Contabilidade Societária
Contabilidade Societária
Contabilidade Societária
CONTABILIDADE SOCIETÁRIA
1ª Edição
Brasília/DF - 2018
Autores
Alexandra Nick Mascarenhas Angelo
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e
Editoração
Sumário
Organização do Livro Didático........................................................................................................................................4
Introdução...............................................................................................................................................................................6
Capítulo 1
LEGISLAÇÃO APLICADA À CONTABILIDADE...........................................................................................................9
Capítulo 2
BALANÇO PATRIMONIAL........................................................................................................................................... 15
Capítulo 3
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO.......................................................................................... 34
Capítulo 4
RECONHECIMENTO: ATIVO, PASSIVO, RECEITA E DESPESA.......................................................................... 49
Capítulo 5
DEPRECIAÇÃO, AMORTIZAÇÃO E EXAUSTÃO..................................................................................................... 71
Capítulo 6
OPERAÇÕES COM MERCADORIAS.......................................................................................................................... 78
Referências........................................................................................................................................................................... 91
Organização do Livro Didático
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em capítulos, de forma didática, objetiva e
coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros
recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também,
fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização do Livro Didático.
Atenção
Cuidado
Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o
aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.
Importante
Observe a Lei
Conjunto de normas que dispõem sobre determinada matéria, ou seja, ela é origem,
a fonte primária sobre um determinado assunto.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa
e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio.
É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus
sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas
conclusões.
4
Organização do Livro Didático
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Saiba mais
Sintetizando
Posicionamento do autor
Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o
aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.
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Introdução
Olá, pessoal! Meu nome é Alexandra Nick Mascarenhas Angelo, sou professora conteudista da
disciplina Contabilidade Societária. Sejam bem-vindos a mais uma disciplina do nosso Curso
de Ciência Contábeis, estaremos juntos durante todo esse estudo em que vamos aprofundar um
pouco mais o estudo dessa ciência chamada Contabildade.
Para que possamos dar continuidade ao nosso estudo, faz-se necessário ressaltar aqui a importância
de relembrar os conceitos estudados até o momento em Fundamentos da Contabilidade e Teoria
da Contabilidade.
No decorrer do nosso estudo, veremos a importância das normas para direcionar, disciplinar e
controlar a atividade contábil, ratificando aqui conceitos anteriormente abordados e monstrando
como se apresenta, hoje, a norma brasileira à qual devemos nos reportar.
Continuando nosso estudo, apresentaremos a estrutura atual do Balanço Patrimonial, seus grupos,
subgrupos e a importância de classificar os itens de forma correta para que a compreensão da
informação contábil não seja prejudicada, como, também, a apresentação da Demonstração do
Resultado do Exercício, demonstração que se faz necessária juntamente com o Balanço Patrimonial
para a perfeita leitura por seus usuários, veremos seu modelo de acordo com o CPC 26.
Dando continuidade ao nosso estudo, nos nossos últimos capítulos, abordaremos a questão da
depreciação, da amortização e da exaustão. Vamos trabalhar o conceito, as formas de cálculos
e, principalmente, sua contabilização para que essas informações econômicas cheguem aos
relatórios contábeis, que são produtos dos registros contábeis.
E, por último, não menos importante, abordaremos a questão das operações com estoques de
mercadorias, as compras, as vendas, como se calcula o custo das mercadorias vendidas, como
se calcula, também, o resultado com mercadorias, como essas informações são apresentadas
no Balanço Patrimonial e na DRE, considerando, ainda, a incidência de impostos recuperáveis
e não recuperáveis, como o IPI e ICMS.
Bons estudos!
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Objetivos
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8
CAPÍTULO
LEGISLAÇÃO APLICADA À
CONTABILIDADE 1
Introdução
O primeiro capítulo ratifica a importância das normas contábeis e como foi sua evolução até
os dias de hoje, ressaltando a importância da leitura dos Pronunciamentos Contábeis para
disciplinar, direcionar, dirimir quaisquer dúvidas sobre os registros e apresentações contábeis.
Objetivos
» Entidade
» Competência
» Oportunidade
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CAPÍTULO 1 • LEGISLAÇÃO APLICADA À CONTABILIDADE
» Terminologia contábil
» Equidade
» Continuidade
» Periodicidade
» Prudência
» Uniformidade
» Correção monetária
» Integração
» Informação
» Expressão monetária
Mas, em 29 de dezembro, fora revogada a Resolução no 530/1981 pela Resolução no 750 pelo
CFC, justificando uma necessária atualização de acordo com a evolução da Ciência Contábil.
Portanto, a partir de 1o de janeiro de 1994, os princípios passaram de 16, como vimos anteriormente,
para sete ao todo. São eles:
» Entidade
» Continuidade
» Oportunidade
» Atualização monetária
» Competência
» Prudência
Já a segunda revisão dos princípios ocorreu em 28 de maio de 2010, por meio da Resolução no
1.282 pelo CFC, que realizou a atualização e consolidou dispositivos da Resolução no 750, de 1993.
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LEGISLAÇÃO APLICADA À CONTABILIDADE • CAPÍTULO 1
» Entidade
» Continuidade
» Oportunidade
» Competência
» Prudência
Por fim, a CVM, em 3/2008, por meio da Deliberação CVM no 539, revogou a Deliberação no 29,
aprovou e tornou obrigatório para todas as companhias de capital aberto, o Pronunciamento
Conceitual Básico, que foi emitido pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), que
veremos a seguir:
As seguintes alterações foram realizadas na Lei das Sociedades por Ações, Lei no 6.404/1976:
» Lei no 9.457/1997;
» Lei no 10.303/2001;
» Lei no 11.638/2007;
International Accounting Standards Commitee (IASC), como era chamado o primeiro comitê
de pronunciamentos contábeis, que foi criado em 1973 por organismos contábeis de 10 países:
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CAPÍTULO 1 • LEGISLAÇÃO APLICADA À CONTABILIDADE
Alemanha, Austrália, Canadá, EUA, França, Irlanda, Japão, México, Países Baixos e Reino Unido.
Foi constituída em forma de fundação independente sem fins lucrativos; seu objetivo era formular
e publicar normas internacionais contábeis que fossem aceitas no mundo. Essas normas eram
chamadas International Accounting Standard (IAS), algumas ainda em vigor.
Em 2001, foi criado o International Accounting Standard Board (Iasb), para aprimorar a estrutura
técnica em formular e validar os novos pronunciamentos internacionais, sendo chamados
agora de International Financial Reporting Standard (IFRS), sendo interpretadas agora pelo
International Financiall Reporting Interpretations Commitee (Ifric), que a partir de 2002, passou
a ser responsável pela publicação dessas interpretações.
Com a dificuldade encontrada para adaptar-se às IFRSs, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM),
confirmou a obrigatoriedade de adoção de tais normas a partir de 2010.
Com o intuito de estudar, preparar e emitir pronunciamentos técnicos contábeis e divulgá-los, foi
criado, em 2005, pela Resolução no 1.055, emitida pelo CFC, o COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS
CONTÁBEIS (CPC), visando à convergência das normas brasileiras aos padrões internacionais.
Composição do CPC: formado por membros das seguintes entidades: (dois membros de cada,
os mesmos não auferem remuneração por suas participações).
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LEGISLAÇÃO APLICADA À CONTABILIDADE • CAPÍTULO 1
» Pronunciamentos contábeis
» Orientações técnicas
» Intepretações técnicas
Importante!
A validação dos pronunciamentos do CPC é realizada por meio de audiências públicas e, também,
reconhecidas por atos da CVM e do CFC.
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CAPÍTULO 1 • LEGISLAÇÃO APLICADA À CONTABILIDADE
Sintetizando
14
CAPÍTULO
BALANÇO PATRIMONIAL 2
Introdução
Objetivos
» Conhecer cada grupo e subgrupo, seus conceitos, como eles se compõem e como são
dispostos para evidenciação.
Balanço patrimonial
Conceito
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CAPÍTULO 2 • BALANÇO PATRIMONIAL
Balanço Patrimonial
ATIVO PASSIVO
No ATIVO, as contas são dispostas em ORDEM DECRESCENTE de grau de liquidez dos elementos
nelas registrados, nos seguintes grupos:
» Ativo Circulante.
» Passivo Circulante.
O Balanço Patrimonial é composto por CONTAS PATRIMONIAIS, isto é, aquelas utilizadas para
o registro dos elementos que compõem o patrimônio da entidade.
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BALANÇO PATRIMONIAL • CAPÍTULO 2
Ativo
No ATIVO, as contas que representam os bens e os direitos devem ser dispostas na ORDEM
DECRESCENTE DO GRAU DE LIQUIDEZ1 dos elementos nelas registrados e classificadas em
três grupos principais:
» Ativo Circulante
Ativo circulante
Neste grupo, são classificadas as contas que representam as Disponibilidades (ou Disponível),
os Direitos Realizáveis a Curto Prazo (Créditos, Estoques e Outros Valores e Bens) e as Despesas
do Exercício Seguinte.
Neste subgrupo, são classificadas as contas que possuem o MAIOR GRAU DE LIQUIDEZ dentre
as demais contas do Ativo. Elas representam as DISPONIBILIDADES IMEDIATAS e QUASE
IMEDIATAS.
Este subgrupo abrange as contas que representam BENS que podem ser VENDIDOS ou
CONSUMIDOS (estoques diversos), bem como DIREITOS que podem ser CONVERTIDOS EM
DINHEIRO durante o EXERCÍCIO SOCIAL SEGUINTE ao do Balanço em que estiverem sendo
classificadas – pelo prazo máximo de um ano – ou realizáveis durante CICLO OPERACIONAL da
empresa, se este for superior a um ano. Essas contas poderão ser agrupadas da seguinte maneira:
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CAPÍTULO 2 • BALANÇO PATRIMONIAL
São títulos de créditos, quaisquer valores mobiliários e os outros direitos. Estes direitos representam,
normalmente, os DIREITOS PROVENIENTES DE VENDAS A PRAZO a clientes ou são oriundos de
outras transações que geram valores a receber, e que, normalmente, são contabilizados na conta
Clientes ou na conta Duplicatas a Receber. Figuram ainda neste subgrupo, como RETIFICADORES,
as seguintes contas:
Sugestão de estudo
LER CPC 16
Estoques
Criada com base na regra “custo ou mercado, o mais baixo”, visa ajustar o valor dos estoques ao
valor de mercado quando este for inferior ao custo de aquisição dos referidos materiais, ou, ainda
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BALANÇO PATRIMONIAL • CAPÍTULO 2
Impostos a recuperar
Neste subgrupo figuram as contas que representam direitos da entidade junto ao governo
municipal, estadual ou federal, provenientes de créditos tributários conforme legislações
específicas. Normalmente, representam valores recolhidos antecipadamente aos cofres públicos.
