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Apostila 2

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CURSO

GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS
APOSTILA 2

CARACTERIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO de A a G que são de caráter normativo, enquanto que o


DOS RESÍDUOS SEGUNDO ABNT anexo H é informativo. A seguir é listado o conteúdo de cada
NBR 10.004/2004 anexo a fim de garantir entendimento dos textos posterio-
res, nos quais são mencionados.
ANEXO A: Resíduos perigosos de fontes não específicas;
1. INTRODUÇÃO ANEXO B: Resíduos perigosos de fontes específicas;
Como visto na aula anterior, os resíduos sólidos, conforme ANEXO C: Substâncias que conferem periculosidade
o Art. 3º da Lei nº 12.305/2010, são definidos como “material, aos resíduos;
substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades ANEXO D: Substâncias agudamente tóxicas;
humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede [...], ANEXO E: Substâncias tóxicas;
nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos ANEXO F: Concentração - Limite máximo no extrato
em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável obtido no ensaio de lixiviação;
o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos ANEXO G: Padrões para o ensaio de solubilização; e
d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economica- ANEXO H: Codificação de alguns resíduos classificados
mente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível”. como não perigosos.
Assim, para que a destinação final seja feita de forma correta, 2.1. Propriedades de Periculosidade
há a necessidade de um diagnóstico e levantamento da quan-
A ABNT NBR 10.004 categoriza os resíduos em classe I
tidade e qualificação do material que está sendo descartado.1,2
(perigosos) e classe II (não perigosos), tendo ainda a subcate-
Essa etapa de diagnóstico requer a identificação do
goria de II A para não inertes e II B para inertes. Em relação
processo ou atividade que gerou o material, assim como
aos resíduos perigosos, eles podem ser classificados por carac-
suas características e constituintes. Analisar o tipo de resíduo
terísticas de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxici-
garante verificar possíveis impactos ambientais e adotar
dade e patogenicidade (Tabela 1). Para avaliar essa classifica-
medidas mitigadoras adequadas, além de ser essencial para
ção, uma amostra representativa do resíduo deve ser obtida
implantar o beneficiamento dos resíduos detectados e etapas
segundo a ABNT NBR 10.007.
operacionais como separação, acondicionamento, armazena-
mento, transporte e disposição final.2 CÓDIGO DE
CARACTERÍSTICA DO RESÍDUO
IDENTIFICAÇÃO
A fim de possibilitar uma padronização da classificação
D001 Inflamável
dos resíduos para uma correta destinação final, a Associação
D002 Corrosivo
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) estabeleceu a norma
NBR 10.004/2004 para classificar os resíduos sólidos quanto D003 Reativo

aos potenciais riscos ao meio ambiente e à saúde pública, D004 Patogênico

para um gerenciamento adequado. Além disso, para exercer D005 a D052 Tóxicos caracterizados pelo ensaio de lixiviação4

a ABNT NBR 10.004/2004, devem ser consultadas as normas Tabela 1:Códigos de identificação de resíduos perigosos.3
complementares: NBR 10.005/2004, para obtenção de Um resíduo é caracterizado como inflamável se apresen-
extrato lixiviado de resíduos sólidos; NBR 10.006/2004, para tar qualquer uma das propriedades definidas pela ABNT NBR
obtenção de extrato solubilizado de resíduos sólidos; e NBR 10.004: se for um líquido e apresentar ponto de fulgor inferior
10.007/2004, para amostragem de resíduos sólidos.3-6 a 60 °C (avaliado conforme a ABNT NBR 14.598 ou equiva-
lente), com exceção de soluções aquosas com teor alcoólico
2. CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLI-
menor que 24%; se não for um líquido e, em temperatura
DOS (ABNT NBR 10.004/2004) de 25 °C e pressão de 1 atm, for capaz de produzir fogo por
A norma ABNT NBR 10.004/2004 classifica os resíduos fricção, por absorção de umidade ou por alterações químicas
sólidos, e seus critérios de classificação são o principal objeto espontâneas, e queimar intensamente quando inflamada, di-
de estudo desta seção do curso. Suas normas complemen- ficultando a extinção da chama; se for um oxidante, ou seja,
tares ABNT NBR 10.005, NBR 10.006 e NBR 10.007 também uma substância que pode liberar oxigênio e, assim, estimular
são exploradas, a fim de fazer a caracterização para uma a combustão de outra substância; ou se for um gás comprimi-
classificação correta dos resíduos. A norma possui os anexos do inflamável de acordo com a legislação.7

1. BRASIL. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Diário
Oficial da União, Brasília, DF, 3 ago. 2010;
2. IBRAHIN, Francini Imene Dias; IBRAHIN, Fábio José; CANTUÁRIA, Eliane Ramos. Análise Ambiental: Gerenciamento de Resíduos e Tratamento de Efluentes. São Paulo: Érica, 2015;
3. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10004. Resíduos sólidos - Classificação. Rio de Janeiro, 2004;
4. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10005. Procedimento para obtenção de extrato lixiviado de resíduos sólidos. Rio de Janeiro, 2004;
5. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10006. Procedimento para obtenção de extrato solubilizado de resíduos sólidos. Rio de Janeiro, 2004;
6. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10007. Amostragem de resíduos sólidos. Rio de Janeiro, 2004;
7. BRASIL. Agência Nacional de Transportes Terrestres - ANTT. Resolução nº 5.232, de 14 de dezembro de 2016. Aprova as Instruções Complementares ao Regulamento Terrestre do
Transporte de Produtos Perigosos, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 16 dez. 2016.

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GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS
APOSTILA 2

