Cipolatti 2019
Cipolatti 2019
Cipolatti 2019
DO
CÁLCULO AVANÇADO
— Exercı́cios Resolvidos —
Primeira Edição
Rolci Cipolatti
2019
Cipolatti, Rolci -
C577c Suplemento de Cálculo Avançado/ Rolci Cipolatti. - 1 ed. 184p.
Rio de Janeiro: UFRJ/IM, 2019.
ISBN: 978-85-87674-32-6
CDD 515
Quero hoje cantar a beleza.
Não a beleza feminina
Da menina que andava na praça.
Não a beleza da rosa
Cheirosa que reguei no jardim.
Nem a beleza emblemática
Da matemática que vejo no livro.
Quero cantar a beleza do azul
Do céu profundo na tarde de hoje.
Azul imponente, que lentamente se fez breu.
Azul dolorido de dor de parto
Que a noite o dia de hoje pariu.
Beleza indescritı́vel!
O dia se foi, a noite surgiu, feliz.
Feliz de quem viu!
Exórdio
O presente texto contém as soluções de todos os exercı́cios da primeira edição do livro
Cálculo Avançado, editado pela Sociedade Brasileira de Matemática. Como vários
desses exercı́cios complementam o conteúdo do livro, recomendamos aos alunos que
tentem resolvê-los e, se necessário, que estudem as soluções apresentadas (se possı́vel,
melhorando-as).
Não posso deixar de agradecer a alunos e colegas pelas correções e observações que
possibilitaram a presente edição. Sendo eles tantos, certamente cometeria a indeli-
cadeza da omissão, caso pretendesse listá-los. Meu muito obrigado a todos. Como
nada substitui o olhar atento de leitores perspicazes para apontar erros — grandes
ou pequenos — que se me passaram invisı́veis, continuarei sempre contando com as
correções e sugestões do leitor, pelo que, desde já, agradeço calorosamente.
Rolci Cipolatti
Sumário
Conjuntos e Funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
Métricas e Normas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Abertos, Fechados, Compactos . . . . . . . . . . . . . . 19
Limite e Continuidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Funções Diferenciáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
Curvas em Rn . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
Derivadas de Ordem Superior . . . . . . . . . . . . . . . 87
O Teorema da Função Inversa . . . . . . . . . . . . . . . 99
O Teorema da Função Implı́cita . . . . . . . . . . . . . . 105
Sequências de Funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
O Espaço C(K;Rm ) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127
A integral de Riemann em Rn . . . . . . . . . . . . . . . 145
Gauss, Green e Stokes . . . . . . . . . . . . . . . . . . 167
1
Conjuntos e Funções
Se x ∈ [−1, 2], então, para todo λ ∈ (0, 1) temos λ − 2 < −1 ≤ x ≤ 2 < λ + 2. Logo
x ∈ (λ − 2, λ + 2), ∀λ ∈ (0, 1).
Reciprocamente, se x ∈ / [−1, 2], então x < −1 ou x > 2. No primeiro caso, podemos
escolher λ0 ∈ (0, 1) tal que x < λ0 − 2 < −1 para conluir que x ∈ / [λ0 − 2, λ0 + 2].
No segundo caso, escolhemos λ1 ∈ (0, 1) tal que 2 < T λ1 + 2 < x para concluir que
x∈/ [λ1 − 2, λ1 + 2]. Portanto, se x ∈
/ [−1, 2] então x ∈
/ λ Aλ .
2 Cálculo Avançado
onde Λ = [0, 1[ e
Aλ = (x, y) ∈ R2 ; (x − λ)2 + y 2 ≤ λ2 /2 ,
Bλ = (x, y) ∈ R2 ; (x − λ)2 + y 2 = λ2 /2 .
Mostre que A = B. Faça um esboço gráfico de A.
Solução: Sejam
Aλ = (x, y) ∈ R2 ; (x − λ)2 + y 2 ≤ λ2 /2 ,
Bλ = (x, y) ∈ R2 ; (x − λ)2 + y 2 = λ2 /2 .
