Ebook - Conceitos de Centro e Governo - Isbn
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de governo aplicados à
Presidência da República
SECRETARIA–GERAL DA
Presidência da República PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
Secretaria-Geral
Secretaria de Controle Interno
Coordenação-Geral de Consultoria
Brasília
Presidência da República
2019
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
Secretaria-Geral
Secretaria de Controle Interno
Coordenação-Geral de Consultoria
O tema centro de governo tem despertado interesse cada vez maior nos meios político-administrativos e acadêmicos nos últimos anos.
O termo centro ou núcleo de governo refere-se ao conjunto de órgãos, instituições em geral e atores diversos que auxiliam, de forma
coordenada, o Chefe do Poder Executivo no alcance dos objetivos estratégicos do governo. Com o aumento da complexidade dos problemas
sociais, torna-se fundamental a necessidade de aperfeiçoamento de políticas públicas transversais e a demanda crescente por participação
social e por serviços públicos integrados e de qualidade. Nesse cenário, o papel desempenhado pelo centro de governo no planejamento
estratégico, na coordenação de ações, na comunicação de resultados e na prospecção de informações torna-se imprescindível.
O propósito deste documento é concatenar e consolidar conhecimentos sobre os principais conceitos relacionados a centro de
governo. O objetivo é auxiliar as diferentes áreas da Presidência da República a analisar e avaliar seu papel e sua atuação no contexto
do centro de governo brasileiro, para eventualmente implementar melhorias em seus processos internos ou mesmo propor mudanças
estruturais para a Presidência da República melhor contribuir para o alcance dos objetivos do governo. A necessidade desta elaboração
vem do fato de que as competências de uma instituição pública são melhor definidas e desempenhadas quanto mais clara for
compreensão de sua identidade, razão de existência e funções precípuas. Tomando como exemplo a Secretaria de Controle Interno
(Ciset/Presidência), a sua declaração de visão (ser a unidade de controle interno de excelência em centro de governo)1 demonstra a
necessidade premente de se conhecer o tema em pauta com profundidade adequada para o exercício de suas competências.
1
Processo Sei nº 00010.000102/2019-24.
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Procurou-se responder as perguntas anteriores ao longo deste documento. Logo após essa introdução (Item 1), destacam-se conceitos e observações
gerais sobre o tema (Item 2). Ainda nesse tópico, caracteriza-se o centro de governo como guardião da estratégia diretiva do Poder Executivo, com
atuação nos ambientes político e administrativo e na prospecção de informações baseadas em evidências para subsidiar as decisões do governo.
Em seguida, o Item 3 apresenta a necessidade e a importância do centro de governo, especialmente com base na pesquisa E-Government Survey
2012, da Organização das Nações Unidas (ONU). Na sequência, fala-se sobre as funções principais do centro de governo (Item 4), a partir de
estudos desenvolvidos por quatro instituições: Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID), Tribunal de Contas da União (TCU) e Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O Item 5 trata da governança do centro
de governo, tomando por base os mecanismos de liderança, estratégia e controle dispostos no Decreto nº 9.203, de 22 de novembro de 2017. O
Item 6 aborda três estágios de construção do centro de governo e traz indicadores que podem auxiliar na identificação do nível de desenvolvimento
do CdG. Os tópicos seguintes registram a questão do ingresso de áreas de linha no centro de governo (Item 7), um breve histórico das grandes
áreas da Presidência da República (Item 8) e a análise sucinta sobre as principais funções do centro de governo na estrutura atual da Presidência
da República (Item 9). Por fim, a conclusão (Item 10) deixa questões para aprofundamento da discussão no âmbito da Presidência da República.
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Dentre as fontes bibliográficas disponíveis na literatura, foram escolhidas seis obras como base teórica para composição deste documento.
Várias outras referências foram consultadas, de acordo com a sequência de citações em notas de rodapé, porém o alicerce teórico principal
veio dos seguintes trabalhos:
(i) Centre stage: Driving better policies from the centre of government - OCDE 2013;
(ii) Centre stage 2: The organization and functions of the centre of government in OECD countries - OCDE 2017;
(iii) O presidente e seu núcleo de governo: a coordenação do Poder Executivo - Ipea 2019;
(iv) Referencial para avaliação da governança do centro de governo - TCU 2016;
(v) The role of the center of government - BID 2013;
(vi) Governing to deliver: Reinventing the center of government in Latin America and the Caribbean – BID 2014.
2
Segundo estudo desenvolvido pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID ou IDB - Inter-American Development Bank), iniciativas que se enquadram no moderno conceito de centro de governo datam de
1916 no Reino Unido e de 1939 nos Estados Unidos, por exemplo. (IDB. The role of the center of government: a literature review. Disponível em: <https://publications.iadb.org/en/bitstream/handle/11319/5988/
ICS%20TN%20The%20Role%20of%20the%20Center%20of%20Government.pdf?sequence=1>. Acesso em: 8 abr. 2019).
3
CAVALCANTE, Pedro Luiz Costa; GOMIDE, Alexandre de Ávila (Organizadores). O presidente e seu núcleo de governo: a coordenação do Poder Executivo. Brasília: Ipea, 2018. p. 42.
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As definições para centro de governo encontradas na literatura podem ser divididas em duas grandes correntes. Há uma linha de estudos
que enxerga o CdG principalmente a partir das funções exercidas pelo núcleo e outra que se focaliza na localização das instituições e
agentes dentro da estrutura do Poder Executivo. A primeira vertente considera a dimensão funcional do CdG observando todas as unidades
que desenvolvem ações de condução de governo, mesmo que além dessas ações executem também a prestação de serviços públicos
ou a entrega de resultados de políticas públicas (atividades típicas dos ministérios de linha). A segunda corrente considera apenas as
unidades integrantes do Gabinete do Primeiro-Ministro ou da Presidência da República (PR). Essas vertentes teóricas trazem à tona os
aspectos contingente e relacional do poder, mas também destacam o fator estrutural da composição da esfera executiva. Para os objetivos
desse documento, importa considerar ambas as correntes, pois não se pode negligenciar a abrangência do centro de governo em termos
funcionais, visando à adequada compreensão do conceito, tampouco a localização de suas instituições e agentes, haja vista algumas
competências serem limitadas à estrutura da Presidência da República, a exemplo da Secretaria de Controle Interno (Ciset/Presidência).
No contexto deste documento, entende-se Centro de Governo como a estrutura administrativa que presta apoio direto e coordenado ao Chefe
do Executivo no gerenciamento integrado4 do governo. A estrutura administrativa desse núcleo pode ser composta por órgãos, instituições
em geral e atores diversos, pertencentes ou não à organização formal da Presidência ou do Gabinete do Primeiro-Ministro, conforme o caso.
A finalidade do CdG é prestar apoio direto ao Chefe do Executivo, para a melhor condução das políticas públicas e diretrizes de governo.
É fundamental que os esforços do núcleo sejam coordenados em ações coesas entre os componentes da estrutura, para evitar ações
desconexas, retrabalho, funções descobertas ou em duplicidade, e propiciar o gerenciamento também integrado das políticas de governo.
Importante destacar ainda que a denominação centro de governo (center ou centre of government) pode encontrar variações na literatura,
tais como: núcleo de governo (core govenment), núcleo do executivo (core executive), centro presidencial (presidential center), governança
executiva (executive governance), alto governo, entre outras.
4
Gerenciamento integrado e holístico do governo. O conceito é associado ao
termo Whole-of-government, conforme descrito no Item 3 deste documento.
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De forma geral, pode-se entender centro de governo como a estrutura guardiã da estratégia diretiva do governo (Figura 1). As plataformas
de campanha do governo eleito devem ser traduzidas num planejamento estratégico nacional, com seus respectivos objetivos, indicadores,
metas e linhas de ação definidas de modo a assegurar as atuações tática e operacional consistentes com os interesses do Estado, visando
ao atendimento das demandas dos cidadãos. Cabe ao centro de governo gerenciar planos e ações para consecução desses objetivos. Para
tanto, o centro de governo deve atuar em duas grandes frentes: dinamizar a capacidade e a qualidade do sistema político-administrativo e
prospectar informações fundamentadas em evidências para subsidiar as decisões do Chefe do Executivo.
De um lado, ao atuar no sistema político-administrativo, o centro de governo Figura 1 – Visão macro do centro de governo.
se torna ponte entre esses dois ambientes, visando criar sinergia para o
relacionamento intragovernamental e a burocracia. Por meio de ação coerente,
o CdG deve agir entre os órgãos do governo (ministérios de linha, por exemplo),
resolvendo conflitos e crises, impedindo o desvirtuamento da política pública
ou programa e zelando pela construção e fortalecimento de redes relevantes.
O relacionamento intergovernamental (envolvendo o Poder Legislativo, o Poder
Judiciário, o Ministério Público e os entes subnacionais) e a relação com a
sociedade também são partes dessa dimensão política do centro de governo.