Para ser classificado como corrosivo, o resíduo deve ser Por fim, um resíduo será considerado patogênico se
uma substância aquosa e apresentar pH inferior ou igual a 2 contiver ou houver suspeita de conter microorganismos pa-
(pH ≤ 2), ou superior ou igual a 12,5 (pH ≥ 12,5), ou, ainda, togênicos, proteínas virais, ácido ribonucleico (RNA) ou ácido
sua mistura com água em proporção de massa 1:1 apresen- desoxirribonucleico (DNA) recombinantes, organismos gene-
tar pH inferior ou igual a 2 (pH ≤ 2), ou superior ou igual a ticamente modificados, plasmídios, cloroplastos, mitocôn-
12,5 (pH ≥ 12,5); ou deve ser líquida ou, quando em mistura drias ou toxinas capazes de causar doenças em humanos,
com massa equivalente de água, produzir um líquido capaz de animais ou vegetais.
corroer o aço COPANT 1020 a uma razão maior que 6,35 mm Além dessas classificações, os resíduos sólidos dos serviços
por ano, a uma temperatura de 55 °C, conforme US EPA SW de saúde (RSS) devem ser classificados conforme a ABNT
846 ou equivalente.8 NBR 12.808, mantendo-se à parte da classificação abordada
Saiba mais sobre... acima. Ainda, resíduos de estações de tratamento de esgotos
O pH, ou potencial hidrogeniônico, é uma função logarítmica usada para determinar domésticos e resíduos sólidos domiciliares em geral não são
de forma simples o caráter ácido ou básico de uma substância ou de uma solução. Ele
é calculado pelo logaritmo da concentração do íon hidrogênio (em mol/L), com sinal
classificados como patogênicos, a menos que provenientes de
negativo: pH = -log [H+]. Em laboratório, o pH da solução pode ser medido com um assistência à saúde de pessoa ou animal.
aparelho medidor de pH ou pHmetro. A faixa de pH tende a variar de 0 a 14, e valores
de pH próximos ou iguais a 7 indicam uma solução neutra, enquanto valores menores
que 7 indicarão caráter ácido e valores maiores que 7 indicarão caráter básico da
2.2. Fluxo da caracterização e classificação
solução. Dessa forma, um dos fatores para uma substância ser classificada como de resíduo
corrosiva é ela ser muito ácida (pH ≤ 2) ou muito básica (pH ≥ 12,5).9
Para classificar os resíduos sólidos, existem análises de
Um resíduo é reativo se for normalmente instável e caracterização que permitem identificar a composição do
reagir de forma violenta sem detonar; reagir violentamen- material a fim de garantir a disposição final correta. Entre
te com a água; formar misturas potencialmente explosivas os parâmetros que podem ser avaliados estão a densidade
com a água; gerar gases, fumos ou vapores tóxicos capazes aparente (massa/volume), umidade por unidade de massa,
de provocar danos à saúde humana ou ao meio ambiente composição qualitativa (lista de materiais e substâncias), com-
quando misturados com água; possuir em sua constituição posição quantitativa dos materiais ou proporção massa/massa
íons de cianeto (CN-) ou sulfeto (S2-) em concentrações acima das substâncias e propriedades químicas, além da composi-
de 250 mg de HCN ou 500 mg de H2S liberável por quilo- ção, do comportamento da amostra em ensaio de lixiviação e
grama de resíduos8; ser capaz de produzir reação explosiva da solubilização e combustão.
ou detonante sob a ação de forte estímulo, ação catalítica ou Assim, a ABNT NBR 10.004 define o modo como deve-se
temperatura em ambientes confinados; ser capaz de produzir, analisar um resíduo para determinar sua classificação, obser-
em condições de temperatura e pressão de 25 °C e 1 atm,
vando os seguintes passos (Figura 1):
reação ou decomposição detonante ou explosiva; ou ter sido
1) O resíduo tem origem conhecida?
fabricado com a finalidade de produzir um resultado prático
Caso tenha, conferir se consta nos anexos A ou B da
através de explosão ou efeito pirotécnico (ser um explosivo).
norma. Se constar é um resíduo perigoso de classe I.
Para ser considerado tóxico, o resíduo deve ter um
2) Caso sua origem seja desconhecida ou não conste nos
extrato lixiviado obtido (conforme a ABNT NBR 10.005) que
anexos citados, é preciso entender se o resíduo apresenta
contenha qualquer contaminante em concentrações superio-
alguma das propriedades de periculosidade: inflamabilidade,
res aos valores permitidos no anexo F da ABNT NBR 10.004;
corrosividade, reatividade, toxicidade ou patogenicidade.
possuir uma ou mais substâncias constantes no anexo C
Caso apresente, é um resíduo perigoso de classe I.
da ABNT NBR 10.004 e apresentar toxicidade, seja pela
Caso não apresente, é um resíduo não perigoso de
natureza ou concentração do resíduo, seja pelo potencial de
classe II.
migrar para o ambiente ou bioacumular nos ecossistemas,
3) Sendo um resíduo não-perigoso de classe II, possui consti-
seja persistência do constituinte ou produto tóxico de sua
tuintes que são solubilizados em concentrações superiores ao
degradação, seja pelo efeito nocivo observado; ser constituí-
anexo G da norma?
do por restos de embalagens contaminados com substâncias
constantes nos anexos D ou E da ABNT NBR 10.004; resultar Caso sejam, é um resíduo não-inerte de classe II A.
de derramamentos ou de produtos fora especificação ou do Caso não sejam, é um resíduo inerte de classe II B.
prazo de validade das substâncias dos anexos D e E da ABNT Para mais detalhes...
NBR 10.004; ser ou possuir substância em concentração Consulte a norma ABNT NBR 10.004/2004 para ciência das informações de cada
anexo (A, B, C, D, F, G, e H) citado.
comprovadamente letal ao homem.

8. UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY - US EPA. Hazardous Waste Test Methods / SW-846. Disponível em: https://www.epa.gov/hw-sw846. Acesso em: mar. 2021;
9. CHANG, Raymond; GOLDSBY, Kenneth A. Química, 11ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.

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APOSTILA 2

Figura 1: Fluxograma de caracterização e classificação de resíduos segundo a ABNT NBR 10.004/2004.10

3. EXTRATO LIXIVIADO DE RESÍDUOS peneira, centrífuga, extrator para voláteis sem espaço livre (em
SÓLIDOS (ABNT NBR 10.005/2004) inglês, “zero-head space extraction vessel” ou ZHE), coletor
para extrato obtido no extrator ZHE, agitador magnético,
A norma ABNT NBR 10.005 fixa os requisitos exigíveis balão volumétrico de 1L, béquer de 500 mL, vidro de relógio
para obtenção de extrato lixiviado de resíduos sólidos, estabe- e fita de politetrafluoretileno (PTFE).
lecendo resultados que auxiliam em definições de classificação
previstas na ABNT NBR 10.004, já comentadas previamente.
3.2. Reagentes
Conforme a norma, o procedimento de lixiviação consiste na Os reagentes que devem ser usados no processo são:
determinação da capacidade de transferência de substâncias ácido clorídrico (HCl) p.a. 1,0 N; ácido nítrico (HNO3) p.a. 1,0 N;
orgânicas e inorgânicas presentes no resíduo sólido, que é hidróxido de sódio (NaOH) p.a. 1,0 N; ácido acético glacial
feito pela dissolução no meio extrator.
3.1. Aparelhagem e vidraria
Para o procedimento, são necessários os seguintes ins-
trumentos: agitador rotatório de frascos para não voláteis,
inibidor de estratificações com agitação homogênea de 30 ±
2 rpm; frascos de lixiviação de inorgânicos e orgânicos (exceto
voláteis), feitos de material inerte como vidro borossilicato,
politetrafluoretileno (PTFE) ou aço inoxidável, e de lixiviação
de metais, que pode envolver polietileno de alta densidade
(PEAD), polipropileno (PP) ou cloreto de polivinila (PVC); filtro
pressurizado ou à vácuo, com fibra de vidro isento de resinas e
porosidade de 0,6 a 0,8 μm. Outros instrumentos listados na
norma com especificações incluem medidor de pH, balança,

Figura 2: Agitador rotatório de frascos.11 Figura 3: Extrator para voláteis sem espaço livre (ZHE).11

10. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10004. Resíduos sólidos - Classificação. Rio de Janeiro, 2004;
11. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10005. Procedimento para obtenção de extrato lixiviado de resíduos sólidos. Rio de Janeiro, 2004.

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GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS
APOSTILA 2

(CH3COOH) p.a.; e água destilada, deionizada e isenta de


orgânicos para lixiviação de voláteis e não voláteis (ultrapura).
Para preparar as duas soluções de extração necessárias,
adiciona-se 5,7 mL de ácido acético glacial à água ultrapura,
e em seguida adiciona-se 64,3 mL de NaOH 1,0 N, comple-
tando o volume a 1 L para a solução nº 1, devendo ter um
pH de 4,93 ± 0,05. Para a solução nº 2, adiciona-se 5,7 mL
de ácido acético glacial à água ultrapura e completa para o
volume de 1 L, a qual o pH deve ser 2,88 ± 0,05. Caso não
sejam usadas de imediato, as duas soluções devem ter seu pH
conferido antes do uso. Ainda, a amostragem e preservação
das amostras devem ser feitas conforme a ABNT NBR 10.007.

Saiba mais sobre...


Chamamos de normalidade (N) a relação entre o equivalente-grama do soluto e o
volume da solução. Essa forma de expressar concentração é geralmente usada para
soluções ácidas e básicas, sendo que para outras soluções é usualmente utilizada a
molaridade (M). A normalidade possui unidade igual a eq.g/L, que é simplificada para N.