Então, para cada λ ∈ [0, 1), Bλ é a fronteira de Aλ . Sejam
[ [
A= Aλ e B = Bλ .
λ λ
Como Bλ ⊂ Aλ para todo λ ∈ [0, 1), temos B ⊂ A. Por outro lado, se (x0 , y0 ) ∈ A,
então (x0 , y0 ) ∈ Aλ0 para algum λ0 ∈ [0, 1).
Se λ0 = 0, então (x0 , y0 ) = (0, 0) ∈ B. Se λ0 > 0 e (x0 − λ0 )2 + y02 = λ20 /2, então
(x0 , y0 ) ∈ B.
Suponhamos a terceira alternativa:
(x0 − λ0 )2 + y02 < λ20 /2. (1.1)
√
Como Bλ0 é a circunferência de centro em λ0 e raio λ0 / 2, que é tangente às retas
y = x e y = −x, temos necessariamente 0 ≤ |y0 | < x0 .
p
Consideremos t = 2x0 − 2x20 − 2y02 . Então é fácil ver que (x0 − t)2 + y02 = t2 /2, o
que implica que (x0 , y0 ) ∈ Bt desde que provemos que 0 < t < 1.
p √
Mas observe que t = 2x0 − 2x20 − 2y02 > 2x0 − 2x0 > 0. Além disso, decorre de
(1.1) que q q
t = 2x0 − 2x20 − 2y02 < λ0 < 2x0 + 2x20 − 2y02
e concluı́mos, pois λ0 < 1.
Exercı́cio 1.4: Uma função f : A → B é invertı́vel se e somente se é bijetora.
Solução: Se f : A → B é uma função, então por definição, f ⊂ A × B é tal que:
∀x ∈ A, ∃!y ∈ B tal que (x, y) ∈ f.
Se f é invertı́vel, então
f −1 = (y, x) ∈ B × A ; (x, y) ∈ f é função.
Logo, para todo y ∈ B, existe um único x ∈ A tal que (y, x) ∈ f −1 . Isto é, ∀y ∈ B,
∃!x ∈ A tal que (x, y) ∈ f , o que significa dizer que f é bijetora.
Reciprocamente, se f é função bijetora, então para todo y ∈ B, existe um único x ∈ A
tal que (x, y) ∈ f , o que equivale a dizer que ∀y ∈ B, ∃!x ∈ A tal que (y, x) ∈ f −1 e,
portanto, f −1 é função.
Conjuntos e Funções 3
S
Reciprocamente, se x ∈ α,β (Aα ∩ Bβ ), então existe um par (α0 , β0 ) tal que
x ∈ Aα0 ∩ Bβ0 .
concluı́mos que \
x∈
/ (Aα ∪ Bβ ).
α,β
(c) x ∈ A \ B ⇐⇒ x ∈ A e x ∈ / B ⇐⇒ x ∈ A ∩ B c .
(d) Se x ∈ B c então x ∈ / A, o que equivale a x ∈ Ac .
/ B. Como B ⊃ A, x ∈
S
(e) xT ∈
/ α Aα ⇐⇒ x ∈ / Aα para nenhum α ⇐⇒ x ∈ Acα para todo α ⇐⇒
x ∈ α Acα .
T
Analogamente
S c x ∈/ α Aα ⇐⇒ x ∈ / Aα0 para algum α0 ⇐⇒ x ∈ Acα0 ⇐⇒
x ∈ α Aα .
(f) Pelo item (c) temos
(
A ∩ (B \ C) = A ∩ B ∩ C c
(A ∩ B) \ (A ∩ C) = (A ∩ B) ∩ (A ∩ C)c
(A ∩ B) \ C = A ∩ B ∩ C c
(A \ C) ∩ (B \ C) = (A ∩ C c ) ∩ (B ∩ C c ) = A ∩ B ∩ C c
(A ∪ B) \ C = (A ∪ B) ∩ C c = (A ∩ C c ) ∪ (B ∩ C c ) = (A \ C) ∪ (B \ C).
