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O Tenentismo Resumo

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O Tenentismo

O Tenentismo foi uma série de movimentos que ocorreram entre 1922 a 1935
propriamente falando, consistindo em movimentos de caráter político e social
manifestados e organizados pelas Forças Armadas, principalmente o Exército, embora
que contou também em alguns casos com o apoio de civis. Os movimentos que
marcaram o Tenentismo podem ser considerados em duas categorias: levantes e
revoluções, sendo que ambos os casos chegaram haver conflitos armados, vitimando
militares e civis.

esse movimento e ideologia como apontam os historiadores Edgard Carone, Maria Forjaz,
Antônio Resende entre outros, os quais sugerem que o período de 1922-1927 fora a "fase
heroica" marcada por vários pequenos movimentos e três grandes movimentos. Já o
período de 1927-1935, consiste na fase da trama política, onde a ideologia imperou em
detrimento de conflitos armados, pelo menos após 1930, quando Getúlio Vargas assumiu
o poder.

A expressão tenentismo adveio do fato de que no ano de 1922, tenentes do Forte de


Copacabana, no Rio de Janeiro, iniciaram uma revolta interna em protesto a prisão do ex-
presidente da república o marechal Hermes da Fonseca, na ocasião o marechal era
presidente do Clube Militar. No entanto, embora tenham sido tenentes que inciaram essa
sublevação, em outras localidades do país, revoltas similares foram iniciadas não apenas
por tenentes, mas por sargentos e até mesmo por capitães, chegando a contar com o
apoio de soldados, cabos e em alguns casos, coronéis e generais. Porém, convencionou-
se chamar tais movimentos de tenentismo, não pelo fato propriamente de seus líderes
serem tenentes, mas pelas propostas parecidas que tais levantes e revoluções
defendiam, que em geral diziam respeito à mudanças na política nacional, além de
questões sociais e de direito civil. Todavia, em geral o tenentismo fora um movimento
elitista, ou seja, esteve mais preocupado com os anseios da classe média oprimida pelas
oligarquias dominantes. E em tal aspecto, a revolta dos manifestantes era contra as
oligarquias que dominavam o governo e o corrompiam.

O termo surge em meio as disputas políticas que percorriam o país após o Golpe de 30,
logo, os militares que participaram dos movimentos na década anterior, ainda
continuavam com ideais similares naquele tempo, daí passaram a ser chamados de
"tenentistas", logo, surgiu "tenentismo", como forma de caracterizar aquele grupo.

O tenentismo eclodiu no final do período da República Velha (1889-1930), como resposta


de membros das Forças Armadas aos problemas políticos, econômicos e sociais do país,
pois nessa época desde 1898 imperava a chamada "política do café com leite" onde os
candidatos à presidência eram eleitos de partidos de São Paulo e Minas Gerais. São
Paulo já na época se mostrava o maior centro econômico do país devido a produção
cafeeira; por sua vez, Minas embora fosse a maior produtora de leite do país, sua real
serventia advinha do fato de conter na época a maior população eleitoral do país.

A política e a economia na República Velha giravam em torno dos interesses dos grandes
latifundiários, pois, mais de 60% da economia brasileira na época provinha da agricultura
e da pecuária, já que as indústrias ainda estavam se estabelecendo pelo restante do país
e em geral eram indústrias têxteis. A industrialização só se intensificaria propriamente
primeiro no governo de Vargas, depois com Juscelino (1956-1960), depois com a Ditadura
Militar, especialmente no governo de Médici (1970-1974) e posteriormente na década de
90 para cá.

Outro fato importante a mencionar era que grande parte da população era analfabeta e
com baixa instrução escolar. Praticamente apenas a classe média e a alta possuíam
acesso a uma boa educação e ao sistema de saúde o qual ainda estava se
desenvolvendo. Mas mesmo as pessoas que votavam, em alguns casos essas eram
semianalfabetas.

o direito ao voto era algo bem limitado nessa época. Soares [1973] apresenta uma
estimativa de que pelo menos até o ano de 1930, apenas 5% da população brasileira
votava, sendo que esses 5% era formado por indivíduos masculinosO voto não era
secreto, algo que facilitava a manipulação eleitoral e a compra de votos, processo esse
que ficou conhecido como "voto de cabresto" No âmbito político da antiga república, fora
marcante o domínio das oligarquias locais, pois o federalismo defendido e legalizado na
Constituição de 1891 garantia certas autonomias aos estados, como: constituir sua
própria força armada; organizar os processos eleitorais; clãs paternalistas, originários dos
grandes latifundiários.

