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Introdução-Semiologia Psíquica-Doc1

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Introdução a Semiologia Psiquiátrica

“Heidegger, num certo momento de sua obra,


perguntou-se: por quê poetas em tempos de penúria? Retomo-o, transformando alguns termos e me indago: por que
psicopatologistas em tempos pós-modernos? Tempos que Marshall Berman identifica como aqueles em que "tudo o
que é sólido se desmancha no ar".

A semiologia, no sentido geral, é a ciência dos signos não se restringe somente às ciências médicas,
mas a todos os campos de conhecimento e de atividades humanas que incluam a comunicação
entre duas pessoas por meio de um sistema de signos.
A semiologia médica é o estudo dos sintomas e dos sinais das doenças, permitindo ao profissional
identificar alterações e formular o diagnóstico. Semiologia psicopatológica é o estudo dos sinais e
sintomas dos transtornos mentais.
Embora seja relacionada à linguística, a semiologia geral engloba também os signos, os gestos, as
atitudes e os comportamentos não-verbais.
O signo é o elemento central na semiologia, é um tipo de sinal. Sinal pode ser definido como
qualquer estímulo emitido pelos objetos do mundo. Sendo assim, consideramos o signo como um
sinal provido de significação. A semiologia médica e psicopatológica trata de signos que traduzem
sofrimento mental, transtornos e patologias.
Para a psicopatologia os signos de maior interesse são os sinais comportamentais objetivos,
percebidos pela avaliação direta do paciente e os sintomas, ou seja, as vivências subjetivas
relatadas pelo paciente.
Os sintomas médicos e psicopatológicos tem uma dimensão dupla. Eles são tanto um indicador
como um símbolo. O indicador aponta para uma disfunção que está em outro ponto do aparelho
psíquico. Além de tal dimensão, os sintomas psicopatológicos, quando nomeados pelo paciente,
passam a ser símbolos linguísticos que podem ser compreendidos dentro de um universo cultural.
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Um exemplo é a angústia, que pode se manifestar ao mesmo tempo como tremores (disfunção do
sistema nervoso autônomo) e ansiedade (significado simbólico-cultural).
A semiologia psicopatológica estuda especificamente os sinais e sintomas produzidos pelos
transtornos mentais, signos que sempre contêm essa dupla dimensão.
A semiologia psicopatológica pode ser dividida em duas grandes subáreas, a semiotécnica e
semiogénese.
Semiotécnica engloba a entrevista direta com o paciente, seus familiares e demais pessoas do
convívio do paciente. Parte fundamental do processo é a observação minuciosa, atenta e perspicaz
do paciente.
Semiogénese é a investigação do valor diagnóstico e clínico dos sinais e sintomas.
_________________________________________________________________________________

1. ATIVIDADE: Tendo em conta o que foi estudado/compreendido anteriormente, explique a


frase sublinhada no texto de José Saramago.

“Um dia escrevi que tudo é autobiografia, que a vida de cada um de nós a estamos contando
em tudo quanto fazemos e dizemos, nos gestos, na maneira como nos sentamos, como andamos
e olhamos, como viramos a cabeça ou apanhamos um objeto no chão. Queria eu dizer então
que, vivendo rodeados de sinais, nós próprios somos um sistema de sinais.”
José Saramago (Cadernos de Lanzarote, 1997)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 2ª ed. Porto Alegre,
Artmed, 2008.

Portanto:

A semiologia diz respeito ao estudo dos sinais e sintomas das mais diversas doenças, não sendo
diferente quando falamos dos transtornos mentais. Estes, por sua vez, são de difícil conceituação,

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pois, nem sempre é simples definir o limite entre o normal e o patológico. Sumariamente, podemos
dizer que são um estado de anormalidade psíquica que traz sofrimento ou prejuízos significativos,
para a pessoa ou para a sociedade, e, que o estudo das alterações referentes ao adoecimento
psíquico humano denomina-se psicopatologia.

Programa de Psicopatologia Geral Cursos Profissionais


TÉCNICO DE APOIO PSICOSSOCIAL
MÓDULO 5 – Semiologia Psíquica

Duração de Referência: 20 horas – 27 tempos letivos


1. Apresentação
Pretende-se com este módulo sensibilizar os Técnicos de Apoio Psicossocial dando-lhes uma
formação breve ou sucinta acerca da presença ou ausência de determinados sinais/ sintomas, no
sentido de poder inferir critérios que definam a anormalidade psíquica.
Embora os alunos não tenham como função diagnosticar, são muitas vezes os mediadores que
maior contacto têm com as populações alvo, podendo encaminhar os sujeitos para triagens, assim
como para tratamento.
Pretende-se também transmitir ao aluno a noção de desadequação que se prende com as
condições sociais e culturais onde é produzida a conduta.

2. Objetivos de Aprendizagem
� Caracterizar o desvio da realidade e das normas socialmente aceites, traduzidas no
comportamento do indivíduo.
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� Reconhecer a insuficiência intelectual devido à interferência de múltiplos fatores.
� Reconhecer o sofrimento do indivíduo traduzido em somatizações.
3. Âmbito dos Conteúdos
1. Alteração da atenção - definição, função, observação
1.1. Patologia da atenção
1.2. Falta de atenção e perturbação da concentração
1.3. Estreitamento da atenção
1.4. Oscilações da atenção e da concentração
1.5. Definição

2. Perturbações gerais da capacidade de evocação:


2.1. Amnésias e hipomnésias circunscritas
2.2. Hipermnésias
2.3. Paramnésias

3. Alterações do Pensamento

4. Perturbações formais do pensamento


4.1. Lentificação do pensamento
4.2. Inibição do pensamento
4.3. Pobreza e vazio do pensamento
4.4. Pensamento circunstanciado
4.5. Estreitamento do pensamento
4.6. Preservação do pensamento
4.7. Pensamento digressivo e fuga de ideias
4.8. Bloqueio de pensamento
4.9. Pensamento fragmentado
4.10. Pensamento incoerente

5. Alterações da Perceção:
5.1. Definição, função
5.2. Relação entre a perceção e o estado de humor
5.3. Falha de uma função percetiva
5.4. Anomalias da perceção
5.5. Alucinações

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6. Alterações do Humor/ Afetos

7. Patologia da afetividade:
7.1. Ambivalência
7.2. Paratimia (afetos inadequados)
7.3. Pobreza afetiva
7.4. Sentimentos de insensibilidade
7.5. Rigidez afetiva
7.6. Tenacidade afetiva
7.7. Incontinência afetiva

8. Síndromes afetivas isoladas


8.1. Síndrome depressiva
8.2. Síndrome maníaca
8.3. Síndrome esquizo afectiva
8.4. Síndrome de angústia
8.5. Disfonia, síndrome disfónica
8.6. Síndrome hipocondríaca
4. Bibliografia / Outros Recursos

. Cordeiro, J. D. (2002). Manual de Psiquiatria Clínica. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.


. Frances, A. e Ross, F. (1999). DSM IV: casos clínicos – guia para o diagnóstico diferencial.
Lisboa: Climepsi Editores
. Sharfetter, C. (1997). Introdução á Psicopatologia Geral. Lisboa: Climepsi Editores

Filmes:
- Mente Brilhante
- Esquizofrénica
- Mr. Jones
- Uma Questão de Nervos
O professor, Carlos Martins

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