Escritos de Linguística Geral
Escritos de Linguística Geral
Escritos de Linguística Geral
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Ferdinand de Saussure
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Escritos de
Lingüística Geral
Organizados e editados por
Simon Bouquet e Rudolf Engler
com a colaboração de Antoinette Weil
Tiadução
CARLOS AUGUSTO LEUBA SALUM
ANA LUCIA FRANCO
+ \
EDITORÁ. CULIRIX
São Paulo
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Écrits de Linguistique Générale.
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Título do original:
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Esta edição foi, realizada sob a égide dos arquivos de Ferdinand de Saussure.
SUMARIO
revlstas.
I Prefácio 2t
2a lDa essência dupla: Princípio "primeiro e último" da dualidade] 21
2b Posição das identidades ................ 23
2c Natureza do objeto em lingüística 23
2d lPrincípio de dualismol ................ 24
2e fQuatro pontos de vista] 24
3a fAbordar o objeto] 25
3b flingüística e fonética] ................. 26
3c fPresença e correlaçáo de sons] ... 27
3d lDomínio fisiológico-acústico da figura vocall 28
3e Observações sobre as guturais palatais do ponto de vista
fisiológico e acústico 29
3f fValoa sentido, significação...] ............. 30
O primeiro
- número à esquerda indica a edição, ou reedição, desta obra. A primeira dezena 39 [Valor e formas] 30
à direita indica o ano em que esta edição, ou reediçáo, foi publicada'
4a fFonética e morfologia, 1] 31
Edição Ano
04-05-06-07-08-09-10-l 1 -12
4b fFonética e morfologia,2f 32
7-2-3-4-s-6-7 -8-9-1 0-1 I -12
5a [Som e senrido] 32
Direitos de traduçáo Para o Brasil
5b lldentidade Entidadesl 33
5c fldentidade - Marcha das idéias]
adquiridos com exclusividade pela
EDITORA PENSAMENTO-CULIRIX LIDA. 34
Rua Dr. Mário Vicente, 368 04270-000 São Paulo, SP
- as operações do lingüista]
6a lReflexão sobre 35
Fone: 6166-9000
- Fax: 6166-9008 - 6b fMorfologia Estado de língua]
-
E-mail: pensamento @cultrix.com.br - 35
6c [Forma] 36
http / / www.pens amento -cultrix. com.br
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Sumârio Sumário 7
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3 [Elementos fundamentais
7 lMudança fonética e mudança semântica] .. 40
- Som como tal - Frase-Rito
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Sumário 9
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.... 7 fDescontinuidade geográfìca] 250 w
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10b [Notas para um livro sobre a lingüística getal,2]
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72 Preføcio dos Editores 13
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c u -tr a c k lo, mas para designar um conjunto de reflexões específìcas no seio da pro- duas séries, mas uma união de um tipo particular da qual seria absoluta-
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3' sobre os três campos de saber da lingüística geral saussuriana, ver s. Bouquet,
Introduction à la lecture de saussure, Payot, paris, J.997. flntrodução à Leitura de sauisure,
Publicado pela Editora Cultrix, São paulo, 1998.1 5. Cf. infra, p. 93.
4. Cf. infra, p.226. 6. Cf. infra, pp.777-778
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cebida e consagrada como uma edição critica do Cours de linguistique
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valor."7 E, novamente, o curso de 1910-1911: "[Sobre] a palavra termo
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- Títulos: quando os documentos têm um título da autoria de Saussure,
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descobertos em 1996 na estufd do hotel genebrino da família de Saussure, deposita- w
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14. Para uma apresentação dos manuscritos, consultar o site na Internet do Instituto
Ferdinand de Saussure: wwwinstitut-saussure.org
15. Sobre as hipóteses de datações relativas aos escritos da edição Engler de 1968-
17. Este trabalho editorial foi realizado graças a um subsídio do Fundo nacional suíço
1974, consultar: R. Engler, "The Notes on General Linguistics", European Structuralism:
da pesquisa científica. Os editores agradecem a: Antoinette Weil, por sua colaboração
in Linguistics, vol. I3/2, 1975.
Søussure, Current Trends
preciosa durante todo o trabalho; Françoise Voisin-Atlani,
16. Esses documentos, que náo estão defìnitivamente classificados na BPU, ainda não Jacques Geninasca e François
Restier, assim como à UMR 7597 do CNRS.
têm um código.
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SOBRE A ESSÊNCIA DUPLA i,l,
DA LINGUAGEM :i
(Acervo BPU 1996) ltti
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I Prefâcio
da lin-
minência a tal ou tal verdade
há cinco ou
o de Partida central: mas
enttå si que se pode partir indiferen-
outras e
rcgatâlogicamente a todas as
partindo de qualquer
das mesmas ton'"qiêt"ias'
à mais ínfìma ramifìcação
uma dentre elas' 'camente com este dado:
Por exemplo, dâpata se
contentar unl
É errado (e imPraticável) oPor
a
de um lad
troca, ê oPor afigurattocal'
'
:; ci ênci a e os
":z:;:,nix"ånJ ",
ctáveis'
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Sobre a Essência Dupla da Linguagem 23
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Sobre ø Essência Dupla da Linguøgem
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2b Posíção døs ídentidades
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minar a espécie química de uma barra de ferro, de ouro, de cobre, de um
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lado e, em seguida, a espécie zoológica de um cavalo, de um boi, de um Náo se temrazão ao dizer: um fato de linguagem precisa ser considera-
carneiro, essas seriam duas tarefas fáceis. Mas se nos pedissem para deter- do de vários pontos de vista; nem mesmo ao dizer esse fato de linguagem
minar que "espécie" representa o conjunto bízarto de uma barra de ferro será, realmente, duas coisas diferentes, conforme o ponto de vista. Porque
presa a um cavalo, de uma barra de ouro em cima de um boi ou de um se começa supondo que o fato de linguagem é dado fora do ponto de vista.
carneiro que ostenta um enfeite de cobre, nós fìcaríamos espantados, achando É preciso dizer: primordialmente, existem pontos de vista; senão, é sim-
a tarefa absurda. É precisamente diante dessa tarefa absurda que é preciso plesmente impossível perceber um fato de linguagem.
que o lingüista entenda que está, de repente e antes de tudo, colocado. Ele
A identidade que começamos a estabelecer, ora em nome de uma consi-
tãnta fugir, que nos seja permitida uma expressáo realmente muito justa deração ora em nome de outra, entre dois termos, eles mesmos de natureza
neste caso, escapando pela tangente, isto é, classifìcando, como parece lógi-
variável, é absolutamente o único fato primeiro, o r3nico fato simples de onde
co, as idéiøs, para considerar, em seguida, as formas, ou, ao contrário, as
idéias; e' nos
-
dois casos, ele ignora o
parte a investigação lingüística.
formøs, para considerar, em seguida,
as
l
è- .o-p"trsação, se assim se preferir, a uma mistura química tal qual a mis- to das ciências que podem partir do dado dos sentidos.
tura do azoto edo oxigênio no ar respirável; de maneira que o ar não é mais
Uma sucessão de sons vocais, por exemplo mer (m 'f e + r) é, talvez,
ar se for retirado o azoto ou o oxigênio, que nadaliga, no entanto, a massa uma entidade que regressa ao domínio da acústica, ou da fìsiologia; ela náo
é, de jeito nenhum, nesse estado, uma entidade lingüística.
de azoto, espalhada no aq à massa de oxigênio; que, em terceiro lugar, cada
Uma língua existe se, à m I e I r, se vincula uma idéia.
um desses elementos só é passível de classificaçáo diante de outros elemen-
Dessa constatação, absolutamente banal, segue-se:
tos da mesma ordem, mas que não se trata mais de ar quando se passa a
lq que nãohâ nenhuma entidade lingüística, que possa ser dada, que
essa classifì cação e que, em quarto lugar, não é impossível classificar sua
seja dada imediatamente pelo sentido; nenhuma que exista fora da idéia que
mistura. Sáo essas, ponto por ponto, as características do objeto principal
lhe pode ser vinculada;
que o lingüista considerai apalavrà náo é mais a palavra se [ ]
2e quenáohânenhuma entidade lingüística, entre as que nos são dadas,
que seja simples porque, mesmo reduzida à sua mais simples expressão, ela
Finalmente, se dirá que a comp araçáo é grosseira na medida em que os
exige que se leve em conta, ao mesmo tempo, um signo e uma signifìcação,
dois elementos do ar sáo materiais, enquanto que a dualidade da palavta
e que contestar essa dualidade ou esquecê-la equivale diretamente a privâ-
representa a dualidade do domínio físico e psicológico. Essa objeçáo apare-
la de sua existência lingüística, atirando-a, por exemplo, ao domínio dos
ce, aqui, casualmente e quase sem importãnciaparao fato lingüístico; nós a
fatos físicos;
apanhamos de passagem para declarâla nula e diretamente contrária a tudo
3q que, se a unidade de cada fato de linguagem resulta, já, de um fato
oque afirmamos. Os dois elementos do ar estáo na ordem material e os dois
complexo que consiste da união de fatos, ela resulta, além disso, de uma
elementos da palavra estáo, reciprocamente, na ordem espiritual; nosso ponto
união de um gênero altamente particular: na medida em que não hâ nada
de vista constante serâ dizer que, náo apenas a signifìcação, mas também o I
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nos-idéias) e não, como se é levado a supor, classificar objetos simples e I
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Sobre a Essência DupIø 25
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da Linguagem
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Sobre a Essência DupIø da Linguagem
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III e IV resultam das maneiras legítimas de considerar:
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homogêneos, como seria o caso se fosse preciso classifìcar os signos ou as
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III. Ponto de vista ANACRONICO, artifìcial, intencional di-
e puramente
idéias. Há duas gramáticas, das quais uma partiu daidêia, e outra do signo;
dático, da PRoJEÇÃo de uma morfologia (ou de um "estado de língua anti-
elas são falsas ou incompletas, todas as duas'
ga") sobre uma morfologia (ou sobre um outro estado de língua posterior).
2d lPrincþio de dualismol (O meio, com a ajuda do qual pode se operar essa projeção, é a conside-
raçáo das identidades transversais, II, combinada à consideraçáo morfológica
O dualismo profundo que divide a linguagem não reside no dualismo do
do primeiro estado conforme I);
som e da idéia, do fenômeno vocal e do fenômeno mental; essa é a maneira
não diferindo do ponto de vista ANACRONICO RETROSPECTIVO,
fácil e perniciosa de concebê-lo. O dualismo reside na dualidade do fenôme- -
esse ponto de vista é o ponto de vista ETIMOLÓGICO, que compreende
no vocal COMO TAL e do fenômeno vocal COMO SIGNO - do fato físico
outras coisas além do que se chama, comumente, de etimologia. Uma de
(objetivo) e do fato físico-mental (subjetivo), de maneira alguma do fato
.,físico,, do som por oposição ao fato "mental" da signifìcação.Hâ um pri- suas características, com relação a IV é de não levar em conta a época B em
si mesma.
meiro domínio, interior, psíquico, onde existe o signo assim como a signifi-
caçáo,um indissoluvelmente ligado ao outro; há um segundo, exterior, onde
IV. Ponto de vista HISTÓRICO da fìxação de dois estados de língua su-
exiSte apenas O "Signo" mas, nesse moment6, O signo Se reduz a uma SUceS-
cessivos, tomados cada qual em si mesmo, em primeitolugat, e Sem subor-
são de ondas sonoras que merece de nós apenas o nome de figura vocal.
dinação de um ao outro, seguida da explicação.
2e lQuøtro Pontos de vístøl Desses quatro pontos de vista legítimos (além dos quais nós admiti-
mos nada reconhecer), quase que só o segundo e o terceiro sáo cultivados.
I e II resultam da natureza dos próprios fatos da linguagem
De fato, o quarto só poderia sê-lo, proveitosamente, no dia em que o pri-
meiro t l
I. Ponto de vista do estado de língua em si mesmo, Em compensaçáo, é vivamente cultivada a confusão lamentável desses
difere do ponto de vista instantâneo,
- náo difere do ponto de vista semiológico (ou do signo-idéia),
diferentes pontos de vista, até mesmo nas obras que ostentam as mais altas
- não difere do ponto de vista da vontade anti-histótica,
pretensões científìcas. Há, certamente, com muita freqüência, uma verda-
- não
não difere do ponto de vista motfológico ou gtamatical-
deira ausência de reflexáo Por parte dos autores. Mas acrescentemos, ime-
- não difere do ponto de vista dos elementos combinados- diatamente, uma profìssão de fé: assim como estamos convencidos, com ou
- semrazão, de que por fim será preciso tudo reduzir, teoricamente, aos nos-
sos quatro pontos de vista legítimos, que repousam sobre dois pontos de
(As identidades, nesse domínio, são fixadas pela relação da significaçáo e
vista necessários, assim também duvidamos de que alguma vez seja possí-
do signo, ou pela relação dos signos entre si, o que náo é diferente')
vel estabelecer, com p:u¡reza, a quádrupla ou, ao menos, a dupla terminolo-
gia que seria necessária.
II. Ponto de vista das identidades ûansversas,
difere do ponto de vista diacrônico,
- não
não difere do ponto de vista fonético (ou da figuta vocal separada da 3a lAbordør o objetol
- de I),
id,éia e separøda dafunção de signo, o que é a mesma coisa em virtude
não difere, também, do ponto de vista dos elementos isolados. Quem se coloca diante do objeto complexo que é a linguagem, parafa-
- zer seu estudo, abordará necessariamente esse objeto por tal ou tal lado,
que jamais será toda a linguagem, supondo-se que seja muito bem escolhi-
(As identidades deste domínio sáo dadas, antes de tudo, necessariamen-
do, e que, se não for tão bem escolhido, pode nem ser de ordem lingüística
te, pelas do precedente; mas, depois disso, elas se tornam asegundaordemde
ou representar, depois, uma confusão inadmissível.
identidades lingüísticas, irredutível à precedente.)
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a Essênciø Duplø da Linguagem Sobre a Essência Duplø da Linguagem
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tudo, que hâumapalavrq, qlue deverá ser considerada, depois, de diferentes
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Ora,hâ de primordial e inerente ànatureza da linguagem o fato de que, w
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por qualquer lado que se tentar abordá-la justificável ou náo náo se pontos de vista?
ou
- (ou
-
quantidades) de- Só se obtém essa idéia, ela mesma, de um determinado ponto de vista,
poderâjamais descobrir, ai, indivíduos, seja, seres
terminados em si mesmos sobre os quais se opera, depois, uma generaliza- porque, para mim, é impossível ver que a palavra, em meio a todos os usos
ção. Mas há, ANTES DE TUDO, a generalização e nada há além dela: ora, que dela se faz, seja algo dado, que se imponha a mim como a percepção de
como a generalizaçáo supõe um ponto de vista que serve de critério, as pri- uma cor.
meiras e mais irredutíveis entidades com que pode se ocupar o lingüista já O fato é que, quando se fala da palavra a, dapalavrab ou, simplesmente,
são o produto de uma operação latente do espírito. Resulta daí, imediata- dapalavra, fìca-se, fundamentalmente, no dado MORFOLÓGICO, a despei-
mente, que toda a lingüística se resume não [ ] mas, materialmente, à to de todos os pontos de vista que se pretenda introduziç já que apalavraé
discussáo dos pontos de vista legítimos: sem o que não há objeto. uma distinção que vem da ordem das idéias morfológicas e já que não há
distinções lingüísticas independentes.
Exemplo. Se eu preferir, para entrar no estudo da linguagem, o procedi-
mento de simplificação máxima, que consiste em supor que a linguagem A que título essa distinção morfológica dapalavra interviria como a uni-
seja uma sucessão t ] dade dada numa discussáo fisiológica-acústica, embora convenha destruir
imediatamente [ ]
3b lLíngüísticø e fonéticøl
É assim que não se deixa, em lingüística, de considerar, na ordem B,
O erro incessante e sutil de todas as distinções lingüísticas é acreditar objetos a que existem segundo A, mas não segundo B; na ordem A, os obje-
que, ao falar de um objeto de um certo ponto de ttista, se está, por isso, no tos b, que existem segundo B mas não segundo A, etc.
referido ponto de vista; em nove entre dez casos, a verdade é justamente o Para cada ordem, com efeito, sente-se a necessidade de determinar o
contrário, por uma razão muito simples: objeto; e, para determiná-lo, recorre-se, maquinalmente, a uma segunda
Lembremos, com efeito, que o objeto da lingüística não existe para co- ordem qualquer, porque náo há outro meio disponível na ausência total de
meçar, não é determinado em si mesmo. Dai, falar de um objeto, nomear um entidades concretas: eternamente, então, o gramático, ou o lingüista, nos
objeto, nada mais é do que recorrer a um ponto de vista A determinado. dâ, por entidade concreta, e por entidade absoluta que serve de base para
Depois de ter denominado um certo objeto, abandonado o ponto de suas operações, a entidade abstrata e relativa que ele acaba de inventar em
vista A, que não tem existência absolutamente a não ser na ordem A, e que um capítulo anterior.
não seria mesmo uma coisa delimitada fora da ordem A, é permitido, talvez Imenso círculo vicioso, que só pode ser rompido substituindo-se, de
(em certos casos), ver como se apresenta esse objeto da ordem A, visto uma vez por todas, em lingüística, pela discussáo dos pontos de vista, a dos
segundo B. " fatos", porque não hâ o menor traço de fato lingüístico, nem a menor possi-
Nesse momento se está no ponto de vista A ou no ponto de vista B? Regularmen-
bilidade de perceber ou de determinar um fato lingüístico fora da adoção
te, será respondido que se está no ponto de vista B; é que se cedeu, mais uma anterior de um ponto de vista.
vez, à ilusáo de seres lingüísticos que levam uma existência independente. A
mais difícil de captar, mas a mais benéfìca das verdades lingüísticas, é com-
preender que, nesse momento, não se deixou, ao contrário, de estar funda- 3c lPresençø e correlação de sons]
mentalmente no ponto de vista A, pelo simples fato de que se faz uso de um
A presença de um som, numa língua, é o que se pode imaginar de mais
termo da ordem A, cuja noção, ela mesma, nos escaparia segundo B.
irredutível como elemento de sua estrutur^. Ê fâcil mostrar que a presença
Assim, muitos lingüistas pensam ter se situado no terreno psicológico-
desse som determinado só tem valor por oposição com outros sons presen-
acústico ao fazer abstração do sentido da palavra para considerar seus ele-
tes; e é essa a primeira aplicação rudimentar, mas já incontestável, do prin-
mentos vocais, dizendo que a palavra champ, do ponto de vista vocal, é idên-
cípio das OPOSIÇÓES, ou dos VALORES RECÍPROCOS, ou das QUANTI-
tica à palavra chant, dizendo que a palavra comporta uma parte vocal que se
DADES NEGATIVAS e RELATIVAS que criam um estado de língua.
vai considerar, mais uma outra parte, etc. Mas de onde se supõe, antes de
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28 Sobre Essência Dupla dø Linguagem Sobre a Essência Dupla dø Linguagem 29
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(ainda destituída de as que resultam do recorte, racional ou não, da cadeia sonora, ou
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A presençø de umø correlação percebida entre dois sons
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toda significação propriamente dita) por exemplo, em alemão, a correla- sintagma, em diferentes fraçóes que serão as unidades do mesmo corpo
entre ch velar, depois de a, o, u
-(wachen), e ch palatal depois de e, í, ü concreto;
ção
(nicht), que é percebida pela língua oferece o segundo grau de OPOSI- as que resultam da classifìcação das unidades da primeira ordem com
- -
çÁO, jâ perfeitamente claro em sua essência relativa. relação às outras unidades da mesma ordem, separadas de outros sintagmas,
A presença de umq correlação percebida entre dois sons, à quøl começa a se juntar tal ou tal característica: obtém-se, assim,
e declaradas semelhantes graças a
umø diferença de I l uma unidade abstrata, mas que pode passar por unidade pela mesma razão,
ao menos, que as precedentes.
Presença de um fonema : sua oposição com os outros fonemas presentes, Em nenhuma dessas duas séries, as unidades obtidas são mais do que
ou seu valor com relação a eles. uma.
Correlação de dois sons (sem "signifìcação") : sua oposiçáo mútua, seu
vqlor, um com relação ao outro. Todo o trabalho do lingüista que pretende compreender, metodicamen-
Correlação de dois fonemas com correlação de "significações" diferentes : te, o objeto que estuda, se reduz à operação extremamente difícil e delicada
sempre simplesmente seu valor recíproco. É aqui que se começa a entrever a da definição das unidades.
identidade da significação e do valor. Na linguagem, seja ela abordada pelo lado que for, não há indivíduos
Depois disso: o que fìzemos? Nós partimos do elemento fonológico como delimitados e determinados em si, e que se apresentem necessariamente à
de uma unidade morfológica que adquire, sucessivamente, diferentes fun- atenção. (Quando se supõe o contrário, como é natural à primeira vista,
ções, mas em nenhum momento, um som, em si mesmo, é dado como uni- percebe-se logo que nada se fez além de isolar, arbitrariamente e sem méto-
dade morfológica. do, este ou aquele fato, unido, na realidade, a uma multidão de outros, sem
Na análise morfológica (instantânea, etc.) náo há nenhumarazão para que seja possível dizer por que, dentre a massa, acreditou-se ter autoridade
dividir as formas úbimq análise, assim entendo precisamente por para fazer essa ou aquela demarcação específica.)
ou seja, segundo os resultados da análise
-
fonemas, fonológica.
Por exemplo, se num estado de língua, o fonema Z só se apresenta segui-
Ora, é necessário, entretanto, saber sobre quais [ ]
de que a alternânci a ç/o : alternância ap/ep, etc.) completo entre uma gutural palatal e uma gutural mediana ou velar.
O ponto de articulação é situado mais adiante, eis tudo.
Mas é preciso reconhecer, pelo menos na minha opinião, que a gutural
3d lDomínio fisiológico-acústico dø figura vocølf palatal, por motivos que eu náo indago, dá, acusticamente, a impressão de
um som duplo: H. Hâ, ali, um elemento totalmente particular e que pode
D omínio fisioló gico - acústic o (não lingüístico) levar mesmo a se negar que a gutural palatal seja uma espécie determinada,
no sentido de que ela seria umgrupo de dois sons, não um som e, por conse-
dø figura vocøl (que se impõe como igual a si mesma.,
independentemente de toda língua)
guinte, que ela só poderia ser classificada com relação a outros grupos, mas
não com relação a um som simples.
Em primeiro lugar, não apenas nenhuma espécie de indivíduo determi- Eu suprimo esta segunda consideração; eu me atenho ao ponto de vista
nado em si mesmo, mas nenhuma espécie de unidade é dada naturalmente. fìsiológico e admito, então, que Þ,, apesar de seu duplo som, é diretamente
Como se procederâ para estabelecer as unidades? comparável akr, é um elemento simples.
As unidqdes possíveis e a unidade absoluta : Identidade. Segunda observação. Sobre o mau uso do termo palatais.
Quando se dá o
Há duas ordens de unidades possíveis: nome de palatais aos grupos tí e dZ que existem em muitas línguas,
por
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30 a Essência Dupla
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Sobre a Essênciø Dupla dø Linguagem da. Linguagem 31
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exemplo em italiano cenere, generoso, se faz um mau uSo completo desses nais, não consistem nem nas formas nem nos sentidos, nem nos signos nem
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termos. nas significações. Eles consistem na solução particular de uma certa relaçáo
Os grupos tí, dl,, que implicam uma sucessão de sons, não devem rece- geral entre os signos e as signifìcações, estabelecida sobre a diferença geral
ber nenhum nome, nem o de palatais, nem outro que fosse proposto' dos signos mais a diferença geral das significaçõe s mais a atribuição anterior
Porque um grupo de sons não poderia ser uma espécie. Se considero o de certas signifìcações a certos signos ou reciprocamente.
grupo Þr, eu determino de que espécie é k e de que espécie é r; mas eu não
devo fazer, do conjunto kr, uma espécie. Da mesma forma, tí e di, não Há, então, antes de tudo, vølores morfológicos: que não são idéiøs e tam-
existem em si mesmos. Existe t I íe d + Z. bém não sáo formas.
Terceira observação. Mas como, cem vezes na história das línguas, acon-
teceu que "o som simples k, (k palatal) produziu, na seqüência, o grupo Secundariamente, para que uma FORMA exista, como forma, e não como
t5" e que a mesma letra, considerada com alguns séculos de distância, figura vocal, há duas condições constantes, embora, em última análise, es-
designa antes o som Þ,, mais tarde o som tí, não se deve ter ilusões sobre sas duas condições acabem por formar uma só:
as difìculdades de se evitar, na prâtica, a aplicação do nome palatais para 1q que essa forma não seja separada de sua oposição com outras formas
os grupos tí, d2,. Ao menos, ficará bem entendido que há aí um emprego simultâneas;
convencional e abusivo; e um sentido da palavra palatal completamente 2q que essa forma não seja separada de seu sentido.
diferente daquele a que recorremos ao falar do Þ, indo-europeu. As duas condições tanto são as mesmas que, na realidade, não se pode
falar de formas opostqs sem supor que a oposiçáo resulta do sentido, assim
3f lVøIor, sentido, sígniftcação...1 como da forma.
Nós não estabelecemos nenhuma diferença séria entre os termos v4- Náo se pode definir o que é uma forma com a ajuda da fìgura vocal que
Ior, sentido, significação, função ou ernprego de uma forma, nem mesmo com ela representa
aidéia como conteúdo de uma forma; esses termos são sinônimos. Entre- - e também náo com a ajuda do sentido que contém essa
fìgura vocal. Fica-se obrigado a colocar, como fato primordial, o fato GE-
tanto, é preciso reconhecer que valor exprime, melhor do que qualquer RAL, COMPLEXO e composto de DOIS FATOS NEGATIVOS: da diferença
outra palavra, a essência do fato, que é também a essência da lingua, a geral das figuras vocais associada àdiferença geral dos sentidos que se pode
saber, que uma forma náo significa, mas vale: esse é o ponto cardeal. Ela atribuir a elas.
vale, por conseguinte ela implica a existência de outros valores.
Ora, no momento em que se fala de valores em geral, em vez de se
falar, ao acaso, do valor de uma forma (que depende absolutamente dos lFonétícø e morfologia' lf
valores gerais), percebe-se que é a mesma coisa colocar-se no mundo dos
(Brouillon) uourl^
signos ou no das signifìcações, que não há o menor limite definível entre
Para uma regra como o r¡ (çureVa) sânscrito, o elemento ativo e passivo
o que as formas valem em virtude de sua diferença recíproca e material, e
náo coincide habitualmente com a fronteira de dois elementos morfológicos,
aquilo que elas valem em virtude do sentido que nós atribuímos a essas
ao passo que esse é o caso, muitas vezes, para uma regra como s > depois
diferenças. É u-a disputa de palavras. ç
de fr. r e vogal que náo seja d/ã . Assim, agniçu vaþsu contra latasu, vak"sy-ømi
contra tupsydmi.
39 lValor e formøs) Então, dentre essas duas regras, que são exatamente da mesma ordem,
da segunda se faz uma regra de samdhi interior e, da outra, não se sabe o que
O sentido de cada forma, em pørticular, é a mesma coisa que a diferença das
Contudo, a diferença das formas entre si não pode ser estabelecida. O fato de se chamar vdk-5u samdhiinterior é a mais excelente prova de
que. se procede (forçosamente)
segundo elementos morfológicos e não fo-
netlcos.
Nunca é demais repetir que os valores dos quais se compõe primordial-
mente um sistema de língua (um sistema morfológico), um sistema de si-
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Sobre a Essência DupIø da Linguøgem
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Sobre a Essência Dupla da Linguøgem JJ
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2l Admitir a forma fora de seu emprego é cair nafiguravocal que pertence à
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4b lFonétíca
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fìsiologia imediatamente, entrar em contra-
e à acústica. É, além disso, mais
Uma regra como a de so'pi, e sqhsauvdéa (apesar de sø tu, sabhavøtl) deve dição consigo mesmo porque há muitas /ormøs idênticas de som e que nem
Irgurar, como exceção, na regra do "s final"? Ou será que ela diz respeito à se sonha em abordar, o que é a melhor prova da perfeita inanidade do ser
morfologia da palavra sø? É impossível dizer porque a primeira regra do "s formafora de seu emprego.
ftnaI" ê, ela mesma, morfológica e não fonética. A regra do "s final" se baseia
apenas na unidade da forma açvas (øçvah, açvo, etc.), oubha-rqma.s, unidade Náo há nenhuma outraidentidade no domínio morfológico além da iden-
de forma que depende, ela mesma, diretamente do sentido. tidade de uma forma na identidade de seus empregos (ou a identidade de
uma idéia na identidade de sua representação). A IDENTIDADE MOR-
Quando tira dessa unidade de forma, umavez estabelecida pelo senti-
se
FOLÓGICA, seria inútil disfarçar, é, portanto, uma noção excessivamente
do, um fato material que parece constante, como -ah antes de surdo : -o
complexa.
antes de sonoro, é absolutamente impossível determinar o valor desse fato
em si, ou o grau de necessidade e de constância com que ele se apresenta.
Ou seja, depois de partir da forma significativa para separar esse fato, nós 5b lldentidøde Entídødesl
fìcamos, até o fim, sem outro pólo além dessa forma signifìcativa: quando -
estivermos diante de sô'pi sabhavqti, que não concorda com açvo'pi, açvobhavati, .$ l. A identidade na ordem yocal
nadahâa observar, a náo ser que o conjunto de manifestações da palavra sø
Quando eu abro duas vezes, três vezes, quinhentas vezes, a boca, para
náo coincide com o conjunto da palavra açva, sem que uma seja mais regular,
pronunciar aha, aquestão de saber se o que pronuncio pode ser considerado
em princípio, do que a outra, visto que nenhuma das duas coisas pretende
idêntico ou não-idêntico depende de um exame.
ser racional.
Agora, formulando-se a regra com relaçáo ao s indo-europeu, se obterá
S 2. As entidades daordemyocal
[ ], mas isso pertence à etimologia, operação complicada que se situa
fora da língua em si.
É imediatamente visível que as entidqdes da ordem vocal ou consistem
na identidade que acabamos de considerar, por conseguinte num fato per-
5a lSom e sentidol feitamente abstrato, ou em nada consistem e não estão em parte alguma.
Os fatos de fala, tomados em si mesmos, que por si sós certamente são
As alternâncias sáo as diferenças vocais (não fonética.s) que existem, ao concretos, se vêem condenados a não signifìcar absolutamente nada, a náo
mesmo tempo, entre formas que se julga representar, a um título qualquer,
ser por sua identidade ou náo-identidade. O fato, por exemplo, de aka ser
uma unidade morfológica mais ou menos extensa, mas com a exceçáo da
-
unidade última, que é a identidade morfológica.
pronunciada por uma pessoa, num certo lugar e num certo momento, ou o
fato de mil pessoas, em mil lugares e em mil momentos, emitirem a suces-
Continuando no domínio morfológico, falamos ora da identidade de sen-
sáo de sons aha, é, absolutamente, o único fato dado: mas não é menos
tido, ora da identidade de valor, ora daidentidade de emprego, ora da iden-
verdade que só o fato ABSTRATO, aidentidqde acústica desses øÞa, forma sozi-
tidade de forma. Nenhuma dessas expressões tem um sentido quando não
nho a entidade acústica økø: e que não hâ um objeto primeiro a ser procurado,
se subentende a identidade de sentido, de valor, de emprego, segundo a
identidade de forma segundo o mais tangível do que esse primeiro objeto abstrato.
forma una ou diversa
- e, reciprocamente,
sentido, o valor ou o emprego uno ou diverso. Ora, o todo é solidário. En-
(Acontece a mesma coisa, por outro lado, com qualquer entidade acústi-
ca, porque ela é submetida ao tempo; 1q leva um tempo para se rcalizar e 2e
táo, náo se pode falar, em morfologia, diretamente, de identidade, conside-
cai no nada depois desse tempo. Por exemplo, uma composição musical,
rando apenas a forma ou o sentido.
comparada a uma mesa. Onde é que existe uma composiçáo musical? E a
Todo o estudo de uma língua como sistema, ou seja, de uma morfologia,
se resume, como se preferir, no estudo do emprego das formøs ou no darepre-
mesma questão de saber onde existe aka. Na verdade, essa composiçáo só
sentação das idéias. O errado é pensar que há, em algum lugat, forma.s (que
existe quando é executada; mas considerar essa execução como sua existên-
existem por si mesmas, fora de seu emprego) ou, em algum lugar, idéias (que cia é falso. Sua existên cia ê a id.entidade das execuções.)
existem por si mesmas, fora de sua representoção).
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a Essênciø Dupla o
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34 Sobre da Linguagem Essêncio Dupla dø Linguøgem 35
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$ 3. As entidades da ordem yocal car os esquemas de identidade de todo tipo que tomamos, e somos obriga-
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são entidades lingüísticas? dos a tomar, por fatos primeiros particulares e concretos, embora, em sua
diversidade infinita, eles sejam, cada um, apenas o resultado de uma vasta
Para resolver essa questáo, é preciso se perguntar o que é uma entidade
operação anterior de generalização.
vocal; foi visto que ela consiste na identidade de dois fatos vocais.
Não é possível se limitar a subentender essa grande operação funda-
A identidade de dois fatos vocais é subordinada à presença de uma lín-
mental? Não é, desde o início, evidente que, quando se fala de um grupo
gua?
p&ta, por exemplo, quer-se referir à generalidade de casos em que um grupo
Náo. Fora de toda linguagem humana, øka é igual a akø e, sendo dada a
pata ê efetivamente pronunciado? E que há, então, apenas um interesse su-
língua humana, aka, em uma língua, é igual a akq em outra. Se há diferença
til em lembrar que essa entidade repousa, anteriormente e essencialmente,
é porque as entidades vocais foram separadas muito grosseiramente e por-
sobre uma identidade?
que aí cabe estabelecer duas onde não se via senáo uma.
Vai-se veç a seguir, que não se pode substituir impunemente, de uma só
Por conseguinte, as entidades da ordem vocal não são entidades lingüís-
vez, entidades abstratas pelo fato da identidade de certos fatos concretos:
ticas.
porque nós trataremos de outras entidades abstratas e porque o único pólo
em meio a [ ] será a identidade ou a não-identidade.
S 4. Observações sobre os parágrafos precedentes
Tìrdo o que é considerado idêntico forma, por oposiçáo ao que não é Nós acreditamos que o objetivo principal não seria estabelecer o que se
idêntico, um termo frnito, que ainda não é defìnido e que pode ser qualquer passa entre diferentes termos de estados lingüísticos; mas constatar que es-
um, por exemplo, um termo complicado akarna, etc., mas que representa, ses termos são literalmente destituídos de qualquer definição, que nem sabe-
pela primeira vez, um objeto cognoscível, enquanto que a observação dos mos se existem ou em que sentido existem, que talvez se uniu um termo.
fatos vocais particulares, fora da consideração de identidade, não descobre
nenhum objeto.
6b lMorfologia Estado de línguøl
Sendo assim constituído e reconhecido, em nome de uma identidade -
que nós estabelecemos, um determinado ser vocal, depois milhares de ou- Num estado de língua dado, náo há nem regra fonética, nem fonética de
tros que são obtidos graças ao mesmo princípio, pode-se começar a classifi- qualquer espécie. Não há nada além da morfologia em diferentes graus, que
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Sobre a Essênciq Dupla dø Linguagem Sobre ø Essênciø Dupla da Linguagem 5/
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6d llndiferença
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não são, provavelmente, separáveis por uma linha de demarcaçáo qualquer: e Díferençøl w
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de tal maneira que uma regra de "sintaxe" que determina em que casos se
ou uma regra "morfológica" (no sentido estrito), que Outrø definição de forma:
emprega o perfeito
-
Forma : elemento de uma alternância
qual é a forma do perfeito "foné-
determina
- ou uma regra supostamente
tica", que determina em que casos uma vogal é elidida, ou em que caso um Alternância : coexistência (cf observação sobre exritn) de signos diferen-
ru é substituído por um q pertencem, graças a uma ligaçáo profunda e
-
indestrutível, à MESMA ORDEM DE FATOS: saber o jogo dos signos, em meio
tes, sejam equivalentes ou sejam, ao contrário, opostos em sua significação.
às suas diferençøs, num momento dado. É completamente ilusório querer isolar, Indifer ença e Diferença
desse jogo de signos, de um lado as significações (sintaxe, etc.), aquilo que
representa simplesmente a diferença ou a coincidência das idéias segundo os A esfera das coisas que podem, indiferentemente, ser tomadas uma pela
signos. outra é, de fato, absolutamente restrita; mas ela tem, teoricamente, uma
De outro lado, as formas (o que significa simplesmente a diferença ou a importância capital.
coincidênciø dos signos segundo øs idéias). Por exemplo, NA PALAVRA (não é preciso considerar a língua) courqge,
Enfim, os elementos vocais do signo, o que signifìca a diferença ou a é, de fato, completamente indiferente, em francês, pronunciar courir corr r
grasseyé non roulé, ou com r grasseyé roulé, ou com r dental (roulé ou não).
coincidência desses elementos vocais segundo as formas
- ou
seja, segundo
os signos diversos ou seja, segundo as significaçóes diversas. Esses sons constituem, no entanto, espécies perfeitamente distintas e, em
- alguma outra língua, o abismo poderia ser mais intransponível entre este / e
Retornemos à fonética. aquele r, do que entre um K e um [g]. Reciprocamente, em francês t ]
Nós tiramos daí, de maneira geral, que a língua repousa sobre um certo
número de diferenças ou de oposições que ela reconhece, sem se preocupar es-
6c lFormal sencialmente com o valor absoluto dos termos opostos, que poderá variar
consideravelmente, sem que o estado de língua seja destruído.
Quem diz FORMA diz quatro coisas de que se esquece, de todas as qua-
tro, e esse ponto é fundamental: A latitude que existe no seio de um valor reconhecido pode ser denomi-
1q Quem diz forma diz, primordialmente, diversidade de forma: senão, não
nada "flutuaçáo". Em todo estado de língua se encontra flutuações. Assim,
há nem mesmo uma base qualquer, certa ou errada, suficiente ou insufìci- tomando um exemplo ao acaso, em gótico, o grupo ij + vogal é equivalente
ao grupo i + vogal (sijøi "que seja" ou siai, frijana "liberum" ou friana, sem
ente, para se pensar, por um instante sequer, sobre a forma;
diferença), mas, num dialeto próximo, a diferença ija-ia pode rer uma im-
2e Quem diz forma diz, portanto, pluralidade de formas: sem o que a dife-
portância absoluta, isto é, representar dois valores e não um só.
rença, que se encontra na base da existência de uma forma, não é mais pos-
sível.
lq Um signo só existe em virtude de sua significação;2e uma significa-
Quem dizforma, ou seja, diferença numa pluralidade t
3q ]
Forma implica: DIFERENÇA: PLURALIDADE ISISTEMA?]. SIMULTA- ção só existe em virtude de seu signo; 3q signos e signifìcações só existem
em virtude da diferença dos signos.
NEIDADE. VALOR SIGNIFICATIVO.
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a Sobre a Essência Dupla da Linguagem
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38 Sobre Essênciq Dupla da Linguøgem 39
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(Eu duvido que se possa definir a forma com relação à "figura vocal", é essa forma não seja um imperfeito como êôeíxvuv mas um aoristo, como w
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preciso partir do dado semiológico') ëpr1v, semelhante ao sentido geral de aoristo, se ele for bem descrito.
Mas (II), de onde tiramos, agora, o sentido de aoristo, sem o qual seria
(Nota) Observa-se, pondo-se no ponto de vista do moralista' que se impossível, acabamos de ver, classifìcar as formas? Nós o tiramos, única e
-
palavras como crime, paixão, virtude, vício, mentira, dissimulação, hipocrisia, ho- puramente, dessas mesmas formas: seria impossível separar uma idéia qual-
nestidade, desprezo, estimq, sinceridade são relegadas, lingüisticamente, a sim- quer que pudesse ser denominada aoristo se não existisse, na forma, alguma
ples categorias negativas e passageiras, há, neste caso, uma verdadeira imo- coisa em particular.
ralidade na lingüística ou na língua. Se essa imoralidade fosse um fato Ora (III), como se percebe imediatamenre, essa parricularidade da for-
comprovável, eu negaria, certamente, a quem quer que fosse, o direito de ma consiste justamente no fato tão absolutqmente negativo quanto possível da
ocultar que a língua é imoral ou de se furtar à constatação de um fato sob o oposição ou da diferença com outras formas: assim, ëôet(a é diferente de
pretexto de que esse fato nos ofende. Mas eu não vejo em que a moral é éôeîxwv, de ôeíxvu¡l e de õeí(ro;
- ëÀrnou é diferente de ëÀernou, de À¿irur¡ ou
mais prejudicada do que qualquer outra ramificação do pensamento pelo de Àeiryar, e Àél"orrca; ë"¡eu é diferente de 1éar, ë1eou; Ìiveypov é diferente
- -
inconveniente fundamental que jamais se suprimirâ dalingua. de rpépro, è<pepou, oiorrl, êuiv. Mas não hânada que seja uno e característico
Esse inconveniente, nós o apontamos como todos os outros pesquisa- entre as formas ë<¡v, ëðer(a, ëî.rnov, ëyecl", etc. Poderia muito bem aconteceç
dores: nãohâum único objeto material, nós vimos, ao qual se aplique exa- para dízer a verdade, que essas formas tivessem alguma coisa em comum e
tamente e exclusivamente uma palavra; isso não suprime a existência des- característica; como, por exemplo, os imperfeitos latinos em -bam. Mas esse
ses objetos materiais. Da mesma forma, náo hâ um único fato moral que se fato, caso acontecesse, não teria nenhuma importância em princípio, deve-
pOSSa, exatamente e exClUsivamente, encerrar em um determinado termo; ria ser considerado como um simples acidente: podendo, por outro lado,
mas isso não ameaça, nem por um instante, a existência desses fatos mo- incontestavelmente, ter certas conseqüências no que lhe diz respeito, como
rais. O que pode ser proposto, como uma questáo digna de exame, é em que todos os acidentes de que se compõe eternamente a língua, mas não mais
medida apalavracorresponde a um fato moral determinado, assim como se do que o acidente inverso, em que acabamos de nos deter.
é obrigado a pesquisar em que medida a idéia de sombra, por exemplo, Resta, agora, constatar (IV) que nenhuma das considerações é sepa-
corresponde a um fato material determinado. As duas séries de investigação rável.
não dependem mais da lingüística. Eu acrescentaria, sem sair do domínio Nós somos sempre reconduzidos aos quatro termos irredutíveis e às
lingüístico, que o fato moral, que existe graças à consciência imediata que três relações irredutíveis entre eles, que formam um todo único para o espí-
dele temos, é provavelmente infìnitamente mais importante, como fator da rito: (um signo / sua signifìcação) : (um signo / e um outro signo) e, além
língua, do que o fato material, que só chega indiretamente, e de maneira disso : (uma signifìcação / uma outra significação).
muito incompleta, ao nosso conhecimento. Seria preciso, para que uma outra coisa se produzisse, que um desses
dois termos fosse determinado, ainda que artifìcialmente, em si; e é isso
Uma fìgura vocal se torna uma forma a partir do instante crucial em que que supomos, por necessidade e em certa medida, ao falar de uma idéia ¿ ou
é introduzida no jogo de signos que se chama lingua, da mesma maneira de uma forma A. Mas, na realidade , nãohá,, na língua, nenhuma determina-
que um pedaço de pano,jogado no fundo do navio, se torna um sinal no ins- çáo, nem da idéia e nem da forma; náohâoutra determinação além da deter-
tante em que é içado ]q entre outros signos içados no mesmo momento e minação da idéia pela forma e da forma pela idéia.
que contribuem para uma signifìc ação; 2e entre cem outros que poderiam ser A primeira expressão da realidade seria dizer que a língua (ou seja, o
içados, e cuja lembrança não contribui menos para a t ] sujeito falante) não percebe nem a idêia a, nem a forma A, mas apenas a
, a
relacão
A,'
Como decidir, procurando fìcar no lado mais material das coisas que essa expressão seria, ainda, completamente grosseira. Ela
só percebe, na
possa considerar o morfologista, como decidir: verdade,arelaçãoentïeasduasrelações a abc,ou b- . blr
AHZ" A
,
(I) se ë<pr1v é uma forma de aoristo comparável a ëpqv, se hâ' formações de etc. ARS B
aoristo como ëgr¡v a menos que se evoque imediatamenle o sentido: lq senti-
do geral de aoristo; 2e o sentido particular contido em ð<pqv qtte faz com que
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w É isso que chamamos de QUATÉRNION FINAL e, considerando os qua- colocaremos, entáo, entrando no quadro inadmissível w
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- que a mudan-
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tro termos em suas relações: a tripla relação irredutível. E, talvez, sem razão ça de significação não tem valor algum como fato resultante do trmpo, por to-
que renunciamos a reduzir essas três relações a uma só; mas nos parece que dos os tipos de razões, entre outras, porque essa mudança se dá a cada
essa tentativa começaria a ultrapassar a competência do lingüista. instante e não exclui a significaçáo precedente, que se torna concorrenre;
enquanto que a mudança de forma reside na substituiçã.o de um termo por
Capital outro; e porque essa substituiçáo consagra, supõe com necessidade, e por si
só, a presença sucessiva de duas épocas;
Náo é a mesma coisa, como muitas vezes se acredita, falar da relação da
forma e da idéia, ou da relação da idéia e da forma: porque, quando se toma
- que a significação é apenas uma maneira de exprimir o valor de uma
forma, valor que depende completamente das formas coexistentes a cada
por base a forma A, abarca-se, mais ou menos exatamente, um certo núme- momento, e que é, por conseguinte, uma empreitada quimérica, não apenas
ro de ideias a b c; querer examinar essa significaçáo em si mesma (o que não é nada lingüístico),
mas querer examiná-la com relaçáo a uma forma, visto que essa forma muda
(reìarão obc\ e, com ela, todas as outras e, com estas, todas as signifìcações, de maneira
\'"'*Y*" I /
que só se pode dominar a mudança de signifìcação vagamente com relação
e quando se toma por base a idéia ø, abarca-se, mais ou menos exatamente, ao conjunto.
um certo número de formas AHZ o fato de que não hâ nada ínstøntâneo que não seja morfológico (ou signi-
fìcativo), e que também não hânadamorfológico que não seja instantâneo,
(retação ñ) é inesgotável nos desdobramentos que comporta.
Mas esse primeiro fato tem, por contrapartida imediata, que nada há de
Observa-se que não há, portanto, nenhum ponto de partida nem qual- sucessivo que não seja fonético (ou fora da significaçáo), e que nada há de
quer ponto de referência fixo na língua. fonético que não seja sucessivo.
7 Capital
lMudønçø fonétícø e mudançø semânticol
Whitney, Gramática do sânscrito, p.
A persistência (mais ou menos exata) de muitas funçóes signifìcativas
41.;
no tempo e nas formas é o fato que nos sugere falsamente a idéia- eu não
Ao tratar separadamente a dupla questão das modificações Ce formas e das modi-
digo que existe uma história das signifìcações, porque isso não signifìca
ficøções de sentido nøs palavras, nós não criamos uma divisão artificial e nada faze-
decididamente nada
mos qlém de reconhecer as distinções naturais...
duplo aspecto da forma- mas que existe uma história da língua tomada pelo
e do sentido (ou seja, uma morfologia histórica): ou
uma possibilidade de seguir o movimento quadruplicadamente combinado
Mergulha-se em profundo devaneio ao se ver comparar, em obras sérias
da mudança das fìguras vocais, de sua combinação geral como signos, de
(exemplo: Whitney), essas duas espécies de mudanças no tempo:
sua combinação geral com a idéia, e de sua combinação particular.
a) uma palavra muda de significaçáo;
ora, essa persistência das funções é um fato deixado ao mais completo
b) uma palavra muda de forma (ou de som), enfim, muda materialmente.
acaso, não mais importante, em princípio, do que o fato inverso.
Seria preciso retomar tudo, e não se sabe de que lado começar. Seria Recorren-
do à comparação com a história de um organismo (?)
preciso, entre mil coisas, indagar o que é uma palavra (no tempo), se ela [ ]
pode mudar de forma e de signifìc ação e, portanto, o que signifi ca a afirma-
como entender o extremo mal-entendido que domina as reflexões so-
ção[ ] bre a linguagem?
Mas vamos nos limitar a retomar o fio condutor, em vez de tentar escla-
Supõe-se que existem termos duplos que comportam
recer o amontado de erros e de termos mal definidos que t uma forma, um
] corpo, um ser fonético
e uma significação, uma idéia, um ser, uma coisa
espiritual. -
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42 Sobre a Essêncio Dupla da Linguagem Sobre ø Essênciø Dupla dø Linguagem 43
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Dizemos, antes de tudo, que aforma é a mesma coisa que O mecanismo da língua
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a significação, e
- considerado sempre EM UM MOMENTO
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que esse ser é quádruplo. DADO, que é a única maneira de estudar esse mecanismo será, um dia,
-
estamos persuadidos disso, reduzido a fórmulas relativamente simples. Por
Visão habitual ora, não se poderia nem mesmo sonhar em estabelecer essas fórmulas: se,
para fixar as idéias, tentamos delinear, em traços gerais, o que nós nos re-
A Significação presentamos sob o nome de uma semiologiø, ou seja, de um sistema de sig-
B Forma nos totalmente independente daquilo que o dispôs e tal como existe no
espírito dos sujeitos falantes, é certo que estamos ainda, a despeito de nós,
Visáo proposta: limitados a opor, sem cessar, essa semiologia à sempiterna etimologia; que
essa distinção, quando se chega à particularidade, é tão delicada que absor-
II ve, só para si, atenção muito constante, que provavelmente ela será conside-
rada distinção sutil em mil casos, previstos ou imprevistos; que, por conse-
Diferença geral das Uma significaçáo Figura vocal qüência, ainda não está próximo o momento em que se poderá opera{, com
significações (só existe (relativa (que serve de forma toda tranqüilidade, fora de toda etimologia, sobre t ]
segundo a diferença a uma forma). ou de várias formas
das formas). em I).