No viés burocrático, o CdG deve, por exemplo, propor medidas de eficiência
organizacional para o aprimoramento da administração pública sempre que
necessário, com o propósito de alcançar os objetivos estratégicos do governo
de forma mais eficaz. A burocracia deve estar a serviço da sociedade e não se
tornar um obstáculo à realização das grandes demandas sociais. Fonte: Elaboração da equipe Ciset/Presidência, 2019.
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Do outro lado, as decisões do governo devem ser baseadas em informações fundamentadas em evidências. Levantamentos tempestivos
e relevantes são cruciais para a tomada de decisões acertadas no presente que refletirão em benefícios para o país no longo prazo. Essas
informações são geradas a partir de metodologias de monitoramento e de prospecção de dados e tendências de longo prazo.
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O destaque dado ao tema centro de governo justifica-se por sua crescente importância no contexto atual. O E-Government Survey 2012, da
Organização das Nações Unidas (ONU), traz de forma sintética a transformação pela qual a administração pública ao redor do mundo tem
passado, refletindo diretamente na formulação dos centros de governo:
os últimos anos, houve uma mudança de ênfase: de descentralização estrutural, desagregação e organizações de propósito único para uma abordagem
N
mais integrada à prestação de serviços públicos. Com uma variedade de termos, tais como “governo de balcão único”, “governo unido” e “governo integral”, o
movimento de silos isolados na administração pública para redes de trabalho formais e informais é uma tendência global estimulada por várias forças sociais
[...]5 (ONU, 2012, tradução e grifos nossos).
O conceito de “governo integral” (whole-of-government) relaciona-se com uma maneira abrangente de reunir recursos e conhecimentos
especializados de várias áreas e grupos para abordar problemas com causas sociais, econômicas e políticas inter-relacionadas6. Essa abordagem
conta com vantagem comparativa e maximiza recursos. O “governo de balcão único” (one-stop government) refere-se à integração de serviços
públicos para melhor atender o cidadão. A ideia é prover acesso contínuo a pessoas físicas e jurídicas por meio de diferentes mídias e dispositivos
de acesso. O conceito exige que todo o governo esteja interligado e que o cidadão seja capaz de acessar serviços públicos por um único ponto,
mesmo que esses serviços sejam fornecidos por diferentes áreas da administração. Isso requer uma estrutura holística que suporte modelagem
integrada de serviços públicos eletrônicos e sincronização com os desenvolvimentos técnicos. A concepção de “governo unido” (joined-up
government) remodelou a antiga doutrina administrativa de coordenação e surgiu, na década de 90, no Reino Unido. De forma geral, a coordenação
administrativa sugere que todas as partes do governo executivo sejam interconectadas e complementares. Assim o governo se apresenta único
à população e enfrenta as diversas questões de forma coesa.
5 “In recent years, there has been a change in emphasis away from structural devolution, disaggregation, and single-purpose organizations towards a more integrated approach to public service delivery. Variously termed
“one-stop government,” “joined-up government” and “whole-of-government”, the movement from isolated silos in public administration to formal and informal networks is a global trend driven by various societal forces”.
ONU. Taking a whole-of-government approach. United Nations E-Government Survey, 2012. Disponível em: <https://publicadministration.un.org/egovkb/Portals/egovkb/Documents/un/2012-Survey/Chapter-3-
Taking-a-whole-of-government-approach.pdf>. Acesso em: 8 abr. 2019.
6 WORZALA, Mary; VANDEVELDE, Craig; KUNTZ, Jessica. Deploying the whole of government: how to structure successful multi-agency international programs. Deloitte, 2017. p. 1. Disponível em: <https://www2.
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Na sequência, o E-Government Survey 2012 menciona as transformações sociais e tecnológicas que impulsionam novas dinâmicas na
administração pública. Em recente publicação7, o Ipea também elenca desafios para as políticas públicas que demandam novos arranjos
institucionais de governança. Como síntese dessas duas contribuições, podem-se enumerar os seguintes fatores que requerem a formação
e atuação efetiva do centro de governo:
(i) os
problemas da sociedade estão cada vez mais complexos, exigindo
respostas colaborativas. Os chamados wicked problems (problemas Figura 3 – Centro
de governo e o desenvolvimento da administração pública.
transversais, multidimensionais e incertos) demandam a ação de múltiplos
setores, exigindo coordenação afinada entre eles;
( ii) há aumento de demanda pela sociedade por serviços públicos mais
personalizados, acessíveis e de qualidade, que devem ser planejados,
implementados e avaliados com a participação dos cidadãos;
(iii) para atender adequadamente às demandas sociais, o governo necessita
superar questões próprias da administração pública na atualidade, tais como
a fragmentação e o esvaziamento do Estado (hollowing out), o que requer
gerenciamento integrado e holístico de estratégia comum para todo o governo;
(iv) o governo precisa conquistar e manter nível razoável de confiança, vencendo
o contínuo questionamento acerca da legitimidade e desconfiança comum
relacionada ao setor público; e Fonte: Elaboração da equipe Ciset/Presidência, 2019.
7
CAVALCANTE, Pedro Luiz Costa; GOMIDE, Alexandre de Ávila (Organizadores). O presidente
e seu núcleo de governo: a coordenação do Poder Executivo. Brasília: Ipea, 2018. p. 28.
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Diante desses desafios contemporâneos para a administração e para as políticas públicas, fica clara a necessidade de se efetivar a
existência do centro de governo (Figura 3). Nesse sentido, o Banco Interamericano de Desenvolvimento listou cinco propósitos essenciais
para o CdG: garantir a coerência das ações de governo, melhorar o desempenho de todo o governo, promover comunicação coerente das
ações de governo, conduzir a direção política do governo e garantir comprometimento adequado com os cidadãos8. A importância do centro
de governo fica ainda mais premente quando, a partir desses propósitos mencionados anteriormente, imagina-se o resultado da atuação
inadequada do CdG, vislumbrando-se problemas da seguinte natureza:
Portanto, é estratégico para o país investir no aperfeiçoamento do centro governo. Isso não significa necessariamente aumentar a estrutura
física ou o número de servidores, mas sim aprimorar a habilidade para exercer funções essenciais de CdG. Assim, “enquanto o Presidente
ou o Primeiro-Ministro têm sua agenda dominada pelos eventos e, muitas vezes, crises cotidianas, o núcleo de governo se preocupa em
assistir o chefe do governo e manter a coerência das ações governamentais prioritárias”9.
8
IDB. The role of the center of government: a literature review. Disponível em: <https://publications.iadb.org /en/bitstream/handle/11319/5988/
ICS%20TN%20The%20Role%20of%20the%20Center%20of%20Government.pdf?sequence=1>. Acesso em: 8 abr. 2019.
9
CAVALCANTE, Pedro Luiz Costa; GOMIDE, Alexandre de Ávila (Organizadores). O presidente
e seu núcleo de governo: a coordenação do Poder Executivo. Brasília: Ipea, 2018. p. 27.
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Dezenas de funções podem ser atribuídas ao centro de governo. O desenho estrutural do CdG se apresenta diversificado quando se analisa sua
constituição em diferentes países. A partir das demandas e pressões internas e externas da conjuntura política e econômica, das características
que distinguem o Poder Executivo e seu Chefe, dos instrumentos de coordenação disponíveis e do estágio de maturidade das instituições do país,
a estrutura do centro de governo será formatada.
Assim, não há estrutura de centro de governo ideal e única a ser buscada por Figura 4 – Responsabilidades-chave do centro de governo.
todas as nações. O melhor modelo estrutural de CdG deve ser construído
em cada país, de acordo com suas especificidades. Naturalmente o estudo
acadêmico sobre o tema, a análise das experiências de diversas nações e o
autoconhecimento institucional e social são alicerces para essa construção.
10
OECD. Centre stage 2: the organisation and functions of the centre of government in OECD countries. 2017. p.
7. Disponível em: <http://www.oecd.org/gov/centre-stage-2.pdf>. Acesso em: 8 abr. 2019.
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A partir das informações observadas, esse estudo indicou ainda as quatro principais tarefas prioritárias do centro do governo:
(i) apoio à tomada de decisões do chefe do governo e do gabinete, que envolve prospecção de informações baseadas em evidências,
questões administrativas relevantes, bem como a prestação de aconselhamento político;
(ii) coordenação de políticas em todo o governo, que envolve cada vez mais a liderança de políticas transversais e de iniciativas
prioritárias para o governo;
(iii) planejamento estratégico para o conjunto do governo; e
(iv) comunicação de mensagens do governo para a administração e para toda a sociedade.
Fonte: Adaptação feita pela equipe Ciset/Presidência de: OECD. Centre stage 2: the organisation and functions of the
centre of government in OECD countries. 2017. p. 12. Disponível em: <http://www.oecd.org/gov/centre-stage-2.pdf>.
Acesso em: 8 abr. 2019.