3.3. Procedimento
Para a determinação de qual solução utilizar (nº1 ou nº2),
é necessário fazer inicialmente uma avaliação da amostra com
Figura 4: Fluxograma de lixiviação de resíduo sólido.12
uma alíquota de 100g, a fim de observar se a amostra é sólida
culas da amostra ao contato com a água e garantir a agitação
ou se contém líquidos e se é preciso reduzir o tamanho das
homogênea durante o seu período de funcionamento;
partículas. Se for preciso, o tamanho das partículas do resíduo
aparelho de filtração que permita a separação de todas as par-
deve ser reduzido para ≤ 9 mm de diâmetro e transferido 5,0
tículas de diâmetro igual ou maior que 0,45 μm; estufa de cir-
g para um béquer. Em seguida, deve-se adicionar 96,5 mL de
culação de ar forçado e exaustão ou estufa a vácuo; medidor
água deionizada, cobrir com vidro de relógio e agitar vigoro-
de pH e balança.
samente por 5 minutos com agitador magnético. Se, ao medir
o pH, ele for menor ou igual a 5 (pH ≤ 5,0), deve ser utilizada 4.2. Reagentes e materiais
a solução de extração nº 1. Os reagentes e materiais necessários são água destilada e/
Caso o pH medido seja maior que 5 (pH > 5,0), deve ou deionizada isenta de orgânicos; frasco de 1,5 L; membrana
-se adicionar 3,5 mL de HCl 1 N, homogeneizar, cobrir e filtrante com 0,45 μm de porosidade; filme de PVC e peneira
aquecer a 50°C durante 10 minutos. Após, é preciso esfriar com abertura de 9,5 mm. A amostragem de campo deve ser
a solução e medir novamente o pH. Se o pH for ≤ 5,0, realizada conforme ABNT NBR 10.007.
deve-se utilizar a solução de extração nº 1; mas se for > 5,0,
deve-se utilizar a solução de extração nº 2. O passo a passo
4.3. Procedimento
detalhado dos procedimentos de lixiviação dos resíduos O procedimento para obtenção do extrato solubiliza-
pode ser acessado na norma.12 do deve ser feito de acordo com o passo a passo descrito e
detalhado nos itens 4.1 a 4.9 da norma ABNT NBR 10.007.
4. EXTRATO SOLUBILIZADO DE RESÍDU- De modo geral, envolve etapas de secagem, solubilização,
OS SÓLIDOS (ABNT NBR 10.006/2004) filtração e determinação do pH. (Figura 5)
A ABNT NBR 10.006 fixa os requisitos exigíveis para obter
5. AMOSTRAGEM DE RESÍDUOS SÓLI-
o extrato solubilizado de resíduos sólidos, de modo que defina
DOS (ABNT NBR 10.007/2004)
os resíduos classificados como classe II A - não inertes e classe
II B - inertes, conforme ABNT NBR 10.004. Essa norma não é A ABNT NBR 10.007 fixa requisitos exigíveis para amos-
aplicável a resíduos no estado líquido. tragem de resíduos sólidos, com o objetivo de coletar uma
amostra representativa de resíduo, ou seja, uma parcela do
4.1. Aparelhagem resíduo estudado, que permita determinar suas características,
A aparelhagem requisitada para o procedimento é um possibilitando a classificação e métodos de tratamento poste-
agitador que possa evitar a estratificação da amostra por riores. Para a preparação da amostragem, é preciso definir um
ocasião da agitação, sendo preciso submeter todas as partí- plano de amostragem, descrevendo objetivo, número e tipo

12. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10005. Procedimento para obtenção de extrato lixiviado de resíduos sólidos. Rio de Janeiro, 2004.

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APOSTILA 2

5.1. Amostradores
A ABNT NBR 10.007 sugere oito amostradores e descreve
procedimentos para utilização, que podem ser acessados de
forma detalhada na norma. São eles o amostrador de resíduo
líquido, o amostrador de grãos, o amostrador de montes e
pilhas - “Trier”, a pá, o trado, a caneca com braço extensor,
a garrafa amostradora pesada e a garrafa amostradora de
profundidades “Van Dorn” (Figura 6). Para executar os pro-
cedimentos de amostragem com qualquer um dos amostra-
dores citados, deve ser verificado se o equipamento escolhido
está descontaminado e/ou estéril antes de utilizá-lo; além de
Figura 5: Fluxograma de solubilização de resíduo sólido.13
utilizar os equipamentos de proteção individual adequados.
de amostras, amostradores, local de amostragem, e frascos e
O amostrador de resíduo líquido é constituído por um
preservação da amostra.
tubo e um sistema de fechamento, podendo ser feito de po-
É essencial que seja feita a pré-caracterização do resíduo,
lietileno ou vidro. O amostrador de polietileno é usado para
que consiste no levantamento do processo ou processos
quase todos os resíduos, exceto para alguns solventes incom-
que originaram os resíduos. Nessa etapa, informações como
patíveis com ele; e o amostrador de vidro também é usado para
volume aproximado, estado físico, constituintes principais e
quase todos os resíduos, exceto para soluções alcalinas fortes
temperatura irão definir o tipo de amostrador mais adequado,
os parâmetros que serão analisados ou estudados, o número e soluções fortes de ácido fluorídrico. Em geral, esse tipo de
de amostras e o volume, o tipo de frasco de coleta e os amostrador é recomendado para resíduos líquidos ou lodos em
métodos de preservação que devem ser utilizados. tambores, caminhões-tanques, barris ou recipientes similares.
Em seguida, deve ser feito um plano de amostragem, que
deve estar em concordância com o objetivo da amostragem
e a pré-caracterização do resíduo. Nele devem ser incluídos
avaliação do local, da forma de armazenamento, dos pontos
de amostragem, dos tipos de amostradores, do número de
amostras e de seus volumes, dos tipos de amostras (simples
ou compostos), do número e do tipo de frascos de coleta,

Imegem meramente ilustrativa. As escalas podem não corresponder com a realidade.


dos métodos de preservação e tempo de armazenagem e dos
tipos de equipamentos de proteção que devem ser utilizados
para coleta e manuseio da amostra. Informações detalhadas
dessas etapas podem ser encontradas na norma.14
Toda amostra deve possuir uma ficha de coleta que pos-
sibilite a sua identificação para realizar os ensaios previstos.
A amostra deve ser identificada logo após a coleta e, em
alguns casos, selada para evitar fraude entre o tempo da
coleta e a abertura dos frascos no laboratório. Em relação
à ficha de coleta, é fundamental que tenha, no mínimo, o
nome do técnico de amostragem, a data, hora e local da
coleta, a identificação da origem do resíduo e de quem irá
receber os resultados, o número da amostra, as determi-
nações feitas em campo e a serem feitas no laboratório e
outras observações necessárias.

Saiba mais sobre... Figura 6: Amostradores segundo a ABNT NBR 10.007/2004: (a)
A norma ABNT NBR 10.007/2004 apresenta em anexo quatro tabelas importantes amostrador de resíduo líquido; (b) amostrador de grãos; (c) amostrador
sobre preservação e armazenamento de amostras sólidas (A.1) e líquidas de montes e pilhas - “trier“; (d) trado do rosca; (e) garrafa amostradora
(A.2), amostradores recomendados para cada tipo de resíduo (A.3) e pontos de de profundidades “Van Dorn“; (f) pá; (g) caneca com braço extensor; e
amostragem recomendados (A.4). (h) garrafa amostradora pesada.14

13. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10006. Procedimento para obtenção de extrato solubilizado de resíduos sólidos. Rio de Janeiro, 2004;
14. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10007. Amostragem de resíduos sólidos. Rio de Janeiro, 2004.