B lSemiologiøl
Diferença geral Uma forma I. Domínio não lingüístico do pensamento puro, ou sem signo vocal e
das formas (só existe (sempre relativa
fora do signo vocal, que se compõe de quantidades absolutas.
segundo a diferença a uma signifìcação) II. Domínio lingüístico do signo vocal (Semiologia): nele também é inútil
das signifìcações). querer considerar a idéia fora do signo e o signo fora da idéia. Esse domínio
é, ao mesmo tempo, o do pensamento relativo, da figura vocal relatiya e da
Declaramos que expressões como A forma, A idéia; A forma e A idéia; O
relação entre os dois.
signo e A significação, são, para nós, sinais de uma concepção diretamente
III. Domínio lingüístico do som puro ou daquilo que serve de signo
considerado em si mesmo e fora de qualquer relaçáo com o pensamento :
falsa da língua.
Não existe a. forma e uma idéia correspondente; não hâ, também, ø sig- FONÉTICA.
nifìcação e um signo correspondente. Há formas e significações possíveis
(nunca correspondentes); há, apenas, em realidade, diferenças de formas e
I. Domínio não lingüístico do pensamento puro, ou sem signo vocal, e
diferenças de significações; por outro lado, cada uma dessas ordens de diferen- forado signo vocal.
ças (por conseguinte, de coisas já negativas em si mesmas) só existe como E a esse domínio, pertença ele a que ciência for, que deve ser relegada
diferenças graças à união com a outra. toda espécie de categoria absoluta da idéia, se for realmente dada como
E curioso que a nasal, como tal, pareça ser, em muitas línguas, uma absoluta, quando se pretende colocar, por exemplo, a categoria SOL, ou a
quantidade semiológica. Assim, em sânscrito
da palavra (simplesmente)
- no que diz respeito ao interior
é possível fìngir que se ignora uma relação
categoria do FUTURO ou a do SUBSTANTIYO contanto que sejam dqdas como
req,lmente absolutas e independentes dos signos tocais de
uma língua, ou das infi-
-
entre ri, n e n e ñ, tão completamente quanto uma relação entre b, g e d. Do nitas variedades de quaisquer signos. Não cabe ao lingüista examinar onde
mesmo modo que náo estabelecemos nenhuma troca entre b-g-d, mas que pode começar, realmente, essa libertação do signo vocal, se certas categorias
evocamos, pela presen ça de b g d, o ponto de vista diacrônico ou então nenhum preexistem e se outras pós-existem ao signo vocal; se, por conseguinte, al-
ponto de vista: assim também, pareceria natural evocar por [ ] gumas são absolutas e necessárias para o espírito e outras relativas e con-
tingentes; se algumas podem continuar a existir fora do signo enquanto
As quantidades semiológicas são unidades em que a língua reúne certos outras têm um signo, etc. Só aidéia relativa aos signos
elementos vocais atribuindo-lhes um valor uno ou semelhante [
t ]
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Sobre q Essência Duplø da Linguagem
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II. Domínio lingüístico do pensamento, que se torna IDÉIA NO SIGNO, ou
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w da mesma coisa duas coisas; isso sem nenhum jogo de palavras, como tam- w
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d,afigurøvocø\, que se torna SIGNO NA IDÉIA: o que não é duas coisas, mas bém sem nenhum mal-entendido sobre o que acabamos de chamar de coisa,
uma, contrariamente ao primeiro erro fundamental. É, hmbém, literalmen- a saber, um objeto de pensamento distinto, e não uma idéia diversa do mes-
te verdadeiro dizer que a palavra é o signo da idéia e dizer que a idéia é o mo objeto.
signo da palavra; ela o é acada instante, já que náo é possível, sem ela, nem cada vez que se tratar da crítica das operações gramaticais realizadas
mesmo fìxar e limitar materialmente uma palavra na frase. sobre um estado de língua determinado, nossas observações correrão o risco
Quem diz signo diz signíficação; quem diz significøção diz srigno; tomar por de serem tomadas por uma afìrmação banal do princípio histórico; o que é
base o signo (sozinho) não é apenas inexato, mas não quer dizer absoluta- justamente o contrário do que entendemos.
mente nada porque, no instante em que o signo perde a totalidade de suas Nós sustentamos, com efeito, precisamente ao inverso, que existe um
signifìcações, ele nada mais é do que uma fìgura vocal. estudo científico relativo a cada estado de língua tomado em si mesmo; que
esse estudo, além de não precisar da intervençáo do ponto de vista histórico
A distinçáo fundamental e única, em lingüística, depende, enrão, de saber: e de não depender dele, tem por condição preliminar que seja feita tábula
se é considerado um signo ou uma figura vocal como signo (Semiologia : rasa, sistematicamente, de toda espécie de visão e de noção histórica, assim
-
morfologia, gramâtica, sintaxe, sinonímia, retórica, estilística, lexicologia, como de toda terminologia histórica.
etc., sendo o todo ínseparável), o que implica diretamente quatro termos Infelizmente, a maneira de formular os fatos em cada um desses estados
irredutíveis e três relações entre esses quatro termos, sendo que as três de língua tomados em si mesmos é, até agora, eminentemente empírica., ou
devem ser, além disso, transportadas pelo pensamento na consciência do entáo, o que é muito pior [sic], corrompida desde o princípio pela intromis-
sujeito falante; são, supostamente científica, dos resultados da história em um sistema que
- ou se é considerado um signo ou uma figura vocal como figura vocal (foné-
tica), o que não acarreta nem a obrigação imediata de considerar um outro
funciona, repetimos, totalmente independente da história.
Que nos perdoem nosso absolutismo; mas nos parece, para dizer aver-
termo e nem a de se representar outra coisa além do fato objetivo; mas o dade, que mesmo numa obra absolutamente geral e quase que de divulga-
que é, também, uma maneira eminentemente abstrata de considerar a lín-
ção como, por exemplo, LaVie du Langage, de Whitney, seria preciso colocar,
gua: porque, acadamomento de sua existência, só EXISTE lingüisticamente desde a primeira pâgina, o dilema:
o que é percebido pela consciência, ou seja, o que é ou se torna signo. Cabe considerar a língua como o mecanismo que seïve à expressão de
um pensamento? Neste primeiro caso, que é tão importante quanto o ou-
tro, senão infìnitamente mais, basta fazer uma consideração histórica das
9 lAvíso øo leitorl
formas, e todo o trabalho da escola lingüística de um século para câ, dirigi-
Capital do unicamente à sucessão histórica de certas identidades que servem, de
repente, a mil fìns, é, em princípio, sem importância.
Náo podemos fingir que não vemos que a grande dificuldade de nossa Na prática e, auxiliarmente, com a condição, também, de ser aplicado de
exposiçáo (que vai alterar continuamente, receamos, o sentido de nossas maneira nova, porque ela se tornaria, então, metódica e sistemática, nós
observações no espírito de alguns leitores) vem do próprio erro que esre reconhecemos que o trabalho do historiador pode lançar uma luz muito
opúsculo é destinado a combater. Nós chegamos, efetivamente, a imaginar viva, incidindo sobre as condições que regem a expressão do pensamento,
que os fatos de linguagem, expressos com relação a uma época dada, repre- principalmente ao produzir a prova de que não é o pensamento que cria o
sentam ipso facto uma maneira EMPÍRICA de exprimir esses fatos, enquan- signo, mas o signo que determina, primordialmente, o pensamento (por
to que a maneira RACIONAL de exprimi-los seria exclusivamenre a que conseguinte , o cria, na realidade, e o leva, por sua vez, a criar signos,
sempre
recorre a períodos anteriores. Nosso objetivo é mostrar que cada fato de um pouco diferentes daqueles que recebeu).
linguagem existe ao mesmo tempo na esfera do presente e na esfera do
passado, mas com duas existências distintas, e comporta não UMA, mas
. Quando se quer, ao contrário, considerar a língua como uma soma de
srgnos (não é mais preciso faIar,
aqui, de sistema) que gozam da proprieda-
regularmente DUAS EXPRESSÓES RACIONAIS, legítimas do mesmo jei- qe de se
transmitir através do tempo, de indivíduo para indivíduo, de gera-
to, uma táo impossível de suprimir quanto a outra, mas acabando por fazer ção para geração, é preciso, desde o início, constatar que
esse objeto ofere-
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Linguøgem
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Sobre a Essência Dupla da Linguøgem Sobre ø Essência DupIø dø 47
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signifìcação completa ou complementa{, como um determinado ,.som,, de
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ce, apenas, alguma coisa em comum com o precedente. Essa opinião, que
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pode parecer paradoxal, encontra, a cada instante, sua verificação; e são língua; ou signo não vocal, como "o fato de pôr tal signo antes de tal outro,')
essas as duas maneiras, que julgamos irredutíveis, de considerar alingua. tem um valor purømente, por conseguinte, não positivo mas, ao contrário,
Suponhamos que temos que tratar da origem da linguagem. Haverâ, imediata- essencialmente, eternamente NEGATIVO.
mente, essas duas maneiras de conceber a questão: ou as condições em que A base perceptível, que é o primeiro e o último fundamento de qualquer
um pensamento chega a corresponder a um signo ou as condições em espécie de consideração lingüística, histórica, fìlosófìca, psicológi ca, nio é
-
que um signo chega a se transmitir durante seis meses, ou doze meses, e nem a forma, nem o sentido,
- nem,
logo o pensemento é suprimido porque esse pensamento pode diferir de um - nem 4qema terceiro lugar, a união indissolúvel da forma e do sentido,
instante para o outro. Ora, o fenômeno primordial da linguagem é a associ- - mas é 5a adiferença dos sentidos,
diferença das formas.
ação de um pensamento a um signo; e é justamente esse fato primordial que -
é suprimido na transmissáo do signo.
Em checo, uma palavra (neutra): zløto.
I}a Da essênciø, etc. Eu estou tentado a dizer que esse fato é muito mais instrutivo, por si só,
lPer sp ectitt a inst ønt âne a e fonétic a. E st ødol do que tudo o que foi escrito sobre a língua, por parte dos lingüistas, e, por
parte dos fìlósofos, sobre o mecanismo fundamental da relação entre o sig-
Quando se fica deliberadamente na perspectivainstantâneø, acaba-se sem- no e a idéia.
pre por compreender que não hâ nada no ESTADO de língua que possa se Não se pode, em primeiro lugar, desejar prova mais flagrante em abono
chamar de fonético. da afirmação de que um signo de linguagem só existe pelo estrito fato da
Mas que 1'cada fato supostamente fonético que existe na gramática de existência de outros, jâ. que, na declinação de zlato, todas as combinações
uma língua num dado momento é efetivamente fonético se for considerado possíveis da idéia de substância com as de [
comparatfuamente a uma outro época (começando por formulá-lo de maneira
] mas acontece que zløt é
absolutamente capaz de representar, ainda, a idéia t ]
totalmente diferente): mas é então que se abandona a perspectiva instantâ- Como isso se dá? Unicamente pela oposição com zlatëch.
nea e se mistura dois pontos de vista que não admitem ser misturados.
Quem diz forma diz diferença com outras formas e nada mais. pode-se
Ou então 2a quando, ao contrário, se quer formular o fato, propondo-se considerar apenas a diferença com umo outra forma, por exemplo, unica-
metodicamente a permanecer numa época dada, é regularmente impossível mente, a diferença entre ïflroç e ínæov ou bem unicamente a diferença entre
perceber em que esse fato se distingue de um fato semiológico (ou ircruoç e 0úÀcroocr. Neste caso, a
forma não é determinad a, ela não é determi-
morfológico, se assim se preferir) qualquer como, por exemplo, a oposição nada [ ]
de lupum com lupus, ou a oposiçáo de tu es com es-tu.
? Círculo vicioso fundamental
Caso de n cerebral, no sânscrito: pitnamahøm
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Acrescente-se, aqui, o fato de que se lê uma escrita correntemente Sem 70b Regra: n cacuminol
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Mas essas duas coisas, por sua vez, sáo apenas um aspecto momentâ- diversidade, por conseguinte relativo, não se é tentado a dar uma existência
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neo, uma maneira empírica de exprimir os fatos, visto que nem a idéia nem positiva e finita a um dos dois termos independentemente do outro, ou a
o signo, nem as diversidades dos signos, nem a diversidade das idéias, re- partir de um dos dois termos de preferência ao outro, seja quais forem as
presentam jamais, por si só, um termo dado: nada é dado, a náo ser a diver- palavras usadas.
sidade dos signos combinada indissoluvelmente, e de maneira infinitamen-
te complexa, com a diversidade das idéias. 2. Diversidqde do signo que corresponde a uma significação unø (ou de emprego
Os dois caos, ao se unirem, produzem urr'a ordem. Não há nada mais uno)
inútil do que querer estabelecer a ordem separando-os. Ninguém, sabemos, (rathad-rajnas)
pensa em separá-los radicalmente. Mas apenas em separar um do outro e a
partir, qd libitum, disto ou daquilo, depois de se ter, anteriormente, feito
Aqui, ao contrário, é muito crítico começar a falar da diversidade do
disto ou daquilo uma coisa que supostamente existe por si mesma. É isso, signo na IDEIA una em vez de falar de sua diversidade no emprego uno ou
justamente, o que nós chamamos de querer separar os dois caos, e que nós significação unø | ]: porque isso é cair no erro de acreditar que haja, ante-
acreditamos ser o vício fundamental das considerações gramaticais às quais riormente estabelecidas, quaisquer categorias ideais em que aconteçam de-
estamos habituados. pois, secundariamente, os acidentes do signo. A unidade da "idéia" que
preside, aqui, à diferença do signo, só tem como sanção o fato de estar em
rathad-røjnas diversidqde do signo na significação una
outro lugar e por sua vez na mesma língua encarnada numa unidqde de signo
por oposição ø uma diferença de idéías (caso 3).
rathad-rath¿ diversidade do signo na idéiq diversa
Caso se queira absolutamente usar a palavra idéia, resultaría daí ter que
(unidade do signo na idéia una)
formular como se segue os dois casos de que nos ocupamos.
raJnas-raJnqs unidade do signo na idéía diversa 7e caso simplesmente: diversidade do signo na idéia diversa, mas em
id. - id. diversidade da idéia no signo uno compensação
(røthad-rathc) diversidade da idéia no signo diverso do signo na idêia una, mas essa unidade da idéia
2e caso: diversidade
(unidade da idéia no signo uno) corresponde, em algum lugar, a um signo uno;
(rathad-rajnas) unidade da idéia no signo diverso
3. Diversidq.de da significação que corresponde a uma unidade de signo
Resíduo: Duas coisas para eliminar:
rathad-rathc diversidade do signo em signifìcações diferentes 1q diversos sentidos de uma palavra que só são diversos se são defìni-
-
dos exatamente, cada um, por uma outra palavra;
rdjnøs-rajnas unidade do signo numa significação diferente
2q os sentidos de dois homófonos. Como son "sonus" e son.
rathad-rajnas diversidade do signo numa signifìcação una
Resta o caso de rajnas ablativo e rajnas genitivo.
a unidade de só pode ser constatada por t ]
significação
72 lvidø da linguagemf
Uma signifìcação assume uma existência ou pode-se pensar que ela as-
Por vida da linguagem pode-se entender, primeiramente, o fato de que a
sume uma existência fora dos signos t ]
linguagem vive através do tempo, ou seja, é suscetível de se transmitir.
Esse fato é, se assim se preferir, um elemento vital da linguagem, por-
l. Diversidade do signo que corresponde a significøções diferentes (ou ernpregos
que nada há na linguagem que não seja transmitido; mas ele é, sobretudo,
diferentes)
absolutamente estranho à linguagem.
Aqui, pode-se substituir, se assim se preferir, significøção (ors emprego) - Ou SIGNO e seqüência de tempo, mas, nesse caso, nenhuma idéia no
signo. É isso que se chama fonética.
por idéia ou outra coisa, sem inconveniente grave porque, sendo tudo uma
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52 Sobre Essência DupIø da Linguagem
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73 lGramática : cøtegoriøsf
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Ou SIGNO IDEIA: mas, neste caso, inversamente, nada de seqüênciø w
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de tempo; necessidade de respeitar completamente o instante e unicamente o
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54 Sobre a Essência Duplø da Linguøgem Sobre a Essênciq Duplø da Linguøgem
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car sua presença, em que circunstâncias isso pode se produzir e, definitiva- w
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.c Características da espécie de fatos morfológicos .d o
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mente, de que se compõe o capítulo da "fonética" de uma língua que consis- ou da espécie de regras "fonëticas" que dá.
te apenas de regras desse gênero (uma vez libertas, naturalmente, da a ilusão de fatos fonéticos
hibridaçáo com o ponto de vista diacrônico, que tem, como primeiro efeito,
furtar à discussão qualquer objeto fìrme). É necessário ver o que eles são com relação ao dado verdadeiramente
A fortuita possíbilidade de regrø, freqüentemente fonético e com relação à etimologia.
2e muito evidenre, mas
que, por si só (e sem o exercício de crítica alguma, como acabamos de ver), e 2q o que são com relação ao dado do fato morfológico em geral.
determina o total deregras que se estabelece entre um som e outro, por sua
vez, de onde provém? Primeirø série de reflexões
Segunda regra
De onde se parte, o que se tem em vista, onde se chega exatamente
Em todos os casos em que um s deveriaftgurar, seja depois das consoan-
quando se tenta, com ou sem ra.zão, formular uma regra de fonética instantânea
tes fr. e r, seja depois de uma vogal ou ditongo que não seja a e õ, esse s é
permanecendo, fiel a este ponto de vista, legítimo ou não, já que
substituído por s; -as conseqüências datodavia,
mistura adlibitum de pontos de vista (que é o procedi-
mento habitual) só podem ser estudadas posteriormente?
Ex. O sufixo do futuro é -sya-ti:
pã-sya-ti, "ele protegerá"
1. De onde se parte e o que se tem em vista? Não se tem nada em vista.
mas ne -çya-ti, "ele conduzirá"
Parte-se, empiricamente e maquinalmente, da impressão de que a presença
Consideremos tap-sya-ti, "ele inflamará ou atormentarâ"
de tal elemento tem relação com certas circunstâncias e apresenta um cará-
Mas: vak-sya-ti, "ele dirâ"
ter de regularidade apreciável. Quando se decide, por exemplo, que cabe es-
(açvesu baniksu.)
tabelecer uma regra sobre o aparecimento, é simplesmente porque pareceu
que havia possibilidade, não se sabe como, de estabelecê-la; a melhor prova
cf. senosu cf. saritsu
disso é que não há interesse em estabelecer o aparecimento, que há, na
mesma língua, uma multidão de elementos da mesma ordem com que nin-
15 lRegras guém se importa, cuja presença, ao contrário da presença dos precedentes,
de fonética ínstantâneal
não se torna jamais objeto de uma regra, sem que haja, nem mesmo, uma
Quaestio tentativa de explicar por quê.
Compõe-se marut- com uma outra palavra. IHrâ, uma regra "fonética,, so-
bre em que se transformará o t. 2. Em que circunstâncias precisas a presença de um elemento (não sig-
Compõe-se dvtpin- com uma outra palavra. Há uma regra "morfolôgica,, nifìcativo em si mesmo e considerado, por essa mesma razáo, fonético) se
exigindo que se parta de dvtpi-, depois uma regra "fionética" que indique em torna objeto de uma regra?
que se transformará o i. Todas as regras de fonética instantânea têm, na realidade, por sempiter-
Há um limite? na substância, dizer que um elemento B (nas circunstâncias indicadas) é o
É verdade que a regra do ¿ de marut vale para qualquer f, mas dizer que substituto de um elemento cr.
dv pia + açv qu dâ dv t py øçv au, não vale para qualquer in, mas apenas par a o in
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a Essência Dupla da Linguagem
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3. Como toda regra de fonética instantânea se move entre dois termos Isso se houvesse apenas o fato de que jamais se encontra um s depois de
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6¿-B que se intercambiam, de onde se infere que um dos dois, por exemplo cr, h, r e vogal em exemplos, como muçnami e asmi, que nada têm em comum
tem, sobre o outro, uma posição de preeminência ou de prioridade? morfologicamente.
Por exemplo, supondo -se, jâ que é preciso, que cabe estabelecer uma É a mesma coisa para rl - n São casos como çurerla açvena, ou muçna-
regraparaaaparição do ç sânscrito (reconhecendo-se, por outro lado, o que
-
mi-/badhanami, ou nayami-/prar¡ayømi I ]
é evidente, que essa regra só signifìca, no fundo, que se estuda não aapari-
ção de ç, mas a troca de ç/s)
- por que, admitidas essas coisas, dizer que o
s sânscrito "se torna" ç em tais circunstâncias (e deixamos completamente
76 Características dø regrø de fonética instantânea"
de lado a grande questão da palavra "se torna"), em vez de dizer, inversa-
mente, que o ç sânscrito "se torna" s em tais outras? Começa aqui toda uma Característicøs da regra de fonética instantânea
série de observações de aplicação geral.
1. Ela supõe dols termos a-p.
Querendo realmente se ater a um estado de língua dado
não estamos mais sobre nenhum terreno definido
- e sem isso
pode-se dizer que o
(S) (Nenhuma regra desse gênero se aplica a um termo determinado
-
termo cr é substituído pelo termo B (ou transformado no termo p) tanto
fora de uma oposição com outros, por exemplo [ ])
2. Os termos a-B são simultâneos. (S)
quanto se pode dizer o inverso; não há a menor razão para atribuir à q, ou à
B a qualidade de termo normal com relação ao outro. "s depois de h, de r e de
3. 1 l
vogais, fora la/a], se torna ç" es então, numa tentativa de progresso, o
queésaquiéçlá. - MESMO com a mais ampla admissão de todas as fórmulas que náo se
(Nós náo insistimos aqui na fórmula e admitimos que se pode estabele- poderia aprovar na medida em que se avizinham do ponto de vista
etimológico, [ ]
cer a regra sem sair da época dada.)
(A regra de fonética instantânea é essencialmente incapaz, mesmo como
regraprâtica, de formular uma relação constante entre os fatos.)
Primeira ordem de considerações
[a)] O que leva, antes de mais nada, o gramático aquererformularuma -Há Adois
troca, como única expressão verdadeira de todo movimento na língua.
tipos de troco, qlue são completamente distintos, na vida língua
regra (dita regra fonética) relativamente à presença de um ç emtøksu, girisu, da
mas, em compensação, não hâ mudançø. Para que houvesse mudança, seria
çiçmøs, etc., quando ninguém sonha em formular uma regra sobre a presen-
ça de um p em pftA, de y em qvq, etc. É exclusivamente, como todos
Fm
preciso que houvesse uma matéria defìnida em si mesma num momento dado,
vêem, o fato de que s se encontra oposto ao s nas formas de um evidente o que não acontece jamais; só se pronuncia uma palavra pelo seu valor.
parentesco: t ] Na troca, a unidade é estabelecida por um valor ideal, em nome do qual
se considera equivalentes entre si objetos materiais que podem, ademais,
b) Admitindo-se que cabe estabelecer uma regra como o gramático ser absolutamente dessemelhantes e, além disso, constantemente renova-
hâ de fazer para I l
- dos, cada um em sua substância. Essa é exatamente a característica de todas
Entáo, em nenhum momento, a pretensa regra fonética estabelecida, as "mudanças" ou "movimentos" lingüísticos.
restringindo-se a um dado estado de língua, se distingue, no que quer que Náo há outro princípio de unidade além do princípio da unidade de valor
seja, de uma regra morfológica, o que ela é, unicamente e efetivamente. e, por conseguinte, nãohâ mudança que náo tenha a forma de uma troca.
vaksu jihvasu é uma regra totalmente semelhante, em sua essência, Agora, há diferentes gêneros de vøIores, dependendo da base que se toma.
-
em sua natureza, àquela segundo a qual há presentes em -ni e [ ]
Substituir luíses por napoleões é uma mudança.
c) Sua regta é, finalmente, a expressão de uma ahernância, fato essenci-
almente morfológico. , J-. regra de "fonética instantânea" é sempre teoricamente impossível
oe tormular de uma
Suprimida a alternância, não há mais nem regra, nem sugestáo para maneira satisfatória e racional, mas estará sempre, além
disso, prøtic qmente
estabelecer uma regra. sem nenhum a garantiade ,.regularidade,,.
h a n g e Vi h a n g e Vi
XC e XC e
F- w F- w
PD
PD
er
er
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58 a Essência DupIø da Linguagem 59
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a Essência Dupla da Linguagem Sobre
O
O
Sobre
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y -
y
bu
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k
lic
lic
C
C
Num sistema considerado em um momento dado, é evidente que nada Mas cada parallélie só pode ser determinada pela presença de outras;
w
w
m
m
w w
w
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.d o .c .d o .c
c u -tr a c k c u -tr a c k
assim eîpr ôriloro por ëplopar ðíôo¡"n, eîpr ôíôro¡n para a considera-
pode ser fonético. - - -
ção dos casos em que não há -pr", por exemplo eép<Ð e da regra segundo a
Em todos os domínios da lingüística, é notável que, logo que uma pro- qual se tem -pr.
posição assume um caráter geral, ela exprime ou, como se queira, a coisa
mais banal, que se sente uma espécie de pudor para enunciar - ou a coisa A parallélie unilateral do aoristo é aquela que reúne ëotr1v, ëôer(cx, ðÀræov
mais paradoxal, que será obstinadamente combatida pelas mesmas pessoas recorrendo à unidade de uma certa idéia. Como nãohâ unidade correspon-
dente nas formas, essa parøIléIie é unilateral.
que riam, agora mesmo, ao ver a mesma verdade dita de uma forma mais
Ora, sobre o que repousa essaparqllëlie, jâ que ela não é dada pelas for-
fárcil.
mas? Unicamente sobre uma soma infìnita de diferenças com outras poralléIies
(as quais serão, no que lhes concerne, ora unilaterais, ora bilaterais).
17 lFala efetiva e føla Potenciall Pode-se falar, em segundo lugar, da paralléIie do aoristo em -oo, que é
uma parallélie bilateral, oferecendo uma certa unidade de forma e uma liga-
Nós denominamos sintagma a fala efetiva, ção da idéia entre essas formas.
a combinação de elementos contidos numa seção da fala real, A pørølléIie unilateral não é mais separável da forma do que a parallélie
- ou
ou o regime em que os elementos se encontram ligados entre si por bilateral.
-
sua seqüência e precedência. Assim, a diferença com éorúr1v /iorur1v, êôeírwv.
Por oposição à parallélie ou fala potencial, ou coletividade de elementos Vê-se, entáo, que a pøralléIie, de que fazemos momentaneamente uma
concebidos e associados pelo espírito, ou regime no qual um elemento leva unidade positiva e independente das formas, não é independente das for-
uma existência em meio a outros elementos possíveis. mas; ou náo é independente das formas pela mesma razão que não é positiva.
O que é a categori a gramatical com relaçáo à paralléIie t ]
Toda espécie de elemento vocal (e, como veremos, toda espécie de ele-
mento morfológico) é sujeito, por natureza, a existir sob dois regimes: aquele 19 lAhernâncial
em que ele se torna definível com relaçáo ao que se segue e precede, aquele
em que ele é definível com relaçáo al ]
Objetivo, noção, concepção provisória dø ALTERNÂNCIA
1. Em toda língua, tomada a qualquer momento, é imediatamente pos-
18 lPørøIléIíel
sível separar t ]
Parallélie eîpr ôrÍ¡oro (etc.) 2. O fenômeno da alternância tem, então, um caráter universal.
-
Característica: idéia de futuro determinado 3. Ora se pode dizer que uma significação se liga à alternância: assim
gast/gäste, ora se observa, ao contrário, que ela não tem valor para a signifì-
Quando se considera cada membro da pørallélie, ele se exprime da se-
cação: assim, deter-se nesse detalhe, como numa distinção importante, se-
guinte forma: eîpr ôrírco
futuro futuro ria se afastar completamente do objeto essencial.
4. Ora é possível discernir em que condições (ditas "fonéticas") se pro-
duz cada um dos termos da alternância, ou ao menos um dos dois assim
Parqllélie eîpr ôíôropr <péporpr
- -
Característi ca da p ar allélie :
t ] (nota: na realidade, para nós, como se segue a todo este trabalho,
elas são consideradas eminentemente morfológicas, já que são instantâneas).
Bilateral: idéia de primeira pessoa
Ora, ao contrário, é absolutamente impossivel dizer de que "depende"
signo concordante.
essa alternância: assim gast/gäste.
Considerando cada seqüência eîPr
Deter-se nesse segundo detalhe seria igualmente se enganar sobre o
la pessoa pr
alcance do fato da alternância, afogâ-lo nas distinções muito secundárias e
h a n g e Vi h a n g e Vi
XC e XC e
F- w F- w
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Sobre a Essência Dupla dø Linguøgem
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a Essência Dupla
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Sobre da Linguøgem 61
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acidentais que não devem, jamais, impedir que ele seja percebido em sua w
w
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.d o .c .d o .c
c u -tr a c k c u -tr a c k
PD
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y 62 a Essência Dupla
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Sobre da Linguøgem Linguøgem
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Sobre a. Essência Dupla da 63
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w w
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c u -tr a c k c u -tr a c k
sequer, por si mesmo, fora de sua oposição com outros, e que seja alguma Assim como, no jogo de xadrez, seria absurdo perguntar o que seria
coisa além de um modo mais ou menos feliz de representar um conjunto de uma dama, um peão, um bispo ou um cavalo, considãraãos fora
do jogo de
diferenças emjogo: de sorte que só essas diferenças existem e que, por isso xadrez, assim também não tem sentido, quando se considera verdadeira-
mesmo, todo objeto sobre o qual incide a ciência da linguagem é precipita- mente alínguø, buscar o que é cada elemento por si mesmo. Ele nada
do numa esfera de relatividade, saindo, completa e gravemente, do que se
é além
de uma peça que vale por oposição às outras, segundo certas convenções.
entende, em geral, por "relatividade" dos fatos. se não fosse pelo fato, em suma contingente, de que os materiais da
Por sua vez, as diferenças em que consiste toda a língua nada representa- língua se transformam e acarretam, só por sua mudança, uma metamorfose
riam, nem mesmo teriam sentido em tal questão, se não se quisesse dizer inevitável nas próprias condições do jogo, não seria necessário, e jamais
se
com isso: ou a diferença das formas (mas essa diferença nadaê), ou a dife- teria considerado, escrutinar a natuteza exata desses materiais: seria um
rença das formas percebida pelo espírito (o que é alguma coisa, mas pouca esforço positivamente inútil.
coisa, na língua) ou as diferenças que resultam do jogo complicado e do equi- Para compreender a transformação das diferentes peças graças ao
líbrio fìnal. tem-
po, é útil analisálas em si mesmas. Não é isso que queremos ressaltar mas,
Assim, não apenas nãohaverâtermos positivos, mas diferenças; mas, em antes, que em cad s, valoresRELATIVOS (na realida_
segundo lugaç essas diferenças resultam de uma combinaçáo da forma e do de, até mesmo c dos, antes de tudo, na possibilida_
sentido percebido. de de opor dois dois valores).
como rmfato delíngua exige separação entre os pontos de vista diacrônico
e sinóptico.
PD
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Sobre ø Essência Dupla da Linguagem
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a Essência Dupla da Linguagem
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64 Sobre
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ção morfológica em eslavo primitivo; mas, em princípio, há apenas um sim-
C
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como coisas signifìcantes e presentes na consciência; por conseguinte, a w
w
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c u -tr a c k c u -tr a c k
ples acaso nesse fato: poderia muito bem ocorrer, por acidentes semelhan-
ignorar sistematicamente todas as circunstâncias etimológicas e retrospec-
tes a mil outros que conhecemos, que zlat fosse realmente, por exemplo, o
tivas, que estão ausentes da consciência.
caso-cornplemento do plural, por oposição ao caso-sujeito, estando toda a decli-
Exemplo da diferença fonética entre modiftcaçã.0 e zero como termos su-
cessivos no tempo, por oposição à indiferença morfológica: numa época pré-
nação (ou toda a "sintaxe do nome") reduzida a duas distinçóes, como em
histórica, o genitivo plural eslavo da palavra zlato deve ter sido *zlatóm, de- francês antigo; ora, que sentido teria, nesse caso, falar do genitivo plural
pois, mais tarde, *zlatón, mais tarde e, historicamente, por transformação zlst, se é só no sentido puramente fonético que zlat vale *zlatú, *zlatón, etc.,
regular, zlatú empaleoeslavo; hoje em dia (por exemplo, em checo) zlat, por independentemente de sua existência como genitivo plural e até mesmo
desaparecimento constante de toda espécie de ù, em qualquer posição. como uma forma qualquer mas, simplesmente, em sua existência de fìgura
FONETICAMENTE, pode-se traçar uma fronteira, que será absoluta, vocal. Ora, na verdade é certo, desde que se continue a estabelecer categorias
entre os períodos (zlat)-õm, -õn, -ù, de um lado, onde temos sempre amodi- fora do tempo, que, mesmo como "genitivo plural", a posição morfológica
de zlat é consideravelmente diferente, em checo, do que o era em eslavo
ficação de um elemento dado - e a época zlãt, onde temos subitamente, no
lugar de nosso elemento, um zero. Mas é só fonetícamente que haverá sentido primitivo ou em indo-europeu: há, por exemplo, o fato de que nenhum
em estabelecer, aqui, um limite, no preciso instante em que, morfologicømente, masculino forma, do mesmo modo que zlat, seu genitivo plural (agora é um
esse acidente não tem a menor conseqüência: o nada também é táo válido e genitivo plural neutro), ao passo que nada havia de distintivo entre os gêne-
tão fâcil de usar quanto o chamado signo "do genitivo plural" que pôde se ros. Em segundo lugaç por exemplo, zlat oferece empregos exatamente iguais
apresentar agora mesmo e que se estabelece, em toda païte, tão acidental- aos do genitivo singular zlqta: é o caso de todos os neutros; mas, entre os
mente quanto a ausência de signo no instante presente. masculinos e femininos, o genitivo singular (quando apalavra designa um
Morfologicamente, esse acidente não tem nem mais nem menos impor- ser animado) não tem um emprego igual ao do genitivo plural; e é só através
tância do que teria uma transformação qualquer do signo; o nada, no ins- de toda uma série de fatos paralelos (que podem ser totalmente desconheci-
tante em que se produz, náo difere, literalmente em nada, do signo positivo: dos na véspera) que se determina uma idéia como a que está contida em
o genitivo plural zlst ê tão apto a exprimir seja o que for quanto se contasse zlat. O rótulo de genitivo nos vem do estado acidental dos signos latinos.
com um "expoente" particular, como contava, antes, sob a forma zlatú, O essencial está, todavia, em outro lugar, que não as observações prece-
Eis aí o que se é levado a observar para opor, em princípio, o que é a dentes: é preciso voltar sempre a isto, que morfologicamente não há nem
destruição de um elemento pela fonética e o que é a destruição desse ele- signos nem significações, mas diferenças de signos e diferençøs de significações, 7e
mento para a morfologia; ou seja, uma coisa totalmente indiferente, já que que só existem, absolutamente, uns através dos outros, sendo então
não é mais importante do que a modifìcação de um elemento, sendo que a inseparáveis, mas 2q que não se correspondem diretamente.
morfologia vive dessas modifìcaçóes.
Mas há, na realidade, nessa comparação que é destinada a melhor escla- 22b lPrincípio fundamentøl da semiologial
recer o princípio semiológico ou morfológico, uma inj(ria a esse princípio:
que não comporta um só instante, não deixaremos de aftrmar, a perspectiva Princípio fundamental da semiologia, ou dø "língua",
diacrônica aplicável aos fatos fonéticos. Nós fomos forçados, com efeito, consider ada r egulør mente como língua
para comparar um fato morfológico a um fato fonético, a supol antes, que e não como resuhado de estados precedentes
existem fatos morfológicos no tempo, por exemplo, que existe um "genitivo
Não há, na língua, nem signos nem signiJicações, mas DIFERENçAS de
plural", eslavo ou outro, transmissível através de mil anos sob uma certa signos e DIFERENÇAS de significação; as quais 1q só existem, absoluta-
identidade de genitivo plural, sem que se saiba se essa identidade reside em
mente, umas através das outras (nos dois sentidos) sendo, portanto,
uma certa categoria Lôgica, que se transmitiria misteriosamente fora dos inseparáveis e solidárias; mas 2q náo chegam jamais a se corresponder dire-
signos, ou numa certa série de signos, que sáo eternamente variáveis em tamente.
forma e em valor.
De onde se pode, imediatamente, concluir: que tudo, e nos dois domí-
Para o caso de zlat, em checo, genitivo plural de que nos ocupamos, é nios (não separáveis, aliás), é NEGATIVO na língua repousa sobre uma
relativamente exato comparar sua posição morfológica em checo à sua posi- -
h a n g e Vi h a n g e Vi
XC e XC e
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PD
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Sobre a Essência Duplø da Linguagem
Linguøgem
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Sobre a Essência Dupla da
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oposição complicada, mas unicamente sobre uma oposição, sem intervençáo
C
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um sotaque estrangeiro, enfìm, como uma coisa que ofende, de frente
w
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w w
w
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.d o .c e .d o .c
c u -tr a c k c u -tr a c k
necessária de nenhuma espécie de dado positivo.
nhecimento é da maior utilidade para o lingüista, em certas circunstâncias seria empregado um outro termo, talvez muito mais expressivo, mas
que tentaremos precisar, nós continuamos a dizer que a língua só se alimen- resulta daí que não é a idéia positiva, aidêia, exrerior à língua, de sol, que
ta, em sua essência, de oposições, de um conjunto de valores perfeitamente faz a imagem: que é simplesmente a oposição com outros termos que são,
negativos, que só existem por seu contraste mútuo. eles mesmos, mais ou menos apropriados, como estrela, astro, claridade, uni-
dade, objetivo, ølegria, encorøjamento, | ]
E assim que um fenômeno, que parecia totalmente perdido em meio a
centenas de fenômenos que se pode distinguir, de início, na linguagem, aquele
que chamaremos de FLUTUAÇÁo fonética, merece, desde o começo, ser 24 lSígnos e negatívidadel
tirado da massa e colocado, ao mesmo tempo, como único em seu gênero, e
totalmente característico do princípio negativo que está no fundo do meca- Existe na língua:
nismo da língua. lq se for considerada em um momento dado: não apenas signos, mas tam-
Existem, provavelmente em toda língua, certos elementos ou certos gru- bém significações não separáveis dos signos, visto que ,rão mereceriam
pos que oferecem, náo se sabe por que, uma lqtitude de pronúncia, enquanto mals seu nome sem a significaçáo. "rt",
que a grande maioria é absolutamente inflexível na maneira de se pronun- Em compensação, o que não existe sao
ciar. Em francês, pode-se pronunciar, sob o som de r, duas ou três consoan- . a) as signifìcações, as idéias, as categorias gramaticais fora dos signos;
elas existem , talvez, exteriormen te ao domínio
tes completamente diferentes em articulação e, além disso, tão diferentes lingüßtico;é uma questão muito
duvidosa, a ser examinada, em todo caso, por
para o ouvido que não hânada que se note mais no falar de um indivíduo. outros que não o lingüista;
Entretanto, todos esses sons tão diferentes são aceitos o) figuras vocais que servem de signos não existem mais na língua
- por assimdesvio
dizer, ,_ lt
legalmente como valendo a mesma coisa: ora, o mais insignificante
rnstantânea. Elas fìsiologista, náo para o
-
que se fizesse na pronúncia de um s ou de um d seria, ao contrário, percebi-
lingüista e nemp ão há signifìc açáo fora
do signo ø, assim
do imediatamente ou como vício ridículo de pronúncia ou como signo de ficação.
h a n g e Vi h a n g e Vi
XC XC
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- F-
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68 Sobre a Essêncía Dupla da Linguagem Sobre a Essência Dupla da Linguagem 69
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2e Se, ao contrário, a língua for considerada ao longo de um período:
C
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w termo, pois, e 2e, uma multidáo de idiomas exprimirão, através de termos w
w
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.d o .c .d o .c
c u -tr a c k c u -tr a c k
Entáo, não existe mais signo nem significação, mas apenas figuras vocais totalmente diferentes dos nossos, os lnesmos fatos em que fazemos intervir
É o domínio da fonética. a palavra luø, exprimindo, por exemplo, através de uma primeira palavra, a
lua em suas fases mensais, de uma segunda, a lua como astro diferente do
A figura vocal, em si mesma, nada significa.
1q sol, de uma terceira, a lua por oposição às estrelas, de uma quarta, a lua
2q A diferença ou identidade da figura vocal em si mesma não signifìca como tocha da noite, de uma quinta, o luar por oposição à própria lua, etc.
NADA. E cada uma dessas palavras só tem valor pela posição negativa que ela ocupa
3n A idéia em si mesma não significa nada.
com relação às outras: não é, em nenhum momento, uma idéia positiva,
4q A diferença ou a identidade da idéia em si mesma não significa NADA.
legítima ou falsa, do que ê alua, que dita a distribuição de noções pelos dez
5q A união do que tem uma significação para a língua é
ou doze termos que existem, mas é unicamente a própria presença desses
a) a diferença ou a identidade da idéia SEGUNDO OS SIGNOS termos que obriga aligar cada idéia ao primeiro ou ao segundo, ou aos dois
b) a diferença ou a identidade dos signos conforme a idéia; as duas coi- por oposição ao terceiro, e assim por diante, sem qualquer dado além da
sas estando, além disso, indissoluvelmente unidas.
escolha negativa a ser feita entre os termos, sem nenhuma concentração da
idéia diversa sobre o objeto uno. Assim, só há, nessapalavra, o que não esta-
A língua consiste, então, na correlação de duas séries de fatos va, antes, foradela; e essa palavra pode conter e encerrar, em germe, tudo o
lq consistindo, cada um, em oposições negativas ou em diferenças, e não que não está fora dela.
em termos que ofereçam uma negatividade em si mesmos.
2q existindo, cada um em sua própria negatividade, desde que, a cada
instante, uma DIFERENÇA da primeira ordem venha se incorporar a uma 26 lQuestão de sinonímia (continuação)l
diferença da segunda e reciprocamente.
Dito de outra maneira: se uma palavra não evoca aidêia de um objeto
Uma das conseqüências desse fato é que só se pode considerar uma
material, náo hâ absolutamente nada que possa precisar seu sentido, a não
unidade lingüística qualquer (na perspectiva por época) fazendo intervir,
ser por via negativa.
explicitamente ou implicitamente, pelo menos quatro termos:
Se essa palavra, ao contrário, se refere a um objeto material, poder-se-ia
lq o signo em questão;
dizer que a prôpria essência do objeto é de natureza a dar à palavra uma
2e um outro signo diferente;
significação positiva. Aqui, não cabe mais ao lingüista explicar que nós só
3q uma parte (que será sempre muito fmais] pequena do que se pensa)
conhecemos um objeto através da idéia que dele fazemos, e através das
do que está contido;
comparações, legítimas ou falsas, que estabelecemos: de fato, eu não conhe-
4e uma parte (igualmente muito pequena) t ]
ço nenhum objeto a cuja denominação não se acrescente uma ou muitas
idéias, ditas acessórias mas, no fundo, exatamente tão importantes quanto a
25 lSobre a negatiyídade dø sinonímiøl idéia principal
- seja o objeto em questão o SoI, a Água, o Ar, a Árvore, a
Mulher, a Luz, etc. De maneira que, na realidade, todas essas denominações
Assim, sol parece representar uma idéia perfeitamente positiva, precisa são igualmente negativas, significam apenas com relação às idéias inseridas
e determinada, assim como a palavra lua: entretanto, quando Diógenes diz a em outros termos (igualmente negativos), não têm, em nenhum momento,
Alexandre "Sai da frente do meu sol!", não há mais, em sol, nada de sol anão a pretensão de se aplicar a um objeto definido em si e só abordam, na reali-
ser a oposição com a idéia de sombra; e a própria idéia de sombra é apenas a dade, esse objeto, quando ele existe, obliquamente, através e em nome de tal
negação combinada da idéia de luz, de noite fechada, de penumbra, etc., acres- ou tal idéia particular, do que vai resultar (exprimindo a coisa grosseira-
centada à negação da coisa iluminada com relação ao espaço obscurecido, mente), porque nós tomamos momentaneamente, aqui, esse fato exterior
etc. Retomando a palavra luø, pode-se dizer a lua aparece, a lua cresce, a lua como base da palavra, 1q que será preciso, continuamente, modificar o ter-
decresce, a lua se renova, semearemos na lua nova., passarão muitas luas antes mo para o mesmo objeto, chamar, por exemplo, aluz de "claridade", "ltrat",
que tal coisa aconteÇà... e , insensivelmente, vemos que 1q tudo o que pomos "iluminação", etc.,2q que o nome do mesmo objeto servirá para muitos
em lua é absolutamente negativo, vindo apenas da ausência de um outro outros: a luz da história, as luzes de uma reunião de sábios. Neste último caso,
h a n g e Vi h a n g e Vi
XC e XC e
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Sobre ø Essência Dupla da Linguøgem
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Línguagem
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y Sobre a. Essência Duplø da 7l
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fica-se persuadido de que um novo senrido (dito
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figurødo) se interpôs: essa w
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.d o .c .d o .c
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convicção parte puramente da suposição tradicional de que apalavìapossui 27 Da essêncía. c u -tr a c k
uma significação absolura que se aplica a um objeto determinado; è .rru (Prólogo.) "Considerada enquanto que,,... ,,Enquanto
presunção que nós combatemos. Desde o primeiro momento, a palavra que,,... Mas, à for_
só ça de ver que cada elemento da linguagem e da r¿a ¿ outå coisa conforme
aborda o objeto materiar segundo uma idéia que é, ao mesmo
tempo, total-
mente insufìciente, se for considerada com relação a esse
objeto, e infinita-
mente ampla, se for considerada fora do objeto (era
é semprå muito extensa
e pouco abrangente para empregar
[ ])r idéia desde o .o-"ço negativa;
o que faz com que o sentido "próprio" não passe de uma
das múitiplas
manifestações do sentido gerar; esse sentido geral,
þor sua vez, é apenas (Proposição nq 5.) considerada de qualquer ponro
de visra, a ríngua não
uma delimitação qualquer que resurta da presença
de outros rermos no consiste de um conjunto de valores p ositivos e øbsolutos,mas de um
mesmo momento. conjunto
de valores negativos ou de valoresrerativos que só têm existênciapelo
Enfim, nem há necessidade de dizer que a diferença dos fato de
termos, que faz sua oposição.
o sistema de uma língua, não correspo.rd" parte alguma, mesmo na
língua mais perfeira, às relações veráadeiras"-enìre
åi."r, e que, por
conseguinte, não há' nenhuma razão para esperar que ", os termos se apli-
quem completamente, ou mesmo incompletã-"rrrË,
a objetos defìnidos,
materiais ou não.
Dir-se-á que eles devem correspondel em troca,
às primeiras impres- e vier a se logo lugar, ou sob o
sões que o espírito recebe; isso é verdade, mas
essas primeiras impressões
são tais que estabelecem relações as mais inesperadãs
o segundo is, é porque há opo-
entre coisas total_ ou quarto
mente separadas, assim como tendem, continuamente
e sobretudo, a divi-
sar coisas absolutamente unas; assim, em momento
algum, a impressão
que causa um objeto materiar tem o poder de criar
,r* úrri." categoria
lingüística; só há, então, termos negàtivos, sendo que em
o novo objeto- está incompretamente cada um deles
contido, ao mesmo tempo que é
desmembrado em vários termos.
Mas isso seria d
lamentar sua inexat
coisa seja chamada,
um edifício, (um monumento), um imóv
contrário seria um signo de nossa
t ]. Então, a existência de fatos mate-
riais é, assim como a existência de fatos de uma
outra ordem, indiferente à
língua. o tempo todo ela avança e se põe a serviço da formidável máquina
de suas categorias negativas, verdadeiåmente
desembaraçadas de todo fato
concreto e, por isso mesmo, imediatamente pronta
sa armazenar uma idéia
qualquer que venha se juntar às precedentes.
PD
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a Essência Duplø da Linguagem Sobre ø Essênciø Dupla da Linguagem /J
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72 Sobre
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fìlosofìa profunda acumulada no fundo de uma língua pelas gerações que fìgurado de palavras (mesmo que seja impossível, no fundo, distinguir o w
w
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.d o .c .d o .c
c u -tr a c k c u -tr a c k
dela se serviram. Em que sentido ele pode ter razão até um certo ponto, isso emprego fìgurado do emprego direto).
eu não examino porque é, na realidade em todo caso, o fato secundário. O Assim, se a idéia positiva de suplício fosse a verdadeira base da idéia de
fato primeiro e fundamental é que, seja qual for o sisrema de signos que se suplício, seria totalmente impossível falar, por exemplo, "do suplício de usar
ponha em circulação, estabelecer-se-á, instantaneamente, uma sinonímia, luvas muito apertadas", que não tem a menor relaçáo com os horrores da
1â que o contrário é impossível e equivaleria a dizer que não se atribui valo- grelha e da roda. Dir-se-á: mas isso é próprio, justamente, da locuçáo figura-
res opostos a signos opostos. No momento em que lhe é atribuído um, é da. Muito bem. Tomemos, então, uma palavra que represente, no sentido
inevitável que uma oposiçáo de quaisquer idéias, vinda de surpresa, se aco- direto, um conjunto de fatos absolutamente semelhantes ao que suplícío re-
mode num signo, que existe por oposição a um outro, ou em dois ou três presenta.
signos por oposição a um ou dois outros, etc. Vemos, então, que não ê aidêia POSITIVA contida em suplício e martírio,
Nenhum signo é, portqnto, Iimitado no total de idéias positivas que ele é, no mas o fato NEGATIVO de sua oposição, que estabelece toda a série de seus
mesmo momento, chamado a concentrør em si mesmo; ele só é limitado negativa- empregos, permitindo qualquer emprego, contanto que não invada o domí-
mente, pela presença simultânea de outros signos; e é, portanto, inútil pro- nio vizinho. (Seria preciso, naturalmente, considerar, além disso, tormento,
curar qual é o total de signifìcações de uma palavra. turtura, aflþao, agonia, etc.)