Neste subgrupo são classificadas as contas que representam as aplicações de dinheiro que a
entidade faz em títulos, de renda, no mercado financeiro ou no mercado de capitais.
Essas aplicações, que visam à obtenção de receitas, podem ser classificadas quanto ao prazo em:
Efetuadas a curtíssimo prazo, podendo ser convertidas em moeda a qualquer tempo, sendo
classificadas como disponibilidades;
CDBS, RDBS, Ações de outras empresas etc., desde que não sejam aplicações a curtíssimo prazo
e que não haja intenção da entidade de manter os referidos títulos por período superior a um
ano. São classificadas no Ativo Circulante;
No entanto,– ações, depósitos a prazo fixo etc., com prazos superiores a um ano, sendo classificados
no Ativo Não Circulante Realizável a Longo Prazo.
São as aplicações em gastos que tenham realização no curso social seguinte ao do encerramento
do Balanço.
Neste subgrupo são classificadas as contas que representam despesas pagas antecipadamente,
cujos benefícios ou prestação de serviços à empresa se farão durante o exercício seguinte, ou ainda,
que deverão onerar o resultado do exercício seguinte. A mais comum delas é a conta Prêmios de
Seguros a Vencer, havendo, ainda, Juros Passivos a Vencer, Aluguéis Passivos a Vencer e outras.
Neste grupo são classificadas as contas da mesma natureza das do Ativo Circulante, sendo que,
serão realizáveis após o término do exercício seguinte, assim como os derivados de vendas,
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CAPÍTULO 2 • BALANÇO PATRIMONIAL
Investimentos
Além das contas referentes às aquisições de títulos e valores mobiliários representativas do capital
de outras empresas, devem figurar ainda neste subgrupo as contas que registram aplicações em
bens de renda (como imóvel destinado à locação), obras de arte, ouro etc.
Poderão figurar ainda como retificadores as contas Provisão para Perdas Prováveis na Realização
de Investimentos e Depreciação Acumulada, redutora das contas representativas dos bens de
renda.
Imobilizado
Neste subgrupo são classificadas as contas que representam aplicações de recursos em bens
tangíveis e intangíveis de uso da entidade.
Intangíveis
O Pronunciamento Técnico CPC 27 diz que o ativo imobilizado corresponde aos direitos que
tenham por objeto bens corpóreos destinados à manutenção das atividades da entidade ou
exercidos com essa finalidade, inclusive os decorrentes de operações que transfiram a ela os
benefícios, os riscos e o controle desses bens.
Por sua vez, o Pronunciamento Técnico CPC 4 define o ativo intangível como um ativo não
monetário identificável e sem substância física.
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BALANÇO PATRIMONIAL • CAPÍTULO 2
Esses bens possuem um valor para a sociedade e podem ser registrados contabilmente no
grupo do Ativo Intangível, desde que o item se enquadre na definição de ativo intangível, ou
seja, são identificáveis, controlados e geradores de benefícios econômicos futuros. Caso algum
bem mencionado não atenda à definição de ativo intangível, o gasto incorrido na sua aquisição
ou geração interna deve ser reconhecido como despesa quando da ocorrência. No entanto, se
o item for adquirido em uma combinação de negócios, passa a fazer parte do ágio derivado da
expectativa de rentabilidade futura (goodwill) reconhecido na data da aquisição.
Um ativo intangível deve ser reconhecido inicialmente ao seu custo, que inclui:
É importante ressaltar que o ativo intangível com vida útil indefinida não deve ser amortizado.
Já aquele com vida útil definida deve ter esse processo feito de forma sistemática ao longo da
sua vida útil estimada, a partir do momento em que estiver disponível para uso. A entidade
deve observar, ainda, se o ativo intangível requer provisão para perdas por desvalorização, em
consonância com o Pronunciamento Técnico CPC 1 – Redução ao Valor Recuperável de Ativos.
Por essas diversas formas de tratamento dos intangíveis, faz-sesão de grande importância a
fundamentação e a divulgação clara desses ativos nas demonstrações financeiras, que devem
ser complementadas pelas notas explicativas contendo, principalmente, a vida útil, os métodos
de amortização, o valor contábil, a rubrica da demonstração de resultados com a referida
amortização, e uma eventual provisão para perda desses ativos.
Enfim, é fundamental a correta mensuração e controle permanente desses ativos, bem como
a divulgação transparente de sua natureza. Além disso, é essencial a avaliação periódica para o
atendimento às normas contábeis vigentes.
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CAPÍTULO 2 • BALANÇO PATRIMONIAL
› Direitos de uso (gastos efetuados para o uso de uma marca comercial etc.);
› direitos Autorais.
Além disso, são comuns neste subgrupo do Ativo Não Circulante as seguintes contas
retificadoras:
» Depreciação Acumulada: é a perda do valor dos direitos que têm por objeto bens físicos
(ou materiais, ou tangíveis) sujeitos a desgastes ou perda de utilidade por uso, ação da
natureza ou obsolescência.
» Exaustão Acumulada: é a perda do valor, decorrente da sua exploração cujos objetos
sejam recursos naturais (florestas, minas, jazidas etc.).
» Amortização Acumulada: é a perda do valor do capital aplicado na aquisição de direitos
de propriedade industrial ou comercial (bens imateriais, intangíveis ou que não possuem
existência física).
Teremos um capítulo para tratarmos desses três cálculos ainda nesta disciplina.
Passivo
As contas que representam as obrigações (dívidas da empresa para com terceiros) e o Patrimônio
Líquido (dívidas da empresa para com seus proprietários) são classificadas, no Passivo, em quatro
grupos principais:
EXIGIBILIDADE
Exigibilidade ATÉ o término do exercício seguinte Exigibilidade APÓS o término do exercício seguinte
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BALANÇO PATRIMONIAL • CAPÍTULO 2
Passivo circulante
Como ocorre com os direitos, na companhia em que o ciclo operacional da empresa tiver duração
maior que o exercício social a classificação no Circulante ou Longo Prazo terá por base o prazo
desse ciclo.
Neste grupo são classificadas as contas que correspondem às obrigações de curto prazo, podendo
ser agrupadas da seguinte maneira:
Obrigações financeiras
São as obrigações assumidas pela empresa visando à obtenção de empréstimos para financiar
seu capital de giro (débitos de financiamento). Normalmente, esses empréstimos são captados
junto a estabelecimentos bancários.
Obrigações fiscais
Compreendem os compromissos para com o Fisco municipal, estadual e federal. As contas que
normalmente compõem este subgrupo referem-se a ISS a Recolher ou a Pagar, ICMS a Recolher
ou a Pagar, IPI a Recolher ou a Pagar e outros Impostos e Taxas ou Contribuições devidas aos
aludidos Fiscos.
Obrigações trabalhistas
Delas fazem parte todas as demais obrigações não classificadas nos subgrupos anteriores, desde
que não se refiram a Provisões, como adiantamentos recebidos de clientes, Contas a Pagar (água,
energia elétrica, telefone), Dividendos, Partes Beneficiárias etc.
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CAPÍTULO 2 • BALANÇO PATRIMONIAL
Provisões
Abrangem valores estimados, representativos de obrigações para com o Fisco (Contribuição Social,
Imposto de Renda), para com empregados (férias, décimo terceiro, gratificações etc.) e outras.
Neste grupo são classificadas as contas representativas de obrigações cujos vencimentos ocorrem
após o término do exercício social seguinte ao do Balanço. Portanto, todas as obrigações que
figuram no Passivo Circulante poderão figurar neste grupo, tendo em vista o prazo de vencimento.
Patrimônio líquido
» Capital Social
» Reservas
» Prejuízos Acumulados
» Ações em Tesouraria
Capital social
Neste subgrupo deve ser classificada a conta que representa o capital subscrito (autorizado),
deduzida da parcela ainda não realizada (capital a integralizar e/ou a realizar), cujo saldo será
o valor do Capital Realizado.
Reservas
Dividem-se em:
» Reservas de Capital
» Reservas de Lucros
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BALANÇO PATRIMONIAL • CAPÍTULO 2
a. Reservas de Capital
São as contas constituídas pelos ágios obtidos na colocação de ações da entidade, pelo produto
da alienação de partes beneficiárias2 e bônus de subscrição, pelo prêmio recebido na emissão
de debêntures3, bem como as constituídas pelo recebimento de doações e subvenções para
investimentos.
b. Reservas de Lucros
Extraídas do Lucro Líquido apurado pelas empresas, essas contas podem ser:
Reservas de Lucros: As Reservas de Lucros são parte do lucro que os sócios decidiram não
retirar da empresa, guardando (reservando) para determinado fim.
» Reserva de Contingência
» Reserva Estatutária
Reserva legal
A cada final de exercício a empresa deverá reservar o equivalente a 5% do lucro líquido. O saldo
da reserva legal não poderá ultrapassar 20% do Capital Social.
A finalidade da reserva legal é criar um fundo para que a empresa possa suportar prejuízos ou
ter recursos para o seu crescimento, podendo aumentar o capital com seus próprios recursos
não distribuídos aos sócios como dividendos. Essas definições constam do art. 193, § 2o, da Lei
no 6.404/1976, transcrito a seguir:
2 Partes Beneficiárias: título de conta que registra o valor atribuído às partes beneficiárias, emitidas por sociedades anônimas.
3 Debêntures: título de conta que designa os registros dos valores dos títulos de dívida emitidos pelas Sociedades por Ações.
É uma conta do Passivo Exigível, podendo ser a Curto ou a Longo Prazo, segundo o tempo no qual vão sendo vencidos os
títulos para efeito de resgate.
