O Concílio Vaticano II - Eclesiologia e Mariologia
O Concílio Vaticano II - Eclesiologia e Mariologia
O Concílio Vaticano II - Eclesiologia e Mariologia
Introdução
1
QUATRIN, C, "A autocomprensão da Igreja como "Igreja Comunhão" In Revista Eletrônica
Theologia Faculdade Palotina -FAPAS, Volume 3, No. 1, 2009. pp.01-13.
2
FORTE, B, A Igreja ícone da trindade: breve eclesiologia, Loyola, São Paulo 1987. p. 09.
3
HACKMANN, G, A Amada Igreja de Jesus Cristo EDPUCRS, Porto Alegre, 2003. p. 96.
2
4
HACKMANN. G. L. Borges, art. Lumen Gentium e a Igreja da Gaudium et Spes, in FATEO -
PUCRS.
3
5
Idem.
6
Idem.
4
A Eclesiologia de Comunhão
A eclesiologia da Lumen Gentium foi objeto de inúmeras reflexões e
muitos comentários, tanto no período pós-conciliar, particularmente em 1985,
por ocasião do Sínodo Extraordinário de Roma, como no ano passado, pela
passagem das celebrações dos quarenta anos de sua promulgação. O primeiro
elemento é a dimensão trinitária. No início de um artigo sobre a Eclesiologia da
Lumen Gentium, o então Cardeal Ratzinger conta um episódio interessante,
capaz de iluminar a intenção do Vaticano II com essa Constituição Dogmática.
O Cardeal Frings contava que o Bispo de Regensburg, Dom Michael
Buchberger, organizador do Lexikon für Theologie und Kirche, quando os
Bispos da Alemanha discutiam quais deveriam ser os assuntos a serem
abordados durante os trabalhos conciliares, pediu a palavra e disse que o
Concílio, antes de tudo, deveria.falar de Deus, porque esse era o tema que lhe
parecia o mais importante. Os Bispos alemães se sentiram tocados por essa
afirmação, e o Cardeal Frings manteve essa preocupação ao longo de todas
as Sessões Plenárias do Vaticano II7
O primeiro capítulo da Lumen Gentium, intitulado O mistério da Igreja,
sinaliza uma Igreja trinitária, que se origina do mistério de Deus e deve
testemunhá-lo ao mundo.
Como a Igreja é a Igreja de Deus, a Ekklesía tou Theou, pode-se afirmá-la
como uma Igreja sacramento de salvação (cf. Lumen Gentium 1), porque nela
está presente o mistério do desígnio salvífico de Deus para a humanidade,
como sinal do amor incondicional de Deus pelas pessoas, por ele criadas como
um gesto de benevolência de seu dom. Com isso, uma das características da
eclesiologia do Vaticano II é a dimensão trinitária da Igreja, que está clara no
primeiro capítulo da Lumen Gentium.
De modo particular, a Lumen Gentium denota a consciência de que a
Igreja existe a partir de Cristo e em Cristo. Essa perspectiva cristocêntrica é a
culminância do movimento eclesiológico iniciado na Escola teológica de
Tubinga, que se expande por meio dos teólogos da Escola Romana no
Vaticano I e encontra expressão magisterial na Mystici Corporis, do Papa Pio
7
Idem.Op cit.
5
XII, em 1943, e, além disso, frisado por Paulo VI, no seu discurso de abertura
da Segunda Sessão.
Com isso, a perspectiva pneumatológica também está presente. Quer
dizer que a Igreja, a partir da Lumen Gentium, não se pode pensar sem Jesus
Cristo e sem o Espírito Santo, como condição para ela produzir frutos. O
número 4 retrata muito bem essa consciência, porque a entende como a última
determinação da Igreja.
A Igreja não existe por si mesma, mas deve ser o instrumento de Deus,
para reunir todas as pessoas nele e preparar o momento em que “Deus será
tudo em todos” (cf. 1Cor 15,28) 8. A temática da Igreja-Comunhão se dá a partir
da redescoberta da origem trinitária da Igreja (LG 1), que fundamenta a idéia
de comunhão, de unidade na diversidade. Segundo Bruno Forte, para realizar o
seu desígnio de unidade na variedade dos homens e dos povos, o Pai mandou
seu Filho e o Espírito, Senhor e vivificador, que congrega toda Igreja […] é ele
o princípio de unidade na doutrina dos apóstolos e na comunhão, na fração do
pão e nas orações ( At 2,42-47 e LG 13)”
O que significa afirmar que a Igreja tem sua origem na Trindade, isto é,
vem do alto ( " oriens ex alto"); está na Trindade e ruma para o acabamento
trinitário. Seu fim último é a Trindade.portanto, a Igreja é plasmada pelo alto e
rumo ao alto ( "Regnum Dei praesens in mysterio") (LG 3). Vê-se, também, que
a Lumen Gentium, ao concluir a apresentação trinitária da Igreja, diz que “desta
maneira aparece a Igreja toda: o povo reunido na unidade do Pai e do Filho e
do Espírito Santo” (LG 4), isto é, essa mesma Igreja, que tem sua origem no
mistério trinitário, pelas missões do Filho e do Espírito Santo, por livre e
amorosa iniciativa do Pai, encontra na mesma Trindade seu modelo.
