo reconhecer uma
situação em que o cliente pode evoluir para um caso mais grave de
reação alérgica, a anafilaxia.
A maioria dos produtos químicos são tóxicos para saúde, caso
os profissionais não atendam aos cuidados necessários. Um grande
número de produtos químicos é comprovadamente cancerígeno e
não deveriam existir limites de tolerância. Os limites de exposição só
existem para tornar possível a continuidade operacional (BEVIGLIERO;
POSSEBON; SPINELLI, 2015).
O formol e o glutaraldeído por exemplo são proibidos pela
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) devido aos danos
que podem causar à saúde tanto do cliente quanto do profissional.
A comercialização do formol em estabelecimentos como drogarias,
farmácias, supermercados, empórios e lojas de conveniência é proibida
pela Resolução da Diretoria Colegiada RDC nº 36, de 17 de junho de
2009.
O uso do formol como alisante capilar não é permitido pela
Anvisa, pois o uso indevido pode causar sérios danos aos clientes que
utilizam o produto e ao profissional que aplica o produto. Este está
mais exposto, pois permanece um maior tempo em contato com
o produto. São reações ao formol: irritação, coceira, queimadura,
inchaço, descamação e vermelhidão do couro cabeludo, queda do
cabelo, ardência e lacrimejamento dos olhos, falta de ar, tosse, dor de
cabeça, ardência e coceira no nariz, devido ao contato direto com a
pele ou com vapor. Várias exposições podem causar também boca
amarga, dores de barriga, enjoos, vômitos, desmaios, feridas na boca,

56 U2 - Doenças infectocontagiosas e legislação em biossegurança


narina e olhos, e câncer nas vias aéreas superiores (nariz, faringe,
laringe, traqueia e brônquios), podendo até levar à morte.
O uso de glutaraldeído ou glutaral, devido a sua semelhança química
com o formol, apresenta também os mesmos riscos e restrições.
É importante esclarecer que o que está proibido é o uso indevido
dessas substâncias. A legislação sanitária permite o uso de formol e
glutaraldeído em produtos cosméticos capilares apenas na função de
conservantes (com limite máximo de 0,2% e 0,1%, respectivamente),
durante a fabricação do produto, somente. A adição de formol,
glutaraldeído ou qualquer outra substância a um produto acabado,
pronto para uso, constitui infração sanitária, estando o estabelecimento
que adota esta prática sujeito às sanções administrativas, cíveis e penais
cabíveis, sendo que adulteração desses produtos configura crime
hediondo. Ressalta-se que é proibido adicionar formol ou glutaraldeído
a outros produtos cosméticos e até mesmo fazer “preparos” com esses
produtos, sendo passível de penas severas aplicadas pela legislação
vigente.
Outra substância química que exige precaução é o ácido glioxílico
que, submetido a altas temperaturas, libera formol e isso implica
risco à saúde do consumidor e do profissional do embelezamento.
Portanto, não existem estudos suficientes que assegurem a utilização
do ácido glioxílico em produtos com ação alisante e/ou submetidos a
tratamento térmico.
Segundo a Anvisa, produtos para procedimentos de alisamento
capilar tais como “realinhamento capilar, defrisante, botox capilar,
reestruturação capilar, blindagem capilar, escova progressiva” e outros
cujo modo de uso esteja associado ao uso de chapinha estão todos
irregulares no mercado.
Caso o consumidor e profissional do salão de beleza encontre
algum produto contendo ácido glioxílico com essa finalidade, deverá
denunciar à vigilância sanitária estadual ou municipal. A Anvisa está
avaliando o uso da substância em preparações cosméticas. O estudo
ainda está em andamento e os resultados serão utilizados para
elaboração de regulamentação específica.
1.9 Risco físico
Os riscos físicos em Centros de Embelezamento que estão
relacionados ao processo de trabalho são: ruídos, vibrações mecânicas,

U2 - Doenças infectocontagiosas e legislação em biossegurança 57


iluminação e exposição a calor. O uso do secador de cabelo é um
exemplo de exposição ao ruído e vibração. O ruído excessivo pode
provocar surdez e também pode deixar a pessoa nervosa, irritada,
provocar dor de cabeça, cansaço excessivo e insônia. As vibrações
de baixa frequência podem causar dores abdominais, náuseas, dor no
peito, perda do equilíbrio, respirações curtas e contrações afetam a
coordenação motora e visual (BEVIGLIERO; POSSEBON; SPINELLI,
2015).
É importante considerar essas informações ao adquirir
equipamentos para o Centro de Embelezamento. Vale destacar que a
gravidade de riscos desse tipo depende da concentração no ambiente
de trabalho (MATTOS; MÁSCULO, 2011). O critério de referência que
embasa os limites de exposição diária adotados para ruído contínuo ou
intermitente corresponde a uma dose diária de 100% para exposição
de 8 horas diárias ao nível de 85 dB decibéis. Existe o nível de ruído
aceito em relação ao tempo máximo diário de exposição (BEVIGLIERO;
POSSEBON; SPINELLI, 2015).
O uso de cera quente para depilação também é considerado um
risco físico, pois pode ocasionar acidentes e provocar queimaduras.
É necessário que o profissional verifique todas as possibilidades da
ocorrência deste tipo de acidente para preveni-lo.
1.10 Risco ergonômico
São aqueles introduzidos no processo de trabalho por agentes
como: máquinas, métodos, equipamentos, ferramentas, móveis dentre
outros e inadequados aos profissionais.
Seguem alguns exemplos de riscos ergonômicos: postura viciosa
no trabalho, devido a equipamentos projetados sem considerar as
diferentes estaturas da população, inadequado dimensionamento da
planta física do local de trabalho provocando movimentação corporal
excessiva, sobrecarga de trabalho também pode gerar estresse também
considerado um risco ergonômico.
Algumas atividades desenvolvidas durante o trabalho do profissional
do embelezamento são realizadas com esforços repetitivos, o que pode
ocasionar lesões por esforços repetitivos, como o uso do secador de cabelo,
a regulagem da altura da cadeira utilizada pelo cliente, os movimentos
utilizados para depilação, massagem, postura inadequada devido à falta
de regulagem na altura da maca de atendimento, falta de organização do
espaço de trabalho para economizar movimentos desnecessários.

58 U2 - Doenças infectocontagiosas e legislação em biossegurança


1.11 Acidente de trabalho com material biológico
Os acidentes de trabalho acontecem no cotidiano por diversas
causas. Afinal o que é um acidente? É ocorrência não planejada,
instantânea ou não decorrente da interação do ser humano com
seu ambiente de trabalho e que provoca lesões e/ou danos materiais
(Ministério da Saúde, 2005).
Neste sentido é necessário que se cultive uma cultura de prevenção.
A prevenção é um processo que visa minimizar riscos. Para que isso
se concretize é necessário: identificar as fontes de perigo e avaliação
dos riscos, implementar medidas de prevenção, formar e capacitar
continuada dos profissionais.
1.12 Equipamentos de proteção individual
Em se tratando de biossegurança a prioridade é prever a possibilidade
de ocorrência de situações potencialmente perigosas eliminando-
as na origem. Deve-se disponibilizar os EPIs adequados de acordo
com os riscos aos quais os profissionais de Embelezamento estão
expostos. Mesmo após todas essas medidas podem restar riscos aos
profissionais. A última barreira contra a integridade física do trabalhador
é o Equipamento de Proteção Individual (EPI).
Afinal o que é EPI?
Segundo a Norma Regulamentadora 6 (NR 6), que trata dos EPIs
Entende-se por EPI todo dispositivo ou produto de uso individual
utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis
de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho. O EPI não previne uma
lesão, pode-se afirmar que esse equipamento funciona como uma
barreira entre os agentes e agressivos e o corpo da pessoa que os usa,
neutralizando ou atenuando a ação desses agentes. Um exemplo é
quando uma manicure se perfura com um alicate sujo com sangue,
parte do sangue vai ficar na luva quando perfurar a luva antes de lesionar
a mão da manicure. Neste contexto, o EPI minimizou a quantidade
de sangue que o profissional foi exposto, porém o acidente não foi
evitado.
Para escolher o EPI correto o profissional deve conhecer os riscos
presentes no processo e no ambiente de trabalho. Para que o uso do
EPI seja correto, é necessário que o trabalhador tenha consciência da
finalidade, da importância e das maneiras corretas de uso e também
de conservação.

U2 - Doenças infectocontagiosas e legislação em biossegurança 59


A Anvisa preconiza a precaução padrão de acordo do com o risco
ao qual o trabalhador está exposto.
O fornecimento, manutenção, limpeza e utilização dos EPIs
estão fundamentados legalmente. É importante salientar a existência
da responsabilidade civil e criminal dos responsáveis, caso seja
comprovado negligência ou dolo. Para ser considerado EPI, o produto
deve possuir o Certificado de Aprovação (CA), que é emitido pelo
Ministério do Trabalho e atesta a eficácia do produto na proteção
contra os agentes nocivos à saúde.
De acordo com a NR 6 o empregador deverá:
- Fornecer EPIs adequados aos riscos aos quais os funcionários
poderão estar expostos.
- Providenciar treinamento aos servidores quanto à utilização,
higienização e guarda dos EPIs.
- Registrar a participação dos funcionários em treinamentos.
- Registrar o fornecimento dos EPIs em ficha de controle
devidamente assinada, indicando o respectivo CA do equipamento
fornecido.
- Exigir e monitorar o uso adequado dos EPIs.
- Adotar medidas administrativas caso o trabalhador que, sem
motivo justificado, recusar-se a usar o EPI necessários à sua atividade.
De acordo com a NR 6 o empregador deverá:
- Verificar a atividade a ser desenvolvida.
- Conferir os EPIs necessários para cada trabalho a ser realizado.
- Utilizar o EPI apenas para a atividade a que se destina.
- Higienizar antes e depois do uso.
- Providenciar a guarda dos EPIs em local previamente definido,
longe de fontes de calor, umidade, poeiras ou produtos químicos.
- Verificar a validade e vida útil de cada EPI.
- Comunicar o extravio ou qualquer dano causado no EPI ao chefe
imediato.
- Em atividades que necessitam da utilização de protetor respiratório,
proibir o uso de barba, bigode ou costeletas.

60 U2 - Doenças infectocontagiosas e legislação em biossegurança


Quadro 2.1 | Indicação quanto à utilização da precaução padrão

EPI Quando usar


Óculos de segurança
No manuseio de produtos químicos em geral
ampla visão
Luvas de Nitrílica ou luvas
Atividades que envolvam agentes biológicos
de procedimentos
Em todos os trabalhos com manuseio de produtos
Avental
químicos
Quando houver risco de contato com sangue ou
Máscara secreção para proteção das mucosas da boca e do
nariz.

Quadro 2.2 | Indicação quanto à utilização dos equipamentos de proteção individual


(EPI)

Nome e imagem ilustrativa Utilização


ÓCULOS DE PROTEÇÃO

Utilizados para proteção dos olhos em


trabalhos onde haja risco de projeção
de partículas, ou respingo de material
biológico e químico.

Fonte: <https://www.centraldasferragens.com.
br/products/Oculos-De-Seguranca-%7B47%-
7D-Protecao-Epi-Jaguar.html>. Acesso em: 4
set. 2017.
LUVA DE PROCEDIMENTO

Utilizada para proteção das mãos e


punhos contra agentes biológicos (bac-
térias, vírus etc.)

Fonte: <http://www.hospitalaraluguel.com.
br/index.php?exe=detalhe&pai=cadeira-
de-banho-e-banquetas&url=luvas-de-proce-
dimento>. Acesso em: 4 set. 2017.

U2 - Doenças infectocontagiosas e legislação em biossegurança 61


JALECO

Utilizada para realizar atividades em


geral que não envolvam riscos físicos e
biológicos.

Fonte: <https://www.dracherie.com.br/jale-
cos/jalecos-femininos>. Acesso em: 4 set.
2017.

PFF 2 / Nº 95 (Nº 95 SERVIÇOS DE


SAÚDE)

Quando houver exposição a produtos


químicos passíveis de inalação. Devem
ser usadas em procedimentos que
possam gerar respingos de sangue ou
líquidos, evitando-se assim exposição
da membrana mucosa da boca, nariz e
olhos.

Disponível em: <https://pt.aliexpress.com/


cheap/cheap-3m-mask-n95.html>. Acesso
em: 4 set. 2017.

MÁSCARA CIRÚRGICA

Utilizada em precaução por gotículas


pelos profissionais da saúde e nos pa-
cientes na suspeita ou confirmação de
doenças transmitidas de forma respira-
tória.

Fonte: <http://www.prolab.com.br/produ-
tos/material-hospitalar/mascara-cirurgica>.
Acesso em: 4 set. 2017.

62 U2 - Doenças infectocontagiosas e legislação em biossegurança


1.13 Utilização de luvas de procedimento não estéril
A ANVISA (2011), alinhada às políticas de Segurança do Paciente da
OMS e do Center for Disease Control and BIT – Boletim Informativo de
Tecnovigilância, Brasília, Número 2, abril-maio-junho 2011 ISSN 2178-
440X Prevention (CDC), reitera ainda as seguintes recomendações:
• Luvas devem ser usadas somente quando indicado;
•
Devem ser utilizadas para a proteção individual, nos casos de
contato com matéria orgânica, como sangue e secreções
corporais e também no contato com mucosas e pele não íntegra
de todos os pacientes;
•
Devem ser utilizadas para reduzir a possibilidade de os
microrganismos das mãos do profissional contaminar o campo
operatório (luvas cirúrgicas);
• Devem ser utilizadas para reduzir a possibilidade de transmissão
de microrganismos de um paciente para outro nas situações de
precaução de contato;
• As luvas devem ser trocadas sempre que o profissional entrar em
contato com outro paciente;
• As luvas devem ser trocadas durante o contato com um mesmo
paciente ao mudar de um sítio corporal contaminado para outro,
limpo, ou quando estas estiverem danificadas;
•
O profissional, quando com luvas, não deve tocar
desnecessariamente superfícies e materiais (tais como telefones,
maçanetas, portas);
• O mesmo par de luvas não deve ser usado novamente ou lavado;
• A higienização das mãos não pode ser substituída pelo uso de
luvas. Uso e remoção correta de luvas. É importante ressaltar que
o ajuste e conforto da luva interferem em sua função.

Para saber mais


Luvas cirúrgicas e luvas de procedimentos: considerações sobre o
seu uso http://www.anvisa.gov.br/boletim_tecno/boletim_tecno_
Junho_2011/PDF/Luvas%20Cir%C3%BArgicas%20e%20Luvas%20
de%20Procedimentos_Considera%C3%A7%C3%B5es%20sobre%20
o%20uso.pdf>. Acesso em: 4 out. 2017.

U2 - Doenças infectocontagiosas e legislação em biossegurança 63


Atividades de aprendizagem
1. A higiene e a ordem em Centros de Embelezamento são elementos
decisivos no controle de infecções cruzadas. A transmissão de infecções
nesses locais está relacionada à quê?

2. Considera-se Equipamento de Proteção Individual (EPI), todo dispositivo


ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à
proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho
(Ministério do Trabalho e Emprego, 1978). Sobre o uso de luvas analise as
sentenças a seguir e marque (V) para verdadeiro e (F) para falso e assinale a
alternativa correta.
( ) É desnecessário que as luvas sejam trocadas após contato com qualquer
material biológico ou entre as tarefas e procedimentos em um mesmo
paciente, uma vez que podem conter uma alta concentração de micro-
organismos.
( ) O uso de luvas, objetiva a proteção contra sujeira grosseira, devem
ser usadas em todos os procedimentos que envolvam materiais
biológicos, como durante a manipulação de materiais possivelmente
contaminados.
( ) As luvas devem ser removidas logo após seu uso, antes que exista contato
com outros materiais e superfícies bem como antes do atendimento a
outro paciente, evitando a dispersão de micro-organismos aderidos à
ela.
( ) A máscara cirúrgica e os óculos de proteção possuem a função de
proteger as mucosas dos olhos, nariz e boca de gotículas geradas pelo
corpo humano através da fala, tosse ou espirro dos pacientes.
a) V-F-V-V.
b) V-V-V-V.
c) V-V-F-V.
d) F-V-V-V.
e) F-F-V-V.

64 U2 - Doenças infectocontagiosas e legislação em biossegurança


Seção 2
Doenças infectocontagiosas
Introdução à seção

Algumas doenças infectocontagiosas estão presentes nos Centros


de Embelezamento, pois neste ambiente são realizados alguns
procedimentos invasivos onde o profissional e clientes podem se expor
a material biológico como: sangue e fluídos corpóreos. As doenças
infectocontagiosas mais comuns em um Centro de Embelezamento
são: HIV, hepatite B e hepatite C. Essas infecções podem ser prevenidas
com procedimentos que vamos demonstrar ao longo desse livro.
A seguir vamos discorrer sobre as doenças infectocontagiosas mais
comuns em Centro de Embelezamento e Imagem Pessoal.
2.1 HIV

Questão para reflexão


Quais são as formas de transmissão do vírus HIV?

Vírus que gera disfunção no sistema imunológico, este vírus da


imunodeficiência humana (HIV) representa um relevante problema de
saúde pública, apesar de todos os esforços empregados e o advento
da terapia antirretroviral, iniciada em 1996 (BRASIL, 2016). Este foi um
marco para que as questões de biossegurança fossem levadas em
consideração como uma necessidade de saúde pública.
Após fase aguda, que não necessariamente é percebida, pode haver
um período assintomático de até dez anos. Durante esse período, os
linfócitos TCD4 (células de defesa humana, alvo desses vírus) vão sendo
destruídos e o resultado é um indivíduo com um sistema imunológico
debilitado, que culmina em infecções oportunistas, as quais possuem
potencial de levar o indivíduo a óbito (BRASIL, 2016).
A transmissão pode ocorrer mediante: relações sexuais
desprotegidas; utilização de sangue ou seus derivados não testados
ou não tratados adequadamente; recepção de órgãos ou sêmen de
doadores não testados; reutilização e compartilhamento de seringas e

U2 - Doenças infectocontagiosas e legislação em biossegurança 65


agulhas; acidente ocupacional durante a manipulação de instrumentos
perfurocortantes contaminados com sangue e secreções de pacientes
(BRASIL, 2016).
Após a exposição ao HIV (seja ela ocupacional ou através de relação
sexual desprotegida), é necessário que seja avaliado quando e como
ocorreu essa exposição, bem como identificar a condição sorológica
da pessoa exposta e também da pessoa fonte de infecção. Existe um
tratamento disponibilizado que diminui substancialmente as chances de
infecção, porém a decisão de aplicar ou não esse tratamento depende
de alguns fatores, como o tipo de material biológico envolvido, o tipo
de exposição, o tempo decorrido entre a exposição e o atendimento e
a condição sorológica tanto da pessoa exposta como da fonte (BRASIL,
2015).
Nesse aspecto, com relação aos acidentes ocupacionais, é
fundamental lembrar que os materiais que apresentam risco são
principalmente: sangue, sêmen e fluidos vaginais, além de líquidos
de serosas, líquido amniótico, líquor e líquido sinovial. Já na lista dos
materiais que não oferecem perigo de infecção, podemos destacar
suor, lágrima, fezes, urina, vômitos, secreções nasais e saliva (exceto
em ambientes odontológicos) (BRASIL, 2015).
Independentemente dessas condições, é importante que a procura
ao serviço de saúde seja realizada o mais breve possível, para que haja
a avaliação, implementação da profilaxia e consequente redução dos
riscos ao indivíduo.

Figura 2.5 | Como se pega e como não se pega HIV/aids

Fonte: <https://soropositivo.org/2017/04/05/beijo-na-boca-nao-transmite-hiv/>. Acesso em: 4 set. 2017.

66 U2 - Doenças infectocontagiosas e legislação em biossegurança


Para saber mais
O Ministério da Saúde tem uma iniciativa para que as pessoas com
comportamento de risco façam o teste para HIV.
Disponível em: <http://fiquesabendo.aids.gov.br/>. Acesso em: 9 out.
2017.

2.2 Hepatites virais


As hepatites virais são doenças causadas por diferentes agentes
etiológicos e podem ser agudas ou crônicas. Os agentes possuem
tropismo pelo fígado, e os sintomas são bastante parecidos entre si,
abrangendo fadiga, mal-estar, náuseas, dor abdominal, anorexia e
icterícia. Na fase aguda, pode haver presença de urina escura (colúria)
e fezes esbranquiçadas (acolia). Além disso, elas possuem amplo
espectro clínico, podendo ser desde assintomáticas até fulminantes
(BRASIL, 2015).
Essas doenças são de Notificação Compulsória, ou seja, seus casos
devem ser notificados em até sete dias e registrados no Sistema de
Informação de Agravos de Notificação SINAN (BRASIL, 2015).
A seguir, um gráfico que representa a evolução na taxa de incidência
desse agravo nos últimos anos, no Brasil. Destaca-se que desde 1999
até 2015, foram notificados no Sinan mais de meio milhão de casos de
Hepatites Virais (BRASIL, 2016).

Gráfico 2.1 | Taxa de incidência/detecção de hepatites virais.

Fonte: <file:///C:/Users/Silvia/Downloads/Boletim_Epidemiologico_Hepatites_Virais_2016.pdf>. Acesso em: 4 out. 2017.