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CAPÍTULO 2 • BALANÇO PATRIMONIAL
Reserva Legal
Acumulada + 5%
≤ 20% do CS do Lucro Líquido > 20% do CS
RLA + RC < 30% do CS RLA + RC > 30% do CS RLA +RC < 30% do CS
EXEMPLO:
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BALANÇO PATRIMONIAL • CAPÍTULO 2
Logo, não se pode destinar R$ 400,00 para a Reserva Legal, pois o saldo dela ultrapassaria os
20% do Capital Social mais a sua correção. Desta forma, o valor a ser destinado a tal reserva, em
31/12/x2, será de R$ 300,00.
Reserva de contingência
A sociedade em Assembleia Geral poderá criar uma reserva para prevenção de uma
contingência que tenha um grau razoável de chance de ocorrência. Os órgãos de administração
devem indicar os motivos e os valores com precisão. Caso, no exercício seguinte, as preocupações
que motivaram a criação da reserva não se materializem, a reserva deverá ser revertida
para a conta Lucros ou Prejuízos Acumulados. Essas definições constam do art. no 195 da
Lei no 6.404/1976.
Constituição em 31/12/20X1
Lucros Reserva de
Acumulados Contingência
Reversão em 31/12/20X2
Reserva estatutária
O estatuto de uma companhia permite que a sociedade crie quantas reservas quiser, desde
que esteja especificado exatamente o propósito, a base de cálculo e o percentual máximo do
lucro líquido e valor mínimo de reserva. Essas definições legais constam do art. 194 da Lei no
6.404/1976, transcrito a seguir:
Exemplo: a empresa Luz do Sol Produtora Cinematográfica S/A decidiu constituir, com aprovação
da assembleia, uma reserva estatutária para contribuir com 4% do lucro líquido do exercício com
a sociedade de amparo às crianças com câncer do Brasil. No exercício 2009, obteve lucro líquido
de R$ 500.000. A constituição da reserva de lucro deverá ser feita da seguinte forma:
27
CAPÍTULO 2 • BALANÇO PATRIMONIAL
Art. 195-A. A assembleia geral poderá, por proposta dos órgãos de administração,
destinar para a reserva de incentivos fiscais a parcela do lucro líquido decorrente
de doações ou subvenções governamentais para investimentos, que poderá ser
excluída da base de cálculo do dividendo obrigatório (inciso I do caput do art.
202 desta Lei) (incluído pela Lei no 11.638/2017)
Exemplo: Uma empresa obteve um terreno do governo estadual, onde irá instalar uma fábrica,
no valor de R$ 3.000.000,00.
3.000.000,00 3.000.000,00
Quando a empresa concluir a construção do edifício fabril e iniciar sua utilização, deverá iniciar
a apropriação da subvenção do Passivo para o Resultado. O valor investido na construção do
edifício foi de R$ 10.000.000,00, que serão depreciados, de acordo com o Regulamento do IR,
em 25 anos (4% ao ano).
A subvenção a Apropriar é uma receita diferida, que deverá ser transferida ao resultado na
proporção de sua utilização pela empresa, isto é, depreciação ou amortização. No caso de
um terreno, que não é depreciável, a receita será apropriada ao Resultado na mesma razão da
depreciação do edifício construído no terreno.
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BALANÇO PATRIMONIAL • CAPÍTULO 2
Esta reserva também é chamada de orçamentária, para investimentos ou expansão. Assim como
as outras reservas de lucros, ela só pode ser formada se a administração apresentar a proposta
de investimento com todas as fontes de recursos definidas. Da mesma forma, se o investimento
não for realizado, deverá ser revertida para a conta de lucros e prejuízos acumulados.
O objetivo desta reserva é preservar as disponibilidades da empresa, haja vista que uma grande
venda realizada no exercício findo que não tiver sido recebida poderia criar uma situação
complicada, que seria a de a empresa ter que se endividar para pagar dividendos.
Dessa forma, se a assembleia aprovar sua criação, a parcela do dividendo embutida no lucro
efetivamente não realizado de forma financeira ficará alocada nessa reserva, e, quando a parcela
se realizar financeiramente a empresa deverá reverter esta reserva para lucros ou prejuízos
acumulados e esperar o final do exercício. Se não ocorrer prejuízo, o valor revertido deverá ser
somado aos dividendos do exercício e pago aos sócios.
Exemplo: tendo em vista a Lei das S/A e a Deliberação CVM no 294/1999, determinar o valor que
poderia ser constituído como Reserva de Lucros a Realizar da empresa Vigo Empreendimentos
Imobiliários S.A.
A empresa Vigo logrou lucro Líquido no exercício 2009. A seguir, os dados levantados das
demonstrações financeiras:
Os dividendos devem ser calculados na base de 50% do lucro, excluindo-se o valor da reserva legal.
A Lei das S/A, em seu art. 197, determina que a Reserva de Lucros a Realizar pode ser constituída
em detrimento da distribuição de dividendos, calculando-se os lucros não realizados, excluindo no
lucro líquido os seguintes valores embutidos na apuração do lucro líquido contábil do exercício:
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CAPÍTULO 2 • BALANÇO PATRIMONIAL
Para calcularmos os lucros não realizados, temos, antes, que calcular a reserva legal de 5%.
Nesse caso, 5% de R$ 200.000, será igual a R$ 10.000. Os dividendos a serem distribuídos serão
o equivalente a 50% de R$ 190.000 = R$ 95.000.
Esta reserva permite que a administração proponha à Assembleia Geral a retenção de parte ou
de todos os dividendos em função de problemas financeiros.
A empresa pode ter obtido um lucro significativo e, em função de ter comprometido todas as
disponibilidades, não ter condições de realizar o pagamento dos dividendos. Essa reserva está
prevista na Lei no 6.404/1976, art. 202, § 5o, transcrito a seguir:
Prejuízos acumulados
Esta conta será positiva quando representar Lucros Acumulados e negativa quando representar
Prejuízos Acumulados.
Representa o saldo remanescente dos lucros (ou prejuízos) líquidos, estes apresentados como
parcela redutora do Patrimônio Líquido.
No caso de o Patrimônio Líquido ser negativo, o seu valor final será denominado de PASSIVO A
DESCOBERTO.
30
BALANÇO PATRIMONIAL • CAPÍTULO 2
desses ajustes é registrada numa conta de patrimônio líquido denominada Ajustes de Avaliação
Patrimonial, que pode ter saldo devedor (negativo) ou credor (positivo).
Lançamento
A Lei no 11.638/2007 extinguiu, com efeitos a partir de 1o de janeiro de 2008, a reserva de reavaliação
e em seu lugar criou os ajustes de avaliação patrimonial. Os saldos atualmente existentes nas
reservas de reavaliação deverão ser mantidos até sua efetiva realização, caso não tenham sido
estornados até o final de 2008.
31
CAPÍTULO 2 • BALANÇO PATRIMONIAL
estabelece que as ações em tesouraria deverão ser destacadas no Balanço como dedução
da conta do Patrimônio Líquido que registrar a origem dos recursos aplicados na sua
aquisição.
A escrituração contábil, bem como a emissão de relatórios e das demonstrações contábeis, são de
atribuição e responsabilidade exclusiva de Contadores e Técnicos em Contabilidade, legalmente
habilitados, para tanto deverão estar inscritos no Conselho Regional de Contabilidade (CRC) e
em situação regular.
As entidades podem elaborar o Balanço Patrimonial, bem como qualquer outra demonstração
financeira, SEMPRE QUE O PRETENDEREM (no final do mês, do bimestre, do semestre ou do ano).
A LEGISLAÇÃO COMERCIAL, por meio da Lei no 6.404/1976, art. 176, determina que as entidades
elaborem o Balanço Patrimonial, juntamente com as demais demonstrações financeiras, ao FIM
DE CADA EXERCÍCIO SOCIAL. Essa mesma lei, em seu art. 175, fixa a duração do exercício social
em um ano, porém faculta a cada entidade a escolha da data do término.
32
BALANÇO PATRIMONIAL • CAPÍTULO 2
Assim, ainda que algumas entidades possam estar ou não sujeitas à apuração de resultados
mensais ou, ainda, tenham datas de início e término do exercício social não coincidentes com
as do ano civil, para atender às exigências das legislações comercial e tributária, deverão apurar
os seus resultados e elaborar as demonstrações financeiras, entre elas o Balanço Patrimonial,
pelo menos no dia 31 de dezembro de cada ano.
Após esses procedimentos, todas as CONTAS DE RESULTADO estarão SEM SALDOS no livro
Razão da entidade, permanecendo COM SALDOS apenas as CONTAS PATRIMONIAIS, que serão
utilizadas na elaboração do Balanço Patrimonial.
Sintetizando
33
CAPÍTULO
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO
EXERCÍCIO 3
Introdução
Objetivos
34
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO • CAPÍTULO 3
MODELO
» Devoluções de vendas;
» Despesas administrativas
(-) DESPESA COM A PROVISÃO PARA A CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO
(CSLL)
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CAPÍTULO 3 • DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO
O valor da Receita Bruta de Vendas e Serviços corresponde ao valor da operação. Assim, por
exemplo, caso venham a efetuar a venda de uma mercadoria no valor de R$ 10.000, com ICMS
a 18% e IPI a 20%, tanto no ICMS quanto o IPI terá como base de cálculo para fins tributários
o valor da Receita Bruta da venda da aludida mercadoria. O ICMS, por ser um imposto “por
dentro” (que faz parte de sua própria base de cálculo), seu valor (R$ 1.800) já estará incluído nos
R$ 10.000 da operação de venda. No entanto, o IPI (R$ 2.000) não estará incluso no montante da
Receita Bruta de Vendas (R$ 10.000). De onde podemos inferir que o montante final da Nota Fiscal
da venda efetuada será de R$ 12.000, cujo montante corresponde ao valor do FATURAMENTO
BRUTO, isto é, Receita Bruta + IPI.
36
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO • CAPÍTULO 3
NOTA FISCAL respectiva. Nesse total está incluído o valor do ICMS e do ISS (se houver) e excluído
o valor do IPI. O IPI NÃO é uma DEDUÇÃO, pois este não está incluído no valor da RECEITA
BRUTA DE VENDAS E SERVIÇOS, pois, como já visto anteriormente, é um imposto “por fora”,
ou seja, é um imposto que não faz parte da base de cálculo da RECEITA BRUTA DE VENDAS E
SERVIÇOS, devendo, portanto, ser contabilizado diretamente a crédito de uma conta de obrigação
(IPI a Recolher).