Além desses aspectos oligárquicos, a política da República Velha fora marcada também
por um alto índice de empreguismo, nepotismo, compra de voto, fraude eleitoral, desvio
de verbas, etc. Tais fatores, foram alguns dos motivos pelos quais as revoltas tenentistas
se instauraram.

"A extensão da corrupção eleitoral na República Velha era, pois, incrível. As eleições não
eram uma questão eleitoral, mas sim uma questão de poder". (SOARES, 1973, p. 24).

A Revolta dos 18 do Forte de Copacabana (1922)

Hermes da Fonseca

No ano de 1922 vieram a público supostas cartas escritas por Arthur Bernardes então
candidato a presidência da república, insultando o ex-presidente da república Hermes da
Fonseca (o qual governou de 1910 a 1914), na época presidente do Clube Militar.
Bernardes era candidato por São Paulo e representante das oligarquias cafeicultoras, por
sua vez seu principal oponente era o fluminense Nilo Peçanha o qual, acabou perdendo a
eleição. Mas, se por um lado a vitória de Arthur fora desgostosa para a oposição, a gota
d'água veio com a prisão do marechal Hermes decretada pelo então presidente da
república Epitácio Pessoa. Hermes irritado com as falsas cartas publicadas, decidiu reagir
e apoiou Nilo nas eleições daquele ano, porém ao mesmo tempo, mostrou-se crítico do
governo de Pessoa, aliado de Bernardes, assim o presidente Epitácio declarou sua prisão
por motivos contestáveis, e tal fato fora um estopim para a deflagração da revolta no Forte
de Copacabana e em outras localidades do Rio de Janeiro. A Vila Militar, a Escola Militar
do Realengo e o 1o Batalhão de Engenharia se mobilizaram para dá início ao que fora
chamada na época "revolução". O intuito era libertar o marechal Hermes e tomar o
controle da presidência, promovendo um golpe de Estado.

Os membros do Forte de Copacabana foram os mais radicais, chegando a cometerem


ataques a locais estratégicos, disparando contra esses locais, os quais foram: a ilha de
Cotunduba, o Forte do Vigia, o Quartel-general, a ilha das Cobras, o Depósito Naval e o
Túnel Novo.

O presidente Epitácio Pessoa ordenou a rendição dos revoltosos no forte, mas como
esses se negaram a obedecer argumentando que apenas obedeceriam ordens diretas do
marechal Hermes, fora ordenado que o forte fosse atacado. Os navios de guerra, São
Paulo e Minas Gerais e a Fortaleza de Santa Cruz no Leme, bombardearam o forte por
quase dos dias.

"Acuados pelo ataque das tropas legalistas por terra, mar e ar, eles desobrigaram seus
comandos, nas palavras do líder rebelde tenente Siqueira Campos: "O governo vai iniciar
as hostilidades contra o Forte com elementos os mais terríveis; a hora tocou. Quem quiser
partir, o governo garante a vida; quem quiser ficar fique, mas posso prevenir que nada de
bom nos espera"". (SOARES, 1973, p. 317 apud CARONE, 1975, p. 39).

Dos 301 aquartelados no Forte, apenas 18 ficaram, pois o capitão Euclides Hermes da
Fonseca aconselhou que fosse melhor os demais abandonarem o forte. Ainda no dia 5,
Euclides tentou negociar a rendição pacífica, porém acabou sendo preso enquanto
negociava a rendição fora do forte. Mesmo assim os demais não desistiram da causa. O
tenente Siqueira Campos assumiu a liderança e no mesmo dia decidiu deixar o forte e
marchar de encontro as tropas legalistas. Os 17 restantes caminharam pela Avenida
Atlântica, e em sua frenética marcha, um civil de nome Otávio Correia se uniu aos
militares.

Da esquerda para direita, tenentes Eduardo Gomes, Siqueira Campos, Newton Prado e o
civil Otávio Correia.

Na altura do atual Posto 3 em Copacabana próximo ao Leme, os 18 revoltosos foram


recebidos à bala pelas tropas legalistas, que depois em dada altura partiram para o
ataque corpo a corpo. Dos dezoito, 12 foram mortos naquele dia, incluindo o civil Otávio.
Outros quatro vieram a falecer no dia seguinte devido aos ferimentos não tratados, o que
incluiu o tenente Newton Prado. Por fim, sobreviveram apenas os tenentes Siqueira
Campos e Eduardo Gomes, os quais foram presos, mas posteriormente libertos.