Uma das múltiplas faces sob as quais se apresenta esse fato é a seguinte: Admite-se que entre o suplício de São Lourenço e o nosso suplício da
um missionário cristão acredita que deve inculcar, a um povo selvagem, a grelha a distância é tal que, em comparação, não há verdadeiramente dis-
idéia de alma
-; acontece que ele tem à sua disposição, no idioma indígena,
duas palavras, uma que exprime mais o sopro, por exemplo, e outra mais a
tãncia alguma entre o suplício de São Lourenço e seu martírio. Uma diferença
táo pequena no fato positivo não deveria ser de nenhuma conseqüênciapara
respiração;
- de imediato, se ele está totalmente familiarizado com o idioma al l
indígena e ainda que a idéia a introduzir seja algo totalmente desconhecido
para [ ], - a simples oposição das duas palavras, "sopro" e "respira- Então, mesmo que se trate de designações muito precisas como rei, bis-
ção", dita imperiosamente, por alguma razão secreta, sob qual das duas po, mulher, cão, a noçáo completa envolvida na palavra resulta apenas da co-
colocar a nova idéia de alma; a tal ponto que, caso ele escolha, inabilmente, existência de outros termos; o rei não é mais a mesma coisa que o rei se
o primeiro termo emvez do outro, pode resultar daí os mais sérios inconve- existe um irnperador, ou um papa, se existem repúblicas, se existem vassalos,
nientes para o sucesso do seu apostolado
- oÍa, essa razão secreta só pode
ser uma razão negativa, jâ que a idéia positiva de alma escaparia totalmente,
duques, etc.;
- o cão náo é mais a mesma coisa que o cão quando é oposto a
cavalo, representando, neste caso, um animal impudente e ignóbil, como no
de antemão, à inteligência e ao sentido do povo em questão. tempo dos gregos, ou se é oposto sobretudo à fera selvagem que ele ataca,
Da mesma maneira, quando um filósofo ou um psicólogo, depois de suas representando, neste caso, um modelo de intrepidez e fidelidade ao dever,
meditações, por exemplo, sobre o jogo de nossas faculdades, entra em cena como no tempo dos celtas. O conjunto de idéias reunidas sob cada um des-
com um sistema que faz tábula rasa de qualquer noção anterior, mesmo as- ses termos corresponderá sempre à soma das que são excluídas por outros
sim todas as suas idéias novas, por mais revolucionárias que sejam, podem se termos e não corresponde a mais nada; é o caso da palavra cão ou da palavra
classificar sob os termos da língua corrente, mas, em todo caso, nenhuma lobo, enquanto não surgir uma terceira palavra; a idéia de dinastø ou a de
pode se classifìcar indiferentemente sob as palavras existentes, mesmo que se- potentado estará contida na palavra rei ou na palavra príncipe, enquanto não
jam perfeitamente arbitrârias, como razãn ou intelecto, inteligência ou entendi- se proceda à criação de uma palavra diferente das primeiras, etc.
mento, julgamento, conhecimento, etc.; e que haja aí DE ANTEtvlÃO um determi-
nado termo que corresponda melhor do que os outros às novas distinções. (Corolário.) Náo há diferença entre o sentido próprio e o sentido
Ora, a razão dessa propriedade, mais umavez, só pode ser negativa, jâ que a
-
figurado das palavras porque o sentido das palavras é uma coisa essenci-
concepçáo que aí se introduz data de ontem e já que os terrtos em questão almente negativa. -
não estavam menos delimitados no dia anterior em seu valor respectivo.
Uma outra manifestação flagrante da ação totalmente negativa dos sig-
nos, sempre na ordem dos fatos de sinonímia, é expressa pelo emprego
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74 Sobre a Essência Dupla da Linguagem a Essência Dupla d"a Linguagem 75
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Redaçõ,o do princípio colocado acima SUBSTÂNCIA LINGÜÍSTICA.
- Nós rendemos perpetuamenre a
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Sobre a Essência Dupla dø Línguagem Sobre a Essênciø Duplø dø Linguøgem 77
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A primeira é fazer da palavra um ser que existe totalmente fora de nós, 29c Situação reløtíva dos domíníos w
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c u -tr a c k c u -tr a c k
o que pode ser fìgurado pela palavra escondida no dicionário, ao menos para interior e exterior
a escrita; neste caso, o sentido da palavra se torna um atributo, mas uma
coisa distinta da palavra; e as duas coisas são dotadas artifìcialmente de Vista pelo lado exterior, é evidente que a língua é incompleta; mas o
uma existência, por isso mesmo independentes uma da outra e, ao mesmo grande erro é acreditar que há paridade e simetria, a esse respeito, entre o
tempo, independentes, cada uma, de nossa concepção; elas se tornam, uma lado exterior e interior.
e outra, objetivøs e parecem, além disso, constituir duas entidades. A língua, vista pelo lado interior [ ] é TOTALMENTE COMPLETA;
A segunda é supor que a própriapalavra está indubitavelmente fora de criada a disparidade irremediável [ ] os fatos exteriores e interiores, t ]
nós, mas que seu sentido está em nós; que há uma coisa material, física, que representar como se completando [ ] que o um forma uma coisa2
é a palavra, e uma coisa imaterial, espiritual, que é o seu sentido.
A terceira é compreender que a palavra, assim como seu sentido, não 29d Pørte sintéticø
existe fora da consciência que temos dela, ou que nos dispomos a adotar a
cada momento. Nós estamos muito longe, aqui, de querer fazer metafísica. Não há nenhum objeto particular que seja imediatamente dado na lin-
guagem, como sendo um fato de linguagem. Nós temos, inicialmente, a
Uma palavra só existe verdadeiramente, de qualquer ponto de vista que posição de que nenhum dos objetos aparentes pode servir de base legítima
se adote, pela sançáo que recebe, a cada momento, daqueles que a empre- à investigaçáo. Seria preciso, antes, demonstrar que o objeto sob essa forma
gam. É isso que faz comque ela difira de uma sucessão de sons, e que difira se torna um fato de linguagem, e a que título, mas só se pode estabelecer a
de uma outra palavra, mesmo composta da mesma sucessão de sons. que título começando-se por t ]
Como náohâunidade alguma (de qualquer ordem e de qualquer nature-
za que se imagine) que repouse sobre alguma coisa além das diferenças, na
29 e ldentídade etimológica
realidade a unidade é sempre imaginária, só a diferença existe. Entretanto,
somos forçados a proceder com a ajuda de unidades positivas, sob pena de Assim que a identidade morfológica termina e que se estabelece, por
ser, desde o início, incapazes de dominar a massa dos fatos. Mas é essencial exemplo, duas identidades, estabelece-se, em troca, entre os dois termos, a
lembrar que essas unidades sáo um expediente inevitável de nossa [ ], e identidade etimológica (que não é, de modo algum, um fato de linguagem,
nada mais: assim que se coloca uma unidade, isso equivale a dizer que é conveni- mas um fato de nossa reflexão gramatical). Nós acabamos de dizer "entre os
ente deixar de lado t ] para atribuir momentaneamente uma existência dois termos": mas a partir de que momento há dois termos? Não há dois
separacia a [ ] termos; há, em primeiro lugar, um único termo morfológico, que se conver-
Assim, a paralléIie unilateral do ablativo. te, em seguida, em dois termos morfológicos que representam, então, um
Assim, o lugar da palavra, a esfera em que ela adquire uma realidade, é único termo etimológico.
puramente o ESPÍRITO, que é também o único lugar em que ela teria seu
sentido: pode-se, depois disso, discutir para saber se a consciência que te- (Definição.) A identidade etimológica (noção puramente gramatical, que
mos dapalavra difere da consciência que temos de seu sentido; nós estamos não tem nenhum correlativo nos fatos, diferentementê das identidades pre-
tentados a acreditar que a questão é quase insolúvel, e perfeitamente seme- cedentes) é aquela pela qual impomos idealmente uma identidade morfo-
lhante à questão de saber se a consciência que temos de uma cor num qua- lógica do estado A, pertencente ao passado que se acha em um momento
dro difere da consciência que temos de seu yalor no conjunto do quadro: de língua B, pertencente ao passado
-
que, por um motivo qualquer, se viu
neste caso, talvez, a cor será denominada tom e a palavra uma expressão da quebrada ou apagada. -
idéia, um termo significativo, ou simplesmente, uma palawa, porque tudo
parece estar reunido na palavra palavra; mas não há dissociação positiva
entre a idéia da palavra e a idéia da idéia que estâ na palavra.
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y 78 Sobre a Essência Dupla da Linguagem a Essência Dupla
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Sobre da Linguagem
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29f lSintaxe históricof 29h lobjeto centrøI dø lingüísticol c u -tr a c k
Imagina-se que as observações que seríamos inevitavelmente levados a I. um estado de línguø oferece ao esrudo do iingüisra um único objeto
fazer sobre "sintaxe histórica" seriam quase infinitas, mas concofrerão to- centtal: relação das formas e das idéias que nele se encarnam.
das para recusar formalmente a esta "ciência" uma base científica ve¡dadei- Por exemplo, será errado admitir que esse estado de língua oferece o
ra, que só poderia resultar de um método claramente formulado. onde está, segundo objeto central, as próprias idéias; ou então as formas; ou os sons de
pergunta-se, o método da "sintaxe histórica"? que se compóem as formas; (objeto necessariamente complexo, deixando de
onde está o pólo sobre o qual ela se orienta, sobre o qual ela havia lado seus outros atributos).
apenas pretendido se orientar? onde está a mais vaga tentativa, de sua par-
te, de tomar consciência de sua tarefa diante da mais formidável mistura de II. uma sucessão de estados q exqminar oferece à atenção do lingüista um
fatos, talvez de qualquer lugar e de qualquer domínio, para constatar e de- único objeto central, que está com o objeto precedente não numa relação de
sembaraçar? oposiçáo flagrante e abrupta, mas numa relação de radical disparidade, abo-
Em primeiro lugaç a sintaxe, nós o dissemos, não é, em momento al- lindo, logo de início, toda espécie de comparação, inaugurando uma ordem
gum, nada além da morfologia vista pelo avesso: de sorre que já hâ, na idéia de idéias que não tem nenhuma oportunidade de nascer diante de um deter-
de que a sintaxe constitui um domínio definido que se presta mais ou minado estado da língua.
menos que a morfologia a ser estudado através do -tempo, mas que se presta
a sê-lo fora dela um desses erros ou cqvernqs, que depois não têm mais Em parte alguma, no estado atual, pode-se pronunciar apalavralíngua,
remédio.
-
ou linguagem, sem que se tenha, antes, que verificar o equívoco possível
Em segundo lugar, a morfologia, da qual depende a sintaxe entre línguø e transmissão da línguø.
admitimos momentaneamente que esses domínios sejam separados - e, aqui,
não
-
é, ela mesma, suscetível de ser perseguida regularmente e cientificamente atra-
vés do tempo: de sorte que a sintaxe não é mais, ou é ainda 29i lN ov ação morfoló gical
t ]
A novação morfológica, fenômeno cuja natureza, capacidade e unidade
29 g lMudønça ønalógicøl temos que estabelecer a toda hora, compreende: 1q tudo o que se reúne sob
o termo "mudanças analógicas"; 2q qualquer deslocamento do valor dos
A "mudançaanalógica", que se compara àmudønçafonética como o se_ signos ligado à mudança fonética das figuras vocais.
gundo fator da transformação daIíngua no tempo, não lhe é comparável e
náo é uma mudança. se houvesse apenas esse fato, que na língua cada coisa deve ser conside-
E, na verdade, uma mudança paîa a língua considerada como uma só rada separadamente em sua época e através do tempo, sem ter sobre a outra, de
massa, ou para a relação geral do pensamento e da expressão, se nos é de- nenhum dos dois pontos de vista, a menor preeminência, a lingüística seria
monstrado que essa relação é o objeto central, cuja trama o lingüista procu- uma ciência relativamente simples, ainda que bem diferente, por essa única
ra seguir através do tempo. separação, do que dissemos.
o mal é que não há, como se imagina, uma coisa que possa ser considera-
A "mudança" analôgica, vista
de um certo observatório, é comparáv el à mu- da, ao mesmo tempo, "em sua época', e ',através do tempo,,; mas que a
dança fonética, quaseno mesmo sentido em que o movimento das constela- própria determinação das coisas a considerar, em cada época e através d.o tem-
çóes durante o ano é comparável aos movimentos da lua e dos planetas. Na po, depende de dados diferentes e exige uma argumentação sobre um dado.
mudançøfonéticqhá., verdadeiramente, uma coisa que existe e se transforma.
É preciso revelar nosso pensamento íntimo? É de se acatar que a visão
exata do que é a língua não leva a duvidar do futuro da lingüística. Há des-
proporção, para esta ciência, entre a soma de operaçóes necessárias para
entender racionalmente o objeto e a importância do objeto: assim como há
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Sobre a Essência Dupla da Línguagem
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desproporção entre a pesquisa científica do que se passa durante uma joga_
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I. NOVOS ITEM
(Acervo BPU 1996)
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I lKénômel
Item. Comere-se o erro de acreditar [que há]
1. uma palavra, como por exemplo, ver, qLLe existe em si, 2. umasignifi_
caçáo, que é a coisa associada a essa palavra.
Ora [ ], querdizerque é aprópriaassociação quefaz apalavrae que,
fora dela, náo hâ mais nada.
A melhor prova é que vwar, em uma outra língua , teria um outro senti-
do: não é, por conseguinte , nada em si: e, por conseguinte, só é umapølavra
na medida em que evoca um sentido. Mas, visto isso,
fica, portanto, bem cløro
c\ue vocês não têm mqis o d.ireito de dividir, e de supor, de um lado, palavrø
a e, d.e
outro, sua significaçao. É ludo a mesma coisa.
você pode apenas constatar o þ.énôme n e o sema associativoJL
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Novos Item 87
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c u -tr a c k sua maior ca_ c u -tr a c k
racterística é ser perfeitamente idêntica à do crescimento.
Item. Um rito, uma missa, não são comparáveis, 5 lSituøção da lingüística Unidade língüístical
frase, jâque são apenas a repetição de uma
de modo nenhum,
sec!üênciø de (úos.A frase é compa-
à -
rável à atividade do composiror de m ísica (e Item. A lingüística está numa situaçáo essencialmente falsa (eu mante-
não à do executante).
nho, provisoriamente, o termo /ølsø), porque t ]
Item. Representação da unidade lingüística
por Ø, 4 Itetr;. A "unidade" Iíngüística. É de propósito que começamos pela unidade
Item. Cabe, alguma vez, falar de lingüística.
V ?
lsso só poderia ser do ponto de vista diacrônico. Item. O que cria a língua não é o fato de ela ter uma vaga seqüência de
Ex. os daêvas.Mas isso sons, mas séries de sons, a que se denomina p alavra, exatamente delimitadas.
nada constitui de lingüístico.
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ão igno
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ão. ente
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simples palavra elipse temum .d o
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senriclo que dever.ia fazer
,,, Ujt:lîrA 0"."." supor que nós refle_ orlo original sulgido arbitraliantente
sabemos, iniàialmente,
termos cleverirr. de qllantos não apenas que os elementos sejarn
quais, de rato, os re¡n,os dos idas, mas que tudo esteja, por assirn
","',""Tio:lï';äïïï:.1äï,:;:*
indefinidamenre exrensívei
em seu senrido, uê-r" q,r" va combinação.
mos estaberecel entre , idéias u-.;r:"oÏT":",."til":
e n ternros é de umå p,r.ritrdua"
absoruta e,
de uma arbit'arieclacle absoluta'il.llo""clonando rto4 Irctn. A realidade da existência de fios que ligam entre si os elemen-
ä:J língua, embora seja um fato psicológico imenso, não tem, por
"'i"Xtii::'
d"p.",,å,ru";r,om1!,:;;",î,ä:"1.,î',îi,1,:,t::JîJ'il::*îî'jí
a
tos de uma
necessidade de ser demonstrada. É isso meslrìo que faz a iíngua.
assirn dizer,
da linguagem são sempre
adequados ao que expr-ime,,ì,
com o risco de reco_
nhecer qlre ral palavrà ou
,nj ,;;r;- "'ot ltem. É preciso o símbolo Fr] e não Fl ouC O
Reciproåm",r,.in,o jlTff J,X'j"i:
rras' enrão, por que
haver ia u,,.,",i,,i."
farat' de erípse (como Ëréal) como se
iî:,:: l:j:ïll:l 33r0 6
Se existe uma verdad e a priorí, e que exija apenas bom senso para se
;;;;;;r"
qualquer segundo a qual
p"trur", ,aã elípticas. Elas o ,r" uma norma estabeleceq é que se há realidades psicológicas, e se há realidades fonológicas,
",
intelrupção e sem ,l",rhr_" ."- nenhuma ¡enhuma das duas séries separadas seria capaz de dar origem, por um ins-
exara possíve1 do
não é nada além de excesso "p.".iuçro
de valor t
i ]. A elipse fanle, ao menor fato lingüístico.
J
Para que haja fato lingüístico, é necessário a união das duas séries, mas
"on Item' Nenhum psicólogo, uma uniáo de um gênero particular da qual seria absolutamente vão que-
moderno ou antigo, ao fazerarusão à rí'_ -
gua' ou ao considerá-ra como veícuro rer explorar, por um instante que fosse, as características, ou dizer de ante-
'ìlesmo
instanre sequer, uma idéia d" Ë";;;io, ,"u", por um
qu.rqr"r:ã" s"uas ieis. Todor, mão o que ela será.
nam a língua como Lrma for^i¡ro ,* imagi_
ro¿or, tamb¿m r"_ ""."çao,
uma forma convencionar.
Eres se " "r."rro, como "to' Item. o El não deve apenas remeter à diferença que há entre se
de seção horizonrar da ríngua, -""i-å",rm naturalmer-ìte no que chamo ocupar de uma palavra em seu sentido ou fora de seu sentido, mas também
-* r;;; menor idéia do fenômeno sócio_
histórico que provoca o tuibiihao
d. ;rg";, na coruna verricar e impede à impossibilidade de circunscrever e fixar esse sentido sem que se diga: é o
fìxo ou u_n"ti.,guasem convencionat, que sentido correspondente, por exemplo, a uéoq ou, por exemplo, a | ]. Ne-
::,3;lå"iîåîiï:-"no já que é o
imposta uié- d. qu"rqr"r'"rcoiha. nhuma descrição do sentido ou da sinonímia fica à aitura do sentido exato e
Todavia, o início *,::1-tttial' completo: náohâ outra definição a náo ser o sentido 12 que representa o
vir de um .;,,;;;;,"ilTå:ffii;::?:î?ffj,:",t" doì psicórogos só pode
valor conhecido da forma Zj.
ol "'on ltem. Conhecemos a tal ponto a confusão entre lei 3 e iei 2 ou lei 1
que não há nenhuma série e exempios realmente sufìcientes para dissipar
nova, ou seja, a dificuldade esse mal-entendido.
de introduzir
ção da ligação sistemática entre
todas as
s de formas de conjugações "'o'o Item. Os subentendidos de um paradigma de declinação
ou de I l,
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94 ltem e Aforismos Antigos Item 95
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um subentendido não é uma abstração. É, até, o contrário de uma abs- el12 Item. Eu acredito que, no discursivo, pode-se falar de apossemas
tração. nôs não dize-
tfisurasvocais). O fato é que, mesmo na linguagem empírica,
Quando digo que quero abstrair do integrar ringüístico uo(oopeu, hoc est ,,^ segunda
/or ma dessa frase" (mesmo quando não se trata
de termos
inår,
uorioopeu -(Þ, só a forma (uorjo.opeu), p, sou livre para fazê-lo, se é para palavras do ponto de vista fônico)'
I-ôgt ot, mas de
considerar as transformações fonéticas que possam afetá-lo. Mas parece, no
primeiro momento, que fazer fìgurar uo{oopeu, hoc est uoÍ¡oopeu @, em um ut"t Item. Forma se emprega para apossema, sema e, por fim, parte mate-
paradigma de flexáo ao lado de uorloro, uo(oete, é partir para uma operação 'As diversas formas dialetais desse nome...":
do mesmo gênero, na medida em que não se vê mais a funçáo do sentido na rial do sema sincrônico.
âpossema'
-L
questão. ,As formas do dialeto x apresentam uma característica particular-" Pode
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Antigos Itent w
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O en.o de signos 9'.l .d o
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crn
o,,r*"tT"ti;iJ: "t:'=o'ta'quc nacla se:. represerra ) fc
;;;
q, ece n d o
o, :ï:1,1:; n..?::ïJ i
"
ii':i::': lJ : i,ffi :,:; j1i
îï:
,.,..
Item. ( pal.assetnas'
Para que uma palavra_quaiquer
língua, ,ur"'r"'t faça parte ¿¿ 33r48 D'acÍonicanente, a questão: é a mesma palarzra? significa lrnica_
,h I n, ";;;",;,-."i
åËl'
":, ilï:ï":ï *l;"1,m' o p.i,,,ìi." ni_ "é o rlesr¡ro apossema?" Mas não sincronicanente. E não há contta_
'1ente..como poderia parecer (na medida em que se pode dizer que consicìe-
,rj''äii:if :ïåJJ::*::*:.':xi'#U.iiJlï.:î"å'"'f;:,: dição,
rada cliferente
em um dado momento, é considerada idêntica daí em dian-
;11"ui.i"."-+:iï::iÏ;X:ä:î,':;i:*:îî;,;'J"#,ign"a"aåì"ä te). Porqr,re nós dizemos que, diacronicamente, é o mesmo apossetna, mas
'{{:::i':å::i::a observnr' isso náo implica que seja ainda o mesrno sema. Eis aí a diferença. (Há pala-
a palavra '"Lçao u ,,' ;l;;i;'",T'.zî; :,i:."#
'o'"paraï:m" \/fa = apossena e palavra: sena.)
¿evera .r,ur,lr,._",es, d"u".ã .1i..]....,procamenre,
se constata q
autonoma no uma palavra não é t3t'o (Seqüência.) Não cabe, provavelmente,
,rro"noo
tema cle q* i"ïîäå'e compl"t"-"nt-. dizer, de uma época para
33r4 I olltra, o que é o mesmo sema, nem há meio de comparacão para isso, já que
A palavra expressão (esta o sema depende, em sua existência, de todo o entourqge parassênico do pró-
form, I e a expressão
de...) a ser estudada.
t''" Most¡ar c-fue termo tem
prio instante.
senticlo n]ur".iul sido tão incapazquanto
no de guardar um 33r4r0
)u lnversamente. " ,]esses N's dizemos que não há morfologia fora do sentido, embora a
termos,, é t tual. forma material seja o elemento rnais fácil de examinar. pois há ainda menos,
',r* Trrrno seï de resro, o que queremos a nossos olhos, uma semântica fora da formal
coisa a obr";;";."r", dizer com semq;há alguma
"ú-;;";;åü,"rï,ii,,,:;ff :,:#ä;lirïiïät*Hi*;:Tft ""' Itern. Observar, com grande atençáo, que, na mudança analógica,
f: não lrá mudança de apossemø. o paradoxo se esclarece logo quando, em vez
de dizer "mudança de apossem a" , se diz mudança do apossem a de uma pala-
'l" u Todo apossema é rcmado
,derado assim,
rl m*"", orî' .:::: u ^momenb
em t vra ou do apossema de um senrø. criou-se ull1 otttro sema, um parassema, que
dado. É o fato de
se¡ consi_ tem, naturalmente, de sua parte, um apossema. Não há mudança de umq
ru;.:ïã:ijöi.:i:;:"i.,fl,J:äi;:,Tä:,,:ïîîï;iim:,gl: pqrte do primeiro sema. A mudança está inteiramente no domínio clos serras.
E1a é totalmente guiada pelo sentido.
E uma criação parassêmica. Assim como há influências parassêmicas e
é pr.eciso chamar;
.'"u'(Nào
florrica reciproc¿ conset vações parassêmicas.
gualquer corno -ód-, de apossema, uma
momento, foram o
m;;;"#::mente,s formulas fônicas
formu]a
Mas, uma dificuldade será demarcar a criação e a influência parassêmica,
.o.po de um que, num certo
sema.) que pode mudar conìpletamente o sentido de um sen.La, sem que se reconhe-
t"'u ça que seja un-r oulro semq. Ora, quando a "forma,' muda, nós dizemos fol-
Apossema = c
essa comparação, mente, pode-se permitir malmente que é um ouúo sema. Essa diferença justificada?
de que um cadáver
ou sej é
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Aforivnos
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Antigos Itenr 99
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',t,uu ltem. para abor.dat w
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.d o .c .d o .c
c u -tr a c k sensatament c u -tr a c k
clc ro'r, n'0, (''r algurrl cxpe'ierrcia Iirrgiiísricr' e p'eciso rbor-crii-¡n
inrer.io¡.. ',aã',";;;l;;,il:iïJ,::::.a cros' pr esrigioìår',",,o,.r,enos Ora, rccla
a particularidade da palavra é ser lrm sema colhível, rnas que
do a sttcessâo das sílabrs.
..,,,¡ousâ sobre
'" O. Supolrhanios,
er-n seglrndo lugar, que essas cores não se sucedant, mas
(Aqui, com aprumo, verde,/am arelo/
lo, etc., logo à direita). Vai-se rer, nes_
para todo mundo, pelo menos cone_
fìgura.
tttt' isual se torrìasse figura, abandonar o
Mais Item. I Oto é nada
disso qtre etr queria,dizer, da sncessão temporal e recorrer à [
caso se soubesse O" quero dizer que, ]
anremão que a lingLiísrica ltrincípio
conrém u,ri¿ïJ"u
t"', t l 1+ç
Itent. O
.- fato
delimitáveis.
'*'- capital da língua é que ela corxporra
<
divisões, unidades
,r,'o Item.
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Item Aforismos Antigos Item 101
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i3t7 4' .. A
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ltem. E completamente inútil refletir antes de entender a naturezq. ,186 Para representar verdadeiramente os elementos fônicos sucessivos w
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.d o .c .d o .c
c u -tr a c k c u -tr a c k
do agente escolhido para o gênero de semiologia especial que é a semiologia seria preciso uma tela onde se pintasse, com lantern a mâgi-
de uma palavra.,
lingüística. e, no entanto, isso seria falso na medida em que nos seria
ca, cores sucessivas
recolher essas cores sucessivas numa única impressão, e é por
t ltem. irnpossível
"" Ver em que medida a palavra peçø (oposta a
fragmento) pode isso que apalavra escrita
inteira sobre a tela, da direita paraa esquerda, ou
servir ou não servir nas análises lingüísticas e nas comparações com anato- para a direita, espacialmente, ê, para nós, uma representaçáo
da esquerda
mia, mecânica, etc. que no entanto, temporal'
rnelhor dapalavra, é,
Da mesma forma, membro. uma palavra, quando dela se retira toda a O sema acústico é baseado, em grande parte, na memorização das for-
signifìcação, náo tem mais membros, nem mesmo qualquer divisão (aÌém rnas acústicas, cem vezes mais fácil do que a das formas visuais.
das
divisões fônicas), quando, um instante antes, ela parecia ter membros.
""' Item. Assim como a frase musical se desenvolve no tempo, porque
u
"" Item. A palavra inerte... nós retemos [ ], assim também a frase visual, que seria, por exemplo,
uma linha de montanhas Mas coisa curiosa:. náo há frase visual que con-
t
"'u ltem. É preciso se obrigar a dizer uniespacialidade ,lo signo lingüístico, em momentos
-
sucessivos, e é por isso que somos levados à representa-
sista
a cadavez, para fazer sentir que essa não ê acaracterístic a gelal do
sema. çáo grâfr'ca'
""t Item.Talvezvalha a pena dizer que, na escritura fonética, um signo ""t Item. A favor de Inertoma. Mesmo um termo como somq (oôpcr) se
diacrítico como o náo quebra o princípio uniespacial, porque se faz um só tornaria, em muito pouco tempo, se tivesse a oportunidade de ser adotado,
sema do todo (sem membros). Mas pode ser, talvez, algo a ãizer. sinônimo de sema, a que pretendia se opor. É aqui que a terminologia lin-
güística paga seu tributo à própria verdade que estabelecemos como fato de
""' o sema lingüístico raz parte da famiria gerar dos semas uni-
Item. observação.
espaciais, deque faz parte, necessariamente, todo sema baseado na trans- Em todo termo como soma, pelo menos duas condições predispõem a
missão acústica. Mas não é a transmissão acústica que é importante,
éa palavra a se tornar : signo: 1q Coincidência do limite uniespacial. De sorte
uniespacialidade. que, mesmo quando se quer dizer, pelo soma Zeus, exatamente o contrário
do sema Zeus I l, 2e Entáo, mesmo que se despoje um signo de seu
""n ltem. Armadilha. euando se representa a paravra etc. por sinais sentido, o espírito sempre póe no signo ou no soma ao menos a INTEN-
visuais justapostos como ÇÁO que põe os MÚSCULOS em movimento e demonstra, assim, u.mayon-
úvl, isso é perfeitamente correto, mas com a tade,3e O soma será como o cadáver divisível em partes organizadas, o que é
condição de que o sinal consistirá na justaposição indefinida e não, por exem-
plo, em içar In l/Vf1, Zn f1, erc., porque, nesre caso, há duas ordens falso.
de
idéias confundidas, e jusramenr"Øé
um exemplo da simultaneidade t"tt Itrm. No ser organizado, a função pode morrer sem que o órgáo
possível (ou não-uniespacialidade) do sema visual, mas apenas se for, morra. Até mesmo o cadáver ainda tem seus órgáos, o que é assunto para a
ele
mesmo, desmembrável. ciência anatômica. Na palavra, não existe absolutamente nada de anatômico,
ou seja, nenhuma diferença de peças baseada numa relaçáo da funçáo e da
"'ut ltem. será necessário, talvez, um exemplo de sema murtiespaciar a peça que era importante para essa funçáo, existe apenas uma seqüência de
fìm de se ter um meio para melhor captar a noção de sema. Em certo senti- fonações inteiramente semelhantes entre si, já que nada seria mais apropria-
do, e para começar por um caminho mais fácil, eu posso dar esse nome do para ser o pulmão da palavra do que o seu pé.
a um
quadro alegórico ou a uma pintura qualquer, desde que os objetos repre-
- Princípio da Idêntica capacidade.
s-entados toquem a significância das coisas. É impossível
dizer que esse qua-
dro começa pela esquerda e termina [ ]
t"n'
Item. Diátese? ou diacosmia? por economia, a determinado mo-
mento da língua (:Idiossincronia).
ECA BIBLIOTECA
USP 3.i (ì 4 7-
h a n g e Vi h a n g e Vi
XC e XC e
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y ltem e Aforismos Antigos ltem 103
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c u -tr a c k
"'ntltem- comparação com anatomia e fisiologia. As duas são a mesma c u -tr a c k
Obaláo ê o sema e o envoltório o soma, mas isso está longe da concepção
coisa para a língua; o erro é justamente acreditar que a gramâtica é afìsiolo_ hidrogênio a significøçâo, sendo que o
n'te diz que o envoltório é o signo, e o
gia (que estuda a função) enquanto a fonética Y* r , Fi 1 .
- oouolho
anatomia. Muito útil ver onde peca a comparação.
fonologia?
- seria a
não se assemelha
balã0, por
sua vez, nada é. Ele é tudo para o aerosteiro, assim como o sema ê
n2o'2 Ircm. O contrø-somø : significação poderá ser tratado, por sua vez,
¿ssirn como o soma,
fora do sema? Podetia ser de se deseja¡ mas isso está,
rnomentaneamente, fora de toda previsáo do lingüista ou do psicólogo.
lata-se de limitar, à sua esfera respectiva, o soma ou o anti-soma. Ora, o
337s'7
ver o que faz parte da compara çáo tática, disposição de uma fileira "'o't Item. Breve históriø da lingüística.
-
de exército. Besteiras admiráveis vieram à luz, mas admiráveis no passado.
O passado da lingüística se compõe de uma dúvida geral sobre seu pa-
t"o''
Item. O signo, soma, sem', etc. Só se pode, verdadeiramente, dominar pel, sobre seu lugar, sobre seu valor, sobre [ ], acompanhada de colos-
o signo, seguiJo como um balão no ar, com certeza de reavê-lo, depois sais aquisições sobre os fatos, sobre fatos de que não se tinha a menor idéia
de
entender completamente a sua natlJreza, natureza dupla que não até 1810 e não [ ]
consiste
nem no envoltório e também não no espírito, no ar hidrogênio que Vê-se a doutrina ridícula de um Max Müller apresentando a língua como
o insufla
e que nada valeria sem o envoltório. um reino natural, que existe por si t ]
h a n g e Vi h a n g e Vi
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Item Aforismos
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e Antigos Item 105
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c u -tr a c k c u -tr a c k
A øntígüidade dalíngua foi uma coisa subitamente revelada e que, sob o ltem. Embora seja necessária uma análise para fixar os elementos da
nome de continuidade da língua, se rornará uma das aquisições capitais da palavra, a palavra em si mesma não resulta da análise da frase. Porque a
I l. frase só existe na fala, na língua discursiva, enquanto a palavra é uma unida-
de que vive fora de todo discurso, no tesouro mental.
""' Item. viu-se a doutrina ridícula de Max Müller, que reivindi ca para a
lingüística o lugar de uma ciência natural e admite uma espécie de ,,reino "t" Ite*. o que precede náo implica que os elementos da palavra náo
lingüístico", que existe à maneira do "reino vegetal" estudado pelos botâni- existam jamais como unidades mentais, mas simplesmente que a palavra se
cos. separa, em todo caso, sem análise.
Isso se diziae se ouvia a sério. Mas o que eu quero dizer é que, quando
houve uma reaçáo, ninguém sabia dizer em que sentido se deu a reação, "t" ltem. A memória, com efeito, fornece apenas um número absoluta-
porque a lingüística, embora tendo vagamente o sentido das coisas certas, mente restríto de frases totalmente acabadas. E não poderia ser diferente,
não tinha nenhuma possibilidade de criar para si uma DIREÇÃO. sendo dada a quantidade ilimitada de combinaçóes possíveis com muito
poucos termos. Ao contrário, a memória fornece palavras totalmente acabadas
"t"
ltem. É muito cômico assistir aos gracejos sucessivos dos lingüistas aos milhares. Portanto, apalavra não tem, comoprimeiro modo de existên-
sobre o ponto de vista de A ou de B, porque esses gracejos parecem supor a cia, que ser um elemento de frase, pode-se considerar que ela existe "antes"
posse de uma verdade, e é justamente a absoluta ausência de uma verdade da frase, ou seja, independentemente dela, o que não é o caso dos elemen-
fundamental que caracteriza, até. hoje, o lingüista. tos da palavra com relação à unidade da palavra. De resto, mesmo no discursivo,
há cem casos que levam a pronunciar uma palavra, não uma frase (todos os
"tt' Item. bonté (bondade)
- santé
(saúde). Em douteux (duvidoso) ou vocativos, entre outros).
amertume (amargura) ou em noirâtre (denegrir) há, evidentemente, dois ele-
o
mentos. Mas o primeiro elemento não é idem a doute (dúvida) ou amer (amar- "t' Item. O fato "educativo" de que aprendemos frases antes de saber
go) , noir (negro). Tem-se simplesmen te douteux (duvidoso) : doute (dúvida) palavras não tem alcance real. Equivale a constatar que toda a língua come-
: goítreux (portador de bócio) : goitre (bócio), etc. É uma das maneiras de se ça a penetrar em nosso espírito através do discursivo, como dissemos, e
chegar a esclarecer a noção de radical. Boa comparaçáo: huldvoll contêmhuld como isso é forçado. Mas assim como o som de uma palavra, que é uma
enquanto palavra, mas huldig apenas o radical que se reencontra em huld. cf. coisa igualmente admitida dessa maneira em nosso foro interior, se torna
würdevoll, würdig, würde uma impressão completamente independente do discursivo, assim o tempo
næud (nó) : noueux (nodoso), Iøngueur (langor) :
-
langoureux (langoroso). (Não se trata de uma questão históriiq, mas do esta- inteiro nosso espírito separa do discursivo o que for preciso para deixar
do consciente.) apenas a palavra. A maneira pela qual a palavra é fixada não tem importân-
cia, uma vez feita a operação, contanto que se constate que é mesmo essa
unidade que reina.
"tt'Item. Em toda parte, o estado histórico e o estado consciente são
dois estados que se opõem. São os dois caminhos do signo. De onde a difi-
culdade, mais a necessidade, de absolutamente não misturá-los em parte ""t ltem. Capital observar que todas as vezes em que ficamos atentos a
um detalhe, uma nuance de som, por exemplo à pronúncia ligeiramente
alguma.
diferente de duas palavras, nós temos, como único meio, interrogar a nós
Eles se opõem como os dois estados possíveis de uma paravrae antes de
mesmos, precisar aidéia dapalavra, como que evocando a pronúncia corres-
sua escolha apalavranada é.
pondente. Tänto é verdade que, no sema, o som não é separável do resto e
cada palavra está na interseção do ponto de vista diacrônico e sincrônico.
nós só possuímos o som na medida em que tomamos todo o semø, com a
Isso quando se quer descansar da eterna pergunta "isto é um sema?,, to-
significação, portanto. Para a palavra cã0, eu começo por pensar num cáo, se
mando apaTavra como uma coisa dada, conhecida em geral.
quero saber como pronuncio.
"""'
3322 3
^
serâ necessário fazer a conta total das maneiras de ver e dos ,.cam-
"'n' Item. Um adjetivo, um substantivo, um verbo náo têm necessidade
pos de análise".
de nenhum signo gramatical para existir como adjetivo, como substantivo,
h a n g e Vi h a n g e Vi
XC e XC e
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106 Item e Aforismos
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c u -tr a c k c u -tr a c k
como verbo. Mas, se desse fato vem uma certa luz, ele está longe de revelar
positivamente a natureza do adjetivo ou, positivamente, anaturezado subs_
tantivo.
"'nt Item. A grande diferença entre termos como sujeito,etc., que se ad-
mite na frase, e as "partes do discurso". os termos da frase podem não
corresponder a nada lingüisticamente, mas um "adjetivo,,, ou um ,,advér-
bio", etc., tem, como condição, ser ao menos representado por uma forma
vocal. Nós podemos falar do sujeito da frase sem que esse sujeito esteja
realmente presente diante de nós através de alguma tradução material,
mas
nós não podemos falar de um substantivo sem supor um envoltório
vocal
do substantivo, coisa muito capitar (sem que haja, por outro lado, nada
que III. AFORISMOS
caracterize esse envoltório como o de um substantivo). (Edição Engler 7968-797 4)
PD
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c u -tr a c k c u -tr a c k
3328 2
XI. Na língua, assim como em todo outro sistema semiológico, não
pode haver diferença entre o que caracterizaLLma coisa e o que a constitui.
Se o contrário fosse constatado uma única vez [ ]
ut" t
XIL Elementos e características são a mesma coisa. É um traço da
língua, assim como de todo sistema semiológico em geral, não poder haver
diferença, ne1a, entfe o que distingue uma coisa e o que a constitui.
o
"'u XlIl. Nenhuma lei que se movimente entre termos contemporâ-
neos entre si tem sentido obrigatório
tttt t XIV.
Quaisquer verdades que se reencontrem t ]
Não falamos nem de axiomas, nem de princípios, nem de teses. sáo sim-
plesmente, no puro sentido etimológico, aforismos, delimitøções.
- | ]
mas limites entre oS quais se reencontra constantemente a verdade, de onde
quer que se parta t ]
h a n g e Vi h a n g e Vi
XC e XC e
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c u -tr a c k c u -tr a c k
III
OUTROS ESCRITOS
DE LrNcüÍsuca
GERAL
h a n g e Vi h a n g e Vi
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c u -tr a c k c u -tr a c k
I. NOVOS DOCUMENTOS
(Acervo BPU 1996)
h a n g e Vi h a n g e Vi
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c u -tr a c k c u -tr a c k
AescoladeBoppteriaditoquealinguageméumaaplicaçãodalíngua
a língua
ou que esta é a condiçáo necessária da linguagem' considerando
permanente e
comã instituída, delimitada. Hoje, vê-se que há reciprocidade
aplicação e
que, no ato de linguagem, a língua tem, ao mesmo tempo' sua
tempo' a aplica-
sua fonte única e contlnua, e que a linguagem é, ao mesmo
çáo e o gerador contínuo da língua, t ] a reprodução e a produção'
que separa
Ao mesmo tempo que os pontos de vista de toda a distância
il
Sobre o papel parao sujeito falante ou conjunto de sujeitos falantes
-
parao sujeito pensante e falante t ]
- como fenômeno; ela disse:
A t ]náo tratou a linguagem
éa
R iíngua é a letra; a linguagem é a língua ou o idioma' e o idioma
o fonema'
letra; aHãgua é o fonema, é uma correlaçáo entre o pensamento e
PD
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y Noyos Documentos I17
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116 Outros Escritos de Lingüística Geral
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c u -tr a c k
atilou-se diretamente à língua, ou seja, ao idioma (conjunto de manifesta- 2 lSignol .d o
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Novos Documentos
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Outros Escritos de Lingüística Geral
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tazão, ao que
t ] em virtude do sânscrito. Eis uma confusão em que é cansativo bus- Mas, em latim, apresenta-se uma dificuldade que é uma
para recusar uma tal explicação que faremos com
car o pensamento do autor). nos parece, tão central
a nossa refutação consista nessa única razáo | ]:
Ninguém se dá ao trabaiho, o que deveriam fazer até os que estão mais fr" ioaugrego, o nome de ação composto feminino, do tipo èxÀoyf ou êx-
convencidos da verdade da coisa, de registrar cientificamente as provas ob- Em
I sempre conheceu, mesmo nessa lín-
jetivas e a parte exata que delas fornecem ou não fornecem os vários idio- ,puyí1, got^á" ,r-u
mas. De fazer o balanço exato das coincidências que fundamentam cada 1,,u. .ãrror limites, ejam construídas palavras como
desde que o primeiro membro
proposição e que, para os adversários, devem ser o centro da discussão. Íiuo- aog¡, ordinari
Na maior parte do tempo, certas coincidências só se fazem notar depois n(ao sejamais um simples
prefixo. Em , esse tipo é totalmente ausente'
um pretexto Paraa existên-
e através da hipótese; que sejam cataiogadas fazendo-se abstração da hipó- ¡áo "p"nur t
'cia ] mas mesmo quando é dado
tese, dando-se a medida exata à sua força de prova, reduzindo-se as coinci- di feminino simples, como fuga, a morfologia latina se opõe rigorosa-
transfuga "transfuite", que é cons-
dências a seus termos simples, o que, na maior parte do tempo, é uma tarefa rnente a um Composto da mesma ordem,
transfugium' etc'
mais delicada do que se acredita. É um trabalho que, talvez, não tenha sido tantemente substituído por outra coisa, como
feito rigorosamente por uma só das reconstruções [ ? proétnicas]. A hipótese a que somos levados é, entáo, admitir que 1q o latim teria
mas que 2q [ ] esse
Assim, em Iatim: /x. Quando, depois de reconstruir um fonema, ele é conhecido o tipo èx- Ào^yí1 o que, em si, é admissível;
regularmente perdido, em latim, no caso de ter guardado seu
preceituado em um outro, sem que, dessa língua considerada por si só, seja tipo
"rt"riu no caso de ter mudado de sen-
possível distingui-lo de muitos outros; observar formalmente nada de pro- sËntido primitivo e regularmente conservado
sentido. Ai, êaimprobabilidade
va. O que não impede de admitir e com certeza. tido por uma aplicação muito especial de um
Dedução
- que nos parece grave.
Como que continuamente, uma característica é, inconscientemente, subs- Têntando por outra via a respeito de [ ] nós procuramos mostrar
masculinos
tituída por outra na definição de uma entidade reconstruída. que, exceto os masculinos "da primeira deciinação", os antigos
quanto
Nota: que náo se objete, não se misture por exemplo u¡Lpu, apBcx (grego lãtinos em a sáo, na verdade, tão legítimos no grupo que formam
declina-
o longo / a breve). Aqui, nosso método é não pesquisar o que é, mas saber todos os outros elementos que acabaram por se fundir nas cinco
exatamente onde se pode chegar apenas com os dados do sânscrito e se, a ções clássicas.
partir desse raciocínio, se é levado a introduzir logicamente cxppcr ' upþ numa
série que lhe é estranha, esse é um erro que o grego, depois, permitirá cor- Faure (Favre, Fèvre, Lefèvre, Lefébure)]
5 lføber
rigir. Esse erro, eu repito, nada tem aver com o"catâlogo dos índices" que -
preparamos. considerou-se de várias maneiras o nome do novo presidente da Repú-
blica para arrancar das sílabas desse nome qualquer indicação fatídica' o
sentiáo misterioso do nome do pequeno operário de curtume que um dia se
4 lSobre os compostos latinos do tþo agrícola] já que as
tornaria chefe de Estado náo era, todavia, muito fácil de deslindar,
palavras Félix Fnun6 significam, singelamente, se falássemos latim: operário
for a diversidade dos casos, é uma questão puramente latina
Seja qual
que é colocada pela presença, na primeira declinação latina, das palavras feliz! (Felix faber!)
masculinas em -a. o nome Faure, oque em geral se ignora, náo é diferente de Favre, do qual
É levantar uma questão puramente latina falar das fpalavras masculinqs deriva graças a uma confusão da antiga ortografia, que misturava continua-
em -a daprimeira declinação] porque foi através de fatos puramente latinos mente o u e o v. Favre, por sua vez, é como se conhece aantigapalavrafaber'
que tais palavras foram incorporadas. a mesma que muito se dlfundiu, é pronunciada fèvre em outras províncias
Sejam quais forem as palavras, é sempre levantar uma questáo eminen- da França, como comprovam, ainda, a palavra ot-fèvre e o nome de família
temente latina a de falar de palavras t ] Le-fèvre.
Nós estamos longe de não t l Os Faure, os Fatre, os Fèvre e os Lefèvre formam uma mesma grande famí-
O exemplo de øgricola, .... transfuga lia que remonta não apenas à respeitável profissáo de artesáos mas' na rea-
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c u -tr a c k especiatmente respeitada na rdade .d o
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Média, de arresãos
llfl?rl,:'ofìssão,
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I lfionologiø, 1l
32821=e3o4oNão é apenas acusticamente' êmecanicamente que a inibição
mitido à inibiçáo.
3282-2:s26-e2s
AS artiCUlaçóeS sistAntes teriam,
CO'O aS Outras' direitO a Se-
efeito
elas não oferecem, em geral, um
rem consideradas. npì."ii""¿o que
diferente do das articulações fermante
dem uma articulação fermante e uma
n
contínuo de um extremo ao outro'
car, que náo êpatatratar das articul
,rr"nåir" mais ou menos artificial' di
se abre (outttante) e a que se
fecha (fermonte) '
;;;""
' ztez.za=g as plosões;.1J:;rf"t"*os entrar'
rhL¿-)JL Duas licenças
implosões'
se elas se
ratado de fonologia' ainda que o
que jamai Com
mente análogo ao das implosões'
efeito acú
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efeito, cada designação de unidade
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c u -tr a c k posto é conhecido em seu lado ac c u -tr a c k
I
não que é determinado a partir de
I ponta com ponta duas unidades,
I
d
sua natureza acústica, poder_se
fundamente diferentes, com
os
it adotamos é, portanto, antimetódica
ii mas, deixando esse ponto
de lado,
amente ao artificio que suprime
as
- -Vtsto
3282.3:)014 -.
que há, aqui, um
curso natural quando não se
sabe
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,ão se pode.esperar
, ,,isolado,,.Qus
p ::jft
pnmelra parte dos trat¿_
4
d sente, constitui um capítulo fìnal, pare_
cendo indicar a coroação da obra iniciar,
os resultados a que se chega qua¡_
do se faz análises penetrantes como as que
se leu na outra parte.
Contra essa con
nisto:éprecisoo.J;oiä;J'"";;;::.T,ïJî:;:'äåî;ff 'äå::'#::::
á a ausência de quarquer diferença entre
a unidade no encadeamento ou
fora do encadeamento. Não mais se imaginará
que, por um lado, os fonemas
planam no céu e que, por ouûo rado, caem
às vezes na cadeia falada. o
maior erro dos fonologistas que eu ataco não
é ter imaginado que os fonemas,
"ao entrar no encadeamento", estão
sujeitos a um î"gi-";rpeciar, ainda
que essa idéia seja extraordinária, mas ter
aceito a iãéta de que existiria
outro avatar qualquer dos fonemas além do que
se vê no encadeamento e
ter propagado a idéia de que B ou z ou L rãpresentam
unidades, ou até
mesmo "unidades imediatamente dadas",
sem nenhuma tentativa de mos_
trar a que corresponde uma tal afirmacão.
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ituído de qual-
na idêia de linguagem
-idos
Ï,,"r tignifì.ação séria, de q
Q"'6ie"studo geral da lingu nte' por conse-
campo Particu-
exercício dafala constitua' no ho-
ponto de vista eminentemente falso
ologistas e lingüistas, seria Pre-
que o exercício dessa funçáo só
ua ou pelo lado das línguas existentes'
tamente incluindo aí a religiosida_
de, a mo
línguas existentes se condenaria a
eto a linguagem, ou como
se diz, a
r, em todo caso, desProvido' ao mes-
no fundo, um termo obs_
curo e muito vago, ao qual eu faço todas as reservas. Eu não ignoro que, incípio diretor, se não tendesse cons-
neste momento, muitas espécies de macacos, como anunciam os jornais, ral da linguagem' se náo Procurasse
estão em vias de disputar conosco esse último florão da nossa coroa, a lin_ bserva, o sentido e o Proveito claro
guagem articulada, e não discuto quais os e po_ quedeleresultamparaoconhecimentoquetemosdasoperaçõespossíveis
à língua.