U2 - Doenças infectocontagiosas e legislação em biossegurança 67


2.3 Hepatite B
A hepatite B, causada pelo HBV (Vírus da Hepatite B) é considerada
uma IST (infecção sexualmente transmissível), pois pode ser transmitida
por meio de solução de continuidade (pele e mucosa), relações sexuais
desprotegidas e por via parenteral (compartilhamento de agulhas
e seringas, tatuagens, piercings, procedimentos odontológicos ou
cirúrgicos etc.). Além disso, é importante ressaltar que outros líquidos
orgânicos (sêmen, secreção vaginal e leite materno) podem conter o
vírus, não podendo esquecer-se da transmissão vertical (de mãe para
filho) (BRASIL, 2015).
A doença se torna crônica quando o vírus permanece por mais de
seis meses no hospedeiro, e isso acontece em 5 a 10% dos indivíduos,
exceto em relação à transmissão vertical, quando as chances aumentam
substancialmente, podendo chegar até a 90% se a mãe tiver evidências
de replicação viral (BRASIL, 2015).
Para a prevenção, destaca-se a adoção de práticas sexuais seguras,
não compartilhamento de objetos de uso pessoal e a vacinação, que
é altamente eficiente e disponibilizada nos serviços de saúde (BRASIL,
2015).
O vírus da hepatite é bastante pequeno e pode estar presente em
uma gota de sangue e transmitir a doença caso as medidas preventivas
não sejam respeitadas. O profissional deve estar com a vacinação em
dia.
2.4 Vacina da hepatite B
Os adultos que não tiverem comprovação de vacinação contra
a hepatite B devem receber o esquema completo, com 3 doses. A
segunda e a terceira doses devem ser aplicadas, respectivamente, 30
e 180 dias após a primeira. Para os que tiverem esquema incompleto
(1 ou 2 doses), completar até a terceira dose (não reiniciar o esquema).
A vacina está disponível nos Centros Municipais de Saúde apenas para
grupos vulneráveis: gestantes (após o primeiro trimestre), trabalhadores
da área da saúde; bombeiros, policiais (militares, civis e rodoviários),
caminhoneiros, carcereiros (delegacias e penitenciarias), coletores de
lixo (hospitalar e domiciliar), agentes funerários, comunicantes sexuais
de pessoas portadoras do vírus da hepatite B; doadores de sangue,
homens e mulheres que mantêm relações sexuais com pessoas do
mesmo sexo; pessoas reclusas (presídios, hospitais psiquiátricos,
instituições de menores, forças armadas etc.), manicures, pedicures e

68 U2 - Doenças infectocontagiosas e legislação em biossegurança


podólogos; populações de assentamentos e acampamentos; potenciais
receptores de múltiplas transfusões de sangue ou politransfundido;
profissionais do sexo, usuários de drogas (injetáveis, inaláveis e pipadas)
e portadores de DST.
2.5 Hepatite C
O HCV (Vírus da Hepatite C) é o causador dessa infecção, que
é a maior responsável por cirrose e transplante hepático no mundo
ocidental. Ela é transmitida principalmente por via parenteral. A
transmissão sexual é pouco frequente, porém o risco tem aumentado
em determinadas populações, como usuários de drogas intravenosas
ou usuários de cocaína inalada que compartilham os equipamentos de
uso, atendentes de consultórios odontológicos, podólogos, manicures,
entre outros, que, não obedecendo às normas de biossegurança,
expõem-se a sangue pela via percutânea. (BRASIL, 2015).
Dentre os indivíduos infectados, 70 a 80% dos casos tornam-se
portadores crônicos e, caso não haja intervenção terapêutica, esses
podem evoluir para formas graves. Entretanto, 80% dos casos são
assintomáticos, o que dificulta o diagnóstico. Quando há sintomas,
são caracterizados por anorexia, astenia, mal-estar e dor abdominal
(BRASIL, 2015). É importante ressaltar que, até o momento, não existe
vacina para a hepatite C (BRASIL, 2016).

Para saber mais


Campanha de combate às hepatites virais em salões de beleza e estúdios
de tatuagem – 2010. Disponível em: <http://www.aids.gov.br/sites/
default/files/campanhas/2010/59428/cartilha_manicure_11x21_001_
dd2.pdf>. Acesso em: 4 set. 2017.

Ressalta-se, neste sentido, a necessidade de atitudes biosseguras


para que os profissionais e clientes tenham segurança durante e após
o atendimento. São formas potenciais de disseminação de patógenos
em centros de estética:
 
Incorreta desinfecção e esterilização de instrumentais e
equipamentos
 Baixa adesão ao uso de EPI
 Falhas na prevenção e condutas após acidentes

U2 - Doenças infectocontagiosas e legislação em biossegurança 69


 Incorreto descarte de materiais perfuro cortantes
 Baixo índice de imunização contra a hepatite B.

Para saber mais


CATEGORIA: BELEZA COM SAÚDE Hepatites virais e procedimentos
estéticos – Saiba mais
<http://beneditasaudavel.com.br/beleza-com-saude/>. Acesso em: 4
set. 2017.

2.6 Embelezamento e biossegurança


Antes de abrir um estabelecimento em embelezamento é
necessário que o profissional do embelezamento verifique junto
vigilância sanitária de cada município quais as recomendações técnicas
para o funcionamento de estabelecimento de embelezamento sem
responsabilidade médica locais.
Os Centros de Embelezamento devem seguir aos seguintes critérios
mínimos para atender às boas práticas e biossegurança:
- Licença de funcionamento junto à Vigilância Sanitária do município;
- Implementar as normas preconizadas em biossegurança;
-Padronizar e normatizar procedimentos que regulamentem as
normas de segurança;
-Ter manual de rotinas e procedimentos;
- Ter rigor quanto a limpeza, desinfecção e esterilização dos artigos
conforme sua classificação (não críticos, semicríticos e críticos);
-Ter rigor quanto à limpeza e organização do ambiente;
-Não reutilizar materiais descartáveis;
- Identificar e classificar áreas de risco;
-Fornecer e supervisionar o uso de EPI;
-Exigir vacinação de todos os profissionais contra hepatite B e
antitetânica;
-Estabelecer programas de treinamento para prevenção de
acidentes e monitorar acidentes de trabalho;
-Realizar o manejo correto dos resíduos dos serviços de saúde.

70 U2 - Doenças infectocontagiosas e legislação em biossegurança


Atividades de aprendizagem
1. Como ocorre a transmissão do vírus do HIV?

2. Qual o tipo de hepatite viral tem vacinação disponível? E quais são as


medidas preventivas para esse tipo de hepatite.

Fique ligado
Verificamos nesta unidade o risco aos quais os profissionais, clientes
e meio ambiente estão expostos. São informações necessárias para
que os profissionais levem adiante um trabalho sério, comprometido e
responsável para com todos.
A necessidade da utilização dos equipamentos de proteção
individual para minimização dos riscos de acidentes e adquirir doenças.
Tão importante quanto utilizar o EPI é utilizar da forma correta. Vimos
que não é permitido atender ao telefone, tocar em maçanetas com
as mãos enluvadas, pois, esta atitude dissemina os microrganismos e
contamina todo ambiente de trabalho.

Para concluir o estudo da unidade


Agora você aluno está munido de informações preciosas para
atender ao seu cliente para que ele obtenha o resultado esperado, que
é o embelezamento sem riscos a sua saúde.

Atividades de aprendizagem da unidade


Com base nos conteúdos apresentados ao longo dessa seção, realize as
seguintes atividades:
1. Um profissional que trabalha com materiais perfurocortantes pode se
acidentar.
Como deve ser o atendimento e os encaminhamentos a esse profissional?
Analise as alternativas e assinale a correta:

U2 - Doenças infectocontagiosas e legislação em biossegurança 71


Fonte: <https://www.perfurocortante.com/blank-10>. Acesso em: 4 set. 2017.

a) Aguardar o término da jornada de trabalho para procurar atendimento


médico.
b) Se o paciente não tiver nenhuma doença infectocontagiosa não é
necessário atendimento médico.
c) L avar o local da lesão com água e sabão e aplicar hipoclorito.
d) Deve-se lavar o local da lesão com água corrente e sabão e procurar
atendimento médico especializado.
e) Apertar o local da lesão para sangrar e assim retirar o microrganismo que
possivelmente entrou com o perfurocortante.

2. Durante o desenvolvimento de seu trabalho como profissional do


embelezamento, seja no atendimento direto ao paciente ou nas atividades
de apoio, há a possibilidade de entrar em contato com alguns materiais
possíveis transmissores de doenças. Quais são esses materiais? Assinale a
alternativa correta:
a) Material biológico como sangue, secreções, excreções ou outros fluídos
corporais, não podem ser potencialmente contaminados por alojar
microrganismos.
b) Material biológico como sangue, secreções, excreções ou outros fluídos
corporais, que podem ser potencialmente contaminados por não alojar
microrganismos.
c) Material biológico como sangue, secreções, excreções ou outros fluídos
corporais, que podem ser potencialmente contaminados por alojar
microrganismos.
d) Material biológico como sangue, secreções, excreções ou outros fluídos
corporais, que podem ser potencialmente contaminados por desalojar
microrganismos.
e) Material biológico como sangue, secreções, excreções ou outros fluídos
corporais, que podem ser potencialmente contaminados por alojar
insetos.

72 U2 - Doenças infectocontagiosas e legislação em biossegurança


3. Os profissionais e os clientes estão expostos a vários riscos em um centro
de estética, por isso a importância de estudar biossegurança nesse ambiente.
Leia atentamente as alternativas e assinale a correta que contempla todos
esses riscos.
a) Risco a produtos químicos e alta temperatura.
b) Risco biológico e a alta temperatura.
c) Risco físico e a produtos químicos.
d) Risco biológico, físico, químico e ergonômico.
e) Risco biológico e risco de queimaduras.

4. Um tratamento de beleza seja manicure, limpeza de pele,


micropigmentação, pode acarretar infecções bacterianas, virais e fúngicas.
Quais doenças virais podem ser contraídas em contato com sangue em um
centro de estéticas? Assinale a alternativa correta:
a) Hepatite B e C e onicomicose.
b) Hepatite A e HIV.
c) Hepatite B e C e paroníquea.
d) Hepatites B e C e HIV.
e) onicomise e paroníquea.

5. O vírus do HIV está presente no sangue, sêmen, secreção vaginal e leite


materno, a doença pode ser transmitida de várias formas. Neste contexto
assinale a alternativa correta sobre a transmissão do vírus HIV.
a) Por beijo, tosse ou espirro sem uso de máscara.
b) Por tosse ou espirro sem uso de máscara e picadas de inseto.
c) Sexo sem preservativo e artigos não esterilizados.
d) Por doação de sangue e tosse ou espirro sem uso de máscara
e) Aperto de mão e por transfusão de sangue contaminado.

U2 - Doenças infectocontagiosas e legislação em biossegurança 73


Referências
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Infecção Relacionada à Assistência à Saúde. Módulo 1: Biossegurança e Manutenção de
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Sanitária. – Brasília: Anvisa, 2013. 44 p.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST,
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BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de
Vigilância, Prevenção e Controle das DST, Aids e Hepatites Virais. Boletim Epidemiológico
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BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST, Aids
e Hepatites Virais. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às
Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis. Brasília: Ministério da Saúde, 2015.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST, Aids
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Pós-Exposição de Risco à Infecção pelo HIV. Brasília: Ministério da Saúde, 2015.
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74 U2 - Doenças infectocontagiosas e legislação em biossegurança


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U2 - Doenças infectocontagiosas e legislação em biossegurança 75


Unidade 3

Esterilização, desinfecção e
limpeza em centros de beleza
Danieli Juliani Garbuio Tomedi

Objetivos de aprendizagem
Esperamos que, após o estudo deste conteúdo, você seja capaz
de:

 Reconhecer e diferenciar os principais conceitos utilizados


em biossegurança;

 Conhecer a classificação dos diversos materiais utilizados


em centros de embelezamento;

 Compreender os processos de limpeza, desinfecção e


esterilização;

 Identificar a importância da rotina da limpeza, desinfecção


e esterilização dos artigos utilizados em centros de
embelezamento;

 Identificar a importância da rotina de limpeza e desinfecção


do ambiente.

Seção 1 | Mecanismos de controle de infecção em centros de beleza


Nesta seção, iniciaremos nossos estudos buscando definir os termos
frequentemente utilizados em biossegurança, revelando as principais características
de cada um deles. Além disso, evidenciaremos a classificação dos materiais, de
acordo com seu uso, em críticos, semicríticos e não críticos e qual o método
ideal para seu reprocessamento. Abordaremos, também, os métodos e produtos
utilizados para realização da limpeza, desinfecção e esterilização, com destaque
para a esterilização realizada por autoclave e estufa, os tipos ideais de embalagens
a serem utilizadas nestes equipamentos e os métodos de validação da esterilidade
do material.
Seção 2 | R
 otinas para a limpeza, desinfecção e esterilização de artigos e
cuidados com o ambiente
Nesta seção, abordaremos assuntos como o reprocessamento de artigos
frequentemente utilizados em centros de beleza, bem como os cuidados
destinados a cada tipo de material, sejam eles metálicos ou de plástico, escovas
ou pentes de cabelo, toalhas e rouparia, além dos acessórios e utensílios de
maquiagem. Abordaremos também, questões relacionadas à rotina de limpeza
e desinfecção dos equipamentos, mobília e superfícies fixas, e quais os produtos
ideais a serem utilizados para este fim.
Introdução à unidade
Com o avanço das atividades em centros de embelezamento,
este segmento passou a se constituir como um grupo que apresenta
risco para transmissão de doenças. Dessa forma, a aplicação de boas
práticas, direcionadas à prevenção e controle de infecção, tornam-se
obrigatórias para garantir a segurança do cliente e do profissional de
embelezamento.
A prática de atividades em centros de beleza inclui a realização de
procedimentos de contato direto com a superfície da pele, mucosa,
bem como as unhas e cabelos do cliente, que muitas vezes se
apresentam íntegros, por outro lado, em algumas situações, podem
apresentar algum tipo de lesão, expondo o profissional ao contato
com fluidos corporais e sangue.
Apesar da maioria das infecções estarem relacionadas à microbiota
residente do indivíduo, algumas delas podem ser causadas pela
transmissão cruzada de microrganismos patogênicos. O uso
compartilhado de materiais como os alicates, por exemplo, tem
demonstrado o risco potencial na transmissão dos vírus HIV e das
hepatites B e C.
Além dos cuidados com os materiais, a criação de uma rotina de
limpeza da unidade, bem como sua organização também se tornam
imprescindíveis, uma vez que são constituídas como atividades
que contribuem para a organização do trabalho, bem como para a
prevenção de disseminação e transferência de microrganismos aos
indivíduos. Portanto, para a prevenção da transmissão de patógenos,
a adoção de métodos adequados e eficientes de limpeza, desinfecção
e esterilização, além da criação de rotinas e normas de limpeza e
desinfecção do ambiente, tornam-se prioritários.
Seção 1
Mecanismos de controle de infecção em centros
de beleza
Introdução à seção

Você já refletiu sobre as diferenças entre os termos desinfecção


e limpeza? Ou até mesmo entre os termos assepsia e antissepsia?
Saberia reconhecer o que é um material classificado como crítico ou
não crítico? Conseguiria definir as etapas da esterilização realizada em
autoclave ou estufa? Pois bem, caro aluno, nessa seção abordaremos
assuntos como a diferenciação entre os termos utilizados em
biossegurança, estudaremos a classificação de Spaulding a respeito
dos artigos críticos, semicríticos e não críticos, bem como as formas
de reprocessamentos dos diversos materiais utilizados em centros de
beleza, incluindo a limpeza, desinfecção e esterilização.
1.1 Conceitos básicos utilizados nos processos de controle de
infecção
A organização do ambiente e a higienização adequada são
considerados como elementos essenciais no controle da transmissão
cruzada dos microrganismos patogênicos. Além disso, essas medidas
proporcionam maior segurança, tanto aos clientes, durante seu
atendimento, quanto à saúde do profissional de embelezamento.
Destacamos o fato de que a transmissão de infecções está diretamente
ligada às práticas e rotinas inadequadas na limpeza, desinfecção ou
esterilização dos materiais, tornando importante o conhecimento das
técnicas, além da implantação de certas rotinas.
Além do conhecimento das técnicas adequadas, é imprescindível
que o profissional saiba correlacionar os métodos de reprocessamento
dos materiais conforme cada tipo de artigo, uma vez que existem
processos inadequados para determinados tipos de materiais,
especialmente aqueles que são sensíveis ao calor. Destacamos,
ainda, que é necessário que alguns materiais estejam estéreis para
determinado uso, enquanto para outros, basta a realização de limpeza
ou desinfecção.
Portanto, para uma melhor compreensão acerca dos processos
de controle de infecção, iniciaremos esta unidade discorrendo

80 U3 - Esterilização, desinfecção e limpeza em centros de beleza


sobre as definições dos termos frequentemente utilizados na prática
do profissional de Embelezamento. A familiaridade com os termos
elencados a seguir também auxilia o profissional na escolha de cada
processo, conforme cada situação e finalidade de uso.

Questão para reflexão


Quais são as nomenclaturas mais utilizadas em biossegurança? Quais
são os significados?

Antissepsia: conjunto de medidas que objetivam inibir o


crescimento dos microrganismos em tecidos vivos, de modo
a removê-los completa ou parcialmente, por meio do uso de
antissépticos ou desinfetantes. Lembrando que a mesma substância
química pode ser utilizada tanto em objetos inanimados, exercendo
função de desinfetante, quanto em tecidos vivos, sendo denominada
antisséptico.
Antissépticos: produtos utilizados com fins de degradação ou
inibição da proliferação de microrganismos presentes em tecidos vivos.
Artigos: caracterizados pelos materiais que são utilizados durante o
atendimento ao cliente e que podem ser submetidos aos processos de
limpeza, desinfecção ou esterilização, ou seja, são todos os materiais
que não são descartáveis ou obrigatoriamente de uso único.
Assepsia: medidas realizadas para impedir a introdução de
microrganismos em um local que habitualmente não os contenha,
assim, um local asséptico é considerado como livre de infecção.
Contaminação: definida como a presença de qualquer
microrganismo patogênico em locais como, superfície corporal,
roupas de cama, instrumentos, bancadas, entre outros.
Degermação: redução da carga de microrganismos, patogênicos
ou não, após processo de escovação da pele com água e sabão.
Desinfecção: processo responsável pela eliminação dos
microrganismos patogênicos e/ou inativação de suas toxinas, podendo
também, inibir o seu desenvolvimento. Entretanto, os esporos não são
necessariamente eliminados neste processo.
Desinfetantes: produtos utilizados para higienização e que
eliminam os microrganismos encontrados em variadas superfícies ou

U3 - Esterilização, desinfecção e limpeza em centros de beleza 81


em materiais utilizados no atendimento ao cliente. Vale ressaltar que os
desinfetantes não eliminam as formas esporuladas das bactérias.
Esterilização: processo de eliminação total de qualquer forma de
vida dos microrganismos: bactérias, incluindo os esporos, fungos ou
vírus. A esterilização acontece por meio da aplicação tanto de agentes
físicos ou químicos. Para que esse processo seja completado com
sucesso, é indicada a lavagem e enxágue dos materiais, buscando
reduzir a carga de matéria orgânica.
Esterilizantes: são meios físicos utilizados para se alcançar a
remoção completa dos microrganismos em sua forma vegetativa e
esporulada.
Germicidas: são meios físicos utilizados para se alcançar a remoção
completa dos microrganismos em sua forma vegetativa e esporulada
e geralmente denominados com os sufixos "cida" ou "lise", como por
exemplo, bactericida, fungicida, virucida, bacteriólise, entre outros.
Infecção: invasão e crescimento ou multiplicação de um
microrganismo patogênico no organismo do hospedeiro (homem ou
outro animal).
Limpeza: remoção mecânica de agentes infecciosos e matéria
orgânica de qualquer superfície que apresente condições favoráveis
para a sobrevivência e multiplicação de microrganismos. Esse processo
pode ser realizado com auxílio de produtos como sabão ou detergente
adequado.
Reprocessamento: nomenclatura utilizada para indicar o processo
aplicado nos materiais não descartáveis para sua reutilização.
1.2 Classificação de artigos
Os artigos, ou materiais, bem como os equipamentos utilizados
em centros de embelezamento durante ao atendimento ao cliente,
podem ser classificados em artigos críticos, não críticos e semicríticos,
conforme o potencial de transmissão dos microrganismos. Essa forma
de classificação foi proposta pelo médico americano, Earle Spaulding,
em 1968, e vem sendo utilizada em diversas recomendações e
diretrizes, sendo uma delas, a Resolução nº 15, de 15 de março de
2012, do Ministério da saúde, que dispõe sobre os requisitos de boas
práticas para o processamento de produtos para saúde.

82 U3 - Esterilização, desinfecção e limpeza em centros de beleza


Questão para reflexão
Reflita sobre a classificação dos artigos críticos, semicríticos e não
críticos dos materiais utilizados em centros de beleza.

Artigos críticos: são considerados todos os materiais utilizados


em procedimentos invasivos e injetáveis, que invadem qualquer tipo
de tecido. Este tipo de material deve ser esterilizado, pois qualquer
contaminação microbiana pode levar à transmissão de doenças
(Carvalho, 2015; São Paulo, 2012).
Artigos semicríticos: são os materiais que entram em contato
com membranas mucosas íntegras, ou com pele não intacta. Neste
tipo de material, deve-se realizar desinfecção de alto nível, ou de nível
intermediário, por métodos físicos ou químicos, de modo a eliminar
grande parte dos microrganismos, exceto os esporos bacterianos
(Albert Einstein, 2015; São Paulo, 2012).
Artigos não críticos: materiais que entram em contato com a pele
íntegra ou que nem entram em contato com o cliente, tornando
baixo o seu risco potencial de transmissão de infecções. Devem ser
minimamente limpos e desinfetados quando houver suspeita ou
comprovação de contaminação por microrganismos patogênicos. De
modo geral, quando houver presença de matéria orgânica, deve-se
realizar desinfecção e na ausência de matéria orgânica, limpeza (Albert
Einstein, 2015; São Paulo, 2012).