As DEDUÇÕES DAS VENDAS, embora sejam DESPESAS, não são contabilizadas como tais e sim
como CONTAS RETIFICADORAS da Receita Bruta de Vendas e Serviços (ou Vendas Brutas). Neste
item incluem-se todos os valores que devem ser abatidos do valor da Receita Bruta de Vendas e
Serviços, tais como:
» devoluções de vendas;
Devoluções de vendas
Nas operações com mercadorias, as vendas efetivamente canceladas ou anuladas, bem como
aquelas em que, por motivos diversos, há o retorno da venda efetuada, devemos considerar tais
devoluções como contas retificadoras da Receita Bruta de Vendas.
Devolução de venda
Ocorre quando a mercadoria foi entregue ao cliente, sendo esta por ele devolvida, em face de
algum problema quanto à operação efetuada (apresentou defeito, item fora das especificações,
compra não solicitada, condições fora do que foi previamente pactuado etc.).
Cancelamento de venda
Ocorre quando a operação é desfeita antes que a mercadoria tenha saído do estabelecimento
vendedor. Nesse caso, não seria correto que a aludida venda já tenha sido contabilizada antes
de sua entrega ao comprador, porém, caso a receita decorrente de tal venda já tenha sido
contabilizada, deve ser feito um lançamento contábil de cancelamento da venda.
37
CAPÍTULO 3 • DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO
Retorno da mercadoria
Esse fato ocorre quando a mercadoria, objeto da operação de venda, é remetida ao cliente e este,
por razões diversas, não é entregue ao seu destinatário, em virtude de não aceitá-la, não ter sido
localizado, endereço incompleto, mudança de endereço etc.
O que, na prática, verificamos, é que os contabilistas, regra geral, não fazem distinção entre
devolução, cancelamento e retorno, preferem, em regra, utilizar a denominação “VENDA
CANCELADA” para registro das aludidas devoluções de vendas.
Caso o cliente, após o recebimento das mercadorias, constate alguma irregularidade ou problema
a elas relacionadas, constate que as mercadorias entregues estão em desacordo com o pedido
efetuado, apresentem algum defeito, qualidade não compatível com o esperado etc., para que
o vendedor não corra o risco de que haja devolução, poderá ser concedida ao comprador uma
redução no preço inicialmente pactuado, que recebe o nome de ABATIMENTO. Quando se tratar
de prestação de serviços, o abatimento tem características semelhantes às operações de venda
de mercadorias.
A conta Abatimentos sobre Vendas é conta retificadora (redutora) da Receita Bruta de Vendas.
O Abatimento Concedido na Venda das Mercadorias somente alterará as contas Clientes, Caixa
ou Duplicatas a Receber (conforme cada caso), não provocando, portanto, ajustes nas contas
de estoque nem do CMV, pois o abatimento concedido não implica retorno da mercadoria à
empresa vendedora.
No que se refere ao ICMS, este também não será afetado pelo Abatimento concedido na Venda das
Mercadorias, em que pese o valor já recebido ou a receber do cliente tenha sofrido uma redução
proporcional ao abatimento concedido. O ICMS a recolher continua sendo o valor original da
operação de venda das mercadorias.
38
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO • CAPÍTULO 3
Essa operação, em regra, é utilizada pelo comprador como forma de atrair novos clientes,
conservar os já existentes ou, até mesmo, um incentivo àqueles clientes que venham a adquirir
quantidades maiores de seus produtos, como nos casos dos descontos promocionais ou de
liquidação. Esse tipo de desconto deve estar mensurado na respectiva Nota Fiscal de venda do
produto cujo desconto foi concedido.
É desconto incondicional aquele concedido no ato da compra cuja materialização não esteja
vinculada a nenhum evento futuro. Condicional é aquele cuja materialização se vincule a algum
fato ou evento posterior ao momento em que se efetivou a compra da mercadoria.
Os tributos incidentes sobre as vendas e serviços, que figuram como dedução da Receita Bruta
de Vendas, são:
» ICMS;
» ISS;
» PIS;
» Cofins.
ICMS
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CAPÍTULO 3 • DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO
IPI
Tributo de competência federal, o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) não é uma
dedução da Receita Bruta de Vendas, pois este não se encontra incluso na nela.
O IPI não deve ser apresentado como dedução das vendas brutas, uma vez que o seu valor não
está incluído nas receitas de vendas. Ao contrário do ICMS, o IPI é calculado por fora, vale dizer,
não integra sua própria base de cálculo.
ISS
Tributo de competência municipal, o Imposto Sobre Serviços (ISS) é dedução (despesa retificadora)
da Receita Bruta de Serviços (exceto para aqueles relacionados no ICMS) para as empresas
prestadoras de serviços.
O ISS incide sobre os serviços não sujeitos à incidência do ICMS e que estejam previstos em lei
complementar. O Decreto-Lei no 406/1968 estabelece a lista dos serviços cuja prestação está
sujeita à incidência do imposto sobre serviços de qualquer natureza.
PIS
De competência federal, o Programa de Integração Social (PIS) não é um imposto, mas uma
contribuição social. Sua alíquota é de 1,65% sobre o FATURAMENTO MENSAL das empresas
(não confundir com FATURAMENTO BRUTO), isto é, RECEITA BRUTA DE VENDAS ou SERVIÇOS
diminuída das deduções cabíveis.
De acordo com a Lei no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, a contribuição para o PIS tem como
fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa
jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil.
A base de cálculo da contribuição para o PIS é o total das receitas, compreendendo a receita
bruta da venda de bens e serviços nas operações em conta própria ou alheia e todas as demais
receitas auferidas pela pessoa jurídica, inclusive as receitas não operacionais.
Cofins
40
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO • CAPÍTULO 3
Trata-se, portanto, da RECEITA REAL obtida pela empresa, com a exclusão dos impostos (que se
incorporam às receitas obtidas, mas que são recursos que pertencem ao governo), das devoluções,
dos abatimentos, dos descontos comerciais concedidos e das contribuições sociais exigidas por lei.
Custos operacionais
Neste item figuram as seguintes contas, cujos saldos deverão ser subtraídos da Receita Operacional
Líquida:
O CUSTO DOS SERVIÇOS PRESTADOS equivale à soma dos valores gastos em decorrência da
prestação dos serviços.
Este item corresponde à Receita Líquida das Vendas e Serviços da qual foram deduzidos os
Custos Operacionais. Representa, exclusivamente, o resultado obtido nas operações objeto da
exploração principal da empresa.
Numa empresa comercial, o Lucro Bruto corresponde ao lucro apurado nas transações de compra
e venda de mercadorias. Os lucros obtidos em aplicações financeiras ou nas vendas de outros
bens, por exemplo, não fazem parte deste cálculo.
41
CAPÍTULO 3 • DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO
Despesas operacionais
Neste item são demonstradas todas as Despesas Operacionais incorridas no período, agrupadas
em Despesas com as Vendas, Despesas Financeiras deduzidas das Receitas Financeiras, Despesas
Gerais e Administrativas e outras Despesas Operacionais.
As despesas financeiras devem ser apresentadas pelo VALOR LÍQUIDO após a DEDUÇÃO DAS
RECEITAS FINANCEIRAS. São despesas financeiras os juros incorridos na remuneração de
empréstimos e financiamentos obtidos, os juros incorridos no desconto de títulos de crédito, os
juros de mora incidentes no atraso do pagamento de dívidas, os descontos concedidos quando
do recebimento de duplicatas etc.
42
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO • CAPÍTULO 3
De qualquer modo, ainda que as variações monetárias sejam consideradas resultado financeiro,
não haverá modificação do valor do lucro ou prejuízo operacional líquido.
Caso as receitas financeiras superem o montante das despesas financeiras, o valor líquido
deverá ser apresentado como dedução das despesas operacionais. São exemplos de RECEITAS
FINANCEIRAS os juros ganhos na concessão de empréstimos e financiamentos, os descontos
condicionais (financeiros) obtidos no pagamento de dívidas e os juros de mora realizados no
recebimento de créditos com atraso.
As despesas gerais são aquelas relacionadas a mais de um departamento. O critério mais adequado,
entretanto, quando o gasto se relaciona a mais de um departamento, é ratear as despesas entre
os departamentos envolvidos.
As outras despesas operacionais são aquelas que não se enquadram como despesas com vendas,
financeiras, gerais ou administrativas. É o caso do RESULTADO NEGATIVO NA EQUIVALÊNCIA
PATRIMONIAL e PREJUÍZO DA ALIENAÇÃO DE BENS DO ATIVO IMOBILIZADO.
A Lei das Sociedades por Ações é OMISSA quanto à classificação, na Demonstração do Resultado
do Exercício, das receitas operacionais que não se enquadrem como receita bruta das vendas e
serviços ou como receita financeira. O critério mais usual tem sido apresentá-las imediatamente
após as despesas operacionais, de forma que o seu valor seja computado na apuração do lucro
ou prejuízo operacional líquido.
Exemplo
Determinada máquina, ao ser adquirida por certa empresa, teve o seu registro contabilizado no
valor de R$ 2.000. Até a data de sua venda (alienação), efetuada à vista por R$ 1.200, o seu saldo
de depreciação importava em R$ 900. Dessa forma, o valor contábil da aludida máquina seria
assim contabilizada:
43
CAPÍTULO 3 • DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO
Como a máquina foi vendida por R$ 1.200, temos resultado positivo na alienação:
O lucro obtido na alienação (venda) de bens do Ativo Não Circulante Imobilizado será registrado
como resultado operacional na DRE.
Corresponde ao lucro obtido no confronto entre o Lucro Bruto acrescido das demais Receitas
Operacionais e deduzido das demais Despesas Operacionais.
Quando o total dos Custos Operacionais mais as Despesas Operacionais forem superiores ao
total da Receita Operacional Líquida mais as demais Receitas Operacionais, esse resultado
corresponderá a prejuízo. Logo, a sua denominação será Prejuízo Operacional.
A CSLL foi instituída pela Lei no 7.689, de 12 de dezembro de 1989, por essa razão a aludida
contribuição social não está prevista na Lei no 6.440, que é de 15 de dezembro de 1976, sendo
que, com o advento da Lei no 9.245/1995, a CSLL passou a figurar na DRE logo após os resultados
operacionais.