32slconrinuação
E isso não tem urna signi-
dem ser, eu admito, dignos de consideração petiu do instinto humano "ffi.uao estudos
pessoa um pouco versada em nossos
mil vezes, é que o homem sem a linguagem ftcaçáovagaegerd: qìalquer
s não
pesquisador chama a atençáo para um
,"1å ..- Ou" ál"g.i" . trirrrrfó cada dialetos
seja onde for, no último de nossos
caso teórico ,orro
"od"rcobri-lo E uma pedra que ele ttaz.ao edifício e
ou no mais ínfìmo idioma polinésio'
quenáoserádestruída.Atodoinstante,errrtodososramosdaciênciadas
línguas,todosestáosobretudoansiosos,atualmente,paratornarpúblicoo
que pode interessar
çóes teóricas que
tr
tal ramo esPecial, c
das e consideradas do que as observ
série maior de línguas' Percebe-se q
exffema especializaçáo pode servir
também statazáoúltima e que' assim' a
efìcazmente à extrema genLtaßzaçáo'
Náo sáo lingüistas como Friedrich
quase todos os idiomas do
Müller, da universidadeäe viena, que abraçam
das línguas. o fìsiologista, o psicólogo e o logicista poder-ão disserrar globo, que
longamente, o filósofo poderá retomar, depois, os resuliados combinados que se dev
da lógica, da psicologia e da fìsiologia, mas, eu me permito dizer, os mais Paris, Paul
elementares fenômenos da linguagem jamais serão vislumbrados, nem cla- nomes da escola russa que se ocuP
ramente percebidos, classifìcados e compreendidos, se não se recorrer,
em como N. Baudouin de Courtenay' Kruszewski'
e que é' simplesmente' o
primeira e em última instância, ao estudo das línguas. Língua e linguagem O ponto de vista a que chegamos' Senhores'
o estudo das línguas' em
são apenas uma mesma coisa: uma é a generali zação d,aoutra. ponto de vista em que se inspira' sem exceção'
euerer estu- que náo hâseparaçáo entre o
dar a linguagem sem se dar ao trabalho de estudar suas diversas manifesta- todos os r"rrr ru-o,, fazvermuito cl aramente
ou o estudo de tal ou tal língua
ções que, evidentemente, são estudo da linguagem e o estudo das línguas'
inútil e quimérica; por outro ou família de línguas; mas que, por cutro
lado' cada divisão e subdivisáo de
que elas são primordialmente línguarepresentaumdocumentonovo,interessantecomoqualqueroutro
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outras denominações' como Grømâtica com-
para o fato universal da linguagem. A Universidade de Genebra fez questão, título deste curso - ainda que
desde o primeiro dia, e com razáo, de dar um lugar à ciência da linguagem; ¡ayada.seiam mais usada,
I acredito que devo tentar fazet o comentá-
"r,
muito abreviado e incompleto' do sentido que tem
a
ela o fez criando o curso de Lingüística e reuniu, assim, sob um nome muito iio,
'iuí^ur^
""..*"riamente que eu queria solicitar
correto, o conjunto dos estudos relativos ao falat humano. É quase inútil hístóriø para olingüista. E paraesse assunt
porque ele contém tudo: quanto mais
dizer que esse ensinamento, transmitido há quinze anos, com uma erudi- sua atenção, sem muitos f,reâmbulos'
se chega a compreender que tudo na língua é histó-
ção, uma experiência, que vocês não devem esperar, por um único instante, se estuda a língua, mais
análise histórica e não de análise abstra-
reencontrar nestas conferências
- que esse ensinamento
jamais teve, em ,¡o, ousela, quã ela é um objeto de
'ø,' orgânico na
seu programa, algo que excluísse um corpo particular de estudos, como o qu."í" ," .o-p óe d,e fatos e não de leis' que tudo o que parece
acidental'
que se relaciona às línguas românicas, ou às línguas germânicas ou às lín- iirrgf"g"- é, na ràalida de, contingenfe e completamente
de entender que a lin-
guas indo-européias, ou às línguas semíticas, etc. Ao contrário, ele reúne, Uma primeira maneira, um pouco superfìcial'
que consrste em observar que não se'
em torno de si, esses estudos particulares, e a prova mais autorizadae ao güística é u-" ciência histórica, é a
mesmo tempo mais agradável que eu poderia citar é o fato do novo curso de conhececompletamenteumpovosemconhecersualínguaouterdelaalgu-
línguas indo-européias, criado pelo Departamento de Instrução Pública, estar mard,êia;quá a língua é uma parte
importante da bagagem das naçóes' con-
em plena conformidade de objetivos com o eminenre titular da cadeira de tribuindoparaCaractetizarumaépoca,umasociedode.Apresençadeidiomas
sob a influência da dominação
lingüística. célticos na Gália e seu lento desaparecimento
fatos históricos' É esse q:"t d:
Quanto mais houve! num mesmo centro acadêmico, especialidades lin- romana constituem, por exemplå, grandes ?
güísticas dedicadas ao estudo de um certo grupo de línguas, mais o conjun- História, mas não é o ponto de vista dahistóría dø língua. E'
ui,t" d, Língua na
o historiador; acrescento,
to desses estudos ganharâ em consistência pelo apoio mútuo, e mais se evidente que' por mil fatos, a língua interessará
o historiador se interesse o
perceberá os traços generosos da disciplina, que fìcam como que despeda- até mesmã, que é possível que nem sempre
em se
çados e fragmentados ali onde cessa de repente ainformaçáo, o interesse e a bastante po, Poucas p"'io"' na França sonham' por exemplo'
"1". seria o romano
vida, por ausência de disciplinas ou de mestres. Um lingüista certamente p"rgrnr"i que língua se falava na corte de Carlos Magno - ou um
levado a desejar o desenvolvimento indefinido de cadeiras de lingüística e, caso fosse o alemáo' seria um dialeto desaparecido
ou o alemão
- Poucos historiadores reparam que ltt
(entretanto, confesso que esse desenvolvimento indefinido poderia ter, com dos dialetos que se perpetuam até hoje?
náo sáo nomes hunos' mas nomes
o tempo, inconvenientes inquietantes para todo mundo). os nomes dos chefes hunos, como Átila'
li1
Se o estudo lingüístico de muitas línguas ou de uma só reconhece, como germânicos-oqueéaprovadetodoumestadodecoisasmuitointeres-
germ nicos não sáo do primei-
seu objetivo fìnal e principal, averifr.cação e a pesquisa das leis e dos proce- sante; e, em segundo lugar, que esses nomes I
mas claramente góti-
dimentos universais da linguagem, pergunta-se até que ponto esses estudos ro dialeto derivado, náo sáo saxóes ou escandinavos,
têm seu lugar numa Faculdade de Letras, ou se não teriam um lugar, igual- cos. No entanto, todos esses fatos, grandes
ou pequenos, pelos quais a lín- I
mente adequado, numa Faculdade de Ciências? Isso seria renovar a questão guasemisturaàvidadospovos,evidapolítica'social'literária'náoconsti- I
o que se pode deno- I
bem conhecida, jâ discutida por Max Müller e Schleicher; houve, Senhores, tuem, eu repito, ou constituem só de vez em quando'
como sabem, um tempo em que a ciência da linguagem tinha convencido a minar a vida da língua' i
que a ciência da lingua-
si mesma de que era uma ciência natural, quase uma ciência física; eu não É ¿. r'r- ou,ro f,o,t,o de vista, por conseguint '
toda língua tem' em si
pretendo demonstrar como isso era uma profunda ilusáo de sua parte mas, gem reivindica o título de ciência histórica' É que
de uma suces-
ao contrário, constatar que esse debate está encerrado e bem encelrado. À ít"r-", uma história que se desenrola perpetuamente' feita
ente, náo tiveram reper-
medida que se compreende melhor a verdadeira natureza dos fatos de lin- são de acontecime ntoi linglísticos que, exterior
da história; assim como
guagem, tão próximos a nós mas, na mesma medida, tão dificeis de captar cussáo e jamais foram insJritos pelo célebre buril
em sua essência, tornou-se mais evidente que a ciência da linguagem é uma são, por sua vez, completamente independentes'
em geral' do que se passa
como as grandes morainas
ciência histórica e nada além de uma ciência histórica. exteriormente. Toda língua apresenta' um pouco
acúmulo de coisas
É essa qualidade de ciência histórica que atribuiráo a si mesmos esrudos que se vê nas nossas gi"it"t, o painel de um prodigioso
lingüísticos de todas as espécies, para fìgurar numa Faculdade de Letras. trazidasatravésdosséculos,masdecoisasquetêmumadata'edatasmuito
glaciares que eu usei
como é particularmente a respeito dessa idéia de história que se insistiu no diferentes,assim como se pode perceber' nos depósitos
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na comparaçáo, que tal pedaço de granito percorreu uma distância de mui- um terreno perfeitamente preciso para o estudo dos fatos particulares, abor-
tas léguas, vindo dos mais altos cumes da cordilheira, enquanto que tal daremos, com mais certeza, o assunto especial da fonética do grego e do
bloco de quartzo remonta apenas aos primeiros contrafortes da montanha... latim, onde as ocasiões para aplicar esses princípios gerais se apresentam
Assim, ø língua tem uma história, o que é uma característica constante. Será sem cessar.
ela decisiva, por si só, para classificar a ciência da linguagem entre as ciên- O primeiro aspecto, com efeito, sob o qual deve ser considerada a idéia de
cias históricas? Certamente que não. A Têrra, por exemplo, tem uma histó-
Históría, quando se trata da língua, ou a primeira coisa que faz com que a
ria que é contada pela geologia, de onde náo resulta que a geologia seja uma
língua tenha uma história, é o fato fundamental de sua continuidade no tempo;
ciência histórica, pelo menos no sentido estreito e preciso que damos a esse de qlue trataremos daqui a
eu não falo, queiram observar, de sua
termo. Qual é, então, a segunda condição compreendida pela palavra ciên- -pouco, mas de sua continuidade.Yale a penafixidez,
nos deter por um instante diante
cia histórica? É que o objeto que constitui a matéria da história por exem-
- do princípio, elementar e essencial, da continuidade ou da não interrupção fot-
plo, a arte, areligião, o costume, etc.
- representa, em algum
humanos, regidos pela vontade e inteligência humanas,
sentido, a¿os
que, aliás, devem çada, que é a primeira característica ou a primeira
lei da transmissão do
- falar humano, sejam quais forem, à volta da língua, as revoluções e os aba-
ser tais que não interessem apenas ao indivíduo, mas à coletividade.
los de qualquer tipo que podem mudar todas as condiçóes t ]. Um povo
Os fatos lingüísticos podem ser tidos como o resultado de atos de nossa povo
pode viver empaz no fundo de um vale retirado, pode ser um agricul-
vontade? Täl é, portanto, a questão. A ciência da linguagem, atual, lhe dá idéias,
tor, guerreiro, nômade, pode mudar subitamente de religião, de de
uma resposta afirmativa. Só que é preciso acrescentar, imediatamente, que
estado social e de civilização, pode mudar de pátria e de clima, pode mudar
há muitos graus conhecidos, como sabemos, na vontade consciente ou in-
até mesmo de língua, porque, neste caso, ele continuará adotando a de
consciente; ora, de todos os atos que se poderia pôr em paralelo, o ato -
mas jamais em parte alguma se conhece, historicamente,
um outro povo
lingüístico, se posso chamá-lo assim, tem a característica lde ser] o menos -
uma rupturanatramacontínua da linguagem, e não se pode, logicamente e
refletido, o menos premeditado e, ao mesmo tempo, o mais impessoal de
todos. Há uma diferença de grau que, de tão longe que vai, dâ, hâ muito apriori, conceber que isso possa, jamais e em parte alguma, ocorrer.
tempo, a ilusão de ser uma diferença essencial, mas não passa, na realidade, Quando consideramos um certo estado de língua, como o francês do
de uma diferença de graus. século XIX, e um certo estado de língua anterior, como por exemplo o latim
Estamos agora, Senhores, um pouco mais perto do que está contido do século de Augusto, ficamos impressionados, no primeiro momento, pela
nesta palavra e nesta visão da História aplicada à língua. Quase que imedia- grande distância que oS Separa e ficamos, eu me apresso a acrescentar, mui-
t¿unente, aparecerá a necessidade de classificar nossas idéias segundo dois to mais impressionados pela denominação diferente que se convencionou
pontos capitais. A língua se diferencia no tempo e, ao mesmo tempo, ela se thes dar, chamando este de latim e aquele de francês. Nós imaginamos, en-
diferencia ou se diversifìca no espaço. Uma língua, considerada em duas táo, freqüentemente, que há duas coisas e que uma sucede à outra. Ora, que
datas diferentes, náo é idêntica a si mesma. Considerada em dois pontos, há sucessão, isso é indubitável e evidente mas, que haja duas coisas nessa
mais ou menos distantes, de seu território, ela também não é idêntica a si sucessão é falso, radicalmente falso e perigosamente falso, do ponto de vista de
mesma. As duas coisas, quando se quer ter uma visáo exata dos aconteci- todas as concepções que se seguem. Basta, aqui, refletir um instante, já que
mentos, devem ser sempre levadas em conta ao mesmo tempo e em conjun- tudo está contido nessa simples observaçáo cadaindivíduo emPrega, no dia
to. Mas somos obrigados a separá-las, em teoria, para proceder com ordem. seguinte, o mesmo idioma que falava no anterior e é isso que sempre se
Eu consideraria, então, só por hoje, a marcha da língua no tempo, su- observa. Não houve, portanto, um dia em que se pudesse lavrar o atestado
pondo que náo precisamos nos preocupar com o fator da distância geogrâfica. de óbito da língua latina e não houve, igualmente, um dia em que se pudes-
Além disso, só me será possível abordar, nesta reunião, o primeiro pon- se registrar o nascimento da língua francesa. Jamais aconteceu que as pes-
to principal a ser colocado; é o princípio da continuidade no tempo; em nossa soas da França acordassem dizendo bom-diø em francês, tendo, antes de dor-
reunião de terça-feira, vamos examinar o princípio que é a sua contrapartida, mir na véspera, dito boa-noite em latim.
o da transformação no tempo. Depois, do mesmo modo, consideraremos o Náo existe objeto comparável à língua, que é um ser muito complexo, e
que se pode dizer dos princípi os da continuidøde no espaço e da divergência no é isso que faz com que todas as comparações e todas as imagens de que nos
espaço. Depois dessa exposição, que terâ a vantagem de nos colocar sobre servimos habitualmente acabem, regularmente, por nos dar uma idéia falsa.
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são as ciladas escondidas atrás de cada rocução
que, tarvez,mais retardaram
tl do Haiti que falam francês, do felá egípcio que fala ârabe; o caso do habitan_
Alegra-me vivamente que o prime te de Genebra que fala o dialeto de île-de-France e não a língua autóctone
rre inconrestado que dirige na vinte que falava há alguns séculos. Mas não exisrem aí causas tiiguísticas. rJma
?,:,1::
Gaston paris, não tenha achado inútit jlili,j; lingua jamais morre de esgotamento interior, depois de conciuir a carreira
de nossas locuções mais correntes que lhe foi dada. Em si mesma ela é imperecível, isro é, náohâtazão
e, aparentemente, mais inocentes; pri- alguma
do latim, ou então tal palavra, por para que sua transmissão termine por uma causa que pertença à
exemplo , chanter, organiza-
e. O francês não vemdo ção dessa língua.
latim, mas é o latim, falado
em determinados limites geográficos. Lê-se em uma das primeiras páginas de uma obra de Hovelacque
Chqnter não sobre
vem da palavraratina.cantqre, a lingüística: A língua nasce, cresce, definha e morre, como todo
mas é a palavralatina cintaie. Do se, organi-
mesmo modo,
valeria dizer, o francês que faramos irm zado. Essa frase é absolutamente típica da concepção tão difundida,
mãsmo
dofrancês de tvtontesquieu ou do
corneille, ou vem d_o de Montaigne ou de entre os lingüistas, que é combatida à exaustão e que levou diretamente
de Froissart, ou do da chanson de a
Roland; isso é uma fazer da lingüística uma ciência natural. Não, a língua não é um organismo,
[ ], mas åmo todo mundo ái, q"" é o francês de
elanão é uma vegetação que existe independentemente do homem, ela
uma razão para não não
tem uma vida que implique um nascimento e uma morte. Tüdo é falso
latim de plauto, e a na
frase que eu li: a língua não é um ser organizado, era não morre por
latina de falar. era
mesma, ela não defìnha, ela não cresce, na medida em que não tem
Gastonpariséado uma
infância, assim como não tem uma idade madura ou uma velhice e, por
fim,
Não exisrem rínguas filhas nem línguas ela não nasce, como vamos ver.
mães, não
e nem jamais existiram. Há, em
cida região do globo, ,- "r,r,lixtJïïrl"Ëlî:
de língua
Jamais se observou, com efeito, sobre o globo, o nascimento de uma
que se üansforma lentamente, de "rt"do língua nova. Já se observou o súbi¡o aparecimento de novos astros em
semana em semana, de mês em meio
ano em ano e de sécuro em sécuro, mês, de às constelações conhecidas do céu e já se viu, um dia, o surgimento
como veremos a seguir, mas nunca de no-
ve' em parte alguma, parturição ou procriação hou- vas tefras na superfície de alguns mares, mas não se tem conhecimento
de u,,'îdio-" novo por um de
idioma anterior, isso é estranho u,r¿o uma língua que não fosse falada na véspera ou que não fosse faladada
mes-
o que vemos, assim como a tudo o
que podemos nos representar em ma forma na véspera. poderá ser citado o volapük. Eu ia falar
idéia, sendo dadas, simplesmente, disso. porque
dições em que falamos, cada um, as con- precisamente o volapük e qs outrqs línguas
a nossa língua materna. lørtificiaisl são um exemplo exce-
O que se pode dize¡, depois do que lente para se perceber o que impede que nasça uma língua ou o que
foi colocado , d,o nascimento e damorte garanre
das línguas, que desempenham a transmissão das que existem: há dois fatores, o primeiro é
uL g.a.rd" p"p"i pelo q,r" ," diz neste a ausência de
mundo? qualquer iniciativa, já que cada população está muito satisfeita
com seu
Comecemos pela morte. idioma materno; o segundo é que, mesmo se houvesse uma iniciativa,
o que
uma língua não pode morrer naturarmente supõe um conjunto de circunstâncias totalmente excepcional e, principal-
e de morte naturar. Era só
pode morrer de morte violenta.
sua única
mente, o emprego da escrita, essa iniciativa se chocaria com a resistência
maneira d,e acabaré se ver supri_
ca invencível da massa que náo renunciará a seu idioma habitual.
xrerior aos fatos da linguagåm. o volapük,
lo do povo que a fala, como logo
que não pretendia destronar nenhuma língua existente, não
conseguiu, apesar
as das condições favoráveis em que se apresentou, ter sucesso neste
lhas da América clo Norte. Ou mundo.
m Dir-se-á que negar, nesse sentido, que alguma língua tenha nascido,
a que pertença a uma raça mais é
te; em geral, é preciso não apenas for_ jogar com as palavras, e que basta definir o que se entende
,r-" domr.r"çao'poriii.f àas também por nascimerto
uma superioridade de civilizaçáo para que não se possa negar o nascimento ou o desenvolvimento
progressi-
e, muitas vezes, a
escritø que seja imposta pela
Es vo de uma língua como o alemão, o francês. Eu respondo que, neste
la lgreja, pel caso,
todas as vias da vida pública joga-se com outra palavra, que é a paravraríngua;
e .. É ,rm caso naìeahdade, aringuanão
história: o caso do gaulês da Gá é um ser defìnido e delimitado no tempo. Disìingue-se a língua francesa
rntado pelo I ea
língua latina, o alemão moderno e o germânico de Armínio como
se distin_
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gue I ] e, sendo assim, admite-se que, em algum ponto, um começa e que Júlio César náo falava o indo-europeu de seus primeiros ancestrars.
que o outro acaba, o que é arbitrârio. Meu Deus, eu estou convencido de que isso é, um pouco, a história de tudo
Todavia, há um lado dessa questáo que diz respeito à diferenciação geo- o que vemos Se passar à nossa volta ou em nós mesmos. Um excêntrico
grâfrca das línguas e que eu não abordo. chamado Boguslawski anunciou, há pouco tempo, numa cidade da Rússia, a
Já que não se pode, em lugar algum, fazer nascer uma língua, pergunta_ abertura de uma exposição de um novo gênero: eram 480 retratos fotográfì-
se qual é, então, a idade que se atribui a cada uma delas. Aqui também é cos representando todos a mesma pessoa, ele, Boguslawski, exatamente na
preciso se entender a respeito das palavras. sáo feitas singulares confusões rnesma pose. Durante vinte anos, com uma regularidade admirável, no pri-
com a palavra øntigø quando se fala de línguas. Há três maneiras de um meiro e no décimo quinto dia de cada mês, esse homem devotado à ciência
homem ser mais velho oumais antigo do que um outro. A primeira, que nem ia à casa de seu fotógrafo e, agora, ele podia fazer o público aproveitar o
sempre é agradâvel, é ter nascido antes dele. A segunda, que o é ainda me- fruto acumulado de seus esforços. Eu não preciso lhes dizer que, nessa ex-
nos, é morrer antes dele: fala-se de velhos e antigos camaradas que não posição, tomando-se duas fotografìas contíguas quaisquer, tinha-se o mes-
existem mais. A terceira, que é a pior, é, como dizemos familiarmenre, ser mo Boguslawski, mas que, tomando-se a no 480 e a nq 1, tinha-se dois
menos conservado do que ele. Pois bem, dessas três maneiras, a primei ra não
Boguslawski. Do mesmo modo, se tivesse sido possível não fotografar, mas
existe para as línguas. Todas as línguas faladas na mesma época são da mes-
fonografar diaadia, desde a origem, tudo o que foi expresso em fala sobre o
ma idade; no sentido de remontarem a um passado igual. Não é necessário
globo ou sobre uma parte do globo, as imagens de língua seriam sempre
determinar a duração desse passado. se assim se deseja¡, essa é a origem da
semelhantes de um dia para o outro, mas consideravelmente diferentes e,
linguagem, mas sem remontar a períodos inacessíveis. chegando-se ao pe-
às vezes, incalculavelmente diferentes de 500 em 500 anos ou mesmo de
ríodo acessível, fìca claro que cada língua indo-européiafalada atualmente
100 em 100 anos.
tem exatamente a mesma idade com relação ao tempo em que se falava o chegamos, assim, ao segundo princípio, de valor universal como o pri-
indo-europeu primitivo.
meiro, cujo conhecimento pode revelar o que é a história das línguas: é o
Eu não me detenho no segundo sentido em que uma língua seria mais
ponto de vista do movimento da ltngua no tempo, mas de um movimento que,
velha do que outra, e que não tem grande importância; há línguas mortas e,
em momento algum, já que tudo esta ali, chega a entrar em conflito com o
por conseguinte, que se pode chamar de antigas, por exemplo o gaulês, o
primeiro princípio, da unidade da língua no tempo. Hâtrønsformação, ainda
fenício, etc., que foram extirpadas.
e sempre transformaçáo, mas nãohâ, em parte alguma, reprodução ou pro-
Enfìm, vale observar que, no terceiro sentido, pode-se dizer que uma
duçáo de um ser lingüístico novo, com existência distinta do que o precedeu
língua é mais velha do que outra mas, coisa bizarra, païa as línguas é o
e do que se seguirá a ele. Nada de línguas mães, nada de línguas filhas, mas
contrário que acontece, ou seja, sáo as línguas mais conservadas que se
uma língua uma vez dada, que rolarâ e se desenrolará indefinidamente no
chama de velhas. Nesse sentido, por exemplo, o grego é uma língua mais
tempo, sem nenhum termo prefìxado à sua existência, sem que haja, nem
velha do que o latim considerado na mesma época, afastou-se menos do
mesmo, a possibilidade interior de acabar se não houver acidente, nem vio-
tipo primitivo indo-europeu. o sânscrito é mais velho, mais preservado, do
lência, se não houver uma força maior, superior e exterior que venha aboli-la'
que algumas outras.
Esses dois princípios, da continuidade e da mutabilidade da língua, longe
opondo, em nossa próxima reunião, o princípio de movimento ao prin-
de serem contraditórios, estão em correlaçáotão estreita e tão evidente que,
cípio de inércia que [ ], nós reremos t l quando temos vontade de menosprezar úm deles, ofendemos o outro, ao
mesmo tempo, e inevitavelmente, sem nem mesmo pensar nele'
2b lSegunda conferência na Uniyersidade de Genebra Quem cede à primeira ilusáo de se representar o francês como algo
imó-
(novembro de 1591)l Vel, no momento presente ou em outro qualquer, acaba forçosamente nada
entendendo do que se passou no período entre os anos 500 e 900. Entáo,
"tn S", como acabamos de colocar, nenhuma interrupção, nenhuma ci- supõe um salto: um salto um toque de varinha má-
são, nenhum hiato é imaginável na tradiçáo da língua, se é verdade que a gica, ou um parto inaudit á subitamente a vida a um
língua do dia seguinte sempre existiu na véspera, da mesma forma, pergun- outro idioma. Da mesma or suprimir a idéia de con-
ta-se como é que não falamos hoje o latim que ralavaJúlio césar, como é tinuidade, imaginando que um dia o francês saiu, como Minerva do cérebro
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deJúpitea armado dos pés à cabeça, das entranhas da língua latina, cai regu- w
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o estudo da linguagem acredira, desde já, poder afìrmar que a essência .d o
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- Em alemáo, falou-
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línguas, sem jamais conseguir rompê-la. Ê"emplo tirado da história do verbo sein em alemáo.
Observemos, também, em seguida, por que se dá o nome de operaçáo se, durante séculos, até em pleno século XIX, ichwas "eu eta"; er wos
"ele
I de analogia, de fatos de analogia, a todas essas operações psicológicas. o era"; wir woren "nôs éramos", estado que é, aliás, conservado sem mudanças
termo foi tirado da gramâtica antiga dos gregos, que nele punha uma outra no inglês: I wqs, he was, we were. Pot quê? havia um s em lvøs e um r emwaren'
idéia e se colocava num ponto de vista muito diferente do nosso; mas ele se para isso há excelentes razões, mas eu náo vou examiná-las porque essas
revelou aplicável, já que o resultado dessas operações tende a restabelecer a"rrr", retrospectivas, sejam elas quais forem, náo mudam em nada o esta-
uma analogia ou uma simetria entre as formas; assim, viendrai não é simé- do que temos no momento, do qual falamos, e não são capazes, igualmente,
de mudar mais nada no que vai se passar a partir desse estado. No fundo, o
.!
trlco a puntrai. E sobre umaanalogia que se efetua o raciocínio que está na
base do fenômeno. Mais geralmente, esse fenômeno representa uma associa- r de waren é uma modifìcaçáo do s mas, eu repito, isso é alheio à questáo.
ção de forma.s no espírito, ditada pela associação das idéias representadas. No mesmo momento em que existe, por uma causa qualqt)et, wqs -
A operação de analogia é mais viva e mais fértil na criança porque sua woten,existe também, e sempre por uma razáo que náo temos que pesquisaq
memória ainda não teve tempo de armazenar um signo para cada idéia e,
por conseguinte, ela se vê obrigada a confeccionar, a cada instante, esse
signo. ora, ela o fabricarâ sempre de acordo com o procedimento da analo-
gia. É possível que, se o poder ã a precisão de nossa memória fossem infini-
tamente superiores ao que são, as novas formações por analogia fossem mente eles não sejam mais do que was
reduzidas a quase nada na vida da linguagem. Mas, na realidade, não é esse Eu dei apenas, necessariamente, uma idéia muito incompleta do fenô-
o caso, e uma língua qualquer num momento qualquer nada mais é do que meno e só o considerei em uma ou duas de suas formas mais notáveis e
um vasto enredamento de formações analógicas, algumas absolutamente mais perceptíveis.
recentes, outras que vêm de um passado tão distante que podemos apenas A outra causa das transformações lingüísticas, a causa fonética, pede
adivinhá-las. Pedir a um lingüisra que cire as formações analógicas i, por- agora a nossa atenção.
tanto, como pedir a um mineralogista que cite os minerais, ou a um astrô- Por razões que não seria possível expor aqui, ela escapa à nossa atençáo
nomo que cite algumas estrelas, eu digo logo de início, para que não haja e à nossa consciência. Esse movimento fonético existe em todas as línguas:
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cantare > chanter, campus > chøntp, cathedra >
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chaire, cq.rqmus > chøume, vaccq
> vøche, capillus. cantare se decompõe þ,(tntar.
Outro fenômeno: civitas > cité
| ].
JI- palatal.
característica capital: atinge cegamente todas
as formas da ríngua er¡
que se encontra o som em questão e,
por conseguinte, oferece um caráter
reguiaridade matemática. de
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o latim
- ou então dois nomes, de
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I
rrês nomes, denominan do_o latim, tintos, um psicológico, que se e analogia,,, o outro
nomes, denominando_o latim do sé pecânico, fisiológico, que tem su fonéticas. Um agin_
de Crisro, do século I depois de Cr 619 de maneira perfeitamente a náo ser em casos
I'
XIX depois de Cristo. E que não ex
de introduzir uma divisão, além
it dessa maneira totalmente arbitrâriae
vencional' Assim, nós negamos con_
não apenas que uma
sem ser precedida de uma outra _ - não apenas, em segundo
possa nascer
'íngualugar, que uma
língua possa su
outra, mas, em terceiro lugar, ne-
gamos que uma
gradualmente de uma outra, pois
nãohânenhum eja menos determinada nem mais
determinada do não existem , jamais,características
perma_
transitórias e, além disso, delimitadas
no rempo; exis_
de língua que são, perpetuamente,
a ftansição entre o
o do dia seguinte; querer reunir um mento determinado sobre uma certa extensão de território, o resultado da
certo número de
b um nome como latim ou mudança inevitável, ao fìm de cem ou duzentos anos, não ,ê o mesmo nos
francês é a mesma operação e
tem exaramente o valor de opor o sécuro XIX ao XVIII diferentes pontos desse território, tenha ele um diâmetro de quinhentas ou
São vagos ponros deï"rro
referência, sem à pretensão de evocar
ou ao XII.
seiscentas léguas ou de cinco ou seis léguas. os fenômenos ocorridos no
ordem finita de coisas, e menos ainda a idéiade uma
de descartar a idéia da ordem pouco instante são sempre absolutamente precisos e definíveis, por exemplo, a
diferente que precedia e que se seguirá. mudança de s para h, mas não são os mesmos nas diferent., p"rt", d,a ârea
E impossível, aqui, deixar de observar geogrâftca considerada;
grego contemporâneo, como
Jean psichari,
que o lingüista que se ocupa do
goza deuãnr"g"-
- e, por conseguinte, a língua não é mais idêntica
nas diferentes regiões que se atravessa.
privilégio de não precisar nem mesmo do
comentar uma dessas "preciável,
distinções nominais, como a de francês desastrosas
e de latim; d;" ;;;;rimeira
o percebemos, quando ele parte do grego aula
falado no século ïtt pur"
chegar ao grego arual, com u- r.rt"ruãlo ".c. por_
de 2.600 anos: simplesmenre
que as duas coisas r10
g:l'-inadas grego, embora sejam tão dif"."ntes en-
tre si quanto o francês "difere do latrL'i ,4 em Genebra, o m
ou até mais em muitos pontos. E, oêe
neste momento em que tenho a honra ou Paris, ao fìm de
tou' para dizer averdade, absolutamente
de rhes falar, estou
f"rruadido, es_ ï:
certo de que, a despeito ma, um idioma que :;
de tudo o
Genebra, B" em Lyon, B"' em Bourges, 8",' em paris, por oposição ao ,4
idêntico do ponto de partida.
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146 Outros Escritos de Lingüßtica Geral
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tes do país, uma situação preeminente, que faz com que só esse dialeto percebe-se, agora, como estava distante da verdade a idéia que dominou
chegue até nós nos monumentos escritos, ou que raz com que os outros
dialetos sejam considerados jargões informes e horríveis, que se imagina
ser deturpações da língua ofìcial. Enfìm, acontece muitas vezes, em segun-
do lugar, que a língua adotada como língua Iiterâria chegue a matar t ].
Exemplo: o latim que vocês dominam, que vocês conhecem, considerado
em suas origens, pode parecer, a um observador superfìcial, que é a língua
da Itália ou ao menos a língua do Latium. Na realidade, quando se dá uma
olhada nas inscrições faliscas, volscas, oscas, sabinas ou nas palavras trans-
mitidas pelos gramáticos, percebe-se que o latim romano, que teve destinos
tão gloriosos na história, era um pequeno dialeto local que acabava, quase
literalmente, nas portas de Roma. Artália está repleta de outras formas da
língua itâLica, umas bem conhecidas, como o úmbrio ou o ósquio, outras de
que temos apenas uma idéia mais vaga, como o sabino.
ora, observemos que, devido a causas políticas e literárias, o dialeto
romano acabou varrendo todas as outras formas, náo menos legítimas, da
língua itâlica.Isso levou muiro tempo (pompéia); mas finarmenre acabou
por acontecer.
Do mesmo modo, para se ter uma idéia sensata do que é, por exemplo,
o alemão moderno na verdadeira extensão do termo, é preciso começar por
reconduzir o alemão ofìcial que aprendemos, não ao valor zero, mas ao valor
de uma única unidade entre as centenas de unidades que se pode distinguir
sem se ir além da Suíça alemã.
A posição do francês diante dos dialetos franceses é exatamenre a mes-
ma; ou,seja, o francês ofìcial representa o dialeto de uma única [região]:
Paris e Île-de-France.
Eu poderia, naturalmente, multiplicar ao infìnito os exemplos. para usar
um exemplo mais distante de nós: poderia parecer, no começo do século,
que a língua zenda conservada através dos livros sagrados dos parses, repre-
sentava alingua do Irã
- Aquemênida, dois dialetos iranianos, sendo que
existia, certamente, uma multidão de outros.
Em meio a essa imensa multiplicidade de formas, eu faço esta observa-
ção para evitar uma falsa representação, seria errado supor que temos difi-
culdade para achar o caminho e que estamos diante de um quadro de imen-
sa desordem.
Se considerarmos cada um dos termos de chegada B, B,' B',,, reencon-
traremos, para cada um, o mesmo ponto de partida,4, modifìcado em dire-
ções diferentes, mas de maneira perfeitamente precisa. Assim, tsa}i
- tsã.0ãté
-gãté 0ã, Tudo
château. isso remonta, matematicamente, a castellum ; tsa}i
château, chørnp.. -sf > 0 : tî}a. - -
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e, a7ém disso, uno em sr mesmo. Eu , w
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E ainda mais interessante seguit-, de uma só vez, no tempo e no espaço,
caracterísricas comuns de distinçáo
conservação do ø tnar átono latino, como
li;lTliff,ffi ï:lî::,î iï:ï desses grandes fenômenos Wein, Zeít, Hqus, Leute.
em murher,,, @enva, ,,Qs- ^propagaÇão
Como efeito desses fenômenos sucessivos, que seguem todos a lei da
nebta", que é um sig'o comum do diareto feña,,J
savoia,ro, é também um signq geográfica, o dialeto só pode diferir insensivelmente quando
distintivo diaretar mas, revando mais ronge col.rtinuidade
minha observação, eu Constât¿_ localidade qualquer em Llma direção qualquer. Por exem-
ria que ele é comum ao dialeto savoiano se pafie de uma
e a todo o Sul da Fr ao fim de um certo
não existe, aí, nenhuma caracrerísrica ¡16, o savoiano que parte na direção de Auvergne chega,
sul da França não üansformou o grupo
distrntiva. Eu obser#li;i"ltr.ii iempo,à fi-onteira de 0a para ca latjno e encolìtrará, por exetttplo, rsa, assim
cø latino em ßa, iø ou em outr¿
cotsa, cqnto, enquanto que, em ßa, o gue náo o perturba muito e não o impede de con-ipreender; algumas
savoiano, há uma mrd".ri", 0ãrä; passa uma outra frouteira, suponho, a de pl que dá pr; isso
essa característica é merhor? De será qus Iêgtas depois, ele
forma arguma, porque .".u.r"rística
comum' em rroca, ao Nordeste do "rru é øml¡ém não o perturba; mas, na medida em que ele se afasta de sua aldeia
território, rìga å ,auoi".ro
Gex' a Franche-comté, a paris. Eu à região de natal, a soma das diferenças com relação ao seu dialeto se acumula e acaba
dedicaria a Jtenção,
características mais 10c tomaria, a procurar por fazer com que ele não compreenda mais.
por exempio, o fato ""ì-,do desl0camento A conseqüência dessa observação, é que náo existe, regularmente, fron-
do acento latino no dia ,auoi^Jo'lo
Iná, la ,pA, mas.o.,r,oro, em pouco
tempo, que, por um lado, esse fenômenc teira entre o que se denomina duas línguas, por oposição a dois dialetos,
n ã o s e n å o, p o' r o, u m a c ar ac r e., r r,. j ilåt "# :ï:, :
t"il:'å quando essas línguas são da mesma origem e faladas por populaçóes contí-
para Valais, de um ".,,
lado, e na direção de Dauphiné,
ïri:',t"'.ï guas sedentárias. Por exemplo, não exìste fronteira entre o italiano e o fran-
portanto, uma cafacterística distintivo_.
i" out.o; que ele não é, cês, entre os dialetos que se prefere chamar de francês e aqueles t ].
E assim vai: não havlrájamais uma delimitadas,
característica qualquer que coincida, Assim como não há dialetos delimitados , náo hâ línguas nas
em sua ârea geogrâfica, com outl.a,
uma liga a savóia a vaud, a outra, condrçóes normais.
uma parte da savóia a uma parte Assim, a língua, que não é, como vimos, uma noçáo definida no tempo,
Vaiais, a terceira, uma de
[ ] não é, também, uma noção definida no [espaço]. Não há outro meio de deter-
Acaba-se' enfim, compreendendo
que a área geogr âfica dos
perfeitamente ser traçada no mapa, fenômenos pod,e minar o que queremos dizeq ao falar de tal ou tal língua específìca, além de
letais é absoluramente quiméricà -", qu" tentar distinguir unidades dia_ dizer e língua de Roma em tal ano ; a línguø de Annecy em tql ano. Ou sej a, conside-
e inútil.
cada região está colocada no percurso rar uma única localidade pouco extensa e um único ponto no tempo.
de um certo número de fènôme- Pergunta-se, entáo, depois dessas observaçóes, se línguas contíguas da
nos lingüísticos, que têm, cada
u-, ,u^ percursos determinados; a soma das n-tesma origem, como o eslavo e o alemáo, são ligadas, como o italiano e o
caracrerísticas que resu*a, para
cad.a r"gião, da superporiçáo
tal e tal fenômeno é o que constitui, de francês, por dialetos intermediários, que pertencem tanto ao primeiro quanto
".ia.rrtal
,e arri- se preferir, o diareto
região' Mas é impossívei encontrar dessa ao segundo tipo. Não; e isso é quase geral na família indo-européia. Nós
uma característica que permita derimi_ não possuímos mais as transiçóes; mas é preciso iembrar que nosso conhe-
tar esse dialeto com relação a qualquer
outro .- a menos que se considere cimento é absolutamente fragmentário; nós não conhecemos o corpo de
um único vilarejo. As pesquisas diaietais
são, hoje, dirigidas unicamenre língua ilírico,nós não dominamos o corpo de línguaft'ígio, nem o corpo de
objetivo de derimitat,.^.â' udos fatos -não ao
ringüísticos,
des imaginárias de dialeros.
o -", d" tr"ç". unida- língua macedônico, que provavelmente ligaria o grego ao eslavo; além disso,
Pode-se delimitar, de quilômetro houve contínuos movimentos de populações sempre a atingir e recobrir,
a quilômetro, a fronteira onde
mudança do a ratino em e: doncü cessa a com suas vagas, os tipos intermediários.
ou dorri;mas querer, a partirdessa
rística ou a partir de ouûas, dividir caracte- Nós temos razáo para acreditar que a diferenciação no seio do grande
a França em ríngua-d,oc e ríngua-d,oir,
absolutamente falso, já que, po, é corpo indo-europeu se fez, em geral, do mesmo modo que a diferenciaçáo
uma outra característic a repartirâ da língua latina. Neste momento, a continuidade é ininterrupta... passando
a França transversalmente "r"-plo,
em ouüo sentido, dividindo-u .-
uma terceira irá, em diagonal, irr" e oeste; por Herat, Merw, Moscou.
dos Aipes até o Oceano, etc.
Nada mais intertsssante' a esse Ora, se consideramos as diferentes línguas indo-européias, cada uma
respeito, do que o Atlas lingüístico representa exatamente o elo intermediário entre suas duas vizinhas do Este
Império alemão. do
e do Oeste.
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E nós podemos constatar certos grandes fenômenos totalmente análogos Durante séculos e séculos, existiu um latim do qual não temos
ffra noçáo direta, já que nossos
mais antigos documentos referentes ao la-
Continuidqde, mas div ergências.
antes da nossa era; o grego que é
Fonéticq. drn começam pouco antes do ano 200
antes da nossa era, tem, ele mesmo,
conh"cido há pelo menos 700 anos
auíLs de si, um passado.
Mas o que é isso comparado ao eslavo que, tão
3a lNotø sobre ø história das línguas; crítica antigo quanro o grego, só se torna conhecido
a partir de 900 ou 1000 de
da expressão gramâtica comparada, 1l nossa eia, ou seja, 1.700 anos depois
do grego' e ao lituano' que conhece-
t"u mos direito há aPenas 350 anos?
O título gramática comparadø, atribuído ao Curso que eu tenho a hon-
ra de começar ante vocês
- e, ademais, largamente consagrado pelo uso -
tem certamente uma vantagem incontestável: a de tirar radicalmente do 3b lCríticø dø exPressão
espírito, desde o primeiro momento, a idéia de que vai se tratar de um gr amâtica com2at ada, 2)
estudo literário dos idiomas que talvez se discuta, e de preparar, de ante-
Históriq
Eu lhes falei de um título de curso acadêmico que seria:
32s7 das
mão, o auditório, que pode estar tentado a acompanhar um tal curso, para
discussões centralizadas exclusivamente na língua em si mesma. A palavra línguas indo - eut oPéias.
"
que, hoje, os lingüistas são levados a adotar como o
mars
gramâtica, por si só, seja essa gramática comparadø ou não, estabelece com Éo .to-"
p"." designar o ensinamento que leva' em geral'
precisão do que se trata e faz ver que os monumentos literários, gloriosos apropriado e o mais
"*uro
ou obscuros, que produziu o idioma grego, por exemplo, ficam fora de nos- o titr'rto de Gramática comparada (das línguas indo-européias) '
sa apreciação, não passando, para nós, de documentos sobre o idioma grego onomegramáticacomparadadespertamuitasidéiasfalsas,dasquaisa
gramâtica científica,
em si mesmo ou sobre um período determinado do idioma grego. mais lastimável é fazer acieditar que existe uma outra
De todos os outros pontos de vista, pode-se dizer que o termo gramática além da que usa a comparação das línguas'
de um idioma,
comparada, inventado numa época em que os estudos estavam ainda em sua como a gramâticaú"- .o-preendida é apenas a história
das
fase embrionâria, não satisfaz o espírito; esse termo precisa, ao menos, ser e como toda história tem muitas lacunas, é claro que a comparaçáo
cercado por muitos comentários e reservas. Qual é, em definitivo, o papel línguasSetorna,pormomentos,nossâúnicafontedeinformação(preciosa,
a solu-
da comparação na história das línguas? Acabou-se, não se sabe bem por de poder substituir o documento direto), mas ela é apenas
"o"po,',o outra melhor'
que, por fazer do lingüista um comparador. Entende-se que o astrônomo çáo que temos nafalta de
observa e calcula, que o crítico critica, que o historiador relata e que o lin- Ásri-, a gramâticase torna' por necessidade' comparativa' no instante
caracterize
güista compara. Por que o lingüista compararia, ou por que estaria ele con- em que falta o monumento autêntico e preciso; nalahi1aí.que
E, simplesmente' a
denado, em seu ofício, a comparar? uma tendência, uma escola ou um método particular'
qualquer epíteto
É muito fácil de ver, Senhores, que a comparação, longe de ser, para o única maneira de fazer gramâtica. Nós rejeitamos, entáo,
negamos' naturalmente' qual-
lingüista, um método fundamental e preferido, é justamente o último meio particular, como o d,e coiporadores, assim.como
a que ele recorre, por necessidade, em certos casos. É a inopinada freqüên- querespéciedeexistênciaaumagramâticaquenáoreconheçaacompara-
cia desses casos que dá. uma importância fortuita à comparação. ção seus meios legítimos de investigaçáo'
"ntt"
AsubstituiçãodotermoHistóriaporGramáticacomparadatemumaoutra
Se a história das línguas, como a história dos povos, náo fosse cravejada
a acepçáo cor-
de enormes lacunas, não haveria nenhum pretexto para aplicar a compara- vantagem: esse termo gramâticacomparada exclui' segundo
como a família das
ção. O desenvolvimento das línguas românicas vindas do latim fornece, aqui, rente, as ramificaçóe, Lod".,,a' do indo-europeu' tais
em -seu desenvol-
exemplos absolutamente tópicos sobre o princípio: I. patre (m) père. Mais línguas românicas ou até mesmo a das línguas germânicas
tarde. tëctum - vimento mais recente, já que nesse terreno a comparaçáo
deixa de ser um
- telhado. 2. fuente - lacuna.
Eu só falei de exemplos em que
3. tuttus
-
outra lacuna.
a tradiçáo existente é ou corrigida ou insrrumenro muito .r"é"rrário graças à continuidade da tradição histórica'
completada por uma comparação de produtos; mas resta, agora, os inco- Essa cisão náo justificada [ ]
mensuráveis períodos de que náo temos nenhuma espécie de testemunho
escrito.
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4 lDistinção entre lite.ratura,
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se ninguém confunde o literato e o filólogo'
que se
I
rfilologia, a atología e lingüístíca:
I
Iingü'stical o"p"ito' em contrapartida é muito t l
¡ "tu O estudo de uma literatura, do ponto ,"rll"r7;
é, para todo mundo, bastante
I
ligam, com um caráter mais
¿irtani" ¿os 5 lO føto fonético sqõe duas épocasl
t¿cnicå, qu" ,ão" o
i do filólogo, como, entre "
outros, a crítica de texto
os fatos de que se ocupa a fonética
I de edições, a paleografi" imPedimento Para que eles estejam
" " "pigr"fì"] u."pti."C
:?1:r,
lexicografia, a gramitiå,
iétri.a d" ecessita, propicia ou aconselha' con-
filólogo" poderá ainda, s, " oca Por consegulnte' um
Precedente,
go, jurista, ge
de tudo o que ística atual, que deixamos para com-
do espírito ou da leúa o de vista sistemático' Limitamo-nos
compreender qual é, ao lado
da erudição pura so duas épocas pata explicar um fato
9cu.pa
a erudição ou a ciência filológica,
ainda é preciso regularmente duas épocas
ri"g"ui À";;i"'¡ t"'0" sempre em ermitir que ele existq e seja um dos
iü::.ffi";;î:ï:,ff: visra esses dois
Acontece freqüentemente,
em troca, haver menos predisposição
compreender qte afilologia, para
por sua vez, se ma rém
Literatura e filologia. _ ò disiinta dalingüísticø. 6a lQonología, 2)
estudo ã" ,_" ti atu.a abra.rge
sentido que geralmente lhe apenas, no
rário propriamente dito; assim,
é dado,
Çro, qu" lerecem um interesse lite_ Nota: O termo fonologia compreende' para nós'
32eo-64o o que é geral-
ere é tastante distinto, para
todo mundo, rnente entendido, na Alemanha, sob
o nome de Lautphysiologie' Nós não
:ffiä:i:iîïå::Ëhecimentos*i'r'"'"''aî";^';;;¿";;srécnico,qus uu-o,dissertaraquisobreaprecisãodasdenominaçõesnumalínguaou
crítica de manuscritos , como crítica de textos,
e gtafta' gramâúca,lexico-
emoutra;éessencialdizer,apenas'çluetodaquestáofonológicaé'paranós'
com mais razão aindafora
gtafta,pror¿4i",
-åtri." situada absolutamente FORA DA LINGÜÍSTICA,
Qualquer um percebe o I
rretação dos autores, etc.
da fonética, que é uma parte determinada
da lingüística; e que os telmos
assim como o qu" o, separa poNoI-ocIA e fonétici, alêmde náo poder se confundir, náo podem nem
dos esrudos.,ïåi:ii:iïJri,,l;'"i,:itn::;
facilmente porque o mesmo se opor.
.rarri.o þålo menos cr
mortas) incruiu sempre ".,iirro
essas duas o.dens de estu
tornou familiar, para_nós, seu
caatentação de confundi-los
conteúdã ."rp..tiuo. 6b lFonologiø, 3)
que se faz necessário
um' em última anáJise, sendo 32e1Eunãoconsiderocomoumaverdadeevidenteaprioti'comouma
qu" u nrorogia não passa de um
tário que se apõe a uma literatu vasto comen-
coisa que náo Precise de
em seu objeto fìnal que consdtu te literária
língua, da maneira Pela
de da ciência filológica que, e a unida-
dos estudos. EIa aúaçatudo
de disparata-
nosso palato. Eu acredit
o de longe,
do, seria se perguntar por que' ao cer
melhor compreensão do espírito o conhecimento da produçáo de sons -
Y^ que,
com ^ ou da leÍa o que faz As teorias que tendem a
além dos assuntos precedentes,
o fi ou menor, para o nosso conhecimenio da língua'
nos
dizer que, ielo mero fato de se usar, na
torna{, conforme o ca
erc.sobreaobrad;;'"";.i',rn"i::t:::,#J::,,J"ïî,pr" p."o.rrp"rìp so facto com sua produção,
do[ T:
]. ,í,,ri^r,ãte q"e seja possível constatar q
cia quât na questão muito particular que é a linguagem'
- " -
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Na realidade, estamos habituados a acreditar que o estudo das diversi-
dades que o aparelho fonatório produz tem uma importância capital er¡
lingüística, sem que ninguém nos tenha dito por que, ou em que, ou de que
ponto de vista. Aí está o ponto fraco dessa ciência, um ponto fraco de tal
vulto que ela só passa por ciência graças à lingüística. Com efeito, fìsiologi- de humana.
camente (ou antes: para os fisiólogos), ela não é uma ciência (acusticamen- 2q Continuidade absoluta da língua:
te também não). Um fisiologista ou ignora totalmenre ou só pode conside- a) uma interrupção é inconcebível. Não se pode supor um povo absten-
rar as posições e ações que correspondem a p, b como funções de certos do-se de falar durante um dia ou dois,
mesmo em perturbações que inter-
músculos, que não são características de um estado do organismo e nem
dignas de uma atenção particular.