Tabela 3.1 | Classificação dos materiais utilizados em centros de beleza em artigos


críticos, semicríticos e não críticos

Classificação Exemplo

 Alicates de cutículas

 Alicate de cortar unhas

Artigos críticos  Navalhas de barbeiros

 Lixas metálicas para unhas

 Extrator de comedões

U3 - Esterilização, desinfecção e limpeza em centros de beleza 83


 Recipientes destinados a imersão dos pés e mãos

 Recipientes destinados ao preparo de soluções

 Cuba rim
Artigos semicríticos
 Cubetas

 Pincéis de maquiagem

 Escovas de cabelo

 Roupas

 Macas

 Bancadas
Artigos não críticos
 Escadas

 Termo depiladoras

 Borrifador

 Lenços umedecidos

 Hastes flexíveis
Artigos de uso único
 Palitos de madeira

 Espátulas
Fonte: elaborada pelo autor.

Além da classificação dos artigos, também é importante reconhecer


que as etapas de reprocessamento dos artigos precisam ser realizadas
em local específico e próprio, apresentando dimensões compatíveis
com a quantidade de material a ser reprocessado, bem ventilado e
iluminado, com instalações elétricas e hidráulicas adequadas para
garantir o bom funcionamentos de equipamentos como autoclaves
e estufas. Além disso, devem apresentar pia, bancada que seja
lavável e armários para armazenamento de dos produtos de limpeza
e desinfecção, e os EPIs necessários. Ressaltamos também que
deve haver armários específicos para armazenamento dos materiais
desinfetados e esterilizados.

84 U3 - Esterilização, desinfecção e limpeza em centros de beleza


Dessa forma, as áreas de preparo e reprocessamento dos artigos
também devem ser classificadas em áreas críticas, semicríticas e não
críticas, de acordo com volume de matéria orgânica contida nos
artigos. Em centros de beleza, podemos encontrar áreas semicríticas e
não críticas, devido ao tipo de procedimento realizados.
Área crítica: classificada como a área que apresenta maior risco
para a transmissão de infecções cruzadas, tanto no reprocessamento
dos artigos, quanto durante a realização de procedimentos invasivos,
em que o profissional está exposto diretamente a fluidos corporais.
Área semicrítica: área que apresenta risco moderado ou baixo
para a transmissão de microrganismos patogênicos que envolvem
a execução de processos envolvendo artigos semicríticos ou pela
realização de atividades não invasivas.
Área não crítica: podem apresentar mínimo risco, ou não apresentar
tipo de risco de desenvolvimento de infecções.

Questão para reflexão


Qual é o fluxo correto de recebimento, limpeza, preparo e esterilização,
de acordo com a classificação de cada área, em contaminada e não
contaminada?

Assim, consideremos como a área semicrítica o local onde é


recebido o material e realizada sua limpeza, também denominada
expurgo, já área não crítica é onde acontece o preparo, esterilização
e armazenamento dos artigos, etapas que serão exploradas adiante.
Lembramos que a presença de uma barreira física é imprescindível na
delimitação da área suja e contaminada da área limpa, o que reduz o
contato de microrganismos externos com o material esterilizado.

U3 - Esterilização, desinfecção e limpeza em centros de beleza 85


Figura 3.1 | Apresentação esquemática da estrutura de um expurgo com separação
das áreas contaminadas e não contaminadas

Fonte: <http://www.abilityodontologia.com.br/diferenciais/central-de-materiais-estereis>. Acesso em: 5 set. 2017.

1.3 Mecanismos de controle de infecção


Para o controle adequado da transmissão cruzada de
microrganismos, torna-se necessário destacar alguns pontos,
conforme elencado pela ANIVISA (2006):
 
Os serviços que realizam o reprocessamento de artigos
devem elaborar, validar e implantar protocolos, visando
garantir a efetividade dos processos, bem como a segurança e
a qualidade no atendimento ao cliente.
 
Deve-se elaborar um protocolo com objetivo de garantir
que os artigos reprocessados apresentem desempenho e
segurança compatíveis com sua finalidade de uso, assegurando
o sucesso na conclusão de todas as etapas do processo,
desde a avaliação de funcionalidade até as condições de
armazenamento e descarte dos produtos.
 Além desses pontos, destaca-se a importância de elencar um
profissional como responsável pelo reprocessamento dos
materiais e a correta utilização de todos os EPIs.

86 U3 - Esterilização, desinfecção e limpeza em centros de beleza


Antissepsia:
A antissepsia é o processo de eliminação ou dos microrganismos que
compõem a microbiota residente e transitória, conforme estudamos
na Unidade 1, encontrados nas camadas superficiais e profundas dos
tecidos vivos. Uma das técnicas de antissepsia também foi abordada
na Unidade 1 deste livro, sendo caracterizada como a higienização das
mãos. Vamos relembrar os cinco momentos para higienização das
mãos:
1. Antes do contato com o cliente;
2. Antes da realização de procedimentos invasivos e de calçar as
luvas;
3. Após o risco de exposição a fluidos corporais e de retirar as
luvas;
4. Após contato com o cliente;
5. Após contato com áreas próximas ao cliente.
A antissepsia também pode ser realizada no cliente, antes da
realização de procedimentos invasivos, aplicando o antisséptico de
escolha com auxílio de gaze ou algodão e realizando movimentos
circulares, de dentro para fora do local em que será acontecerá o
procedimento.
A escolha de um antisséptico deve ser baseada na avaliação da
atividade germicida sobre a microbiota residente e transitória sem causar
irritação na pele ou mucosas, sendo os mais indicados para aplicação
em tecidos vivos, os iodos, a clorexidina, o álcool e o hexaclorofeno.
Para uso em centros de beleza, destacamos o álcool e a clorexidina.
O álcool, tanto etílico quanto isopropílico, apresentado em
concentrações entre 70 a 90% apresentam ação germicida rápida,
porém, sem ação residual, além disso, apresentam efeito de
ressecamento da pele após repetidas aplicações, fato facilmente
evitado ao se adicionar glicerina na composição. A clorexidina é um
germicida que apresenta ação imediata com efeito residual, além do
baixo potencial de toxicidade, sendo pouco absorvida pela pele íntegra.
Sua concentração ideal é de 0,5% em solução alcoólica e inferior a 4%
em solução aquosa.

U3 - Esterilização, desinfecção e limpeza em centros de beleza 87


Questão para reflexão
Quais equipamentos de proteção individual devem ser utilizados
durante a realização das etapas de desinfecção e esterilização?

Desinfecção:
A desinfecção é caracterizada como o processo em que ocorre a
eliminação e destruição dos microrganismos patogênicos, que não se
apresentam na forma esporulada, e que podem ser encontrados em
superfícies e objetos inanimados. Assim como a limpeza, a desinfecção
pode ser realizada por meio de agentes físicos e químicos, conhecidos
como desinfetantes ou germicidas. A ação desses produtos passa a
acontecer em período de tempo entre 10 e 30 minutos, conforme
sua composição. Assim, o sucesso na realização do processo de
desinfecção depende de alguns fatores, como: limpeza prévia do
material, período de exposição ao agente desinfetante, concentração
do agente desinfetante, temperatura e pH do processo de desinfecção.
Diante disso, elencamos algumas características desejáveis e que
devem estar presentes em um desinfetante de boa qualidade:
 Apresentar ação rápida e de amplo espectro.
 Não sofrer alterações químicas ao entrar em contato com
fatores ambientais, como a luz.
 Permanecer ativo na presença de matéria orgânica.
 Não apresentar toxicidade.
 Ser inodoro ou apresentar odor agradável.
 
Ser compatível com outros produtos de limpeza, como
sabões, detergentes, entre outros.
 Não causar deterioração em materiais como metal, borracha,
entre outros.
 Apresentar efeito residual nas superfícies.
 Apresentar facilidade em seu manuseio.
 Ser solúvel em água e manter sua capacidade desinfetante
mesmo após diluído.
 Apresentar viabilidade econômica.
Os produtos desinfetantes mais comuns e frequentemente utilizados

88 U3 - Esterilização, desinfecção e limpeza em centros de beleza


em centros de embelezamento são os álcoois etílico e isopropílico, o
hipoclorito de sódio e o peróxido de hidrogênio, apresentados a seguir.
Álcoois etílico e isopropílico: apresentam rápida ação bactericida.
Sua concentração ótima está entre 60% e 90% por volume. Eliminam
a maior parte dos microrganismos, não agindo contra esporos
bacterianos. Não devem ser utilizados em materiais constituídos por
borracha e alguns tipos de plástico pelo risco de dano. Evaporam
rapidamente, dificultando o tempo exigido de exposição prolongada.
Dessa forma, a melhor forma de realizar a desinfecção com este
produto é imergindo o artigo.
Hipoclorito de sódio: Apresentam amplo espectro de ação
antimicrobiana, porém, também não agem contra os esporos
bacterianos. Apresenta baixo custo em relação aos demais com
rápida ação, porém, alguns fatores como temperatura, concentração,
presença de luz e pH podem desencadear sua decomposição,
tornando-o ineficaz.
Peróxido de hidrogênio: apresenta ação contra todos os tipos
de microrganismos, incluindo os esporos bacterianos, pois atua na
membrana lipídica dos microrganismos, porém, ainda não pode ser
considerado como esterilizador. Sua concentração ideal é de 3%,
podendo ser utilizado em superfícies não orgânicas.
Para uma maior segurança do profissional de beleza, responsável
pela desinfecção de materiais, equipamentos e superfícies, é indicado
o uso de calçados fechados e equipamentos de proteção individual,
como óculos de proteção, máscara, avental impermeável e luvas de
segurança de borracha.
Esterilização:
Consiste no processo utilizado para eliminação completa de todas
as formas de vida dos microrganismos, incluído os esporos bacterianos.
A esterilidade de um material é garantida quando a probabilidade
de sobrevivência dos microrganismos ali presentes é menor do que
1:1.000.000.
A principal finalidade desse processo é a de prevenir infecções e
transmissão cruzada de microrganismos patogênicos, decorrentes de
procedimentos invasivos e que utilizem artigos críticos, assim torna-
se importante a utilização de EPIs, como calçados fechados, óculos
de proteção, máscara, avental impermeável e luvas de segurança

U3 - Esterilização, desinfecção e limpeza em centros de beleza 89


de borracha, também nos processos de desinfecção e limpeza dos
materiais.
Além disso, o fluxo adequado para a esterilização dos artigos deve
acontecer conforme a ordem apresentada abaixo, sendo todas as
etapas descritas a seguir.

Figura 3.2 | Fluxo para realização das etapas do processo de esterilização

Limpeza

Preparo

Esterelização

Armazenamento

Fonte: elaborada pelo autor.

Etapa de limpeza:
A limpeza é a primeira etapa do reprocessamento dos materiais,
sendo considerada como a mais importante, pois caso o material não
seja limpo de forma rigorosa e meticulosa, os processos de desinfecção
e de esterilização serão prejudicados. A limpeza dos artigos possibilita
a remoção do material orgânico visível, com consequente redução
da carga microbiana, uma vez que a presença de sujeira, tanto nos
materiais, quanto em superfícies favorece a proliferação de vetores
(ratos, baratas, formigas) e dos microrganismos.
Este processo pode ser realizado em água corrente e produtos
químicos como sabões e detergentes, ou ainda, detergentes
enzimáticos, que apresentam enzimas em sua composição. As
enzimas apresentam natureza proteica e possuem a capacidade de
promover transformações bioquímicas de determinadas substâncias,
como proteínas, polissacarídeos e lipídeos. Dessa forma, o detergente
enzimático age na etapa da limpeza completa dos materiais, removendo
a matéria orgânica e favorecendo a lise celular, ou seja, a destruição

90 U3 - Esterilização, desinfecção e limpeza em centros de beleza


dos microrganismos.
Além dos produtos químicos empregados, torna-se necessário a
realização de limpeza por meio da ação mecânica por fricção, que
pode ser realizada com auxílio de esponjas e escovas macias de nylon
para remoção da sujidade resistente à ação dos produtos químicos.
Após a lavagem, deve-se realizar o enxágue com água corrente, a
fim de garantir a remoção da matéria orgânica, resíduos de detergente
e outros produtos químicos. Em seguida, deve-se realizar a secagem
dos artigos, uma vez que a secagem espontânea promove a aderência
dos sais contidos na água, om formação de manchas e danos aos
materiais.
Etapa de preparo:
Após a limpeza, enxágue e secagem, os materiais deverão ser
inspecionados quanto à sua integridade e funcionalidade. Os artigos
articulados (tesoura, pinça, alicate) podem ser lubrificados neste
momento. Além da inspeção, os materiais devem ser embalados de
forma adequada antes do processo de esterilização. As embalagens
utilizadas devem apresentar uso único e prolongar a vida útil dos
artigos, além de manter o conteúdo estéril durante algum tempo após
o reprocessamento e garantir a integridade do material (APARCIH,
2010).
As embalagens mais indicadas para o reprocessamento em
autoclave são o papel grau cirúrgico, o tecido não tecido (TNT), o papel
crepado, o algodão cru duplo e o vidro refratário.

Figura 3.3 | Exemplos de invólucros de materiais utilizados em autoclave

A b c

Fonte: A - <http://www.lojadeautoclaves.com.br/d/13/embalagem-para-esterilizacao>; B - <http://www.valerycosmeticos.com.


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de-embalagens-para-esterilizacao/papel-crepado-medcrep/>. Acessos em: 3 set. 2017.

U3 - Esterilização, desinfecção e limpeza em centros de beleza 91


Já para a estufa, indica-se o uso das caixas metálicas, vidros
temperados e lâminas de papel alumínio. O uso do papel kraft não é
indicado, pois não apresenta uniformidade em suas fibras, tornando-o
uma frágil barreira bacteriana, além do potencial de liberação de
produtos tóxicos.

Figura 3.4 | Exemplos de invólucros de materiais utilizados em estufa

A B

Fonte: A - <http://www.dentalsorria.com.br/estojo-inox-liso-luminox.html>; B - <http://www.valerycosmeticos.com.br/


folha-de-papel-aluminio-para-luzes-300-unid-12cm-x-30cm>. Acessos em: 3 set. 2017.

Os invólucros que não permitem a visualização do conteúdo no


interior devem ser identificados quanto aos materiais contidos na
embalagem e todos devem receber as datas de validade e esterilização,
que garantem a qualidade e segurança do material, além de serem
atentamente observados pela fiscalização de órgãos como a Vigilância
Sanitária. Além disso, todas as embalagens precisam apresentar algum
tipo de indicação química externa para diferenciar e certificar que os
pacotes passaram pelo processo. O papel grau cirúrgico já apresenta
este tipo de indicador em suas margens.
O papel grau cirúrgico pode ser adquirido em forma de envelope
prontos ou rolos de diferentes tamanhos e larguras. Para seu
fechamento, devem ser selados a quente com seladoras próprias.
Já os invólucros de papel crepado ou de tecido de algodão deverão
seguir um método de dobradura que possibilite a abertura asséptica
do pacote.

92 U3 - Esterilização, desinfecção e limpeza em centros de beleza


Para saber mais
Conheça a técnica adequada para embalagem de materiais utilizando
invólucros de tecido, TNT ou papel crepado: <https://www.youtube.
com/watch?v=5tdyUcw4LzM>. Acesso em: 2 set. 2017.

De um modo geral, as embalagens devem apresentar as seguintes


características: permitir a entrada e saída do agente esterilizante; ser
compatível com o processo de esterilização; manter a esterilidade por
determinado período de tempo, garantindo a segurança do cliente; ser
resistente; apresentar indicador de esterilização; possibilitar abertura e
apresentação assépticas.

Figura 3.5 | Técnica de abertura do papel grau cirúrgico

Fonte: <http://flotec.net.br/esterilizaccedilatildeo-e-embalagem.html>. Acesso em: 3 set. 2017.

Figura 3.6 | Técnica de abertura de embalagens de algodão, tecido não tecido e


papel crepado

Fonte: <http://clasesfundamentosdeenfermeria.blogspot.com.br/2013/02/manejo-de-material-esteril.html>. Acesso


em: 3 set. 2017.

U3 - Esterilização, desinfecção e limpeza em centros de beleza 93


Lembramos que após aberta a embalagem, mesmo que de forma
equivocada e sem contaminação visível, os materiais passam a ser
considerados como não estéreis (APARCIH, 2010).
Etapa de esterilização:
A etapa da esterilização propriamente dita pode ser realizada por
meio de processos químicos, com produtos como o glutaraldeído,
formaldeído e ácido peracético; processos físicos, como vapor
saturado (autoclave) e calor seco (estufa); além dos processos físico-
químicos, como óxido de etileno. Os processos físico-químicos são
indicados para reprocessamento de artigos termossensíveis e devido a
sua especificidade e custo, é um processo mais relevante em ambiente
hospitalar. Portanto, para a área de embelezamento, elencamos os
processos de esterilização por autoclave e estufa, os mais indicados,
que serão melhor descritos a seguir.

Para saber mais


Conheça mais sobre a importância e os métodos frequentemente
utilizados no reprocessamento de artigos em centros de beleza,
descritos no artigo Métodos de esterilização utilizados em salões de
beleza de Salvador-BA, acessando: <https://portalseer.ufba.br/index.
php/cmbio/article/view/14160/14526>. Acesso em: 3 ago. 2017.

A esterilização a vapor saturado sob pressão, realizado pela


autoclave, caracteriza um dos métodos mais conhecidos e utilizados.
Este equipamento atua combinando três variáveis: temperatura,
pressão e umidade, de modo a desnaturar as proteínas que compõem
o material genético dos microrganismos, promovendo sua destruição.
Assim, é indicado para o reprocessamento de artigos resistentes a altas
temperaturas, ou seja, os materiais metálicos ou de tecido.

94 U3 - Esterilização, desinfecção e limpeza em centros de beleza


Figura 3.7 | Forma de apresentação da autoclave

Fonte: <http://www.casadaestetica.com.br/estetica/autoclaves-esterilizacao/autoclave-vitale-class-21-litros>. Acesso


em: 3 set. 2017.

Para que haja sucesso no processo de esterilização realizado


pela autoclave, o vapor de água deve entrar em contato com todas
as superfícies dos artigos. Dessa forma, o ar que está presente no
interior da câmara é removido para que haja um contato satisfatório
do vapor com os materiais, de modo a permitir a penetração nos
materiais. O vapor entra em contato com a superfície fria dos materiais
e sofre condensação. Ao entrar em contato com os materiais, o
vapor condensado libera o calor latente, aquecendo e umedecendo
os materiais e ao entrar em contato com os microrganismos, o calor
latente promove a desnaturação de proteínas, levando à morte celular.
Nesse processo, é necessário que os materiais sejam expostos a uma
combinação entre tempo de exposição e temperatura elevada. Os
ciclos mais comuns são realizados com temperatura de 121ºC durante
15 a 30 minutos a uma pressão de 1 atm.
Na fase final, a autoclave realiza a secagem do material por meio da
exaustão do vapor da câmara e nivelamento da pressão em relação à
pressão atmosférica e circulação do ar dentro da câmara.

Para saber mais


Conheça o funcionamento interno de uma autoclave acessando <https://
www.youtube.com/watch?v=iG1k8qEyzJs>. Acesso em: 2 ago. 2017.

U3 - Esterilização, desinfecção e limpeza em centros de beleza 95


Outro método utilizado é a esterilização por calor seco, por
meio do forno de Pasteur, comumente conhecido como estufa. A
esterilização acontece por meio do aquecimento e irradiação do calor
que, em comparação ao vapor saturado, é menos penetrante, de
modo a demandar maior tempo de exposição a temperaturas mais
elevadas (entre 120 e 180ºC), tornando contraindicado para materiais
como tecidos, plásticos, borrachas e papel, sendo direcionado a vidros,
metais, pós (talco), ceras e líquidos não aquosos (vaselina, parafina e
bases de pomada).

Figura 3.8 | Forma de apresentação da estufa

Fonte: <http://www.medicalexpo.com/pt/prod/nueve/product-69565-608291.html>. Acesso em: 3 set. 2017.

A esterilização por meio do calor seco acontece em três etapas:


aquecimento da estufa até a temperatura programada, tempo
esterilização da carga, desde a penetração até o tempo de exposição
e resfriamento da carga. Além disso, a estufa deve ser ligada antes do
momento escolhido para a esterilização para o alcance da temperatura
ideal em tempo hábil e este deve ser contabilizado somente a partir do
momento em que atingir a temperatura indicada. A partir do início da
contagem do ciclo de esterilização, a estufa não deverá ser aberta até
o término do processo.

96 U3 - Esterilização, desinfecção e limpeza em centros de beleza


Tabela 3.2 | Relação entre temperatura e tempo estimado para a esterilização em
estufa
Temperatura Tempo
120º 12 horas
140º 3 horas
150º 2 horas e 30 minutos
160º 2 horas
170º 1 hora
Fonte: adaptada de Ramos (2009).

A retirada dos materiais acontece assim que o material estiver todo


resfriado, pois a carga quente, em contato com a superfície fria, pode
ocasionar a condensação do vapor e retenção de umidade, tornando
todo o processo inválido.

Para saber mais


Conheça outros fatores que podem inviabilizar o processo de
esterilização por estufa, descritos no artigo Eficácia da estufa de Pasteur
como equipamento esterilizante em consultórios odontológicos,
acessando: <http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v42n1/21.pdf>. Acesso
em: 3 ago. 2017.

A disposição dos artigos no interior da autoclave ou estufa também


deve seguir uma sequência lógica. Na autoclave, recomenda-se que
as embalagens de papel e tecidos, em geral, não apresentem contato
entre si para não reter umidade, para isso, quando colocados na mesma
carga, devem ser dispostos em diferentes prateleiras da autoclave,
sempre no sentido vertical e nunca colocados em sobreposição,
a fim de permitir melhor exaustão e circulação do ar. Além disso, as
embalagens não devem recostar nas paredes internas da câmara e
carga não deve ultrapassar 70% da carga interna.
Já na estufa, o ideal é que não haja sobrecarga de materiais,
buscando manter um espaço adequado para circulação do calor, não
sendo recomendado o empilhamento dos materiais.