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O amostrador de grãos é feito com dois tubos telescópi- MANEJO DE RESÍDUOS E ASPECTOS DE
cos chanfrados, um externo e outro interno, geralmente de SEGURANÇA
aço inoxidável ou material inerte descartável. O tubo externo
possui uma ponteira cônica que permite a introdução do
amostrador na massa de resíduos a ser amostrada. O amos-
1. INTRODUÇÃO
trador é aberto ou fechado pela rotação do tubo interno. Esse A saúde e a segurança no trabalho são algumas das
amostrador é usado para resíduos sólidos em pó ou na forma principais áreas de atuação da Justiça do Trabalho, de modo
granular com diâmetro menor que 0,6 cm, acondicionados que existe uma gama de normas e procedimentos para
em sacos, tambores, barris ou recipientes similares. prevenir possíveis acidentes e doenças ocupacionais. Muitas
O amostrador de montes e pilhas - “Trier” é feito com vezes, as atividades do trabalhador requerem a exposição a
um tubo longo de aço inox e possui uma parte chanfrada riscos que podem vir a trazer danos imediatos ou a longo
em quase todo o seu comprimento. A ponta e as bordas do prazo, como ao manipular produtos químicos ou se expor a
chanfro são afiadas a fim de permitir que o material a ser agentes físicos ou biológicos.15
amostrado seja cortado quando o amostrador girar no interior Entre essas determinações, as normas regulamentado-
da massa de resíduos. Esse amostrador é usado de forma ras (NR) da Secretaria de Trabalho do Ministério da Economia
similar ao amostrador de grãos, mas quando o pó ou material (extinto Ministério do Trabalho) trazem as obrigações,
granular está úmido ou aglomerado, deve-se usar o amostra- direitos e deveres dos empregadores e trabalhadores, a fim
dor “trier” e não o de grãos. de garantir a saúde e segurança no trabalho. No cenário de
O amostrador de pá é um tipo de pá de jardineiro, com Gestão e Gerenciamento de Resíduos, as principais normas
lâmina normalmente afiada. Ele é usado para coletar amostras relacionadas são a NR 15, que dispõe sobre atividades e
de materiais granulares, amostras em recipientes rasos e operações insalubres, descrevendo limites de tolerância de
amostras superficiais de solo. agentes considerados não danosos à saúde do trabalhador,
O amostrador de trado é usado para amostragem de solo conforme a natureza e tempo de exposição do agente em
e resíduos sólidos, útil na coleta de amostras a profundidades questão; e a NR 25, que trata sobre resíduos industriais,
maiores que 20 cm. Seu acionamento pode ser manual ou trazendo o dever da empresa de procurar reduzir a geração
mecânico, e a preservação ou destruição do perfil do material de resíduos e de garantir um destino adequado sem que
a ser amostrado irá depender do tipo de broca utilizada. comprometa a saúde e segurança do trabalhador.15-17
A caneca com braço extensor consiste em uma caneca Assim, deve-se conhecer o histórico, composição -quando
suportada por uma braçadeira com um braço extensor, possível- e riscos dos resíduos, bem como legislação e normas,
podendo atingir até 3,5 m. Esse amostrador é usado para garantindo a segurança dos funcionários responsáveis pelo
coletar resíduos líquidos de lagoas ou reservatórios. manejo dos resíduos. Além dessas normas regulamentadoras, a
A garrafa amostradora pesada consiste em uma garrafa, Associação Brasileira de Normas Técnicas-ABNT fornece, a partir
um suporte pesado, uma rolha de metal inerte e dois cabos: da norma ABNT NBR ISO 31.000/2018, diretrizes para gerenciar
um para abrir a garrafa na profundidade que se deseja e riscos enfrentados pelas organizações, permitindo a persona-
outro para abaixar e suspender o amostrador. Ele é utilizado lização delas para qualquer organização e seu contexto.18 Há
para amostrar líquidos em tanques de armazenagem, poços ainda leis e portarias estaduais que devem ser consideradas,
ou outros recipientes que não sejam adequados para uso do além de ser importante conhecer o sistema de classificação de
amostrador de resíduo líquido. Porém, deve-se cuidar para não risco dos resíduos, compatibilidade entre resíduos, equipamen-
coletar líquidos incompatíveis com o material do amostrador. tos e medidas de segurança no local de trabalho.
Por fim, a garrafa amostradora de profundidades “Van
Dorn” consiste em um cilindro aberto nas extremidades, um
2. NORMAS PARA O MANEJO DE RESÍDUOS
suporte pesado, duas rolhas de material inerte e um cabo NR 15: objetiva regulamentar atividades e operações
com mensageiro. Esse amostrador é usado para líquidos insalubres e estabelece os limites de tolerância para agentes
em tanques de armazenagem, lagoas ou coleções de água químicos, ou seja, determina a concentração ou intensidade
que possuam grandes profundidades. Porém, também máxima ou mínima, relacionada com a natureza e o tempo
deve-se cuidar para não coletar líquidos incompatíveis com de exposição ao agente, que não causará dano à saúde do
o material do amostrador. trabalhador durante a sua vida laboral. Ainda, essa norma es-

15. TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO. Saúde e Segurança no Trabalho. Disponível em: https://www.tst.jus.br/saude-e-seguranca-do-trabalho. Acesso em: mar. 2021;
16. BRASIL. Secretaria de Trabalho do Ministério da Economia. Portaria MTb n.º 3.214, de 08 de junho de 1978. NR-15: Atividades e Operações Insalubres. Diário Oficial da
União, Brasília, DF, 6 jul. 1978;
17. BRASIL. Secretaria de Trabalho do Ministério da Economia. Portaria MTb n.º 3.214, de 08 de junho de 1978. NR-25: Resíduos Industriais. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 6 jul. 1978;
18. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 31000: Gestão de riscos - Diretrizes. Rio de Janeiro. 2018.

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CURSO
GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS
APOSTILA 2