Mesmo tendo fracassado, a Revolta dos 18 do Forte de Copacabana influenciou outras


revoltas militares ainda no ano de 1922 e se tornou um marco para a luta que estava por
começar no Brasil, o Tenentismo.

A Revolta Paulista (1924)


No dia 5 de julho de 1924, aniversário de dois anos da Revolta dos 18 do Forte de
Copacabana, eclodiu no estado de São Paulo um novo levante tenentista complanos de
fazer eclodir uma revolução.

"Iniciou-se na madrugada de 5 de julho, nos quartéis militares de São Paulo, em Pinheiros


e em Quintaúna. A estratégia era reunir as tropas rebeladas no Campo de Marte para
atacar e ocupar os principais prédios públicos da cidade. No fim do primeiro dia de
combate, eles haviam ocupado as estações da Luz, Sorocabana, do Brás e da Cantareira;
o Hotel Terminus, o 4o Batalhão de Caçadores, a estação transformadora da Light, o
Corpo-Escola e os quartéis do 1o e do 2o batalhões de polícia, no bairro da Luz". (LANNA
JR, 2008, p. 320).

O principal líder da Revolta Paulista não fora um tenente, mas sim, o general Isidoro Dias
Lopes, o qual graças a sua posição e influência no Exército conseguiu ganhar muitos
aliados para sua causa rebelde. Outro nome importante na liderança fora o chefe de
polícia Miguel Costa, o qual teria um papel importante posteriormente na causa tenentista.
O primeiro dia de revolta fora frutífero e com poucos confrontos, os quais ocorreram
principalmente no bairro da Luz, nas imediações do Palácio dos Campos Elísios e em
alguns locais no centro da cidade, onde os revoltosos confrontaram a polícia e as tropas
legalistas. No terceiro dia, a situação começou a se acirrar, o general Eduardo Sócrates
fora enviado para por fim a revolta tenentista. No entanto, dias depois, tropas da Marinha
chegaram ao porto de Santos e partiram para São Paulo, a fim de apoiar as tropas do
governo contra os rebeldes. O tenente João Cabanas (1895-1974) se tornou um "herói"
entre os revoltosos, pois havia conseguido coordenar vários ataques com grande exito.
De certa forma, as vitórias de Cabanas contribuíram para que a revolução se estende-se
por quase um mês na maior cidade do Brasil.

Em 12 de julho fora dada a ordem de se disparar e bombardear os refúgios dos rebeldes


no bairro da Luz. O confronto em si diferente dos outros movimentos de 1922 que
duraram apenas poucas horas ou dias, no caso de São Paulo a briga fora levada até o
máximo em que os rebeldes conseguiram manter, pois um dos problemas que levou ao
fracasso a revolta que planejava iniciar uma revolução nacional para derrubar o
presidente Arthur Bernardes, fora a falta de organização e comunicação entre os setores
que formavam a revolta. Em muitos casos, o general Isidoro não possuía informações
sobre o que estava acontecendo nas outras bases rebeldes, e o mesmo acontecia com
Miguel Costa e outros chefes. Em um curioso caso, Miguel Costa quase declarou total
rendição pois não recebia mais informações do comando de Isidoro, e logo, e ele cogitou
que Isidoro havia desistido ou tinha sido capturado.

"O apoio ao tenentismo partiu principalmente os estudantes, das classes populares e do


operariado organizado. Os estudantes criaram a Brigada Acadêmica, que atendia a
população civil". (LANNA, 2008, p. 323).

Nos dias que se seguiram o confronto, parte da população da cidade a deixava e aqueles
que haviam decidido ficar, evitavam de sair nas ruas, pois uma pequena "guerra"
acontecia em cantos da cidade, embora necessariamente não se saiba o número de
vítimas do confronto. À 26 de julho, um avião sobrevoou São Paulo despejando panfletos
no qual convocava a população da cidade dizendo o seguinte: "á nobre e laboriosa
população de São Paulo... para que abandone a cidade, deixando os rebeldes entregues
à sua própria sorte". (LANNA JR, 2008, p. 321 apud CARONE, 1975, p. 68).