U3 - Esterilização, desinfecção e limpeza em centros de beleza 97


Figura 3.9 | Disposição adequada dos materiais na autoclave (à esquerda) e estufa
(à direita)
A B

Fonte: A - <https://lessencecabeleireiros1.superagendador.com/manicure-pedicure>; B - <http://g1.globo.com/sao-paulo/


itapetininga-regiao/noticia/ 2011/12/esterilizacao-de-instrumentos-evita-doencas-na-hora-de-ir-manicure.html>. Acessos
em: 4 set. 2017.

O sucesso no processo de esterilização está diretamente


relacionado à capacidade que o meio de esterilização tem de
atravessar a embalagem e atingir os materiais, da natureza dos artigos
e do funcionamento adequado dos equipamentos. Após o processo
de esterilização, é importante que sejam realizadas medidas para evitar
a recontaminação do artigo em seu armazenamento, transporte ou
manipulação. Além disso, é imprescindível que sejam implementados
alguns critérios de validação do processo de esterilização, por meio de
testes químicos e biológicos, indicando a letalidade do ciclo, que deve
ser suficiente para garantir uma probabilidade de sobrevida microbiana
não maior que a 10º.
Outro ponto importante, é a indicação da validade dos materiais
esterilizados, que varia conforme o método utilizado e o invólucro
escolhido. Abaixo, evidenciamos os prazos de validade por métodos
de esterilização e tipos de embalagem.

Tabela 3.3 | prazos de validade por métodos de esterilização e tipos de embalagem

Invólucro Método de Esterilização Prazo de Validade


Papel grau-cirúrgico Vapor 6 meses a 2 anos
Papel crepado Vapor 6 meses a 2 anos
Tecido de algodão duplo Vapor 15 dias
Lâminas de alumínio Calor seco 15 dias
Fonte: adaptada de Ministério de Saúde (2001).

98 U3 - Esterilização, desinfecção e limpeza em centros de beleza


Para saber mais
Conheça todas as etapas do processo de esterilização acessando o
vídeo <https://www.youtube.com/watch?v=JycNSxHD28w>. Acesso
em: 3 ago. 2017.

1.4 Controles do processo de esterilização:


A garantia da qualidade do processo de esterilização depende da
adequada realização de cada etapa do reprocessamento dos materiais.
A presença de microrganismos nos artigos está diretamente relacionada
tanto às falhas humanas, na limpeza e preparo do material, quanto às
falhas mecânicas que ocorrem devido à falta de manutenção, bem
como os defeitos da autoclave.
Conforme citamos anteriormente, os processos de controle do
processo de esterilização apresentam objetivo de validar sua eficácia.
No reprocessamento por autoclave podemos encontrar os processos
químicos e biológicos, enquanto na estufa, somente os indicadores
químicos. Dentre os indicadores recomendados para os centros de
embelezamento, destacamos as fitas termossensíveis, que sofrem reação
química ao passar pelo processo de esterilização, auxiliando também
na identificação dos materiais que passaram pelo reprocessamento ou
não, os indicadores químicos que avaliam parâmetros como vapor,
temperatura e pressão, sendo utilizados somente em autoclaves,
além dos indicadores biológicos, que são ampolas compostas pela
bactéria esporulada Bacillus stearothermophilus. Ressaltamos que os
indicadores químicos e biológicos devem ser colocados em locais
estratégicos, geralmente entre as embalagens e no centro da autoclave,
a fim de testar a eficiência da ação biocida do equipamento.

U3 - Esterilização, desinfecção e limpeza em centros de beleza 99


Figura 3.10 | 
Indicadores de validação do processo de esterilização: fita
termossensível, indicador químico e indicador biológico

A B C

Fonte: A - <http://www.yirenpak.com/Autoclave_Indicator_Tape.html>; B - <http://www.metodosrapidos.com/


indicadores.html>; C - <http://solutions.3m.com/wps/portal/3M/en_WW/MedicoHospitalar/ Home/ProdutSolucoes/
CentralMatEsterilizacao/Esterelizacao/ControleCarga/>. Acessos em: 3 set. 2017.

Além dos processos de validação dos processos de esterilização,


o controle da qualidade também pode ser realizado através
de manutenção preventiva periódica e corretiva da autoclave;
acompanhamento frequente do tempo, temperatura e pressão
dos ciclos e monitoramento biológico que deve ser realizado
periodicamente.
1.5 Armazenamento dos materiais limpos, desinfetados ou
esterilizados
Os materiais devem ser armazenados em locais secos, arejados
e protegidos da umidade e sujidades, sendo preferível colocá-los em
caixas plásticas com tampa ou armários fechados. O manuseio desses
utensílios deve acontecer no mínimo de vezes possível e com as mãos
limpas, prevenindo sua contaminação.

100 U3 - Esterilização, desinfecção e limpeza em centros de beleza


Figura 3.11 | Exemplo de armazenamento adequado dos materiais reprocessados

Fonte: <http://www.cristofoli.com/biosseguranca/prazo-de-validade-dos-artigos-esterilizados-por-autoclave/>. Acesso


em: 3 set. 2017.

Atividades de aprendizagem
Com base nos conteúdos apresentando ao longo desta seção, realize as
seguintes atividades:

1. Defina os processos de limpeza, desinfecção e esterilização.

2. Diferencie os mecanismos da ação biocida da autoclave e da estufa.

U3 - Esterilização, desinfecção e limpeza em centros de beleza 101


Seção 2
Rotinas para a limpeza, desinfecção e esterilização
de artigos e cuidados com o ambiente
Introdução à seção

Você já parou para pensar que os materiais utilizados


especificamente em centros de beleza, como pincéis de maquiagem,
escovas e cabelos, requerem cuidados especiais em sua higienização
e desinfecção? E que a rotina dos centros de beleza deve incluir a
limpeza diária dos equipamentos, bancadas e utensílios, além de um
estoque suficiente de rouparia? Pois bem, caro aluno, descreveremos,
a seguir, algumas especificidades do processo de limpeza, desinfecção
e esterilização das principais classes de artigos utilizados nos centros
de embelezamento, bem como as rotinas que devem ser adotadas
para limpeza do ambiente, constituindo as boas práticas nos serviços
de beleza.
2.1. Reprocessamento de artigos utilizados em centros de beleza

Questão para reflexão


Como a realização adequada dos métodos de reprocessamento dos
materiais utilizados em centros de beleza impactam na qualidade do
atendimento ao cliente?

2.1.1 Materiais e artigos metálicos


Todos os equipamentos metálicos, como alicates, pinças e
espátulas, devem ser lavados e escovados com detergente e água
corrente a cada utilização. Os detergentes comuns podem causar
oxidação nesse tipo de material, portanto, os mais indicados são os
detergentes enzimáticos.
Em seguida, deve-se enxaguar, secar e acondicionar o material em
embalagem apropriada, que permita o processo de esterilização, sendo
mais indicado o papel de grau cirúrgico para utilização em autoclave,
e o papel alumínio para estufas. Cada material e cada equipamento

102 U3 - Esterilização, desinfecção e limpeza em centros de beleza


exige um período mínimo de esterilização, e os materiais só devem ser
removidos após o resfriamento, pois atingem temperaturas altamente
elevadas.
Recomenda-se que as embalagens só sejam abertas no momento
de sua utilização e na frente do cliente, enfatizando todo o processo de
limpeza e esterilização adotado pelo estabelecimento.
2.1.2 Artigos e recipientes plásticos
Após a utilização, deve-se remover quaisquer resíduos de cosméticos
destes materiais, realizando lavagem com água, detergentes comuns e
esponjas e enxágue com água corrente. A secagem pode ser realizada
com papel toalha descartável ou toalhas convencionais, desde que seu
tecido não solte nenhuma fibra.
Antes do acondicionamento, que deve ser em local fechado, limpo
e seco, como gavetas e armários, recomenda-se aplicar álcool 70ºGL
por toda a superfície.
2.1.3 Escovas e pentes de cabelo
As escovas e pentes de cabelo devem ser limpas e desinfetadas a
cada utilização, ou seja, não devem ser reutilizadas entre um cliente e
outro. Caso necessário, deve-se realizar limpeza manual das escovas,
removendo resíduos visíveis antes de proceder com a lavagem.
A limpeza deve ser realizada com água e detergentes comuns,
deixando o produto agir por cerca de 10 minutos antes de realizar o
enxágue, também em água corrente. A secagem pode ser feita com
secadores de cabelo, em estufas, ou naturalmente, desde que tenha
sido removida a água residual. Antes do armazenamento em recipientes
limpos, deve-se borrifar uma solução de álcool 70ºGL e realizar
novamente a secagem. Depois de secá-los, pode-se acondicioná-los
em embalagens individuais para evitar deposição de poeira e aerossóis.
Há também, disponível no mercado, um higienizador de escovas
de cabelos que garante uma descontaminação eficaz através de calor
úmido, removendo quase integralmente fungos e bactérias causadores
de patologias capilares. Além de fornecer mais proteção aos clientes,
reduz a utilização de agentes químicos, permitindo uma atuação mais
sustentável.

U3 - Esterilização, desinfecção e limpeza em centros de beleza 103


Figura 3.12 | Higienizador de escovas de cabelo

Fonte: <http://www.shivacare.com.br/produtos/higienizadores/higienizador-shiva-branco-detalhes>. Acesso em: 3 set. 2017.

2.1.4 Toalhas e rouparia


Os lençóis descartáveis ou de tecido devem ser trocados a cada
atendimento, bem como as toalhas. Além disso, orientamos o uso de
uma toalha para cada procedimento, independentemente de ser o
mesmo cliente. Todas as roupas utilizadas, sejam lençóis, toalhas ou
capas, devem ser submersas em hipoclorito de sódio 0,1% diluído em
água por 30 minutos, e depois lavadas com água e sabão, não sendo
indicada a lavagem manual. Portanto, é desejável que processamento
das roupas seja realizado em máquinas de lavar. Para secagem, poderão
ser utilizadas secadoras, ou apenas pendurá-las em local arejado.
Além disso, as toalhas e os lençóis, de uma maneira geral, devem ser
armazenados, organizadamente, em local limpo, seco e arejado.
É importante que as toalhas sujas sejam dispostas em locais
específicos e de fácil limpeza para evitar contato e contaminação com
as roupas ainda limpas. As roupas sujas devem ser identificadas para
não ser confundidas com as limpas.
2.1.5 Acessórios e utensílios de maquiagem
Os utensílios para maquiagem, como pincéis e esponjas, facilmente
tornam-se abrigos de microrganismos, cujo desenvolvimento
é favorecido pela presença de calor e umidade. A utilização de
detergentes enzimáticos é recomendada em função da fragilidade
destes materiais, que podem facilmente ser deteriorados.
A limpeza consiste em imersão em solução com detergente
enzimático por 5 minutos, ou conforme indicação do fabricante. Deve
ser removido qualquer resíduo de produto e sujidade e a secagem pode

104 U3 - Esterilização, desinfecção e limpeza em centros de beleza


ser natural, com secador de cabelos ou estufas. Se a composição do
utensílio permitir, deve-se ser borrifado álcool 70ºGL, e após secagem,
armazenamento em locais fechados ou recipientes herméticos.
2.2 Limpeza e rotinas do ambiente

Questão para reflexão


Qual é a periodicidade e como realizar a limpeza do ambiente e dos
equipamentos de um centro de beleza?

A organização e limpeza do ambiente, além de todos os artigos


que entram diretamente em contato com os clientes, é essencial para
garantir a segurança no atendimento. O planejamento da estrutura
física dos centros de beleza deve contemplar características que
permitam uma rotina de limpeza prática e eficaz, incluindo paredes e
pisos laváveis, e ventilação e iluminação adequada.
2.2.1 Superfícies fixas:
A limpeza de superfícies fixas como piso, paredes e teto, deve
ser diária e sempre que necessária. Para otimizar o processo e evitar
contaminação de locais previamente higienizados, deve-se obedecer
à sequência do menos contaminado para o mais contaminado, ou
seja, da área mais limpa para a área mais suja e conforme a ação
da gravidade, realizando a limpeza de cima para baixo, e nunca em
sentido inverso.
A técnica recomendada para limpeza de teto, paredes e pisos, é a
técnica dos dois baldes, na qual um balde deve conter a solução com
água e detergente, e o outro balde deve possuir água o suficiente para
o enxágue.
Orienta-se que a limpeza ocorra em horário diferente ao
funcionamento do estabelecimento. Entretanto, quando houver
contaminação com material biológico, a desinfecção deve ocorrer tão
logo haja a exposição.
2.2.2 Mobiliários:
Para que os mobiliários sejam higienizados, recomenda-se que
sejam retirados todos os objetos da sua superfície. A limpeza deve ser
realizada com materiais específicos, não reutilizando panos utilizados
na limpeza das paredes, por exemplo. A limpeza deverá ocorrer

U3 - Esterilização, desinfecção e limpeza em centros de beleza 105


com água e detergente, e em superfícies plásticas, metálicas ou de
granito, deve-se borrifar álcool 70ºGL para desinfecção. Para limpeza
das luminárias, somente um pano úmido para remoção da poeira é
suficiente, lembrando que deve ser desligado a corrente elétrica para
evitar acidentes.
As banheiras de hidromassagem devem ser higienizadas com
hipoclorito de sódio a 1%, com a banheira completamente esvaziada.
Para segurança do profissional, é de fundamental importância, a
utilização de equipamentos de proteção individual, a fim de evitar
qualquer intoxicação.
A técnicas dos dois baldes também deve ser utilizada na limpeza
de armários, bancadas, macas e cadeiras. Quanto às louças sanitárias,
devemos iniciar pela limpeza da pia, considerando que é menos
contaminada do que o assento sanitário. Após a secagem, o álcool
70ºGL também deve ser borrifado caso o material do mobiliário
permita.
A manutenção dos mobiliários deve ser constante, pois mesmo
com a indicação de serem laváveis, fissuras, furos e sulcos favorecem
o desenvolvimento de microrganismos, além de causar uma má
impressão aos clientes.
2.2.3 Equipamentos:
Os equipamentos eletrônicos, telefones, computadores,
autoclaves e estufas, bem como os aparelhos de ar-condicionado,
também devem ser higienizados. Para fins de segurança, orienta-se a
desconexão dos aparelhos da tomada antes da limpeza, higienizando-
os com água e sabão neutro e borrifando álcool 70ºGL somente
quando o tipo de superfície permitir. Nos teclados de computadores,
por exemplo, o álcool etílico é contraindicado, devendo ser substituído
pelo álcool isopropílico, para evitar a deterioração do equipamento.
Alguns fabricantes indicam o método correto de higienização dos
seus equipamentos no próprio manual de instrução, e nesse caso, o
processo deve seguir tais recomendações.
Os materiais descartáveis devem ser acondicionados em lixeiras
fechadas e separados conforme o tipo de lixo e o descarte que será
realizado. Os equipamentos de proteção individual, bem como artigos
e resíduos de produtos, por exemplo cera depilatória e lixas de unha,
não devem ser reaproveitados entre um cliente e outro.

106 U3 - Esterilização, desinfecção e limpeza em centros de beleza


Para que toda essa rotina seja implementada adequadamente,
é importante também que o estabelecimento mantenha um local
específico para armazenamento dos materiais e produtos de limpeza,
que deve ser separado dos demais recintos, em local de fácil acesso,
com boa ventilação e com disposição de um tanque. Os profissionais
responsáveis pela limpeza deverão obedecer aos protocolos da
instituição e ser capacitados para tal função, trabalhando sempre com
vistas à prevenção de contaminação química e biológica.

Questão para reflexão


Você sabia que há uma lei publicada pela Anvisa, que estabelece
normas para utilização de diversos produtos, entre eles, os destinados
à higienização e desinfecção, de ambientes? Trata-se da Lei nº 6.360,
de 1976, que estabelece que esses produtos não podem causar efeitos
mutagênicos, teratogênicos ou carcinogênicos em mamíferos, ou seja,
não podem favorecer mutações, má formações ou câncer.

Tabela 3.4 | Sugestão de periodicidade de limpeza

Após o
Diária Semanal Quinzenal Mensal
uso
Piso X
Pias e vasos
X
Sanitários
Balcões X
Superfícies
de mesas e X
bancadas
Cadeiras de
clientes e de X
escritório
Espelhos X
Superfícies
X
de armários
Banheiras de
hidromassa- X X
gem

U3 - Esterilização, desinfecção e limpeza em centros de beleza 107


Aparelhos
telefônicos,
X
fax, impres-
soras
Superfícies
externas de
X
autoclaves e
estufas
Paredes, por-
X
tas e tetos
Vidros, es-
quadrias e X
persianas
Armários e
X
vitrines
Ar-condicio-
nado (parte X
externa)
Ar-condicio-
nado (parte
X
interna e
filtros)
Secadores e
vaporizado- X
res de cabelo
Luminárias X
Computa-
X
dores
Fonte: adaptada de Ramos (2009).

Atividades de aprendizagem
Com base nos conteúdos apresentados ao longo desta seção, realize as
seguintes atividades:

1. Cite quais materiais utilizados nos centros de embelezamento devem


passar pelo processo de esterilização e justifique.

108 U3 - Esterilização, desinfecção e limpeza em centros de beleza


2. Para minimizar os riscos de transmissão de infecções entre os profissionais
de saúde e os clientes, quais são as condutas que devem ser adotadas?

Fique ligado
O conhecimento a respeito dos mecanismos de controle de
infecção e transmissão de microrganismos patogênicos ganha
relevância em centros de beleza, uma vez que a natureza do trabalho
desempenhado nos procedimentos estéticos, requer contato direto
com os clientes e aumenta o risco de contaminação cruzada entre
os clientes propriamente ditos, ou entre os profissionais da área. Dessa
forma, os procedimentos de higienização devem ser uma preocupação
constante e fazer parte do planejamento estratégico.
Os materiais e equipamentos utilizados em estabelecimentos de
saúde e de beleza, quando não são descartáveis ou de uso único,
devem passar por criteriosos processos de limpeza, desinfecção
ou esterilização, além disso, o processo adequado para cada tipo
de material deverá considerar a composição, a finalidade e o risco
potencial de transmissão de doenças, conforme classificado por
Spaulding. Além disso, a rotina dos centros de beleza deve incluir a
limpeza diária dos equipamentos, bancadas e utensílios, estoque
suficiente de rouparias que contemple o uso individual, esterilização
de pequenos materiais, utilização de luvas e máscaras descartáveis
quando necessário, destino adequado de materiais descartáveis e a
higienização das mãos, caracterizada como o método mais viável e
com menor custo financeiro na prevenção de infecções.

Para concluir o estudo da unidade


Caro aluno, esta unidade abordou assuntos relacionados à limpeza,
desinfecção e esterilização de materiais, bem como os cuidados que
devem ser direcionados ao ambiente, como um todo. São temas muito
relevantes e importantes na prática do profissional de embelezamento.
Portanto, acesse os links recomendados e tenha bons estudos!

U3 - Esterilização, desinfecção e limpeza em centros de beleza 109


Atividades de aprendizagem da unidade
1. Leia a seguinte frase: “A remoção mecânica de agentes infecciosos e
matéria orgânica de qualquer superfície que apresente condições favoráveis
para a sobrevivência e multiplicação de microrganismos é conhecida como
processo de ________________.”
Assinale a alternativa que melhor preenche a lacuna.
a) Desinfecção.
b) Esterilização.
c) Antissepesia.
d) Reprocessamento.
e) Limpeza.

2. O médico americano, Earle Spaulding, em 1968 propôs uma forma de


classificação dos artigos utilizados na assistência os pacientes em artigos
críticos, não críticos e semicríticos, conforme o potencial de transmissão
dos microrganismos. Diante dessa informação, analise a classificação dos
artigos, apresentadas na primeira coluna e correlacione com cada tipo de
material, apresentado na segunda coluna.

Coluna 1 Coluna 2
1. Artigo crítico ( ) Roupas, bancadas, termodepilador, maca.
2. Artigo semicrítico ( ) Palitos de madeira, espátulas.
3. Artigo não crítico ( ) Alicates, lixas metálicas.
4. Artigo de uso único ( ) Cuba, rim, pincéis de maquiagem, escovas
de cabelo.

Assinale a alternativa que contempla a sequência correta:


a) 2, 4, 3, 1.
b) 4, 1, 2, 3.
c) 1, 2, 3, 4.
d) 3, 4, 1, 2.
e) 3, 1, 4, 2.

3. Um dos métodos de esterilização mais conhecidos e utilizados consiste na


combinação de três variáveis: temperatura, pressão e umidade esterilização,
realizado pela autoclave. Esse processo promove a desnaturação das
proteínas do material genético dos microrganismos, levando à sua
destruição. Assim, analise as afirmativas e indique qual a sequência correta
das etapas realizadas pela autoclave no processo de esterilização.

110 U3 - Esterilização, desinfecção e limpeza em centros de beleza


I. Condensação do vapor ao entrar em contato com a superfície fria dos
materiais, liberando calor latente.
II. Nivelamento da pressão em relação à pressão atmosférica e circulação do
ar dentro da câmara.
III. Remoção do ar presente no interior da câmara da autoclave.
IV. Secagem do material por meio da exaustão do vapor da câmara.
V. Exposição dos materiais a uma temperatura elevada, durante determinado
tempo, geralmente 121ºC durante 15 a 30 minutos.
Assinale a alternativa que contempla a sequência correta:
a) V, IV, I, III, II.
b) II, V, I, IV, III.
c) IV, II, V, I, III.
d) III, II, IV, I, V.
e) II, I, III, IV, V.