A ∪ (B \ C) ⊃ (A ∪ B) \ (A ∪ C).
Para verificar que a inclusão contrária não é verdadeira, considere A = {1, 2, 3}, B =
{3, 4, 5} e C = {5}. Então,
(
A ∪ (B \ C) = {1, 2, 3, 4},
(A ∪ B) \ (A ∪ C) = {4}.
(i) (x, y) ∈ A × (B ∪ C) ⇐⇒ x ∈ A e y ∈ B ∪ C
⇐⇒ (x ∈ A e y ∈ B) ou (x ∈ A e y ∈ C)
⇐⇒ (x, y) ∈ A × B ou (x, y) ∈ A × C
⇐⇒ (x, y) ∈ (A × B) ∪ (A × C).
Conjuntos e Funções 5
(j) (x, y) ∈ A × (B ∩ C) ⇐⇒ x ∈ A e y ∈ B ∩ C
⇐⇒ (x ∈ A e y ∈ B) e (x ∈ A e y ∈ C)
⇐⇒ (x, y) ∈ (A × B) ∩ (A × C).
f (A ∩ B) = {0} =
6 f (A) ∩ f (B) = {0, 1}.
(g) Seja X = (0, +∞) e considere f : X → X dada pelo gráfico da Figura 1.1. Seja
A = [0, 1), de modo que Ac = [1, +∞). Então f (Ac ) = [0, 1) e f (A)c = ∅. Portanto,
f (Ac ) 6= f (A)c .
⊃
y 2
0 1 2 3 4
x
Figura 1.1
Considere agora g: X → X dada pelo gráfico da Figura 1.2. Seja A = [0, 1) de modo
que Ac = [1, +∞). Então f (Ac ) = [1, b), para algum b > 0 e f (A)c = [1, +∞).
Portanto,
f (Ac ) 6= f (A)c .
⊂
1.2
0.8
0.6
0.4
0.2
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2 2.2 2.4 2.6 2.8 3
x
Figura 1.2
(h) f : X → Y , A ⊂ X e B ⊂ Y . Vamos provar que
f f −1 (B) ⊂ B. (∗)
f −1 f (A) ⊃ A. (∗∗)
Conjuntos e Funções 7
Se y ∈ f f −1 (B) , então existe x ∈ f −1 (B) tal que f (x) = y. Mas se x ∈ f −1 (B),
então y = f (x) ∈ B e temos (*).
Embora a inclusão em (*) seja verdadeira, a igualdade, em geral, não se verifica. Por
exemplo, considere f (x) = sen x e B = R. Então
f f −1 (B) = [−1, 1] 6= B.
Para provar (**), seja x ∈ A. Então f (x) ∈ f (A). Assim, se y = f (x), então
{y} ⊂ f (A) e f −1 ({y}) ⊂ f −1 f (A) . Como x ∈ f −1 ({y}), temos a conclusão.
Para provar que a igualdade em (**) não é verdaderia, considere novamente f (x) =
sen x e A = [−π/4, π/4]. Então
[ (4n − 1)π (4n + 1)π
−1
f f (A) = , 6= A.
4 4
n∈Z
Mostre que Φ não é injetiva e que se Φ(a) = Φ(b) para a 6= b, então Φ(a) ∈ Q ∩ [0, 1].
Solução: Observe que Φ(0, 0, . . .) = 0 e Φ(9, 9, . . .) = 1. É claro que Φ é sobrejetiva,
mas não é injetiva, pois
9 9 1
Φ(0, 9, 9, 9, . . .) = 2 + 3 +··· = = Φ(1, 0, 0, 0, . . .).
10 10 10
Sejam a = (a1 , a2 , . . .) e b = (b1 , b2 , . . .) duas sequências de AN tais que
X∞ X∞
an bn
n = n.
n=1
10 n=1
10
n0 = min{n ∈ N ; an 6= bn }.