Trindade, pode-se dizer então que é pela ação do Espírito Santo que a Igreja
forma a comunhão no Corpo e no Sangue de Cristo, ou seja, é o único Espírito
que incorpora a Cristo e une os fiéis a seu Corpo.
Idem, p.09.
15
16
FORTE, B., La Chiesa della Trinitá: Saggio sul mistero della Chiesa comunione e missione,
San Paolo, Milano 1995. p. 253.
8
17
HOHEMBERGER G. "A autocompreensão da igreja como povo de Deus", in THEOLOGIA
Ano 2009, Volume 3, No. 1. p. 06
18
idem, p. 06
19
Idem, p. 06.
9
20
CODINA, V., Para compreender a eclesiologia a partir da América Latina, Paulinas, São
Paulo 1993.pp.47-48.
21
CONGAR, Y." A Igreja como Povo de Deus". Concilium, p. 8.
10
26
CABRAL. C. R., Cristologia e antropologia na Gaudium et Spes, Belo Horizonte
FAJE.2007.p.36
27
O documento será citado por Cristologia e antropologia na Gaudium et Spes, Belo Horizonte
FAJE.2007.p.36extenso apenas quando citado pela primeira vez, no decorrer do texto será
utilizado somente a Sigla: GS. O mesmo se aplicará aos outros documentos que serão
utilizados.
12
humana (GS 23-31); o Cristo, recapitulador do novo céu e da nova terra (GS 39),
explica o sentido
da atividade humana no mundo (GS 33-38); o Cristo, alfa e ômega (GS 45),
interpreta a função da Igreja no mundo (GS 39-44).
Portanto, a GS insere a atividade humana no contexto da história da
salvação, compreendendo-a desde a criação, passando pela ordem histórico-
existencial, mesclada de graça e pecado, iluminada pelo mistério pascal e
destinada à consumação em um tempo desconhecido. O tema referente a
atividade humana e o Reino de Deus, em sua relação estabelecida pela GS se
faz na afirmação de que “o progresso é de grande interesse para o Reino de
Deus” (GS 39).
Na conclusão da primeira parte do documento, afirma-se que o único fim
para o qual tende a missão da Igreja frente ao mundo, em recíproca
colaboração, é de “que venha o Reino de Deus e seja instaurada a salvação de
toda a humanidade” (GS 45)28.
28
CABRAL. C. R., Cristologia e antropologia na Gaudium et Spes, Belo Horizonte FAJE.2007 p.
36.
14
a) A função sacerdotal
Também a função real dos leigos pode ser diversificada através da participação
em atividades de caridade, no empenho político e social. São chamados ao
discernimento sobre direitos e deveres na Igreja e na sociedade.
29
BRIGHENTI. A. “Ser Cristão hoje: desafio e esperança” in artigo do V Encontro Nacional do
Laicato no Brasil.
16
Fase Antepreparatória
31
O Proto-Evangelho de São Tiago que se pode chamar de Natividade de Maria - é o mais
célebre dos livros Apócrifos. É o primeiro escrito que tem como tema Maria. De forma popular,
com escassa documentação histórica quer defender a virgindade de Maria antes durante e
depois do Parto, e delinear uma imagem dela que compreendia o Primeiro Testamento e
prefigurava o Segundo Testamento. Maria aparece como Dom de GRAÇA e Templo, isto é,
Arca do Senhor. Esse livro influenciou profundamente toda a Tradição cristã.
18
No entanto único aceno que o texto faz sobre Maria e a Igreja é o título,
não foi considerado Agostinho de Hipona nem Ambrósio de Milão sobre sua
teologia mariológica a respeito de Maria e a Igreja. É um longo percurso até
chegar ao tema: Maria Mãe de Deus e Mãe dos homens
O culto a Maria é proposto não tanto pelo tipo de vida que levou em seu
ambiente sócio-cultural, mas porque Ela aderiu, total e responsavelmente, à
Vontade de Deus (cf. Lc 1,38); porque soube acolher sua Palavra e pô-la em
prática; porque sua ação foi animada pela caridade e pelo espírito de serviço;
porque foi a primeira e a mais perfeita discípula e missionária de Cristo. Essa
sua atitude é que lhe dá valor exemplar, universal e permanente.
O culto a Maria é tão antigo quanto a Igreja. A maneira peculiar com que
ela é invocada, enaltecida, imitada e seguida na sua vivência e missão ímpar
tem as suas nuances em cada período histórico.
32
Idem, pp. 587592.
20
O culto mariano sempre foi declarado pela igreja como um lugar especial:
33
Vaticano II, Lumen Gentium (LG), 66, São Paulo, Paulus, 1997.
21
Nos primeiros séculos, o culto está inserido nas festas que celebram os
mistérios de Jesus Cristo, porque é justamente d’Ele que Maria haure toda sua
grandeza. São os títulos de “primeira entre os crentes” e de “testemunha
privilegiada do mistério de Cristo” que justificam e incrementam o culto
mariano. Assim como o papel de intercessão junto ao Senhor.
Conclusão