A CSLL é devida pelas pessoas jurídicas domiciliadas no País e pelas que lhes são equiparadas
pela legislação do Imposto de Renda. De forma idêntica ao Imposto de Renda, a CSLL pode
incidir sobre o lucro real, presumido ou arbitrado. Para as pessoas jurídicas sujeitas à apuração
do lucro real, a base de cálculo da CSLL é o resultado do período-base de incidência, antes da
despesa com a provisão para o Imposto de Renda e após as participações.
Corresponde ao Lucro ou Prejuízo Operacional menos a Despesa com a Provisão para a CSLL.
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DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO • CAPÍTULO 3
O LUCRO REAL é, de acordo com a legislação tributária, o Lucro Líquido do Exercício ajustado
pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas por essa mesma legislação.
O LUCRO REAL é determinado com base na escrituração que o contribuinte deve manter,
observando as leis comerciais e fiscais, sendo demonstrado no Livro de Apuração do Lucro Real
(LALUR).
A alíquota, bem como a base (Lucro Real), para cálculo dessa provisão, também sofrem alterações
constantes por meio da legislação tributária. Por isso, é sempre conveniente consultar o
Regulamento do Imposto de Renda para verificar os critérios em vigor em cada ano.
A base de cálculo do imposto devido pelas pessoas jurídicas é o lucro real, presumido ou arbitrado
correspondente ao período-base de incidência.
A legislação do Imposto de Renda discrimina quais são as pessoas jurídicas sujeitas à apuração
do lucro real das pessoas jurídicas.
Lucro real é, portanto, o lucro líquido do período de apuração ajustado pelas adições, exclusões
ou compensações prescritas ou autorizadas pela legislação do Imposto de Renda.
O lucro real é determinado a partir do lucro líquido contábil do período de apuração do imposto
com base no que estabelece a legislação comercial. Apesar de algumas receitas lançadas
contabilmente não serem tributáveis e de algumas despesas não serem dedutíveis do Imposto de
Renda, o lucro real é calculado a partir do lucro (ou prejuízo) contábil, apurado de acordo com
a Lei no 6.404/1976. Somente após a apuração do resultado contábil é que são feitos os ajustes
necessários ao cálculo do lucro real.
45
CAPÍTULO 3 • DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO
Participações
Debêntures
São títulos de crédito emitidos por Sociedades por Ações, que conferem a seus titulares direitos
de créditos junto a elas nas condições constantes das escrituras de emissão ou dos certificados.
Normalmente, rendem juros, indexação monetária e participação nos lucros. São garantidas
pelo Ativo da empresa emissora e asseguram preferência no resgate sobre os demais títulos da
empresa. Quando a empresa vende esses títulos, cria para si uma obrigação, geralmente a longo
prazo, podendo registrar tal obrigação por meio da conta Debêntures a Pagar (ARLP).
46
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO • CAPÍTULO 3
47
CAPÍTULO 3 • DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO
Corresponde ao Lucro Líquido após o Imposto de Renda, deduzido das Participações. No caso
de o Resultado do Exercício corresponder a prejuízo, ele será denominado Prejuízo Líquido do
Exercício.
Neste item será informado o valor do Lucro Líquido do Exercício ou do Prejuízo Líquido do
Exercício correspondente a cada ação: em circulação que compõe o Capital da sociedade (quando
se tratar de Sociedades por Ações).
Nas entidades em que existam ações de classes e espécies diversas, os critérios utilizados para
os cálculos deverão ser informados em Notas Explicativas (NE).
Os dados necessários para a elaboração dessa demonstração são extraídos do livro Razão.
Assim, para facilitar os trabalhos, o contabilista poderá extrair os dados dos últimos lançamentos
efetuados no livro Diário, que registraram as transferências das Despesas e das Receitas para a
conta Resultado do Exercício, assim como as deduções e participações no referido Resultado.
Sintetizando
» A importância da DRE como demonstração contábil a ser analisada pelos usuários juntamente com o Balanço
Patrimonial.
» Como elaborar a Demonstração do Resultado do Exercício, como demonstração vertical, dedutiva e econômica.
48
CAPÍTULO
RECONHECIMENTO: ATIVO, PASSIVO,
RECEITA E DESPESA 4
Introdução
Objetivos
Reconhecimento
» O item tem custo ou valor que possa ser mensurado com confiabilidade?
49
CAPÍTULO 4 • RECONHECIMENTO: ATIVO, PASSIVO, RECEITA E DESPESA
Mensuração do Ativo
Bases de Avaliação
Essas bases de avaliação podem sofrer alterações conforme a variável “tempo”. De acordo com
a metodologia de Hendricksen e Van Breda (1999 apud NYIAMA; SILVA, 2013, p. 129), o quadro
a seguir ilustra estas variações:
50
RECONHECIMENTO: ATIVO, PASSIVO, RECEITA E DESPESA • CAPÍTULO 4
Custo histórico
Os ativos são mensurados pelos valores pagos em caixa ou equivalentes de caixa na época de
aquisição incluindo os gastos para deixar o ativo em condições de gerar benefício econômico
futuro.
Mensuração pelo montante pelo qual teriam de ser pagos caso fossem adquiridos na data do
balanço. Em outras palavras, representa o esforço monetário que a entidade teria que fazer hoje
para obter o ativo existente.
Valor realizável
Os ativos são mantidos pelos montantes de caixa ou equivalentes de caixa que poderiam ser
obtidos pela sua venda em forma ordenada.
» Valor justo.
Valor presente
Representa o montante que seria gerado pela entidade, descontando o fluxo futuro de entradas
líquidas de caixa que se espera no curso normal das operações.
51
CAPÍTULO 4 • RECONHECIMENTO: ATIVO, PASSIVO, RECEITA E DESPESA
» Desvantagens: complexidade no cálculo da forma, uma vez que em alguns casos o valor
futuro do ativo e a taxa de desconto não são conhecidas.
De acordo com CPC 1 – Redução do Valor Recuperável do Ativo, determinado ativo possui dois
valores, o valor em uso e o valor de troca. Quando o valor de troca é superior ao valor em uso, as
pessoas tendem a vender o bem. Porém, quando o valor em uso é superior, as pessoas não irão
se desfazer do bem.
» Valor em uso: valor presente do fluxo de caixa futuro estimado, resultante do uso de
um ativo.
» Valor líquido de venda: montante que pode ser obtido pela venda de um ativo, retirando
as despesas de venda.
» O valor em uso corresponde à riqueza que será gerada por um ativo no seu uso.
» O valor líquido de venda refere-se ao montante que pode ser obtido pela venda de um
ativo, retirando as despesas envolvidas.
» Despesas: anúncio (R$ 500,00), cartório (R$ 1.000,00) e corretagem (R$ 5.000,00)
» R$ 900,00/0,01 = R$ 90.000,00
52
RECONHECIMENTO: ATIVO, PASSIVO, RECEITA E DESPESA • CAPÍTULO 4
Quando se compara o valor de uso com o valor líquido de venda, o maior montante corresponde
ao valor recuperável. Neste exemplo o valor recuperável é de R$ 90.000,00.
O valor recuperável precisa ser comparado com o valor contábil do ativo, pois ao longo do
período pode ocorrer desvalorizações neste ativo. A desvalorização pode ocorrer em razão de
eventos como:
» Mudanças no ambiente em que a empresa opera com efeitos negativos sobre ativo.
Teste de imparidade
Figura 3 – Teste de Imparidade.
Comparação
53
CAPÍTULO 4 • RECONHECIMENTO: ATIVO, PASSIVO, RECEITA E DESPESA
Suponhamos que determinado Ativo tenha o registro do valor contábil menos depreciação da
seguinte forma:
» Depreciação = 2.000,00
Suponhamos, agora, que se verificou que o valor líquido de venda é R$ 7.500,00 e o valor em uso
desse ativo é R$ 7.200,00.
R$ 8.000,00
R$ 7.500,00 R$ 7.200,00
Fonte: Afixcode (2017)
O valor a ser utilizado será o valor líquido de venda, R$ 7.500,00 tendo que ser registrado na
contabilidade um valor de R$ 500,00 referente à perda (irrecuperabilidade).
» Depreciação = 2.000,00
Suponhamos, agora, que se verificou que o valor líquido de venda é R$ 8.500,00 e o valor em uso
desse ativo é R$ 9.000,00. Vejamos a figura a seguir:
54
RECONHECIMENTO: ATIVO, PASSIVO, RECEITA E DESPESA • CAPÍTULO 4
R$ 8.000,00
R$ 8.500,00 R$ 9.000,00
Não será feito nenhum registro de irrecuperabilidade, pois o valor em uso de R$ 9.000,00, é
superior ao valor registrado do ativo de R$ 8.000,00.
Segundo a Lei no 6.404/1976, em seu art. 184, os elementos do passivo serão avaliados de acordo
com os seguintes critérios:
II. as obrigações em moeda estrangeira, com cláusula de paridade cambial, serão convertidas
em moeda nacional à taxa de câmbio em vigor na data do balanço;
Exemplo prático
55
CAPÍTULO 4 • RECONHECIMENTO: ATIVO, PASSIVO, RECEITA E DESPESA
BCM
Empréstimo a pagar
a BCM.............................................................. R$ 103.020,00
“As obrigações em outra moeda devem ser convertidas para o real pela taxa de câmbio da data
do balanço” (NIYAMA; SILVA, 2013, p. 173).
Exemplo Prático:
BCM
56
RECONHECIMENTO: ATIVO, PASSIVO, RECEITA E DESPESA • CAPÍTULO 4
Empréstimo a pagar
a BCM............................................. R$ 163.200,00
O passivo é geralmente mensurado pelo valor nominal (valor de face) ou pelo valor presente
do fluxo de caixa futuro. De acordo com Niyama e Silva (2013, p. 165), o passivo deveria ser
reconhecido pelo valor presente dos montantes a serem pagos no futuro, contudo, geralmente,
é reconhecido pelo valor nominal. Três razões principais foram elencadas por estes autores:
Entretanto, as exigibilidades de longo prazo são mensuradas pelo valor presente. Assim, a
estimativa de valor considera o valor futuro das obrigações que serão assumidas pela entidade,
trazidas a valor presente (NIYAMA; SILVA, 2013, p. 165).
“Para as exigibilidades de curto prazo, o ajuste a valor presente somente se justifica se o desconto
for relevante, caso contrário, pode ser apresentado pelo valor nominal” (SILVA, 2015).