Podemos supor sem perda de generalidade que an0 > bn0 , de modo que
∞
X ∞
X
an 0 +k
bn 0 +k
an0 + k
= bn0 +
k=1
10 k=1
10k
Exercı́cio 2.1: Seja x = (x1 , · · · , xn ) ∈ Rn . Mostre que cada uma das expressões
abaixo define uma norma em Rn .
n
X
kxk1 = |xi |, kxk∞ = max{|x1 |, · · · , |xn |}.
i=1
n
X n
X
kx + yk1 = |xj + yj | ≤ |xj | + |yj | = kxk1 + kyk1 .
j=1 j=1
(b) Para x ∈ Rn , definimos kxk∞ = max |x1 |, . . . , |xn | .
É claro que kxk∞ ≥ 0 e que kxk∞ = 0 se e somente se x = 0. Além disso,
kλxk∞ = max |λx1 |, . . . , |λxn | = |λ| max |x1 |, . . . , |xn | = |λ|kxk∞ .
p − 1 p−2 1
ϕ′ (λ) = λ kxkpp − 2 kykqq ,
p qλ
p kykqq
λp = .
q(p − 1) kxkpp
Por outro lado, kxk∞ = |xi0 | para algum i0 ∈ {1, 2, . . . , n}, o que implica
Portanto,
m1 m2 kxkα ≤ kxkγ ≤ M2 M1 kxkα , ∀x ∈ V.
Exercı́cio 2.5: Sejam p1 , p2 ∈ [1, ∞]. Mostre que as normas k kp1 e k kp2 de
Rn são equivalentes.
Solução: Vimos no Exercı́cio 2.3 que, qualquer que seja p ∈ [1, +∞), as normas k kp
e k k∞ são equivalentes (veja (2.5)). Portanto,
k kp1 ∼ k k∞ e k k∞ ∼ k kp2 .
k kp1 ∼ k kp2 .
Exercı́cio 2.8:
a) Seja A matriz n × n positiva-definida (isto é, hAx : xi > 0, ∀x ∈ Rn , x 6= 0) e
n
simétrica (isto é, hAx : yi = hx : Ayi, ∀x,
py ∈ R ), onde h:i denota onproduto
n
escalar usual de R . Mostre que kxkA = hAx : xi é uma norma em R .
b) Seja B matriz p n × n positiva-definida (nãon necessariamente simétrica). Mostre
que kxkB = hBx : xi é uma norma em R .
c) Sejam p A e B matrizes simétricas e positivas tais que AB = BA. Mostre que
kxk = hAx : Bxi é uma norma em Rn .
Solução: (a) Temos, por hipótese, A simétrica e hAx : xi > 0 para todo x ∈ Rn ,
x 6= 0. Portanto, kxkA > 0 para todo x 6= 0 e, obviamente, k0kA = 0. Além disso,
kλxk2A = hλAx : λxi = λ2 hAx : xi2 , o que implica
kλxkA = |λ|kxkA .
Para verificar a desigualdade triangular, observe que |hAx : yi| ≤ kxkA kykA (desigual-
dade de Cauchy-Schwarz). De fato,
Então
X X X bij + bji
hBx : xi = bij xj xi = bii x2i + xi xj = hAx : xi.
i,j i
2
i6=j
Observação (ao estudante menos atento): Para que a afirmativa acima não pareça à
primeira vista mais artificiosa do que realmente é, considere o seguinte exemplo em
R2 :
6 3
B=
1 5
A forma quadrática associada a B é hBx : xi = 6x21 + 4x1 x2 + 5x22 , que podemos
escrever na forma
6 2 x1 1
(x1 , x2 ) · = h (B + B T )x : xi.
2 5 x2 2
14 Cálculo Avançado
(AB)T = B T AT = BA = AB.
Portanto, este caso se reduz ao caso (a) se tivermos a garantia de que AB é positiva.
