Tolerancias Geometricas
Tolerancias Geometricas
Tolerancias Geometricas
Tolerâncias
geométricas
mecânica 6
É muito difícil conseguir que duas peças fiquem prontas com medidas exatas.
Há sempre um desvio que ocorre na usinagem, deixando a peça um pouco maior
ou menor.
Figura 5.1
Tolerância dimensional.
+ 0,021
+ 0,030
Ø 27,922 0
Ø 72,093 0
40
90
CAPÍTULO 5
Figura 5.2
Furo desalinhado.
Ø 16
Ø 16
Para limitar estes desvios e garantir a montagem correta dos conjuntos (figura
5.3), os desenhos precisam da tolerância geométrica. Ela limita os desvios que
ocorrem devido à fixação da peça e às condições de alinhamento dos eixos
da máquina.
Figura 5.3
Conjunto para montagem.
91
mecânica 6
92
CAPÍTULO 5
Figura 5.4
Tolerância de forma.
a) Retilineidade
Figura 5.5
Tolerância de retilineidade.
t
93
mecânica 6
Figura 5.6
Tolerância de
retilineidade para a
superfície de um eixo. 0,2/100
No exemplo da figura 5.8, a linha de centro da peça deve estar contida num
cilindro teórico de 0,05 mm de diâmetro.
Figura 5.8
Tolerância de retilineidade.
Ø 0,05
94
CAPÍTULO 5
b) Planeza
Figura 5.9
Tolerância de planeza.
A superfície da peça deve estar entre duas superfícies planas e paralelas dis-
tantes entre si 0,06 mm (figura 5.10).
Figura 5.10
Tolerância de planeza.
0,06
c) Circularidade
95
mecânica 6
Figura 5.11
Circunferência da
seção da peça. t
Figura 5.12
Limites de
tolerância t = 0,16. 0,16
d) Cilindricidade
96
CAPÍTULO 5
Figura 5.14
0,1 Tolerância de cilindricidade.
e) Tolerâncias de perfil
Figura 5.15
Esfera tangencia as linhas
Øt paralelas da tolerância.
Figura 5.16
0,04 Contorno da seção da peça.
97
mecânica 6
0,04
Øt
Esfera Øt
Figura 5.18
Superfície da peça. 0,02
Esfera Øt
• por um plano;
• pelo limite de condição de máximo material (MMC);
• pelo limite da condição de mínimo material (LMC);
• pelo limite da condição virtual;
• por uma base de montagem real;
• por um contorno definido matematicamente.
98
CAPÍTULO 5
a) Plano
Figura 5.19
Planos de referência para
uma peça prismática.
A condição mínima para equilibrar um corpo com superfície prismática num plano
é definida por três pontos não colineares. Assim, para fixar uma peça numa máqui-
na, são necessários pelo menos três referenciais com mínimos pontos de apoio.
99
mecânica 6
Figura 5.21
Referenciais para fixar
um corpo cilíndrico.
)
Tolerância estatística ST
Entre
Sem considerar tamanho da característica S
Em torno de toda a superfície
Dimensão básica (sem tolerância especificada) 80
Dimensão de referência (75)
100
CAPÍTULO 5
Figura 5.22
Dimensão de eixo.
+ 0,020
R29,990 - 0,020
A condição de máximo material de parafusos é aquela que gera furos com menor
diâmetro, em que sobra mais material de superfície até o limite da tolerância
dimensional. Na figura 5.23 a dimensão a ser considerada para condição de
máximo material do furo é R 14,75 mm.
Figura 5.23
Dimensão de furo.
R 15 +_ 0,25
Nos eixos, a condição de mínimo material é o diâmetro mínimo que pode ser
gerado efetivamente a partir da tolerância dimensional do desenho.
101
mecânica 6
Figura 5.24
Condição RFS com Ø 15,054+- 0,100
limites da tolerância.
18,817
B
20,600
c) Condição virtual
Figura 5.25
28,25
Elemento controlado por B
tolerâncias geométricas.
20,05
+ 0,05
Ø 8,25 - 0,05
Ø 0,25 M A B C
Ø 0,13 M A
102
CAPÍTULO 5
Figura 5.28
Tolerância virtual
de posicionamento.
Dado
primário
Símbolo característico
da geometria Símbolo de condição do material
103
mecânica 6
Figura 5.30
Linha de referência contida
entre duas linhas paralelas.
t
Linha de referência
0º
9
Figura 5.31
t
Superfície perpendicular
a um plano.
Referência
Figura 5.32
Prisma e cilindro t2
perpendiculares ao t1 Øt
plano de referência.
Referência Referência
104
CAPÍTULO 5
Aplicação
Figura 5.33
Aplicação da tolerância
Ø 40 de perpendicularidade.