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Observa-se que muitas vezes determinados trabalhos técnicos especializados são desenvolvidos por órgãos competentes localizados fora do
centro de governo, mas as diretrizes iniciais e a avaliação final (gerenciamento estratégico) são realizadas pelo CdG, a exemplo das funções de
análise e reformulação de políticas públicas. Outras funções são exercidas em grande parte pela força de trabalho do próprio centro de governo, a
exemplo da preparação do programa de governo, do monitoramento das políticas públicas e da gestão da transição governamental (saída de um
governo e chegada de outro, em virtude do ciclo eleitoral), além das quatro macrofunções dos centros de governo mencionadas anteriormente
(planejamento estratégico, coordenação, comunicação e prospecção de informações baseadas em evidências).
O BID11 trata da diversidade de responsabilidades assumidas pelos centros de governo, destacando a função de coordenação política e
técnica como o coração das atividades desempenhadas pelo CdG. Além dessa função, o Banco destaca ainda outras quatro: gerenciamento
estratégico, desenho e implementação das políticas públicas transversais, monitoramento de resultados e comunicação de ações e
realizações (accountability).
O Ipea, após vasta pesquisa na literatura nacional e internacional, menciona o seguinte sobre as funções típicas desempenhadas pelos
centros de governo:
[...] as pesquisas mostraram que planejamento, gerenciamento e coordenação da agenda prioritária do presidente são predominantes nas atividades do NdG
[núcleo de governo]. No entanto, o envolvimento dos órgãos nessas funções varia em razão do grau de empoderamento dado a eles pelo presidente12.
11
IDB. The role of the center of government: a literature review. Disponível em: <https://publications.iadb.org /en/bitstream/handle/11319/5988/
ICS%20TN%20The%20Role%20of%20the%20Center%20of%20Government.pdf?sequence=1>. Acesso em: 8 abr. 2019.
12
CAVALCANTE, Pedro Luiz Costa; GOMIDE, Alexandre de Ávila (Organizadores). O presidente e seu núcleo de governo: a coordenação do
Poder Executivo. Brasília: Ipea, 2018. p. 21.
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Dessa forma, pode-se concluir que determinadas funções no contexto do Poder Executivo requerem atuação efetiva do centro de governo.
São funções que fundamentam a existência do CdG, pois demandam precipuamente um direcionamento central coerente, sob a pena de
gerar grandes transtornos e desgaste para o Executivo pelo não atingimento efetivo das demandas da sociedade. Na direção apontada
pelos estudos e pesquisas mencionados, o centro de governo deve assumir primariamente responsabilidades sobre as funções listadas a
seguir, sem prejuízo de outras conforme o contexto específico de cada país:
(i) Gerenciamento estratégico: contribuição para o planejamento estratégico geral do governo e para a elaboração dos programas,
para a elaboração e concatenação de planos de longo, médio e curto prazos e para o alinhamento desses planos e o orçamento
público. Além disso, destaca-se o gerenciamento de riscos estratégicos, com base nos objetivos estratégicos do governo, e a
prospecção de informações baseadas em evidências para subsidiar a tomada de decisão do Chefe do Executivo.
(ii) Coordenação: estruturação harmônica, nos aspectos político e técnico, das ações prioritárias do governo, assim como das
políticas públicas. A plataforma eleitoral do governo traduzida em estratégia nacional necessita ser integralmente executada
pelos ministérios de linha. Para isso, é primordial a supervisão geral e o ordenamento da execução dos planos, programas e
políticas públicas, com gerenciamento de desempenho.
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(iii) Comunicação: promoção da transparência das ações do governo por meio de canais permanentes e mensagens precisas,
relevantes e claras para as instituições do Estado e para a sociedade em geral. Mecanismos eficazes de accountability contribuem
para o esclarecimento dos cidadãos, o fortalecimento da confiança nos agentes políticos e a promoção da participação social.
(iv) Eficiência organizacional: captação e utilização eficiente dos recursos físicos, organizacionais, tecnológicos, orçamentários,
humanos e sociais13.
13
“Capital social refere-se a aspectos da organização social, tais como redes, normas e confiança que facilita coordenação e cooperação
para benefícios mútuos. Capital social aumenta os benefícios de investimento em capital físico e capital humano” (PUTNAM, Robert; 1993).
Disponível em: <http://www.anpad.org.br/admin /pdf/enanpad2001-pop-16.pdf>. Acesso em: 8 abr 2019.
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15
A dimensão estratégia, de acordo com o Decreto nº 9.203/2017, compreende a definição de diretrizes, objetivos, planos e ações, além de critérios de
priorização e alinhamento entre organizações e partes interessadas, para que os serviços e produtos de responsabilidade da organização alcancem o
resultado pretendido. Essa concepção deve ser primariamente apreendida pelo centro de governo, a começar pela definição de diretrizes e objetivos
estratégicos que nortearão todos os planos e as ações do governo. Nessa tarefa, o CdG tem importante função no alinhamento dos ministérios de linha
e de outros stakeholders, de acordo com os objetivos e critérios definidos, o que tem o potencial de mitigar conflitos e gerar sinergia entre os diversos
atores. A finalidade última é o governo entregar serviços e valores que efetivamente atenderão às demandas prioritárias da sociedade.
Pensar em estratégia requer, de imediato, uma visão de longo prazo. E isso traz desafios intrínsecos à sua formulação. Cada governo necessariamente
terá de enfrentar e vencer as circunstâncias que poderão atrelá-lo de forma desequilibrada às ações de curto prazo. Se, por um lado, questões
urgentes costumam pressionar por mais espaço na agenda, empurrando os tópicos importantes e não urgentes sempre para o futuro, por outro,
projetar e trabalhar para o longo prazo remete às incertezas latentes que não são facilmente superadas, além de exigir foco e constância naquilo
que se pretende fazer. Geralmente há ainda certo descompasso entre os agentes políticos e as necessidades impostas pelas políticas públicas
com relação à acepção do termo longo prazo. No contexto da política eleitoral, longo prazo é frequentemente limitado à próxima eleição; mas
para fins de formulação de políticas públicas muitas vezes se exige um espectro maior que cinco, dez ou até vinte anos. O professor neozelandês
Jonathan Boston, em extensa obra, aborda detalhadamente essa questão, enxergando-a de início como um risco: “[...] o problema da ‘visão de
curto prazo’ - ou ‘viés presenteísta’ - na formulação de políticas [...] é o risco de os governos colocarem peso indevido em considerações de curto
prazo à custa do bem-estar geral de longo prazo de toda a sociedade”.14 (BOSTON, 2016, tradução nossa).
14
“[...] the problem of ‘short-termism’ – or a ‘presentist bias’ – in policy-making […] risk of governments placing undue
weight on near-term considerations at the expense of a society’s overall long-term welfare”. BOSTON, Jonathan.
Governing for the future: designing democratic institutions for a better tomorrow. Bingley: Emerald, 2016, ebook.
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16
Esse fenômeno é preocupante uma vez que coloca em perigo não apenas os interesses das gerações futuras, mas também os interesses
de longo prazo das gerações atuais. Nesse sentido, pode-se dizer que de fato “o futuro sussurra, enquanto o presente grita”.15 (GORE, 5992,
tradução nossa). E de forma ainda mais contundente, Galton e Kamarck (2015, p. 2) abordam o tema da seguinte maneira: “a miopia coletiva
é a doença social do nosso tempo. A busca impaciente por ganhos rápidos supera nossos melhores motivos. E no longo prazo, estaremos
todos em pior situação”.16 (GALTON e KAMARCK, 2015, tradução nossa).
Em vista disso, alguns governos têm desenvolvido o que ficou conhecido como “governança antecipada” (ou de longo prazo). A ideia central
é adotar abordagem sistêmica para mitigar o “viés presenteísta” e ter foco no longo prazo (muito além da próxima eleição), sendo proativos
na identificação, mitigação e gerenciamento de riscos significativos. No entanto, esta não é uma tarefa simplória, pois implica uma série
de variáveis e incertezas que devem ser levadas em conta. Novamente, na obra de Boston (2016), observa-se como exemplo um desses
aspectos a serem considerados:
[…] Esse risco [viés “presenteísta”], por sua vez, representa um desafio adicional: qual é a lógica de fazer hoje investimentos dispendiosos em termos de políticas se
os resultados de longo prazo forem altamente incertos? Afinal de contas, há pouco sentido em fazer escolhas difíceis no curto prazo se houver pouca perspectiva de
benefícios futuros.17 (BOSTON, 2016, tradução nossa).
Esse raciocínio leva naturalmente à necessidade de se desenvolver boas metodologias de prospecção de dados de longo prazo. Essas
ferramentas contribuem sensivelmente para minimizar incertezas, identificar novas oportunidades, robustecer a qualidade das decisões do
governo e ajustar a direção das políticas públicas a cenários futuros prováveis. O investimento em prospecções futuras com alto grau de
confiança por parte do centro de governo permite que os gestores das políticas se antecipem a questões emergentes e iminentes, tendo
mais tempo para elaborar soluções consistentes e corrigir o rumo das ações sempre que necessário.