Sabemos que A e B são simétricas e positivas. Portanto, são diagonalizáveis e todos os
autovalores são positivos. Sejam λ1 , . . . , λn os autovalores de A e µ1 . . . , µn os autova-
lores de B. Como A e B comutam, são simultaneamente diagonalizáveis, isto é, existe
uma base ortonormal de Rn formada por autovetores de A e B. Mais precisamente,
existe uma base ortonormal {~u1 , ~u2 , . . . , ~un } tal que
Observação (para o estudante mais atento): Dê um exemplo que mostre que a hipótese
AB = BA é essencial.
n
X n
X
T
hA : Bi = [A B]ii = hCi (A) : Ci (B)iRm ,
i=1 i=1
Métricas e Normas 15
n
Exercı́cio 2.10 k ∈ N seja fk : [0, 1] → R, fk (x) := x . Mostre que o
: Para cada
conjunto X := f1 , f2 , f3 , . . . é linearmente independente e conclua que C [0, 1]; R
tem dimensão infinita.
Solução: Consideremos uma combinação linear (finita) nula de elementos de X , isto
é, α1 fk1 + · · · + αm fkm = 0. Sem perda de generalidade, podemos supor que k1 <
k2 < · · · < km . Então
Vamos supor por um momento que, para qualquer que seja g: X → R, vale a desigual-
dade
sup |g(x)| − inf |g(x)| ≤ sup g(x) − inf g(x). (2.9)
x∈X x∈X x∈X x∈X
Então
De (2.10) temos
α2 − β 2 ≤ (a21 − b21 ) + · · · + (a2n − b2n ).
Dividindo a desigualdade acima por α + β, temos
a 1 + b1 a n + bn
α − β ≤ (a1 − b1 ) + · · · + (an − bn ) .
α+β α+β
α − β ≤ (a1 − b1 ) + · · · + (an − bn ),
Então existe ε0 > 0 tal que sup g − inf g + ε0 < sup |g| − inf |g|. Em particular,
Fixemos x ∈ X arbitrário. Então inf g > g(x) + ε0 + inf |g| − sup |g|, de modo que
Em particular, se x0 ∈ A′ ⇒ x0 ∈ B ′ .
(d) Seja x0 ∈ (A ∪ B)′ e r > 0. Pela propriedade distributiva de “∩”em relação a “∪”,
∅=
6 Br (x0 ) \ {x0 } ∩ (A ∪ B) = Br (x0 ) \ {x0 } ∩ A ∪ Br (x0 ) \ {x0 } ∩ B .
| {z } | {z }
E F
E 6= ∅ ⇒ x0 ∈ A′ ⊂ A′ ∪ B ′ ;
F 6= ∅ ⇒ x0 ∈ B ′ ⊂ A′ ∪ B ′ .
Portanto, x0 ∈ (A ∪ B)′ .
(e) Seja x0 ∈ (A)′ . Então
Br (x0 ) \ {x0 } ∩ (A ∪ A′ ) 6= ∅, ∀r > 0
e assim,
Br (x0 ) \ {x0 } ∩ A ∪ Br (x0 ) \ {x0 } ∩ A′ 6= ∅.
| {z } | {z }
E F
Como
E 6= ∅ =⇒ x0 ∈ A′ ⊂ A,
F 6= ∅ =⇒ x0 ∈ (A′ )′ item (b) A′ ⊂ A,
⊂
A = A′ ∪ A ⊂ A ∪ A = A.
Consideremos as bolas
Br∗ (x0 ) = x ∈ Rn ; kx − x0 k∗ < r ,
Br∗∗ (x0 ) = x ∈ Rn ; kx − x0 k∗∗ < r .
Br∗ (x0 ) ⊂ BM
∗∗
r (x0 ) (∗)
Br∗∗ (x0 ) ⊂ ∗
Br/m (x0 ) (∗∗)
◦
A= (0, 1) ∪ (1, 2), A = [0, 2] ∪ {3}, α(A) = (0, 2), β(A) = [0, 2].
n1
[
K⊂ B1 (xj ).
j=1
n2
[
K⊂ B1/2 (xj ).
j=n1 +1
Sejam x ∈ K, ε > 0 e k ∈ N tal que 1/k < ε. Pela definição de A, existe xj ∈ A tal
que kx − xj k < 1/k < ε.