tabelece as condições necessárias para garantir a salubridade e à preservação das florestas, da fauna e da flora, alterando a
dos trabalhos exercidos com especificações e detalhamentos Lei n° 6.938, de 31 de agosto de 1981;
em cada anexo da publicação. Para este curso, é importante Decreto Federal n° 96.044/1988: aprova o regulamen-
ressaltar a caracterização de insalubridade que é estabeleci- to para o transporte rodoviário de produtos perigosos e dá
da nos anexos 11 e 13 que estão relacionados às operações outras providências;
envolvendo exposição a agentes químicos e no anexo 14 que Decreto Federal n° 98.973/1990: aprova o regulamen-
está relacionado à avaliação qualitativa das atividades que to para o transporte ferroviário de produtos perigosos e dá
envolvem agentes biológicos. outras providências;
NR 25: trata de resíduos provenientes dos processos Resolução CONTRAN n°258/2007: regulamenta os arts.
industriais que, por suas características físicas, químicas ou 231, X e 323 do Código Trânsito Brasileiro, fixa metodologia
microbiológicas, não se assemelham aos resíduos domésti- de aferição de peso de veículos e estabelece percentuais de
cos, como cinzas, lodos, óleos, materiais alcalinos ou ácidos, tolerância e dá outras providências;
escórias, poeiras, borras, substâncias lixiviadas e aqueles Resolução ANTT n° 5.232/2016: aprova as Instruções Com-
gerados em equipamentos e instalações de controle de plementares ao Regulamento Terrestre do Transporte de Produtos
poluição, bem como demais efluentes líquidos e emissões Perigosos (atualizada pela Resolução ANTT n° 5.581/2017);
gasosas contaminantes atmosféricos. Assim, a norma prevê Resolução ANTT n° 5.848/2019: atualiza o Regulamen-
o dever das empresas de buscar reduzir a geração de seus to para o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos e dá
outras providências;
resíduos, adotando melhores práticas tecnológicas e organi-
Resolução ANP n° 20/2009: dispõe sobre os requisitos ne-
zacionais disponíveis, além de garantir que seus funcionários
cessários à autorização para o exercício da atividade de coleta
conheçam os riscos associados ao manuseio dos resíduos da
de óleo lubrificante usado ou contaminado e sua regulação;
empresa, por meio de capacitações, de forma a evitar risco à
Convênio ICMS n° 38/2000 CONFAZ: dispõe sobre o
segurança e saúde dos trabalhadores.
documento a ser utilizado na coleta e transporte de óleo lu-
ABNT NBR ISO 31000/2018: fornece diretrizes para
brificante usado ou contaminado e disciplina o procedimento
gerenciar riscos enfrentados por organizações, se baseando nos
de sua coleta, transporte e recebimento;
princípios, estrutura e processos delineados. Os princípios criam
ABNT NBR 7.500/2020: estabelece a simbologia con-
e protegem o valor da empresa por meio de processos humani-
vencional e o seu dimensionamento para identificar produtos
tários e de melhoria da gestão de risco. A estrutura tem como
perigosos, a ser aplicada nas unidades e equipamentos de
propósito apoiar a organização para integrar a gestão de risco
transporte e nas embalagens/volumes, a fim de indicar os
em suas atividades. Já os processos estabelecem a aplicação da riscos e os cuidados a serem tomados no transporte terrestre,
sistemática de políticas, procedimentos e práticas para as ativi- manuseio, movimentação e armazenamento;
dades de comunicação e consulta, determinando o que deve ABNT NBR 7.501/2020: define os termos empregados no
ser feito para que a gestão de risco esteja correta. A gestão de transporte terrestre de produtos perigosos.
riscos deve ser realizada inúmeras vezes e auxilia as organiza-
ções no estabelecimento de estratégias, no alcance de objetivos
3. SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DE RISCO
e na tomada de decisões fundamentadas, contribuindo para a Como visto na Apostila 1, o rótulo de risco é uma infor-
melhoria dos sistemas de gestão e de desempenho. mação que se faz necessária na identificação de resíduos para
Além dessas normas principais, outras regulamentações prevenir possíveis acidentes. No Brasil, essa classificação é
devem ser consideradas. Vale lembrar que leis, resoluções e regulada pela ABNT NBR 7.500/2020, baseada na classificação
portarias estaduais também devem ser consultadas. da Organização das Nações Unidas (ONU), e divide e identifi-
Lei Complementar n° 140/2011: fixa ações de cooperação ca as substâncias perigosas em nove classes de risco: explosi-
e competências entre União, Estados e Municípios, relativas à vos, gases, líquidos inflamáveis, sólidos inflamáveis, oxidantes,
proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio tóxicos e infectantes, material radioativo, substâncias corrosivas,
ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas formas e substâncias e artigos perigosos diversos, incluindo substâncias
que apresentem risco ao meio ambiente; sendo que algumas
Comentário do autor possuem subdivisões de subclasses conforme necessário.
Não basta apenas conhecer as legislações, mas também saber como aplicá-las,
principalmente para obter certificações internacionais. No mercado, há muitas
Na parte 2 da Resolução ANTT n° 5.232/2016, sobre
empresas e pessoas especializadas em consultorias para o desenvolvimento das classificação, consta uma listagem dessas classes e subclas-
atividades especificadas nas normas referidas, como é o caso da Chemsul. Além da
ISO 31000 para gestão de risco, podemos citar a ISO 9001, que designa requisitos ses e suas respectivas definições. Essa classificação é feita
para aplicar um modelo de gestão de qualidade numa organização; a ISO 14001, para fins de transporte e deve ser realizada pelo fabricante
que estabelece as diretrizes sobre a gestão ambiental que uma organização pode
usar para aumento do seu desempenho ambiental; e a ISO 17025, que certifica um ou expedidor do produto ou artigo perigoso. O documento
laboratório nos padrões internacionais para ensaios e calibração de equipamentos.
sobre classificação e demais providências previstas nesta
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GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS
APOSTILA 2

Resolução podem ser acessados no acervo digital das Legisla- Saiba mais sobre...
ções da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).19 Consulte a ABNT NBR 7.500/2020 sobre identificação para o transporte terrestre,
manuseio, movimentação e armazenamento de produtos. Essa norma apresenta
4. FORMAS DE IDENTIFICAR UM PRODU- descrições detalhadas sobre o desenho e modulação de rótulos de risco e painéis de
TO PERIGOSO segurança, assim como suas posições em veículos de transporte.

Assim como o item 3, as formas de identificação dos 5. RISCOS QUÍMICOS


riscos de produtos perigosos também já foram abordadas na
Em laboratórios, uma das formas de identificar resíduos
apostila da Aula 1. Dessa forma, para discutir o enfoque deste
e produtos químicos é a partir da classificação dos riscos apre-
conteúdo relacionado aos aspectos de segurança, devem ser
sentados. Dessa forma, é possível saber quais os cuidados ne-
revisadas algumas questões anteriormente mencionadas.
cessários para a utilização do produto químico com uma clas-
Posto isso, é preciso lembrar que a identificação de riscos de
sificação mais simples, sem precisar de um entendimento de
um produto perigoso para o transporte rodoviário no Brasil
classificações mais específicas, como o Diamante de Hommel
é realizada pelo sistema de reconhecimento internacional de
abordado na apostila da Aula 1 sobre “conceitos, exigências
classe e subclasse de risco no qual o produto se enquadra
legais e normativas”. No Brasil, até o ano de 2009 a classifi-
(como visto no item anterior) e o número de identificação do
cação utilizada era de acordo com a simbologia DSD/DPD, ou
produto, conforme Resolução ANTT n° 5.232/2016. A iden-
seja, de acordo com a Diretiva de Rotulagem de Substâncias
tificação da unidade de transporte é formada por painel de
Perigosas: Dangerous Substances Directive (Directive 67/548/
segurança, rótulo de risco e símbolos específicos, bem como
EEC) e Dangerous Preparations Directive (Directive 1999/45/
pela rotulagem das embalagens interna e externa. As informa-
EC). Isso porque um ano antes (2008), foi criado um novo re-
ções presentes no rótulo de risco e no painel de segurança são
gulamento a nível europeu sobre a classificação, rotulagem e
compostas por Símbolo de Risco e Classe/Subclasse de Risco
embalagem das substâncias e misturas: o CLP nº 1.272/2008.
(no rótulo de risco) e por Número de Risco e Número da ONU
Esse novo sistema foi adotado no Brasil no ano de 2009 com
conforme o apêndice C da Resolução ANTT n° 5.232/2016
a normativa ABNT NBR 14.725 que atualizou a rotulagem
(no painel de segurança).
para a aplicação do Sistema Globalmente Harmonizado (GHS)
A classificação de um produto perigoso para fins de trans-
de informação de segurança de produtos químicos perigosos
porte deve ser feita pelo seu fabricante, expedidor ou pela au-
(visto na Aula 1). Essa classificação permaneceu até a atual
toridade competente, quando aplicável, tomando como base
conjuntura, com a ABNT NBR 14.725-3/2017. Dessa forma,
as características físico-químicas do produto, designando-o
é necessário o conhecimento dessas duas simbologias para
em uma das classes ou subclasses. Assim, os resíduos devem
identificação das classificações, visto que a rotulagem de
ser transportados de acordo com as exigências aplicáveis à
acordo com os símbolos DSD/DPD está presente em rótulos
classe apropriada, considerando seus riscos e os critérios
mais antigos e os rótulos atualizados contam com os pictogra-
descritos nas normativas. Dessa forma, as placas de identifica-
mas da normativa ABNT NBR 14.725-3/2017.
ção são anexadas na superfície externa de veículos, embala- Segundo a normativa atualizada ABNT NBR 14.725-
gens ou equipamentos, de modo que sinalize o risco à saúde e 3/2017, os perigos associados ao produto químico perigoso
ao meio ambiente no transporte dos produtos ou substâncias devem ser informados no rótulo por meio dos pictogramas
para facilitar tomadas de ação em emergências. descritos na Figura 9. É importante verificar os critérios de
prioridade existentes entre os símbolos GHS, visto que se

Figura 7: À esquerda, um rótulo de risco composto pelo símbolo de


identificação de risco na parte superior e número da classe ou subclasse
de risco na parte inferior, podendo apresentar um texto de identificação Figura 8: Simbologia desatualizada utilizada na rotulagem de classificação de
da natureza do risco. À direita um painel de segurança composto pelo risco: (a) nocivo/irritante; (b) corrosivo; (c) radioativo; (d) perigoso para o meio
número de risco na parte superior e número da ONU na parte inferior. ambiente; (e) tóxico; (f) explosivo; (g) inflamável; e (h) comburente.