15
“The future whispers while the present shouts”. GORE, All. Earth in the balance: ecology and the human spirit. Houghton Mifflin, New York, 1992. P. 170.
16
“Collective myopia is the societal disease of our time. The impatient quest for quick gain overwhelms our better motives. And in the long run, we will all be worse off”. GALSTON, William A.; KAMARCK, Elaine C. More
builders and fewer traders: a growth strategy for the american economy. Brookimngs institutions, 2015, p. 2.
17
“[…] this risk [presentist bias], in turn, poses a further challenge: what is the logic of making costly policy investments today if the long-term
payoffs are highly uncertain? After all, there is little point making hard choices in the short-term if there is little prospect of future benefits”.
BOSTON, Jonathan. Governing for the future: designing democratic institutions for a better tomorrow. Bingley: Emerald, 2016, ebook.
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17
Dados oriundos das pesquisas18 elaboradas pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico demonstram a tendência dos
países (membros e parceiros da OCDE) na ampliação do espectro de seus documentos e planos de longo prazo. Como visualizado no gráfico a
seguir (Figura 7), em 2013, 63% e 17% dos países que participaram da pesquisa relataram que o documento delineador de sua visão estratégica
cobria um horizonte de até 5 anos e entre 6 e 10 anos, respectivamente. Esses números caíram para 44% e 10% em 2017, conforme visto nas
quatro primeiras colunas do gráfico. Já as quatro colunas à direta mostram que o percentual de países cujos documentos estratégicos principais
cobriam um horizonte entre 11 e 20 anos ou maior que 20 anos subiu de 17% para 36% e de 3% para 10%, respectivamente.
Fonte: Elaboração da equipe Ciset/Presidência, 2019, a partir de dados de pesquisas OCDE 2013 e 2017: OECD. Centre stage: driving better policies from the centre of government. 2013.
Disponível em: <http://www.oecd.org/ officialdocuments/publicdisplaydocumentpdf/?cote=gov/pgc/mpm(2014)3&doclanguage=en> e OECD. Centre stage 2: the organisation and functions
of the centre of government in OECD countries. 2017. Disponível em: <http://www.oecd.org/gov/centre-stage-2.pdf>. Acesso em: 8 abr. 2019.
18
OECD. Centre stage: driving better policies from the centre of government. 2013. Disponível em: <http://www.oecd.org/officialdocuments/
publicdisplaydocumentpdf/?cote=gov/pgc/mpm(2014)3&doclanguage=en> e OECD. Centre stage 2: the organisation and functions of the
centre of government in OECD countries. 2017. Disponível em: <http://www.oecd.org/gov/centre-stage-2.pdf>. Acesso em: 8 abr. 2019.www.
oecd.org/gov/centre-stage-2.pdf>. Acesso em: 8 abr. 2019.
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Foi construído a partir da convergência de estudos e reflexões de longo prazo publicados por
órgãos de pesquisa e planejamento da administração pública federal, de reuniões com os
ministérios do governo federal e de consulta pública junto à sociedade e especialistas, colhendo
visões diversas e setoriais, com vistas a oferecer um planejamento de longo prazo ao país.
A elaboração desse documento também foi influenciada pela Agenda 2030, adotada pelos
193 países membros da Organização das Nações Unidas (ONU), expressa em 17 Objetivos do
Desenvolvimento Sustentável (ODS), integrados e indivisíveis, que visam promover de forma
equilibrada as três dimensões do desenvolvimento sustentável: econômica, social e ambiental.19
19
GOVERNO FEDERAL. Planejamento do Desenvolvimento Nacional equilibrado: sumário executivo. 2018, p. 5. Disponível em:
<http://www.planejamento.gov.br/assuntos/planeja/endes/sumario-executivo>. Acesso em: 8 abr. 2019.
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A Endes parte da realidade atual do país e procura traçar o caminho Figura 11 – Metodologia da Estratégia Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.
na direção de um futuro plausível.20 Como insumos nessa elaboração,
utilizaram-se indicadores para elaboração de diagnósticos, estabelecendo-
se o cenário macro e megatendências21 mundiais e nacionais. A estratégia
nacional trabalha para que o futuro plausível seja o futuro desejado,
conforme definido pelas diretrizes do artigo 3º da Constituição Federal
de 1988.22 Isso é feito por meio da identificação de desafios para o país
nos próximos doze anos, da definição de orientações que permitirão que
o Brasil desloque-se em direção ao futuro desejado e do mapeamento dos
riscos que podem desviar o país do caminho almejado (Figura 11). Essa
jornada somente será trilhada na prática com a mobilização de atores-
chave, tais como instituições públicas, Poder Legislativo, iniciativa privada,
sociedade civil organizada, entidades de cooperação internacional e
sociedade em geral, em prol de uma visão de desenvolvimento nacional.
Para concretização dessa tarefa novamente ressalta-se a importância do
centro de governo atuante e focado em seus objetivos. Fonte: GOVERNO FEDERAL. Planejamento do Desenvolvimento Nacional equilibrado:
sumário executivo. 2018, p. 9. Disponível em: < http://www.planejamento.gov.br/
assuntos/planeja/endes/sumario-executivo>. Acesso em: 8 abr. 2019.
20
Futuro admitido diante do cenário macro e das megatendências.
21
Para aprofundamento: MARCIAL, Elaine C. (Organizadora). Megatendências mundiais 2030: o que entidades e personalidades
internacionais pensam sobre o futuro do mundo? Brasília: Ipea, 2015. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/portal/index.
php?option=com_content&view=article&id=26450>. Acesso em: 8 abr. 2019.
22
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
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Essas ações marcam a transição estratégica do contexto de governo para o âmbito do Estado. A adoção de instrumentos de longo prazo
(abrangência superior ao período eleitoral) como norteadores de planejamento para o país eleva as diretrizes à qualidade de estratégia de
Estado, na medida em que transcendem a um governo específico e são concebidas em consulta à sociedade e com a finalidade última de
atender aos anseios prioritários do povo brasileiro. No centro de governo, a atuação de núcleo dedicado ao tema, composto por servidores
de carreira, torna-se essencial na construção coerente e no acompanhamento desses documentos de longo e médio prazo.
Nesse sentido, estudo feito pelo Ipea23 aponta a necessidade de amadurecimento na formação da agenda estratégica da Presidência da
República. Com escopo de pesquisa entre os anos de 1995 e 2014, o estudo preocupou-se em testar três hipóteses sobre o processo de
formação da agenda presidencial:
(i) A definição de prioridades do [CdG] tem origem – ou está baseada – nos conteúdos dos programas eleitorais.
(ii) A elaboração legalmente obrigatória dos planos plurianuais (PPAs), no primeiro ano de cada mandato, influencia positivamente a
formação da agenda estratégica do presidente.
(iii) Os estudos prospectivos, os cenários de longo prazo e o desenho de uma visão de futuro – até mesmo quando liderados pelo
[CdG] – são processos incapazes de influenciar a agenda.
23
CAVALCANTE, Pedro Luiz Costa; GOMIDE, Alexandre de Ávila (Organizadores). O presidente
e seu núcleo de governo: a coordenação do Poder Executivo. Brasília: Ipea, 2018. p. 353 e 354.
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Definidos os objetivos estratégicos do governo, inúmeros riscos ao não atingimento desses objetivos podem ser mapeados. A identificação, a
avaliação e o tratamento desses riscos são de fundamental importância para a consecução da estratégia governamental. Os riscos estratégicos
têm o potencial de impactar a totalidade dos programas e das políticas públicas. A abordagem de risco estratégico deve estar integrada aos
processos de planejamento e ao mapa estratégico governamental, cabendo ao centro de governo a elaboração de plano de gestão desses
aspectos que podem ameaçar ou aumentar a capacidade de alcance dos objetivos de longo prazo.
Diante das principais funções e atividades do centro de governo, pode-se levantar alguns exemplos de possíveis causas de riscos para o CdG:
(i) desalinhamento entre as visões de longo, médio e curto prazo para o país;
(ii) visão de longo prazo (entre 10 e 20 anos) não institucionalizada;
(iii) descontinuidade da visão de longo prazo (entre 10 e 20 anos) com mudanças de governo;
(iv) abandono tácito dos objetivos de longo prazo devido às pressões oriundas de demandas e crises de curto prazo;
(v) processo orçamentário desassociado do planejamento estratégico;
(vi) CdG mantido à margem de importantes decisões de governo;
(vii) falta de clareza na definição do papel e das competências das principais áreas do centro de governo;
(viii) desintegração entre as áreas que compõem o CdG (principais áreas não trabalham em cooperação);
(ix) existência de perspectiva não integrada da administração pública por parte do governo;
(x) falta de cooperação entre os ministérios de linha na execução de políticas transversais;
(xi) metodologia inadequada de detecção de riscos;
(xii) metodologia inadequada de prospecção de informações para tomada de decisões;
(xiii) decisões políticas tomadas sem base em evidências;
(xiv) indicadores insuficientes ou não confiáveis para o monitoramento das políticas públicas;
(xv) comunicação atropelada e incoerente com a direção estratégica do governo;
(xvi) comunicação truncada e desarticulada com o Poder Legislativo;
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(xvii) distanciamento entre governo e sociedade; e
(xviii) inefetividade da participação social.