57
CAPÍTULO 4 • RECONHECIMENTO: ATIVO, PASSIVO, RECEITA E DESPESA
Dessa maneira, Ativos e Passivos, que decorram de operações de longo prazo, devem ser ajustados
a valor presente, mediante exclusão de juros embutidos nos preços das operações, para que as
receitas e despesas financeiras sejam apuradas no exercício apropriado.
Exemplo Prático:
Assim, o valor de R$ 20.000,00, que foi cobrado a mais, em função do prazo, é tratado como
despesa financeira para quem compra. Tais juros devem ser apropriados ao resultado (despesa)
à medida que o tempo avance à data do pagamento.
Lançamento na aquisição
» Diversos
» Estoque...................................................................... R$ 80.000,00
Se tal operação fosse efetuada para um pagamento em 10 meses (juros simples), teríamos juros
mensais de R$ 2.000,00 e seguinte lançamento para o 1o mês:
Lançamento mensal
» Juros Passivos
Sendo assim, é iniciado o processo de apropriação mensal dos juros ao resultado, reduzindo,
por conseguinte, o saldo da conta retificadora (Juros a Vencer) e aumentando o valor presente
da obrigação.
Os conceitos que serão abordados nesta seção foram extraídos do CPC 25 do Comitê de
Pronunciamentos Contábeis, que trata de provisões, passivos contingentes e ativos contingentes,
conforme Deliberação CVM no 594, de 2009, da literatura clássica nacional como o Manual de
Contabilidade Societária e outros autores brasileiros. Contudo, este trabalho não abordará os
ativos contingentes.
58
RECONHECIMENTO: ATIVO, PASSIVO, RECEITA E DESPESA • CAPÍTULO 4
Entretanto, segundo Almeida (2012, p. 104), “alguns passivos somente podem ser mensurados
com o emprego de um elevado grau de estimativa. No Brasil, esses passivos são descritos como
provisões”.
Dentre os principais exemplos destes passivos, é possível elencar: férias a pagar, décimo terceiro
a pagar, encargos sociais a pagar, dividendos a pagar etc.
Reconhecimento e mensuração
» Evento que cria obrigação: evento que cria uma obrigação legal ou não formalizada,
que faça com que a entidade não tenha nenhuma alternativa realista senão liquidar
essa obrigação.
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CAPÍTULO 4 • RECONHECIMENTO: ATIVO, PASSIVO, RECEITA E DESPESA
» Obrigação não formalizada: decorre das ações da entidade em que tenha indicado a outras
partes que aceitará certas responsabilidades e que cumprirá com essas responsabilidades.
Saiba mais
Sendo assim, o CPC 25 define que as obrigações presentes, quando dependem de probabilidade de saída de recursos,
podem ser classificadas em provável, possível e remota.
Obrigação REMOTA (passivo contingente não divulgado) Não divulgar em notas explicativas
A contingência não pode ser confundida com estimativa. Geralmente, um evento contingente necessita de uma
estimativa, mas a recíproca não é verdadeira. A depreciação é um exemplo clássico, cujo valor é estimado (NIYAMA;
SILVA, 2013, p. 167).
Exemplos de provisões
Em situações em que exista uma obrigação presente, a saída de recursos é julgada provável se
houver estimativa confiável, deve-se registrar uma provisão (FIPECAFI, 2010).
60
RECONHECIMENTO: ATIVO, PASSIVO, RECEITA E DESPESA • CAPÍTULO 4
b. Provisão para riscos fiscais, trabalhistas e cíveis: ações judiciais exigindo o pagamento
de autuações fiscais, reclamações trabalhistas ou indenizações a fornecedores ou clientes.
c. Provisão para danos ambientais causados pela entidade: reparações de danos ambientais
já causados ou quando a entidade publicamente aceita a responsabilidade de modo a
criar uma obrigação não formalizada (FIPECAFI, 2010, p. 339).
d. Obrigação por retirada de serviço de ativos de longo prazo: “Os custos e despesas
a serem incorridos no futuro para retirada de serviço de seus ativos de longo prazo
devem ser incorporados ao custo dos ativos com o reconhecimento de uma provisão”
(FIPECAFI, 2010, p. 341). Exemplos comuns são os segmentos de extração de minério,
petróleo e termonuclear.
Para reconhecimento dessa provisão, devem existir: plano formal detalhando a operação;
expectativa válida naqueles que serão afetados, seja pelo início ou pelo anúncio das características
e impactos. (FIPECAFI, 2010, p. 339). De acordo com o CPC 25, esse tipo de provisão contempla
os desembolsos que sejam necessariamente ocasionados, simultaneamente, pela reestruturação
e que não sejam associados às atividades em andamento da entidade.
“Com isso, a provisão não deve incluir custos relacionados a: (a) novo treinamento ou remanejamento
de equipe permanente; (b) propaganda e marketing; (c) investimentos em novos sistemas e redes
de distribuição” (FIPECAFI, 2010, p. 339);
61
CAPÍTULO 4 • RECONHECIMENTO: ATIVO, PASSIVO, RECEITA E DESPESA
Este trabalho conceituou o Passivo sob as óticas da Lei no 6404/1976 e do CPC 25. Em seguida,
ressaltou a importância de entender o comportamento do ciclo operacional das entidades para
classificação em Passivo Circulante e Não Circulante.
Além disso, elencou e explicou os grupos de contas antes de elucidar as principais questões sobre
as bases de avaliação do Passivo. Para este último tema, os exemplos práticos apresentados foram
indispensáveis para traduzir o art. 184 da Lei no 6.404/1976.
Não obstante, questões importantes sobre as provisões e passivos contingentes foram esclarecidas,
bem como a diferenciação entre as provisões propriamente ditas e as “provisões derivadas das
apropriações por competência” (accruals).
Por fim, os principais exemplos de provisões foram ilustrados, baseados no CPC 25 e com o
suporte técnico do Manual de Contabilidade Societária (FIPECAFI).
É válido ressaltar que o tema não foi esgotado em sua plenitude, mas os principais aspectos foram
abordados. Para tanto, como continuidade nos estudos, é possível sugerir temas como passivos
ambientais, estimativas para provisões, passivos diferidos, mensuração do valor justo etc.
Receitas e despesas
Conceito de receita
O termo Receita pode apresentar vários conceitos e significados diversos dentro do que se pode
definir ou conceituar uma palavra amplamente difundida na língua portuguesa e é de fácil
explicação no âmbito global dos seus significados.
De acordo com o CPC 00, receita pode ser compreendida como todos os
62
RECONHECIMENTO: ATIVO, PASSIVO, RECEITA E DESPESA • CAPÍTULO 4
O referido CPC complementa afirmando que as receitas englobam tanto as receitas propriamente
ditas como os ganhos.
A receita surge no curso das atividades ordinárias das organizações e podem apresentar diversas
designações, como, por exemplo: Vendas de Mercadorias, Prestação de Serviços, Honorários,
Juros, Dividendos e Royalties.
Ganhos representam outros itens que se enquadram na definição de receitas. Uma vantagem
de considerar o tratamento especial aos ganhos decorre do fato de que o usuário da informação
contábil necessitaria saber qual o resultado obtido pela entidade com suas atividades-fim.
De acordo com a Lei no 6.404/1976, a contabilização das vendas será realizada pelo valor bruto,
inclusive impostos, sendo que tais impostos e as devoluções e abatimentos deverão ser registrados
em contas devedoras específicas, as quais serão classificadas como contas redutoras das vendas.
São deduções das receitas de vendas: devoluções de vendas, abatimentos sobre vendas, descontos
incondicionais concedidos, impostos e contribuições sobre vendas ou prestação de serviços
(ICMS, ISS, PIS, Cofins etc.).
Critérios de reconhecimento
A receita é reconhecida quando pode ser medida em base confiável. Por estar associada ao
ativo, o seu reconhecimento ocorre simultâneo ao aumento do ativo ou à redução do passivo. A
receita só deve ser reconhecida quando for provável que os benefícios econômicos associados
à transação fluirão para a entidade.
Por exemplo: a venda de uma mercadoria ou prestação de um serviço: somente após existir plenas
condições de reconhecimento do ativo é que a receita também será reconhecida. Portanto, como
se dá o reconhecimento da receita?
O processo de reconhecimento da receita está ligado à venda, entretanto, a venda não é o critério
de reconhecimento. Ela é o ponto de partida para o reconhecimento por satisfazer as condições
necessárias para isto: base confiável e grau suficiente de certeza. (NIYAMA, 2013, p. 213).
63
CAPÍTULO 4 • RECONHECIMENTO: ATIVO, PASSIVO, RECEITA E DESPESA
A receita proveniente da venda de bens deve ser reconhecida quando forem satisfeitas todas as
seguintes condições:
» for provável que o benefício econômico associado à transação fluirá para a entidade;
Na maior parte dos casos, a transferência dos riscos e dos benefícios inerentes à propriedade
coincide com a transferência da titularidade legal ou da transferência da posse do ativo para o
comprador. Se a entidade retiver riscos significativos da propriedade, a transação não é uma
venda e a receita não pode ser reconhecida.
Exemplo: quando os bens expedidos estão sujeitos à instalação, sendo esta uma parte significativa
do contrato e ainda não tenha sido completada pela entidade.
» os juros devem ser reconhecidos utilizando-se o método da taxa efetiva de juros tal
como definido no Pronunciamento Técnico CPC 38 – Instrumentos Financeiros:
Reconhecimento e Mensuração;
64
RECONHECIMENTO: ATIVO, PASSIVO, RECEITA E DESPESA • CAPÍTULO 4
Mensuração da receita
A receita deve ser mensurada pelo valor justo da contraprestação recebida ou a receber. Sendo, o
valor justo, o preço que seria recebido pela venda de um ativo ou que seria pago pela transferência
de um passivo em uma transação ordenada entre participantes do mercado na data de mensuração,
conforme CPC 46 – Mensuração do Valor Justo. O montante da receita proveniente de uma
transação é geralmente estabelecido entre a entidade e o comprador ou usuário do ativo: (-)
quaisquer descontos comerciais e/ou bonificações concedidos pela entidade ao comprador.