32e1:t8e
Importância capital da afasia grâfica que coincide com a afasia
lalética, implicando que a unidade de um fonema está no cérebro.
7 lCaracterísticas dø linguagem]
3te2
Características dq linguagem. Continuamente, considera-se a lingua-
gem no indivíduo humano, um ponto de vista falso. A natureza nos dá o ho-
mem organizado pelø linguagem articulada, mas sem linguagem articuladq. A lín-
gua é um fato social. O indivíduo, organizado parafalar, só poderá chegar a
utilizar seu aparelho através da comunidade que o cerca,
- além disso, ele
só experimenta o desejo de utilizá-lo em suas relaçóes com ela. Ele depende
inteiramente dessa comunidade; sua raça é indiferente (salvo, talvez, por
alguns fatos de pronúncia). Então, nisso o homem só é completo através do
que tira do seu meio.
O fato social da língua é comparável aos usos e costumes (constituição,
direito, costumes, etc.). Mais afastadas estão a arte e a religiáo, que são
manifestaçóes do espírito em que a iniciativa pessoal rem um papel impor-
tante e que não supõem a troca entre indivíduos.
Mas a analogia com os "usos e costumes" é, ela mesma, muito relativa.
Eis aqui os principais pontos de divergência: ¿*
1q A linguagem, propriedade da comunidade, como os "usos", corres-
ponde, no indivíduo, a um órgão especial preparado pela natûreza. Nisso,
esse fato não tem análogo.
B Morfologiø
2e A língua é, por excelência, um meio, um instrumento, obrigado a 32e3 1
S 1. A morfolog\a, diz-se, é o estudo das formas da linguagem' en-
realizar constantemente e imediatamente seu objetivo, seu fim e efeito: se fazer
quanto a fonética seria o estudo dos sons da linguagem'
compreender. Os usos de um povo são, muitas vezes, um fìm (como as
Nãodátparasecontentarcomumataldefìnição'náoapenasemteoria'
festas), ou um meio muito indireto. E como o objetivo da linguagem, que é freqüência' que não
se tornar inteligível, é de absoluta necessidade em qualquer sociedade hu-
-", -"r-á na prâtica, porque vai se verificar, com ver:
sabemos mais se fazemos morfologia ou fonética' como vamos
mana, no estado em que as conhecemos, resulta daí que a existência de uma
É evidente, antes de mais nada, que a fonética se ocupa totalmente dos
linguagem é própria de toda sociedade. sons, e para poder fazê-lo, é obrigada, em primeiro lugar' a se ocupar
das
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c u -tr a c k formas. os sons não se transmitem de uma geração a outra em estado isola_ c u -tr a c k
Princípio fonética é a ciência que trata das unidades de sons para estabelecer, depois,
s que se consid,erq uma mesmq
forma em características fisiológicas e acústicas.
I dqtqs diversa.s, qs vezes que se considera
numa mesma d
formas diversas O verdadeiro nome da morfologia seria: a teoria dos signos e náo das
formas.
alto-alemão antigo cr) como ocorre, visto essa defìnição, que a morfologia tenha sempre,
zug zugt
alemão moderno por campo natural, o que é contempofâneo, e a fonética o que é sucessivo?
zug zuge.
É absolutamente necessário à morfologia, para defìnir, delimitar cada
comparar zugi e züge é comparar duas formas e, todavia, isso signo e lhe consignar seu papel, ter pontos de referência nos outros signos
não é fazer do mesmo sistema. ôotóç, apenas, é morfologicamente impenetrável. Quan-
morfologia, mas fonética.
Comparar u-ü em zug, züge, é comparar dois sons e, todavia, do se tem ôotóv, ôotrip, pode-se analisar. E é preciso, naturalmente, que ôotóv,
não é foné_ ôotrip pertençam ao mesmo srstema'
tica.
Ou: a língua só tem consciência do som como signo.
e*øt¡
<-1
o k t¿a r-,
Melhor: ôoroç, considerado na relação com seus contemporâneos, é o por-
t 1T 5 'le 6uv.
tador de uma certa idéia, que náo é a de ôotÍ¡p, que não é a de ôóoro, ôotóv,
assim como as partes de ðotoç. Então, ele aparece aqui como signo e perten-
ce à morfologia.
As duas esferas confundidas nas locuções correntes: Foneticamente, a relação de ôotoç, ôotí¡p, ôrínco, ou seja, de formas con-
temporâneas, náo pode ser esclarecida.
chantre se liga etimologicamente a chanter A fonética de uma época determinada se limitaria a duas páginas de
a cantor verificaçáo.
çópoç vem de rpépot A primeira preocupação de uma fonética "francesa" é nos pôr em pre-
" " bhoros. sença do antigo francês e do latim.
p) Como acontece que a morfologia tenha, algumas vezes, que se ocupar
de sons? O som pode ser portador de uma idéia.
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Uma necessidade fonética que, acidentalmente, fez desaparecer -iz do Outro exemplo: no francês de nossos dias, enfønt, entier náo comportam,
do que
singular, embora se mantivesse no plural graças à proteção da vogal que se no sentimento áo, franceses, nenhuma espécie de análise, não mais
seguia: ora, como a língua só julga pelas formas, é inevitável que a língu¿
divida þ.qlb/ir e tome ir pelo signo do plural, embora, na origem, nada hou-
vesse de especificamente plural.
Isso é falso historicamente, e é certo para a morfologia da época er¡
questão. A vida da língua é feita desses equívocos. Não nos esqueçamos de
que tudo o que existe no sentimento dos sujeitos falantes é fenômeno real. ¡norfologia latina sobre formas francesas'
pois bem, é essa morfologia que é a base de todas as gramáticas greco-
Nós não temos que nos inquietar com o que conseguiu provocar esse senti-
fazer, na metade dos ca-
mento. O próprio morfologista deve separar þ.qlb/ir, porque essa é a análise latinas. É essa morfologia que nós também vamos
advertidos e preparados' eu espe-
da língua, e essa análise é seu único guia. E ela se atesta pelas novas forma- sos. Só que vocês terão sido devidamente
ções: por exemplo, kind-er. Ío, para se dar conta de seu verdadeiro valor'
Exemplo: em grego, nós dividiremos: iææo-ç, irurco-v' etc''ínno- tema'
É
Moral: Umavez mais, vemos que a morfologia não pode jamais combi-
que se irrrroç, no sentimento dos gregos, se decompunha de uma
nar e misturar muitas épocas diferentes; que ela deve exercer sua atividade qr"r" a"r,o
separadamente no seio de cada época, sob pena de confundir os fatos foné- maneira qualquer, era em inn-oç inn-ov'
ticos e os fatos morfológicos. Eu não digo que esse não seja um procedi- A prova? Como sempre, as formações novas ou analógicas: ypcxppútorç
mento corrente, eu digo que é um procedimento detestável. þritopov?
A realidade que a divisáo inxo-çrepresenta é uma realidade indo-euro-
péia expressa numa forma grega.
Eu iorno lembrar: Realidade : fato presente na consciência
32e3'4=2768t"0
S 4. o método de ønâlise morfológica dos sujei-
" os mais antigos indo-euro-
retrospectiva ou do anacronismo morfológico. tos falantes. os
peus, dividiram mos o tema inno- ' nós nos
A observaçáo que terminou o S 3 nos preparou para compreender o que ois ou três mil anos' a Platão
baseamos numa
é o procedimento totalmente artificial que eu denomino análise morfológica contempo-
ou Sófocles, e que deixou de existir para esses escritores e seus
retrospectiva. Acrescento que todas as minhas observações anteriores não
râneos.
tinham outro objetivo além de mosrrar em que ele consiste. porque é aí que
está o verdadeiro nó da questão tão delicada e tão importante das rqízes,
sufixos, temas e desinências, questão sobre a qual vocês poderão ler vinte volu-
mes sem encontrar o menor esclarecimento.
þalb k"albir
* ercus e náo Pater + cus.
A análise retrospectiva procura apenas repartir os membros da palavra,
Se eu recorro, nas formas do nono século, ao que era verdade nas do ape-
conforme a análise mak antigada língua; mas essa análise corresponde
primeiro século se eu digo: não, ir náo é desinência do plural já que se
- nas em um número limitado de casos à análise mais recente.
tem, em germânico, þalbiz, kalbiz-et
- o que eu faço? Morfologia protoger-
mânica sobre formas alemãs, morfologia retrospectiva. Alguns imaginam
Por outro lad.o, ela pode perfeitamente lhe corresponder; o
que náo se
deve esquecer:
restabelecer, assim, a verdade, eles a desconhecem absolutamente. porque,
mais uma vez, no nono século, verdade é o que sentem os alemães do nono do tor
século, absolutamente mais nada. As questóes de origem nada têm a ver
õrô
- trop
com isso. Então, introduzir o radical kalbiz- ou þalbir- no nono século pode -
ser cômodo para certos detalhes da exposição, mas não corresponde a nada,
além de uma realidade desaparecida há muito tempo.
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Ao estabelecer as subdivisões da palavra, tais como raiz, tema ou sufixo, locamos, como princípio de primeira importância, que os fatos morfológicos w
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deve sempre ficar entendido que nos colocamos na época, distante ou pró- se passam entre formas diversas e simultâneq.s, os fatos fonéticos entre for-
xima, em que essa análise se justifìca pelo sentimento conforme da língua. mas idénticas e sucessivas.
Epocavariável, já que para ôó rrrlp não se tem que ir além do grego, e para Será muito fácil mostrar-lhes que esse princípio não é arranhado, um
ínno-ç, tem-se que
-
ir infìnitamente longe, além do grego. único instante, pelo fato da mudança morfológica, mas que, antes, tem nela
Uma morfologia realmente científìca teria, por dever, de separar as dife- uma nova e decisiva ilustraçáo. Em que consiste a mudança morfológica
rentes épocas e se compenetrar exclusivamente do espírito de cada uma que se realiza de uma época païa a outra?
delas, sem impor limites, abolidos há séculos, às formas históricas. Só que lu na análise diferente das mesmas formas, no valor diferente que a
se teria âpenas vislumbres muito incompletos da gênese dessas formas. É língua lhes atribui ou na relaçáo diferente que ela estabelece entre essas
claro que, seu eu dividisse pqt-ercus conforme o sentimento latino de uma formas: fatos que ficam no domínio puramente psicológico, mas que nem
certa data, eu não perceberia o paralelismo entre pqter, pater-cus e villa, villi- por isso deixam de ser fatos positivos.
cus (villã-cus). A prática impóe, então, o anacronismo e a confusão das épocas.
Exemplo: | ÉpocaIPél.eo-or
32e3 s
$ 5. A morfologia histórica
I Epoca Ìl BéL-eoor
A mudønçø morfológicø. 2e na criaçáo de formas novas, fato mais tangível, mais material:
Resulta indiretamente do S 4, que há, na vida da linguagem, um fato con-
siderável, de uma importância capital, que é a mudança morfológica. E que Época I onpoí
o procedimento que nós denominamos morfologia retrospeÇtiva ou anacrônicø Época II o(peoor (criação nova)
ou etimológica consiste simplesmente em fazer passar por sistema a omissão
desse fenômeno da mudança morfológica. Retomemos o primeiro fato: a mudança sobrevinda na apercepção de
A mudança morfológica exige um estudo especial que leva o nome de BéIeoor, pela língua, continuaria um mistério se procurássemos a razão na
Morfologia históricq. Ela separa as épocas e as compara, enquanto que a própria forma. Ela tem sua única fonte nas formas concorrentes, como já disse-
morfologia retrospectiva as confunde. Ela nos apresenta a verdadeira pers- mos. Como o elemento -eo- não se encontra mais em Bé)'er, Bel,errlv, etc.,
pectiva, entre as classificações e interpretaçóes sucessivas a que a língua se depois da queda do s, a língua, sem nenhuma indicação que lhe permita
abriu, a respeito das mesmas formas, enquanto que a morfologia retrospec- separar Bél.eo-or, separa agora Béì,-eoor. Assim, o movimento não se deu
tiva procura, se vocês me permitem a imagem, projetar, sobre um mesmo entre péÀeo-or e péÀ-eoor, o que seria simplesmente absurdo dizer. Mas, como
plano, classificações muito diferentes quanto às datas. sernpre em morfologia, o moyimento é lqteral. E reencontramos, então, a condi-
Ela dirâ que em kølb, kalbir, em razáo da modificação do som, a relaçáo ção primordial de toda operação morfológica. Ela repousa na diversidade ou
entre a idéia e o som se tornou diferente daquela de seus protótipos kalbiz na relação de formas simultâneas.
kalbizö. A morfologia vê apenas o estado mais primitivo e Retomemos o segundo fato, as criações novas. Aqui, a coisa é ainda
-aplica imperturbavelmenteetimológica
a primeira análise aos períodos subseqüentes. mais evidente: está fora de questáo não é? relacionar Qqpoí, Qripeoor' O
- -
impulso lingüístico que engendrou Oripeoor vem, naturalmente, de lado, repi-
Nada de fusão possível já que a morfologia etimológica é a própria nega-
ção do princípio histórico. to a palavra, de BéÀeoor, etc. Para criar Qripeoot era preciso um modelo; ora,
Eis, agora, a questáo que não se pode deixar de colocar, tivesse eu con- naturalmente, esse modelo devia ser muito conhecido de quem lançou o
seguido encadear o desenvolvimento fda presente exposição] desde o co- neologismo; isso quer dizer que o fato se passou entre formas as mais con-
meço: temporâneas, já que a associação se fez no cérebro do mesmo indivíduo, e
Já que existe uma mudança morfológica, uma morfologia histórica e que bastou um quarto de segundo para ir de pél'-eoor a 0iip-eoor.
uma sucessão nos fatos morfológicos, não é verdade que o jogo de forças Outro exemplo de mudança que consiste numa criação nova substituin-
morfológicas se exerça constantemente e exclusivamente entre formas con- do a antiga:
temporâneas. Eu recordo, com efeito, que, no primeiro parâgrafo, nós co-
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existência, viviam apenas no seio de formas anteriores
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.c e é só aí que a ríngu¿ .c
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c u -tr a c k 3qMas eis aqui um fato capital: as análises que reproduzem a análise da .d o
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podia procurá-los.
32e36co propria língua num momento dado não correspondem, necessariamente, às
e, um dia, de,um repertório de raízes,
tomou-se análises que ela tinha feito num estado anterior. Entre outras causas, as
tar_lhe _err. É a"rto qu" car?_ semDrê
existiu co podifìcações fonéticas: chant[eur, mas can[tor ou can[torem. Por quê? Porque
elemenro de c(rno,.";; ;i;_;","i:
cqnto, etc. -øtorem se confundiu com -orem foneticamente; assim, a exemplo de lqbour,
avez, aque corresponde essa análise?
Estar ou não em condição de responde. Iabourer, nós estabelecemos, entre chqnteur e chanter, uma relação que os lati-
á p"rir,-r,u revelará se eg nos não podiam estabelecer entïe can[tor e can[tare. Tudo depende, então, da
fatos gerais foram aprofundado, ou .,.o. "rr"
A escola moderna captou perfeitamente a verdadeira situação recíproca das formas parentes em cada época considerada. A análi-
essência dos fenô_ se só é verdadeira por um tempo circunscrito.
menos da ríngua, mas most'ou-se negligente
ou impotente para detnir ¿ 4u Mas, se, a exemplo de cøn[toL separamos chan[teur, estamos fazendo
relação que existe entre as categorias
. o, f"to, reais da ti.,guug"_. ¡norfologia latina com formas neolatinas. Morfologia retrospectiva. E eis o
E muito fácir e muito prático dizer: as
expressões rqiz ou temq são anti_
quadas; deve ficar bem entendido que caso habitual para os fatos indo-europeus. Em grego, se izrnoç fosse separa-
são abitraçóes. A ringuagem não co-
nhece temas, prefixos ou raizes. como do de acordo com o sentimento da língua, certamente seria separado em
é inegáveí qu" arr"r"*rmos sempre
correspondem a alguma coisa, fìcamos ínn-oç, inn-orç. Considerar ypop¡rútorq. Todo estudo fonético se resume em
d.esorientados quando não enxerga_
relação e esquecemos de dizer a nós considerar uma mesma forma em três épocas diversas e todo estudo
T:r " mesmo, .- qu" ,ãntido eres são morfológico se resume em considerar formas diversas numa mesma época.
falsos e em que sentido são justificados,
em que medida nossas análises têm
por correlato um fato positivo da linguagem. Um trata do que é sucessivo e idêntico pela substituição. O ourro do que é
Príncípio maior: em um determinado diverso e, em troca, simultâneo:
estado de ringuage m, real é aquiio
de que os sujeitos farantes têm consciência,
tudo a"" qr" têm consci_
consciência. "qrrio
ência e nada além do que podem ter cd
CÚU eþwos eþwon
ora: 1a, em quarquer estado de ríngua, os sujeitos
faiantes têm consci_ e.6 ínnoç innov
ência de unidades inferiores à unidadeãapalavra. r!E
Por exempio, em francês, temos consciência Esfera morfológica
do element o -eur, cuja ori-
gem não importa, que tem o poder de
formar nomes de ação: grav-eur, chønt-
eur' sav-eur e, graças a essa consciência,
podemos formar neolo"gismo s: os_eur,
sabr-eur, men-eur. Ao Algumas locuções que mostram a confusão prestes a se produzir:
t"il""'rl.se que temos consciência
um elemenro os-, de träi:îji' de <popóq "vem de" bhoros
e <popóç "vem de" çépor. No último caso, absolutamente inadmissível.
2q o curso que seguimos ao usar
o -eur ouos- é, na verdade,
bem diferente do que aquele que se "l"rtranto Ou então:
supõe, geralmente, através da análise.
Não dizemos: eu junto o elemento ,r- chqnson "se liga etimologicamente a" cantio.
o elemento -eur. Não.Nós proce-
demos sempre por proporção: je grave, " chqnson "se liga etimologicamente a" chanter.
ou graver : grayeur : j,ose ou oser : x
x : oseur ' Portanto, a nossa unidade fundamentar ; Duas ordens de fatos inteiramente diferentes. Se há obscuridade, esta-
ã sempre a p^r^urapronta.
Mas isso não nos impede d,e fazer, inconscientemente, beleça depressa o esquema:
naparavrapronta, a
mesma análise que o lingüistafaz. Nós
separamos um som relativo a esta
ou àquela idéia específìca, como oser, penser cantqre cantio(nem)
e um outro som, escoihido para
marcar uma relação determinad a d.a palavra chqnter chanson.
com essa idéia.
Essa é a justifìcativa da anárise morfoiógica.
se digo lue chanteur, no
século XIX, se decompõe em chqnt
I eur, eu estou de acordo com o senti- Quem se move nas linhas horizontais, faz morfologia, aproxima formas
mento da língua, que se ûaduz por formações não idênticas de composição.
novas e, se eu dissesse que
ela se decompõe em chan : rcur,
minhaanálise não correspo.rd"ri" anad,a.
II. Toda aproximação entre formas contemporâneas, desde que essas
formas tenham alguma coisa em comum entre si, leva a uma análise:
h a n g e Vi h a n g e Vi
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168 Outros Escritos de Lingüística GerøI
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devidamente prevenidos e de que se dão
ek,wos ek,wom diferença de que vocês teráo sido
me leva a isolar conta, esPero, do que ela Pretende'
indo-
Ie ek rwo- Nós vamos fazer, aresfeito de formas gregas ou latinas, morfologia
Porque nossas análi-
2e -s e -m, européia. E, em muitos .ãro., arqueo-indo-européia.
ou bhor-, cøntqre, cano, canti : can-.
bhero e bhoros a isolar: bher- O trabalho sespoderáocorresponderapenasaumcortedapalavrajáperdidodevista
do morfologista pode
-
sempre se traduzir por uma decomposição de formas no ¡f,i-o período ào indo-europeu, e
que só tem a sua sançáo num estado
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170 Outros Escritos de Lingüßticø Geral
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tica da língua de Ulfilas ou da canç w
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sas épocas (como faço no caso de rir. Seria preciso, para apresentar convenientemente o conjunto de nossas
mente, uma única palavra a dizer so proposições, adotar um ponto de partida fixo e o que
sua fonética só pode se desenvolver pro.rtu-ot estabelecet é que é falso admitir, em o fato
relação a um certo produto que
eu p como definido em si mesmo. IH.â, entáo, uma au qual-
seu organismo. quer ponto de partida e o leitor que se dignar seguir atentamente nosso
pensamento, de um extremo ao outro deste volume, perceberá, estamos
convencidos disso, que seria, por assim dizer, impossível seguir uma ordem
I}a lNotas pørq. um livro sobre a lingüística rnuito rigorosa. Nós nos permitiremos recolocar a lnesma idéia três ou qua-
geral, 1l Q8%_1s94) tro vezes, sob diferentes formas, sob os olhos do leitor, porque não existe,
realmente, nenhum ponto de partida que seja mais indicado do que os ou-
t"t="u t" quando decidimos entrar
fios para nele basear a demonstraçáo.
no domínio dos fatos vocais, há, previamente, alguma coisa definida em
algum outro domínio? Absolutamente nada. 2e Se houvesse, enttetanto,
alguma coisa determinada por outra via, essa determinaçáo seria decìsiva
ou válida para o domínio vocal? Nem por um instante Admitindo-se,
por exemplo, que soubéssemos
-
que fórmu),a dar, dentro
-.
do sistema grego,
ao valor de vú e, em francês, ao valor nu, é evidente que a fìgura vocal nü
existia fora de qualquer valor e de qualquer idioma, fora de qualquer lugaç
reça-satisfaze4 até agoÍa, o público tempo e circunstância, sem nem mesmo saber se ela corresponde a uma
32e5=132
I palavra grega ou a uma palavra francesa. Ela existe porque nós a declaramos
Considerando_se t que po
rial, de mais simples e de idêntica a si mesma. Mas não podemos declarâ-la idêntica a si mesma sem a
-ais i.r¿ ::o evocação tácita de um ponto de vista:
32es=r2e
senão, poderíamos, do mesmo
de modo, declarar idêntica a si mesma cantâre : chanter. Apelamos, entáo, tacita-
ri- mente, para proclamar a existência de nü, ao julgamento de identidade pro-
nunciado de ouvido, do mesmo modo que apelamos, para afirmar a existên-
possível entender o que vale cia unida de cøntàre e chanter, a uma outra espécie de identidade, decorrente
essa sub
vista em nome do qual a criamos. de uma outra ordem de julgamentos; mas, em nenhum caso deixamos de
Nã recorrer a uma operação muito positiva do espírito: é profunda a ilusáo de
coisas que seriam naturalmente dadas na linguagem.
eito se um aspecto da linguagem Primeira maneira de raciocinar'. "Há cøntãre", em latim. E, em seguida,
e qualquer operação de abstracão começam os "do ponto de vista..."; por exemplo cøntãre, "do ponto de vista"
ta refletir para ver que não há da figura vocal que representa, é idêntica a tal palavracafra ou samoieda;
unlco que se inclua nesse caso. um
32e5:128
pode parecer' "do ponto de vista" da continuação regular dessa figura, é idêntica à palavra
p-or€xempro, que se
ras vocais, por exemplo, da
o direito de partir de figu- francesa chqnter; "do ponto de vista" de seu valor em latim [ ]
figu.aìocai :em
exemplo, com a palavrakqntare,
[ A
]. identidade d'a figura vocal Percebe-se, então, que, para considerar sucessivamente cantqre de tan-
em horenro,., ,"pr"r".,ra uma tos pontos de vista, que fazem dele coisas totalmente diferentes, a primeira
:::::r;:* fatos, que não é aidentidade
e da iden de cantare/chanter condicão seria saber em que consiste o verdadeiro cantare, onde está a ga-
o significando tal coisa; mas rantia de sua existência ou, simplesmente, a forma sólida de sua existência.
diferente essas são apenas
A É aqui que se é levado à:
cada uma das coisas que
consideramos verdade, nós chegamos Segunda maneira de raciocinar: reconhecemos, com efeito, que não se
tantas vias diferentes que por
confessamos não saber qual
é a que se deve prefe_ pode dizer: " Há um Iatim cantare" porque é absolutamente impossível saber
h a n g e Vi h a n g e Vi
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o que é isso fora de um ponto de vista que é preciso escolher. E,scolherer¡60 32ssa=t31
Aqui, há, em primeiro lugar, pontos de vista, corretos ou falsos,
então, um ponto de vista que nos fornecerá uma base fìrme. o".t"rrÅ"oì pontos de vista, com a ajuda dos quais se CRIA, secunda-
formalmente qve cantqre ê, para nós, a fìgura vocal kan_tq_re; tud.o ¡¡as unicamente ponto
'i'ru*"n coisas' Essas criações correspondem a realidades quando o
o Ou"-Ji
acrescentar será atributo. ",as contrário: mas nos dois
Terceira maneira de raciocinar, a única admissível para
l" p^rt ð,aé correto, ou não correspondem' em caso nem um só instante' em si'
Não há nada, ou seja, não apenas nada que seja determinado
nós: luår, n"ttftuma coisa, nenhum objeto é dado,
material, mais evidentemente
mão fora do ponto de vista, mas nem mesmo um ponto
de ante- ñ"n' -.r-o quando se trata do fato mais
seria uma seqüência de sons vocais.
mais indicado do que os outros.
de vista que seja defìnido em si na aparência, como
alha que' de-
Consideremos, por exemplo, a seqüência de sons vocais
Há apenas, de início, a criticacomparativa de pontos boca em boca' tornou-se ol¿ e observe-
de vista. Dizer qus pois de um certo tempo passando de
não se rem o direito de falar do termo latino ,oitarc '*o, q,r", para simplificar, nós nos abstemos absolutamente de recorrer ao
ou | ] é, como sg
preferir, ridículo ou, ao contrário, de uma evidência ridícula. qlka ou dk', ainda que, sem ele' náohaja nem mesmo o
valor significativo de
começo de um fato de linguagem propriamente
dito'
identidade cantare cantare
identidade
EnÍ.áo,øIka,pormeiodofatorTEMPO,terminaporserrik''Nofundo'
cøntare nesse caminho, o que é inflexï
onde está a lrceçÁo entre alka e rik? Ao entrar
cqntdre
sentido e emprego a Li-
sentido e emprego yelmente necessqrio, veremos logo que é preciso se perguntar onde está
identidade
alþa e alka e' nesse momento, compreendemos que náo hâ'
cqntqre chqnter
ãaç¡o entre
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Eu não hesito em dizer que, cada vez que se introduz w
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uma suposta dis_ 11 fNorøs parø um ortigo sobre Whitneyl
tinção de "ponto de vista", a verdadeira questão é saber
se estamos diante
das mesmas "coisas" e que, se for esse o caso, é pero O ob;eto que serve de signo jamais é o mesmo duas vezes: é preciso,
mais compreto e ines_ ""
perado dos azares.
desde o primeiro momento, um exame ou uma convenção inicial para
saber
Täntas vezes se opôs o sorr mate.iar a tudo o que
rhe pode ser oposto, srn nome do que, dentro de que limites, temos o direito de chamá-lo o
que tememos que nossa nova distinção seja confundida relaçáo um objeto qualquer,
mesmo; é essa a diferença fundamental com a e
corn outras. Nosra
posição é, todavia, muito precisa. Entre as coisas
que podem ser oposras ao aprimeira fonte muito simPles.
som material, nós negamos, essencialmente e sem Por exemplo, a mesa que tenho diante de mim é materialmente a mes-
depois se perder ¡95
detalhes, que seja possível rhe opor a idéia. o que
é oponíver ao som mate_ ma hoje e amanhã, e a letra b que eu escrevo é tão material quanto a mesa,
rial é o grupo som-idéiø, mas absolutamente não masnáoé[ ]
a idéicr.
Náo é um dos traços menos simpáticos da exposiçáo de Whitney a ele-
10c [Norøs pøra um livro sobre a lingüística vaçáo dos pontos de vista, a maneira absolutamente impessoal e ampla.
Arvorar-se, onde quer que seja, em reformador, repugna; a afìrmação de
ger tl, 3l uma verdade científica é impessoal; o público ao qual ele se dirigia em suas
"nu Existe, no conjunto de coisas conhecidas, alguma coisa aulas pode acreditar que tudo o que ele ensina é o que a lingtiística sempre
que possa
ser comparada com exatidão à língua? ensinou antes dele. Se há um erro corrente a retomar, uma construção ab-
Em primeiro lugar, é necessário observar que essa surda a reduzir a nada, são sempre certos lingüistas isolados [ ] tanto
questão, dificil sob
todos os aspectos, ao menos não terâ, paranós, que eu não tenho medo de dizer que ele foi eqüitativo, na maior parte dos
o sentido vago que teve,
inevitavelmente, para todos os que quiseram resolvêla casos, ao atribuir essa opinião falsa à maioria dos lingüistas europeus' A1-
sem antes dize¡, uma
única vez, o que pensavam da língua em si mesma. guns conseguiram perceber, em mais de uma ocasião, que o instinto e as
Do nosso ponto de vista, essa questão equivale qualidades de um polemista, de um irascível e cruel polemista, náo eram, de
a perguntar uma coisa
muiro diferente de tudo o que nera se descobriu. rta modo algum, alheios ao temperamento natural de Whitney. Eu recearia, até
eqlivãle a pergunrar se mesmo, tirar, da figura do sábio sanscritista do Yale College, um de seus
há algum fato da vida sociar passível de ser reduzido
a uma fórmura que traços mais pitorescos, Se esquecesse de relembrar as grandes cóleras de
seja, a qualquer momento que seja considerada,
convencional, portanto ar- que ele era capaz, mas náo suspeitamos t ]. Todo mundo atestará que nós
bitrfuia, roralmenre destituída de uma reração narural
tamente livre e sem lei com reração a ere; 2e em
com o objeto, absolu_ não suspeitaríamos desse lado combativo e impaciente do seu carâter t ].
si mesma, o produto não Difìcilmente se poderia dizer que todos os "jovens" que se beneficiaram das
arbitrârio e não livre do que a precedeu nesse gênero;
aulas científìcas de Whitney o tomaram, no mesmo grau, como modelo, sob
A. Vida em sociedade // B. Vida intenor. o aspecto moral. O pensamento em que é inspirada a American Philological
É preciso, então, acrescentar: 3a que essa
Association, pedindo a um grande número de [ ] americanos e [ ]
coisa não pode se interromper, que resumam, conforme a sua própria opiniáo, o papel que desempenhou
nem mesmo no espaço de 24 horas, e que cada
elemento dela é reeditãdo Whitney nos diferentes departamentos da ciência que lhes diz respeito, me
milhares de vezes nesse tempo. para nós, saber
se a língua é ou não um fato parece um pensamento dos mais felizes'
social, é in que podemos perguntaf, mas se há, num Da própria comparação de julgamentos feitos com liberdade, de lados
reino qualq
, pelas condiçõås cámparativas de sua exis_ absolutamente diferentes, sairá um ensinamento e, ao mesmo tempo, uma
tência e de rico da língua. homenagem mais completa àquele cuja perda recente deploramos com vocês.
I' Em um momento dado: 1a A língua representa um sistema
interior- Vocês náo pedem a ninguém que se associe com prazer a esta tarefa piedosa,
mente ordenqdo em todas as suas pqrtes,2a depende
de um objeto, mas é rivre vocês náo impõem a ninguém que se associe a vocês nessa tarefa de resu-
e qrbitrária com relação ao objeto;
mir, em nome de sua ciência respectiva, a obra realizadapor Whitney, o que
IL A mesmalíngua representa uma convenção
arbitrâria, é o produto poderia exigir mais tempo e uma autoridade diferente da que atribuem a si
não livre de fatos que não
I ] mesmos uma parte de seus correspondettt"t. É mais fácil, nessas condições,
h a n g e Vi h a n g e Vi
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deixar a pena correr. Papel e sorte singular, os de whitney. Eis o que se dirá, 32e7:642
Na medida em que a Fonologia essa ciência particular, para a
nome, - ldiçoes naturais
eu imagino: 1q Que, sem jamais ter escrito uma única pâgina que se possa qual jamais se encontrou um
dizer destinada, em sua intençáo, a fazet gramática comparada, ere exerceq å" pioarçao de diferentes sons atrav " n7 medida'
' -
uma influência sobre todos os estudos de gramática comparada, o que não {
digã eu, em que a fonologia se aproxima I e observar' nesta
o caso de nenhum outro. Ele é o primeiro instrutor nos princípios que ser-
."ir", qrr" muitas contribuiçóes positivas lhe foram traztdas, em diferentes
viram, na prârica, de método para o futuro, 2a eue as diferentes tentativas o primeiro momento' em ra-
ocasióás, por Whitney, atento també n, desde
que, pelaprimeiravez, tendiam, entre os anos 1860 e Ig7O, atirar, da soma diferentesvedø, atodos os deta-
záodeseus estudos sobre asPratiçahhyas de
dos restrltados acumulada pela gramâtica comparada, qualquer coisa de ge-
que possam esclarecer a pronúncia'
'lhest,ipara
ral sobre a linguagem, todas malograram ou não tinham valor de conjunio,
a fìsiologia, ela náo é um L ciência, já que se trata da aplicação
salvo a de whitney que, desde o primeiro momento, estava na direção certa também náo. Para a
particular de órgáos a tal ou tal efeito. Para a acústica
e que, hoje, só precisa ser pacientemente retomada. Ele é o primeiro estão contidas as con-
generalizador que soube não tirar conclusões absurdas, sobre a Linguagem,
iingüística, enfìm, é uma ciência, já que na fonologia
uma ciência auxiliar, e formal-
diçães teóricas e intransponíveis. Mas apenas
da obra da gramâtica.
Consideremos, antes de tudo, o segundo papel, porque é evidente que é mente situada. Situada, dessa maneira, entre t ]
por isso, ou seja, porque ele tinha inculcado nos lingüistas uma visão mais Eunáomencionoos[]comoRemarþsonutterqnceofvowels,porque
sensata daquilo que era, em geral, o objeto tratado sob o nome de lingua- nãoconsidero,justamente,quehaviauminteressedeprimeiraordempara
gem, que ele determinava, reciprocamente, que usassem procedimentos um a lingüística em saber t l
ques-
pouco diferentes no laboratório de suas comparações diárias. As duas coi- Mas houve uma tentativa de Whitney de reSolVer uma
3ie7 continuaçao
o problema
sas, uma boa generalizaçáo sobre a linguagem, que pode interessar a quem tão que seria interessante para a lingüística' E' sem resolver
mais decisi-
quer que seja, ou um método sensato a ser proposto à gramática comparada (simplesmente por ter esquãcido um elemento, é verdade que o
isso), ele disse muiro do que
para as operações precisas de cada t uo, Àboru me falte o rempo parafalar sobre
u'n':t' ] são, na realidade, a mesma coisa.
Seïâ, para sempre, um tema de reflexão filosófìca que, durante há., ainð,a, de mais razoâveI sobre essa questão'
nós estamos
um período de cinqüenta anos, a ciência lingüística, nascida na Alemanha, Ainda assim, náo tenhamos ilusões' Chegarâ um dia' e
desenvolvida na Alemanha, amada na Alemanha por uma inumerável cate- absolutamente conscientes do alcance de [ ]' em que se reconhecerá
goria de indivíduos, não tenha tido jamais a veleidade de se elevar ao gïau queaSquantidadesdalinguagemesuasrelaçõessáoregularmentepassí-
fórmulas matemá-
de abstração que é necessário para saber, por um lado, o que se veis de serem expressas, ,* tio natur.eza fundamentql' por
faz, por outro
lado, em que aquilo que se føz tem legitimidade e razão d.e ser no conjunto ticas. É preciso renunciar a [ ]' É isso que muda muito' contra a nossa
das ciências; mas um segundo motivo de admiração é ver qr", qr"rdo vontade, o nosso ponto de vista sobre o valor de tudo
o que foi dito' até
"r-
fim essa ciência parece triunfar sobre seu torpor, ela termina no ensaio risí- mesmopeloshomensmaiseminentes.Nósconsideramosqueastentativas
vel de schleicher, que desaba sob seu próprio ridículo. Täl foi o prestígio de sucessivàs de interpretar [ ] marcam uma sucessáo de etapas progressl-
progressáo de experiên-
Schleicher por ter simplesmente tents.do dizer alguma coisa geral sobre a vas, sem dúvida; mas mais ou menos como se uma
da hipotenusa é igual
língua, que parece que se trata de uma figura sem par ainda hoje na história cias nos levasse a entrever, a acreditar, que o quadrado
anáo
dos estudos lingüísticos, e que se vê lingüistas assumindo ares comicamen- ao dos outros lados [ ]. Neste momento, náohâmais nada adizer,
te graves quando se trata dessa grande fìgura... (como se fosse possível di- Serqueépreciso-..d".radicalmentedebaseepartirdadefìniçãodalinha
zer | tempo com pes-
]). Por tudo o que se verifica, é aparente que isso era a mais com- reta sem se ocupar das experiências' Náo é preciso perder
pleta mediocridade, o que não exciui as pretensões. Não hâ nada de mais quisas e mensurações exteriores para chegar ao fato'
significativo a esse respeito do que a sua maneira de se comportar diante do e o signo em
Porque, partindo do contrato fundamental entre o espírito
acento lituano, já que schleicher quis se intrometer no acento lituano. seu
l.r--o-..,toqualquer,oacidentehistórico,aindaquenãofosseumavariá-
papel nesse domínio consisriu a) em rejeitar (numanota!) como ridícula a concebível de ante-
vel conhecida, só ptde produzir taI e tal deslocamento
distinção de Kurschat relativa a uma I ], b) em copiar, em troca, abun- for perfeita' Nós nave-
máo, classifìcável de antemão, se a teoria dos signos
dantemente, as indicaçóes, sem jamais lhe atribuir o
-érito, tornando, por gamos em pleno ø priori na ciência que abomina o [ ] ' ou seja' a diversi-
isso, totalmente ininteligíveis t (ditas estados de língua) que
] dade sucessiva das combinações lingüísticas
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O que es é
gicos, sí¡nbor
los que seja i gnados por sua
foto
vez, pelo s calculá tlnuan-
do, ademais, empo todo I ]
E o que escapou, reciprocamente, aos ringüistas, é que a matéria ponto de partida lhes falta no mesmo grau'
que sofre ¡oçáo do verdadeiro
ø ação histórica não perrence, de maneira alguma, à apre-iação nistórica
sirn_ Esta casa é uma coisa; a impressão que dela recebe (que dette receber)
ples, como é o caso, por exemplo, dos fatos políticos. Tudo, neste matemáticas, à distância de cem
mund6, rninha retina, segundo leis perfeitamente
diz respeito, por um lado [ ], e o próprio sisrema sorar não é | é outra, tão profundamente distinta da primeira quanto possível, e
resulta daí que [a astronomia] seja uma ciência histórica.
r ù; -ê
'''.rror,
apenas esta última que representa a linguagem. Esta casa
desmorona, de-
A situação exata da linguagem entre as coisas humanas é tal que um lado.
ss saba de
torna extremamente duvidoso e delicado dizer se ela é, antes, um objeto Se comparo, agoïa, os dois estados da casa, as duas perspectivas recebidas,
histórico ou, antes, outra coisa mas que, no estado atual das t"tracrráaq uma da outra; se-
é perfeitamente verdade que elas não são independentes
não hâ perigo algum em insistir sobretudo no lado não histórico. precede a outra ou que me
ria t¡ma absoluta mentira acreditar que uma
Que a linguagem é, a cada momento de sua existência, um produto histó_ serve de alguma coisa conhecer o estado anterior da
casa, ou a perspectiva
rlco, isso é evidente. Mas que, em momento algum da ringuagem, há meio al-
esse pro- anteÍior, para entender o estado presente da perspectiva. Náo
duto histórico representa outra coisa que não seja o último compromisso leis perspectiva, embora
gum de fazè-las sair uma da outra em nome das da
que o espírito aceita com certos símbolos, eis aí uma verdade mais
absoluta isso que supóem todos os t ]
ainda, já que sem esre último fato não haveria linguagem. ora, amaneira ' 32e7:t265
seja
t'uu
Alguns iluminados disseram: a linguagem é uma coisa total-
pela qual o espírito pode usar um símbolo (sendo dado, de antemáo,
que e mente extra-humana, e organi zada em si, como seria uma vegetação parasi-
símbolo não mudø) é toda uma ciência, que nada tem a ver com
as considera_ ta espalhada na superfície de nossa espécie'
ções históricas. Além disso, caso o símbolo mude, há, imediatamenre de_ outros: a linguagem é uma coisa humana, mas à maneira de uma fun-
pois, um novo estado, que necessita de uma nova aplicação das leis
univer- ção natural.
SAlS.
whitney disse: a linguagem é uma Instituição humana. Isso mudou o
Nós alimentamos, há muitos anos, a convicção de que a lingriística eixo da lingüística.
é
uma ciência dupla, tão profundamente e irremediavelmãnte dupla que Acreditamos que, na seqùência, se dirá: ela é uma instituição humana,
se
pode, para dizer averdade, indagar sehârazão suficiente para manter
sob o mas de natuÍeza tal que todas as outras instituiçóes humanas, salvo a dø
nome de lingüísticø uma unidad e factícia, geradora justamente de todos
os escrita, podem apenas nos enganar sobre sua verdadeira essência se confìar-
erros, de todas as inextricáveis armadilhas contra as quais nós nos debata_ mos, por infelicidade, em sua analogia.
mos a cada dia, com o sentimento I ] 32s7:1261
As outras instituições, com efeito, são todas baseadas (em graus
Antes que essa dualidade fundamenral renha sido reconhecida,
ou pelo diversos) sobre as relaçóes NATURAIS das coisas, sobre uma conformidade
menos discutida, nós admitimos que possa haver, por um lado, opinìões entre [ ] como princípio final. Por exemplo, o direito de uma nação, ou o
simplesmente quiméricas e outras que tenham o méiito de não contradizer sistema político, ou até mesmo a moda da sua roupa, até mesmo a capricho-
a realidade dos fatos; de reconduzir à sua observação; mas
nos é impossível sa moda, que estabelece a nossa indumentária e que náo pode se afastar um
admitir que umas sejam mais instrutivas do que as outras, fundadas sobre a insrante sequer do dado das fproporçóes] do corpo humano. Resulta daí
base natural e capazes de nos esclarecer positivamente. É
como (guardadas que todas as mudanças, todas as inovaçóes... continuam a depender do pri-
todas as proporções) se um dissesse, depois de uma série de observações meiro princípio que age nesta mesma esfera, que não se situa em parte
exteriores, que o quadrado da hipotenusa é o dobro do quadrado alguma, mas no fundo da alma humana'
dos dois
outros lados, que outro dissesse que ele não tem relação alguma
Mas a linguagem e a escritura não são BASEADAS numa relaçáo
32s7=1264
com eles,
que o terceiro dissesse que ele é igual à soma dos quadrados
dos outros natural das coisas. Não há relaçáo alguma, em momento algum, entre um
lados' Não se pode recusar, ao terceiro, uma superioridade,
de resultado ou certo som sibilante e a forma da letra S e, do mesmo modo, náo é mais
de golpe de vista, sobre os outros dois; isso seria um
erro [ ]: mas enÍe difícil à palavra cow do que à palavta vacca designar uma vaca'
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É o qu" Whitney jamais deixou
elementos são o fato acessório para
linguagem é uma instituição pura.
ntinuariam sendo, mesmo que essa
que a linguagem é uma instituiçã
escrita), que seria verdadeiramente
o número de objetos exteriores que o
linguagem deva se parecel mesmo
a exata em que o objeto exterior é
ção, que ela não põe em jogo, a ca
lhantes.
plica I I faz parte da linguagem a
é um signo, uma palavra, do mesmo
_ despre
as a passagem entre salto | ], que
b _, o dupl
fato pode, de modo algum, se tornar um
d ente local þ igualmente um exterior, não
iugar, as lesões sobrevindas nessa p ,,isno.'Ê a esse critério que eu vejo I l
- " tzsi tontinuacåo4nres
zes, uma incapacidade para
que essa verdade apareça inscrita na primeira pâgina
[a escrit
vés do_ qual percebemos relações de uma obra sobre t ]
32e7:1263
1a As outras instituicõ É também pouco possível I ] sem [ ] do que buscar as proprie-
complicações; ao contrário, é funda dades das figuras geométricas sem considerar que seja muito importante
entidade de linguagem seja simples, divisar um plano t ]. Seria ilusório buscar as propriedades geométricas
sas privadøs de relação, uma idéia de um corPo [ ]
eu
quer ligação interna com essa idéia. Ao recebimento de sua muito apreciada carta, datada de Bryn Mawr,29
1q Por outro lado, as transições de outubro, recebida em 10 de novembro, meu dever fteria sido], se eu a
são motivadas pelos
afirmam nos
mesntos fatores, 9ue se dvesse entendido claramente, responder-lhe imediatamente o seguinte:
32e7=404-407
| ]
1u Você me dá a grande honra de me pedir que considere Whitney como
Nós só podemos fazer reservas as mais
expressas, confessa_ um filologista. compørativo. Mas Whitney nunca quis ser um filologista compa-
mos, às concrusões de todo tipo que são
tiradas, .o- pr.å'",ção, dofato de
uma língua se ver obrigada a adoia, uma rativo. Ele não nos deixou uma única pâgina que permita considerá-lo unl
paravra ,o^L taL¿s;;fo. Essas con_ que inferem,
clusões não têm, em primeiro lugar, filologßta cornparativo. Ele nos deixou apenas dois trabalhos
um aràance gera., aã;;; por insinuar
tacitamente que bem ingênuo seria quem dos resultados da gramática comparada, uma visão superior e geral sobre a
não visse que em todas as épocas, linguagem: sendo essa, justamente, sua grande originalidade desde 1867, e
assim como na nossa, um povo tem que
tomar consciência d,e objetos, que sendo outra de suas originalidades o fato de indicar, sempre que tinha a
lhe são novos e denominá-ios. À4as e åepoisz
carâter de uma ringua, o fato de se acrescentar
eue mudança visívei tïaz, ao oportunidade, que não confundia jamais a lingüística com o estudo t ].
ao seu vocabulário (àparte Entáo, é isso.
mais material de seu vocabulário), cem
ou mil e duzentos substantivos como d-as coisas universais que se pode dizer sobre
telégrafo? Todavia, não é essa a verdadeira 2q Quando se trata apenas
objeção. Mas, admitindo-se que a linguagem, eu não me sinto de acordo com nenhuma escola, nem com a
cada | ], a questão seria, precisamente, saber: isso é um eremento
lar sem o qual não captamos o curso naturar regu- doutrina razoâvel de Whitney e nem com as doutrinas desarrazoadas que
dos fatos lingüísticos? ele vitoriosamente [combateu]. E esse desacordo é tal que não comporta
o dialeto de certos vaies retirados, em que se constata
uma introdução nenhuma transiçáo nem nuance, sob pena de eu me ver obrigado a escreve[
artifìciais pouco distante do zero, está, por
l="_t-rr''or isso, fora das condi- coisas que não têm nenhum sentido a meus olhos.
çues se dizer que é
condi_ Eu deveria, portanto, thes implorar que me desobriguem imediatamen-
ções que ori que
n,,o éÁ ele ^,,^ ico Por te do dever de falar da obra de Whitney em lingùística, mesmo porque esta
não ], esse elem
represenra, ao contrário, a condição ]. Ele ocasiáo é de bastante [ ]. Todavia, de nada serviria, visto o tempo t ]
admitindo-se que nada existe rém
I ].Não apenas isso | ], mas 1a A linguagem instituição.
d" diaretos continuamente sujeiros a 2q A lingüística é dupla.
receber aluviões I
], o verdadeiro problema seria indagar: esses aluviões 32e7:r262
Não há jamais uma ruptura [
constituem um elemento vital, ,"- ]
o qual não co.rc"b"riamos a perperua- Trate-se da roupa ou de [ ],
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mente desconhecido nos domínios em que a forma exterior exige o mais (em que o primeir riam ser usados
leve grau de correlação natural com a idéia. como são esses outros domí-
nios que nos sáo familiares na história das sociedades, nós juigamos, muito
o'ifi"'i,o;";l é aquere que o
de uma
erroneamente, a partir deles, aquelas que deveriam ser as condições da lin- estado de sons torna necessário; ele nasce, na maior parte das vezes'
guagem, supondo, em particular, que elas não podem diferir fundamental-
mente das de uma outra instituição.
3297 continu¿cão
lq A Gramática Comparada.
2e A Gramâtica Comparada e a Lingüística.
3q A linguagem, instituição humana. forme os procedi ra a expressáo do pensamen-
4q A lingüísrica, ciência dupla. to; ou a que isso anada, se não diz respeito a
32e7:3247
5q Whitney e a escola dos neogramáticos. seu estado mom odifìcável' Nem seus
6q Whitney fonologista.
Ð97:t 66
Em toda a sua obra, Whitney não deixou de se colocar nesse
terreno, mas há duas passagens que, mais do que o resto, fazem sentir com
exatidão, desde o primeiro instante, o pensamento [ ).32e7:168 Em um
dos últimos capítulos de Life and Growth of Lønguøge, whitney diz que os
homens usaram avozparadar signos às suas idéias, como usariam o gesto
ou outra coisa, porque lhes pareceu mais cômodo usar a voz.32e7:173-rro Esti- uma coisa orgânica em outro sentido, supondo
mamos que essas duas linhas, que parecem um grande paradoxo, ou o gênio semítico quer incessantemente reco
ltrazem]
a mais correta idéia fìlosófica já formulada a respeito da linguagem; a nossa aos mesmos caminhos. Não há uma única obs
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convicção contrária e a [
um só fato, como a supressão de u
revolucionar completamente a relaç
ma de linguagem anteriormente da
cedimenro t ]
Muito bem. Mas tentemos generalizar.