0,1 A
A
Ø 40 Figura 5.34
Aplicação da tolerância
de perpendicularidade.
A
0,08 A
Figura 5.35
Aplicação da tolerância
de perpendicularidade.
105
MECÂNICA 6
Figura 5.36
Linha de referência contida
entre duas linhas paralelas.
Linha
de referência
Figura 5.37
Abertura do ângulo para
inclinação de um plano.
Linha de
referência t
∝
Linha considerada
106
CAPÍTULO 5
Figura 5.38
Abertura do ângulo para
inclinação de um plano.
Figura 5.39
Abertura do ângulo
referente a um plano.
Figura 5.40
Abertura do ângulo
para inclinação de um
∝ plano com referência.
Aplicação
107
mecânica 6
Figura 5.41
Aplicação da tolerância
de angularidade.
0,08 A
60º
Figura 5.42
Aplicação de tolerância
de angularidade. 0,08 A
40º
Figura 5.43
Zona de tolerância
limitada por duas
linhas paralelas.
t
Linha de referência
108
CAPÍTULO 5
Linha de referência
Figura 5.45
t Campo de tolerância
definido por um prisma.
Linha de referência
Figura 5.46
Campo de tolerância
definido por um cilindro.
Øt
Linha de referência
109
mecânica 6
O campo de tolerância pode também ser definido por dois planos distantes entre
si e paralelos à superfície ou a uma linha de referência (figuras 5.47 e 5.48).
Figura 5.47
O campo de tolerância
também pode ser
definido por dois planos
paralelos à superficie.
Linha de referência
Figura 5.48
O campo de tolerância
também pode ser definido
por dois planos paralelos
à linha de referência.
Linha de referência
Aplicação
O paralelismo se aplica aos projetos nos quais se deseja alinhar linhas, furos e
superfícies e suas combinações (figuras 5.49 e 5.50).
Figura 5.49
0,2 A
Aplicação de tolerância
de paralelismo.
110
CAPÍTULO 5
Figura 5.50
0,2 A Aplicação de tolerância
de paralelismo.
a) Posição
A tolerância de posição pode ser definida para um ponto, uma linha ou uma
superfície ou plano médio.
Figura 5.51
0,01 C Tolerância de posição
de um ponto.
Figura 5.52
Ø t
A zona de tolerância
é definida por um
círculo dentro do
qual deverá estar o
ponto de interseção.
111
mecânica 6
Figura 5.54
As linhas consideradas
devem estar dentro
do campo formado
pelas retas paralelas. t
Figura 5.55
O campo de tolerância
é limitado por um
paralelepípedo.
112
CAPÍTULO 5
O eixo de cada furo deve estar localizado no campo de tolerância formado pelo
retângulo t1 = 0,05 e t2 = 0,02 (figura 5.56).
Figura 5.56
O eixo de cada furo
deve estar no campo
A
de tolerância formado
pelo retângulo.
3x
0,05 A
20 8 8
Figura 5.57
A linha de centro do
0,05
furo deve estar dentro
de um cilindro.
30
0,02
30
15 30
30 30
Figura 5.58
Tolerância de posição
limitada pelo diâmetro
de um cilindro.
Øt
113
mecânica 6
Figura 5.59
A superfície considerada
deve estar contida entre
dois planos paralelos. Ø 0,06 A B
A
68
100
B
Figura 5.60
Tolerância de posição
de uma superfície
ou plano médio.
b) Concentricidade
114
CAPÍTULO 5
Figura 5.61
Øt Tolerância de
concentricidade
de um ponto.
Figura 5.62
Øt O centro do círculo
coincide com o ponto
de referência.
Figura 5.63
O eixo do cilindro deve
estar contido numa zona
de tolerância cilíndrica.
Øt
115
mecânica 6
Figura 5.64
O eixo da zona de
Ø 0,08 A-B
tolerância coincide com
o eixo de referência.
A B
Ø
Ø
c) Simetria
Figura 5.66
Tolerância de simetria
de um plano médio em
relação à referência.
116
CAPÍTULO 5
Figura 5.68
Tolerância de simetria
de uma linha ou eixo em
relação à referência.
t
117
mecânica 6
Figura 5.70
Tolerância de simetria C
em duas direções 0,1 C - D
perpendiculares entre si.
0,05 A - B
A D B
a) Batimento circular
O campo de tolerância
é limitado por um
anel circular. t
Figura 5.72
0,2 A
O centro do anel
circular coincide com
a linha de referência.
118
CAPÍTULO 5
Figura 5.73
O campo de tolerância
é determinado por duas
superfícies paralelas,
perpendiculares ao eixo
de rotação da peça.