Por exemplo: uma empresa presta um serviço a prazo no valor de R$ 100,00. Suponha uma taxa
de juros de 10% ao mês e que o recebimento ocorrerá num período de dois meses. Tem-se:
A receita financeira seria, então, obtida pela diferença: R$ 100,00 – 79,00 = R$ 21,00.
Quando surgir incerteza acerca da realização de valor já incluído na receita, o valor incobrável deve
ser reconhecido como despesa, e não como ajuste (dedução) do valor da receita originalmente
reconhecida.
A entidade deve divulgar as políticas contábeis adotadas para o reconhecimento das receitas,
incluindo os métodos adotados para determinar o estágio de execução das transações que
envolvam a prestação de serviço e o montante de cada categoria significativa de receita reconhecida
durante o período, incluindo as receitas provenientes de:
I. venda de bens;
III. juros;
IV. royalties;
V. dividendos.
65
CAPÍTULO 4 • RECONHECIMENTO: ATIVO, PASSIVO, RECEITA E DESPESA
Conceito de despesa
Para o Financial Accounting Standards Board (Fasb), organização sem fins lucrativos criada para
padronizar os procedimentos da Contabilidade Financeira de empresas cotadas em bolsa e não
governamentais, conceitua despesas como as saídas ou outros usos de ativos ou ocorrências de
passivos (ou ambos) para a entrega ou produção de bens, a prestação de serviços, ou a execução
de outras atividades que representam as operações principais em andamento da entidade.
De acordo com o CPC 00, a despesa corresponde a decréscimos nos ativos ou acréscimos nos
passivos reconhecidos e medidos em conformidade com os princípios de Contabilidade geralmente
aceitos, resultantes de diversos tipos de atividades e que possam alterar o patrimônio líquido.
Portanto, concluímos que a despesa é todo sacrifício, todo esforço da empresa para obter receitas,
refletindo no balanço uma redução no caixa – Ativo (quando pago a vista) ou mediante um
aumento de uma dívida – Passivo (quando pago a prazo);
Despesas:
» Serviços.
A confrontação das Receitas com as Despesas diz que as Receitas realizadas no período devem
ser confrontadas, no mesmo período, com as Despesas que as geraram. Isto é, para apuração
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RECONHECIMENTO: ATIVO, PASSIVO, RECEITA E DESPESA • CAPÍTULO 4
Algumas despesas estão diretamente associadas à receita, enquanto outras estão menos, ou
melhor, nessas é mais difícil avaliar a forma que provocarão a receita. O custo dos produtos
vendidos é um exemplo de despesas diretamente relacionadas à receita. É perceptível o gasto
de um determinado valor na busca de uma receita.
Já as despesas de venda estão menos relacionadas à receita, pois se sabe que elas contribuirão
para uma receita, mas não se tem a previsão exata dessa receita.
Existem situações em que é difícil uma associação direta da despesa com a receita. Esse é o
caso de um ativo permanente como uma máquina que contribui para a geração de benefícios
econômicos durante um período de tempo, sendo a despesa com depreciação reconhecida nos
períodos de tempo onde os benefícios decorrentes do ativo são gerados, segue exemplo para
melhor visualização:
Alocação
sistemática Exemplo:
e racional depreciação
Reconhecimento Exemplo:
imediato perda
Reconhecimento da despesa
Conforme o CPC 00, as despesas devem ser reconhecidas na demonstração do resultado quando
resultarem em decréscimo nos benefícios econômicos futuros, relacionado com o decréscimo
de um ativo ou o aumento de um passivo, e puder ser mensurado com confiabilidade.
67
CAPÍTULO 4 • RECONHECIMENTO: ATIVO, PASSIVO, RECEITA E DESPESA
Despesa a prazo
Uma despesa a prazo é aquela em que o fato gerador já ocorreu dentro de determinado período
contábil; todavia, ainda não foi realizado o pagamento. Como, por exemplo, o Salários a Pagar,
que, durante o mês de janeiro, o empregado presta o serviço à empresa, e no mês seguinte a
empresa realiza o pagamento.
Despesas antecipadas
A despesa antecipada é o que foi pago e ainda não incorrido (o fato gerador não ocorreu). O seu
reconhecimento é feito proporcionalmente ao final de cada período (ocorrência do fato gerador).
Mensuração da despesa
As despesas representam ativos consumidos durante o período contábil, de modo que devem ser
avaliadas pelo custo dos ativos consumidos. A base para mensuração das despesas é a mesma
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RECONHECIMENTO: ATIVO, PASSIVO, RECEITA E DESPESA • CAPÍTULO 4
utilizada para medir ativos, que no caso das despesas, é o custo de aquisição dos ativos vendidos
ou utilizadas durante o período.
Despesas Operacionais são as despesas incorridas para vender produtos e administrar a empresa,
abrangem, também, às despesas líquidas para financiar suas operações e os resultados líquidos
das atividades acessórias da empresa são também considerados operacionais.
» Comissões
» Propaganda
» Aluguéis de escritórios
» Seguro
» Impostos e taxas
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CAPÍTULO 4 • RECONHECIMENTO: ATIVO, PASSIVO, RECEITA E DESPESA
» Juros pagos
» Comissões bancárias
Outras Despesas Operacionais surgiu com a promulgação da Lei no 11.941/2009, que extinguiu a
segregação dos resultados em operacionais e não operacionais. Passou-se a se reconhecer como
outras receitas e despesas operacionais os ganhos ou perdas decorrentes de transações que não
constituam as atividades ordinárias de uma entidade;
» Receita de Dividendos
Sintetizando
70
CAPÍTULO
DEPRECIAÇÃO, AMORTIZAÇÃO E
EXAUSTÃO 5
Introdução
Objetivos
Depreciação
Definição
Vedações
Não sofrem depreciação: os terrenos (exceto benfeitorias e construções), bens que são valorizados
com o tempo, bens que sofram amortização ou exaustão e bens móveis ou imóveis que não
estejam relacionados à atividade operacional da empresa, ou seja, sua atividade fim.
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CAPÍTULO 5 • DEPRECIAÇÃO, AMORTIZAÇÃO E EXAUSTÃO
Base de cálculo
O cálculo é realizado tomando como base o valor do custo de aquisição, somando-se a esse valor
todos os gastos que foram necessários para colocar o bem em funcionamento.
O início do cálculo da depreciação se dá no momento em que este bem for devidamente instalado
e colocado em condições de funcionamento e, independente do dia, considera-se o mês de
forma integral.
Taxas de depreciação
O Regulamento do Imposto de Renda (RIR) tem estabelecido as taxas anuais permitidas para
os bens que são utilizados em um período normal de oito horas diárias. Seguem algumas taxas
máximas e tempos de vida útil de alguns bens:
Entende-se por valor contábil do bem o valor que corresponde à diferença entre o custo de
aquisição subtraindo o valor de sua depreciação.
Exemplo: determinado equipamento foi adquirido por $ 10.000 e já possui uma depreciação
acumulada de 20%, teremos, então:
Observação! Neste caso, quando depreciarmos o restante de 80%, seu valor residual será igual
a zero.
Valor residual
Primeiramente, gostaria de esclarecer que valor residual não é semelhante ao valor contábil, este
se trata do valor da provável realização do bem após completamente depreciado. Caso consiga
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DEPRECIAÇÃO, AMORTIZAÇÃO E EXAUSTÃO • CAPÍTULO 5
uma estimativa do valor residual desse bem, ele deverá ser reduzido da base de cálculo para a
depreciação, ou seja, não fará parte da base de cálculo desse bem.
Exemplo: Utilizando o exemplo anterior do equipamento, digamos que tenha uma estimativa
de 1.500,00 de valor residual; utilizando a mesma depreciação acumulada, teremos:
Método de depreciação
Existem alguns métodos de depreciação, o mais utilizado é método linear ou método das cotas
constantes, que vincula ao tempo, e nesse método podemos, ainda, calcular de duas formas:
Caso prático
Um veículo que fora adquirido por $20.000, com tempo de vida útil de cinco anos, deverá ser
depreciado anualmente da seguinte forma:
Contabilização
» Despesa com depreciação
» 2ª forma:
Contabilização
» Despesa com depreciação
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CAPÍTULO 5 • DEPRECIAÇÃO, AMORTIZAÇÃO E EXAUSTÃO
» 2o passo: Multiplica-se o valor que será depreciado (se houver valor residual, esse
deverá ser subtraído, como explicado anteriormente) a cada ano pela fração composta
de denominador, que será a soma obtida no 1o passo e o numerador será cada ano de
forma decrescente ou crescente, assim:
Exemplo: um veículo que fora adquirido por $ 60.000, com estimativa de tempo de vida útil de
cinco anos, vejamos:
Então:
Método decrescente
Método crescente
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DEPRECIAÇÃO, AMORTIZAÇÃO E EXAUSTÃO • CAPÍTULO 5
» Imobilizado
» Veículos....................................$ 60.000
CPC 27
Com as novas regras, vimos no CPC 27, que o método linear não seria o mais adequado, embora
seja o mais difundido. Assim, de acordo com a redação do CPC 27, que trata do Ativo Imobilizado,
aborda o cálculo da depreciação mediante o padrão de consumo pela entidade beneficiadora
economicamente, sendo aludido no mesmo CPC, que esse ativo deve ser revisado pelo menos ao
final de cada exercício. Havendo mudança significativa no padrão de consumo previsto, o método
deverá ser alterado e essa mudança deverá sofrer um registro como mudança nas estimativas
contábeis de acordo com o CPC 23.
Amortização
Definição
Taxa de amortização
Essa taxa de amortização é condicionada ao tempo de utilização do bem, esse tempo de utilização
pode estar estabelecido em lei, em contrato ou mesmo pela existência limitada do dele.
Essa taxa é calculada de acordo com prazo de duração dessa concessão, autorização ou licença
ou, até mesmo, da existência limitada desse bem. Utiliza-se o método linear para cálculo.
75
CAPÍTULO 5 • DEPRECIAÇÃO, AMORTIZAÇÃO E EXAUSTÃO
Vejamos: determinada empresa adquiriu o uso e gozo de uma marca, durante 10 anos, logo a
taxa anual para a amortização será de 100%/10= 10% ao ano.
Cálculo
A base de cálculo será o custo do bem amortizável, podendo ser anual ou mensal.