O CdG deve ainda estar atento à detecção de oportunidades. A análise de cenários e o gerenciamento de riscos estratégicos tornam-se
etapas críticas dentro do processo de gestão da estratégia, não apenas devido às ameaças impostas pelo ambiente, mas também para que
boas oportunidades sejam observadas e maximizadas pelo governo em prol da população.
O Decreto nº 9.203/2017 dispõe que o eixo controle compreende processos estruturados para mitigar os possíveis riscos com vistas
ao alcance dos objetivos institucionais e para garantir a execução ordenada, ética, econômica, eficiente e eficaz das atividades da
organização, com preservação da legalidade e da economicidade no dispêndio de recursos públicos. Nesse sentido, o centro de governo
atuará especialmente na coordenação, supervisão e promoção da transparência. A coordenação refletirá no desenho e na implementação
das políticas públicas, na articulação política com os parceiros e na orientação aos órgãos que atuarão na execução tático-operacional
dos programas. A supervisão virá com o monitoramento e avaliação das ações governamentais. E finalmente a transparência fomentará
processos eficazes de comunicação e accountability.
5.2.1 Coordenação
O grande alvo do centro de governo é garantir o cumprimento das diretrizes do Estado e contribuir para a concretização dos objetivos
estratégicos governamentais. Como diversos atores participam dessa construção, a atividade de coordenação tem sido classificada como
o coração das atribuições do centro de governo24. Assim, o CdG deverá atuar na qualidade de coordenador principalmente em duas grandes
frentes25: (i) no desenho e acompanhamento da implementação das políticas públicas; e (ii) na articulação política e orientação.
24
GOETZ, Klaus H., and MARGETTS, Helen Z. The Solitary Center: The Core Executive in Central and Eastern Europe. 1999, p. 436.
25
TCU. Referencial para avaliação da governança do centro de governo. 2016. p. 17. Disponível em: <https://portal.tcu.gov.br/lumis/
portal/file/fileDownload.jsp?fileId=8A8182A158062B3D01582C002C4224C3>. Acesso em: 8 abr. 2019.
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Com relação à primeira frente, observa-se que várias questões enfrentadas pelo governo são de natureza complexa, com soluções
multidimensionais quanto à temática e transversais quanto aos atores envolvidos na construção. Com isso, o desenho e a implementação
das respectivas políticas públicas elaboradas para se dirimir tais questões requer coordenação de núcleo com visão sistêmica das ações do
governo que promova a cooperação entre os ministérios de linha e demais instituições parceiras. O que se pretende é garantir consistência
do desenho e da execução das políticas públicas.
A segunda frente é complementar à primeira. A execução dos planos do governo e a sua implementação consistente de políticas públicas
que exigem coordenação política e orientação. É importante garantir a coerência da ação entre os múltiplos atores que, em grande medida,
possuem seus próprios objetivos e metas, além de defenderem seu campo de atuação, seus métodos e suas rubricas orçamentárias.
A articulação política é ampla, devendo envolver o Poder Legislativo e, por vezes, o Judiciário, ministérios de linha e entidades da administração
indireta, a sociedade civil organizada, o setor empresarial e outros segmentos da sociedade que se fizerem necessários. Observa-se nesse
contexto que a articulação e a orientação do centro de governo abrangem as dimensões política e administrativa das políticas públicas.
Ressalta-se que a coordenação do centro de governo não implica controle central, muito menos eliminação de autonomia dos ministérios
de linha e instituições parceiras. Ordenar as ações em conjunto com um grupo de diferentes parceiros é primordial para assegurar o alcance
consistente das políticas públicas, como afirma o BID (apud TCU, 2016):
[...] o CdG deve garantir a consistência do desenho das políticas públicas, promover a contestabilidade das políticas e a articulação em questões chave
transversais, coordenar a implementação dos programas, ter capacidade para monitorar o desempenho e apoiar o Chefe do Executivo no monitoramento26.
26
TCU. Referencial para avaliação da governança do centro de governo. 2016. p. 43 e 44. Disponível em: <https://portal.tcu.gov.br/
lumis/portal/file/fileDownload.jsp?fileId=8A8182A158062B3D01582C002C4224C3>. Acesso em: 8 abr. 2019.
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26
Supervisionar o andamento das ações governamentais é outra tarefa típica do centro de governo. A essa função estão diretamente associadas
as atividades de monitoramento e avaliação. Com esses mecanismos, o CdG age para garantir que as políticas priorizem os compromissos
contidos no plano de governo e alcance o bom desempenho e a alta qualidade dos serviços públicos.
O centro de governo deve definir seus métodos e ferramentas de monitoramento. O relatório da OCDE 2017 acentua que 51% dos países
que participaram da pesquisa se utilizam de planos de trabalho para implementação de políticas de governo com datas-limite definidas para
as diferentes etapas, 31% dos países trabalham com o acompanhamento de metas de resultado e 68% recorrem a relatórios periódicos de
implementação das prioridades estratégicas, sendo que essas ferramentas não são mutuamente excludentes.
A avaliação requer prévia estipulação de modelos e indicadores para a medição de desempenho. O guia referencial para medição de
desempenho e manual para construção de indicadores traz os seguintes conceitos:
odelos são, portanto, um conjunto de indicadores relacionados. Indicadores são métricas que proporcionam informações sobre o desempenho de um objeto
M
(seja governo, política, programa organização, projeto etc.), com vistas ao controle, comunicação e melhoria. [...]. Os indicadores são instrumentos de gestão
essenciais nas atividades de monitoramento e avaliação das organizações, assim como seus projetos, programas e políticas, pois permitem acompanhar o
alcance das metas, identificar avanços, melhorias de qualidade, correção de problemas, necessidades de mudança etc27.
O CdG deve estabelecer diferentes níveis de monitoramento para as diversas áreas ou políticas públicas. O foco principal, e por consequência o
monitoramento mais estrito, deve estar sobre as prioridades do governo que impactarão fortemente todas as demais ações governamentais.
Dessa forma, a supervisão se coloca entre os processos de coordenação e transparência. Ao mesmo tempo que monitorar e avaliar são
operações essenciais para a efetiva coordenação político-administrava das ações do governo, essas operações também fornecem as
informações tempestivas e precisas para a transparência dessas ações às diversas partes interessadas.
27
GOVERNO FEDERAL. Guia referencial para medição de desempenho e manual para construção de indicadores. 2009, p. 12 e
13. Disponível em: <http://www.gespublica.gov.br/content/guia-referencial-para-medi%C3%A7%C3%A3o-de-desempenho-e-manual-
para-constru%C3%A7%C3%A3o-de-indicadores>. Acesso em: 8 abr. 2019.
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27
5.2.3 Transparência
O centro de governo deve ser responsável pelo núcleo de coordenação da comunicação e transparência governamentais. A promoção
de comunicação aberta, ativa e clara das atividades e dos resultados das ações do governo contribui para a fluidez do processo de
accountability28, melhoria do desempenho e consolidação da confiança com as instituições parceiras e sociedade.
A tecnologia alia-se ao centro de governo para o alcance dessa missão. Nos últimos anos, no Brasil, as ações do programa de Governo
Eletrônico (eGOV) têm priorizado o uso das tecnologias da informação e comunicação. Medidas assim levam à democratização do acesso
à informação, à ampliação do debate e da participação social na construção das políticas públicas e ao aprimoramento da qualidade dos
serviços prestados.
O Brasil vem apoiando ações de transparência há anos. Pode-se citar, por exemplo, que o país foi um dos oito fundadores da parceria para
governo aberto29, em 2011, visando ao fomento da transparência dos governos, do acesso à informação pública e da participação social.
Na sequência, por meio do Decreto de 15 de setembro de 2011, foi instituído o Plano de Ação Nacional sobre Governo Aberto. Por tratar-se
de plano envolvendo todo o Poder Executivo e de matéria essencial para o chefe do governo, a coordenação de iniciativas como essa cabe
ao centro de governo.
Alguns outros efeitos importantes atrelados à transparência do governo são ressaltados pelo TCU, no trecho que se segue:
A transparência, portanto, é também um meio para impedir a captura da administração pública por interesses particulares, além de favorecer a prestação de contas, na
medida em que pode facilitar a justificação das decisões e revelar falhas das decisões, propiciando o debate público em torno delas. Transparência pode ser também
um instrumento da eficiência, dado que a exposição pública dos resultados pode servir de estímulo à eficiência, atuando ainda contra a corrupção30.