4. Os artigos utilizados em centros de beleza são compostos por materiais


diversos. Dessa forma, o método de reprocessamento mais indicado para
cada um deles deve levar em consideração sua composição, finalidade de
uso, bem como o risco potencial de transmissão de doenças. De acordo
com o exposto, leia as assertivas abaixo:
I. As escovas e pentes de cabelo devem ser limpas e desinfetadas a cada
utilização.
PORQUE
II. As escovas e pentes de cabelo são considerados como artigos semicríticos.
a) As duas assertivas são falsas.
b) A assertiva I é falsa e a II é verdadeira.
c) A assertiva I é verdadeira e a II é falsa
d) As duas assertivas são verdadeiras, mas a II não justifica a I.
e) As duas assertivas são verdadeiras e a II justifica a I.

5. Ao estabelecer uma rotina de limpeza do centro de beleza, o profissional


estará contribuindo com a organização do trabalho, bem como a prevenção
da disseminação e transferência de microrganismos aos indivíduos. Dessa
forma, analise as afirmativas abaixo e assinale com V (verdadeiro) e F (falso).
( )R  ealizar a limpeza e organização semanal do estabelecimento.
( ) Limpar as macas com água e detergente periodicamente e desinfetar
com álcool 70% ao final do dia.
( )L  impar o banheiro com água e detergente e desinfetar o vaso sanitário.
( ) Ao realizar procedimentos de limpeza e desinfecção, utilizar equipamentos
de proteção individual, como óculos de proteção, máscara, avental
impermeável e luvas de segurança de borracha.

U3 - Esterilização, desinfecção e limpeza em centros de beleza 111


Assinale a alternativa que contempla a sequência correta:
a) F, F, V, V.
b) F, V, F, V.
c) V, V, V, V.
d) F, V, V, F.
e) V, F, V, V.

112 U3 - Esterilização, desinfecção e limpeza em centros de beleza


Referências
Associação Paranaense de Controle de Infecção Hospitalar. Curso de Processamento de
Materiais Médico-Hospitalares e Odontológicos – MODULO II. Curitiba, Paraná. Nov.
2010.
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA. Consulta Pública n. 104. Brasília,
Dez. 2002.
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA. Resolução de Diretoria
Colegiada – RDC N°107. Brasília, set. 2016.
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA. Resolução - RDC Nº 15. Brasília,
mar. 2012.
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA. Resolução - RE N° 2.606, de 11
de agosto de 2006. Brasília, 2006.
Centro de Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo. Manual de orientação para
instalação e funcionamento de institutos de beleza sem responsabilidade médica. jun,
2012.
LEITE F. B. Central de material esterilizado: projeto de reestruturação e ampliação do
hospital regional de Francisco Sá [Internet]. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2008 [citado
2017 ago. 30]. Disponível em:http://bvsms.saude.gov.br/bvs/artigos/artigo_CME_flavia_
leite.pdf.
MACAGNANI, C. B.; TONELLI, S. R. Conservação da esterilidade de artigos úmidos após
autoclavação e armazenamento. Revista da Sociedade Brasileira de Enfermagem e
Centro Cirúrgico. V. 17, n. 2, p. 26-32. Abr/Jun, 2012.
Ramos, J.M.P. Biossegurança em estabelecimentos de beleza e afins. 1. ed. São Paulo:
Atheneu Editora, 2009.
SANTOS, M. V. L.; COSTA, J. A. Processamento de artigos para terapia ventilatória: revisão
da literatura nacional. Revista da Sociedade Brasileira de Enfermagem e Centro Cirúrgico.
v. 19, n. 2, p. 87-91. Abr/Jun, 2014.
SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DO ESPIRITO SANTO. Guia de referência para
limpeza, desinfecção e esterilização de artigos em Serviços de Saúde. 1. ed. Espírito
Santo, 2009.
SECRETARIA DE ESTADO DE SÃO PAULO. Manual de normas, rotinas e procedimentos
de Enfermagem - Atenção Básica /SMS-SP. 2. ed. 2015.
SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE BELO HORIZONTE. Boas práticas de
funcionamento para institutos e salões de beleza, estética, cabeleireiro e similares. Minas
Gerais, 2015.
TENGAN, C.; PRADO, D.; LIMA, A. C. O.; CORTELLAZZI, M.; QUERIDO, S. M. R. – SEBRAE.
Dicas SEBRAE para salão de beleza: Postura profissional e normas técnicas. Recife, 2010.
TENGAN, C.; PRADO, D.; LIMA, A. C. O.; CORTELLAZZI, M.; QUERIDO, S. M. R. Avaliação
microbiológica in vitro da desinfecção de instrumentais na prática ortodôntica. Revista
Ciência e Saúde. v. 1, n. 3, p. 34-41, 2016.

U3 - Esterilização, desinfecção e limpeza em centros de beleza 113


Unidade 4

Manejo de resíduos nos


serviços de saúde
Silvia Paulino Ribeiro Albanese

Objetivos de aprendizagem
• Descrever a relação de resíduos no contexto da sociedade,
meio ambiente e saúde.

• Refletir a relação de resíduos com aspectos populacionais


e padrão de consumo, bem como reconhecer os tipos de
resíduos e sua classificação.

• Conceituar Resíduos de Serviços de Saúde-RSS.

• Definir riscos ocupacionais e relacionar com biossegurança.

• Conhecer a legislação nacional de resíduos de serviços de


saúde.

• Descrever os objetivos e etapas da implantação do Plano de


Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde-PGRSS.

• Exemplificar atribuições dos profissionais de beleza na


gestão de RSS.

• Relacionar estratégias gerenciais sustentáveis para resíduos


de serviços de saúde com aplicação no cotidiano.

• Citar a política dos 4R: reduzir-reutilizar-restaurar-e-reciclar


como estratégia de gerenciamento.
Seção 1 | Resíduos, sociedade e meio ambiente. resíduos de serviços de
Saúde-RSS e riscos ocupacionais.
Na Seção 1 iremos explorar os temas de resíduos, sociedade e meio ambiente,
princípio de sustentabilidade, caracterização dos tipos de resíduos com foco nos
Resíduos de Serviços de Saúde-RSS e os riscos ocupacionais em centros de beleza.

Seção 2 | Legislações sobre resíduos de serviços de saúde. Sistema de


Gerenciamento Interno (SGI) e Sistema de Gerenciamento
Externo (SGE).
Na Seção 2 conheceremos as legislações sobre resíduos de serviços de
saúde, as descrições das etapas do gerenciamento Interno e externo e ainda as
particularidades da legislação para centros de beleza.

Seção 3 | Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde-


PGRSS passo a passo. Responsabilidades e direitos do trabalhador
assegurados na legislação do Brasil.
Já na Seção 3 iremos detalhar todos os aspectos do Programa de
Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde-PGRSS passo a passo e as
responsabilidades e direitos do trabalhador assegurados na legislação do Brasil.

Seção 4 | Política dos 4R: reduzir-reutilizar-restaurar-e-reciclar. Práticas


globais e metodologias de minimização de resíduos em serviços
de saúde.
Finalizando nossos estudos, na Seção 4 iremos estudar o gerenciamento
integrado de resíduos de serviços de saúde. De uma forma bem prática, vamos
discutir o papel do profissional de beleza e ainda as práticas globais e metodologias
de minimização de resíduos em serviços de saúde. E encerrando a unidade será
apresentada a Política dos 4R: reduzir-reutilizar-restaurar-e-reciclar.
Introdução à unidade
Centros de beleza é termo amplo que pode incluir locais que
realizam procedimentos que podem ser classificados como serviços
de saúde, pela legislação nacional de Resíduos de Serviços de Saúde.
O setor saúde tem contribuído para agravar os problemas de saúde
ambiental, embora esteja tentando resolver ou minimizar seus
impactos. Isto ocorre devido aos produtos e tecnologias que emprega;
dos recursos que consome; dos resíduos que gera e dos edifícios que
constrói e utiliza.
Durante essa disciplina, certamente, você passará a refletir seu
padrão de consumo e os resíduos gerados inevitavelmente no nosso
estilo de vida contemporâneo, e sua postura como profissional da
beleza e cidadão nesse aspecto.
Seção 1
Resíduos, sociedade e meio ambiente. Resíduos de
Serviços de Saúde-RSS e riscos ocupacionais.
Introdução à seção

A produção de resíduos sólidos faz parte do cotidiano do ser


humano. Não se pode imaginar um modo de vida que não gere
resíduos sólidos. Em função do aumento da população humana, da
concentração da população em centros urbanos, da forma e do ritmo
da ocupação desses espaços, associados ao modo de vida com base
na produção e consumo cada vez mais rápidos de bens, os problemas
causados por esses resíduos tendem a se tornarem mais visíveis
(MALHEIROS, PHIIPP JR., 2005).
A questão dos resíduos sólidos é um dos problemas ambientais
prioritários no início do século XXI, são considerados a expressão mais
visível e concreta dos riscos ambientais, ocupando um importante
papel na estrutura de saneamento de uma comunidade urbana.
Uma sociedade sustentável é aquela que consegue suprir suas
necessidades de produção, consumo e crescimento sem comprometer
as bases para o desenvolvimento das futuras gerações, deve, portanto,
caminhar no sentido do desenvolvimento sustentável, equilibrando o
crescimento econômico com a preservação do meio ambiente e a
qualidade de vida.

Para saber mais


Sobre uma sociedade sustentável e as dificuldades de implantação no
Brasil, acesse o link: <http://www.suapesquisa.com/ecologiasaude/
sociedade_sustentavel.htm>. Acesso em: 27 set. 2017.
Segundo os dados do Panorama dos Resíduos Sólidos, o Brasil tem
geração diária de mais de 98 mil toneladas de resíduos, equivalente a
1,295 kg por habitante por dia (ABRELPE, 2016).

118 U4 - Manejo de resíduos nos serviços de saúde


Questão para reflexão
Tente utilizar essa referência e fazer um cálculo rápido, pegando como
exemplo a quantidade de pessoas que moram na sua casa. Exemplo:
na minha família somos 4 pessoas, o que daria uma média de geração
de 5,180 kg de resíduos por dia. Moro em um condomínio com 64
apartamentos com essa média de moradores em cada residência, que
já chegaria a 331.52 kg de resíduos/dia só no meu condomínio, e assim
poderíamos fazer diversos cálculos.
Com uma população mundial de 7,2 bilhões de habitantes, com
mais da metade vivendo em cidades com uma projeção de até 2050
alcançarmos uma população mundial urbana de 8 bilhões e 900 mil
pessoas (UNFPA, 2014), os aspectos populacionais devem fazer parte
da discussão sobre gerenciamento de resíduos, uma vez que não tem
como pensar um estilo de vida que não gere resíduos.

Questão para reflexão


O termo lixo é igual resíduo? Será que a renda financeira da pessoa
interfere no padrão de geração de resíduos?
O conceito mais atual é de que lixo é aquilo que ninguém quer ou não tem
valor comercial, nesse caso, pouca coisa descartada pode ser chamada
de lixo que constitui o resto das atividades humanas, consideradas pelos
geradores como inúteis, indesejáveis ou descartáveis; apresentam-se
sob estado sólido, semissólido ou líquido. Já o termo “resíduo” sugere a
ideia de algo que sobrou, mas que pode ser usado para outros fins (farias
e fontes, 2003). Com isso entende-se que o termo resíduo seja mais
adequado e traz um conceito mais amplo, incluindo a possibilidade de
reciclagem, recuperação e reuso.
Existe uma tendência de se pensar que o lixo é o espelho da sociedade,
tão geradora de resíduos quanto mais consumistas e qualquer tentativa
de reduzir sua quantidade ou alterar sua composição pressupõe uma
mudança de comportamento social (TEIXEIRA; CARVALHO, 2006).
Além da geração dos resíduos domiciliares, que por si só representam
um desafio para os gestores públicos, nos ambientes urbanizados
são produzidos uma gama de outros tipos de resíduos, com diversas
características e volumes crescentes que de forma emergencial pedem
por um gerenciamento adequado.

U4 - Manejo de resíduos nos serviços de saúde 119


1.1 Classificação dos resíduos
Vamos aprender sobre os tipos de idem e como se classificam?
Os resíduos sólidos podem ser classificados de acordo com a
ORIGEM, TIPO DE RESÍDUO E PERICULOSIDADE, conforme abaixo:
De acordo com a ORIGEM:
- “Resíduo domiciliar”: são aqueles gerados nas residências e sua
composição é bastante variável sendo influenciada por fatores como
localização geográfica e renda familiar.
- “Resíduo agrícola”: são aqueles gerados pelas atividades
agropecuárias (cultivos, criações de animais, beneficiamento,
processamento etc.). Podem ser compostos por embalagens de
defensivos agrícolas, restos orgânicos (palhas, cascas, estrume, animais
mortos, bagaços etc.), produtos veterinários etc.
- “Resíduo Comercial”: são aqueles produzidos pelo comércio em
geral. A maior parte é constituída por materiais recicláveis como papel
e papelão.
Os centros de beleza de um modo geral têm parte dos resíduos
que geram nesse grupo.
-“Resíduo industrial”: são originados dos processos industriais.
Podem ser constituídos por escórias como: cinzas, lodos, óleos,
plásticos, papel, borrachas etc.
-“Resíduos da construção civil”: mais conhecido como “entulho”
são resultantes da construção civil e reformas, grandes partes podem
ser reaproveitadas.
- “Resíduo público ou de varrição": é aquele recolhido nas vias
públicas, sua composição é muito variada e podem conter: folhas
de árvores, galhos e grama, animais mortos, papel, plástico, restos de
alimentos etc.
Todos os tipos de resíduos acima são subcategorizados como
“Resíduos Sólidos Urbanos-RSU”, que é o nome usado para denominar
o conjunto de todos os tipos de resíduos gerados nas cidades e
coletados pelo serviço municipal.
Além dos RSU, temos ainda os outros tipos como:
- “Resíduos de portos, aeroportos e terminais rodoviários e
ferroviários”: o lixo coletado nesses locais é tratado como “resíduo
séptico”, pois pode conter agentes causadores de doenças trazidas de

120 U4 - Manejo de resíduos nos serviços de saúde


outros países.
- “Resíduo de mineração”: podem ser constituídos de solo removido,
que contenham metais pesados, restos e lascas de pedras e outros.
E por último, mas não menos importantes para os profissionais de
saúde, no contexto dessa discussão.
- “Resíduo de Serviços de Saúde-RSS: os RSS compreendem grande
variedade de resíduos, com distintas características e classificações,
considerando-se as inúmeras e diferentes atividades que são realizadas
nos estabelecimentos de saúde. São resíduos gerados por qualquer
estabelecimento que direta ou indiretamente, preste serviço ligado à
saúde humana ou animal em qualquer nível de atenção, prevenção,
diagnóstico, tratamento, reabilitação ou pesquisa. Em decorrência de
suas características físico-químicas e infectocontagiosas, necessitam
ser segregados de forma adequada, visando minimizar os impactos
intra e extra unidades (GUNTHER, 2008).
Antigamente, a denominação de lixo hospitalar era usada para
qualquer resto proveniente de hospitais e serviços de saúde, como
a classificação está ligada à origem e os hospitais são os maiores
geradores era o termo mais utilizado.
De acordo com o TIPO temos:
- “Resíduo reciclável”: papel, plástico, metal, alumínio, vidro etc.
- “Resíduo não reciclável” ou “rejeito”: resíduos que não são
recicláveis, ou resíduos recicláveis contaminados;
De acordo com a PERICULOSIDADE:
Essa classificação foi definida pela ABNT na norma NBR 10004:2004
da seguinte forma:
- Resíduos perigosos (Classe I): são aqueles que por suas
características podem apresentar riscos para a sociedade ou para o meio
ambiente. São considerados perigosos também os que apresentem
uma das seguintes características: inflamabilidade, corrosividade,
reatividade, toxicidade e/ou patogenicidade. Os resíduos que recebem
esta classificação requerem cuidados especiais de destinação.
- Resíduos não perigosos (Classe II): não apresentam nenhuma
das características acima, podem ainda ser subclassificados em dois
subtipos relacionados a ser inerte ou não.

U4 - Manejo de resíduos nos serviços de saúde 121


1.2 Responsabilidade de gestão dos resíduos
A responsabilidade pela coleta e destinação do resíduo gerado pode
variar de estado para estado e de município para município de acordo
com a legislação local, mas geralmente se distribui da seguinte forma:
Municípios: são responsáveis pela coleta e destinação dos resíduos
domiciliares, comerciais e públicos;
Gerador: os resíduos de serviços de saúde, industrial, de portos,
aeroportos, terminais ferroviários e rodoviários, agrícolas e entulhos,
são de responsabilidade de quem os gerou.
Agora que conhecemos todos os tipos de resíduos presentes em
uma sociedade, vamos focar nossos estudos somente para os Resíduos
de Serviços de Saúde-RSS.
1.3 Resíduos de Serviços de Saúde-RSS
No Brasil, os RSS conforme as normas NBR 12.807 e 12.808 da
Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT (1993a, 1993b) são
conceituadas como sendo:

Os resíduos resultantes das atividades exercidas por


estabelecimentos geradores destinados à prestação de
assistência sanitária à população, como hospitais, unidades
básicas de saúde, clínicas médicas, odontológicas,
veterinárias, laboratórios e farmácias, clinicas de tatuagens,
funerários e centros de belezas.

A ANVISA, por meio da RDC 306/04, que é principal instrumento


legal e órgão fiscalizador, estando vinculado o alvará sanitário de
funcionamento das instituições de saúde, define como procedimentos
mínimos no gerenciamento de RSS:
Um conjunto de procedimentos de gestão, planejados e
implementadas a partir de bases científicas e técnicas, normativas
e legais, com os objetivos de minimizar a produção de resíduos e
proporcionar aos resíduos gerados um encaminhamento seguro,
de formas eficientes, visando à proteção dos trabalhadores, a
preservação da saúde pública, dos recursos naturais e do ambiente
(BRASIL, 2004,p. 21).
No Regulamento Técnico para o Gerenciamento de RSS da RDC

122 U4 - Manejo de resíduos nos serviços de saúde


306/04, no item 1 do capítulo III, define o manejo como as seguintes
etapas: segregação, acondicionamento, identificação, transporte
interno, armazenamento temporário, tratamento, armazenamento
externo, coleta e transporte externos e destinação final. Também
determina que os estabelecimentos de saúde devam obter licença
ambiental municipal, ou, na ausência desse órgão, através do órgão
ambiental estadual.
O sistema de gerenciamento dos RSS engloba duas fases distintas,
dependendo de suas etapas, ou seja: quando ligado à instituição
geradora – serviço de saúde – pode ser chamado de Sistema de
Gerenciamento Interno (SGI), e quando relacionado aos procedimentos
de coleta externa, transporte, tratamento e disposição final, pode ser
denominado Sistema de Gerenciamento Externo (SGE).
Esses resíduos são classificados como Grupo A, B, C, D e E. Os
do Grupo A são os resíduos infectantes, são aqueles com possível
presença de agentes biológicos, como algodão ou gaze com sangue
e secreção; os do Grupo B são os que contêm substâncias químicas
como frascos de produtos alisantes de cabelos, produtos com formol
e outros; os do Grupo C são os radioativos (centros de beleza não
geram); os do grupo D, resíduos comuns recicláveis e não recicláveis
que podem ser equiparados aos resíduos domiciliares como restos de
comida, papel de banheiros, áreas administrativas, embalagens, copos,
a maioria absoluta dos resíduos do centro de beleza pertence a essa
grupo e ainda temos o Grupo E que são os materiais perfurocortantes
ou escarificantes como agulhas, lâminas de barbear, lacres de
embalagens e tudo que for pontiagudo (BRASIL, 2004) (BRASIL, 2005).
Acreditamos que deu para você ter uma noção de quão complexo
é o gerenciamento de resíduos de serviço de saúde na prática.
Um sistema de gerenciamento implantado permite aos hospitais,
clinicas e centros de beleza o manejo adequado dos resíduos por
controlar e reduzir com segurança e economia os riscos para a
saúde, ocasionados pelos resíduos infectantes e químicos e ainda
facilita a reciclagem, o tratamento, o armazenamento, o transporte
e a disposição final dos RSS de forma ambientalmente segura, com
significativas reduções de custos e impacto econômico (NOGUEIRA,
2014).
Na Seção 2 iremos detalhar cada uma dessas etapas da legislação.
Os RSS vêm assumindo grande importância nos últimos anos, não