'Ê.
então que se percebe que não há nenhum tipo de generalização possí-
32e7:r'rs+-r48s
Da anti_historicidade da linguagem yel quando se considera cada produto em sua gênese e em sua essência ao
um objeto duplo o" flesmo tempo. E, depois disso, ver-se-á que uma das ciências é essencial-
que pareceria inextricávsi
," ,,|u, ïï:"oo
ssemos a uma comparação'
flentehistórica (a geologia), enquanto a outra, embora tire seus objetos des-
"¿:::::,i:
Numa partida ses Íìesmos acontecimentos
históricos, é essencialmente anti-histórica, náo
terística podendo reconhecet, a menos que deixe de existir, que duas rochas diferen-
singular ser livre
indiferente, mas ¿ lrìe¡st" ies pelo lugør em que são formadas, pela épocø, pelas condições, pela própria
por uma via ou por ouüa; ou que aql posição rail)reza da combinação, enfrm, por todas as coisas históricas imagináveis,
não tem a mais reve vantagem sobre ã.rrroro
partida sejam diferentes se correspondem à mesma fórmula na esfera das idéias
que vem inspecionar a parti_ permanentes. Não se pode generalizar, náo tem nenhum sentido genetalizar a
da naquele momento crítico. ou, ainda,
que ninguém sonhårá em descrever respeito de um cristal tetra-rombóide antes de saber e de enunciar formal-
a posição misturando ora o que é,
ora o que foi, mesmo que dez segundos
antes. rnente se a intenção é falar das condiçóes que permitiram a esse cristal se
formar, aqui ou noutro lugar (coisa históricø) ou se é falar do que ele é, por
Täl é' exatamente, o ponro de partida
para aríngua. Admitindo-o, resta exemplo, com relação a todos os cristais tri-rombóides, o que náo diz res-
pergunrar sob que aspecro um tar objeto
pode ser hiitórico.Em sua essência, peito, de modo algum, à maneira, ao tempo e ao lugar em que esses diferen-
ela parece rebelde a qualquer consiáeração
histórica, bem mais devorada a tes produtos respectivamente se formaram. Conceber uma generalização
uma especuraçáo abstrata, como a que pode
.o-porru, poriçao de xadrez que trate, ao mesmo tempo, dessas duas coisas é pedir o absurdo. É esse
de que falávamos. Mas nós uu-or'-"irer "
a comparação, persuadidos de gênero de absurdo que a iingüística, desde o seu nascimento, quer impor ao
que não há muita coisa que nos permita
entrever tão bem a natureza fão espírito. Na ordem das coisas lingüísticas, náo existe atenuante, muito ao
complexa dessa semiologia particurar
chamadalinguagem para defìnir, de contrário, para essa comparação. O erro é acreditar que se pode fugir, pol
uma vez por todas, essa semiologia particula,
quei não em øIguns momentos, à sua necessidade inexoríwel; não dâ para fugir dela em
um de seus aspectos' mas nessa irrit¿nte
dupriiidade""tingr"g"_,
que"faz com que ja- momento algum, nem mesmo para [ ]. Seria, por conseguinte, impossí-
mais seja alcançada.
vel discorrer sobre um único termo empregado na prâtica de cada dia da
ncia da língua com a condição inicial lingüística sem retomar ab ovo a questáo total da linguagem, e ainda mais
enrre si as épocas. Só há lingüística impossível formular uma apreciaçáo sobre uma doutrina que náo leva em
] uma outra história i l; em conta, por mais racional que fosse t ]
Todas as maneiras de se exprimir que, a intervalos, parecem estabelecer
ta paracompreender o que se passa, .rt'ffff"!
estado' fazer abstração do que não é próprio " n'r"uri:ii:åîå?:"",i[
desse estado, por exempro, do
uma conjunção entre os fatos [verticais] e os fatos horizontais são, sem
exceçáo, imagens; a outra causa de desgosto é a impossibilidade de prescin-
que o precedeu; sobretudo do que o preiedeu.
dir dessas imagens e também de se resolver a aceitá-las.
Mas o que resulta daí para a genirarização?
velf A generalização é impossí-
l
Assim como um produto mineral pode ì297
vista do que representa em min
ser considerado do ponto de
1903-1910
^
t_ru 4 0u q: r
0
sta dos aconteci_ q (a' : b')
mentos históricos que lhe deram
da, em,ur
-o-.'io t l.eu iZn:ir::n;
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Tänto quanto ousamos dízer, a rei absorutamente
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finar da ringuager¡
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que nera nadahâ que possa residir em ^ A impressão geral que se tem das obras de whitney é
Reservq. w
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c u -tr a c k umtermo (em conseqüência direta c u -tr a c k
faro dos símboros Iingüísticos não terem. ¿6 que basta o senso comum, o senso comum de um homem famiiiarizado
reração com o ql"-a"u.-
nar)' que ø é impotente para designar qualquer
coir" r" n J"¡0" de b, cor¡6
desig_
com [ ], seja para dissipar todos os fantasmas, seja para captar em sua
esre sem a ajr-rda de a; ou que
os dois vdel
po, ,u,^ a¡)uiçì'r"riproca, essência os [ ]
que nenhum deles vale, nem mesmo ou ora, essa convicção náo é a nossa. Nós estamos, ao contrário, plofunda-
por uma pane qualquer de si
mesr¡6
(" a raiz" , etc., eu ,ul:+o),
senáo por'esse mesmo plexo
de diferenças eter_
mente convencidos de que qualquer um que ponha o pé no terreno dalínguø
namente negadvas. Nós nos admiramos. está, pode-se dizer, abandonado por todas as analogias do céu e da terra. E
Mas, onáe estarra, na verdade,
possibilidade do contrário? onde a isso precisamente por que se pôde fazer, a respeito da língua, construções
have'a, por um único instanre, um
de raciocínio positivo. em roda ponto fantasistas como a que whitney destruiu, e também por que resta muito a
a ringuageí, já que não hânenhuma
vocal que co'esponda, mais ao imager¡ dizer em um outro sentido.
q,i" our."r, ao que está encarregada
dizer? E a evidência absorura, "ã de 1q: A iíngua nada mais é do que um caso particular da teoria dos Signos.
um único fi'agmento.de língua ",¿ -"r-o a priori,ae que não haverâjamais
Mais precisamente, por esse fato apenas, ela)â se encontra na impossibili-
que possa ter fundame'to ,our"
sa' como princípio último, que arguma coi_ dade absoluta de ser uma coisa simples (ou uma coisa diretamente captável,
não eja a sua não-coincidência, ou grau
dessa não-coincidêncla, com
o resto; sendo indiferente a formapositiva, pelo nosso espírito, em sua maneira de ser), ainda que, na teoria geral dos
um grau de que nós.não fazemos em signos, o caso particular dos signos vocais não seja mil vezes o mais comple-
idéia, mesm" r"";;;;r#ido
seis línguas em que cinco ou xo de todos os casos particulares conhecidos, tais como a escritø, a cifragem,
i ]; porque esse grau é inteiramente igual azero.
.i --
etc.
2q: Essa será a reação capital do estudo da linguagem sobre a teoria dos
signos, esse será o horizonte para sempre novo que ela terá aberto t
],
^I't"'
l
ter percebido e revelado todo um lado novo do signo, a saber, que este só come-
ça a ser realmente conhecido quando se percebe que ele é algo não apenas
transmissível mas, por natureza, destinado a. ser trqnsmitido, 2e modificável.
de vista reftospectivo ou prospectivo, Apenas para quem quer fazer a teoria da linguagem, é a complicação
alquer frase, qualquer palavra r-elativa centuplicada [ ]
3297 con¡inuacão
iamente, ou a relação a/b ou a - nquanto subsiste uma conformidade
de nome (simplesmente
relação
alisada. de nome) enrre um objeto óbvio e os [ ], há uma primeira categoria de
mas com igual clareza depois de seres mitológicos dignos de serem opostos fundamentalmente aos ourros,
se
como classi tológica. Enrão, o nome é o princípio
decisivo, o seres mitológicos _ porque quem
investigaria do instante em que os seres
no que lhe diz respeiro, a se modifì
se tornam purqmente mitológicos e rompem - massua última ligaçao com a terra
que resultariam de uma p
para povoar o Olimpo depois de muito t ]
à afirmação fundamental
Enquanto a palavra agni designa ao mesmo tempo, daí a confusão, o
entre a instituição da ling
que aquela não é submetida
à corre
provém, já na origem, de uma
harm
esra uma diferença capitar, apesar
:iåï:i::' j,:îi: de todas as miragens
Se há um insranre determinado em que Agni deixa de participar
mas poríticas, usos
i'""iililirl"å',?; ror- [
],
å:: ï,îffi,,'Jål' '"t''sos, esse instante consiste apenas no acidente que trará a ruptura de nome com o
objeto sensível, como o fogo: acidenre que está à mercê do primeiro fato de
língua ocorrido, sem nenhuma relação necessária com a esfera das idéias
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mitológicas. Ao se chamar um caldeirã.o, sucessivamente [ ], pode aco¡r irremediavelmente a nossos olhos? Eu procuro e náo encontro outro além
tecer o mesmo que acontece ao se chamar o fogo, sucessivamente, de øgni s de[ ]
de outra coisa. E, nesse momento, o deus Agni, como o deus Zeóq, ser{ Quanto a isso, nem pensamos em dizer, de modo algum, que o
livro de
INEVITAVELMENTE promovido à condição de divindade inescrurável, cor¡s Whitney seja definitivo, ou que contenha tudo o que se poderia desejar; é
vøru4a, em vez de andar pela esfera fìnal de divindades como ushas. Assim, isso o que o próprio autor rejeitou; mas o que ele contém e o que Whitney,
a que se relaciona uma mudança táo capital e tão positiva em mitologia? .{ em 1867 , foi o primei ro a dizer, não tbi ainda tomado de nulidade em 1 894,
nada, senão a um fato que, além de não ser puramente lingüístico, não tern conforme o testemunho universal. Esse fato é mais instrutivo do que mui-
importância visível no curso dos acontecimentos lingüísticos de cada dia. tos comentários para servir de pedra de toque à apreciação de um espírito,
Por isso, é defìnitivamente verdade não que os numina sejam os nöminq, desse espírito.
conforme a fórmula célebre, mas que o destino de nömen depende, decisiva-
mente e, por assim dizer, de segundo em segundo, do de numen. É verdade, I2a lStatus e motus. Notøs parø um livro
agora, que a mais vasta categoria de seres colocados no panteáo de cada de lingüística geral, 1l
povo antigo provém não da impressão produzida por um objeto real, tal
como agni, mas do jogo infìnito dos epítetos que rolam sob cada nome, "tu Cada vez que se produz, nalíngua, um acontecimento, pequeno ou
permitindo, acada instante, criar tantos substitutos (de "[ ],,) quantos grande, a conseqüência é, por evidência, que o estado recíproco dos termos,
se queira t ]. Não é isso que vai nos dissuadir da influência fundamental ionsiderado depois do acontecimento, não é mais o mesmo de antes. Se,
*egnot, esse é um
dos nomes e da língua sobre a criaçáo das fìguras. se concordamos que, na numa cer1a data, o ¿ fìnal grego cai, por exemplo, em
*egnon,
palavra, está [ ], aqui apalavra é simplesmente determinante; é. era, real- acontecimento que parece náo dizer respeito, de maneira alguma, a
qcontecimento ou de um
mente, a primeira a sugerir a nova divindade, que um dia é criada ao lado da e, com efeito, nao tne diz respeito, tanto que se fala do
precedente, e sua única razão fr,naI. acontecimento. Mas, ao se falar de estados, vê-se, entáo, que a relaçáo reci-
Whitney não passageiro.
*egno
proca o
- Whitney não escreve gramâtica comparada. importante o
- Dicionário alemão hoje. mesmo mo o
- Não é necessário gramâtica comparada para fazer obra de alto-alemão antigo faris se torna feri.s, esse fato náo diz respeito a faru, e náo
- I ]
é menos verdadeiro nem menos capital constatar que, por isso, o estado
Mais gramática sânscrira, náo dâ ocasião t ].
- recíproco faru: faris cedeu o lugar a um novo estado recíproco, que é agora
-Whitneyeasílaba.
whitney -faru: feris.
merece ser considerado bastante independente da gramâtica
- Esse começo é táo bom quanto qualquer outro para introduzir a distin-
comparada, I ] por rer sido o primeiro a extrair dela uma visão fìlosófica. çáo à qual é preciso chegar, da qual é incrível
que não dependa, há muito
Papel sem pretensão.
- tempo, toda a idéia geral e toda [ ]
- Whitney e a instituição. '
Whitney e os neogramáticos.
- Valor definitivo. I egnon +> 2e egnot | 1 faru <+ 2 faris
-o nome de whitney é um nome tão
universal que uma pessoa estranha 3 egnön <s 4e egno
JII 3 faru <+ 4 ferß
T
aos estudos lingüísticos se surpreenderia, provavelmente, ao saber que um
autor tão apreciado jamais publicou t ] diretamente relativo àquilo que 1q Ausência de sentido, em lingüística, para uma das formas da vida da
t ]. Eu acredito que será a melhor e a mais simples homenagem à obra língua : o S7',ATUS.
de whitney, tomada em todas as suas partes, constatar até que ponto essa
De quantas maneiras se terá conseguido confundir essas duas coisas
obra conseguiu suportar os estragos do tempo. Mas um elogio desse gêne-
fundamentais: o motus e o status da língua, é o que poderá constituir, um dia,
ro, que pode náo ser banal, se torna extraordinário na lingüística propria-
o objeto de um trabalho retrospectivo interessante. Há, todavia, duas ma-
mente dita. De todos os livros, especiais e gerais, que têm hoje trinta anos
neiras de se enganar, ainda que as duas conduzam a um igual desconheci-
de idade, qual é, sinceramente, aquele que, em lingüística, náo envelheceu
mento do stqtus.
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Uma consiste (por hipertrofia do
simplesmente, a noção de sføtus e e tãncia particular àquele que separa o estado do acontecimento, o aconteci-
a supressão de um t, ou seja, de acon r¡rcrrto do estado? Ou melhor, como náo é evidente que tudo o que existe no
estado está contido, de antemão, no acontecimento: se existe, em algum
acontecimentos são a causa regular.
lugar, gero: porque o acontecimento tinha feito de *gesó
gestus (estado), é
estado de espírito não têm um senti
gero? E nesse ponto que está a lingüística. Estado ou acontecimento lhe são
A ortra consiste (por perversão do sentido histórico)
em exprimir acon_ coisas indifelentes, ou melhot, nem mesmo distintas, nem mesmo mencio-
tecimentos pela fórmula que convém aos status, a mais grave
maneira nadas, em algum lugar, como tendo um valor independente.
tudo falsear e de tudo confundir. por exempro, dizer:,.emãlto-alemão de
anti_
go, o a se transformaem e antes de
i : faru-feris".Emvezde dizer: "Hí;j
um fato que supóe um tempo em que
føris e não faru se tornou ferß, b) uÁ
I2b lStatus e motus, Noúøs para um livro
fato que não supõe um tempo em que de lingüística gerø\, 2l
føru esteja oposto, assim sendo, ¿
feris."
- "nt Por uma tendência que se deve consiclerar natural em nosso espírito,
em qualquer objeto que comporte um desenvolvimento, uma seqüência his-
Status e motus lorica, uma sucessão de coisas no tempo, a atenção vai por si mesma aos
De quantos gêneros são os fenômenos lingüísticos? acontecirnentos e tende a se desinteressar dos estados. Esse traço pode che-
Dirigindo-se, deixando-se guiar pero ensinamento atuar gar à abolição completa, em certos sábios, do sentido do que pode ser um
ou passado, estado, ou pode se limitar a não atribuir aos estados de que provêm um
pareceria que os fenômenos ringüísticos são de um
único gênero ou, me- papel específico ao lado dos acontecimentos. Em que medida essa disposi-
lhor; de infinitos gêneros, conforme a crassificação
que cada *ip."f"..
ção de espírito pode ter importância fora da lingüística, nas numerosas ci-
adotar-.
Nós dizemos que eles são exatamente de dois gêneros,
nem å" u- nem de ências que têm que levar em conta, como ela, o fator histórico, isso não nos
três, que não dependem do princípio que se prefere,
mas do próprio objeto, cabe julgar. Em que medida ela insere a desordem na lingüística, é algo que
com necessidade interior e clara.
1q De quantos gêneros são os fenômenos
devemos procurar delinear mas que, na realidade, nenhuma análise esgota-
Ìingüísticos? rá, visto que a clistinção [
2a como uma ordem inteira de fenômenos pode ]
passar despercebida De onde vem essa tendência, é fácil de ver. O acontecimento é a causa do
por causa de uma outra?
estado e o que o explica (em um certo sentido).
Um equilíbrio, uma posiçáo recíproca dos termos, jamais é. dada.
Status e motus Mas, fosse ela dada pelo catálogo dos acontecimentos, essa posição é
essencialmente diferente dos acontecimentos e merece, talvez t ].
A idéia de que os fenômenos ringüísticos formam uma única
rrama e Comparação com partida de xadrez.
que, para captar essa trama, basta se coiocar em
seu encadeamento históri_
co, é natural. 1q De quantos gêneros sáo os fenômenos
ringüísticos? A essa
pergunra I l O støtus considerado em si mesmo
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Exemplo gótico de fórmulas de regras nrais familiar à lingüística, perguntanclo o que caracteÍiza, em primeiro lu-
gar, a primeita (egnöt : egno).
1q u antes de vogal Ela nos dirá que é o fato de ser fonética ou de ser relativa aos solts, en-
se transforma em errado, mesmo corrigindo a expres_
14/
guanto que a outra relação (egno egnon) não é fonética nem relativa aos
2e w antes de consoante são e dizendo: ao u antes de vogal
sons, mas a alguma coisa que ela não sabe, ademais, como definir, que seria
se transforma em u corresponde [w].
rnais ou menos gramatical ou morfológica, ou semântica, se assim se prefe-
3nwl l rir, ou talvez, no final das contas, mais ou menos fonética. Pois bem! náo
¡os inquietemos com as divagaçóes da [ ].
Nada pode fazer com que um acontecimento, porque explica um estado, 2q Acima, fizemos a suposição de que o que se oferecia, antes, como
sejøum estado. Ora, na maior parte das ciências, explicar a origem de urn objeto possível, eraumaformø. Mas é preciso supol do mesmo modo, que
estado é tudo, sendo que o estado em si mesmo é sem interesse ou sem urn se possa tomar, como primeiro objeto possível, um qcontecimento e, subse-
papel específico que o distinga como estado, de sorte que, na língua, é aos qüentemente, qualquer outra coisa, pois absoiutamente nada poderia deter-
estados, e só a eles, que pertence o poder de significar; por outro lado, a minar onde está o objeto imediato, oferecido ao conhecimento, na iíngua (o
língua, sem esse "poder [de] significar", deixaria de ser o que quer que que é a fatalidade desta ciência). Em qualquer outra ciência, os objetos são,
fosse; assim, neste domínio, vê-se que, mesmo depois I ], náo se teria, ao menos momentaneamente, evidentes, e daí se parte para analisá-los man-
em parte aiguma, entendido o objeto em questão, que alguns se vangloriam tendo o controle sobre eles.
de ter explicado. t ] nesta qualidade retorna diretamente à psicologia e espera dela
É preciso precisar melhor, logo de início: nós náo consideramos a lin- suas luzes?
güística como uma ciência em que há um bom princípio de divisáo a encon- Ora, a psicologia possui uma semiologia? A pergunta é inútil, visto que,
trar mas, fora uma ou duas reservas, como uma ciência que procura juntar, se fosse esse o caso, os fenômenos da língua que a psicologia ignora seriam
em um único todo, dois objetos completamente discordantes desde o prin- a tal ponto preponderantes como base do fato semiológico, que tudo o que
cípio, persuadindo-se de que eles formam um único objeto. O mais grave é pudesse ser dito fora deles pelo psicólogo representa forçosamente nada ou
que nossa ciência está satisfeita com essa associação, náo parece nada ator- perto de nada.
mentada com o vago sentimento de que há alguma coisa errada na base; náo Se um lingüista que compreende o sentido da pergunta nos provasse
manifesta nenhum mal-estar diante das concepçóes as mais oblíquas que que existe, na língua, um primeiro objeto tangível, absolutamente qualquer
aceita a cada dia, sente-se, mesmo, tão de posse de seu objeto que náo tem
um, que fosse anterior à análise e não posterior a esta, não apenas deixaría-
mos de escrever, mas:
nenhuma dificuldade para extrair, de tempos em tempos, dessa desordem
1q Que seja proposta náo uma relação, mas uma forma, ou seja, um
geral de idéias, teorias da linguagem, apresentadas com total candura.
único termo.
O primeiro objeto que pode chamar a arenção:
2q Que seja proposta náo uma "forma" , mas uma relaçáo que ligue dois
lq seja, entáo, uma forma tomada ao acaso: èyvrr:.
termos, podendo, de resto, ser qualquer uma.
Não há nada a dizer dessa forma enquanto ela não for oposta a nada,
3qQue sejapropostaageneralização da relação entre dois termos, por exem-
enquanto não se designar o segundo termo, já que é a sua relação com ele
plo: em sânscrito, o m antes de t se transforma (ou se transformou) em n.
que seria examinada.
Com o que ela pode ser posta em relação? Certamente, e seja qual for a
natureza dessa primeira relaçáo, com egnot, que existia numa outra época, INDICE
Mas certamente também com egno, que reina na mesma época.
DIACRONICO. É oposto asincrônico ouidiossincrônico. OOO. Por que equi-
Consideremos agora anatureza dessas relações! Sente-se vagamente que
valente a fonético.
elas diferem. Não pedimos à lingüística que defina, nem que comece por
(FATO) Yer fenômeno.
Itxar q, segundø para definir, apartir daí, a diferença com a primeira, isso seria
CONVENCIONAL (signo). Ver todo o capítulo Semiologia. Em que sen-
o puro caos. Facilitamos as coisas colocando a questão num terreno que é
tido todos os signos lingüísticos são convencionais, contrariamente a certas
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idéias do lingüista. Em que sentido nenhum é convencional, contrariamenr O primeiro, que é preciso distinguir o acontecimento do estado.
te a outras idéias que se encontra entre os filósofos. O segundo, que é preciso opô-los, por exemplo, subordinar um ao outlo.
LEI. Não é definível, a menos que se distinga as duas coisas que esse O terceiro, que é preci so sepørá-Ios; e de maneira a tal ponto absoluta
nome replesenta. 000 que a única questão que resta é saber t l.
Não se trata de uma palavra, de um termo aplicável com precisão, senão O quarto, que quaiquer outra maneira de classificar é inútil a um grau
no caso em que nada existe de obrigatório (ieis idiossincrônicas), p.000. rle que nem se tem idéia. É absolutamente nula, de antemáo, toda [ ]
Necessidade e absurdo quase iguais para designar assim a fórmula de urn A idéia de que as coisas da língua devam se expor através de uma viaunq
acontecimento (leis diacrônicas).
32ee t47
e constante é a mesma idéia falsa que leva a supor que a própria língua é
ORIGEM DA LINGUAGEM: Inanidade da questão para quem rern uma coisa una. Nós negamos que a língua seja uma coisa una e, com isso,
uma idéia justa do que é um sistema semiológico e de suas condiçóes fls adquirimos o direito de apresentar como queremos os dois elementos que
vidø, antes de considerar suas condições de gênese, p. 000. Em momento nela descobrimos.
algum a gênese difere caracteristicamente davida da linguagem, e o essenci_ Basta pronunciar a palavra convencionql para pôr em oposiçáo as idéias
al é ter compreendido a vida. falsas e corretas sobre a língua, t ]
32eeco¡lrinuação
FENÔMENO. Deveria ser entendido tanto como estado quan- O que há de particular no signo convencional é que as disciplinas que dele
to como acontecimento que é a sua causa (um e outro sendo, em suq ordem, poderiam se ocupar não desconfiam que esse signo seja 2e) transmissível e,
um fenômeno). 000. Será perpetuamente entendido só como acontecimen- por isso, dotado de uma segunda vida, de onde se pode dizer que essas
to ou então convertìdo em uma noçáo híbrida inadmissível. 000. A palavra discipiinas, assitn como o público (em geral), não têm noção alguma, se náo
fato acaba sendo o único recurso para quem guer designar, ao mesmo tem- se dedicam à [ que a "delimitação dos signos" modifica, com isso, a
]
po, os fatos estáticos e diacrônicos, sem dar a impressão, como na palavra idéia fìlosófìca do signo convencional é absolutamente incompleta desde
fenômeno, que pensa especialmente nestes últimos. 00. t ].Reciprocamente, é errado que o lingüista, à força de ver por toda
IDIOSSINCnONCO. Não é idiossincrônico o que é fonético (diacrônico). parte nada além da transmissão e da tradição, dominadas, elas mesmas,
000. :
- Gramatical idiossincrônico, uma noção que só é clara quando
remete à idéia de idiossincrônico.
pelas forças mecânicas, deixe de conceber o signo lingüístico como sendo,
em sua essência, um signo convencional. Ele lhe atribui uma essência mis-
teriosa ou à parte, ou ligada à história. t ] não se presta, nem pela natu-
Íeza nem pela intenção, a designar o aoristo t ]. Lá onde o convencional
Quadrado lingüístico
se reencontra, é quando se vê que todo signo repousa puramente sobre um
Todas as considerações possíveis sobre um fato lingüístico são imedia- co-stotus negatlvo.
tamente encerradas numa figura simples e, em toda aparte, igual, que com-
preende quatro termos: 32ec:Ì086 r0er
Ao capítulo semiologia
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O que é característico são os inumeráveis casos em que é a
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certo sentido, da parte de quem o entende assim, de um engano a respeit.
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*-A
Objetos x_b Nomes
signo. ExemPlos.
enquanto a verdadeira representação ê: a b c, fota de qualquer conhe-
cimento de uma relação efetiva como
-
*-Q, -
baseada em um objeto. Se um
Continuaçá o : C onv encional
objeto pudesse, onde quer que seja, ser o termo sobre o qual é fixado o
signo, a lingüística deixaria instantaneamente de ser o que ela é, do topo até Todo fato estático é, por oposiçáo aos fatos diacrônicos, acompanhado
a base; e, ao mesmo tempo, o espírito humano, como fica evidente a partir de significação (e, por isso, de uma outra característica fundamental).
desta discussão.
32-ee continuação
TudO o que Concorre para a signifiCaçáo, de qualquer manei-
Mas isso é apenas, já dissemos, a crítíca ocasional que dirigimos à ma- ra, é reciprocamente estático'
neira tradicional de considerar a linguagem quando se quer tratâ-la filosofi- Na primeira parte, nós falamos de fenômenos que se passam entre tais e
tais termoS, Como Se eSSeS termos náO tivessem que Ser definidOs, ComO
um
camente.
objeto visível qualquer, não sendo, eles mesmos, aquilo que era preciso de-
É.r-" infelicidade,
certamente, que se comece por misturar a ela, como
elemento primordial, esse dado dos objetos designados, que não constituem fìnir de início. Isso é uma ficção' Esse é, justamente' o ponto mais delicado
da lingüística, entender o gue constitui a existência de um termo
qualquer,
elemento algum. Todavia, isso nada mais é do que um exemplo mal escolhi-
do e, pondo no lugar de Ìiì"roq , tgnis ou Pferd, qualquer coisa como [ ], pois nènhum nos é dado como um gênero de entidade muito claro; a não ser
fica-se além da tentação de reduzir a língua a algo externo. Muito mais gra-
ve é o segundo erro em que caem, geralmente, os filósofos, que é o de repre-
sentar:
quando um objeto é designado por um nome, eis um todo que vai se
2q
transmitir sem outros fenômenos a antever! Quando uma alteração se pro- conseguinte, saídos de um mesmo todo, de uma mesma unidade geral evi-
duz, ê do lado do nome que se pode temê-la, ao que se supóe, /rcxinus que se dente. ou, entáo, de inumeráveis gêneros, conforme todos os "pontos de
transforma emfrêne. Entretanto, também do lado da idéia: t ]
Eis aí o que faz refletir, sobre o casamento de uma idéia e de um nome,
quando intervém esse fator imprevisto, absolutamente ignorado na combi-
naçáo filosófìca, O TEMPO. Mas náo haveria aí nada de notável, nada de
lexicológicos.
característico, nada de especialmente próprio à linguagem, se houvesse ape-
O pirrent, de uma forma está nas formas que a cercam a cada momento
nas esses dois gêneros de alteração e esse primeiro gênero de dissociação,
(coisas que estão fora dela) e que náo dependem dela; nela, está apenas a
pelo qual a idéia abandona o signo espontaneamente, altere-se este ou não'
sua continuidade no temPo.
As duas coisas continuam sendo, até aqui, entidades separadas ao me- "anali-
A idéia de que, para ver o que existe no âmago das formas, basta
nos por um [ ] ou como
sar essas formas", como se analisa uma substância química se
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r I é denominadaablaut, o que me in-rpedirá de dizer que ela é apenas w
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c u -tr a c k disseca, encobre um mundo de ingenuidades e de concepções espantosas. ¡
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mostrar que lr" ngutu de linguagem, embora, por conseguinte, toda discussáo que há
le há vinte tipos de análises sem nada em comum e que só têm um valo¡ sobreoablautt l
se foram classifìcadas. Haverá protestos, honrarias, risadas; e eu não digo, de modo algum, que
é me mostrar o que é,
2a o objeto não é analisável antes de ter uma existência definida. Assirn, rcnho razáo; mas a única finalidade útil da discussão
é preciso perceber as condições em que existe uma coisa como uma forma em sua essência, o øblaut, para que eu tenha, então,
um primeiro meio para
iulgar se minha denominação merece o nome de "figura" ou se
não o mel'ece.
de[ ]
' "E assim por diante para cada termo. 3300:r0r Proscrever a figura é se dizer
de posse de todas as verdades, de outro modo você
fica radicalmente sem
O estado e o acontecimento confundidos metáfora.
condiçóes de dizer onde começa e onde termina uma
Há, em todas as ciências, distinções mais ou menos essenciais, mais ou
sáo verdades táo simples que eu estou persuadido [ ]. Seria muito
juramento têm
menos capitais para o estudo, que traz mais ou menos clareza, sem as quais bom acreditar, por um instante, que os que prestam esse
de fìguras? Assim,
os fatos são mal coordenados e mal compreendidos. Mas não existe, senão alguma idéia daquilo com que se comprometem. chega
que correspondam às realidades absolutas da lingua-
nJda além de termos
em lingüística, uma distinção sem a qual não se compreende os fatos em da linguagem não
gem? Isso equivale a dizer que as realidades absolutas
grau algum, a não ser por ilusão, sem a qual não é possível fixá-los, captá- para
los, sem a qual nãohâ nenhuma clarezapossível t
ãf.r"."- mistério para os neogramáticos, que eles as desvendaram
] nós.
Täl é, em iingüística, a distinção entre o estado e o acontecimento; pode-
No programa, o preceito que ConSiste em dizer que é preCiso
3300cortinttação
sabe sobre o que se discute. Há, desde a origem dos tempos, na língua' dois
pondam às realidades absolutas da linguagem? Um belo programa, [ ] tipos de coisai inteiramente diferentes, çlue evocam para nós a idéia de lei'
Chega de figuras! É um belo programa, que logo se pôs no papel. E o
que é preciso para pôr em prâtica esse preceito? Pouca coisa, simplesmente
Para os dois gêneros de fenômenos, indiferentemente, náo há razão al-
empregar apenas expressões que correspondam às realidades absolutas da
guma para se prender ao nome lei;bem ao contrário, seria um extremo be-
linguagem, classifìcadas de maneira infalível. por exemplo: se eu vejo que
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nefício para os estudos lingüísticos ribertá-ros radicarmente
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radicalmente
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oata o progfesso do estudo em cada ciência. Há outros que,
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c u -tr a c k dessa palar,"^ .d o
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inepta apenas uma vez se designasse a lei fonéti :a, '[o1ro, o, (o que é certamente mais grave) parcialmente falsos, usurpam um
mas ,rê,
ø) porque confunde essas duas coisas: o fenômeno ";;;l;;;;:.
b) porque quando se separa
pelo qual t ]; Itgar ao lado das distinções naturais para criar o mundo dos equívocos e
grande progressol ,"
- aprica rei )5 pal-entendidos.
uma ordem- estável,
"
relações [ ], isso exprime simpreimente sem nenhu- Mas, fora dessas duas categorias reconhecidas, que tÍazem lucro ou pre-
ma força imperativø; o sentido de råi
é, aqui, o de "fórmura de uma orde¡n,,
assim como quando eu digo que as partícuras juízo parao progresso de uma disciplina, existe, talvez, uma terceira e curiosa
de um corpo são;*"*]"; 'cafegoria,
a dos termos em si mesmos corretos e que Se Sente que são corre-
espiral' Isso não imprica nem que eìsas
partíc uras devamser em espirar, por que seja possível dizer exatamente seu alcance e seu conteúdo,
natLtreza, se uma força anterior, de tos, sem
que não nos compete tratar,não as
vesse disposto assim em toda purt", hou_ nem decidir que idéias eies abrangem. O sentimento de sua adequação pro-
nem que devam continuar emespirar
forem perturbadas por uma foiça nova; 5s vém do fato de que jamais criam dificuldades: assim, a palavra attículação
mas apenas que, no momenro pre-
sente, não é impossíver perceber que náo ctia, em nenhum caso dado, uma dificuldade, mesmo que não vejamos
são emespirar e que é essa sua
sualei presente. Então, Iei equivali, aqui, ordem, Claramente O que ela contém, enquanto, por exemplo, a palavra consoante
a arrønjo,ordem de coisas existen_
tes, ordem de coisas coexistentes t l.Zoologistas, antropologistas, etnologistas e lingüistas falam desafia-
i l; doramente ao público de linguagem articulada, como se fosse uma (coisa)
r) r:- força imperativa, justifì."não, na
aparência, um pouco merhor, perfeitamente clara para o espírito de todo mundo. Eles provam, com isso,
nome de /ei. o
É possível que se descubra que, se que confundem "a articulação" com algum fato cerebral, como seria a "se-
a oposição da lei morfológica tivesse
em si mesma uma justificatrva, pouco qüência de idéias" atribuída à linguagem. Porque ninguém indica que a arti-
-oiiuo haveria para farar dela a pro-
pósito da lei fonética. É isso qul .o.r,"rtamos. culação teria uma significação bucal.
Antes de saber se, em rin_
güística, há, no total, umø espècie de reis,
ou então d.uøs, ouentão três, ou
quantas espécies forem, não hâ sentido
argum em perguntar se .,as leis,, I4b llmplosão + irnplosão)
tl são
3303=e83
Implosão + implosão
I3b lS.obre as dificuldqdes dø terminologia Duas implosões consecutivas podem aparecer a) como duas implosóes
em lingüística (a expressão simples)]" separadas b) como partes de uma única implosão geral. Novamente, náohâ
t'ot limite restritivo para o primeiro caso, que é sempre, com a nossa vontade,
como cada noção, por exempro sílaba, ditongo realizl¡el; ao passo que existe um para o segundo, que, mesmo com a nossa
eu, só pode ser marcada
pof uma coluna, admitindo (segundo vontade, só ê realizáwel sob certas condiçóes. E, de novo, essas condições
a compreensão do termo) muitos es-
tados sucessivos, mas sempre várias dependem, essencialmente, da abertura dos fonemas, de tal maneira que se
épocas, é totalmente inútir se debater
i , ] e ficar imaginando, com ingenuidade, que é por pode fazer um elo explosivo de I i porque a abertura vai diminuindo, mas não
ição incompleta do vocabulário que
nao se encontram de ií , que é condenado a conrinuar íí (sec1üência implosiva simples), mesmo
Não há, absolutamente, expressões simpies
para coisas que tivéssemos a maior vontade de fazer dele um elo implosivo, porque a
a serem diferenciadas primariamente abertura vai aumentando.
em lingüistica; ,,ao på" h"uer. A ex-
pressão simples será algébrica ou É preciso, ainda, acrescentar que assim como o elo implosivo admite
não será.
MUITOS fonemas, assim como dois, contanto que a aberturavâ, como dizíq-
mos, crescendo, assim também o elo implosivo admite vários fonemas, contanto
14a lDa ørticuløçãol
que a abertu ravâ decrescendo. E que, se o limite para a extensão do elo explo-
3302=177
Da articulação sivo vem do fato de que, ao fim de quatro ou cinco fonemas, é impossível
encontrar um sexto ainda mais aberto, do mesmo modo o limite para a
Há termos que, criados num período extensáo do elo implosivo prende-se ao fato de que, em muito pouco tem-
primitivo e tateante, correspondem
às distinções necessárias e,
com irro, contribuindo, historicamente, po, náo se encontrará um fonema mais fechado do que o precedente: por
"."L"-
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exempio, depois de atíií
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que ocorre depois, como já dissemos, ao testemunho do nosso ouvido, fica justifìcada nesta I ], e como c u -tr a c k
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as duas, explosivas, contanto que o efeito acústico que vai
elernentos produzam um efeito sobre(r)o ouvido.
resurtar daí s^; Isso porque a abertura é
considerado, de antemão, indiferente. Mas 2e nío se pode, (r)
O.r" Que isso é sempre possível Pelo menos dentro dos limites
acústico determinado, fazer qualquer combinação. "rn ---rLo "r"ìl^.
O.Z.t.Z.2q
inútil já -
Jl0l:968
condiçoes do elo exprosivo. obtém-se um
cue agui é considera¡ que nós [ ] aqui, que o essencial
- se
primeiro efeito acústiçq n.nhum dos elementos explosivos tiver uma abertura inferior [ ] 0 .L2.3 .
específico (elo explosivo) quando muitas explosões 3304+q76 '
sucessivas perrencern A continuação de explosóes que produz esse efeito acústico não
espécies fonéticas cadavez mais abertas, por exempro a
ksrj-AUN, em Que cuebrado, e de onde se pode ver as condif ]
quatro explosões ksry correspondem a aberr,ras
crescenres 0.I.2.3 Cà;"::
as
' 310+:o6r
A tentativa de pronunciar sucessivamente uma explosão e uma
so que a sucessão r<srtaun mesmo procurando tornar os quatro
- implosã0, de maneira a ter uma impressão acústica tão ininterrupta [ ],
ksrr explosivos não poderá jamais dar essa impressão, ptrqr" "1"^.nài contrariamente ao que acontecia [
-
ras são 0' 1.2.0). A impressão do elo explosivo (que
as abertu_ revela que ]- pode-se
- juntando qualquer implosão a quøIquer explosão, obter o
e"rge aberrura crescehre efeito exigido sendo que o
e' ao mesmo tempo, explosão constante de todos
os erementorl ¿, grau de abertura não mais intervém; por exemplo, tanto wm ou wp (abertu-
outras, a de um elo sem duracão. "nììi ras3.I ou 3.0) quanto Wqorþq (aberturas 3.5 ou 0.5). Observa-se também,
(elo ìmplosivo) quando ¡nas independentemente disso, que essa junção permite, paralelamente a
330'1:ee5-ee6
i l seu efeito contínuo, o i[ ]
3e condições d,avogal. vê-se que av
garou soante é indepen_ 3304:e42
Na representaçáo da cadeia sonora, as letras têm um sentido to-
dente em si de quarquer consideração sobre a natuïezados
s.implesmente a. cødø prt'meira implosão da
sons e corresponde ralmente diferente do que num tratado de fonologia. Qual é esse outro gê-
cqdeia sonorq; é esse o fato que dá a nero de unidades? É o espaço de tempo preenchido por [ ]. Apenas em
impressão da vogal, de maneira que mesmo kpto
ptode, tanto quanto åRro um tratado de fonologia é que uma letra não indica um espaço de tempo e
ou kItO, dar essa impressao.
3304:862 que, por essa mesma razáo | ] na cadeia sonora, onde as letras indicam
A única razão pelaquar são, em gerar, s ns de baixa
abertura que espaços de tempo ocupados por um t I idêntico t l
como vogal, é que I '
se reencontram como primeira implosão, ou seja 3304=1063
embora julguemos muito necessário afirmar que f; Quem tenta explicar [ ]
a alternância de vogal e primeiro erro capital: que não há oposição entre o u de seuQ e o de seu.men,
consoante é um fenômeno produzido pera articuração
bucal e não pera qua_ entre o r debher1 e o de bhermen;
lidade dos sons, hâ, por uma conseqüència toda
abertura bucal, mais |
i ]: quanto maior é a segundo erro, ainda mais grave por [ ]: que há, em troca, uma opo-
]. É por isso e por um princípio que não é o prin_ sição entre o u de seUmen e o de siltos ou entre o r de bhermen e o de bhrtos
cípio geral, que, numa sucessão de sons ,o o gidA,på."."
vogal. uma nova circunstância, a rorça do som laringiano,
que apenas A é tl
quando não en- Acusticamente
contra obstáculo, perturba aqui a distinção fundamenial ' os
3304:e5e
Toda a teoria da cadeia ,orror"
[ ] suf
- seumen seuö
e é isso o que faz dera um bhrtos bhermen bhero
estudo dos mais I -
], I ] valor das paiavras impossível e possível. -
Mecanicamente
são .,imposríu"ir,,. euan-
Estabelecidas certas condições, certas combinàções
do não se estabelece condiçóes, quando eras são
seUmen - sewõ
sUtos
estaberecidas vagamenre bhRtosbheRmen
ou quando, como é em geral o caso naqueles que
têm [ ], são mudadas
- bhera
O valor de soante na cadeia sonora não corresponde nem de início à
taciramenre no meio da frase, então tudó é '.posiível,,
também nessa |
. ,udo élndeterminado
]. Eu não me refiro aos numerosos casos em que se fara
tl 330,1:1007-1008 ^r O desideratum inicial era definir ou a síIaba ou a
Observøção.
das transformações históricas sobrevindas
em tar grupo, como se isso fosse soante, de maneira a sair por uma via qualquer da tautologia que consiste
uma prova de sua natureza intrínseca!
3304:e6e em defìnir uma pela outra. Na realidade, vemos agora que a definição de
Suponhamos que se proponha articurar duas ou uma só ainda não foi sufìciente, pois o fato de que havia tantas sílabas quan-
várias exprosões
con-secutivas, estipulando que eras
devam produzir um efeito uno e ininterrupto to soantes ou vice-versa não deriva, de modo algum, de uma dependência
sobre o ouvido. por mais que se t".rr", fìca
claro que isso é impossível se tecíproca desses dois termos. Eie deriva de uma dependência comum a esses
qualquer uma das explosões corresponder
a uma abertura menor do que a dois termos diante de um terceiro, posto em evidência mais acima, a suces-
precedente. Talvez seja "possível" pronunciar
hsrj, trm, mas sem que esses são das implosões e das explosões; há sempre uma soante para cada sílaba
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w porque cada começo/ uL
de Lru implosivo dá
elo rrrrpruùrv\r impressão qe w
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Lr¿ ¿i de Soante,
soanr Cada .d o
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"out Nós não temos nenhum gosto pela fonologia e rogamos ao leitor
que acredite que a espécie de sistema que, para nosso uso pessoal, emprega-
mos há quinze anos, tem, como única pretensão, substituir os ensinamentos
dos fonologistas até que os fonologistas queiram, eles mesmos, se ocupar
da silabaçáo e ensiná-la a nós. Não pode caber ao lingüista reparar as omis-
sóes da fonologia. Essas omissóes são, infelizmente, tais que não resta ou-
tra alternativa a este último além de construir, assim, sua própria fonologia.
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2q Desde o instante em que se viu que não era apenas i (u) u, mas tam- espécies, como se daí ela pudesse esperar uma luz, ou como se isso atendes-
bém r I m n que gozavam da faculdade de ser indiferentemente vogais ou se às suas necessidades.
consoantes, ouvimos vários cantos de triunfo sobre esse resultado; mas ja- "out Aberturq. Cada espécie é caracterizada por um certo grau de fecha-
mais conhecemos t l mento (bucal) que é, por exemplo, maior em um P no que em um R e maior
330s 3
Nós estabelecemos, se esse ponto tem necessidade de ser especifì- em um R do que em um U. Resuita daí que uma das principais coisas que se
cado pela Fonologia, o que se entende pelo termo Lautphysiolosie, estudo da estabelece, ao se indicar a qualidade de alguns fonemas sucessivos (exem-
fonação, fìsiologia da fala; o nome pouco importa, contanto que se mante- plo qualque r: keírp-) , são os níveis ou estágios de fechamento entre os quais
nha sempre distinto do nome da fonética, que representa uma parte da lin- deverá se mover a cadeia fonatória. t I amplitude t ].
t'otu (l) Muitos alfabetos tiveram veieidades de aplicar, a outras espé-
güística, tanto mais aquela, entre suas partes, que implica, mais absoluta-
mente, o dado histórico. Enquanto a fonologia, ciência útil aos lingüistas, cies que náo I, U, o sistema racional que aplicamos apenas a I, tl . O alfabeto
náo faz parte da lingüística e nem, geralmente, da ordem das considerações zende possui duas letras distintas que valem n explosivo e ir implosivo. A
históricas, mas é, além disso, tão incompatível [ ] letra lícia em que Deecke descobre o n soante nos dá a impressáo de ser
(1) Trata-se, ainda, de saber se elas têm um interesse próprio. O interes- simplesmente o n implosivo (soante ou consoante). O cuneiforme persa e o
se das coisas fonológicas deve ser medido de acordo com a língua e com seu silabário cipriota distinguem (pelo menos negativamente) o n explosivo do
papel na língua? Neste caso, uma apreciaçáo sensata do que é a língua mos- outro, marcando o primeiro por uma letra e deixando o outro Sem expres-
tra que há apenas um interesse muito limitado em conhecer os valores ab- são. É timidamente que comemoramos o devanagarî, dadas as questões his-
solutos que nela se encontram, desde que essa oposiçáo (diferença) de valo- tóricas que podem mudar o sentido de muitos fatos. Mas é digno de obser-
res, seja ela o,ual for, seja escrupulosamente observada t ] vaçáo que o r explosivo seja, aí, constantemente distinto do r implosivo. O
"0" (1) Seria, de mais a mais, uma questáo extensa, que náo queremos erro perdoável dessa escrita é apenas o de admitir um terceiro signo para o
abordar, saber se elas têm, em si mesmas, tanto interesse quanto se pensa. r implosivo soante. Nós examinamos uma multidão de outros fatos, que ten-
O interesse das coisas fonológicas se mede conforme a língua e o seu papel dem a mostrar que não há nenhuma escrita, antiga ou fecente, que não
na língua? Caso a resposta seja positiva, uma apreciação sensata do que é o tenha tido, em seus momentos, a intuição de uma distinçáo a ser feita entre
mecanismo de uma língua revela que há apenas uma importâlcia muito limita- o som explosivo e o implosivo.
33057
da em conhecer os valores absolutos que nela se encontram, contanto que 13s A impressáo acústica é definível? Ela não é mais definível do
sua oposição que não significa, aqui, sua diferença, mas âpenas sua iden- que a sensaçáo visual do vermelho ou do azul, que é psíquica e completa-
-
tidade ou não-identidade, ou, em definitivo, seu número mente independente do fato de o vermelho depender de 72.000 vibraçóes
- se ache rigoro-
samente observada. A suposição contrária equivale a náo levar em conta as que penetram no olho, ou seja qual for esse número. Mas ela é segura e
condiçóes fundamentais da coisa signifìcada e do signo, regrando a lingua- clara? Perfeitamente segura e clara, não precisa de nenhuma ajuda. Pata
gem falada como qualquer outro sistema de signos. É verdade que negligen- diferenciar as letras de seu inimitável alfabeto, vocês acham que os gregos
ciamos, aqui, a transformação do signo no tempo (fonético), que constitui o se puseram a estudar? Não. Eles simplesmente sentiram que I era uma im-
segundo qspecto da linguagem e que pede uma certa precisão nos valores ab- pressão acústica diferente de r, e r diferente de s, etc'
sclutos. Esse será sempre, com efeito, o pretexto para levar ao exagero as 14u Mas há, aparentemente, um obstáculo à separação: a língua compor-
distinçóes de espécies, indiferentes para um estado de língua, sendo impor- ta um lado voluntário, e não passivo, pelo qual fazemos funcionar nossos
tantes apenas por aquilo que daí resulta. Mas, entrando sem reserva na órgãos a todo momento em função da língua. Na mesma medida em que
segunda ordem de idéias, devemos constatar que três quartos das transfor- ouvimos, nôs falømos. Sim, Senhores, sem dúvida, mas sempre a partir da
maçóes são regidos muito mais por coisas comlrns, pela situação dos elemen- impressão acústica, não apenas recebida, mas recebida em nosso espírito e
tos em quaisquer quadros naturais, como a sílaba, dos quais não podem soberana para decidir o que executamos. É ela que dirige tudo e basta
escapar, do que pela diversidade idiomática desses elementos. Assim, não considerá-la para saber que será executada, mas eu repito que isso é neces-
vemos, sob nenhum ponto de vista, qual é a utilidade especial, para a lin- sário para que haja aí uma determinada unidade a executar. (Bem entendi-
güística, de levar os fonologistas a uma distinçáo cada vez mais sutil das do, isso corresponde ao fato acima de tudo social da língua.)
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Em lugar de prinreira verdade e tampouco contra a segunda; elas têm a mesma força e
desafiam qualquer tentativa de descartar uma delas. Só resta reconhecer a
sua solidariedade e ver que essa solidariedade ê a própria base do fato
fl,,"n;r*
FONATÓRIO, aquilo que permite distingui-lo, seja do fato fìsiológico seja
fVamos ter] do fato acústico. Nós reconhecemos, assim, que o fato fonatório não come-
ça nem na ordem acústica e nem
na ordem fìsiológica, mas representa, em
¿1<
sua natureza mais essencial, um equilíbrio entre as duas, constituindo uma
4rr*^to'n-
ordem própria, que pede suas próprias leis e suas próprias unidades(').