Abertos, Fechados, Compactos 23
Exercı́cio 3.5: Seja A = f ∈ C [0, 1]; R ; kf k∞ < 1 e f0 ≡ 0. Mostre que f0
é ponto interior de A relativamente à norma k k∞ mas não é ponto interior de A
relativamente à norma k k1 .
Solução: Observe que A é a bola aberta de centro em zero e raio 1 em relação à
norma k k∞ no espaço V = C([0, 1]; R). Logo A é aberto em relação a essa norma e
f0 é ponto interior.
Suponhamos que f0 é ponto interior de A com relação à norma k k1 . Então deve
existir R > 0 tal que se kf − f0 k1 < R, então f ∈ A.
Seja k ∈ N satisfazendo 2/(k + 1) < R e considere f (x) = 2xk . Como kf k1 < R,
deverı́amos ter f ∈ A. Mas é fácil ver que kf k∞ = 2, isto é, f ∈/ A. Logo tal R não
existe, o que significa que f0 não é ponto interior de A (em relação a k k1 ).
k ≥ k1 ⇒ kxk − l1 k < ε
k ≥ k2 ⇒ kxk − l2 k < ε
Se k0 = max{k1 , k2 } e k ≥ k0 , então
2
kl1 − l2 k ≤ kxk − l1 k + kl2 − xk k < 2ε = kl1 − l2 k,
3
um absurdo. Logo l1 = l2 .
(b) Se xk −→ l, então existe k0 ∈ N tal que kxk − lk < 1 ∀k ≥ n0 . Seja
Exercı́cio 3.7: Prove diretamente a equivalência dos itens (ii) e (iii) no Teorema 3.7
(pag. 35 do Cálculo Avançado).
Solução: Suponhamos K conjunto fechado e limitado de Rn e {xk }k uma sequência
de elementos de K. Consideremos o conjunto A = {x1 , x2 , x3 . . . , } ⊂ K que também
é limitado.
Se A for finito, alguns dos elementos da sequência se repetem infinitamente. Temos, as-
sim, uma subsequência constante xk1 = xk2 = · · ·, que é obviamente convergente, cujo
24 Cálculo Avançado
◦
a) Mostre que ∂A = A \ A = A ∩ (Rn \ A). Em particular, ∂A é fechado.
◦
b) Mostre que A = A ∪ ∂A e A = A \ ∂A.
c) Determine a fronteira de A = [0, 1] × [0, 1] ∩ Q2 .
Solução: (a) Condideremos as condições:
(
(1) Br (x) ∩ A 6= ∅,
∀r > 0.
(2) Br (x) ∩ (Rn \ A) 6= ∅,
◦
/ A. Se x ∈ A nada temos a provar, pois A ⊂ A. Se
Seja x ∈ ∂A. De (2) segue que x ∈
◦
/ A, a condição (1) significa que x ∈ A′ . Logo, ∂A ⊂ A \ A.
x∈
◦ ◦
Reciprovamente, seja x ∈ A \ A. Logo x ∈ / A, o que implica a condição (2). Como
′ ′
A = A ∪ A , temos x ∈ A ou x ∈ A , que, em qualquer dos casos, implica a condição
(1).
Além disso, a condição (1) é equivalente a x ∈ A e a condição (2) é equivalente a
x ∈ Ac . Portanto, x ∈ ∂A se, e somente se, x ∈ A ∩ (Rn \ A).
(b) x ∈ A se, e somente se, x ∈ A ∪ A′ . Se x ∈ A, é imediato que x ∈ A ∩ ∂A. Se
x∈/ A, então x ∈ Rn \ A e x ∈ A′ . Logo, qualquer que seja r > 0, temos
x ∈ Rn \ A ⇒ Br (x) ∩ Rn \ A 6= ∅
⇒ x ∈ ∂A
x ∈ A′ ⇒ Br (x) \ {x} ∩ A 6= ∅
Como o limite é zero com x ou y tendendo a zero sobre os respectivos eixos, concluı́mos
que o limite nesse caso não existe.