U4 - Manejo de resíduos nos serviços de saúde 123


necessariamente pela quantidade gerada que é cerca de 1 a 3% do
total dos resíduos sólidos urbanos, mas pelo potencial de risco que
representam à saúde e ao meio ambiente (AGAPITO, 2007). Isso
acontece pois quando esse pequeno montante não é manipulado
corretamente, torna os demais resíduos infectantes (CHAERUL;
TANAKA; SHEKDAR; 2008;). Isso tem suscitado a criação de
políticas públicas e legislações, que têm como eixos de orientação a
sustentabilidade do meio ambiente e a preservação da saúde.
Vários podem ser os danos decorrentes do mau gerenciamento
dos RSS; dentre eles destaca-se a contaminação do meio ambiente, a
ocorrência de acidentes de trabalho envolvendo profissionais da saúde,
o comprometimento da higiene hospitalar, problemas na limpeza
pública e agravos na saúde dos catadores de lixo; a propagação de
doenças para a população em geral, por contato direto ou indireto
através de vetores, além de uma série de contaminantes químicos
presentes, dentre os quais se destacam os metais pesados (MALHEIROS;
PHILIPPI Jr., 2005).
Vamos conhecer os riscos que podem estar presentes nos RSS
quando gerenciado adequadamente.
1.4 Riscos relacionados aos resíduos de serviços de saúde
A Organização Mundial de Saúde - OMS no ano de 2013, publicou
um manual sobre o gerenciamento seguro e sustentável de resíduos
de saúde, que é um termo que inclui todos os resíduos gerados dentro
de hospitais, centros de saúde, centros de pesquisa, laboratórios e
clínicas relacionadas a procedimentos de saúde. Neste conceito
também estão inclusos os resíduos produzidos pelos trabalhadores e
pacientes/clientes; todos os resíduos gerados no curso dos cuidados
de saúde, ou prestação de serviço em centros de beleza, inclusive
em áreas administrativas, cozinha, manutenção, jardins, podendo
ser incluído ainda as embalagens recicláveis. Com isto, chega-se a
números próximos de 75 a 90% dos resíduos produzidos em serviços
de saúde podem ser comparáveis a resíduos domiciliares, chamados
de “resíduos de serviços de saúde comum” ou ainda “não perigosos”. O
restante que pode variar de 10 a 25 % dos RSS de fato são considerados
como "perigosos" e podem representar uma série de riscos ambientais
e de saúde (WHO, 2007).
Os resíduos de serviços de saúde apresentam riscos que, se
bem gerenciados, não resultam em danos à saúde pública e ao

124 U4 - Manejo de resíduos nos serviços de saúde


meio ambiente. Assim como os resíduos gerados pela comunidade,
o potencial de risco dos RSS aumenta quando são manuseados de
forma inadequada ou não são apropriadamente acondicionados e
descartados, especialmente em situações que favorecem a penetração
de agentes de risco no organismo como os perfurocortantes.
A seguir veremos uma abordagem sobre as características
microbiológicas sobre os riscos que os RSS podem vir (ou não) a
apresentar.
1.5 Características microbiológicas e riscos potenciais dos RSS
Os RSS são gerados por prestadores de assistência médica,
odontológica, laboratorial, farmacêutica, incluídos aqui os centros de
belezas, relacionada tanto à população humana quanto à veterinária,
os quais possuem potencial risco de causar infecção. O potencial
risco ocorre em função da presença de material biológico, produtos
químicos perigosos, objetos perfurocortantes contaminados e rejeitos
radioativos.
Segundo Morel e Bertusi Filho (1997), os primeiros estudos realizados
com intuito de caracterizar as unidades geradoras de RSS, em termos
qualitativos e quantitativos, ocorreram em 1978. “Naquela oportunidade
foi identificada uma série de microrganismos presentes na massa
de resíduos, razão pela qual recomendaram cuidados especiais no
gerenciamento como acondicionamento e coleta”. Nesses estudos
foram identificados os seguintes microorganismos: Salmonela typhi,
Shigella sp., Pseudomonas sp., Streptococus, Staphylococus aureus e
Cândida albicans. A possibilidade de sobrevivência de vírus na massa
de resíduos sólidos foi comprovada para pólio tipo I, hepatites A e B,
influenza, vaccínia e vírus entéricos. Ainda nesse estudo, verificaram
o tempo de sobrevivência em dias de alguns agentes etiológicos na
massa de resíduos sólidos: Entamoeba histolylica de 8 a 12, Leptospira
interrogans de 15 a 43, polivírus de 20 a 170, larvas de vermes de 25 a
40, Salmonella typhi de 29 a 70, Mycobacterium tuberculosis de 150 a
180, Ascaris lumbricoides (ovos) de 2.000 a 2.500 dias.
Apesar das evidências do estudo de Morel e Bertusi Filho (1997),
ainda há divergências de posicionamento quanto às características
microbiológicas dos RSS entre pesquisadores, políticos e administradores
hospitalares, gerando conflitos quanto ao rigor de todo um sistema de
gerenciamento dos RSS diferenciado dos resíduos urbanos.
Na literatura internacional e brasileira, há inúmeras publicações

U4 - Manejo de resíduos nos serviços de saúde 125


de pesquisadores, tanto da área da saúde, saneamento e meio
ambiente, que afirmam não existirem fatos que comprovem que os
RSS apresentem maior periculosidade e que também sejam mais
contaminados que os resíduos domiciliares, não havendo, portanto,
justificativa para exigência de tratamento, coleta e disposição final
diferenciada. É consenso nas práticas globais o gerenciamento rigoroso
para os resíduos perigosos que representa cerca de 10 a 25% do total e
aos perfurocortantes que se enquadram no grupo E, da RDC 306/04,
por poderem romper a integridade da pele e a recipientes contendo
culturas com material vivo (Ex.: frascos de vacinas) mesmo que ambos
correspondam a uma parcela mínima do total de RSS.
Deve-se considerar, na realidade brasileira, a variação da capacidade
de gestão ambiental dos municípios como sistemas de tratamento
dos resíduos perigosos e a destinação final com aterros sanitários
licenciados, ainda a exposição dos catadores nos lixões, condições da
queima de lixo a céu aberto sem segregação e a saúde ocupacional.
1.6 Saúde do Trabalhador e RSS
A questão dos RSS não pode ser analisada apenas no aspecto
da transmissão de doenças infecciosas, também existe um foco na
saúde do trabalhador e a preservação do meio ambiente, sendo essas
preocupações o foco da Biossegurança.
A seguir apresentamos de forma sistematizada os riscos mais
comuns relacionados ao gerenciamento de RSS e a Saúde do
Trabalhador:
Risco biológico
Considera-se risco biológico a probabilidade da ocorrência de um
evento adverso em virtude da presença de um agente biológico. Os
pré-requisitos necessários para o desenvolvimento de uma doença
infecciosa são: presença do agente infeccioso; número suficiente
do agente; hospedeiro suscetível; porta de entrada do agente no
hospedeiro, que deve estar presente ou ser criada.
Na literatura, há registros de muitos acidentes envolvendo resíduos
perfurocortantes (criação da porta de entrada) com sangue e outros
fluidos orgânicos (possíveis presença e concentração do agente
infectante), envolvendo tanto o pessoal da atenção à saúde como o
da limpeza e coleta dos resíduos, muitas vezes, com baixa resistência
e sem imunização.

126 U4 - Manejo de resíduos nos serviços de saúde


Para diminuir o risco de transmissão de doenças por sangue e
fluidos, recomendam-se esses cuidados:
- descartar todo resíduo perfurocortante e abrasivo, inclusive os
que não foram usados, em recipiente exclusivo, resistente à perfuração
e com tampa, sem ultrapassar o limite de 2/3 da capacidade total;
orgânicos, devem-se:
- colocar os recipientes coletores para o descarte de material
perfurocortante próximo ao local onde é realizado o procedimento;
- não reencapar, entortar, quebrar ou retirar manualmente as
agulhas das seringas;
- transportar os sacos de lixo segurando sempre pelo nó de
amarração e longe do corpo;
- não enrolar roupas de camas, lençóis sem conferir a presença de
agente perfurocortante;
- atenção durante a higiene do local e comum agulhas e lacres no
chão;
- atenção durante aspiração e outros procedimentos com exposição
a materiais biológicos e
- fornecer equipamentos de proteção individual-EPI aos
trabalhadores do centro de beleza.
Risco físico
Exposição dos profissionais a agentes físicos como, por exemplo,
a temperaturas extremas, ruído, vibração, radiação não ionizante,
iluminação deficiente ou excessiva e umidade. A capacitação
continuada, o correto atendimento às normas e o gerenciamento dos
resíduos minimizam a exposição a este tipo de risco.
Risco químico
O risco químico no gerenciamento de RSS em centro de beleza tem
como possíveis causadores: embalagens de produtos que contenham
formol e outros tipos de alisantes, saniantes e desinfetantes químicos
(álcool, glutaraldeído, hipoclorito de sódio, ácido peracético, clorexidina
etc.) e ainda pilhas e baterias, reveladores de RX e outros tantos.
O risco químico pode ser minimizado utilizando-se equipamentos
de proteção individual – EPIs (luvas, máscaras, respirador nasal, óculos
e avental impermeável) adequados para o manuseio de produtos
químicos.

U4 - Manejo de resíduos nos serviços de saúde 127


1.7 Finalizando a seção
Os padrões de produção e consumo e ainda a forma de reprodução
do capital, aliados aos fatores populacionais trazem reflexos no
gerenciamento de resíduos de um modo geral.
Além da geração dos resíduos domiciliares, que por si só representam
um desafio para os gestores públicos, nos ambientes urbanizados
são produzidos uma gama de outros tipos de resíduos, com diversas
características e volumes crescentes que de forma emergencial pedem
por um gerenciamento adequado.
Os Resíduos de Serviços de Saúde-RSS vêm assumindo grande
importância nos últimos anos, não necessariamente pela quantidade
gerada que é cerca de 1 a 3% do total dos resíduos sólidos urbanos, mas
pelo potencial de risco que representam à saúde e ao meio ambiente.
Os centros de belezas não são os serviços que mais geram RSS,
mas, é necessária uma adequação a legislação e ações que minimizem
os riscos dos trabalhadores.
O gerenciamento de resíduos de serviço de saúde compreende
ações planejadas e implementadas, pautadas nas legislações vigentes,
com o compromisso de minimizar a produção de resíduos gerados
e oferecer aos mesmos um encaminhamento e tratamento seguros,
visando a proteção dos trabalhadores e a preservação da saúde e do
meio ambiente.

Atividades de aprendizagem
1. Ao analisar a evolução da compreensão do conceito dos resíduos
produzidos pelos serviços de saúde, percebe-se que houve diferentes
entendimentos, baseado na RDC 306/04, Assinale a alternativa correta para
o atual termo utilizado:
a) Resíduo de Serviços de Saúde-RSS.
b) Resíduos Sólidos de Saúde-RSS.
c) Rejeitos dos Serviços de Saúde-RSS.
d) Resíduos de Serviços Sanitários-RSS.
e) Rejeitos Sólidos de Saúde-RSS.

128 U4 - Manejo de resíduos nos serviços de saúde


2. De acordo com a RDC 306/04 e Conama 358/05, quanto à classificação
dos resíduos de serviços de saúde por grupos, é correto afirmar que:
a) A-Infectante, B-Químico, C-Radioativo, D-Comum e E-Perfuro Cortante.
b) A-Autocortante, B-Biológico, C-Comum, D-Destilado e E-Especiais.
c) A-Biológico, B-Químico, C-Comum, D-Radioativo e E-Perfuro Cortante.
d) A-Infectante, B-Químico, C-Comum, D-Radioativo e E-Perfuro Cortante.
e) A-Químico, B-Biológico, C-Radioativo, D-Comum e E-Perfuro Cortante.

U4 - Manejo de resíduos nos serviços de saúde 129


Seção 2
Legislações sobre Resíduos de Serviços de Saúde.
Sistema de Gerenciamento Interno (SGI) e Sistema
de Gerenciamento Externo (SGE).
Introdução à seção

No novo cenário político legislativo na área de resíduos no Brasil,


os serviços de saúde ainda buscam se adequar às legislações, mas
pode-se dizer que hoje existe um alinhamento entre os diversos
órgãos que legislam na área de resíduos sólidos, fato que não ocorria
até 2003, quando existiam divergências entre os órgãos de fiscalização
e regulação.Define-se como geradores de Resíduos de Serviços de
Saúde (RSS) todos os serviços relacionados com o atendimento à saúde
humana ou animal, inclusive os serviços de assistência domiciliar e de
trabalhos de campo; laboratórios analíticos de produtos para saúde;
necrotérios, farmácias, estabelecimentos de ensino e pesquisa na área
de saúde; centros de controle de zoonoses, serviços de acupuntura;
serviços de tatuagem, centros de belezas, dentre outros similares.
A Resolução nº 358, de 29 de abril de 2005, do CONAMA define
que o gerador de RSS é o responsável legal, desde a geração até a
disposição final, de forma a atender aos requisitos ambientais, de saúde
pública e saúde ocupacional (BRASIL, 2005).
Citamos como as mais importantes legislações em vigor a RDC
nº 306, de 7 de dezembro de 2004 da ANVISA (BRASIL, 2004), que
detalha mais a gestão interna dos RSS no estabelecimento de saúde e a
Resolução nº 358 de 29 de abril de 2005 do CONAMA (BRASIL, 2005),
que aprofunda mais a gestão externa ao estabelecimento de saúde.
A Política Nacional de Resíduos, instituída através da Lei nº 12.305, de
2 de agosto de 2010, é posterior a legislação específica de Resíduos
de Serviços de Saúde, mas traz grandes avanços também descritos na
Lei Estadual nº 12.300, de 16 de março de 2006, que institui a Política
Estadual de Resíduos Sólidos. A seguir vamos aprender sobre o Sistema
de Gerenciamento Interno (SGI) e Sistema de Gerenciamento Externo
(SGE).

130 U4 - Manejo de resíduos nos serviços de saúde


Sistema de Gerenciamento Interno (SGI) e Sistema de
Gerenciamento Externo (SGE)
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), através da RDC
nº 306, de 7 de dezembro de 2004, define como procedimentos
mínimos no gerenciamento de RSS:

Um conjunto de procedimentos de gestão, planejados


e implementadas a partir de bases científicas e técnicas,
normativas e legais, com os objetivos de minimizar a
produção de resíduos e proporcionar aos resíduos gerados
um encaminhamento seguro, de formas eficientes, visando
à proteção dos trabalhadores, a preservação da saúde
pública, dos recursos naturais e do ambiente.

O sistema de gerenciamento dos RSS engloba duas fases distintas,


quando ligado à instituição geradora – estabelecimento de saúde
(Centro de Beleza) – pode ser chamado de Sistema de Gerenciamento
Interno (SGI), e quando relacionado aos procedimentos de coleta
externa, transporte, tratamento e disposição final, pode ser denominado
Sistema de Gerenciamento Externo (SGE).
No Regulamento Técnico para o Gerenciamento de RSS da RDC
nº 306, de 7 de dezembro de 2004, no item um do capítulo III, define
o manejo com as seguintes etapas: segregação, acondicionamento,
identificação, transporte interno, armazenamento temporário,
tratamento, armazenamento externo, coleta e transporte externos e
destinação final (BRASIL, 2004).
A seguir está apresentada uma representação gráfica das etapas de
manejo dos RSS (VENÂNCIO, 2005) nas figuras 4.1 e 4.2.

U4 - Manejo de resíduos nos serviços de saúde 131


Figura 4.1 | Sistema de gerenciamento interno

Fase
Intra-estabelecmento

Geração

Classificação

Segregação

Minimização Tratamento Prévio

Acondicionamento e
Manuseio

Armazenamento
Intermediário

Coleta e Transporte Internos

Armazenamento Final

Figura 4.2 | Sistema de gerenciamento externo

Fase
Extra-estabelecimento

Coleta e Transporte Externos

Tratamento
Disposição Final

Resíduo Comum

Fonte: Venâncio (2005, p. 36).

132 U4 - Manejo de resíduos nos serviços de saúde


Agora veremos cada uma das 12 etapas descrita na legislação, a
leitura é necessária, embora um tanto quanto teórica, mas, convidamos
você a fazer uma leitura pensando em um novo aprendizado, como
os centros de beleza são considerados pequenos geradores e muitos
deles nem geram RSS, vamos citar todas as etapas e exemplificar as
que tem maior relação.
2.1 Sistema de Gerenciamento Interno (SGI)
A RDC 358/05 do CONAMA, assim como a RDC 306/04
da ANVISA, apresentam as seguintes etapas de Gerenciamento
Intraestabelecimento, descritos a seguir:
2.2 Classificação
A etapa de classificação consiste no agrupamento das classes em
função dos riscos potenciais à saúde pública, saúde ocupacional e ao
meio ambiente. Os objetivos maiores são: identificar os RSS gerados
em cada estabelecimento, possibilitar a segregação na origem e dar
subsídios para a execução do PGRSS.
A RDC 306/04 da ANVISA e a Resolução 358/05 (BRASIL 2004 e
BRASIL 2005) do CONAMA apresentam os seguintes parâmetros de
classificação que são denominados por grupo A (A1 a A5), B, C, D e E.
Resíduos do Grupo A - Infectante
Resíduos com a possível presença de agentes biológicos que,
por suas características de maior virulência ou concentração, podem
apresentar risco de infecção, eles são subdivididos em cinco grupos:
Subgrupo A1: culturas e estoques de microrganismos; bolsas
transfusionais, sobras de amostras de laboratório contendo sangue
Subgrupo A2: carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros
resíduos provenientes de animais, este item está relacionado a hospital
e clínica veterinária.
Subgrupo A3: peças anatômicas (membros de amputação) do
ser humano; produto de fecundação (feto) sem sinais vitais. Nenhum
desses subgrupos é gerado em centros de beleza.
Subgrupo A4: recipientes e materiais resultantes do processo de
assistência à saúde, que não contenha sangue ou líquidos corpóreos
na forma livre; como algodão ou gaze com sangue ou secreção (pus),
líquidos de bolhas, material de extração de podologia ou procedimentos
estéticos.

U4 - Manejo de resíduos nos serviços de saúde 133


Este item representa quase a totalidade de resíduos infectantes em
um centro de beleza.
Subgrupo A5: órgãos e tecidos, com suspeita ou certeza de
contaminação com príons.
Resíduos do Grupo B - Químicos:
Resíduos contendo substâncias químicas que podem apresentar
risco à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas
características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e
toxicidade, como exemplos, produtos derivados do formol, alisantes
de cabelos, produtos de limpeza, pilhas, baterias, lâmpadas, frasco de
algumas medicação e produtos de limpezas.
Resíduos do Grupo C - Radioativos:
Resíduos que tenham quaisquer materiais resultantes de atividades
humanas que contenham radionuclídeos em quantidades superiores
aos limites de eliminação especificados nas normas da Comissão
Nacional de Energia Nuclear – CNEN, centros de beleza não gera esse
grupo.
Resíduos do Grupo D - Comum reciclável e não reciclável:
Resíduos que não apresentam risco biológico, químico ou
radiológico à saúde ou meio ambiente, podendo ser equiparados
aos resíduos domiciliares. Como exemplo de resíduos comuns não
recicláveis é o papel de uso sanitário e fralda, absorventes higiênicos,
peças descartáveis de vestuário (toca, máscara, avental, propés), restos
alimentares, material utilizado em antissepsia e hemostasia. Já os
resíduos recicláveis podem ser subclassifcados em papel e papelão,
plásticos, metal, vidro e orgânicos que seriam os resíduos provenientes
das áreas administrativas, suprimentos, estoques, resíduos de varrição,
flores, podas e jardins.
Resíduos do Grupo E - Perfurocortante
Materiais perfurocortantes ou escarificantes, tais como: lâminas,
agulhas, escalpes, ampolas de vidro, brocas, pontas diamantadas,
lâminas de bisturi, lancetas e outros. Centros de Beleza geram esses
resíduos.
2.3 Minimização e tratamento prévio
Minimização da geração de resíduos é gerar o menos possível de
um determinado produto como papel para lavar as mãos. Minimizar
também é diminuir o volume, como quando desmontamos as caixas

134 U4 - Manejo de resíduos nos serviços de saúde


de papelão e embalagens para descartar.
O tratamento prévio dos RSS consiste na aplicação de método,
técnica ou processo que modifique as características dos riscos inerentes
aos resíduos, reduzindo ou eliminando o risco de contaminação.
2.4 Segregação
A etapa de segregação consiste na separação apropriada dos
resíduos, segundo os critérios de classificação.
A boa execução desta etapa propicia uma maior probabilidade de
reaproveitamento e reciclagem, assim como a redução do volume de
resíduos infectantes e químicos.
2.5 Acondicionamento
O acondicionamento consiste no ato de embalar os resíduos
segregados, em sacos ou recipientes que evitem vazamentos e resistam
às ações de punctura e ruptura, minimizando os riscos à saúde humana
principalmente os relacionados a acidentes com perfurocortantes
2.6 Identificação
A identificação consiste no conjunto de medidas que permite
o reconhecimento dos resíduos contidos nos sacos e recipientes,
fornecendo informações ao correto manejo dos RSS. A identificação
deve estar exposta nos sacos de acondicionamento, nos recipientes de
coleta e transporte interno e externo, e nos locais de armazenamento,
em local de fácil visualização, utilizando-se símbolos, cores e frases,
atendendo aos parâmetros referenciados na norma NBR 7.500 da
ABNT, além de outras exigências relacionadas à identificação de
conteúdo e ao risco específico de cada grupo de resíduos (ABNT,
2004).
Na Figura 4.3 pode-se visualizar a simbologia e as recomendações
da norma citada.

U4 - Manejo de resíduos nos serviços de saúde 135


Figura 4.3 | Simbologia da NBR 7500 da ABNT

RECOMENDAÇÕES
GRUPO SIMBOLOGIA
NBR-7500 da ABNT

INFECTANTE

6.2 Identificado pelo símbolo de substância in-


Grupo A fectante, rótulos de fundo branco, desenho e
Disponível em: <https://www. contornos pretos.
abntcatalogo.com.br/norma.
aspx?ID=61165>.
Acesso em: 20 de set. 2017.

Identificado através do símbolo de risco quí-


Grupo B mico associado, com discriminação de frases
Disponível em: <https://www.
de risco.
abntcatalogo.com.br/norma.
aspx?ID=61165>.
Acesso em: 20 de set. 2017.

Representado pelo símbolo internacional de


presença de radiação ionizante (trifólio de cor
Grupo C
Disponível em: <https://www. magenta), acrescido da expressão REJEITO
abntcatalogo.com.br/norma. RADIOATIVO.
aspx?ID=61165>.
Acesso em: 20 de set. 2017.

Representado pelo símbolo do ciclo da reci-


Grupo D clagem com a devida padronização interna-
Disponível em: <https://www.
cional de cores.
abntcatalogo.com.br/norma.
aspx?ID=61165>.
Acesso em: 20 de set. 2017.