(1) A idéia de que uma tal concepção tenha alguma coisa de bizarro
(-îi. '', re\ hJ^,2t-ul4
/* *¡ 4 mais refletiu sobre uma outra coisa que the interessa mais diretamente:
â"'o..
1"1 't conhecer a natureza de um fato lingüístlco. Assim como o fato fonológico
/-ryÁ (que, por outro lado, não é lingüístico em nenhum grau) repousa, o tempo
inteiro, sobre a balança.
O ato fonatório aparece como um instrumento necessário mas táo pou- Em vez de falar de causas e efeitos, o que supõe partir de uma de duas
co essencial, em si mesmo, quanto, no caso dos sinais marítimos, o ato do ordens, falemos de equivøIências no tempo e tudo se expressará. A unidade
tingidor que preparou as bandeiras para dar a impressão do verde, do ver- fonatória é uma DIVISÃO DO TEMPO marcada, simultaneamente, por um
melho, do preto, etc. Eu estudei um pouco a teoria fìsiológica. Pois bem, fato fisiológico e por um fato acústico que se correspondam, de maneira
nada me persuadiu tão completamente da validade única da forma acústica que, assim que se introduz uma divisão baseada no ouvido puro, ou no
das unidades fonatórias, à qual eu náo tinha dado atenção. movimento muscular puro, deixa-se o terreno fonatório.
13. A melhor prova de que a impressão acústica, por si só, tem um valor, 2o lJmanotaçáo qualquer, como í þ, pretende, entáo, incluir duas coisas e
é o fato de ser impossível, aos próprios fisiologistas, distinguir unidades no
excluir uma terceira. O que se quer incluir sáo, ao mesmo tempo, as fìguras
mecanismo da voz sem as unidades previamente fornecidas pela sensação
acústicas rp e os movimentos fisiológicos rp, a tal ponto inseparáveis na
acústica. O que fazum fisiologista ao explicar os movimenros para o b? EIe
unidade fonatória que não passa pelo espírito de nenhum fonologista separá-
começa por estabelecer uma base na unidade que produz o b em seu ouvido.
los em duas letras, mesmo se esse fonologista for ousado o bastante para
De outro modo, ele faria um trabalho inútil, ou nem mesmo poderia falar de
passar, na mesma frase, da unidade fìsiológica à unidade acústica e à unida-
um b. Ao considerar uma seqüência de movimentos, ele jamais saberia se
de fonatória. Saber se y'p replesenta um mais do que o outro é absolutamen-
está em b, fora de b ou onde está; os movimentos seriam destituídos de
te impossível e, de resto, inútil: ele representa o esquema fonatório que im-
sentido e de defìnição se não houvesse um iimite, que nada mais é do que a
plica um e outro. Coisa tão verdadeira que não passou pelo espírito de ne-
impressão a.cústica. b. Assim é com qualquer coisa: a sílaba pode repousar ou
deve repousar sobre bases fìsiológicas, mas o problema é descobrir em que
nhum fonologista separar grafìcamente os acustemas rp dos mecanemas rp,
uma impressão acústica, como a da sílaba, corresponde a tais ou tais fatos embora seja essa a condição primordial de qualquer teoria que despreze a
fisiológicos. Esses fatos fisiológicos, em si mesmos, seriam incapazes de unidade fonatória para entrar na teoria dos efeitos. A única diferença é que
encontrar uma ordem e uma limitação. É a sensação acústica que diz que a relação pela qual, em lingüística, o som provoca a idéia, ou reciprocamen-
há, aqui, uma unidade como a sílaba, ou que náo há, ou que hâ, ali, uma te, é uma relaçáo arbitrâriana origem, ao passo que a ligação do movimento
unidade como o b, que é diferente, por exemplo, do e, ou que não há. fisiológico com o som, de que se ocupa a fonologia, é sempre regida por
t'ot t uma lei física. Mas a comparação, apesar dessa circunstância, continua sen-
Seria ingenuidade querer edificar uma fonologia sobre a suposição
de que o fato fìsiológico é a causa da qual as figuras acústicas são o efeito; do absolutamente justa.
330s e
porque, se isso é verdade fìsicamente, é claro também, em certo sentido, Na concepçáo que constantemente nos guia, o que é fonatório se
que sáo as figuras acústicas, a serem produzidas, a cqusa permanente de opõe tanto ao que é sô mecânico quanto ao que ê. sô acústico. É a correspott-
todos os movimentos fisiológicos executados. Não se deve lutar contra a dência [de um mecanema e de um acustema]
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juntá-los em cer-
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implosivos (ou todos os dois explosivos). Pode-se apenas
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Se, aos nossos olhos, essa é a única coisa possível da fonologia, seriq
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r30s rr
o grupo implosivo-explosivo tica e não uma coleção de observaçóes sem t ]
Se é absolutamente claro que um grupo não pode ser determinado por
Náo há condição restritiva que limite a possibilidade de compor esse nós se, de antemão, seus elementos não o sáo, é certo, de outro lado, que
grupo ad libitum, quando o primeiro é implosivo, ou seja, colocado como
tipo ià (assim pa)ndlo), fonde] o primeiro momento [é] implosivo, é possí-
vel intercambiar todas as espécies sem nunca chegar a um ponto em que o
carâter do grupo mude por causa da espécie.
Por isso, vemos que todas as questões de possibilidade (de impossibili- mos que a maneira descontínua não consiste na interposiçáo de um silên-
dade), que são o fundamento da fonologia combinatória, fariam bem, num cio. Isso eliminaria a dificuldade, já que não haveria mais grupo (ver mais
sistema, em adotar não a forma da regra que, admitindo um ponto de parti- acima). Ela está, como se deve reconhecer, no limite além do qual se acaba
da dado, parece implicar que, ultrapassados seus limites, vai-se parar, por diante do fonema isolado e sem seqüência.
força do mesmo dado, em outro caso determinado, mas a da equação aigé- A diferença de que falamos é a que se ergue, por exempio, entre ai e aï
brica que, fora do equilíbrio de certos termos, ignora o que pode acontecer (alemáo Høin, ftancès møis). Uma dessas palavras faz ver a maneira
se estes tbrem esquecidos. Seria preciso, para conseguir t ] descontínua, a outra a maneira contínua de pronunciar os dois mesmos
elementos (a implosivo + i implosivo). Este caso particular diz respeito ao
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preciso reconheceq o grupo fr.caria, por exemplo $1, explosivo-impiosiy6
presentar os efetivos, ou equivalentes a cada unidade audível. Além clisso,
em hiatos, em vez de ser sem hiatos. É pelas mesmas raz'oes que, nesse
náo hâ outro meio para estudar esses movimentos, visto que, em um probie-
grupo, não hâ mais uma situação particular para as espécies homorgânicas;
ma, é preciso saber, antes de tlrdo, o que se quer pronunciar e tambén que
que, por exemplo, mesmo que fosse composto de uma espécie idêntica à
i o que se quer pronunciar é representado por movimentos efetivos. Em ter-
ú, o grupo não ofereceria detalhes mecânicos mais interessantes à observa-
ceiro lugar, não há interesse final em estudar esse movimento escondido se
ção do que se fosse $ + ñ ou ì' + rh; o que não aconteceria com nenhu¡¡
não é, agora e sempre, para chegar ao grupo audível. Por todas essas razões,
outro grupo.
ttottt (1) não apenas consideramos legítimo classificar todos os grupos pelo puro
Um movimento mudo é, ou bem resolutório de uma posição,
tomada para conduzir um certo instante fonatório e que deve, em seguida, movimento audível, mas consideraríamos falso e absolutamente impraticá-
se anular no silêncio porque o novo instante fonatório exclui vel um sistema que estabelecesse suas divisões pelo movimento em si.
t ], 33052r
Eu Íocaria várias centenas de observações sobre a maneira pela
ou então preparatório da posição a tomar-.
Nos dois casos, o movimento mudo só tem, como fonte de existência qual se pronuncia o s em Java ou o / em Paris por uma única observaçáo
e
motivo para consideraçáo, as realidades fonatórias a serem produziclas: es_ sobre a mecânica dos fonemas e as formas que ela é obrigada a seguir. Mas,
tas são, então, a base t o que ela espera dessa análise? Para onde eia quer conduzir a lingüística e
]
lq Um movimenro mudo I onde ela mesma quer chegar t ]?
]
Ele não afeta a composição do grupo fonatório e a idéia de fazer dos
movimentos a base equivale a saber sobre o que se pensa que a fonologia
em 75a lQue tipo de entidødes tem-se diante de si
geral se baseia. Sobre os movimentos ou sobre os movimentos representa-
dos por um equivalente acústico?
em lingüístícø?l
ttot tt
considerando um grupo lÈ (como em ørka), constata-se que esse de entidødes tem-se diante de si em lingüística?
"tu Qu, tipo
grupo não pode se realizar sem o movimento de abertura de r, que
a) se execut arâ durante a duração do movimento 2 (k) , e que Ler Semântica de Breal, pp. 29-35, por exemplo; chega um momento em
b) é apenas uma conseqüência involuntâria do momento I intencional (r que se vê, por um lado, que nada fica, no espírito, de tais ausführungen e, ao
implosivo), mesmo que a esse monl.ento passado deva se seguir
| ] mesmo tempo, que isso acontece porque é sempre questão do que se passq
Qualéovalort
330sre
l? entre os termos da linguagenì, portanto, para continuar, seria preciso, an-
os procedimentos empregados para realizar um grupo podem se tes, saber o que eles são, aquilo que se considera que são, antes de falar dos
resumir à idéia de "movimentos mudos", porque os movimentos audíveis lenòmenos entre os termos existentes.
são, naturalmente t ] Cf., todavia, pp. 40s.
lq Ao fixar um grupo, por exempro áþ (apa), reva-se em conta todos os
movimentos audíveis. (Não que se pretenda, no caso d" oþ, designar mais
os movimentos do que as fìguras acústicas o p). A ordem fonatória tem, I5b lReflexões sobre øs entidadesf
justamente, a particularidade de não ser jamais " menos acústica
do que me- 3326
3n Cômputo das causas que fazem da linguagem um objeto que fica
cãnica, nem mais acústica do que mecânica. É uma ordem compósita distin-
ta das duas ordens, que consideramos com reração a ela. Mas òs movimen- fora de qualquer comparação e não classificado, nem no espírito dos lingüis-
tos relarivos i tas, nem no espírito dos fìlósofos.
].
t'ot'o quando Primeira causa: ausência de linguagens importantes que repousem so-
um grupo é fixado pelo nosso método, os elementos audí-
veis e também os inaudíveis são conhecidos diretamente ou, pelo menos, se bre um outro instrumento, que náo avoz, pata produzir o signo.
tem uma base para classifìcar estes últimos. É simples perceber que o movi- Com isso, chegou-se a qualificar a linguagem falada de funçã.o do orga-
mento não efetivo (náo percebido) que se produz nafalaé um acessório das nismo humano, misturando, assim, sem volta, o que é relativo à voz e o que
unidades efetivas que se realizam a cada momento; sem o que falaríamos é relativo apenas à tradução do pensamento por um signo, que pode ser
para produzir movimentos musculares e não paraproduzir sons. por absolutamente qualquer um e comportar um aperfeiçoamento e uma gra-
conse-
guinte, determina-se os movimentos não efetivos quando se consegue re- mática de acordo com signos visuais ou táteis ou de acordo com signos náo
menos convencionais que se escolherá navoz.
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lAnøtomiø e Fisíologial
""' Anatomia e
fisiologia
Existe argo que seja a anáris e qnq,ômic,
razão: o anatomista separa,
da paravra? Não. pera seguinte
em um corpo organ izado,partes que,
tração da vidq, são, entretarLto, feita abs_
fato da vidcr. Anat
o
uma corsa, como o era fisiologicamente
durant
anatomista não passa a sua faãa
pelo meio do
sempre, os contornos ditados
e estabelecidos pela
e o impedem, ao mesmo
l::i^4"^:i.1mago remp
Daço ou ourra coisa.,. To1e10s
agora aparavra destituída de
tânciø fônicø): era forma vida (sua subs-
ainda urn-co rpo organizado?
nenhum grau. Sendo,.o princípio A tírulo nenhum, em
."r,'tr"l, [r" ."t"çao ãJ ,"nti¿o
soma é art.itrátia, fatarmànte " eïa, num com o o american o whitney , que eu reverencio, jamais disse uma única palavra
ôerz-toç, nãopassadeumamassa -orrt"." que o que momento, úno- sobre os mesmos assuntos que não fosse correta, mas, como
orfuq+ p + o + d + e +.... todos os ou_
Para inserir em outra parte: ^ tros, ele nem sonha que a língua tenha necessidade de uma sistemática.
no caso de soma, etl faço ainda
ção, porque um oôpc, uma distin_
morto, evoca o órgão.
3327 2
"-ùor"
Emprimeiro lugar o sema? .-
ò ,o_u. E é preciso essa deselegância
abunciante, profunda, vãluntária
¿o t".i
caminho p^i^
E eu ainda^p"''oni-i"
p",'pé;; ;;;'::t:ï:iï.ffi:j äi,illfi
não estou persuadidó de que,
'"0î
se somqfor aceito, não se
enconrrar somø logo em seguida, vai
com o alpio ,",rti;"-;;;;ì;rra.
dos os vícios indeléveß agre{ado, com ro_
uå _
A razão é simplesm( nre a vida: friÃ"iro.
uma palavra só vive
geral, unicamente por causa
de [
[ ], e é na vidq
]
Ora, essa razão é tãt
buscar termos que estab lr uma tarefa impossível
senrido, eu
me refìro
","r-o, qt,", ::j::tou
re não nos façam
bos na primeira curva do de bo-
dos de empréstimo à dissecção os serão sempre toma-
do corpo vivo [
,
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Não existe nada que seja Z, nem mesmo em fìcçáo. Não existe ne-
1q
nhum objeto central que permita ligar z-palavta e z, nem, ademais, nenhu-
ma idéia central, seja ela artifìcialmente elaborada, de maneira a criar, para
e espírito, uma única massa dessas duas coisas. É exatamente como tentar
dizer que existe uma idéia central e comum entre o VERMELHO, fato dado,
e o vermelho (mesmo fato) que serve para distinguir, em um regimento, os
homens de um certo batalháo ou os homens de um certo grau. Nós nos
detemos na fórmula:
zll z X
E não é absolutamente nada mais, salvo as divisões que por pendentemente de sua oposição. Assim, se eu falo do direito e do øyesso de
t ]
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c u -tr a c k uma roupa, há imediatamente, em torno da idéia d.e avesso, aidéiade c u -tr a c k
ma coi
algu_ "^t' PeIo tãto de que nenhum elemento existe (ou por mil outras raz-oes,
rre que avesso deixa de ser, liteij_ porque nós náo pretendemos fazer uma espécie de sistema cartesiano de
mente, to. Se eu falo, em contrapartida, ds
rosto e coisas que são evidentes sob todos os aspectos), vê-se que nenhum elemen-
contrários que continuam perfeit¿_
mente to está (com mais razão ainda) em estado de se transformør, podendo apenas
visto que não existe, de antemão, ¡s_
nhuma característica que distinga, em especiar, o rosto ser substituído por outra coisa, mesmo quando se trata de ,,fonética,,, e que,
do verso ou vice por isso, qualquer operação em geral e qualquer diferença das operaçóes
j:.t:]ï:t:tt"
""tt];,f Eu romo numismática procura, se não me engano, um
I f. reside na natureza das substituições que fazemos ao falar. euem diz substituí-
ao acaso: se um escritor, em algum rugar, em
vez de verhiie
diz senescêncía, ele tem a certeza de que a paravra exerce"imediatamente ção começa por supor que o termo ao qual se dá um substituto tem uma
su¿ existência, etc.
ação, ou seja, que as centenas de associaçães,
de idéias que ere queria afas_
tar são afastadas e que as centenas de associações que
ele queria evocar ou
sugerir são evocadas e sugeridas. A palavra (senescêncíøo,
outru) entra, porl 20 lAcontecimento, estado, analogia]
tanto, no vocabulário, parecendo, en'ão, que alguma
coisa foi criada. E, efe_
tivamente, uma coisa foi criada, porque a criaçio que -''- r'Analogia
.3343 ,
vai do pensamento ao
signo é absolutamente indefinida. Apenas considerações
güística fosse uma ciência organizad,i, como poderia
[ ]. Se a rin_ 1e Passividade ou 2e 3q Atividade conforme a
facilmànte ser, embora
não o seja até agora, uma de suas afìrmaçóes mais receptividade lb.l. Coordenação coordenação concebida
imediatas seria: a impossi_
bilidade de criar um sinônimo, como sendo a coisa Interpretação do signo, (Digestão) (criação no sentido de
mais absoluta e mais notá_
vel, que se impõe enffe todas as questões relativas o que é uma atividade nova aplicaçáo).
ao signo. A difìculdade
que se tem para observar o que é geral na língua,
nos signol de fala queconsti_ totalmente receptiva
tuem a linguagem, é o sentimento de que esses signos
p"rt.nå- a uma ciên-
cia muito mais vasta do que a "ciência da ringuãgem^,,.
Falou-se um pouco
prematuramente de uma ciênciq da linguøgem. E maravilhoso ver como, de qualquer modo que os acontecimentos
Era numa época em que nin_
guém, além de raros romanistas, pod diacrônicos venham a perturbar, o instinto lingüístico se acomoda paratirar
do que é'A LÍN_
GUA, nem mesmo UMA língua em su disso o melhor proveito para uma t ]. Isso lembra o formigueiro em que
a tenrativa I ]
"0.''u A palavra signologiønão é, do se enfia uma vareta e que, no mesmo instante, tem seus danos reparados,
^ aformação, mais
ofensiva do que terminologia, sociologia, míneralogiøe outras palavras estou querendo dizer que a tendência ao sistema ou à ordem não se abate
onde se
implantou -logia em um termo latino. Se o termo parece, jamais: por mais que se tire de uma língua o melhor de sua organização, no
sem razão, ter
alguma coisa de particurar, é que, no estado artifìcial dia seguinte os materiais restantes terão sofrido um arranjo lógico em um
de nossa ríngua, hâ
murto tempo não se sabe se é para pronunciar gn como sentido qualquer, e esse arcanjo serâ capaz de funcionar no lugar do que se
em signo ou como
signum, em latim: mas disso o é inocente, só a língua se pode culpar, perCeu, embora, às vezes, em um outro plano geral.
embora não se possa aplicar o"rto, nome ríngua, tão respeiiado, u .o.ru"rrç0., Há duas coisas a compreender. (Eu não direi mais nada além do que já
ortográfìcas destituídas de qualquer espécre de varor
histórico ., rågi.ã. I disse; vou, simplesmente, enunciar de um outro modo:) Os øcontecimentos
possível, se assim se desejar, se apropriar
academicamente do termo de língua e os sistemas de língua. Nenhum sistema se alimenta de aconteci-
co cognqt, pronunciado cog_nat, para dizer, paralelamente, 1urídi-
sig_nologiø, o que mentos, em qualquer medida que seja. Ele implica aidéia de uma estabili-
não tem a menor importância. Dos dois modos "francês,
é apenas jâ que dade, de uma estática. Reciprocamente, nenhuma mqssa de acontecimentos,
sabemos que nem o nosso n palatar e nem -gn-
correspondem à pronúncia tomada em sua ordem própria, constitui um sistema; quando muito se verá
nologia a composição francesa _gue. aí uma certa derivação comum, mas que não encadeia, entre eles, aconteci-
ação. Eu já empreguei, anres, apala_ mentos como um valor simples.
Naville, em sua nova edição corrigida 33432lJm
acontecimento da mesma naturezapode produzir, emtal caso,
ssa ciência a honra de ser recebida uma mudança relativa, limitada e, no segundo, uma mudança absoluta, ili-
mitada, já que inaugura um novo estado de todos os termos. Isso depende
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ro, conforme o que existia até entáo, ou não era a primeira. Isso não tsrn
relaçáo alguma com a natvÍeza do acontecimento. Toda a diferença, quando
se admite que ela vale a pena, não reside, então, no acontecimento
modifìcador, mas no gênero do estado que ele modifica. O acontecimento é
sempre particular quanto a ele. Um acontecimento semelhante, idêntico gnì
sua essência, terâ, entáo, produzido uma mudança relativa e limitada, quan-
do se aplica a A, absoluta e ilimitada quando se aplica a B (visto gue, no
último caso, ao criar [ ], ele inaugura, quer se queira ou não, um novo
estado de todos os termos). O acontecimento, parcial que é, desencadeia
conseqüências parciais em A, mas gerais em B, sendo que o essencial é
saber em que tipo de estado inicial ele se introduz. O mesmo acontecimen-
to particular (ou, melhor dizendo, parcial) desencadeia conseqüências que
podem ser gerais ou parciais, o que depende unicamente de saber o que é o
ponto de partida sobre o qual o acontecimento atua.
2I lFamíIías de línguøsl
3344
questão: Línguas não redutíveis a um tipo comum.
1a
Nas famílias "ocidentais"
- indo-européia, semítica, ugro-fìnlandesa
o parentesco ou não-parentesco de dois idiomas é uma coisa visível a
-olho nu, bastando um exame superficial, a menos que a língua seja pouco
conhecida (ou fortemente misturada com elementos estrangeiros). Mesmo
depois de centenas de palavras terem sido levadas, pelo movimento fonéti-
co da língua, a uma forma irreconhecível, a massa geral guardatoda a pro-
babilidade de ser reconhecida à primeira olhadela. É que, com efeito, o tra-
balho de transformação fonética que se opera continuamente no seio de carus, vache : vacca", mouche : mllsc&, etc'
qualquer língua, não importa qual, se mantém dentro de certos limites na-
turais. Por exemplo, na pior das hipóteses, um f acabarâ, talvez, ao longo de
muitas etapas, por produzir um l, mas um p tem uma chance igual a zero de 22 lPrefixos olt Preqosiçõesl
produzir um l, seja em que dialeto for, mesmo em quatro ou cinco mil anos. ,.r, A questão das preposições e prefixos germânicos é uma questão que
Graças à fixidez dessas condições gerais, baseadas na própria conformação um imen-
jamais foiiratada.o.tu"ni..t,"mente, (que poderia ser o tema de
do órgáo humano, náo é provável que um idioma, mesmo muito alterado, todo tipo)
so trabalho, exigindo, todavia, conhecimentos de '
chegue a nos despistar completamente a respeito de sua genealogia; ou en- estende a cinco ou seis temas diferentes' sendo
Com efeito, esse tema se
tão, o núcleo primitivo estaria submergido sob uma onda estrangeira, táo
que alguns sáo inexplorados até o presente'
poderosa que o idioma náo teria mais o direito de se dizer indo-europeu, ^ De
t. Ëssa questão levanra a das preposiçóes e prefìxos indo-europeus.
semítico ou ugro -finlandês. que ser-
minha parte, eu suponho, a respeito de partículas como an6'
èni
Agora, as três famílias citadas têm a vantagem de apresentar palavras de
vem, atualmente, de ptefixos e de preposições'
um certo comprimento, o que dá às comparações uma segurança e uma NEM DE
le (negativament;), que elas náo serviram' em indo-europeu'
precisão consideráveis. É difícil, para mim, avaliar se as línguas monossi-
PREFIXOS nem de PREPOSIÇOES'
lábicas oferecem um ponto de apoio tão sólido. A mim, parece evidente que
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rece e não se modifica. adamøre Concepção obscura, oblíqua, indefinível,
Zo positivamente, que elas constituíram uma undécima parte do discurso - -
desconhecido às nossas classificações, que chega, às vezes, a se reproduzir rnas que é aPenas muito t ]
nas línguas modernas e que passa absolutamente despercebido aos olhos
ve tu 5 -+ ve teris taceo --> conticeo Ie tq,ceo -+ contrceo
dos gramáticos ou dos lógicos. )
2d en 1 À 1 2etuceo conticeo
contaceo tqceo -'à
Parte negativa: o indo-europeu disse apenas excepcionalmente ou, an-
tes, acidentalmente, "apo-eimi "vou embora", mas jamais disse, em caso al-
ve tu s ve tesis taceo
3a taceo contrceo
gLLm, apo eþwod "longe do cavalo". Não apenas em sânscrito védico, r¡¿s -
taceo contaceo
também em sânscrito clássico, uma partícula como u'pø náo é jamais prepo- -
siçáo: não se pode dizer apa açvød, a<p'ïnnrov, pode-se dizer, arigor, açvad apa
Locuções que vêm da forma típica ou [ ] nominativo, infinitivo, e
e, neste caso, a partíü)\a apø depende diretamente do verbo, o que recai no '
faz aplicar as leis fonéticas apenas a essas formas típicas. se torna
caos capital que enfrentaremos agora mesmo.
wermen, warmto. tJmlaut no duplo sentido de
- Comble:
divergência, que depen-
a.
Em todas as línguas filhas, continua-se a observar 1q, quanto aapo-eimi, - -
de do umlau¿ e da lei fonética do umlaut.
que uma tal composição é absolutamente recente, o que se comprova por
Caso em que os dois sons sofreram mudança. eî alto-aIemão antigo se
mil espécies de fatos, por exemplo, NCLL- ctyopeóo contra ncrv-Í¡yuprç, - âhr. Natural-
torna ê quando vem antes de ø r ou h: meist mero, eigum
2a quanto a apo ekwod, que isso é igualmente histerogênico, e que ekwod - -
mente, é preciso se reportar ao passado e à lei fonética.
sozinho era encarregado, originariamente, de representar essa idéia.
1q lei fonéticaI maist maire
Parte positiva: basta observar e fìxar o papel de partículas como apq, qvq,
II maist maero
upa, ni em sânscrito védico, para estabelecer seu papel indo-europeu' que
2q lei fonéticaIII meist maero
náo é nem o de uma preposiçáo nem o de um prefixo verbal.
3n lei fonéticaIY meist mêro
Eu afìrmo 3o que não é também, como se acreditava, o de um advérbio
Portanto, independentemente da anacronia, não foi et que mudou, mas ai,
puro e simples, mas que constitui, eu repito, uma verdadeira undécima par-
e não é em ê que øi se transformou, mas em qe. Mas não é apenas a marcha
te do discurso.
do fenômeno, mas também anaturezado fenômeno que ficou obscura t ]
Em vez do protótipo anterior à lei fonética, você cita a palavra contem-
23 lAlternânciøsl porânea que não traz vestígio da lei porque seu protótipo não realiza os
t'nu letrqe letra modificada t l.
unidade e diversidade de sua - Mesmq
mesma seçao horizontal ou
unidade e diversidade no tempo -duas seções
24 lParecer sobre ø criøção de uma cadeira
diversidade de condições subentendida com a repetiçáo de estilístical
-da letra
(:pluralidade de formas em que
se encontra o som) "n' Cadeirq de Estilísticq
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social e são, por conseguinte, estabelecidos fora do indivídus. ,{ presençq,
nalingua, de "Vous ne me la ferez pas croire!" ou então " Le diqble m'emporte!" ça¡
na estilística porque seu uso não é individual, mas, por outlo lado, cor¡6 6
preciso acrescentar, essas expressóes, embora muito comuns, são sempre s
psicológico'
índice de algum modo de sentir, a ser estudado por detrás delas. O estilo ¡¡otivadas por tal ou tal estado
depende do indivíduo e a estilística se coloca, inicialmente, acima do indiví_
duo, na esfera lingüística ou social.
2a A palavra estilo evoca a idéia do que é literário ou, pelo menos, do que
ê escrito.
A estilística, sem se desinteressar do que é escrito, vê seu objeto, ¿¡1s.
de tudo, na observação do que é falado, nas formas de linguagem vivas,
consignadas ou náo no texto. O estilo depende da letra e a estilística ss
coloca, de preferência, fora da letra, na esfera da pura fala.
3q A estilística náo tem mais por objetivo o estilo, ainda que possø ser de
alguma utilidade. Ela náo é uma ciência normativa, que promulga suas re-
gras. Ela pretende, e tem o direito de pretender, ser uma ciência de pura
observação, que consigna os fatos e os classifica.
Enfìm, vale acrescentar imediatamente, ela vai se dedicar a essa tarefa
no caso de qualquer idioma. Não são as fórmulas e locuções francesas, em
especial, que the fornecerão alimento, na concepção [ ]. Senhores, eu
diriaaté que o verdadeiro perigo com relação à cadeira deestilísticq não está,
de maneira alguma, nas prevenções que vêm do equívoco com ciência do
estilo, mas, ao contrário, na objeção que consiste em dizer: mas é simples-
mente a lingüística, que nos é oferecida sob o nome de estilística. Sim, se-
nhores, simplesmente a lingüística. Só que a lingüística, eu ouso dizer, é.
vasta. Em especial, ela comporta duas partes: uma que está mais perto da
Iíngua, depósito passivo, outra que está mais perto da falø, força ativa e ver-
dadeira origem dos fenômenos que logo se avista, pouco a pouco, na outra
metade da linguagem. Náo é muito que as duas I l.
Em resumo: 1q não o que é individual mas o que é consagrado pelo uso
social, preenchendo, assim, as condições que fazem com que uma coisa seja
lingüística:
2a náo necessariamente o que é escrito, mas de preferência o que é falado;
3q não em um objetivo normativo e para ditar as regras da boa expres-
são, mas
enfim, com o objetivo de generalizar as observações, de chegar auma
4q
teoria aplicável às línguas.
Está tão longe de [ ], a objeção real que poderia se apresentar é
dizer: é simplesmente a lingüística. Com efeito: apenas o domínio da Iin-
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A seqüência dessas palavras, por mais rica que seja, pelas idéias que
evoca, indicarâ apenas, para um indivíduo humano, que um outro indiví-
duo, ao pronunciá-las, quer the comunicar alguma coisa' O que é preciso
para que tenhamos aideia de que se quer comunicar alguma coisa usando
rermos que estão disponíveis na língua? E uma questão igual à de saber o
que é o discurso, sendo que, à primeira vista, a resposta é simples: o discurso
consiste, quer seja de maneira rudimentar e por vias que ignoramos, em
afirmar uma iigaçáo entre dois dos conceitos que se apresentam revestidos
da forma lingüística, enquanto alínguarealiza, anteriormente, apenas con-
ceitos isolados, que esperam ser postos em relaçáo entre si para que haja
significação de pensamento.
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Além disso, é errado dizer: esta palavra. É preciso dizer: hábito dos su-
jeitos falantes de fazer com que esta seqüência de sons corresponda â uma
idéia determinada. Começamos aentrar na realidade, mas nada que a termi-
nação à direita e à esquerda [ ] Mas não é admirável que a unidade
contare pareça ser uma coisa tão defìnida quanto a coluna de Trajano e sem
pedir nenhuma espécie de explicação (anterior) sobre seu gênero de reali-
dade, sobre seu valor de unidade. A unidade! Não se deve nem sonhar com
isso, já que jamais haverá uma palavra que realize sua unidade ou sua "exis-
tência" senão pela combinação de fatos bucais com uma operação mental,
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de uma ordem inteiramente diferente. É agoraque se começa a entrever que
a e b são mais difíceis de captar do que o fenômeno a b.
Seria possível acreditar que, desde que [
-
] se pudesse fazer, de ur¡¿
vez por todas, a operação algébrica de considerar as palavras como unidades
que existem numa esfera algébrica (estando bem entendido que se reconhe_
ceu que cadapalavra I ] mas que, sendo essa situação igual para todas,
pode-se fazer abstração dessa operação fonatória mental e [ ]).
IV
NOTAS PREPARATÓNNS
PARA OS CURSOS DE
LINGÜÍSTICA GERAL
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I. NOVOS DOCUMENTOS
(Acervo BPU 1996)
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Esse valor é uma coisa incorpóre&; ora, do mesmo modo, é preciso repre-
sentar as palavras, para se ater à verdade, como unidades incorpóreas; náo
se considera t l
2 llndiferençq do instumentol
A indiferença do instrumento com relação ao fenômeno, como completa
em si mesma, como caracterizando o próprio fenômeno.
Diante de qualquer outro fenômeno, o instrumento ou a matéria.
3 lLíngual
1. A língua não está naquilo que nos interessa no indivíduo, naquilo que
nos interessa antropologicamente.
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Noyos Documentos 249
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c u -tr a c k 2. Alíngua não está no que nos parece indispensável para produzi_la, c u -tr a c k
Ora,2e visto que acabei de dizer que duas coisas resultam da entrada de
jogo de órgãos vocais ou convenção da espécie voluntária.
um sistema de signos na coletividade. Qual é a verdadeira, o barco sob uma
cobertura, nas mãos dos arquitetos, ou o barco no mar? Certamente não hét
4 lSemiologíal nada, como o barco no mar, que seja capaz de revelar o que é um barco e,
acrescentamos, que seja mesmo um barco, um objeto propriamente ofereci-
A) Tudo o que afasta a língua de do ao estudo como barco. E eis aí a segunda parte.
considerado menos essencial, para I
por se ater ao funcionamento do apar E apenas o sistema de signos tornado coisa da coletividade que merece o
isso não deve ser tão essencial quant
nome de sistema de signos e que á um sistema de signos: porque, a partir
há sistemas que não se servem do ap
desse momento, o conjunto de suas condições de vida é tão distinto de tudo
o que ele pode constituir fora disso, que o resto não parece importante. E a
Ao mesmo tempo, nos fatos comuns à ríngua e aos outros sistemas
isso se acrescenta imediatamente: se o meio da coletividade modifica tudo
semiológicos, discernimos que aquilo que se pode chamar
de contrato pri_ para o sistema de signo, ele é também, desde a origem, o verCadeiro am-
mitivo, a convenção de partida, é menos essenciar: para estudá -Io"
o prior:i, biente de desenvolvimento a que tende, desde seu nascimento, um sistema
uma ,"l convenção, que se assemerha àquilo que convém
a dois indivíduos, de signos: um sistema de signos feito para a coletividade, como o barco para
é uma maneira simples, mas entrevemos que
t ] o mar. Ele é feito para se ouvir entre vários ou muitos e não para se ouvir
sozinho. É porque, em nenhum momento, contrariamente à aparência, o
5 lSistema de signos _ Coletividadel fenômeno semiológico, qualquer que ele seja, deixa fora de si mesmo o
elemento da coletividade social: a coletividade social, com suas leis, é um de
Quando um sistema de signos se transforma em patrimônio de uma seus elementos internos e náo externos, esse é o nosso ponto de vista.
coletividade, seja ele o que for, em si mesmo e em termos
de sua proveniên_
cia, sobrevêm desse fato duas coisas:
Neste ponto, o horizonte da semiologia se defìne, fica mais preciso, já
t- É inútit querer apreciá-lo fora do que resurta, para ere, de seu
-
coletivo.
carâter que a tudo o que se assemelha ao signo recusamos uma naturezabaseada
em condições individuais ou, mais exatamente, reconhecemos como
2. É sufìciente, e até mesmo necessário, considerar apenas
esse produto semiológico apenas a parte dos fenômenos que aparece, caracteristicamen-
social, em [ ] te, como produto social.
6 lValor Coletividadel
-
2) Mas, reciprocamente, se parece paradoxal que o som seja qualquer
coisa de I ], não se pode dizer o mesmo da idéia que se liga a uma
palavra, que se liga às diferentes unidades. Ela também só vai representar
um dos elementos do valor e será uma ilusáo acreditar que, em nome desse
elemento, seja possível tratar, através da pura psicologia, as diferentes uni-
dades da língua. Além disso e entre parênteses, eu náo pretendo dizer que a
palavra seja estabelecida por
idéia
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Notas Prepøratórias para os Cursos de Lingüßtica Geral Novos Documentos 25r
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ao dizer que a idéia é apenas um dos elementos, eu não quero dizer que inútil acreditar que particulari zaçáo do idioma isola-
se vai estudar a
eles Seria
sejam dois ao todo, por exemplo:
do numa ilha: vai-se estudar os dois, um diante do outro. Exemplo: þ -
* ti
Täl será o quadro de [ ]
><--a idéia b
} 4, Mas é a isto que eu queria chegar através desse primeiro exemplo: o que
{ia¿ia
lsoma-'- --sombJ B' "t.. Será
criou as diferenças que estão em vias de criar duas línguas diferentes?
a distância no espaço, a diferença de lugar: nós somos quase que
seja qual for a sua natureza mais particular, a ríngua, como os outros
invencivelmente levados [ ]
tipos de signos, é, antes de tudo, um sistemø de valores, e é isso que estabele- que essas diferenças são ocasionadas pelo
Ora, basta refletir para ver
ce seu lugar no fenômeno. com efeito, toda espécie de valo¡
tempo. É muito evidente que, um dia depois do desembarque, os Saxóes
e
-ár-o usando
elementos muito diferentes, só se baseia no meio social e na força social.
É os Anglos falavam exatamente a mesma t ]. Mudança implica tempo
a coletividade que cria o valor, o que significa que ele náo existe
antes e fora decorrido.
dela, nem em seus elementos decompostos e nem nos indivíduos. or uma figura de linguagem, que somos levados a
1q nem nos indivíduos isolados: nenhum valor pode ser estabelecido
ão geográfìca [ ]; como o tempo é evidente e
isoladamente e, depois, as variaçóes não serão mais individuais. s supomos que ele t ]
Não há fato lingüístico senão por [ :]
2e mas, o que náo é menos capital, não é o que entra em um signo
Há mais: unicamente pelo tempo; a diferença geogrâfrca deve ser
lingüístico que contém os verdadeiros elementos, lã estão apenas as coisas
traduzida em diferenças temporais.
utilizadas pelo valor.
Í""F''
7 lD e scontínuidade geogr áf tcøl
h4,"//b o*/r¿
It't'/o *^o/zo
que se passou de
caso teórico: romeno). Nós veremos, depois, que a descontinuidq.d.e não Jamais se passou demejo amedzo, mas averdade [é]
cria medio amejo.
condiçóes tão essencialmente diferentes quanto parece e que é muito
traba- Ora, isso se dá no temPo.
lhoso juigar sua influência exata; mas, no primeiro momento, um grupo
dividido em dois materialmente, de maneira visível. A diferença dita geogrâfìca só recebe seu esquema completo quando é
projetada no tempo.
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Notas Preparatórias para os Cursos de Lingüßtica Geral Novos Documentos 253
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a a IIL A diversidade geográficø considerada do
b c não b-c. ponto de vistq de suc"s cqusqs
Diferença geográfica traz a idéia de unidade. onde se encontra essa uni_ Nós constatamos que eSSe era o fato que primeiro suscitava interesse.
dade? Ela se encontra no passado, portanto, no tempo, Agora nós o tomamos como um fenômeno a ser explicado, a ser reduzido às
suas causas.
Primeira observaçáo: o problema náo se coloca para a diversidade abso-
luta ou, caso se coloque, ninguém sonha em pensar que é por aí que se deva
começar. Todos podem perceber, ademais, que não há mesmo analogia en-
tre os dois problemas, desde que se concorde que existem dois.
Com o primeiro, a diversidade no parentesco, estamos puramente no
em um domínio que nós não previmos imediatamente. As diferenças geo_ terreno da observação, e tudo nos indica que, Sem deixar esse terreno, tere-
gráficas produzem diferenças evolutivas. Toda evolução, que é uma das gian_ mos como lhe dar soluçóes certas. Uma diferença como francês e provençal
des partes da lingüística, é evocada. Nada se faz de repente. nem sempre existiu, entáo deve ser possível ver como ela foi criada ou de-
senvolvida.
Foneticamente
Geografìa nada mais é do que aplicação Quanto ao outro problema, admito que é legítimo colocá-lo também;
particular: evolução em pontos mas ele só pode ser de crdem especulativa.
diferentes
Morfologicamente
B llntercursol
Em todas essas ocasióes, a língua se mistura, se iguala.
A evolução na continuidade geográfica. Uma inovação nascida em um ponto pode, por intercurso, chegar a se
Caso a considerqr como cqso normal e como o caso central apagar, a ser sufocada na língua, o que restabelece a unidade. Ou então, ao
contrário, essa inovação se torna contagiosa, pelo intercurso, que exerce
Nós não consideramos uma ilha,
uma força propagadora, e isso também restabelece a unidade'
mas uma superficie contínua em que, em um determinado momento,
Observemos que a propagaçáo pode se dar a grande distância; os
reina a,rnesma língua. -
pontos
intercursos locais formam uma cadeia mais vasta; assim, dois do
lq E certo que, ao final de quinhentos anos [ ]
Princípio do movimento inevitável. (Língua literária)
território sem nenhuma comunicação entre si acabam, da mesma maneira,
por[ ]
Nós tínhamos colocado duas espécies de diversidade possível entre dois
idiomas: diversidade no parentesco, que comporta dois graus; e diversidade
sem parentesco, que é uma diversidade absoluta, radical, intransponível. Eu
náo citei exemplos nem de uma nem de outra; ou não os citei expressamen-
te, sendo os exemplos, de uma e de outra, em número ilimitado, e tendo
cada uma, por exemplo, a noção de que náo hâ nenhum parentesco entre o
chinês e nossas línguas indo-européias ou entre o turco e nossas línguas
indo-européias; que, em troca, a diversidade do francês e do espanhol se
insere no parentesco; do mesmo modo, a diversidade entre o conjunto das
línguas românicas e o alemão se insere no parentesco.
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I As evoluçóes
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É fonética se perguntar, por exemplo, se o som, em inglês, sh, como
1n Aqui, pela primeira vez, questão de duas Lingüísticas.
em shirt e show, é o mesmo, ou não, que o som ch, como em cher ou chose, er¡
francês?
Resposta: é a mais pura fisioiogia (ou seja, além de não ser fonética, não 2b lNotas pøra o curso II (1908-1909):
é, nem mesmo, lingüística, em medida nenhuma). A questão é saber se a Whitneyl
espécie fìsiológica í1 que, em inglês, aparece em íirt, coincide ou não, fìsio- tttt Whitney, Oriental te Linguistic studies,lq vol., Nova York, L873, pâgina
logicamente, com í'de ier.
Mas qual é a característica especial que reveia imediatamente e negati- 200: "Quando se pretende que a ciência da linguøgem encontre seu fundømento prin-
vamente que não se trata de fonética? É o fato de eu náo colocar um diante cipøI na filologia comparativa indo-européía, não se deve øchar clue se quer limitar a
do outro dois termos sucessivos, dos quais um supõe a sucessão do outro. atenção da ciência rlos idiomas dessø famíliø. O objeto da lingüísticø é compreender a
2e outra questão por | Iinguagem no sentído møis amplo e menos restritivo, compreender o co(po inteiro dq
]. Se eu discuto que valor tem, em francês, o e a
mudo no final de uma palavra: apporte, mère, ordre, t Iinguøgem humøna, em todqs as em todas ela
l. euestão gramati_ vqriedød causc"s
e qs ida-
cal ou grâfico-gramatical. Se eu [ oferece, em todas es suQS
] resubados
des. O estudo seria incompleto, c não
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encontra quase isolada de qualc\uer família, e de uma. estrutura w
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c u -tr a c k tã.o excessívamente etc. Há aí uma certa atividade, nomes como Radloff e V Thomsen. Mas o .d o
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digo que se poderia esperar a menção, no autor que citei, da lingüística
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c u -tr a c k se explicar pelo simples fato de o desenvolvimento das línguas românicas .d o
c u -tr a c k
ser apenas uma ramificação do indo-europeu, pois ela equivale à história do românica, pois há nela um certo máximo de certeza graças à dupla série de
latim, à história de uma das línguas da família, sem que se tenha que dizer documentação; mas é nesse mesmo sentido que se poderia descartá-la, com
a história ulterior ou a sub-história. As línguas românicas náo são um epílogo razáo, por ser um caso totalmente excepcional, o único em que não se de-
imprevisto do latim, mas sua pura e simples continuação, exatamente como pendeu do método, ordinariamente usado, da indução.
o inglês, o sueco ou o inglês moderno são a continuação do ramo germânico
indo-europeu. Todavia, há uma diferença que caracteriza unicamente a fa-
mília românica e, por reflexo, a lingüística românica: o fato de o espanhol, 6 2c lNotas pøra o curso II (1908-1909):
italiano, o francês, o romanche, etc., se reencontrarem em um protótipo As línguas celtosl
conhecido, 3333
As línguas celtas
ponto de encontro diretamente conhecido 1q Difìculdade para estabelecer ou delimitar o país dos celtas nos sé-
lqtim culos que precedem o primeiro antes da era de Cristo.
Quando se trata dos celtas, é natural pensar, por um lado, na Gália, por
outro lado, nas Ilhas Britânicas. Mas são os próprios celtistas, os celtistas
espanhol italiqno francês romanche franceses, que contribuíram para introduzir
uma teoria segundo a qual é um
enquanto que engano supor que o centro da raça esteja particularmente ligado a essas
regióes do oeste. O celtólogo H. d'Arbois deJubainville, professor Co Collège
ponto de encontro desconhecido de France, é o mais eminente defensor dessa idéia, agora em voga, cujas
proto-germânico manifestações mais singulares vocês encontraráo em sua obra em dois volu-
mes les habitants primitfs de l'Europe (na margem: da máo de Saussure), cujas
conclusões relativas aos Celtas obtiveram, igualmente, a adesão dos sábios
inglês qlemão baixo-ølemão sueco dinamarquês alemáes. O que eu quero expor brevemente náo ê aanálise em regra de uma
tal obra.
O que caracteriza a nova visão.
.
--l
a) Náo é certo que o Meio da França nunca tenha sido ocupado de ma-
neira densa pelos Celtas. Mas é certo que, sobretudo o Sudeste, toda a costa
de Marselha e, do outro lado, na direçáo do Norte, era um país lígure.
O que eram os Lígures? Essa é uma outra questão. Veremos (se tiver-
mos tempo) que uma parte dos lingüistas acha que eram Indo-Europeus.
Seja como for, ninguém diz que eram Celtas e assim, em uma parte apreciá-
Fora o românico, acontece o mesmo com todas as sub-famílias do indo- vel da França, há reservas a fazer quanto à sua populaçáo celta.
europeu. Nenhuma tem seu ponto de encontro em um ponto conhecido; é b) Em compensação, sem dúvida alguma, massas apreciáveis de popula-
assim na família eslava (checo, polonês, russo, sérvio, etc.): não se conhece
ção celta estiveram espalhadas pela Europa Central.
diretamente o protótipo eslavo. Por esse fato, que é um fato de puro acaso
externo, a situação da lingüística românica, pelo conjunto de questões que Alexandre o Grande
lhe dizem respeito, é uma situação excepcional, não apenas diferente da Boïens Durostorum
situação do lingüista que considera o conjunto da família indo-européia, Volcae Eburodunum-Brünn
mas diferente também da situaçáo do que trata de uma outra sub-família, Carrodunum-Croatie
como a germânica. Isso criou uma lingüística especial no caso do românico, Mas, além disso, em todo o Vale do Danúbio.
absolutamente privilegiada com relação às outras; é nesse sentido que eu O nome Hercynia silva é celta.
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c u -tr a c k ]. ôrúÀextor. observação incidente: proteiforme. pouca re_ c u -tr a c k
3334=2sÌe
1q Diversificação de uma língua origínariamente
una.princípio do
fracionamento no mesrno lugar.
Reconheceu-se, como princípio gerar, que o processo
que leva uma lín- de idiomas'
gua a se tornar múltipla se fraciona em muitas
línguas, .,ão t"- relação,
um [ ]. Uma diversidade
necessariamente, com desrocamentos de populaçóes.
Esses desrocamentos b, b" b"
podem ser um fator que vem se misturar e se
superpor, por assim dizer, mas
é essencial constatar, antes, que o fenômeno
se produzfora desse fator as-
sim como com a complicação desse fator. independentemente da alteração do idioma'
sendo dada uma superfïcie geografìcamente Exemplo,naItáliainteirafalou-se,emcertaépoca'olatim'Umlatim'
determinada e uniiíngüe
no momento A, há Sensiveimente idêntico.
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no mais tranqüilo dos .d o
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Reromando o mesmo espaço geográfìco hoje, a mudança se tl.aduz por isso é indiferente para o princípio porque' mesmo
acima ou abaixo
p"rioaor, o rio da ìír,gr" nrrr.ré iáêntico se considerado
E sacrificar o
A latim uniforme à" .,n' certo intervalo, mesmo que se,a entre duas cataratas.
B italiano uniforme? nas causas que podem, algumas vezes, preci-
ele exista imperturbavelmente, naturalmente'
De jeito nenhum. o italiano que se fala em Gênova, em veneza, srn cia.
Florença I l ofatodessemovimentocontínuonosémuitasvezesobscurecido,para
que são as primeiras' ou
Há-, então, uma tentativa permanente de língua comum que se chama dizer averdade, pelas línguas literárias' línguas
remete'
italiano literário, mas isso é um produto da literatura e da vontade da nação mesmo as únicas, a que nosso pensamento se
consegue se formar
I 3334=2e1e
] com base no dialeto roscano, principalmente. 3334:2)oe
Com efeiå, toda língua literária' depois que
os produtos diretos do latim são a tar ponto diferentes que um em algum lugar, é relativamentã imóvel' náo
servindo para nos fazer sentir
que vive livremente no seio de
milanês que vai assistir uma peça de rearro rocal em um tearro de ñápoles até qtie pota a língua verdadeira, a língua
em função do tempo'
náo compreende os atores. Idéia de Europa vazja de povos. tr*" -"rr" social, é uma matéria que se modifica
-.3334=22o8Apresençadaslínguasliteráriasfoiapontadaantes,emnosso
ú outro' geograficamente
nt' curso, como um proår,o g'ogiaft'a*ente superposto
Formação da diversidade na continuidade é geograficamente superposto'
superposto à língua natural. Assim como lhe
geográfica
assim ere se insere em outras condiçóes de
vida, e temos em vista apenas as
Nós nos colocaríamos diante de um extenso território primitivamente condições de vida do produto natural'
mals ou me-
unilíngüe ou que pode passar por tal. E supondo, por outro lado, uma popu_
:ßzl+:zzto
As causas pelas quais as línguas literárias resistem,
nos, à tendência a rnrra".,ç", que é geral na
língua' ou não participam plena-
lação fìxa e sedentária para rodo o território.
parte' Aqui' trata-se apenas'
Pode-se romar por modelo o território da Gália por volra de 250, que mente dela, nós as consideraremos em outra
tinha, nessa época, uma língua que pode ser considerada uniforme de um comojáaconteceuantes,decolocarclaramentedeladoocasodalíngua
e, dito isso, nós nos recolocamos diante
do quadrado que repre-
literária
extremo ao outro logo depois da assimilação romana, o latim falado em
senta uma
-
Tièves, em Tours ou em Toulouse, Genebra. Marserha teve um momento
idêntico.
