O Movimento Sindical Pós
O Movimento Sindical Pós
O Movimento Sindical Pós
Resumo
A luta sindical brasileira é parte integrante do movimento operário ou
trabalhista. Este movimento sofreu profundas alterações (há quem fale em crise, outros
em declínio) na sua estrutura. Procuramos entender como se deu a formação dessa
classe operária, seu funcionamento até a década de 30 e como este movimento se portou
com a chegada de Vargas ao poder. Por fim tentamos traçar possibilidades e novas
perspectivas para o sindicalismo em um contexto globalizado de crise econômica e das
relações de trabalho.
Palavras chaves: Sindicalismo, Movimento operário, trabalho, classe, luta de classe.
Introdução
O movimento sindical, aqui tratado como componente do movimento operário como
um todo, surge “ao longo do século XX como um poder político de resistência
às formas de controle e dominação estabelecidas pelo modelo fordista de
produção; reforçado, no pós-guerra, pela presença de governos
social-democratas em vários países, 1”. No Brasil, este movimento surge com as
primeiras associações operárias. É, pois, essa a origem do sindicalismo brasileiro, como
cita Hermínio Linhares:
“As primeiras associações operárias livres começaram a surgir nos grandes
centros, principalmente no Rio (...) quando a escravatura ainda era a forma predominante
de trabalho. Assim, apareceram as dos cocheiros, dos caixeiros etc. tinham o objetivo
expresso de fornecer aos seus membros pequenas importâncias em casos de doenças,
desemprego ou invalidez (...). Foram os tipógrafos os vanguardeiros do movimento
organizado. Deles partiram os mais significativos movimentos de reivindicação que tanto
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R.B.C. S.v.15n. 43SPjun. 2000 José Ricardo Ramalho (resenha) Sindicatos: crise ou declínio no final do
século? RODRIGUES, Leôncio Martins. Destino do sindicalismo. São Paulo, Edusp, 1999. 335 páginas.
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Junto com essa corrente nasce o sindicato amarelo como precursor do sindicato
pelego, vinculado ao patronato ou subordinado ao governo, característica que buscamos
apreender no sindicalismo da década de 30 e subseqüentes.
Portanto, consiste no objetivo de estudo desse trabalho as condições de
existência, o comportamento de classe, as bandeiras de luta, a composição, enfim todas
as características do sindicalismo a partir de 1930 no Brasil.
ser a greve”.
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Sampaio, Andréa R. P.; A influência da psicologia de massa sobre o movimento operário brasileiro.
Dissertação de mestrado, IFCH-Unicamp, Campinas, 1997. (Biblioteca on-line da Unicamp).
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Em 1931 surge, para dificultar mais ainda a vida dos trabalhadores, a lei de
sindicalização estabelecida pelo decreto lei 19770, determinando que todos os
sindicatos eram obrigados a se legalizarem mediante registro no Ministério dos
Negócios do Trabalho, da Indústria e do Comércio (MTIC); proibia que as suas
diretorias fossem compostas por estrangeiros ou que estes controlassem
financeiramente as organizações sindicais.
Por detrás dessa última cláusula estava o medo da maior consciência de política
dos operários estrangeiros sabendo-se da ausência de preparo político dos operários
nacionais.
Desta forma os sindicatos livres, que eram dirigidos pelo movimento anarquista,
quase desapareceram entrando em cena a figura do diretor pelego ou sindicato pelego
todos atrelados ao poder estatal.
Isso, porém não impediu a ocorrência de greves já que a disparidade entre
salários e custo de vida era altíssima, ocorrendo em muitos casos, agremiações paralelas
à legislação vigente. Mas aqueles faziam um caminho contra a correnteza, pois com a
crescente mão de obra decorrente do êxodo rural, trabalhadores vindos do nordeste e
que não tinham a mesma consciência de luta classista dos trabalhadores estrangeiros, e,
portanto bem mais manipuláveis pelo Estado:
“Os trabalhadores começaram a cobrar de seus dirigentes o cumprimento dos
dispositivos legais, para se defenderem da burla do patronato. Como as diretorias
anarquistas, coerentes no seu combate contra a existência do Estado, não concordavam
com o reconhecimento oficial, passaram a ser desacreditadas pelos trabalhadores que
cobravam soluções imediatas no que dizia respeito à legislação trabalhista (...) Assim, os
anarquistas ficaram sem nenhuma alternativa para sua sobrevivência, perdendo influencia
no meio sindical, outros tiveram que ingressar no sindicato oficial ” (CANEDO, Letícia
Bicalho. A classe operária vai ao sindicato, Sã Paulo, 1988).
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Cabia aos dirigentes livres de sindicatos livres a luta pelos direito de classe e a
retomada da característica essencial dos sindicatos: autonomia na defesa pelos direitos
dos trabalhadores.
A conseqüência dessa política “harmônica” entre sindicato e Estado, foi
praticada durante todo o período getulista, e tem como marca o enfraquecimento do
movimento sindical e a luta contra o antigo “sindicato amarelo”, ou “pelego”, ou
corporativista que vicia o movimento e facilita o controle e subordinação do mesmo e o
impossibilita de agir e desempenhar sua função natural.
Neste período o sindicato deixa de ser mecanismo de luta por melhorias e
garantias de direitos e transforma-se em mecanismo de manipulação, de controle por
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parte do estado e dos patrões. Com o controle dos sindicatos a classe torna-se incapaz
não apenas de reivindicar ou conquistarem direitos e melhorias, mas principalmente de
agir politicamente, de ter participação ativa na vida política, sem a liberdade sindical a
classe perde a própria consciência de classe e não há espaço ou aproximação com a
mudança social.
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Cf. nota nº1. P.03.
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BIBLIOGRAFIA
AQUINO, et all. Sociedade brasileira: uma história através dos movimentos sociais.
São Paulo, Record, 2000.
Revista Brasileira de Ciências Sociais (R.B.C.S.) v.15, nº.: 43. São Paulo, Junho de
2000.
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