INFECTANTE
Identificado pelo símbolo de substância infec-
6.2
tante constante, com rótulos de fundo bran-
Grupo E
co, desenho e contornos pretos, acrescido da
Disponível em: <https://www.
inscrição de RESÍDUO PÉRFUROCORTANTE.
abntcatalogo.com.br/norma.
aspx?ID=61165>.
Acesso em: 20 de set. 2017.
Fonte: adaptada de Nogueira (2014).

136 U4 - Manejo de resíduos nos serviços de saúde


Para resíduos dos grupos D recicláveis a Resolução CONAMA
275/2001 define o símbolo e cor, sendo azul para papel, amarelo
para metais, verde para vidros, vermelhos para plástico e marrom para
resíduos orgânicos. Para os resíduos não recicláveis deve ser utilizada
a cor cinza.
Caso não exista a segregação para reciclagem, não existe
necessidade de seguir a padronização das cores internacional. São
admissíveis outras formas de segregação como utilizar os sacos cinza
e somente os lacres obedecerem às cores padronizadas (CONAMA
275/2001).
2.7 Armazenamento temporário ou intermediário
O armazenamento temporário ou intermediário consiste na guarda
provisória de RSS, situada em sala própria, exclusiva e próxima ao local
de geração. É facultativo o uso dessa sala em pequenos geradores,
quando a quantidade diária gerada for inferior a 100 (cem) litros, e a
área física for inferior a 80 m2, nesse caso, o carro de coleta deve ir
direto ao abrigo externo ou destinação final, como no caso nos centros
de belezas que geram RSS.
2.8 Coleta e transporte interno
A coleta e transporte interno seriam o recolhimento e remoção dos
RSS das unidades geradoras ou salas de armazenamento temporário.
No caso dos centros de belezas é o transporte dos sacos de coletores
ou caixas de perfuro corante ou químicos até o local de recolhimento.
2.9. Armazenamento final ou externo dos RSS
O armazenamento final é guarda dos RSS no estabelecimento
de saúde em condições seguras e sanitariamente adequadas até a
realização da coleta externa em abrigos distintos e exclusivos.
2.10 Sistema de gerenciamento externo (SGE)
O sistema de gerenciamento externo é composto pela coleta
externa, transporte, tratamento e disposição final.
2.11 Coleta e transporte externo
É a operação de remoção e transporte dos RSS de forma planejada
e exclusiva do armazenamento externo ou abrigo até a etapa de
tratamento e ou disposição final em aterros sanitários, na maioria dos
municípios as empresas licenciadas são as responsáveis.
2.12 Tratamento

U4 - Manejo de resíduos nos serviços de saúde 137


O tratamento dos RSS consiste na aplicação de processos
térmicos, químicos ou biológicos, de eficiência comprovada, visando
a descontaminar, desinfetar ou esterilizar os resíduos infectantes, o
grupo A1, A2 e A3 é obrigatório segundo RDC306/04.
2.13 Disposição final
Disposição final de RSS é a prática de dispor os resíduos sólidos no
solo previamente preparado para recebê-los, de acordo com critérios
técnico-construtivos e operacionais adequados, que seriam os aterros
sanitários licenciados.
2.14 Política nacional de resíduos sólidos
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída através da
Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010 (BRASIL, 2010) é um marco para
a criação de possíveis iniciativas públicas com relação aos resíduos
sólidos, a lei disciplina a coleta, o destino final e o tratamento de
resíduos urbanos, hospitalares, industriais, entre outros.
O texto da lei estabelece diretrizes para reduzir a geração de lixo,
combater a poluição e o desperdício de materiais descartados pelo
comércio, pelas residências, pelas indústrias e hospitais. O documento
institui o princípio de responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida
dos produtos, abrangendo fabricantes, importadores, distribuidores
e comerciantes, consumidores e titulares dos serviços públicos de
limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos.

Questão para reflexão


Procure saber como funciona no seu município, de quem são as
responsabilidades? Como é cobrado por esse serviço? Quem fiscaliza?

2.15 Finalizando a seção


Na realidade, não é por falta de instrumentos legais que a
problemática dos RSS permanece, mas pela falta de conhecimento e/
ou cumprimento das legislações por parte dos órgãos ou instituições
de saúde e outros.
Ao analisar a legislação federal verifica-se a evolução dos conceitos,
terminologias, e determinações de sistemas de tratamento e disposição
final no manejo dos RSS, sendo que a dificuldade maior tem sido a de
se fazer cumprir a lei com as particularidades de cada serviço de saúde

138 U4 - Manejo de resíduos nos serviços de saúde


(NOGUEIRA, 2014).
A gestão dos RSS ainda apresenta certa complexidade em virtude
da pouca experiência das administrações municipais e gestores
em equacionar com eficiência tal problema e também pela grande
quantidade e diversidade de normas e regulamentações sobre o tema.

Questão para reflexão


Como os estabelecimentos de saúde podem contribuir para a redução
de resíduos de saúde?

Atividades de aprendizagem
1. Leia com atenção as frases abaixo considere-as Verdadeiras (V) ou Falsas
(F) e abaixo assinale a alternativa correta.
( )A  RDC no 306, de 7 de dezembro de 2004, da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária-ANVISA detalha mais a gestão interna dos RSS no
estabelecimento de saúde.
( )A  Resolução no 358, de 29 de abril de 2005 do Conselho Nacional
de Meio Ambiente-CONAMA, aprofunda mais a gestão externa ao
estabelecimento de saúde.
( ) A Política Nacional de Resíduos, instituída através da Lei no 12.305, de
2 de agosto de 2010, traz grandes avanços na área de RSS, como a
logística reversa, compartilhamento de responsabilidade e aspectos de
Educação e Treinamento.
( ) O CONAMA que libera o alvará sanitário dos Estabelecimento de Saúde
após ser obrigatório ter licença ambiental.
a) V, V, V, F.
b) V, V, V, V.
c) V, V, F, V.
d) V, V, F, F.
e) V, F, V, V.

2. De acordo com a RDC 306/04 e Conama 358/05 quanto à classificação


dos Resíduos de Serviços de Saúde por grupos, é correto afirmar que
os grupos são: A-Infectante, B-Químico, C-Radioativo, D-Comum e
E-Perfurocortante. Assinale a alternativa que tem um exemplo de resíduos
do grupo A e Grupo B em Centro de Beleza.
a) A-restos de papel B-frascos de produtos que contenham formol.
b) A-sobras de alimentos e B-agulhas sujas com sangue.

U4 - Manejo de resíduos nos serviços de saúde 139


c) A-algodão com sangue e B-pilhas.
d) A-algodão com secreção e B-lâminas de bisturi.
e) A-máscara descartável e B-baterias de celular.

140 U4 - Manejo de resíduos nos serviços de saúde


Seção 3
Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços
de Saúde-PGRSS passo a passo. Responsabilidades
e direitos do trabalhador assegurados na legislação
do Brasil.
Introdução à seção

Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde-PGRSS


é o documento que aponta e descreve as ações relativas ao manejo
dos resíduos sólidos, observadas suas características e riscos, no
âmbito dos estabelecimentos, contemplando os aspectos referentes
à geração, segregação, acondicionamento, coleta, armazenamento,
transporte e disposição final, bem como as ações de proteção à saúde
pública e ao meio ambiente.
É uma exigência legal e a principal estratégia de materialização da
gestão de RSS nos serviços de saúde, como o Plano De Gerenciamento
de Resíduos de Serviços de Saúde-PGRSS é fundamental importância
para o gerenciamento de RSS.

Para saber mais


É possível encontrar vários modelos e formatados de PGRSS, desde
um pequeno centro de beleza ou consultório de dentista até um
grande hospital. Existe a possibilidade de fazer e-PGRSS on-line de
forma digital, alimentando dados de geração mensalmente, neste link
é possível assistir a um tutorial, muito interessante e inovador: <https://
www.youtube.com/watch?v=2V-unsoYefA>. Acesso em: 20 set. 2017.

Agora veremos cada uma das etapas recomendadas na RDC


306/04 e Resolução CONAMA 358/05, conforme o modelo proposto
por Cussiol (2008), no manual da FEAM, que está descrito com
uma linguagem bem simples, a autora é uma das profissionais mais
experientes e respeitadas da área no Brasil.

U4 - Manejo de resíduos nos serviços de saúde 141


Para saber mais
Acesse: <http://www.feam.br/minas-rss-destinacao-sustentavel Acesso
em: 20 de set>. 2017.

Implementação do PGRSS passo-a-passo (Cussiol, 2008 adaptado)


• Formação de equipe de trabalho
• Componentes da equipe de elaboração do PGRSS
• Diagnóstico da situação inicial
• Mapeamento de risco
• Elaboração, implantação e execução do PGRSS
• Dados sobre o estabelecimento
• Caracterização do estabelecimento
• Organograma do estabelecimento
• Caracterização do perfil de atendimento do estabelecimento
especialidades e serviços
• Responsabilidades das equipes CCIH, CIPA, SESMT e outras
• Caracterização dos aspectos ambientais
• Descrição da Política de Segurança Ocupacional
• Descrição do gerenciamento de cada grupo de resíduo em
todas as etapas de manejo
• Gerenciamento do grupo A – resíduos infectantes
• Gerenciamento do grupo B – resíduos químicos
• Gerenciamento do grupo C – rejeitos radioativos
• Gerenciamento do grupo D – resíduos comuns
• Gerenciamento do grupo E – resíduos perfuro cortantes
• Plano de Educação continuada inicial.
Na sequência veremos uma a uma das etapas:
•  Formação de equipe de trabalho de elaboração do PGRSS:
o estabelecimento de saúde deve compor uma Comissão
interna com representantes de diversos setores e ter um
responsável técnico que deve ser um profissional, com
registro ativo no seu Conselho de Classe. A equipe deve ter
respaldo da alta direção. E deverá ter o responsável legal:
consta do alvará sanitário emitido pela vigilância sanitária e
o responsável pelo PGRSS: deve elaborar implantar e avaliar

142 U4 - Manejo de resíduos nos serviços de saúde


a aplicação do PGRSS, de acordo com as especificações
legais já mencionadas e supervisionar todas as etapas do
plano.
•  Diagnóstico da situação inicial: deve-se ter conhecimento
do quanto realmente já foi feito ou ainda está por fazer no
PGRSS. Espera-se obter informações sobre a composição e
quantidade de cada tipo de resíduo; e as não conformidades
durante a execução das diversas etapas e nas instalações e,
consequentemente, necessidades de melhorias;
•  Mapeamento de risco: é um levantamento dos locais de
trabalho apontando os riscos que são sentidos e observados
pelos próprios trabalhadores. A NR-5 (MTE) considera como
riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos,
além de riscos ergonômicos e riscos de acidentes, existentes
nos locais de trabalho, e que venham causar danos à saúde
dos trabalhadores.
Após a fase de Diagnóstico vamos para a elaboração, implantação e
execução do PGRSS sugere-se seguir as etapas abaixo descritas:
• Dados sobre o estabelecimento: informar os dados gerais
do estabelecimento (razão social, tipo, endereço completo,
CNPJ, horário de funcionamento, nome do responsável legal).
•  Caracterização do estabelecimento: informar dados que
caracterizem o estabelecimento (número de funcionários,
tipos de serviços terceirizados, número total de funcionários
de empresas terceirizadas, área total do terreno e construída,
alvará sanitário, estrutura física, etc.).
•  Caracterização do perfil do estabelecimento: informar os
tipos de serviços prestados, número de atendimentos por dia,
número de profissionais e o tipo de contrato dos profissionais
que atuam diretamente com a gestão de RSS.
•  Descrição da política de segurança ocupacional: informar o
que é feito para a segurança ocupacional como exame médico
admissional, periódico, de retorno ao trabalho, de mudança de
função, exame demissional e o sistema de imunização.
• Descrição do gerenciamento de cada grupo dos RSS: para
iniciar a elaboração do PGRSS é fundamental saber os tipos/
grupos de RSS gerados e se o estabelecimento de saúde
atende aos requisitos mínimos da legislação nacional quanto
ao gerenciamento interno.
•  Plano de educação continuada inicial: os serviços geradores

U4 - Manejo de resíduos nos serviços de saúde 143


de RSS devem implementar um programa de educação
continuada, que contemple todos os recursos humanos
que manipulam diretamente os RSS, independentemente do
vínculo empregatício existente.
3.1 Direitos do trabalhador e responsabilidade do gerador de RSS
Acabamos de conhecer cada uma das etapas que deve ser
contemplada no PGRSS e ficou evidente a interligação com todas as
áreas gerenciais dos serviços de saúde e que o foco da gestão de RSS é
o manuseio seguro para proteção dos trabalhadores e menor impacto
no meio ambiente.
Com isto se faz relevante termos clareza dos direitos dos
trabalhadores e como estão descritos na legislação, abaixo temos os
resultados de uma pesquisa em que ficam evidentes os direitos dos
trabalhadores que devem estar contemplados no PGRSS e fazer parte
da política institucional e das práticas sustentáveis de todos os serviços
de saúde.
Nogueira (2014), através de uma pesquisa exploratória descritiva
realizado por meio da análise documental, do texto legal da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária, RDC 306/04 com o objetivo de analisar
a legislação nacional, frente à perspectiva da segurança ocupacional do
trabalhador de saúde e dar visibilidade para direitos já assegurados na
atual legislação brasileira, nesse quadro analítico estão as três principais
categorias.

Quadro 4.1 | Representação da análise documental em categorias da RDC 306/04

CATEGORIA DE
ANÁLISE DA RDC REFERÊNCIA DA LEI TEXTO DA LEI
306/04

Os trabalhadores devem ser imunizados


em conformidade com o Programa Nacio-
Cap.VII Artigo 16.1 nal de Imunização-PNI.
Saúde Ocupacional
Cap.VII Artigo 16. Os trabalhadores imunizados devem rea-
lizar controle laboratorial sorológico para
avaliação da resposta imunológica.
Capacitação na admissão do trabalhador e
mantido em educação continuada.
A capacitação deve abordar a importância
Cap.VII Artigo 18
Capacitação do da utilização correta dos equipamentos de
Cap.VII Artigo 18.1
Trabalhador proteção individual-EPIs
Cap.VII Artigo 19
Todos trabalhadores devem conhecer o
PGRSS adotado, os critérios de segregação,
reconhecer os símbolos, cores e fluxos

144 U4 - Manejo de resíduos nos serviços de saúde


Programa de educação continuada deve
contemplar dentre outros temas:
• Conhecimento da legislação ambiental;
• Noções do gerenciamento dos resíduos
sólidos no município
• Potencial de risco dos resíduos;
Programa de Educa- • Formas de reduzir a geração de resíduos
Cap.VII Artigo 20
ção Continuada e reutilização de materiais;
• Orientações sobre biossegurança (bioló-
gica, química e radiológica);
• Orientações quanto à higiene pessoal e
dos ambientes;
• Providências a serem tomadas em caso
de acidentes e de situações emergenciais.
Fonte: Nogueira, 2014.

Nesta pesquisa concluíram que a legislação analisada dispõe


sobre a segurança do trabalhador de forma apropriada, valorizando e
promovendo a sua saúde.
3.2 Finalizando a seção
Verificamos que o PGRSS é de extrema importância para os
estabelecimentos de saúde, para os profissionais que atuam na área
e para o meio ambiente e as vantagens da implantação são: redução
de riscos ambientais, redução do número de acidentes de trabalho,
redução dos custos de manejo dos resíduos, incremento da reciclagem.
O uso de mecanismos de monitoramento e indicadores de
desempenho gerencial de resíduos de serviços de saúde visa checar
e avaliar periodicamente se o PGRSS está sendo executado conforme
o planejado, consolidando as informações por meio de indicadores e
eventualmente elaborando relatórios, de forma a melhorar a qualidade,
eficiência e eficácia, aprimorando a execução e corrigindo eventuais
falhas.
Conhecemos as responsabilidades e direitos do trabalhador
assegurados na legislação do Brasil que se mostrou alinhada com
as práticas globais e assegura os direitos mais importantes para o
trabalhador e mostrou avanços nos últimos anos.
Para reflexão: Como você percebe esses avanços no seu local
de trabalho? Todos os passos do PGRSS são seguidos? E direitos
assegurados do trabalhador?

U4 - Manejo de resíduos nos serviços de saúde 145


Atividades de aprendizagem
1. Leia as frases abaixo e as considere Verdadeiras (V) e ou Falsas (F):
O PGRSS é de extrema importância para os estabelecimentos de saúde, para
os profissionais que atuam na área de saúde e para o meio ambiente e as
vantagens da implantação do PGRSS são:
I-Redução de riscos ambientais, redução do número de acidentes de
trabalho, redução dos custos de manejo dos resíduos e incremento da
reciclagem.
II- Redução de riscos ambientais, redução do número de acidentes de
trabalho, aumento dos custos de manejo dos resíduos e possibilidade de
reciclagem.
III- Mantêm-se os riscos ambientais porque eles são necessários à assistência
em saúde e aumento da possibilidade de reciclagem, mas o aumento dos
custos é inevitável.
Assinale a alternativa correta:
a) Somente a sentença I é verdadeira.
b) As sentenças I e II são verdadeiras.
c) As sentenças I, II e III são verdadeiras.
d) As sentenças I e III são verdadeiras.
e) Somente a sentença III é verdadeira.

2. Assinale a alternativa correta quanto aos objetivos GERENCIAIS do PGRSS


nos serviços de saúde.
a) Descreve o manejo e os riscos dos RSS em todas as etapas, bem como
as ações de proteção ao trabalhador, à saúde pública e ao meio ambiente.
b) É uma exigência legal.
c) Descreve todas as situações de contingência que envolve as emergências
relacionadas aos RSS.
d) É o plano que apresenta os aspectos de Educação Permanente em todos
os aspectos do gerenciamento de RSS.
e) Todas as alternativas são corretas.

146 U4 - Manejo de resíduos nos serviços de saúde


Seção 4
Política dos 4R: reduzir-reutilizar-restaurar-
e-reciclar. Práticas Globais e metodologias de
minimização de Resíduos em Serviços de Saúde.
Introdução à seção

Os Resíduos de Serviços de Saúde-RSS têm sido uma fonte de


preocupação para os gestores de saúde que estão empenhados em
solucionar, liderar e conduzir a transformação de suas instituições
de saúde, fomentando ações socioambientais e ao mesmo tempo
estimulando o uso mais consciente de recursos materiais evitando
desperdícios, gerando menos resíduos e diminuindo os custos de
gestão principalmente no gerenciamento externo.
Embora se reconheça a importância da gestão dos RSS, como já
foi dito anteriormente na Seção 1 e 2, há ainda certa dificuldade para
sua operacionalização e implantação devido a pouca experiência das
administrações municipais e gestores, devido à diversidade de normas
e regulamentações sobre o tema e, ainda, poderíamos citar a falta de
conhecimento dos custos do processo.
Os compromissos de uma política ambiental devem estar baseados
em quatro princípios: atender à legislação, minimizar a geração de
resíduos, prevenir a poluição e favorecer a melhoria contínua do
processo.
A Política das 4R é um conjunto de princípios orientadores da
gestão dos resíduos, adoptados pela União Europeia em sequência da
Conferência do Rio em 1992 e deve ser colocado em prática nesta
sequência apresentada a seguir.
A política dos 4R: reduzir, reciclar, reutilizar e recuperar devem ser
ações consideradas na elaboração de estratégias de gerenciamento
integrado de RSS nesta sequência lógica e estratégica.
Como vimos na perspectiva das organizações, o gerenciamento de
RSS é um processo complexo e oneroso financeiramente, que envolve
várias atividades interligadas, que necessitam de planejamento, recursos
e estratégias de implementação individualizadas, pois sua execução

U4 - Manejo de resíduos nos serviços de saúde 147


depende da estrutura física, das condições de trabalho, da qualificação
dos recursos humanos envolvidos no manejo e do comportamento de
descarte de todos os trabalhadores da saúde.
Um dos principais desafios da gestão de resíduos sólidos tem
sido implantar e aperfeiçoar ferramentas gerenciais e o controle dos
processos de manejo de resíduos de serviços de saúde (RSS), de modo
a desencadear processos de mudanças baseados em dados reais e
significativos para os serviços de saúde.
Abaixo descreveremos práticas globais que podem contribuir no
gerenciamento de RSS.
4.1 Agenda Global para Hospitais Verdes e Saudáveis (AGHVS)
A Rede Global de Hospitais Verdes e Saudáveis que é um projeto de
Saúde Sem Dano (SSD), tem uma Agenda Global para Hospitais Verdes
e Saudáveis (AGHVS), que hoje é principal referência de gerenciamento
ambiental em saúde este documento tem dez macro-objetivos nas
áreas de liderança, substâncias químicas, resíduos, energia, água,
transporte, alimentos, produtos farmacêuticos, edifícios e compras.
Embora no título esteja a palavra hospital, os conceitos se aplicam e
todo e qualquer serviço de saúde, incluindo aqui os centros de belezas.
Nesse contexto vamos detalhar as ações relacionadas a área de RSS
chamando atenção para o objetivo descritos por Karliner e Guenther
(2013) que são: proteger a saúde pública reduzindo o volume e a
toxicidade dos resíduos produzidos pelo setor saúde, implementando
ao mesmo tempo as opções ambientalmente mais apropriadas de
gestão e destinação dos resíduos.
O Quadro 4.2 apresenta as recomendações de ações gerenciais da
AGHVS (Karliner J e Guenther, 2013) na área de RSS:

148 U4 - Manejo de resíduos nos serviços de saúde


Quadro 4.2 | Recomendações de Gerenciamento de RSS da AGVH

OBJETIVO DA AGVH
AÇÕES ESPERADAS PARA GERENCIAMENTO DE RSS
PARA RSS
1. Implementar critérios ambientais de preferên-
cia para compras e evitar materiais tóxicos tais
como mercúrio, PVC e produtos descartáveis.
2. Separar os resíduos na origem e iniciar a reci-
clagem dos resíduos não perigosos.
Proteger a saúde públi- 3. Implementar um programa amplo de treina-
ca reduzindo o volume mento de gerenciamento de resíduos que
e a toxicidade dos inclua a segurança na manipulação de objetos
resíduos produzidos perfurocortantes.
pelo setor saúde, im-
plementando ao mes- 4. Assegurar que as pessoas que manuseiam os
mo tempo as opções resíduos sejam treinadas, vacinadas e usem
ambientalmente mais equipamento de proteção individual.
apropriadas de gestão 5. Interceder junto às autoridades públicas para
e destinação dos re- que construam e operem aterros sanitários
síduos. seguros para disposição de resíduos sanitários
não recicláveis.
6. Apoiar e participar na elaboração e implemen-
tação de políticas de “lixo zero” visando redu-
zir significativamente a quantidade de resíduos
gerados.
Fonte: adaptada de Karliner e Guenther (2013).