28
Conjunto de procedimentos adotados pelas organizações públicas e pelos indivíduos que as integram que evidenciam sua
responsabilidade por decisões tomadas e ações implementadas, incluindo a salvaguarda de recursos públicos, a imparcialidade e
o desempenho das organizações (art. 2º, inc. I, da IN Conjunta MP/CGU nº 01/2016), caracterizando a ação responsável e proativa,
com assunção de responsabilidades conforme as competências inerentes e a respectiva prestação de contas.
29
Open Government Partnership - https://www.opengovpartnership.org/
30
Decreto-lei nº 200/67, art. 6º: As atividades da Administração Federal obedecerão aos seguintes princípios fundamentais: I -
Planejamento. II - Coordenação. III - Descentralização. IV - Delegação de Competência. V - Controle.
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28
Desde o advento do Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967, o controle31 é considerado princípio fundamental para o exercício das atividades
da administração federal. Sobre esse alicerce, as atividades de controle vêm se desenvolvendo com foco na adição de valor e melhoria de
processos, para “auxiliar as organizações públicas a realizarem seus objetivos, a partir da aplicação de uma abordagem sistemática e disciplinada
para avaliar e melhorar a eficácia dos processos de governança, de gerenciamento de riscos e de controles internos”32.
O Referencial Técnico da Atividade de Auditoria Interna Governamental do Poder Executivo Federal, aprovado por meio da Instrução Normativa
CGU nº 3, de 9 de julho de 2017, dispõe sobre a estruturação dos controles internos em três linhas de defesa da gestão, nos órgãos e nas
entidades da administração pública federal. Inicialmente, há os controles primários observados pelos gestores na execução dos macroprocessos
de suas respectivas áreas de atuação. As instâncias de segunda linha de defesa objetivam assegurar o desenvolvimento e a execução das
atividades primárias de controle, por meio de supervisão, monitoramento e apoio ao gestor. Por fim, a terceira linha de defesa atua como auditoria
governamental, com serviços de avaliação e consultoria, sendo caracterizada, por exemplo, pelas ações da Secretaria Federal de Controle da
Controladoria-Geral da União. Alguns autores ainda trazem outras linhas de defesa operadas por instituições como o Tribunal de Contas da União,
o Ministério Público Federal e as Agências Reguladoras.
A organização do controle por linhas de defesa é largamente adotada por organismos e regramentos internacionais. O Instituto de Auditores
Internos (IIA – The Institute of Internal Auditors), por exemplo, recomenda fortemente a adoção das linhas de defesa por meio de uma de suas
declarações de posicionamento – de janeiro de 2013 – intitulada “As três linhas de defesa no gerenciamento eficaz de riscos e controles”33.
Instituições como a European Confederation of Institutes of Internal Auditing (ECIIA) e o Federation of European Risk Management Associations
(FERMA) assinalaram o reconhecimento universal do modelo das linhas de defesa34.
31
CDecreto-lei nº 200/67, art. 6º: As atividades da Administração Federal obedecerão aos seguintes princípios fundamentais: I - Planejamento.
II - Coordenação. III - Descentralização. IV - Delegação de Competência. V - Controle.
32
Capítulo I, Item 1, Instrução Normativa CGU nº 3, de 9/7/2017 - Referencial Técnico da Atividade de Auditoria Interna Governamental do Poder
Executivo Federal.
33
Disponível em: <https://iiabrasil.org.br/korbilload/upl/ippf/downloads/as-trs-linhas-d-ippf-00000001-21052018101223.pdf>. Acesso em: 8 abr. 2019.
34
ECIIA/FARMA. Guidance on the 8th EU Company Law Directive: article 41. 2010, p. 9. Disponível em: <https://www.iia.nl/SiteFiles/ECIIA%20FERMA.
pdf>. Acesso em: 8 abr. 2019.
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29
No âmbito do centro de governo, é importante se construir uma área especializada que, tendo uma visão global das funções do CdG e colocando-se
ao lado do gestor, forneça avaliação, assessoria e aconselhamento baseados em risco. O alvo é prover apoio que agregue valor à gestão do centro
de governo, sem fragmentações ou sobreposições em sua atuação, para que o CdG atue também de forma eficiente, sem lacunas ou duplicidades
com relação às suas funções principais. Isso requer, sobretudo, o acompanhamento da gestão de compliance e de integridade (componentes
fundamentais para a boa governança) em todo o centro de governo. O programa de compliance visa ao amplo atendimento das exigências legais,
normativas, éticas e estratégicas (conformidade com a missão, visão, valores e objetivos), respeitando-se as regras estabelecidas para os processos
internos das diferentes áreas. O programa de integridade reúne diversos sistemas (correição, controles internos, gestão da ética, recursos humanos,
contratações, entre outros) com o objetivo “de promover a adoção de medidas e ações institucionais destinadas à prevenção, à detecção, à punição
e à remediação de fraudes e atos de corrupção” (Decreto nº 9.203/2017, art. 19, caput). Essas práticas aumentam a possibilidade de tomadas de
decisão em função de critérios técnicos, tornando as atividades do centro de governo mais legítimas, confiáveis e eficientes.
Essas condições, associadas a outros atributos de liderança, são fundamentais para a formação do centro de governo. A capacidade dos que
ocupam cargos de liderança em inspirar, definir e perseguir o rumo seguro da instituição, dirimir questões e conflitos, assim como a habilidade no
relacionamento intrapessoal e interpessoal, promoverá coesão, cooperação e sinergia para o CdG. Essas virtudes, por sua vez, serão refletidas na
administração pública em geral, por meio da orientação e influência do centro de governo. Todos esses atributos são basilares para a construção
de uma cultura organizacional impregnada por valores éticos, bem como para a formação de uma visão clara do papel do centro de governo.
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O CdG necessita de corpo técnico qualificado que perpassará diferentes governos. Esses servidores de carreira, com suas diferentes formações
profissionais e áreas de atuação no centro de governo, deverão contribuir com a construção do CdG, ao tempo em que se apropriam e internalizam
a visão e a cultura da instituição. Com processos bem definidos e áreas dedicadas às funções principais do CdG cooperando entre si, haverá
fortalecimento institucional cada vez maior, que apoiará de forma segura o Chefe do Executivo. As influências personalistas, comuns a toda
organização, num ambiente de cultura ética forte e visão clara de seu papel institucional, contribuirão com o andamento dos trabalhos ao invés de
desvirtuar o caminho e a razão de ser da organização.
No âmbito dos países membros da OCDE, algumas iniciativas interessantes na área de liderança institucional têm sido implementadas e podem ser
exemplos inspiradores:
Servidores públicos em alguns países oferecem aos novos ministros e seus assessores políticos treinamento sobre temas que envolvem suas funções no ministério,
questões sobre suas responsabilidades e prestação de contas, sobre o processo legislativo, procedimentos administrativos e outros temas similares. Esse treinamento
geralmente ficaria sob responsabilidade de servidores públicos mais antigos, por exemplo, o secretário de gabinete dos sistemas de Westminster. Muitas vezes, novos
ministros têm escassa informação ou experiência no governo e não têm conhecimento detalhado dos processos administrativos. Alguns países elaboraram diretrizes
a serem fornecidas a novos ministros (Estônia) ou fizeram um manual para ministros (Finlândia). Algumas organizações competentes, como certas associações de
administração pública ou respeitados think tanks focados em assuntos do governo, são às vezes chamados a apoiar o treinamento de novos ministros. No Reino Unido,
por exemplo, o Institute for Government oferece alguns treinamentos para ministros, titulares e substitutos, e publica uma série chamada “Ministers Reflect”, na qual
ministros anteriores refletem sobre o que eles enxergam como fatores críticos para ministros bem-sucedidos (Hughes, 2018, tradução nossa)35.
No Brasil, o atual governo promoveu experiência parecida a essas registradas pela OCDE. Em 27 de dezembro de 2018, foi realizada, na Escola
Nacional de Administração Pública (Enap), reunião técnica para discutir os elementos essenciais da administração pública, com a participação de
ministros do novo governo, secretários executivos e ocupantes de cargos de natureza especial indicados. Segundo a Enap:
35 CCivil servants in some countries offer new ministers and their political advisers training on what being a minister involves, accountability
issues, the legislative process, administrative procedures and the like. This would usually be the responsibility of very senior civil servants, for
example the cabinet secretary in Westminster systems. Often new ministers have scant information or experience in government and no detailed
knowledge of administrative processes. A few countries noted guidelines provided to new ministers (Estonia) or a Handbook for Ministers
(Finland). Other competent organisations, such as associations of public administration or respected government-focused think tanks are
sometimes called on to support training for new ministers. In the UK for example, the Institute for Government provides some training for
ministers and shadow ministers and publishes a series called “Ministers Reflect”, where previous ministers reflect on what they see as the critical
factors for successful ministers (Hughes, 2018). Hughes, N. Minsters Reflect: top tips for new ministers. Institute for Government, UK, 2018.