Primeiro fato certo, considerando apenøs o tempo. colocada diante da página
em branco, no início de um período mais ou menos rongo, por exemplo 500
anos, ou muito menos, pode-se predizer, fora qualquer outro fato que se
acrescente secundariamente, que essa língua não será mais a mesma, idên- às forças que nela agem'
superfície lingüística unilíngüe entregue livremente
língua não seria
tica a ela mesma, se considerada na outra extremidade desse período de 3334:2e54'2e62
Nós afìrmamos, como primeirO ponto, que a
tempo. mais a mesma ao fìm de um período determinado'
segundo ponto' que é táo
E é preciso acrescentar imediatamente' como
igualmente em todo o
certo quanto o primeiro, que ela náo será modifìcada
território.
Vê-setambémaverdadedoquedizíamos:amodifìcaçáoacabasendo
uma coisa relativa só ao tempo, mesmo que
sej diferente no espaço' O
espaço' produzirá modifìca-
tempo, mesmo reduzido a um único ponto do
ção. o espaço, ao contrário,
ê incapaz de produzir algo' Quando se quer
ser sempre considerado
pode brecá-lo: ralvez os períodos agitados pelas guerras, pelas agitações ci- å"plicar o^espaço' ele deve, ao contúrio do tempo'
vis, pelas crises nacionais, o acelerem, como muitas vezes se sustentou; mas verticalmente e nunca horizontalmente na fìgura'
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Áreas diferentes, desenho totalmente verdadeiro!
tl
ka / tíQ
Caso reql vaque, rescapé, cage
Cqso incomum
(Evolução no Têmpo que chega ao e que se revela, sem exceçoes,
mesmo resultado em todos os inevitável. Evolução no rempo 3334:2e6e,ntoquestáo: isso vai formar dialetos, ou seja, uma série de tipos
que é seguido de modificações, determinada província' com
pontos do território.) iingüísticos fechados, que colrespondem a uma
diferenre de um lugar para o outro.
fronteiras claras em todos os sentidos:
porta/porte
em lingüística' o
é através de observações geográfìcas que se esclareceu'
Essa área não pode ser determinada de antemão por nada, nem por pro- é preciso observar o resultado
grande fato da diferenciação d"ialetal' (Antes'
víncia e nem mesmo uma a uma, solução de continuidade. "du (francês) em um
do tempo') Colocando-se em um ponto qualquer '
^çao
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vilarejo determinado, particularidades serão ressaltadas. É certo que cada depois até Turim, nãohâum lugar preciso em que se possa dizer: eu deixo o
uma dessas particularidades será reencontrada à medida que se avança pelo francês e entro no italiano.
mapa, mas é impossível prever até que ponto.
õ ô4UA.t+
4*ç-^'ú' (^.- *
{"^*'f a
J'¡tv 4 ìt
L t>
¿.
3334:2e8e
Ao se considerar grandes extensões, a questão passa a ser de
é precisa
duas línguas, e não unicamente de dialetos
- e isso supondo sempre um Tiês cadeias de unidades mais ou menos vastas, mas nenhuma
desenvolvimento náo tumultuado, no mesmo lugar. como critério) '
3334=2ee6
em seus limites (a menos que se tome uma só característica
1q O princípio pelo qual não há um lugar preciso em que começa quan-
Na crista dos Alpes, série de dialetos tão aparentados ao saboiano
uma língua e termina outra é o mesmo que determina que cada uma delas
to ao piemontês.
seja subdividida em dialetos. É claro que, se houvesse passa de uma noção
Em um ta1 estado, a noção de línguas separadas náo
uma ou na outra'
distante. A pouca distância, náo se sabe quando se está em
grandes unidades
{no* 19 Eu digo quå seria ideal ter uma cadeia parecida entre as
¡"í; l ( "ri;.) indo-européias.
com os desloca-
euase que em toda parte, é preciso contar
:::+=zsgä-:ots
.Zouu acumulados du-
mentos de populaçáo e, além disso, com os deslocamentos
-Q tno, ^.L.r^.
rante os séculos.
a coisa seria espantosa e incompreensível. Mas
língua A
Grandeexemplod'afamíliaindo-européia.Demaneirageral,observa-se
soma de dialetos que se ligam entre si em todo o rerritório; muitos ou-
- " "
línguaB- " " " ') " " " " " "
muito bem que cada idioma é a transição entre dois outros ou
tros.
eslavo, iraniano e germânico / germânico, eslavo e celta;
'ã7
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era de cristo, faziama passagem entre germânico e itálico muito mais longe?
Quer se considere afamiliaindo-européia ou qualquer outra, ou quer se A
considere, até mesmo, uma sub-família qualquer (de uma familia qualquer, 100 km2
sendo que tudo se passa na época pré-histórica ou na época histórica), sem- ç
pre se verá que há uma ligação entre essas quatro coisas:
Quer se trate [ ]'
forme uma massa geografìcamente
A soma da expansão territorial de uma família lingüística; ncia simultânea e incessante de dois
A soma da divisão interior do bloco que pode se exprimir pela pala- um ao outro e tendem a fins direta-
vra dialetos; ausa de sua contrariedade' como se
O ponto central primitivo, lateralmente
4q A questão das migrações de povos.
Eu repito que a primeiraidêia foi que os rrês primeiros fatos teriam que
se transformar no quarto ø
zero, sáo simplesmen te a força de camp
do outro. (Eu fìco, por ora' com estas
ras,Semestarbemcertoquesejapossívelsubstituílassemdanoparaoque
r" oå:t
*l"ià, o campanário, ou seja, os hábitos que se desenvolvem-Tï1
mente ligados entre si em um melo
comunidade cujos
um pequeno cantão' Esses hábitos'
restrito, como por para
o porque' em geral' representam
ainda mais fortes por força
serrrdano paraateoria, passar
\_) ele os hábitos da infância, podem,
t)/< fundamental fosse puramente deixada
central e fundamen;' S" Ë"" fo'ç"
asimesma,semnenhumcontrapeso'oresultadoseriaumapart\cu]lariza-
s mais ou menos
çáo aoinfìnito, náo
só
torna os homens
comparáveis' como o v
Daí, Intervenção da noção de frøcionamento no local
outros através de
Noção lingüístico-geográfìco-histórica. sedentários, há tudo o
Trata-se de um princípio geral, que não tem relaçáo mais especial com a uma distância qualquer'
massa indo-européia do que com uma outra massa. Segunda força, o intercutso' qtse
Toda massa lingüística, como mostra a experiência, chega fatalmente a haverâ Passantes vindos de mais
se diversificar no local, sem que esse fato suponha um deslocamento de tante, urna Parte da PoPulaçáo irá
qualquer tipo. uma feira e, mesmo nessa festa I
Ou mais precisamente: à mudança necessária no tempo corresponde em um só exército homens de tod
] ' A existência por
localidades separadas é' ao mesmo
maneira que [
tl tempo, uma coisa ilusória e uma coisa
verdadeira' Ela vale ou náo vale' mas
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que se possa
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sen_ì e. Os dois princípios estão em luta, náo en-
medzo ganha e envolve medlo, desta vez por conquista geográfìca'
m
sem cessar, um ização, o outro païa aparticulariza_
contrando mais seu esquema em
ção. Influências Lcias utrificnrr,.,: o.nriõ., gue J J
reaproximam. Unifìcantes _ propagadoras
se
mas em -+ medlo
medzo
olt reslstentes
coesão em um sentido ou no outro por
Dois eixos
oposição à clispersão.
considerada em uma certa superfície, cooperam. Do ponto de vista de quem quer estabelecer exatamente o que se passa,
Toda onda de inovação cabe diiting uir os lugare.r, o que depende unicamente do eixo do tempo,
e as
supoe, ao mesmo tempo, força divis lria e
unificante de tal [ ]. Miste_ áreas de contagio, recorrendo à dupla noçáo de tempo e de propagação atra-
rioso à grande distância t
] 1a caso do isolamen,o. :::.r-::o:z rórr ,rrllì, vés do Espaço.
imaginar que os fatos de I
] Primeira observaçáo a propósito das extensões geográfìcas das caracte-
rísticas lingüísticas'
fiùà Ð ,^*^ ,,- n, seja, um único ponto c1o território
.,irorain ou
quando se considera um vilarejo,
lingüístico, os traços de língua podem ser classificados' de início' em
fatos
locais ou fatos gerais, que náo diferenciam a língua local do que
a cerca. E
,ùu' será fácil, contanto que náo se saia desse ponto, reduzir uns e outros a um
-..È' I
ftìo''n'' fator que temos.
Al' ¡2'1r'
Sem o fato de propagação Para um Ponto
Primeiro princípio' A diferença geográfìca soma das características : influências do intercurso
seria roralmente redutível ao :
comuns com as outras regióes será por evidência unificantes;
tempo' o que equivare a dizer que, materiarmente,
momento algum, entre as formas geográfìcas
não hâ transição, em
próprias : influências de campanário (divisórias);
Mas quando, em vez de falar de um vilarejo, fala-se de um pequeno
cantão, substituindo por uma supetfície geográfica aquilo que não passava de
medzo medào A ou B
- um ponto, cria-se um paradoxo: não se pode mais dizer se é ao fator
mas unlcamente entre qr. ," devem, principalmente, os fenômenos e, na reaiidade' os dois coope-
"Há
ram, os dois estáo implicaclos, embora sejam de tendências opostas:
4 1-'i'" sempre regiões com as quais ele é comum'"
t,
1uÅz¿ h¿¿"fl
("" U^ .6,
ou desenvoivimento histórico rivre, d.e um rugar
ao outro. por razões de
todos os tipos, é com esse esquema que temos
que nos preocupar, é dele
que temos que nos compenetfar em primeiro
lugar e ¿ Lte que continua
sendo a base geral. Mas o que acaba sendo
acrescentado, o fato da propaga-
ção contagiosa de uma característica em outras regiões, faz
comque o es-
quema se complique
¡r
h a n g e Vi h a n g e Vi
XC e XC e
F- w F- w
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Notas Prepøratórias pøra os Cursos de Lingüßtica Geral
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estudar a
simples do que na continuidade. Quer dizer que a idéia é náo
.d o .d o
c u -tr a c k c u -tr a c k
Mas a única coisa impossível de saber é, em cada caso, quais dessas
descon-
forças agftão e em que medida. continuidad", q.t" é o caso normal, e opol sem mais nem menos' a
mostrar que
No domínio germânico, que se estende dos Alpes ao mar do Norte, pro- tinuidade, que é um caso eminentemente particular? Eu vou
tem
duziu-se coesão, como vimos, no caso da redução de a d;
þ þu toïnou-se da nenhuma táoria sobre a descontinuidade é possível, ou que nenhuma
em toda parte sentido, sem uma teoria anterior sobre os efeitos da continuidade.
Em troca, náohâ coesáo totar no caso do t antes do z, játque o Norte A história da lingüística indo-européia mostra que os próprios lingüis-
mantém o f. tas não deixaram, coisa curiosa, de querer que as diferenças de língua
Â-
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3335:74t-
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,,podemos distinguir imediatamente." Nem Sempre é esse o caso' w
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c u -tr a c k arado constitui forçosamente o caso .d o
c u -tr a c k
iderar em seus efeitos: visto que ,r, Mas outros povos não buscaram as unidades irredutíveis, inferioridade;
e
o valor de seus efeitos é medi_los guiavam-se Por um outro PrincíPio:
tå;:: pa, ka, ti, do (" silâbico") '
d e s c o n r i n u i d ad e r er ac
"o
io n an d o - o s r' lI :;":tffi:1 ä: : ilfJ [å j: A escrita não precisa dar conta dos movimentos articulatórios corres-
que a própria continuidade tem efeitos diferenciador"r, o qr" t basta'
Inglaterra . Para julgar, é preciso se representar ] pondentes. A notaçáo das diferenças de efeitos acústicos iá
-
efeito da separação:
Jutland. Þara cada suposto O fonologista
n I
coi îþ;i,'!i'IT?;;;:;:'::i";;,,1'0"î
os movimentos do aParelho vocal?
Ele parte desse espaço homogêneo para o ouvido'
sem o que ele náo
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282 Notøs Preparatórias para os Cursos de Lingüística Geral
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Notas preparatórias parq os cursos de Lingüßtica Geral Documentos 285
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lNotas parl. o curso III (tgl0_1911):
.d o .c .c
investigar o grau de necessidað,e apriori,já que se renuncia a distinguir
.d o
c u -tr a c k as c u -tr a c k
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c u -tr a c k c u -tr a c k
vemos que a geologia, um pouco ao contrário da astronomia, reflete
quase sempre sobre as sucessividades, sobre as mudanças no tempo, mas O eixo das contemporaneidades
quando trata de estados fìxos da Terra, considerados fora do Tempo, ela não (em que se pode fazer desaParecer
faz dessas duas coi.sas objetos fundamentalmente separados. o fator Têmpo)
vemos que há uma ciência do Direito e uma História do direito, confor- l; ----
me o tempo, e que ninguém sonharia em declarar, por isso, que a História e o eixo das sucessividades
do direito consritui uma disciplina separada da ciência do diieito. (coisas x Tempo).
vemos a história política dos Estados se mover eminentemente no tem-
po, mas sem fazer nenhuma distinção se aigum historiador Traça, ao contrá-
rio, o quadro de uma época, excluindo, por conseguinte, as mudanças do
tempo.
Mas aqui, neste instante, coisa notáver, eis o que vemos de repente e
como numa mudança de cenário: neamente valorável.
Todo valor tem dois lados, como o signo lingüístico. Tanto
que esse
por exem-
valor tem, pelo menos por um de seus lados, umaraiz nas coisas,
, 3319 = 1326
plo
propriedade Z
econômica e a Economia política. por quê? pode ser e é provável que não
se
tenha dado plena atençáo a isso, que só se tenha obedecido a uma necessi- 50.000 francos
dade interna. Mas é pela razão que, em breve, a dualidade da ciência lingüís-
tica nos farâ ver; a saber: no caso da Economia política, se está diante da
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c u -tr a c k massa falante só modifica as coisas no sentido psicológico-lógico, mas não c u -tr a c k
b)ter[ ); . t ,1,-^) sl.
revela imediatamente [ e inseparavelmente ligadas entre
] í* ¿"", coisas ao mesmo tempo
",
Va.loré,eminentemente'sinônimo'acadainstante'determosituadoem
um sistema de termos simiiares' do r esmo modo
que é' eminentemente'
] Considerar a coisa
t-ô;tt"", ; cada instante' de coisa cambiável' [ -sistemáticos' não revela
.."j#;i fo, u- lado e, por outr essas duas coisas' Ele as
nenhum parentesco' É próprio do
relaciona de um moclo que chega a Pírito pela impossibilida-
duas faces rem por ele ou em quê' A
de de se investigar
" """'
únicacoisaindiscutíveléqueovalorexistentenessesdoiseixos,édetermi-
nado segundo esses dois eixos concomitantemente:
>.',>
| -- Sl*,;lra- St'*t¡- S c'ø'Jh'ø d';Lt
que os sìmilia sáo' cada um'
Não é absolutamente importante perceber
correto seria então:
,r",rr"t-"nte providos d" s"L dissimile' e que o quadro
) /;,*zt
4-,
dt7+h4 -tt
"Jt'*-L,.2 4,^-2.-) -7"A7-
I '¡; L
l
. .Ia
lt'laa Ll o77, '-íllo-
A língua não é livre pelo princípio de continuidade ou
3ìo;l;o <_çi*ili
I
soridariedade
indefìnida com as eras precedentes.
2q A continuidade encerra o fato de arteração
que é um desrocamento de diferente da relação
valores. A relaçáo simile : dissinile é uma coisa totalmente
mas inacessi-
simile similia, e, todavia, esta relaçáo pertence até o âmago'
-
velmente, à noçáo de valor.
39 f,nrrorøs parc, o cursoIII (lg j0_lgl j):
O valor lingüísticol
'-"' _varor.
t340=1864 -,
o que é inseparável de todo vøIor, ouo que faz o valor não
é nem
a) ser inseparâvel de uma série de grandezas oponíveis
que formam um
sistemø, nem
h a n g e Vi h a n g e Vi
XC e XC e
F- w F- w
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L90'
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cliação: 73, 97, I40,158, 163, 164' 173' w
w
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.d o .c .d o .c
c u -tr a c k c u -tr a c k
classe: 54, 260
226, 227,231
coexistente: 41, 7 1, 2O2
coincidèr-rcia:36, 1Oi' 118' l88 cleclinaçáo: 47, 65,93,118, 119
is 42' 44' 45' 48's3'
-";;
,á1t*,12, 26,32,35-39 ' decomposição: 165, 168
oo-e+, 66-7t,73' 76-80,8s, e4'
;;'is clelin'ritação: 70, 109, I'L7,197
õ; õ;. õ8. I 03-06. I oe, I I 7' I I e' t25' t27 ' denon.rinação: 69, 131, I33, I43' 144, I53'201
lio- r l-¡¡, t42'44' t4B, lsB, 163' 165 dental: 37,49
rcái, t)ot+' 178-82' 184-85' 187-e0' lel'
depósito: I31,232
1éz''zo+, 208, 2ro' 2rt, 2t'2-14' 216'
22o'
derivado:173
)zt, zzz, 224-27, 22s, 232' 233, 237' 241' descontinuidade: 747 ,25O, 278' 279,280
ìit' ist -se, 261, 264-65, 267, 26e' 27 r -
so, descontínuo: 215,216
75,279-80,282' 285'89 desie,nar, Idesignaçãol: 30, 65, 73' 87,95'
124'
lcoletividade]: 58, 115,
I32' 248-50' 258 r"79, 180, l8l, 184, l88' t89, 194, 197, 198
colisível: 99 202,218, 224, )25,275
-
.oÃ"Uin.cao, 22' 41,47.58' 62' 88' 93' ì05' desinência: 158, 160, 165, 169
INDEX RERUM rz5,izs,rcs,177 '182' 187, 198, 206'2r4' deslocamento: 7 9, I48, 17 7, I8o' 266, 27 3' 27
4'
2r7,241,258 284,288
22, 52, 64' 69 7 l'73'79'96'
4l' 17I,216' 251
-
colnpn.^cão' determinaçáo: 39,79,
abertura: 203, 205-07, 208, 2O9, 217 apossema*: 94-97 i'oo, ioz 104, 133, l5o-sl, ls5' I6B' l7s' determinante: 36, 190
17 6;, ú 8,, 186-87, r )3, 2r3,
219, 228' 259' diacosmia: 101
ablaut*: 201 [aquisição]:103,104
abri¡ movimento de: 123, 217,218 arbitrário(a): 72,92, 736, 144, 153, 174,213, 266,274 diacrolia: 284
absoluto(a): 27, 28, 34, 35, 37, 43, 44, 52, 63, 220, 224,282, 287,288 compartimento: 182' 222, 283 dialeto'': 37, 95,131, I35, 145'49' I82' 228'
64, 69, 70, 7r, 74, 88, 92, 704, 127, 138, ârea: 145, 148, 27O, 27 I, 277 compósita: 2I8,281 264,266,268,270-7 4
composto(a),31,76'80,96, I18' 119' i65'
169'
143, 144, 147, 154, 155, 158, 179, 180, 181, articulação: 29, 66, I23, 202, 2O3, 205, 206,
185, 186, 188, 189, r97, 200, 201., 2ro, 225, 208,209,223,28r 185,258
226, 227 , 228,252,253, 268, 282, 289 aspecto: 4I, 170, I79,186,21O,284 fconceito]: 80, 88' 237
abstração: 94, 115, 158, 159, 165,166,170, assocìação: 21,46,52,85, 95, 103, I77,14O, ion.r"to(ä), 27, 29, 33, 35, 63, 70, 265' 282
167'
176,220,278,281 163, 17 5, 194, 226, 258, 283 , 287 confusáo, 25,93, 118, i19, 136, 156' 162'
acento: 148, 176, I85,2O4 ato: 86, 1\5, 132, 139,165,212,222 173, 189,200,230
acidente: 39, 51, 52, 64, 65, 137, 177, I7B, IB5, arributo: 7 5, 7 6, 79, 772, 2zI conjugações: 92
189, 197 , 264, 269 audível: 2I8,2I9 conjunção: 91' 187 279,280,281' 286
l6 diferenciaçáo: 136, 142, 147, I49' 27 I
acustema*:213 conìunto: 1
acústico*: 23, 26, 27, 28, 29, 33, 100, 101, 123, base: 27, 32, 34-36, 40, 44, 47, 57, 69, 73, 77, .ons.i"n.ia, 21, 22. 37' 38, 44' 47' 64' 76' 95' diferencial: 61
124, 125, 157, 170, 177 ,204-07, 208, 2rl 78, 95, 102, 129, 140, 167, 772, 777,t80, 97, l3g,141, 155, 157-59,161, 166' i88' discursivo: 86, 87, 95, 105
194, 195, 20I, 204, 212-15, 2I8, 249, 261, 265,282 disculso: 87, 91, Ì05, 106, 22O, 23O' 237
13, 216-18, 280, 28t, 284
268,276,282, 285, 287 consoante (consonant): 211 disposição: 102
adição:209 i28, I47, 748' I99
consoante (consonne)' 54, 66, I38' I94' 203' disiintivo, 65, 80,
fadivinhação]: 1 I7
ãirtinto, 44, 45, 52, 57, 1 45, 21 o' 21 1, 218' 224'
adjetivo:91, 105, 106, 164 cadeia" (chaîne): 29, 99, 102, 126, 14O, 205-07 , 205, 206, 209 , 2r0 ' 2Bl
211, 214, 229, 253, 272, 279-81 constituiçáo: I54,22 249,284
afasia*: 754,22I,222 distribuiçáo: 69,208
agrupamento:157 caminho fácil: 100 construção: 17 5, I89, 248
campanário*: 275,277 contido(a): 30, 38' 52, 58, 65, 68' 71' 73'
132' ditongo*: 54' 202' 208
alfabeto*: 138, 205, 211, 280 3s, 36, 4s -57, 60, 1 I 8' i 54' 1 63'
campo(c/rarrp): 26,48, l04,l2g, 142, 146, 157, 139,140,203,26 fdiveisidadel'
'- tll, 17 8, 2ro,
alteraçáo: 63, 198, 199, 267, 284-85, 288
144' 149-50' 230, 252, 253' 259, 265' 266'
alternância: 28, 32, 37, 49, 56, 59, 60, I 58, 206,
222 continuidade: IO4, L32, I33, I37 '
característica: 22,25,29, 52,55, 57, 58, 59, 151, 155, 1g9, 252, 260' 268, 270, 278-80'
267,268
223,230
74, 80,86,93,94,99,109, 116, |.8, 128, 284,288
amorfa:220
132, 133, 138, 140, 142, 144, I47, 748, 152, contrário(a) : 29, 7 O, 72,94, 101' 109' 136' 169'
anacronia: 160, 23O, 231
154, 157, 17 5, 179, 182, i86, 199, 200, 204, 210,225,226,26r,275
análise: 28, 31,52,62,100, 104, 126,131,139,
209, 274, 224-26, 248, 258, 264-65, 273, contra-soma: 103
140, 152,157, 158, 159-63, 165-69, 185, i93,
277,278,279 contrato: 92' 177, 179'248
195, 199, 200, 2r4, 279, 220, 263, 265, 280
categoria: 38, 43, 49, 51, 53, 59, 64, 65, 67, 70, contravalor: 287
analítico: 257,282
74, 80, 106, r23, r58, 166, 776, 779, 189, 226' 248
convenção: 63, g 4, l'7 4, \7 5, 17 8' 223'
analogia: 98, 139-42, 145, 154, 159, 179, 181,
190,203,22r,223,231 [dualismo]: 24, I44
I89,227,253,266 coordenaçáo:227
cerebral: 46, 203, 22I coordenam, línguas que: 283
anatomia: 96, 100, 7O7,702,220 -
efeito: 21, 26, 48, 54,74, r23, 138, 142' 147 '
fcérebro]: I37, 754, 163, 182, 222 co-respectivo: 226 14g, 154, 177, 204, 206-08, 212, 2r3,
ante 279'
-:264 fciência] : 23, 43, 67, 62, 7 5, 7 B, 7 9, 98, 701, 104, 7I5, 137' lB4' 204
anti -: 48, 103, 186, i87 fcorreiaçáo]: 27, 28, 68, 94, 280,28r,284,285
116, 126-32, 135, 137, 144, 752, 154, r57,
antigo(a): 25, 97, lI9, 136, 142, 151, 156, 157, corte: 99, 169 efetivo(a): 58, 198, 2I8,219
175-77, 180, 184, 786-87, 793-95,200, 203,
158, 161, 163, 185, 201, 211, 259, 264 co-status'. 797
2ro, 221-24, 226, 232, 259, 260, 279, 285_88
h a n g e Vi h a n g e Vi
XC e XC e
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292 Index Rerum Index Rerum 293
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w eixo: 181, 277, 286, 287, 289 fechado*: 203,27I,272 w
w
w
instituição: 179, 181, 182, 183-84, 188, 190,286
o
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.d o
c u -tr a c k
.c glamáticat': 21,24, 40, 44, 46, 53,60, 102, I Ì6, .d o
c u -tr a c k
.c
elipse":49,91,92 fechamcnto*: I23, 2O5, 208, 2I1, 217, 2gI t3Ì, 140, 150-52, 158, 161, 168-69, 176, Iinstlumento]: 128, 151, 154, 184, 188, 212,
elo*: 203, 204, 206, 208, 281 fechar, rnovimento dc* (fer ntcrr te) : 723, 2I7 178, t83, 184, 190, 219. 22 ì, 225, 250, 219, 247
encadeamento: I92,205 fenôrrerro: 27, 24, 34, 35, 46, 48,59, 60, 66, 265-66 [integração]: 80
entidade: 23, 26, 27, 33-35, 36, 49, 60, 61, 7 5, 79, 80, 86, 92,96,98,115, 116, 177, 125, intercLrrsot': I15, 253, 27 5, 277
[gramática conparada]*: 131, 150, 151
76, 118, 143, 182, 198, I 99, 219, 224,241, t2B, 129, 138-42,145, t47-50, 158, 160, grupo: 29-30, 35,37, 66, 67, 102, 119, 139, interiol: 24, 3I, 42, 7 4, 77, 105, I27, I35, f37,
282 162, 166, Ì68, 192, 195, 196, Ì98, 199, 201, 148, 170, r74,205, 206, 208, 2r1-r9, 250, 17 4, 1 79, 192, 248, 258, 270, 272, 27 4
entom'ege+:63 202, 206, 2r9, 22r-22, 229, 23r, 232, 241, irrter lro (a) : 21, 98, I7 9, 1 82, I 84, 248, 249, 259,
266
cquilíbrio: 2I3,2I4 242, 247, 249-50, 253, 264, 265-66, 270, 265,283,286
gutur al: 29
esfela: 37, 44, 62,74,76,703, 156, 167, 181, 277 -7 8 i¡'cdutível: 24, 26, 27, 35, 39-40, 44, 46, 88,
r8s, Ì87, Ì89-90,204, 232,242 figura: 21, 24,28,3f , T,37-38, 41,42,43-44, 2r4,2BO-81
cspaço: 68, 125, f32, 145, 147, 149, 174, 207,
halmonia: 188
47 -48, 63, 65, 67-68, 7 4, 95, 99, 170-72, t 79, hiato : 136,218 isolam, línguas que: 283
229, 25r, 265, 267 -69, 27 5, 277 , 280, 281
183, l 89-90, Ì96, 200, 201, 272-13, 218, 251, lristória: 14,30,41,45, 69, 103, 126, 130-33,
espírito: 26,35, 39, 43-44, 52-53,58, 60-62, jur-rtnra:
269 734, r37, 140-41, 146, Ì50-51, 176, 179, 21 6
r40,
70-7 1, 7 6, 80, 88, 98, 101-02, 105, 124,
filologia*: 116, 134, 752-53, 259 justaposição: 100,209
141, 142-44, Ì50, 152, t54, 158, 162, 17r, 182, 184, 186, 197, 233, 259-62, 264, 268,
177-80, 183, t85, 187-89, 191, 193, 196, ffilosofia]: 72,93 279, 286
fisiologia*: 23,33,96, 102, 128, 177,2t0,220, honrogêneo: 24,281 þénônrc*: 13,85
198, 203, 2II, 213, 279, 225, 258, 261, 279,
258
282,289 homoglossa*: 278
fixação:25 homorgania*: 217 lado: 25, 26, 29, 34, 38-40, 60, 77, 85, 94, 95,
esscncial: 53, 63,65,76, I32, 133, 153, I59,
fixidez:95,133,228 124-25, r39, r47, 163, 177, 179-80, r89,
17 8, 196, 200, 207, 212, 2I3, 214, 248, 266,
fonação": 7 5, 701, 21O, 2I4, 216, 258 idêra: 2r, 22, 23-24, 27 , 30, 31, 32-33, 34, 35, 198, 21 1, 214, 216, 25r, 258, 287
279
fonatóri o* : 7 5, I24, 126, I 5 4, 21 1, 212-1 4. 38-42, 43-44, 45, 47, 48,49-53, 58-s9, 60, laríngco': 208, 281
estático(a): Ì96, 199, 227,285 21 6 -
18,281 65, 67-73, 75, 76, 78, 79, 92, 97-98, 100, latcnte: 26
estrutura: 27, I02, 259-60
fonema*: 28,115,117, 1 18, I23, 125-26, 154, 103, 105, r27,129,130-31, 133,134, r37, latitude: 37, 66
etnismo: 266
203, 205 , 209 , 2Ir , 274-75, 217 , 219 Ì39, 140, 157, r59, 162, 165, 166, r70, 17 4, lei-': 88, 92,93,95,109, 128, 130, 131, 133,
executar: 21,1, 217
fonética(o)*: 24, 26, 31, 32, 35-36, 40-4J., 43, r42, r49, 153, r7 4, 180, 181, 188, r96, 201-
ffi, U3,
existir: 37, 43, 50, 58, 63, 105, 127,
44,46,48-49,5Ì, 53-58, 59, 61,
r79, 182, Ì84-86, 187-89, 191-93, 197 -201,
02, 20 5, 213, 21 4, 222-24, 229, 230 -3 r, 248,
204,223,224 63_65, 66, 203, 209, 2r3-r4, 216, 218, 224-26, 227,
68,75,78-79, 86,92,93-94, 100, 102, 125, 230, 23r-32, 237, 241, 248-49, 252, 258, 249, 258
explicar: 53, 55,725, 153, 194,2O4,207,214,
25r,253,262,264,269 133, Ì39, 14r,145,150, 153, Ì55_58, 160, 264, 268,274, 278-79 letra(lettre):30, 115-16, 124, 1,38, 175, 179,
163, 164, 167, 169-70, 178, 195-96, 199, identidade: 21, 23, 24, 25, 28, 32-35, 45, 62, 1Br, 207, 2r1, 2r3, 230, 232, 241
explosão*: 123, 125, 204, 205-07, 214-15, 217
expoente: 64 202, 205-06, 209-10, 276, 223, 227, 228_ 64, 68,75,77, 168, 170-72,2rO,282 lexicologia*: 13, 44
3t, 250, 257 -58, 270, 284 ligação: 59, I72,173,179, Ì82, 189, 2I3,223,
expressáo:22, 23, 32, 39, 42, 44, 45, 49, 56, 5i, f ider.rtificaçãol: 62 aa1
76,78,96, 106, 145, 150, 15t, 158, 166, fônico(a)'': 95, 96, 100, 101,22O,247 ideográfica: 99
173, 185, 1 88, 1 94, 200, 202, 215, 222, 23I, fonismo*: 94,7O2,223 idioma: 69, 72, 115-16, 1\8, 129, 13 1, 133-35, lirnitação: 70, 117, f97,248
232,282 fonografar": I37 137, r38, r42, 143, r45, 147, I 50, r 51, 155,
lí:rgua^: 15. 21 , 23-25, 27-30, 32. 34-35, 37-
fonologia*: 75, IO2, 123, 153, 177, 204, 207, 17 1, 224, 228, 229 , 232, 250-52, 259, 260,
47, 5L-54, 55-57, 59, 60, 61-62,63, 65-68,
fexterior]: 24, 53, 67, 69, 77, 95, 134, 137, 177,
178, 180, 183, 184, 188, 198 209, 210, 212-15, 2I7 , 218 70-72, 7 4-7 5, 77-80, 85-88, 91-96, 98, 101-
265,267,273,279
exterlro: 2I, I9B, 249, 259 , 262, 283 força: 118, I39, 162, 17O, 178, I82,202,206, idiossincrônico(a): 93, 195, Ì96 02, 103-05, 109, 115-19, 126-47,148-55,
213, 232, 248, 253, 269, 27 6, 277 _7 8, 286 imagenr: 67, 1O2, 133, 137, 162, 187, I8B, 248, r57-70, 172, 174, 176-79, 182-86, 188-92,
faculdade: 72, 98, Il 5, I I 6, 128, 139, 182, 270, forma: 2 1, 22, 28. 30-33, 36-42, 45, 46-49, 54, 284 r94, 195, 197, 198-01, 208,2ro-l),,214,
222 56, 59-60, 62, 63-65,74,75, 77, 79, 87-88, imediato(a): 23, 38, 41,, 44, 49, 74, 91, 117, 220, 221, 222, 224, 226, 227-30, 231-33,
fala: 33, 58,71,99,105, 115, 116,128,729, 91-95, 96, 97, 101, 103, 106, 715, 125, 128, r95,226,241 237, 24r, 247 -53, 258-63, 264-70, 272-73,
137, r39, 205, 209, 210, 2I8, 226, 232, 258, 135, 136, 138-42, 145, 746, 155_58, 159_ ir.nplosão*: 123, 203, 205-08, 214-15, 2I7 27 5, 277, 27 B, 27 9, 282-85, 287 -88
280,281,287,288 69,17r, Ì81, 184, 186, 1BB, 191-95, 199- inrpressão acústica: 207 , 208, 2I1 , 212 linguagem': 1 1-13, l4-16, 21, 23-26. 29, 31,
famílta: 7 4, 100, 1 19, 129, 149, I5I, 228, 259- 200, 204-05, 208, 2I2, 21.4-17, 2t9, 220, imutável: 264,274 35, 41, 44, 46-48, 5 1, 60-62, 66, 7 l, 7 5, 77,
62,266,273-74,279 221, 223, 228, 230-33, 237, 257-61, 265_ inar-ralisável: 281 79, 80, 87, 9r, 92, 95, 99, 1 15, 116, 126-32,
farc: 22, 23, 31, 32, 33-39, 41, 44-52, 59-63, 73, 27 6, 284 inaudível: 218 r33, r34, 136, r39-4r, 154-57, 158, 1.62,
64-74,76-78,79, 80, 85, 87, 93, 95, 101, formacão: 38, 139-41, 159-61, Ì64, 165, 166, 166, 168, 170, 17 r, 173, 17 6, 177, 178, r79-
[inconsciente]:139
103, 105, 106, 109, 175, 7r7, 125, 126, 128- 169 , 226, 268, 27 0 incotpôrea: 247 89, 194, 196, 197-98, 200,20r,203,210,
33, 134, 139, 140, I4I, 142, 747_48, r*_ forte(fort): 134, I4I, I44, 214, 266, 268, 27 5, indecomponível: 282 2t9-22, 225, 226, 229, 232, 25t, 257-60,
54, 156, 157, 160, 167, 762,163, 166_68, 277 282,287,288
[indiferença]: 37, 64, 224, 247
170, I7I, 172-74, 777, 180, 182_86, 187_88, fortuita: 54, 150, 185 lingüística*: 21-28, 34-35, 38, 41, 43-44, 45,
findução] : 117, 259, 263
189-92, 195-9 6, 199 -2A7, 203_06, 207 _08, frase: 44,86,92,95, 101, 105-06, 135, 47, 48, 57, 58, 61, 63, 66, 67-68, 70, 74-75,
188, inércia:136
211-1 4, 21 6, 220, 221 -25, 230-32, 241, 248, 206,213 79, 86-87, 9r, 93, 94, 98, 100-02, 103-04,
informes: 146
250, 253, 258, 259, 267-62, 265_67 , 268_69, 109, 115, 1L7,126,127,130-32, r35, r37,
função: 24, 30, 47, 99, 101, 102, 129, 154, 18I, inibiçáo: 123
27 I, 27 4, 27 6-7 8, 27 9, 284_85, 287 _88
I84,204,219 inovaçáo: 87, I40, 155, I 8 1, 209, 253, 270, 27 1, r39,141, r45, r47-48, ).52-54, 163, 165,
fator: 3 8, 78, 127 , 132, 135, )39, I42, I45, 173, 6-79, 1 80-84, I 86, i 87,
276,278 17 0, 17 1, 172-7 5, 17
179, 182, 193, Ì98, 247, 257, 266, 27 5, 277, generalização: 26,35,128, 129, \7O,176, 186, [instantâneo]: 2+,28, 4I, 46,48, 54, 55, 57, Ì90-95, 195-98, 200, 202, 204, 209 -10, 213,
278,284-285,287 187, t95,260 2r4, 219, 220-22, 223, 224, 226, 227,
59,67
h a n g e Vi h a n g e Vi
XC e XC e
F- w F- w
PD
PD
er
er
!
!
W
W
O
O
294
N
N
y
Index Rerum
y
bu
Index Rerum 295
bu
to
to
k
k
lic
lic
C
C
w
w
m
m
w w
w
w
o
o
.d o
c u -tr a c k
.c 229,232,233, 237 ,243, 247 , 250, 252,257 - neologisno*: 159, 163, 166 .d o
c u -tr a c k
.c
paladigma: 62, 93-94 proteifolme": 266
63, 264, 265, 269, 27 1 -7 4, 27 7, 27 B-7 9, 282, neutro:47, 65
parassema*: 94,96-97 proveniência: 248
285-88 nome: 24, 29, 30, 43, 47, 49, 57, 65, 67, 69, 71,
parassoma": 103 psicologia*: 98, 127 , 1 28, 1 95, 221-24,249,2BB
linha: 36, 53, 10Ì, 126, \56, 167, 177, 184, 196, 74, 75,93,95, t00, 104, I 19, r20, 124-26,
))) )qq )6n )61 131, 139, 143, 144, 153, 162, 189, 190, 196,
par allélie: 58-59 , 7 6 fpsicológico(a)l: 22, 47,93, 95, 96, 117, 139,
parentesco: 56, 96, 97, 228, 252, 253, 266, 289 r40, r45, 163, 182,22r-22,229, 233,258
fliteratura]* 116, 152, 260 r97, 1.98, 201 -O2, 210, 227, 223, 226, 229,
livre: 88, 94, 172, 174, 188,27I, 276,288 231, 232, 249, 263, 264, 282
partícula: 2O2, 229 , 23O fpsíquico(a)]: 24, 60, 21I, 288
peça:63, 100, 101, 102
fnomenclatura] : 798, 282 pedaço: 38, 99-100, 132, 224, 281 quantidade: 26, 27, 42, 43, 66, 127, 177, 228,
maLcar: 123, 124, 166, 196,202 nominativo: 164, 165, 23I
massa falante: 287,288 pensanlerlto: 38, 43-46, 52, 71, 75, 78, 79, 87, 247
normafivo:232
material: 22, 32, 38, 57, 69-71, 80, 95, 96, 103, 9t,92,1 15, 118, 171,, 175,184, 185, 219,
novação: 79
1.63, 170, 173, 174,185,229 222, 223, 225, 226, 237, 269 raça: 127, 134, 154, 185,260, 263
nulidade:85, 98, 191
nrateriais: 30, 36, 7 6, 88, 95, 97, Ì03, 106, 1 I 7, periodo: 44, 64, 68, 123, 136, 137 , 139, 143, radical: 79, LO4, 142,160, 184,252
r24, 175, 182, 184,185,279,282 147, 150, 158, 162, 169, 17 6, 201, 202, 259, raiz* : 46, 158, 160, 162, 165-166, 169, 188, 223
objetivo: 24, 44,76,117-l l8
mecanema*: 213 268-69, 279 realidade: 31, 34, 39, 42, 45, 47, 52, 55, 59-61,
obleto: 22-23, 25-27, 29, 33, 34, 38, 45, 48, 52,
mecânico(a): 29,97, 1.00, 123, 124, 125, 139, permutação: 230 63, 64, 69, 72, 74. 76, 87-88, 93, 116-17,
54,55, 57, 59, 61, 62, 69-71,74,77,78-79,
145, 197, 204, 213-14, 276-19 perspectiva: 46, 48, 64, 68, 147, 162, 181 lt 9-20, 125, 131, 132, 135, 138, \43, 146,
95, 100, 102, 103, 127-28, 731-132, 133, plano: 162, 783,227
mecanismo: 43, 46, 47, 66, IO2, 2O8, 210, 283 147, 152, 160-61, 168, 173, 176, 180, 193,
142, 152-53, 168, 172-76,179,780, 182,
membro: 58, 100, 119, 161 plexo.:188,215 200,201,207 , 21,8,24r, 277 , 280, 288,289
183, 185-87, 189, 190, 192-95, 197_200, plural: 46, 64-65, 159-60, 164, 165, 1.78,248,
merisma: 102 Íeceptiva:227
214, 2r9, 221 , 224-25, 241, 249, 265, 282,
metacrõnico:224 264 recolher:99, 101
286
[metáfora]: 201 pluriforme*: 99 recomposição: 1 65
onímica: 95
modificação: 40, 63-64, 86, 117, 138, 14t, 1.57, polissílabos*: 229 reconstrução:118,261
foperação]: 26, 27, 29, 32, 35, 45, 62, 79, 94, por.rto(s) de vista: 22-23, 24-27 , 29 , 35, 38, 42, reflexão: 25,35, 53, 55,71,77,80, 94, 139,
162, 167 , 221, 229, 257, 267 -70, 286
105, r17, 123, 1 29, 139, 140, 144, 745, ).63,
momento: 36, 38, 41, 44, 46, 48, 52, 53, 56-58, 54, 55, 57, 6r-63, 71, 74-76, 86,95, 104, r4),, 17 6, 188, 219, 220, 24r, 25r, 278
170-72, 17 6, 223, 227, 237, 247-42
59, 61, 63, 66-67,69-72,76-78, 80, 85_88, 123, 128-29, 131, 133, 137, 140, 152, 153, relação: 24, 25, 28-29, 31, 32, 34, 35, 38, 39-
operture":277
9I, 96, 97, 101, 126, I37, 140, r41, 145, oposição: 24, 27-28, 31, 34, 37, 39, 46, 47, 5i,
154, 170-74, 177, 186, 188, 199, 201,210, 41, 42, 44,47, 48, 55,56,57, 58, 59,66, 67,
147, 167, 174, 175, 778-79, 181_82, t84, 217, 221-22, 224, 226, 249, 260, 261, 27 0, 68-71,73, 75, 78, 79, 101, 136, 140, 145,
57, 58, 60, 62-69, 71-74, 79, 80, 99, 143,
186-87, 189-90, 196, r99, 202, 211, 214_ 277 147, 148, 154, 157, 159, 162, 163, 166, 167,
145, 149, 178, 193, 197, 199, 202, 207, 210,
18, 225, 237, 248-50, 252, 266_68, 27 3, 27 6, ponto fraco: 154 173-7 5, 177, 180-82, 184, 185-86, 187, 188,
214,2l-6,225, 230,264, 276, 278
281, 285-87 posiçáo: 23, 64, 65, 69, 77, 123, 146, 154, 178- 189, i94, 19s, 196, 198,200,202,213,2ts,
lorall:222
monossilábico: 229
ordem(ordre): 22, 24-27, 28-29, 31, 33-34, 36,
79 , ),86, r93, 2r8 221, 223, 224, 237, 247, 248, 258, 262, 266-
morfologia-: 25, 3I-32, 35, 41, 44, 52, 67, 63, positivo(a): 36, 47, 57, 52, 59, 6I, 62, 64, 66- 67, 270, 272, 274, 280, 282, 284-85, 287,
42, 46, 48, 50, 52, 55,56, 60, 61, 66, 68, 70,
64, 78, 97, 1 19, 155-58, 160_64, 167_70 67, 68, 69, 7r-74, 76, 80, Bs, 158, 163, 166, 289
72,7 5,76,79, I00,117 , I79,126,139,142,
notus*:79I-93 1 68, 169, 1.7 1., 172, r77, 188, r90, 225, 230, relativo(os) (a): 27, 28, 35, 42, 43, 48, 51, 62,
144, 152, 157, 1,67, 171-73, 777, 187, 189,
movimerrro: 41, 57,78,88, 101, I23, 136-38, 241 63, 7r, 74, 77, 80, 730, r39, r54, 158, 166,
192, 196, 202, 204, 270, 212_14, 218, 223,
141, 163, 165, 212-13, 216-19, 228, 230, [pós-meditação]: 80 19s, 2r8, 219, 227-28, 266, 269,282
241, 251, 252, 268-69, 27 4, 281 227, 229, 242, 250, 253, 258, 27 0, 282, 285,
predicado:91, 106 ressonância: 281
mudança: 40, 47, 57, 63, 78-79, 97, 138, 139, prefìxo: 1 19, 166, 221, 229, 230 retrospectivo (a) (as) : 48, 64, I4I, 160-62, 167 ,
141,145, i48, 158, 762-65, 174,178,181, organismo: 41, 99, I02, 735, 143, 154, I7O, 219,
pré-histórica: 64, 126, 27 4 r68,188,191
182, 184, 190, 222, 227 -29, 230, 231, 247 , 261,264 preposiçáo*: 229,23O
251, 257, 268, 269-7 I, 27 4, 285, 286 órgão: 101, 1O2, 154, 177,2O8,211,220,228, primário: 72,2).7,28O seção: 58, 86, 92, 99, 214, 230, 251, 282
multiespacìal: 100 248 princípio: 2I, 24, 27, 28, 34, 45, 49, 57, 65, 66, secundário: 59,72,28O
mutabilidade: 137 origem da linguagem: 46, 60, 85, 136, 139, 140, 74, 87, 91, 96, 99, 100, 101, 109, 116, I24, semâ": 85, 94-97,99-103, I04, 7O5,220
mutação: 185 746, 149, 155, 160, 166, 188, 194, 196,213, 128-29, 132-33, I 36-38, r40, 143, 1,44, 147, semântica*: 40, 97 , 195, 219
232, 249, 261 150, 155, 156, 158, 162-63,164,166, 168, semiologia': 43, 44,70,88, 95, 100, 1L7, 186,
não- (não):33,35, 100, 188,210, 228,284 ortografia: 1 19 172, 17 6, 17 8, 18I, 188, I 89, 192, 196, 206, rgs, r97, 223-24, 226, 248, 249, 287
não efetivo: 218 208, 217 , 220, 252, 257 , 259, 267, 266-69, semismo*: 99
não ir-rtenupção: 133 palatal*: 28,29,30 272, 274, 276,281, 288 sentido: 21, 26, 30-32, 35, 36, 37, 38, 40, 4I,
nasal*: 42 palavra: 22,26-27,30,32,37-38, 40, 42, 44, procedimenro: 26,34,55,115, 130, 140, 158, 46-49, s1-53, 61, 62, 65, 67, 69,70, 73-7 4,
[natureza]: 23, 24, 26,48, 56, 58, 63, 76, 79, 46-49, 51,53, 54, 56, 57, 60, 62, 64, 65, 67 , 160, 162, 165, 176, 184-85, 199, 218,23r 76, 78, 85, 86, 92-95,96, 97, 99-102, I09,
91, 100, 102, 106, 776, II7, 123, I24, I3o, 68-69, 70, 7r-76, 79, 85, 87, 91-93, 94_97, processo: 260, 266 r19, 125, 129, 131, r32, 135, 136, 1,39-40,
138, 154, 158, 172, 777-78, 181, 184, 186_ 99-102, 104-05, 118-19, 731.-32, 134, 135_ produto: 26, 150, I59, 170, I7 4, 18o, I 86, 187, 143,748, Lsz, 165-66, 172,173, 174,779,
87, 189, 194, 797,202,206,213,215,217 , 36, 138, 1.42, 144, 746, 150, 156_59, 161_ 269,275 I85, 187, 192, 193, 195-99, 207, 202, 205,
221, 227-28, 231, 241, 247, 249_50, 277, 62, 163, 165-66, 168-71 ,778, ).79,181_83, proétnicas+: 1 18 207, 211 -r2, 2r4, 21.6, 220, 224, 227, 23 1,
288 188, 190, 196, 197, 200, 202, 203, 206, 215, projeção: 25,162 233, 247 , 251, 259, 262-63, 265, 27 I, 27 6,
[negatividade]: 60-61, 66, 67-68 2t6, 220-21, 223, 225-26, 228, 229, 231., pronúncia: 49, 66, IO5, 154, I77 , 226, 250 279,288
negativo(a): 27,31,36,38-39, 42, 47, 52,6I, 232, 237, 241-42, 247, 249, 258, 259, proposiçáo: 91, 158
27 4, fsentido figurado]: 67, 70, 73-7 4
65-7 4, 80, 85, 116, 125, 185, 188, 197, 230 )aa prospectivo(a) : 12, 188 fsentido próprio]: 67, 70, 73
h a n g e Vi h a n g e Vi
XC e XC e
F- w F- w
PD
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Index Rerunt
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296
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.d o . c .d o .c
c u -tr ack c u -tr a c k
217 ,24r,282