Exemplo: Uma patente foi adquirida por $60.000, com duração de 10 anos, sendo assim, vejamos
os cálculos:
Contabilização
Exaustão
Definição
Por meio da exploração de recursos minerais ou florestais, os bens aplicados nesse tipo de
exploração sofrem perda do valor.
Em tempo: Minas que estão sob regime de concessão se sujeitam à exaustão. Já as que estão sob
forma de arredamento ou licenciamento não poderão ser exauridas.
Formas de cálculo
Exemplo:
76
DEPRECIAÇÃO, AMORTIZAÇÃO E EXAUSTÃO • CAPÍTULO 5
Exemplo:
Nesse tipo de cálculo, só será exaurido quando o esgotamento dos recursos estiver com previsão
para ocorrer antes do fim do prazo contrato, ou quando esse prazo for indeterminado.
Exemplo
» Bem sob exaustão: Uma plantação que foi adquirida por $ 250.000
Contabilização
Sintetizando
77
OPERAÇÕES COM MERCADORIAS
CAPÍTULO
6
Introdução
Objetivos
Inventário permanente
Consiste no registro contínuo da entrada e saída dos estoques em quantidade e valor dotando
o gestor de informação permanente sobre o custo da mercadoria vendida, suas compras e seu
estoque final, através da ficha controle de estoque:
78
OPERAÇÕES COM MERCADORIAS • CAPÍTULO 6
Quando a empresa utiliza o Inventário Permanente dispõe de três métodos como forma de
determinar suas saídas (Baixas – Custo da Mercadoria Vendida).
Método do Custo Médio (Média Ponderada Móvel) – As saídas (Baixa do estoque) serão avaliadas
pela média entre as primeiras e últimas compras (entradas).
EXEMPLIFICANDO
20 Compra 20 40 800
30 Venda 15 50 750
Elaborar a ficha controle de estoque pelo método do Custo Médio e realizar a contabilização (As
operações foram realizadas a prazo).
Observe que, na coluna dos saldos no dia 1o, apresenta 10 unidades a R$ 10,00 cada uma,
totalizando R$ 100,00, com as compras em 20 o novo saldo será 30 unidades (10 unidades + 20
unidades) a um custo de R$ 900,00 (R$ 100,00 + R$ 800,00), o novo custo médio unitário é R$
900 : 30 unidades = R$ 30,00, o valor pelo qual as unidades serão valoradas quando da saída do
estoque (Baixa).
79
CAPÍTULO 6 • OPERAÇÕES COM MERCADORIAS
Ef. 450,00
750,00 750,00
Método ou Critério PEPS: (Primeiro que entra, primeiro que sai) ou FIFO (First In, First Out).
À medida que ocorrem as saídas (CMV ) ou consumo (Produção), a baixa é feita de acordo
com as primeiras compras.
Ef.600,00
750,00 750,00
80
OPERAÇÕES COM MERCADORIAS • CAPÍTULO 6
Método ou critério UEPS: (Último que entra, primeiro a sair). LIFO (Last In, First Out).
30 $ 900
05 $ 40 $ 200
15 *** $ 300
O objetivo é avaliar as saídas (CMV) para venda ou produção pelo custo da última mercadoria
que entrou.
Ef. 300,00
750,00 750,00
81
CAPÍTULO 6 • OPERAÇÕES COM MERCADORIAS
ITENS CMV LB IR EF
PEPS Menor Maior Maior Maior
UEPS Maior Menor Menor Menor
ITENS CMV LB IR EF
PEPS Maior Menor Menor Menor
UEPS Menor Maior Maior Maior
» Compras Líquidas.
» Vendas Brutas.
» Vendas Líquidas.
Para Pessoa Jurídica sujeita à incidência não cumulativa do PIS/Pasep e da Cofins, somente é
possível o crédito em relação à aquisição de máquinas, equipamentos, bens incorporados ao
ativo imobilizado adquiridos para utilização na produção de bens destinados à venda, ou na
prestação de serviços, e ainda no caso de edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de
terceiros, utilizados nas atividades das empresas.
Nesse caso, o crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota de 1.65% para o
PIS/Pasep e de 7,60% para a Cofins sobre o valor dos encargos de depreciação e amortização dos
referidos bens, incorridos no mês.
82
OPERAÇÕES COM MERCADORIAS • CAPÍTULO 6
Tal assunto será abordado com suas particularidades em Contabilidade Tributária mais
adiante. Vamos nos ater apenas ao tratamento do ICMS e IPI neste módulo.
Compras líquidas
Deduções
» Devoluções de Compras
Exemplo
» Compras..................................................R$ 5.300,00
MDV = EI + CL
Exemplo
83
CAPÍTULO 6 • OPERAÇÕES COM MERCADORIAS
revenda no valor de R$ 18.000. Assim, o valor das Mercadorias disponíveis para venda no mês
de março será:
CMV = EI + CL – EF
Exemplo 2
Compras R$ 27.000
Vendas brutas
O valor das VENDAS BRUTAS corresponde ao valor original da operação. Assim, por exemplo,
se uma empresa vender mercadorias no valor de R$ 1.000, com ICMS de 18%, sendo concedido
ao cliente um desconto de 20%, o valor das vendas brutas será de R$ 1.000, sendo este valor
original da operação.
Vendas líquidas
O valor de VL (Vendas Líquidas) é igual ao valor de VB (Vendas Brutas) menos as deduções, isto é:
VL = VB – DEDUÇÃO
Deduções
» Devoluções de Vendas
» Vendas Canceladas
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OPERAÇÕES COM MERCADORIAS • CAPÍTULO 6
» Abatimentos s/ Vendas
O RCM é a diferença entre o valor das Vendas Líquidas (VL) e o Custo das Mercadorias Vendidas
(CMV). Caso o valor das Vendas Líquidas seja maior que o valor do CMV, o RCM será LUCRO
BRUTO.
Caso contrário, isto é, se o valor das Vendas Líquidas for menor que o valor do CMV, o RCM será
PREJUÍZO BRUTO.
RCM = VL – CMV
Compra de mercadorias
Exemplo prático
A ALPHA, empresa INDUSTRIAL, comprou da Indústria de Pneus BETA matéria prima conforme
a seguir:
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CAPÍTULO 6 • OPERAÇÕES COM MERCADORIAS
Pneus
IPI – 10%
R$ 20.000,00
R$ 2.000,00
TOTAL DA NF R$ 22.000,00
Contabilização
D = Matéria-Prima...........16.000,00 (ATIVO)
C = Caixa............................22.000,00 (ATIVO)
Exemplo Prático
Pneus
IPI – 10%
R$ 20.000,00
R$ 2.000,00
TOTAL DA NF R$ 22.000,00
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OPERAÇÕES COM MERCADORIAS • CAPÍTULO 6
Contabilização
D = Matéria-Prima..............18.000,00 (ATIVO)
C = Caixa............................22.000,00 (ATIVO)
O consumidor final, que não é INDUSTRIAL e nem COMERCIAL, não é contribuinte de nenhum
desses impostos, assim, não tem direito de recuperar nenhum desses valores (ICMS/IPI) e, por
isso, o valor destes INTEGRARÃO o custo dos produtos comprados.
Exemplo Prático
ALPHA
Pneus
IPI – 10%
R$ 20.000,00
R$ 2.000,00
TOTAL DA NF R$ 22.000,00
Contabilização
C = Caixa.................................22.000,00 ( ATIVO)
Venda de mercadorias
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CAPÍTULO 6 • OPERAÇÕES COM MERCADORIAS
Exemplo Prático
IPI – 10%
R$ 30.000,00
R$ 3.000,00
TOTAL DA NF R$ 33.000,00
D = Caixa (ATIVO)
Observação! Demonstração do início de uma DRE para Indústria (utilizando somente os dados
acima)
(-) Deduções
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OPERAÇÕES COM MERCADORIAS • CAPÍTULO 6
Após a compra, a empresa registrou em seu Ativo, na conta de IPI a Recuperar o Valor de R$
2.000,00 e na conta ICMS a Recuperar o valor de R$ 4.000,00.
Após a venda, a empresa registrou em seu Passivo, na conta de IPI a Recolher o Valor de R$
3.000,00 e na conta de ICMS a Recolher o valor de R$ 6.000,00.
Resumidamente, podemos dizer que esta empresa deve R$ 3.000,00 à Fazenda Pública.
IPI ICMS
Exemplo Prático
Revendedora de pneus
Pneus
R$ 30.000,00
TOTAL DA NF R$ 30.000,00
D = Caixa.......................................... (ATIVO)
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CAPÍTULO 6 • OPERAÇÕES COM MERCADORIAS
Após a compra, a empresa registrou em seu Ativo, na conta de ICMS a Recuperar, o valor de R$
4.000,00.
Após a venda, a empresa registrou em seu Passivo, na conta de ICMS a Recolher, o valor de R$
6.000,00.
Resumidamente, podemos dizer que esta empresa deve R$ 2.000,00 à Fazenda Pública Estadual.
Sintetizando
» Os métodos e critérios de baixa do estoque (Controle períodico de estoque, controle permanente abordando os
critérios PEPS, UEPS e Custo Médio).
» As fichas de controle de cada critério evidenciando cada entrada e saída de mercadoria e a contabilização dessas
operações.
» Os cálculos dos estoques com impostos recuperáveis e irrecuperáveis (IPI e ICMS) e sua contabilição.
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Referências
ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Contabilidade intermediária: de acordo com as exigências do MEC para o curso de
“Ciências Contábeis”. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
______. Curso de contabilidade introdutória em IFRS e CPC. São Paulo: Atlas, 2014.
FERRARI, Ed Luiz. Contabilidade geral: teoria e 1.000 questões. 14. ed. rev. Rio de Janeiro: Impetus, 2016.
MONTOTO, Eugenio. Contabilidade geral e avançada. Esquematizado. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2015.
NIYAMA, Jorge Katsumi; SILVA, Cesar Augusto Tibúrcio. Teoria da contabilidade. São Paulo: Atlas, 2008.
PADOVEZE, Clóvis Luís. Manual de contabilidade internacional: IFRS US Gaap e Br Gaap: teoria e prática.
São Paulo: Cengage Learning, 2012.
RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade avançada. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2018.
VICECONTI, Paulo Eduardo Vilchez. Contabilidade avançada e análise das demonstrações financeiras. 17. ed. rev.
São Paulo: Saraiva, 2013.
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