19. BRASIL. Agência Nacional de Transportes Terrestres - ANTT. Legislação Produtos Perigosos. Disponível em: https://portal.antt.gov.br/legislacao-produtos-perigosos. Acesso em: mar. 2021.

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GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS
APOSTILA 2

duas classes de perigo exigirem que seja adotado um mesmo


pictograma, este só deve ser empregado uma vez. Ainda, no
Anexo D da norma há tabelas relacionando os pictogramas
de perigo, palavras de advertência e frases de perigo que
devem ser utilizadas no rótulo do produto químico perigoso
conforme a respectiva identificação e classificação de perigo.
(a) Perigo à saúde: substâncias mutagênicas em células
germinativas; carcinogênicas e/ou tóxicas aos órgãos, podendo
também provocar sensibilização respiratória ou cutânea.
(b) Ponto de exclamação: substâncias nocivas, irritan-
tes e/ou tóxicas, ou seja, agentes químicos que produzem
efeitos de menor gravidade quando inalados, absorvidos ou
ingeridos. São substâncias não corrosivas que causam irritação
e até mesmo reações inflamatórias no corpo quando em
contato com a pele ou as mucosas. Em relação aos cuidados
de manuseio, deve-se usar máscara protetora e não permitir
o contato com a pele ou a roupa de acordo com o produto.
(c) Meio ambiente: substâncias tóxicas aos organismos
aquáticos (peixes, algas, crustáceos) e ao ecossistema aquático
Figura 9: Simbologia atualizada utilizada na rotulagem de classificação de
do qual fazem parte. Nesse caso, os parâmetros básicos para risco, conforme normativa ABNT NBR 14725-3/2017.
essa classificação são toxicidade aquática aguda e crônica;
seguidos rigorosamente, de modo que não ocorra o contato
bioacumulação, real ou potencial; e degradação de produtos
dessas substâncias com o corpo em geral ou a roupa, sempre
químicos orgânicos. Quando presente nos resíduos deve haver
fazendo o uso de luvas durante o manuseio. Ainda, deve-se
cuidado para não serem lançadas no ambiente.
evitar a inalação, ou seja, não respirar os vapores desse tipo
(d) Chama: substâncias inflamáveis, ou seja, substâncias
de substância. Cianeto, metanol, monóxido de carbono e
que podem pegar fogo na presença de uma fonte de ignição,
benzeno são exemplos desse grupo de risco.
logo sua manipulação deve ser feita longe de chamas ou de
(h) Cilindro de gás: gases sob pressão (comprimidos, li-
emissores de calor ou centelhas, sendo recomendado que a
quefeitos, liquefeitos refrigerados) e gases dissolvidos.
manipulação de substâncias voláteis ocorra em uma capela
(i) Chama sobre círculo: substâncias comburentes, ou
de exaustão. Além disso, pode-se destacar que o ponto de
seja, substâncias que podem iniciar, facilitar ou aumentar a
autoignição dessas substâncias é menor que a temperatura
combustão, dificultando o combate ao fogo e devendo ser
ambiente. Éter, gasolina e querosene são exemplos de subs-
mantidas afastadas de chamas. Alguns exemplos dessas subs-
tâncias inflamáveis.
tâncias são oxigênio e água oxigenada concentrada (35%).
(e) Corrosão: substâncias que causam a destruição de
tecidos vivos e/ou materiais inertes, além de provocar queima- 6. INCOMPATIBILIDADE ENTRE SUBS-
duras. Dessa forma, os cuidados para o manuseio com essas TÂNCIAS
substâncias são não permitir o contato com a pele e a roupa A Resolução ANTT n° 5.232/2016 define que “são con-
e usar luvas. Alguns exemplos são ácido clorídrico, ácido siderados incompatíveis substâncias ou artigos que, quando
sulfúrico e hidróxido de sódio. Por sofrerem reações exotér- estivados em conjunto, resultarem em riscos indevidos,
micas que liberam muito calor, necessitam de banho de gelo no caso de vazamento, derramamento ou qualquer outro
para o preparo de soluções. acidente, gerando risco de ocorrer explosão, desprendi-
(f) Bomba explodindo: substâncias ou misturas que apre- mento de chamas ou calor, formação de gases, vapores,
sentam riscos de explosão sob o efeito de uma chama, do compostos ou misturas perigosas, devido à alteração das
calor, de um golpe ou fricção. As recomendações de cuidados características físicas ou químicas originais de qualquer um
na utilização de substâncias desse tipo são movimentar com dos produtos, se postos em contato entre si”. Dessa forma,
cuidado, evitando choques ou colisões; evitar produção de a incompatibilidade entre substâncias é uma relação entre
faíscas, fogo e calor, bem como manter afastadas de chama. substâncias químicas na qual o armazenamento ou a mani-
(g) Crânio e ossos cruzados: substâncias tóxicas, ou seja, pulação próxima delas é extremamente perigosa.
substâncias que apresentam risco visto que podem implicar em É de extrema importância que exista o conhecimento
danos graves e até mesmo a morte, podendo possuir efeitos em relação à incompatibilidade de substâncias para garantir
agudos ou crônicos. Cuidados especiais devem ser tomados e que os resíduos sejam armazenados e transportados de

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GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS
APOSTILA 2