Depois de mais de dez dias de tiroteios, os rebeldes decidiram firmar um acordo prevendo
o fim da revolta. A Associação Comercial fora escolhida para ser a intermediária entre os
rebeldes e o governo e a proposta por ela encaminhada ao governo era que em troca de
cessarem o conflito, o Estado deveria conceder a anistia para os militantes da revolta de
1924 e da de 1922. Entretanto, o governo recusou a proposta.

"Os militares rebeldes iriam vender caro a derrota. Como o objetivo não era conquistar
São Paulo, mas o governo federal, retirar-se da frente de batalha naquele momento seria
a atitude mais coerente que poderiam assumir". (LANNA JR, 2008, p. 322)

Na madrugada de 27 para 28, parte das tropas que ainda mantinham sua convicção se
retiraram de São Paulo de trem, seguindo para Bauru. Nessa ocasião, Miguel Costa
estava a frente do comando, pois sua meta era se reagrupar e se reorganizar no interior
de São Paulo e continuar com a causa revolucionária. O general Isidoro posteriormente
exilou-se na Argentina.

"A importância do movimento de 1924 em São Paulo é semelhante à Marcha dos Dezoito
do Forte em 1922 no Distrito Federal, quando os jovens oficiais haviam sublevado
unidades militares, bombardeando pontos estratégicos da capital e feito muitos mortos em
luta heroica. Em 1924, expulsaram o governo estadual da cidade de São Paulo, principal
centro urbano e econômico do país. Tal façanha atingiu mais diretamente um número
maior de pessoas, classes e organizações, além de ter imposto uma política agressiva,
que foi entendida de diferentes formas por esses atores políticos da época". (LANNA JR,
2008, p. 322).

A Coluna Paulista (1924)

Bauru se tornou o quartel-general da Coluna Paulista de onde os militares contaram com


o apoio dos civis, inclusive o fato de que alguns civis se tornaram líderes de operações
realizadas pela coluna no estado de São Paulo. A meta era seguir para o sul, em direção
ao Paraná. Mas enquanto isso não acontecia.

Embora tenha ocorrido algumas vitórias significativas, as ocupações feitas as cidades


mencionadas e outras mais foram efêmeras, pois o Estado continuava a pressionar os
rebeldes e isso levou Miguel Costa a decidir abandonar São Paulo e conseguir refúgio no
sul. Próximo ao final de 1924 a Coluna montava base em Foz do Iguaçu, onde fora
atacada pelas forças legalistas de janeiro a março de 1925, quando veio a ser socorrida
pela Coluna Prestes, essa vinda do Rio Grande do Sul.

Revoltas tenentistas no Rio Grande do Sul (1924)

Na madrugada do dia 29 de julho de 1924 era iniciado os levantes tenentistas nos Rio
Grande do Sul. Na cidade de Santo Ângelo fora liderado pelo capitão Luís Carlos Prestes;
em Uruguaiana e São Borja, se encontrava o capitão Juarez Távora, o qual havia
participado em 1922 da revolta na Escola Militar do Realengo. Na cidade de São Luís, a
liderança estava com o tenente João Pedro Gay. Por trás de toda a movimentação
rebelde, estavam como principais líderes do movimento naquele estado, o capitão Rui
Zabaran e o tenente Siqueira Campos, sobrevivente da Marcha dos 18 do Forte de
Copacabana em 1922. Tais movimentos iniciais consistiram em quarteladas que visaram
ocupar pontos estratégicos de cada uma dessas cidades; no caso de Santo Ângelo
ocupou-se a estações da Estrada de Ferro e do Telégrafo Nacional como forma de
controlar a entrada e a saída de pessoas da cidade e possivelmente a vinda de tropas
legalistas pela ferrovia. Além disso, armazéns e quartéis foram invadidos de onde
subtraiu-se armas, munição, veículos, combustível, assim como alimentos, água e
medicamentos. No caso dos governos municipais, os mesmos eram tomados e civis eram
colocados no lugar em governo provisórios. No caso de Uruguaiana, o civil Lúcio
Magalhães como aponta Carone [1975] fora colocado no posto do prefeito da cidade
pelos rebeldes.

Antiga estação ferroviária de Santo Ângelo, RS. Hoje consiste no Memorial Coluna
Prestes.

"Essas primeiras conquistas representaram pouco diante da diferença de forças e das


seguidas derrotas sofridas. Na de Cachoeira, em 29 de outubro de 1924, 'atacados pelos
elementos do mesmo batalhão, que conservaram fiéis, e por um corpo auxiliar ali
estacionado'". (LANNA JR, 2008, p. 328).