Disponível em: <https://www.instituteforgovernment.org.uk/blog/ministers-reflect-top-tips-new-ministers>. Acesso em: 8 abr 2019.
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reunião teve como objetivos apresentar a agenda prioritária para os primeiros 100 dias de governo e discutir temas relevantes para a atuação das autoridades
A
como: princípios da administração pública; aspectos organizacionais, diretrizes e questões administrativas práticas da gestão pública; estrutura e simplificação
administrativa; processo de elaboração de normas; planejamento orçamentário; e elaboração de políticas públicas. Grande destaque também foi dado à Política de
Governança Pública e a aspectos relacionados a ética, integridade e combate à corrupção36.
Iniciativas como essa podem ser aprimoradas e muito contribuir para o aperfeiçoamento da liderança no âmbito do centro de governo e de toda
a administração. Nessa linha, cita-se, como exemplo, também dois normativos recentemente publicados, com efeito para toda a administração
pública federal: o Decreto nº 9.739, de 28 de março de 2019, que estabelece medidas de eficiência organizacional para o aprimoramento da
administração pública federal direta, autárquica e fundacional, estabelece normas sobre concursos públicos e dispõe sobre o Sistema de
Organização e Inovação Institucional do Governo Federal (Siorg); e o Decreto nº 9.727, de 15 de março de 2019, que dispõe sobre os critérios, o
perfil profissional e os procedimentos gerais a serem observados para a ocupação dos cargos em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento
Superiores (DAS) e das Funções Comissionadas do Poder Executivo (FCPE).
O Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID, em sua publicação Governing to Deliver37, apresentou o fortalecimento dos centros de governo
como uma inovação difundida por alguns países para garantir a implementação adequada e eficaz de políticas públicas. Os centros de governo
que operam com alta capacidade e estratégia contribuem significativamente para melhorar a entrega de serviços que afetam diretamente a
qualidade de vida dos cidadãos, impactando positivamente no alcance dos resultados pretendidos pelo governo.
Fonte: Adaptação feita pela equipe Ciset/Presidência de: IDB. Governing to Deliver:
Reinventing the Center of Government in Latin America and the Caribbean. IDB, 2014.
Disponível em: <https://publications.iadb.org/en/governing-deliver-reinventing-center-
government-latin-america-and-caribbean>. Acesso em: 18 jun. 2019.
Fonte: IDB. Governing to Deliver: Reinventing the Center of Government in Latin
America and the Caribbean. IDB, 2014. Disponível em: <https://publications.iadb.org/
Esse documento do BID também apresenta uma cesta de indicadores en/governing-deliver-reinventing-center-government-latin-america-and-caribbean>.
associados às principais funções de centro de governo. Trata-se de 21 Acesso em: 18 jun. 2019.
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33
Por um lado, em cenário ideal, o centro de governo exercerá com excelência suas principais funções. Isso implica na institucionalização dos
processos necessários para planejar prioridades e estratégias, conceber e implementar políticas públicas, monitorar o desempenho dos
ministérios e resolver problemas, empreender negociações políticas bem sucedidas, comunicar coerentemente as ações do governo e promover
a participação social. Por outro lado, os indicadores propostos ajudam a identificar vulnerabilidades de um país cuja maturidade do centro de
governo se encontra em estágio de estabelecimento (primeiro nível da Figura 12), tais como:
(i) existência de sobreposições, ambiguidades e lacunas no exercício das funções, limitando a atuação do Presidente da República e do
próprio CdG;
(ii) não reconhecimento, por parte de vários ministros de linha e outras autoridades, do papel central do CdG na estratégia, coordenação e
accountability do governo;
(iii) falta de habilidade e conhecimento técnico dos agentes e servidores do CdG para o exercício de suas funções;
(iv) inexistência de um plano claro e mensurável do governo para orientar as políticas públicas, com a estipulação de prioridades, metas e
cronogramas;
(v) incoerência entre orientações gerais do governo e os planos ministeriais;
(vi) desalinhamento entre o orçamento e o plano de governo;
(vii) ausência de atualização do plano de governo com o resultado de análises prospectivas e ocorrências de decisões de governo não
embasadas em evidências;
(viii) indefinição quanto aos padrões necessários ou não fornecimento de incentivos para a colaboração interministerial nos temas transversais,
por parte de CdG;
(ix) ausência de rotinas, postas em prática pelo CdG, para garantir consultas com as partes interessadas e uniformidade de entendimento em
determinada política pública por parte de diferentes ministérios;
(x) ausência de rotinas, postas em prática pelo CdG, para garantir a colaboração de diferentes ministérios na implementação de uma política
pública transversal;
(xi) ausência de intermediação prévia do CdG nos conflitos entre ministérios de linha;
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(xii) ausência de relatórios periódicos sobre o progresso dos ministérios para o CdG, tornando a atuação do centro de governo reativa (ao invés
de proativa), especialmente diante de crises;
(xiii) não compartilhamento de informações importantes com o CdG, por parte dos ministérios de linha, ou ações do CdG feitas com base em
informações pouco confiáveis relacionadas às políticas públicas;
xiv) inexistência de relatórios periódicos, elaborados pelo CdG, para o Presidente da República e o não repasse de informações relevantes para
a participação do Chefe do Executivo em reuniões ministeriais;
(xv) insuficiência de capacidades técnicas, no âmbito do CdG, necessárias para promover inovações que melhorem o desempenho do governo
e auxiliem as organizações com baixo desempenho;
(xvi) carência de liderança e coordenação, por parte do CdG, no processo de negociações políticas para a consolidação das prioridades
estratégicas do governo;
(xvii) deficiência da coordenação estratégica do CdG na abordagem dos conflitos sociais, resultando na condução de questões de forma
ad hoc;
(xviii) inconsistência na avaliação, por parte do CdG , da legalidade das ações do Chefe do Executivo e das propostas de políticas públicas, por
não haver orientação adequada sobre as ferramentas legais disponíveis para encaminhar as iniciativas do governo;
(xix) ausência de coordenação central das comunicações do governo e de definição de estratégia comum para as mensagens públicas emitidas
pelos agentes de alto nível, por parte do CdG;
(xx) ausência de diretrizes e padrões, elaboradas pelo CdG, destinadas aos ministérios para disseminação de informações das respectivas
pastas ao público; e
(xxi) insuficiência do fomento à participação cidadã e ao diálogo aberto com stakeholders, por parte do CdG, em incentivo aos ministérios
de linha.
O BID descreve ainda características do centro de governo para os outros dois níveis da matriz (desenvolvimento e otimização), com base
nesses 21 indicadores (Quadro 2). Esse modelo pode ser referência para que o centro de governo construa metodologia de avaliação de seu
desenvolvimento.
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No Brasil, não tem sido incomum a inclusão de áreas de linha, responsáveis pela entrega de serviços públicos, na estrutura da Presidência da
República (PR). Normalmente isso ocorre para que o Chefe do Executivo mantenha influência política direta sobre a instituição pública que migra
para a estrutura do centro de governo, devido a nuanças do arranjo político vigente. A Presidência da República chegou a contar com quatorze
órgãos com status de ministério em sua estrutura.
O sistema presidencialista brasileiro, em virtude da pluralidade partidária e da necessidade de construção de uma base de sustentabilidade política
para o Chefe do Executivo, requer a formação de coalizões. Assim, o chamado presidencialismo de coalizão “combina, em estreita associação,
o presidencialismo, o federalismo e o governo por coalizão multipartidária”38. Com esse arranjo político, postos da administração pública foram
historicamente concedidos a aliados em troca de apoio para formação de maioria parlamentar, haja vista que a base de sustentação no Poder
Legislativo é fundamental para a execução da agenda política do Poder Executivo.
Nesse contexto, por vezes o Chefe do Executivo vê-se diante do risco de perda de agência em determinados órgãos e entidades da administração.
As soluções para tais situações seguem praticamente em duas linhas: a politização da burocracia ou a centralização de decisões39. A primeira
solução trata de nomeação de pessoas de confiança do Presidente da República para dirigir órgãos e entidades tidos como importantes, do
ponto de vista do viés político. Como essa linha de ação nem sempre é viável, não é incomum a escolha da segunda solução, que traz o órgão ou
entidade em questão para a estrutura da Presidência da República. Essa decisão, no entanto, possui alto potencial de impacto negativo sobre as
atividades do centro de governo.