forma segura. No Manual para Gerenciamento de Resíduos Os óculos de proteção, assim como as luvas e os
da autora Janaína Conrado Lyra da Fonseca 20, consta uma calçados, variam para cada situação. Não há especificações
tabela com uma lista de substâncias incompatíveis, que pode sobre o material de fabricação dos óculos, mas é exigido que
ser consultada nos slides da nossa aula 2 sobre “Manejo de não aconteça a distorção da imagem, que sejam suficien-
resíduos e aspectos de segurança”. temente transparentes e que proteja os olhos de material
infectante, substâncias químicas que possam causar irritação
7. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVI-
ou algum tipo de lesão, ou ainda proteger contra radiações
DUAL (EPI) E PROTEÇÃO COLETIVA (EPC)
ultravioleta ou infravermelha. Podem ser citados os óculos
Ao trabalhar com o gerenciamento de resíduos, é de proteção contra vapores e gases, radiação, produtos
comum a exposição a substâncias de risco, tanto químicas químicos e produtos aerodispersores.
quanto biológicas. Para garantir a segurança e saúde do Em relação à exposição ocupacional, ou seja, à exposição
indivíduo que está em contato com esses materiais, além a substâncias no ambiente de trabalho, o principal risco de
do uso de equipamentos de proteção individual (EPI) e de contaminação é por inalação. Em um ambiente laboratorial o
proteção coletiva (EPC), deve-se tentar diminuir ou eliminar trabalhador pode estar exposto a diversas classes de substân-
a presença das substâncias de risco. Como as normas regu- cias que exigem proteção respiratória, como gases, vapores
lamentadoras para o manejo de resíduos explicitam, quando e aerodispersores. Nesse sentido, o uso de equipamento de
há a necessidade de exposição do trabalhador a algum risco, proteção respiratória também é necessário. Além disso, o uso
ele deve estar treinado para o uso correto desses equipa- de respiradores dificulta a contaminação da amostra por meio
mentos. Abaixo, estão listados os principais EPIs utilizados ao da fala humana. Para um correto uso desses equipamentos,
lidar com substâncias de risco. deve-se verificar se os respiradores não estão danificados
As luvas são usadas para impedir quaisquer danos às mãos, antes de entrar em uma área contaminada; não usar barbas,
protegendo contra agentes biológicos, químicos, cortantes e bigodes e similares se precisar fazer uso de respiradores, pois
perfurantes, térmicos, e abrasivos e escoriantes, entre outros. afetam a vedação; e ajustar corretamente o respirador à face,
Há alguns cuidados que devem ser tomados ao utilizar luvas: pois sua eficácia depende do ajuste.
lavar as mãos antes e depois de calçar as luvas; calçar as luvas As vestimentas de proteção incluem aventais que devem
com as mãos limpas e secas; sempre colocar as luvas sobre os ser obrigatoriamente de manga longa, indo até a altura dos
punhos do avental, nunca deixar as mangas soltas sobre as joelhos. Sua confecção deve ser adequada ao seu emprego,
luvas; quando a mão apresentar ferimento, protegê-lo antes de podendo ser de algodão, de fibra sintética não-inflamável ou
calçar as luvas, já que o ferimento pode ser agravado pelo uso; ainda descartável. Além disso, deve possuir sistema de fecha-
nunca abrir portas e atender telefone usando luvas; não usar mento que permita sua rápida remoção em caso de emergên-
luvas fora do ambiente laboral; não reutilizar luvas descartáveis; cia, como derrame ou respingo de produtos químicos. O uso
e as luvas reutilizáveis devem ser guardadas em local próprio, adequado dessas vestimentas deve-se a algumas condições:
limpo, seco e livre de contaminação. Ainda, nos slides da nossa mantê-las fechadas; nunca dobrar as mangas; usá-las em áreas
aula 2 sobre “Manejo de resíduos e aspectos de segurança” está de exposição aos riscos, sendo que mesmo em saídas curtas
incluído uma tabela que relaciona os tipos de luva e indicação o usuário deve retirá-las, recolocando-as em seu retorno; não
correspondente, uma vez que cada substância apresenta uma devem ser guardadas junto a objetos pessoais e devem sempre
utilização adequada para o tipo de luva a ser usada, de forma a serem trocadas cada vez que estiverem sujas ou contaminadas.
garantir a melhor segurança possível ao trabalhador. Por fim, as toucas ou gorros são utilizadas especialmente
O calçado é o equipamento destinado à proteção dos em locais onde há poeira ou microorganismos em suspensão.
pés contra umidade, respingo, derrames, materiais perfuro- Deve ser colocada na cabeça de modo que cubra todo o
cortantes, impacto de objetos diversos, entre outros. Existem cabelo, permita o ajuste perfeito, evitando que escorregue.
situações em que são exigidos calçados especiais, apro- Os materiais usados na confecção de toucas são diversos, e
priados ao risco. Devem ser escolhidos calçados cômodos, cada um deve ser escolhido conforme a necessidade.
fechados e antiderrapantes.
8. REGRAS BÁSICAS DE SEGURANÇA EM
Conexões LABORATÓRIOS
Desde o início da pandemia de COVID-19, o uso de máscara tornou-se obrigatório
fora de casa. No começo da pandemia, as máscaras de proteção individual As medidas de segurança para os riscos em laboratório
regulamentadas para uso de profissionais da saúde estavam sendo compradas a
ponto de se esgotarem rapidamente, dificultando o trabalho desses profissionais.
envolvem o conhecimento das regras básicas de biosseguran-
Assim, iniciativas públicas e privadas se uniram para garantir a produção de EPIs ça e da Legislação Brasileira de Biossegurança através da norma
corretos e funcionais para os trabalhadores essenciais.
ABNT NBR 14.725 sobre “produtos químicos - informações

20. FONSECA, Janaína Conrado Lyra da. Manual para gerenciamento de resíduos perigosos. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009.

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GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS
APOSTILA 2

sobre segurança, saúde e meio ambiente”, a qual é dividida em 13. Se os olhos forem atingidos por alguma substân-
quatro partes: Terminologia, Sistema de classificação de perigo, cia, abra bem as pálpebras e lave-os com água corrente no
Rotulagem e Ficha de informações de segurança de produtos Lava olhos (EPC);
químicos (FISPQ). Esse documento constitui parte do esforço 14. Caso outras partes do corpo sejam atingidas, retire a
para a aplicação do Sistema Globalmente Harmonizado (GHS) roupa impregnada e lave a pele com bastante água.
de informação de segurança de produtos químicos perigosos, 9. EXTINTORES DE INCÊNDIO
mostrando a necessidade de fornecer informações sobre
produtos químicos perigosos relativas à segurança, à saúde e Extintores de incêndio são artigos obrigatórios não apenas
ao meio ambiente; o direito do público-alvo de conhecer e de em laboratórios, mas em qualquer espaço de acesso público.
identificar os produtos químicos perigosos que utilizam e os A normativa que os regulamenta é a ABNT NBR 12.693, com
perigos que eles oferecem; a utilização de um sistema simples versão mais recente publicada em janeiro de 2021, que trata
de identificação, de fácil entendimento e aplicação, nos dife- dos Sistemas de Proteção por Extintor de Incêndio. Essa norma
rentes locais onde os produtos químicos perigosos são utiliza- estabelece os requisitos para projeto, seleção e instalação de
dos; a necessidade de proteger as informações confidenciais; a extintores de incêndio em edificações e áreas de risco para
capacitação e o treinamento dos trabalhadores; e a educação e combate ao princípio de incêndio. Na norma são introduzidos
a conscientização dos consumidores. requisitos para a seleção de extintores de incêndio de acordo
Portanto, para garantir a segurança de todos os com as diferentes classes de fogo.
presentes em um laboratório, seja ele de química, física, A primeira publicação da ABNT NBR 12.693 foi em
biologia ou de outra área, regras de segurança devem ser 1993, na qual eram descritos 4 tipos de fogo (classe A, B, C
conhecidas e seguidas. As regras devem ser sempre conhe- e D) com especificações sobre a unidade extintora para cada
cidas e revisadas a fim de evitar qualquer problema ou dano classe. Na atualização desta norma no ano de 2010, houve
às pessoas e ao laboratório. alteração sobre as classes de fogo, permanecendo apenas
1. Use óculos ou máscaras protetoras sempre que estiver as classes A, B e C. Na atualização de 2021, foi adicionada
no laboratório, e evite usar lentes de contato no laboratório; novamente a classe D, extinguida nas normas anteriores,
2. Sempre use o jaleco com mangas compridas, e luvas e e acrescentada também a classe K. Entretanto, apesar de
sapatos fechados com sola de borracha. reconhecer essas cinco classes de fogo, a legislação brasileira
3. Aprenda e saiba usar um extintor de incêndio antes ainda não normalizou o uso de extintores para as duas novas
que um acidente aconteça; classes. Assim, os extintores especificados permanecem
4. Não fume, coma ou beba enquanto estiver no com a determinação segundo o uso em classes A, B e C e
laboratório; a classificação e o desempenho dos extintores destinados às
5. Evite trabalhar sozinho e fora dos horários convencio- classes D e K devem ser informados com base em normas
nais de trabalho; de referência internacionais 21,22, pelos respectivos fabricantes,
6. Não jogue material insolúvel nas pias, e use frascos de enquanto não houver Norma Brasileira aplicável.
resíduos apropriados; As classificações de fogo segundo a ABNT NBR
7. Em caso de acidente, mantenha a calma, desligue os 12.693/2021 são:
aparelhos próximos, inicie combate ao fogo, isole materiais e subs- Fogo de Classe A: fogo em materiais combustíveis sólidos,
tâncias inflamáveis e se for o caso chame o Corpo de Bombeiros; que queimam em superfície e profundidade pelo processo de
8. Não entre em locais de acidentes sem uma máscara pirólise, deixando resíduos;
contra gases; Fogo de Classe B: fogo de combustíveis sólidos que se
9. O último a sair do laboratório deve desligar as luzes e liquefazem por ação do calor, com graxas, substâncias líquidas
conferir se tudo está em ordem; que evaporam e gases inflamáveis, que queimam somente em
10. Ao trabalhar com reações perigosas, explosivas, superfície, podendo ou não deixar resíduos;
tóxicas, ou cuja periculosidade você não tem conhecimen- Fogo de Classe C: fogo em materiais, equipamentos e
to, use a cabine de segurança com protetor acrílico e tenha instalações elétricas energizadas;
sempre um extintor de incêndio por perto; Fogo de Classe D: fogo em metais combustíveis, como
11. Nunca jogue no lixo os resíduos de reações químicas, magnésio, titânio, zircônio, sódio, lítio e potássio;
descarte-os em recipientes adequados; Fogo de Classe K: fogo em ambiente de cozinha que
12. Em caso de acidente com contato ou ingestão de produto envolva óleos comestíveis de origem vegetal e animal e
químico, procure um médico indicando o produto utilizado; gorduras, utilizados para esse fim.

21. INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION. ISO 7165: Fire fighting — Portable fire extinguishers — Performance and construction. Geneva. 2017;
22. UL STANDARDS. UL 711: Rating and Fire Testing of Fire Extinguishers. Illinois. 2018.

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CURSO
GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS
APOSTILA 2

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR


10004. Resíduos sólidos - Classificação. Rio de Janeiro, 2004.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR
10005. Procedimento para obtenção de extrato lixiviado de
resíduos sólidos. Rio de Janeiro, 2004.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR
10006. Procedimento para obtenção de extrato solubilizado
de resíduos sólidos. Rio de Janeiro, 2004.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR
10007. Amostragem de resíduos sólidos. Rio de Janeiro, 2004.
Figura 10: Pictogramas e símbolos geométricos para extintores conforme ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR
classe de fogo. 7500: Identificação para o transporte terrestre, manuseio, movi-
A seleção de extintores deve considerar a característica mentação e armazenamento de produtos. Rio de Janeiro. 2020.
e o tamanho do fogo esperado, além de outros fatores como ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS.
tipo de construção e sua ocupação, riscos a serem protegi- NBR 12693: Sistemas de proteção por extintores de
dos e condições de temperatura do ambiente. Para selecio- incêndio. Rio de Janeiro. 2021.
nar o risco de acordo com a classe de fogo existente, devem ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR
ser seguidos os critérios a seguir: 14.725: Produtos químicos - Informações sobre segurança,
I. Para a proteção de fogo classe A, devem ser seleciona- saúde e meio ambiente. Rio de Janeiro. 2019.
dos extintores com grau de capacidade extintora A adequado; ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR
II. Para a proteção de fogo classe B, devem ser seleciona- ISO 31000: Gestão de riscos - Diretrizes. Rio de Janeiro. 2018.
dos extintores com grau de capacidade extintora B adequado; BRASIL. Agência Nacional de Transportes Terrestres - ANTT.
III. Para a proteção de fogo classe B envolvendo gases Resolução nº 5.232, de 14 de dezembro de 2016. Aprova as
inflamáveis, devem ser selecionados somente extintores Instruções Complementares ao Regulamento Terrestre do
com carga em pó; Transporte de Produtos Perigosos, e dá outras providências.
IV. Para a proteção de fogo classe C, devem ser seleciona- Diário Oficial da União, Brasília, DF, 16 dez. 2016.
dos extintores que atendam ao ensaio de condutividade elétrica. BRASIL. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui
Considerando as normas de referência internacionais a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei nº 9.605,
enquanto não regulamentado pela legislação brasileira: para de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Diário
proteção de fogo classe D, devem ser selecionados extintores Oficial da União, Brasília, DF, 3 ago. 2010.
compatíveis com o metal específico para o qual a proteção é BRASIL. Secretaria de Trabalho do Ministério da
requerida e devem ser comprovadamente ensaiados pelos res- Economia. Portaria MTb n.º 3.214, de 08 de junho de 1978.
pectivos fabricantes; para proteção de fogo classe K, devem NR-6: Equipamentos de Proteção Individual. Diário Oficial da
ser designados extintores para proteção de cozinhas que União, Brasília, DF, 6 jul. 1978.
utilizam óleos e gorduras vegetais ou animais e são compro- BRASIL. Secretaria de Trabalho do Ministério da
vadamente ensaiados pelos respectivos fabricantes. Economia. Portaria MTb n.º 3.214, de 08 de junho de 1978.
A extinção de incêndios depende de alguns fatores: lo- NR-15: Atividades e Operações Insalubres. Diário Oficial da
calização dos extintores, compatibilidade do agente extintor, União, Brasília, DF, 6 jul. 1978.
conhecimento da operação de extintores e protocolos para BRASIL. Secretaria de Trabalho do Ministério da Economia.
situações de princípio de incêndio. Ainda, é importante Portaria MTb n.º 3.214, de 08 de junho de 1978. NR-25: Resíduos
destacar que cada material incendiado deve ter tratamento Industriais. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 6 jul. 1978.
diferenciado devido a sua natureza. CHANG, Raymond; GOLDSBY, Kenneth A. Química,
11ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.
Saiba mais sobre... FONSECA, Janaína Conrado Lyra da. Manual para ge-
A classificação em graus de capacidade extintora, o ensaio de condutividade renciamento de resíduos perigosos. São Paulo: Cultura
elétrica e os requisitos dos extintores, conforme as cargas de agente extintor, estão
estabelecidos nas normas ABNT NBR 15.808/2017, sobre extintores de incêndio Acadêmica, 2009.
portáteis; e NBR 15.809/2017, sobre extintores de incêndio sobre rodas. Além IBRAHIN, Francini Imene Dias; IBRAHIN, Fábio José;
disso, a NBR 12.962/2016 sobre inspeção e manutenção de extintores de incêndio
estabelece requisitos para esses serviços em ambos extintores, a fim de garantir CANTUÁRIA, Eliane Ramos. Análise Ambiental: Gerenciamento
segurança ao usuário e desempenho adequado no momento de uso.
de Resíduos e Tratamento de Efluentes. São Paulo: Érica, 2015.

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CURSO
GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS
APOSTILA 2

INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZA-


TION. ISO 7165: Fire fighting — Portable fire extinguishers —
Performance and construction. Geneva. 2017.
TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO. Saúde e Segurança
no Trabalho. Disponível em: https://www.tst.jus.br/saude-e-
-seguranca-do-trabalho. Acesso em: mar. 2021.
UL STANDARDS. UL 711: Rating and Fire Testing of Fire
Extinguishers. Illinois. 2018.
UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY
- US EPA. Hazardous Waste Test Methods / SW-846. Disponível
em: https://www.epa.gov/hw-sw846. Acesso em: mar. 2021.

APOSTILA DO CURSO DE GERENCIA-


MENTO DE RESÍDUOS

Material de apoio elaborado para o Curso de Gerencia-


mento de Resíduos, ocorrido entre os dias 10 de abril e 07
de maio de 2021 na plataforma Even3, sob organização da
empresa júnior Chemsul - Consultoria Química.
AUTORES
Daniel Telichevesky
Giuseppe da Silva Salvador
Júlia Leão Nogueira
Marthina Oliveira de Castro
Sara Oberlaender dos Santos
REVISORES
Henrique Carvalho de Andrade
Isabele Marques Leopoldino
DIAGRAMAÇÃO E ILUSTRAÇÃO
Júlia Leão Nogueira
ORGANIZAÇÃO
Chemsul - Consultoria Química
APOIO
Ênio Leandro Machado

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