4.2 Mapeamento de processo e gestão de custos no gerenciamento


de RSS
O mapeamento de processo é uma ferramenta gerencial e
de comunicação que tem a finalidade de fazer a descoberta das
informações, pessoas ou unidades envolvidas, capacidades, recursos
que são necessários para entender os processos.
Um processo é uma ordenação específica das atividades de trabalho
no tempo e no espaço, com começo ou input (entradas ou recursos)
e outputs (saídas ou resultados) claramente identificados, ou seja, é a
estrutura de ação do sistema (MAXIMIANO, 2000).
A aferição de custos por processos permite o mapeamento das
atividades que o compõe, e o levantamento dos recursos envolvidos,
o que possibilita a visualização de como, onde e porque está sendo
consumidos e, assim, poder avaliar a sua utilização e remodelar o
processo (OKANO; CASTILHO, 2007).
Não bastar somente traçar estratégias de redução de custos, mas se

U4 - Manejo de resíduos nos serviços de saúde 149


faz necessário compreender sua composição com as particularidades
de cada serviço para elaborar estratégias sustentáveis.
Na visão de gestão de processo, muitas vezes existem etapas que
podem ser eliminadas ou otimizadas ao ser realizadas juntamente com
outra já existente ou realizada por outro profissional.
Como exemplo da aplicação da ferramenta, abaixo tem um mapa
de processo de resíduos químicos, mapeado durante o doutorado de
Nogueira (2014) realizado no Centro Cirúrgico do Hospital Universitário
da Universidade São Paulo, disponível nas referências desta unidade.

Figura 4.4 | Mapa de RSS Grupo B-Químico nas salas de operação

Fonte: Nogueira (2014)

4.3 Reciclagem de resíduos de serviços de saúde


Fala-se muito em reciclagem, mas de fato o que é? Como colocar
em prática na área da saúde ou em um centro de beleza, onde ainda é

150 U4 - Manejo de resíduos nos serviços de saúde


tão forte o conceito de “lixo hospitalar” que a população acredita que
tudo que vem dos serviços de saúde, está contaminado.
A definição de reciclagem que melhor se aplica na área da saúde
é “o processo de transformação dos resíduos que utiliza técnicas de
beneficiamento para reprocessamento ou obtenção de matéria-prima
para fabricação de novos produtos” (BRASIL, 2004).
Segundo a RDC 306/04, os RSS que pode ser reciclado são do
grupo D-Resíduos Comuns Recicláveis, lembrando que esse grupo
também inclui resíduos comuns não recicláveis.

Para saber mais


Para saber mais sobre os itens que podem ser reciclados em
detalhes acesse: <http://portal.anvisa.gov.br/legislacao#/>. Acesso
em: 20 set.

Os benefícios da reciclagem são: diminuição da quantidade de


resíduos a ser disposta no solo; economia de energia; preservação de
recursos naturais e outros (BRASIL, 2005).
A maior parte dos municípios criou uma estrutura de gestão de
resíduos urbanos, onde as usinas ou cooperativas de reciclagem são
geridas por Organizações Não Governamentais-ONGs. Os resíduos
que são utilizados frequentemente na reciclagem são: matéria
orgânica; papel; plástico; metal; vidro e entulhos. Um resumo de cada
tipo se apresenta a seguir.
Reciclagem de matéria orgânica é chamada de compostagem que
é a decomposição da matéria orgânica proveniente de restos de origem
animal ou vegetal, por meio de processos biológicos microbianos. Em
um estabelecimento de serviços de saúde pode-se encontrar a matéria
orgânica para a compostagem nos restos de alimentos provenientes
da cozinha, das podas de árvores, jardins etc.

Para saber mais


Projeto de compostagem caseira impede que 250 toneladas de
resíduos sejam descartadas em São Paulo, neste link pode conhecer
esse projeto e até fazer parte sua casa: <http://abes-es.org.br/projeto-

U4 - Manejo de resíduos nos serviços de saúde 151


de-compostagem-caseira-impede-que-250-t-de-lixo-sejam-
descartadas-em-sp>. Acesso em 20 set. 2017.

Reciclagem de papel/papelão - é a técnica que emprega papéis


usados para a fabricação de novos papéis. A maioria dos papéis é
reciclável. Em um estabelecimento prestador de serviços de saúde
está matéria-prima está nas embalagens, papel de escritório, incluindo
os de carta, blocos de anotações, copiadoras, impressoras, revistas,
folhetos e ainda todos os tipos de papelão.
Reciclagem de plásticos - é a conversão de resíduos plásticos
descartados no lixo em novos produtos. Em um estabelecimento
prestador de serviços de saúde podem ser encontrados: baldes,
garrafas de água mineral, garrafas de refrigerantes, sacos de leite etc.
Reciclagem de vidro - as embalagens de vidro podem ser reutilizadas
diversas vezes. O vidro é 100% reciclável.
Como vimos, é possível fazer reciclagem em centros de beleza que
gerem RSS.

Questão para reflexão


Você tem feito sua parte? Na sua residência como funciona? O que
poderia fazer de melhor nesse sentido? E no seu local de trabalho tem
desperdício?

Finalizando a seção
O gerenciamento de RSS é um processo complexo que necessita
de planejamento, recursos e estratégias de implementação com base
nas particularidades de cada serviço de saúde, pois sua execução
depende da estrutura física, das condições de trabalho, da qualificação
dos recursos humanos envolvidos no manejo e do comportamento de
descarte de todos os trabalhadores da saúde.
Profissionais de diversas áreas estão discutindo os inúmeros
aspectos que perpassam o tema de Gerenciamento dos Resíduos de
Serviços de Saúde, seja na perspectiva da gestão ambiental, aspectos
técnicos, legais, financeiros, politicas institucionais e outros tantos que

152 U4 - Manejo de resíduos nos serviços de saúde


tem relação direta com a produção dos RSS ou ainda os impactos
decorrentes de falhas no processo ou má gestão. Daí a extensa
bibliografia que o trata e que o mantém em evidência sendo uma
temática muito atual.
Ao mesmo tempo em que tem uma discussão na mídia e serviços
de saúde, existe uma tendência de crescimento do volume de RSS,
como já citamos, o que aponta para a necessidade de estratégias
gerenciais mais efetivas que envolvam os profissionais de saúde que
utilizam os recursos materiais, ou seja, geram esses resíduos, ao longo
do processo assistencial.
Um dos principais desafios da gestão de resíduos sólidos tem
sido implantar e aperfeiçoar ferramentas gerenciais que realizem o
monitoramento e o controle dos processos de manejo de resíduos
de serviços de saúde (RSS), de modo a desencadear processos de
mudanças baseados em dados reais e significativos para os serviços
de saúde. Conhecemos as práticas globais mais atuais que podem
contribuir no gerenciamento de RSS nessa seção.

Questão para reflexão


De que forma os estabelecimentos de saúde podem garantir que o
manejo dos resíduos está sendo realizado de forma correta?

Atividades de aprendizagem
1. A Política das 4R é um conjunto de princípios orientadores da gestão dos
resíduos, adoptados pela União Europeia em sequência da Conferência do
Rio em 1992 e deve ser colocado em prática nesta sequência, ou seja, cada
“R” corresponde a: REDUZIR, RECICLAR, REUTILIZAR E RECUPERAR.
Assinale a alternativa que traz exemplos corretos de aplicação dos 4R.
a) Reduzir o consumo embalagens, reciclar papel de área administrativas,
reutilizar caixas de transporte e recuperar prata de Rx.
b) Reduzir consumo de medicação, reutilizar seringas, reciclar plástico e
recuperar frascos de medicação.
c) Reciclar papel e plásticos, reutilizar frascos de medicação, recuperar prata
de RX e reduzir consumo de embalagens.
d) Reutilizar material de aspiração de vias aéreas, recuperar prata de RX,
reduzir consumo de produtos químicos e reciclar plásticos, papel, metal e
vidros.
e) Reduzir consumo de produtos químicos recuperar prata de RX, reciclar
papel e reutilizar cobertores de frio no mesmo paciente.

U4 - Manejo de resíduos nos serviços de saúde 153


2. Qual ferramenta gerencial possibilita a visualização de COMO, ONDE e
PORQUE estão sendo consumidos os recursos e assim, poder avaliar a sua
utilização e remodelar o processo?
a) GRI- Global Reporting Initiative.
b) AGVHS- Agenda Global para Hospitais Verdes e Saudáveis.
c) Mapeamento de Processo e Gestão de Custos.
d) Reciclagem.
e) Gestão da Qualidade (5S/PDCA/Método Lean e Kaizen).

Fique ligado
Durante essa unidade, certamente, você refletiu sobre seu padrão
de consumo e os resíduos gerados inevitavelmente no nosso estilo
de vida contemporâneo, e sua postura como profissional, na Unidade
1 exploramos o tema de resíduos, sociedade e meio ambiente a
caracterização dos tipos de RSS e riscos ocupacionais e gerenciamento
de riscos.
Já na Unidade 2 conhecemos as legislações sobre Resíduos de
Serviços de Saúde. As descrições das etapas do Gerenciamento Interno
e Externo. Vimos que no Brasil, órgãos como a Agência Nacional de
Vigilância Sanitária - ANVISA e o Conselho Nacional do Meio Ambiente
- CONAMA têm assumido o papel de orientar, definir regras e regular
a conduta dos diferentes agentes, no que se refere à geração e ao
manejo dos resíduos de serviços de saúde, com o objetivo de preservar
a saúde e o meio ambiente, garantindo a sua sustentabilidade.
Na Unidade 3 detalhamos todos os aspectos do Programa de
Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde-PGRSS passo a passo
e ainda as responsabilidades e direitos do trabalhador assegurados na
legislação do Brasil.
Na Unidade 4 aprendemos sobre a Política dos 4R: reduzir-reutilizar-
restaurar-e-reciclar e ainda as estratégias gerenciais sustentáveis
para resíduos de serviços de saúde junto com as práticas globais e
metodologias de minimização de resíduos em serviços de saúde,
encerrando a seção refletindo sobre a reciclagem nesse contexto.

154 U4 - Manejo de resíduos nos serviços de saúde


Para concluir o estudo da unidade
Na última década, os resíduos de serviços de saúde (RSS) se
transformaram em objeto de debates, estudos, pesquisas, desafios
e motivo de preocupação para as autoridades mundiais como
estudamos.
A realidade do Brasil não é diferente. Têm sido realizadas amplas
discussões nacionais sobre a questão. Estamos desenvolvendo nossas
legislações, mas, apesar disso, poucos municípios brasileiros gerenciam
adequadamente os RSS. Mesmo aqueles que implementaram um
sistema específico de gerenciamento para esses resíduos, em vários
casos, têm graves deficiências e, muitas vezes, estão focados apenas
nos hospitais e postos de saúde.
O Plano de Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde
(PGRSS) é o documento que aponta e descreve as ações relativas
ao manejo dos RSS, sendo a principal ferramenta de implantação na
prática do Gerenciamento seguro e sustentável.
O descarte inadequado de resíduos perigosos gerados pelos
serviços de saúde tem produzido passivos ambientais capazes de
colocar em risco e comprometer os recursos naturais, a saúde
ambiental e a qualidade de vida das atuais e futuras gerações.
Na realidade, não é por falta de instrumentos legais que a
problemática dos RSS permanece, mas, pela falta de conhecimento e/
ou cumprimento das legislações por parte dos órgãos ou instituições
de saúde.
Ao analisar a legislação federal verifica-se a evolução dos conceitos,
terminologias, e determinações de sistemas de tratamento e disposição
final no manejo dos RSS, sendo que a dificuldade maior tem sido a de
se fazer cumprir a lei com as particularidades de cada serviço de saúde
(NOGUEIRA, 2014)
A legislação refletiu os avanços da área de Meio Ambiente, atende
a critérios de segurança para os trabalhadores de saúde, valoriza a
gestão integrada e as políticas sustentáveis, acredita-se também que vai
ao encontro dos resultados demostrados no meio científico, embora
tenhamos pouca infraestrutura e evidências científicas no Brasil para
fortalecer políticas públicas que estejam articuladas com as práticas
globais na área de RSS (NOGUEIRA, 2014).

U4 - Manejo de resíduos nos serviços de saúde 155


A educação continuada é um potente instrumento de transformação
de realidade e a principal estratégia de geração de sustentabilidade nos
serviços de saúde.
Assim encerramos esta UNIDADE com a certeza que o comentário
de Nogueira (2014) ainda faz muito sentido, quando cita que a geração
e o gerenciamento de RSS sempre continuarão sendo influenciadas
por novas circunstâncias econômicas, políticas, tecnológicas, sociais e
culturais da equipe de saúde, como o padrão consumo e a gestão de
recursos materiais, que produziram os RSS gerados ao longo do curso
do cuidado.
Unidades de estudo como essa que qualifica profissionais que atuam
em centros de beleza para uma visão ampla de saúde articulada com
meio ambiente, certamente será refletido nos processos gerenciais dos
RSS onde recursos serão utilizados de forma adequada e os processos
de trabalho asseguraram qualidade e segurança.

Atividades de aprendizagem da unidade


1. “Os RSS vêm assumindo grande importância nos últimos anos, não
necessariamente pela quantidade gerada que é cerca de 1 a 3% do total dos
resíduos sólidos urbanos, mas pelo potencial de risco que representam à
saúde e ao meio ambiente (AGAPITO, 2007)".
a) Mesmo os RSS sendo bem gerenciados e tomadas todas as medidas de
segurança os danos à saúde pública e ao meio ambiente são inevitáveis.
b) Diante a possibilidade de sobrevivência de vírus na massa de resíduos
sólidos da Póliomielite tipo I, hepatites A e B, influenza, vaccínia e vírus
entéricos é consenso mundial que os RSS transmitem todas essas doenças.
c) No Brasil a legislação permite a presença dos catadores nos lixões por ser
uma fonte de renda para essas famílias.
d) Quem gerou os RSS é responsável por esses resíduos até sair das
dependências do seu estabelecimento, sendo de responsabilidade do
estado a destinação final para diminuir os riscos.
e) Quando os RSS que representam um pequeno montante não é
manipulado corretamente dentro dos serviços de saúde torna os demais
resíduos infectantes em todas as etapas de gerenciamento.

2. Leia com atenção as frases a seguir e assinale a alternativa correta:


I- A RDC no 306, de 7 de dezembro de 2004, da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária-ANVISA detalha mais a gestão interna dos RSS no

156 U4 - Manejo de resíduos nos serviços de saúde


estabelecimento de saúde.
II-A Resolução no 358, de 29 de abril de 2005, do Conselho Nacional de Meio
Ambiente-CONAMA, aprofunda mais a gestão externa ao estabelecimento
de saúde.
III- A Política Nacional de Resíduos-PNR, instituída através da Lei nº 12.305,
de 2 de agosto de 2010, traz grandes avanços na área de RSS, como a
logística reversa, compartilhamento de responsabilidade e aspectos de
educação e treinamento.
a) I é falsa.
b) II é falsa.
c) I, II e III são corretas.
d) III somente é verdadeira.
e) I e II são corretas.

3. O PGRSS é de extrema importância para os estabelecimentos de saúde,


para os profissionais que atuam na área de saúde e para o meio ambiente e
as vantagens da implantação do PGRSS são:
I-Redução de riscos ambientais, redução do número de acidentes de
trabalho, redução dos custos de manejo dos resíduos e incremento da
reciclagem.
II- Redução de riscos ambientais, redução do número de acidentes de
trabalho, aumento dos custos de manejo dos resíduos e possibilidade de
reciclagem.
III- Mantêm-se os riscos ambientais porque eles são necessários à assistência
em saúde e aumento da possibilidade de reciclagem, mas o aumento dos
custos é inevitável.
Assinale a alternativa correta:
a) Somente a sentença I é verdadeira.
b) As sentenças I e II são verdadeiras.
c) As sentenças I, II e III são verdadeiras.
d) As sentenças I e III são verdadeiras.
e) Somente a sentença III é verdadeira.

4. Os resíduos do serviço de saúde são classificados em grupos distintos


de risco segundo a Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº 306, que
exigem formas de manejo específicas.
A composição em ordem sequencial desses grupos CORRETA é:
a) Resíduos com possível presença de agentes biológicos; resíduos
perfurocortantes; resíduos radioativos; resíduos químicos; resíduos comuns;

U4 - Manejo de resíduos nos serviços de saúde 157


b) Resíduos contendo fluído; Resíduos com possível presença de agentes
biológicos; resíduos químicos; materiais perfurocortantes; resíduos
radioativos.
c) Resíduos com possível presença de agentes biológicos; resíduos químicos;
rejeitos radioativos; resíduos comuns; resíduos perfurocortantes;
d) Resíduos com possível presença de agentes biológicos; resíduos físicos;
resíduos químicos; resíduos radioativos; ,materiais perfurocortantes.
e) Resíduos com possível presença de agentes biológicos; resíduos físicos;
resíduos químicos; resíduos radioativos; materiais com frascos de vidros.

5. Correlacione os resíduos a seguir de acordo com a classificação


adequada, numerando os parênteses.
(1) Grupo A.
(2) Grupo B.
(3) Grupo C.
(4) Grupo D.
(5) Grupo E.
( ) Rejeitos radioativos ou contaminados com radionuclídeos, provenientes
de laboratórios de análises clínicas, serviços de medicina nuclear e
radioterapia.
( ) Resíduos que não apresentem risco biológico, químico ou radiológico
à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos
domiciliares.
( ) Resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por suas
características, podem apresentar risco de infecção.
( ) Materiais perfurocortantes ou escarificantes, tais como: agulhas,
escalpes, ampolas de vidro, brocas, lâminas de bisturi, entre outros.
( ) Resíduos contendo substâncias químicas que podem apresentar risco à
saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características
de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade.
Assinale a alternativa que tem a Sequência de numero correta de cada grupo
de RSS
a) 4 – 2 – 1 – 3 – 5.
b) 1 – 3 – 4 – 5 – 2.
c) 3 – 4 – 1 – 5 – 2.
d) 5 – 4 – 2 – 1 – 3.
e) 3 – 5 – 1 – 4 – 2 .

6. Assinale a alternativa correta sobre a implantação do Plano de


Gerenciamento de Resíduos Serviços de Saúde-PGRSS:
( ) Caracterizar os tipos de especialidades médicas, número de atendimentos

158 U4 - Manejo de resíduos nos serviços de saúde


por dia, número de leitos por especialidade, número de profissionais e o
tipo de contrato de trabalho.
( ) Citar as responsabilidades das equipes CCIH, CIPA, SESMT e outras que
tem relação com RSS.
III- A Política de Segurança Ocupacional é de responsabilidade exclusiva do
Setor de Segurança da Trabalho-SESMT.
IV-Os aspectos ambientais devem estar contemplados em todas as etapas
de gestão de RSS.
a) As sentenças I, II e IV são corretas.
b) As sentenças I e II são corretas.
c) As sentenças III e IV são incorretas.
d) As sentenças I, II e III são corretas.
e) As sentenças I e IV são incorretas.

7. A Política das 4R é um conjunto de princípios orientadores da gestão dos


resíduos, adaptados pela União Europeia em sequência da Conferência do
Rio em 1992 e deve ser colocado em prática nesta sequência, ou seja cada
“R” corresponde a:
a) reduzir, reutilizar, reciclar e recuperar.
b) reduzir, reciclar, reutilizar e recuperar.
c) reciclar, reutilizar, recuperar e reduzir.
d) reutilizar, recuperar, reduzir e reciclar.
e) reduzir, recuperar, reciclar e reutilizar.

U4 - Manejo de resíduos nos serviços de saúde 159


Referências
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2012. Disponível em: <http://www.abrelpe.org.br>. Acesso em: 20 set. 2017.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 10.004. Resíduos sólidos:
classificação. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 12.235. Armazenamento
de resíduos sólidos perigosos. Rio de Janeiro: ABNT, 1992.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 7.500. Identificação para
o transporte terrestre, manuseio, movimentação e armazenamento de produtos. Rio de
Janeiro: ABNT, 2004.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 9.191. Sacos plásticos
para acondicionamento de lixo requisitos e métodos de ensaio. Rio de Janeiro: ABNT,
2008.
BRASIL. Lei n. 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos
Sólidos; altera a Lei n. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 e dá outras providências. Brasília;
2010. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato20072010/2010/lei/
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BRASIL. Ministério da Saúde; Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC
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BRASIL. Ministério do Meio Ambiente; Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA).
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dos resíduos dos Serviços de Saúde. Brasília, 2005. Disponível em: <http://www.mma.gov.
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BRITO, M. A. G. M. Considerações sobre resíduos sólidos de serviços saúde. Rev. Eletr.
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