A título de exemplo, pode-se mencionar a vinculação do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) à Casa Civil no período 2016 a
2018. Por meio do Decreto nº 8.865, de 29 de setembro de 2016, o Incra foi inserido, juntamente com a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do
Desenvolvimento Agrário (Sead), à estrutura da Presidência da República. Analisando os impactos dessa medida, apenas na dimensão do controle
38 ABRANCHES, Sérgio H. H. Presidencialismo de coalisão: raízes e evolução do modelo político brasileiro. 1ª ed. São Paulo: Companhia
(atividades desempenhadas pela Ciset/Presidência), verifica-se que as competências de controle interno dessas duas unidades foram
transferidas abruptamente da Controladoria-Geral da União (CGU) para a Secretaria de Controle Interno da Presidência da República (Ciset/
Presidência). Em 1º de janeiro de 2019, o Decreto nº 9.660/2019, reverteu a situação, vinculando o Incra ao Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento, e restituindo a competência de controle interno da autarquia à CGU.
Esse movimento brusco trouxe para a responsabilidade da Ciset/Presidência a atuação em matéria de controle interno de uma política pública
que não era de domínio dos servidores da secretaria à época. Exigiu-se grande dispêndio de tempo e energia para esse trabalho, enquanto
uma área da CGU que dominava o tema deixou de acompanhar essas instituições (Incra e Sead). Pesquisa no Sistema de Monitoramento
de Ações de Controle (Semac) mostra que 80% das ações de controle de Auditoria Anual de Contas de 2017 e 73% de 2018 tiveram o
Incra como objeto. Considerando a totalidade das ações de controle, 38% e 31%40 dessas ações, respectivamente em 2017 e 2018, foram
direcionadas especificamente ao escopo do Incra. Esses números guardam relação direta com o dispêndio da força de trabalho da Ciset/
Presidência em temas do Incra. Com isso, uma unidade importante do centro de governo passou a destinar parte significativa de sua força
de trabalho para áreas que não dizem respeito ao CdG propriamente dito.
Muitos outros movimentos de órgãos na estrutura da Presidência da República foram observados nos últimos anos. Por exemplo, a Lei nº
12.314, de 19 de agosto de 2010, acrescentou à PR os seguintes temas: Secretaria de Políticas para as Mulheres, Secretaria de Direitos
Humanos, Secretaria de Portos e Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. Cerca de um ano depois, a essas áreas somou-
se a Secretaria de Aviação Civil (Lei nº 12.462, de 4 de agosto de 2011). Todas essas secretarias deixaram a estrutura da PR em 2016, em
virtude da Lei nº 13.266, de 5 de abril de 2016. Esse tipo de movimentação não contribui para a formação de identidade própria de centro
de governo na Presidência da República.
40 Esses percentuais não contemplam as atividades desenvolvidas pelo setor de análise de atos de pessoal.
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Nos últimos anos, várias modificações aconteceram no contexto da Presidência da República. Um resumo desse desenvolvimento histórico,
considerando as áreas que essencialmente constituem a PR, pode ser visualizado por meio da Figura 13.
Outras mudanças significativas tendem a ocorrer nas unidades que compõem a PR. Por exemplo, em recente reportagem (de 24 de abril de
2019) lê-se o seguinte:
m uma tentativa de melhorar a articulação política [...] considera fazer uma minirreforma ministerial com foco no Palácio do Planalto. Desde a semana passada,
E
o presidente avalia redistribuir secretarias e mudar atribuições relativas a três pastas que despacham na sede administrativa da Presidência da República: Casa
Civil, Secretaria de Governo e Secretaria-Geral.42
Em certo sentido, mudanças são normais e saudáveis quando visam acompanhar demandas administrativas e sociais. No entanto,
quando acontecem meramente para suprir necessidades imediatas ou para adequar a máquina administrativa a certas idiossincrasias
governamentais, tendem a se desconectarem da real necessidade pública. Portanto, salienta-se a necessidade de configurar a estrutura
administrativa da Presidência da República de acordo com as noções de centro de governo mais adequadas à realidade e às demandas do
Estado Brasileiro.
Atualmente a Presidência da República (PR) agrega quatro grandes áreas: Casa Civil, Gabinete de Segurança Institucional, Secretaria-Geral
e Secretaria de Governo. Quatro diferentes normativos definem as estruturas e competências dessas áreas: Decretos nº 9.678/2019, nº
9.668/2019, nº 9.670/2019 e nº 9.669/2019, todos de 2 de janeiro de 2019, respectivamente. Esses normativos sofreram alterações trazidas
pelo Decreto nº 9.696, de 30 de janeiro de 2019.
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Tendo em vista que essas quatro grandes áreas de auxílio ao Chefe do Executivo são estruturadas por diferentes decretos e vistas como
ministérios relativamente autônomos (centros, até então, com planejamento e prestação de contas distintos, embora com orçamento
unificado), aumenta-se a possibilidade de lacunas de competências ou de estruturas duplicadas. A título de exemplo e a partir de análise
puramente textual, verifica-se certa semelhança nas competências da Casa Civil e da Secretaria de Governo, nos dispositivos seguintes, que
tratam de atribuições para assistir diretamente o Presidente da República:
(i.a) na coordenação política do Governo federal (Decreto nº 9.678/2019, art. 1º, I, e);
(i.b) na coordenação política do Governo federal, em articulação com a Casa Civil da Presidência da República (Decreto nº 9.669/2019,
art. 1º, I, c);
(ii.a) na condução do relacionamento do Governo federal com o Congresso Nacional, partidos políticos e entidades da sociedade civil
(Decreto nº 9.678/2019, art. 1º, I, f);
(ii.b) no relacionamento e na articulação com as entidades da sociedade [...] (Decreto nº 9.669/2019, art. 1º, I, a).
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43 “There is an almost even split between countries as to whether the head of the centre of government is a political appointee (51%) or a career
civil servant (49%). Accordingly, in just over half of countries the head of the centre of government steps down when there is a change of
government”. OECD. Centre stage 2: the organisation and functions of the centre of government in OECD countries. 2017. p. 8. Disponível em: <
http://www.oecd.org/gov/centre-stage-2.pdf>. Acesso em: 8 abr. 2019.
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10. Conclusão
O centro de governo deve ser organizado conforme as particularidades de cada país. Para tanto, não se deve prescindir, por um lado, dos
conceitos e do suporte teórico (Academia) e prático (experiências de países e organizações governamentais) disponíveis. Por outro lado,
deve-se ter foco nas demandas e necessidades da sociedade, devidamente mapeadas, analisadas e expressas em plano de longo prazo. A
junção desses dois polos conduzirá à estruturação adequada do centro de governo, que se refletirá nos ambientes administrativo e político
de forma positiva para o alcance dos objetivos estratégicos do governo.
No entanto, essa necessária estruturação traz desafios inerentes. Equipes governamentais de transição, em virtude do pouco tempo
disponibilizado e da avassaladora quantidade de trabalho, dificilmente conseguem estruturar o centro de governo a partir de estudo e
análise aprofundada, tanto do cabedal teórico quanto das demandas da sociedade e da administração. A partir do início do novo governo,
a força da rotina intensa e das demandas no curto prazo trabalha contra a busca de estruturação ideal para o CdG.
Outro fator a ser considerado é que a estrutura exerce grande influência sobre a perspectiva e o pensamento das pessoas que dela participam.
Uma estrutura (órgãos, setores, funções, cargos, processos, etc.) criada para atender determinada necessidade de uma época específica
passa automaticamente a direcionar de muitas formas o modo de pensar e agir de futuros atores que venham a fazer parte daquela área.
Com o tempo, no âmbito governamental, pode acontecer de o governo servir a estrutura arcaica (para conservá-la), ao invés de a estrutura
servir ao governo, contribuindo adequadamente para o atingimento das demandas do Estado e da sociedade.
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Diante do exposto, apesar de o centro de governo brasileiro exercer de certa forma as funções principais de CdG descritas neste documento,
seguem algumas observações a serem consideradas e avaliadas:
(i) as áreas que realizam as funções principais de centro de governo foram criadas de forma ad hoc ao longo da história, de acordo
com as necessidades surgidas e as visões de cada governo que implementou as mudanças, não sendo possivelmente pensadas
e construídas de acordo com uma visão integrada de centro de governo que melhor sirva ao país;
(ii) o tratamento das grandes áreas da Presidência da República como ministérios descentralizados pode eventualmente dificultar a
coordenação do planejamento, gestão de riscos e controles internos, supervisão, comunicação, aprimoramento da administração
e prospecção de informações relevantes, impedindo a concatenação e a coerência das ações do centro de governo;
(iii) a visão do papel e das relações entre as grandes áreas da Presidência da República parece não ser totalmente clara internamente
(servidores do centro de governo) e externamente (outras instituições públicas e sociedade).
O propósito deste documento é agregar valor no tratamento do tema no âmbito da Presidência da República. Procurou-se resumir os
principais conceitos e experiências disponíveis na literatura relacionados a centro de governo, apontar as funções do CdG que seriam
mais importantes para a realidade brasileira, associando-as aos mecanismos de governança dispostos no Decreto nº 9.203/2017, e traçar
brevemente o desenvolvimento histórico das áreas que compõem a Presidência da República e suas competências atuais.
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