A Coluna Prestes (1925-1927)

A marcha de São Luís para Foz do Iguaçu marcou o início da Coluna Prestes, a mais
famosa coluna do movimento tenentista, mas embora tenha conquistado a fama de
"Coluna Invicta", sua organização não fora uma das melhores. A Coluna era formada por
militares insubordinados, por militares convictos a causa, por civis interessados em
causas próprias, etc. Em suma, a maior parte do contingente da Coluna era formada por
civis, daí ter sido o único dos movimentos tenentistas da época a contar com uma
superioridade na participação de civis na causa. Mas, mesmo contando com esse grande
número de civis, os mesmos se mostraram aptos para a luta armada, nesse caso fora
estabelecido uma nova estratégia, ao invés de se preparar para grandes batalhas como
vinha ocorrendo, a nova tática fora se utilizar guerrilhas, algo que se mostrou bem
proveitoso, embora tenha se pagado um preço caro por isso.

Depois de alguns dias de descanso, a Coluna deixou Porto Feliz e se dirigiu para o
Paraná, o objetivo era se reunir com a Coluna Paulista em Foz do Iguaçu, porém após
terem passado da cidade de Barracão no Paraná, os paulistas que deveriam encontrá-los
para guiá-los não apareceram, logo, a Coluna tivera que abrir caminho próprio e fora
nessa ocasião que Prestes organizou pequenos grupos de guerrilhas para sondar a área
e ocupar posições estratégicas, pois as tropas legalistas estavam na região tanto atrás
dos paulistas e agora dos gaúchos.

"No Mato Grosso, a coluna foi duramente combatida pelas forças legais e muito mal
recebidas pela população em geral. Nesse estado, eles foram tratados como inimigos,
'recebidos a bala pelos habitantes dos lugares'". (LANNA JR, 2008, p. 333 apud
CARONE, 1975, p. 127).
Após a péssima recepção e passagem por Mato Grosso, a Coluna seguiu viageme junho
para Goiás onde evitou conflitos desnecessários contra as tropas legalistas e contra os
civis, apenas atacando para conseguir alimento, água, medicamentos, combustível entre
outros bens necessários. A cidade de Anápolis fora uma das cidades invadidas durante a
passagem da Coluna por Goiás.

"A coluna foi dividida em quatro destacamentos, comandados por Osvaldo Cordeiro de
Farias, João Alberto Lins de Barros, Antônio Siqueira Campos e Djalma Dutra. 'Essa nova
organização da Coluna, que se tornou definitiva, veio institucionalizar a liderança de
Prestes, que a partir daí enfeixou em suas mãos a direção da guerra e passou a controlar
completamente o comando-em-chefe'". (grifos meus) (LANNA JR, 2008, p. 335 apud
FORJAZ, 1977, p. 98).

Com Prestes na liderança da Coluna as ordens era continuar a seguir para o Norte e
Nordeste a fim de encontrar paragens mais amigáveis. No percurso da viagem, os
rebeldes viajavam por estradas secundárias e por zonas rurais para evitar chamar a
atenção das tropas legalistas e da população que em grande parte se mostrava contra
eles. Forjaz [1977] diz que em sua primeira estadia na Bahia, a Coluna passou por
dificuldades devido a falta de comida, algo que quase arruinou os planos de vez de se
continuar em frente com o plano. A solução fora retornar para Goiás, onde conseguiram
encontrar alimento.

Voltando a Bahia, contando com cerca de um pouco mais de mil homens a coluna fora
duramente perseguida por coronéis e até cangaceiros, pois fora oferecido recompensas
para quem captura-se os rebeldes ou informassem sua localização. O coronel Horácio de
Mattos fora o pior inimigo dos rebeldes na Bahia, seguindo até mesmo a persegui-los
dentro de Minas Gerais, para onde eles fugiram. Porém a astúcia de Prestes dera certa e
a Coluna conseguiu despistar seus perseguidores e retornaram para a Bahia, cruzando o
rio São Francisco em busca de local mais calmo no sertão baiano.

"Nesse momento 'a Coluna tinha um aspecto desolador: exaustos, maltrapilhos, famintos
pela escassez de recursos, acometidos de impaludismo, os homens da Coluna iam
vencendo penosamente a pé os atoleiros em que as estradas se convertido'". (LANNA JR,
2008, p. 339 apud FORJAZ, 1977, p. 107).