Figura 5.74
Dentro do cilindro
deverá estar a superfície
real da peça.
Figura 5.75
Batimento circular axial.
0,1 D
119
mecânica 6
Figura 5.77
O campo de tolerância
segue a mesma definição Cone de medição
do batimento circular
em qualquer direção,
mas a direção de medição t ∝
não é perpendicular.
a) Batimento total
120
CAPÍTULO 5
Figura 5.78
O campo de tolerância
é formado por duas
superfícies cilíndricas
coaxiais de diâmetros
diferentes.
Figura 5.79
Em qualquer ponto
da superfície deve
haver circularidade e
cilindricidade perfeitas
em relação ao eixo
de referência.
Batimento total axial – o campo de tolerância t é uma faixa formada por dois
planos paralelos e perpendiculares à linha de referência (figuras 5.80 e 5.81).
Figura 5.80
t Batimento total axial.
121
MECÂNICA 6
Figura 5.81
O campo de tolerância
é uma faixa formada por 0,1 D
dois planos paralelos
e perpendiculares à
linha de referência.
Na peça da figura 5.82, o diâmetro dos três furos com tolerância dimensional
é Ø 6 +0,20
+0,10 mm. Na usinagem, os três furos podem se afastar um pouco, mas
dentro de certos limites. Na condição de máximo material – MMC (Ø 6,10
mm) – quando houver mais material na peça e o diâmetro do furo diminuir, a
posição do centro de cada um dos três furos pode variar dentro de um diâmetro
de 0,15 mm. Na condição de mínimo material – LMC (Ø 6,20 mm), inverso do
MMC – a tolerância de posicionamento pode variar até Ø 0,25 mm (tabela 5.3).
Figura 5.82
Na usinagem, os três
furos podem se afastar
um pouco, mas dentro
de certos limites.
122
CAPÍTULO 5
Figura 5.83
Posição de um furo
e condição virtual.
Figura 5.84
Ø 0,20 A posição do furo dentro
do limite de tolerância
de posicionamento.
123
MECÂNICA 6
Figura 5.86
Como estava o desenho.
13,28
16,96 B
Posição do desenho
Coordenadas de posição do furo – considerando as coordenadas, é possível
definirPosição de usinagem
o quanto se deslocou no diâmetro e comparar o resultado com as tole-
râncias do desenho (figura 5.88).
C
Figura 5.88
Posição do desenho Com base nas
Posição de usinagem coordenadas, é possível
definir o quanto o
furo deslocou-se.
13,28 16,80
a
13,20
16,96
Então, o furo ficou deslocado um raio a = 0,162 + 0,082 . Esta nova posição
representa um círculo 2.a = 0,36 mm. Para permitir a montagem, este desloca-
mento tem que ser compensado no diâmetro do furo. A tolerânica dimensional
do furo varia de + 0,15 mm e – 0,15 mm, o furo pode sair com Ø 7,45 mm +
0,15 = 7,60 mm e Ø 7,45 mm – 0,15 = 7,30 mm.
Pela NBR 14646 a condição de máximo material para o furo é quando o furo
tem diâmetro menor; Ø 7,30 mm.
125
MECÂNICA 6
Figura 5.89
Determinação da 40,13
{
tolerância geométrica do 6,60
40,0 40 +
_ 0,13
_
furo e da montagem da Ø 6,30 ~ Ø 6,60 6,30
0,30
“caixa de instruções”. 39,87
64,87
65,00
65,13
65 +_ 0,13
B C A
126
CAPÍTULO 5
Figura 5.90
As faces A, B e C são
planos de referência.
Figura 5.91
0,13 O diâmetro do furo de
Ø 0,30 mm, deslocando-
a 0,13 -se 0,13 mm no eixo X
e 0,13 mm no eixo Y.
127
MECÂNICA 6
A GD&T foi criada nos anos 1930 por Stanley Parker, engenheiro da fábrica de tor-
pedos da marinha inglesa (WANDECK, 2008). No modelo industrial da época
parte das peças fabricadas era rejeitada ao final do processo. A GD&T só foi usada
durante a Segunda Guerra Mundial, pois até então as peças eram feitas “em casa”
(NADCA Product Specification Standards for Die Castings, 2009). O desenhista
podia discutir com a fábrica o que ele desejava. No curso da guerra foi necessário
terceirizar a fabricação de peças devido ao grande volume. E uma nova forma de
comunicação entre os projetistas e a produção precisou ser implementada. Havia
pontos não funcionais no desenho que antes eram desnecessários e que passaram
a ser considerados importantes. O GD&T facilitou esse processo.
Figura 5.93
Graus de liberdade.
128