A Coluna ainda continuaria a viajar por Pernambuco, Piauí, retornando para o Mato
Grosso onde Prestes enviou Djalma Dutra e Lourenço Moreira Lima para se encontrarem
com o general Isidoro Dias, o qual estava exilado na Argentina desde 1924. Enquanto os
dois tenentes não retornavam, a Coluna abrigou-se no Mato Grosso, próximo a fronteira
da Bolívia.

Isidoro enviou a resposta para que Prestes aguarda-seo resultado das colunas
relâmpagos no Rio Grande do Sul organizadas pelo marechal Assis Brasil, se as mesma
obtivessem vitória, a Coluna Prestes poderia voltar para casa, porém as tentativas do
marechal fracassaram, e Prestes e Costa decidiram pela dissolução da Coluna, e em
fevereiro de 1927 seus membros restantes se exilaram na Bolívia.
O tenentismo nos anos 30

A Coluna Miguel Costa-Prestes findou-se em 1927, encerrando o período mais


ativo do movimento, pois como fora dito inicialmente, nos idos dos anos 30 o tenentismo
retorna mais sob uma prerrogativa ideológica do que como organizacional, pois o Golpe
de 30, a Revolução Constitucionalista de 1932 em São Paulo e a Intentona Comunista de
1935, não operaram ou se organizaram da mesma forma do que as revoltas vistas entre
1922 e 1927, porém mantiveram ideologias similares, como a oposição as oligarquias
paulistas e mineiras, a corrupção, o descaso do governo, reivindicações sociais e legais,
etc.
Para Boris Fausto [1976] uma das diferenças que marcaram o tenentismo dos anos
20, do visto durante o Golpe de 30, fora a aproximação maior das altas hierarquias do
Exército a causa oposicionista e um maior interesse das classes altas e da classe média
alta, em detrimento da classe média baixa, marcada anteriormente. De fato, Getúlio
Vargas ganhou apoio de generais em sua empreitada para tomar o poder no Rio de
Janeiro, onde o presidente Washington Luís fora deposto e uma junta tripla militar
assumiu provisoriamente o governo até nomearem Vargas como presidente provisório.
Outro aspecto diferente fora que nos anos 30, o movimento tenentista não ocorreu
com levantes ou quarteladas, mas foram planos mais bem organizados, orquestrados
com o apoio de várias frentes, incluindo o meio político, pois Vargas contou com o apoio
dos governadores de Minas e da Paraíba, sendo que João Pessoa, governador da
Paraíba, chegou a ser seu candidato a vice-presidência, mas fora assassinado em julho
de 1930.
O que incluiu também o apoio direto ou indireto de membros tenentistas como
Miguel Costa, Carlos Prestes, Assis Brasil, Siqueira Campos entre outros, participaram
desses movimentos no começo do ano 30, embora alguns mantiveram-se em seus
exílios, passando apenas informações e conselhos.
"o tenentismo é, antes de tudo, um movimento revolucionário. Como salvador da
pátria, denunciava a desmoralização dos costumes políticos pelas oligarquias, que
deveriam ser banidas da política, por corromperem as instituições, em específico as
forças armadas". (LANNA JR, 2008, p. 347".
Também não podemos esquecer que alguns dos levantes vistos nos anos 20
tinham como meta reivindicar melhorias nas carreiras militares ou apoiar levantes maiores
como o e São Paulo e a Coluna Prestes por causas políticas nacionais, no entanto, a
base do tenentismo era voltado para a classe média, embora que um ou outro levante
cogitou lutar por questões ditas populares. O próprio golpe de 30, tinha como meta mudar
aqueles que estavam no poder, pois Vargas só veio mostrar realmente interesse para a
nação a partir de 1934 quando promulgou a nova constituição brasileira, motivo da
revolução paulistana de 1932, os quais cobravam do presidente provisório essa
"promessa de campanha". Embora que a revolta comunista de 1935, liderada por Carlos
Prestes criticava a nova constituição e a permanência de Vargas no poder, além de outras
questões políticas e sociais.
Mas em si o tenentismo fora um movimento civil-militar de caráter político e social
que procuraram reivindicar questões militares, ao mesmo tempo criticou as oligarquias da
política do café-com-leite, e cogitou tomar o poder nacional ou constituir uma "revolução"
para mudar a política brasileira como fora considerado na época.

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