Para provar que a condição (a/c) + (b/d) > 1 é suficiente, vamos analisar dois casos:
Caso 1. (a/c) + (b/d) > 1 e max a/c, b/d > 1.
Podemos supor sem perda de generalidade que a/c > 1. Assim, se |x| ≤ 1, temos
b |x|c
f (x, y) ≤ |y| ≤ |y|b ,
|x|c + |y|d
e a conclusão segue caso seja possı́vel encontrar p, q nas condições acima tais que
ap − c > 0 e bq − d > 0.
Para isso, observemos que o ponto P = (a/c, b/d) pertence ao triângulo ABC (veja a
Figura 4.1).
y
C
B
b/d P
1/q
Q
x
1/p a/c A
Figura 4.1
Se considerarmos a projeção de P sobre a reta x+y = 1, obtemos o ponto Q = (x0 , y0 ),
onde
1 a b 1 a b
x0 = 1+ − e y0 = 1− + .
2 c d 2 c d
Observe que 0 < x0 < 1, 0 < y0 < 1 e x0 + y0 = 1, de modo que podemos podemos
escolher p = 1/x0 e q = 1/y0
É claro que
1 a b a a b
1+ − < ⇐⇒ 1 < + ;
2 c d c c d
1 a b b a b
1− + < ⇐⇒ 1 < + .
2 c d d c d
Portanto, temos as desigualdades
1 a 1 b
< ⇒ ap − c > 0 e < ⇒ bq − d > 0,
p c q d
Então f é contı́nua.
Solução: (a) Primeiramente, observe que
a + b + |a − b|
max{a, b} = , ∀a, b ∈ R.
2
Portanto
f1 (x) + f2 (x) + |f1 (x) − f2 (x)|
g(x) = .
2
Como a aplicação s 7→ |s| é contı́nua, vale a afirmativa em (a).
(b) Falso. De fato, sejam
n n
1 se x ≥ 0 0 se x ≥ 0
f1 (x) = , f2 (x) = .
0 senão 1 senão
Então, g ≡ 1 é contı́nua, mas fi não é.
(c) Vamos provar por indução. O item (a) nos garante a validade para n = 2. Supo-
nhamos a afirmativa válida para k − 1, isto é, se f1 , . . . , fk−1 são contı́nuas, então
g = max{f1 , . . . , fk−1 } também é contı́nua.
Sejam f1 , . . . , fk−1 , fk funções contı́nuas e consideremos
f = max{f1 , . . . , fk }.
g = max{f1 , . . . , fk−1 }.
A 6= ∅, A 6= X, ∂A ∩ X = ∅.
Então A 6= ∅ e X \ A 6= ∅.
Se x ∈ A é um elemento qualquer, então x ∈ / ∂A, pois ∂A ∩ X = ∅. Logo, existe
rx > 0 tal que Brx (x) não intercepta X \ A, o que implica Brx (x) ⊂ A. Como x ∈ A
foi tomado arbitrariamente, concluı́mos que A é aberto.
Da mesma forma, se x ∈ X \A é um elemento qualquer, então x ∈/ ∂A, pois ∂A∩X = ∅.
n
Logo, pelo mesmo argumento acima, concluı́mos que R \ A é aberto.
30 Cálculo Avançado
Exercı́cio 4.4: Demonstre o Lema 4.2 (da pag. 45 do texto). Use o resultado para
mostrar que se 1 < p1 , p2 , . . . , pk < +∞ são tais que
1 1 1
+ +···+ = 1,
p1 p2 pk
Solução: Vamos demonstrar o Lema 4.2. Por hipótese, se x, y ∈ A e λ ∈ (0, 1), então
f λx + (1 − λ)y ≤ λf (x) + (1 − λ)f (y).
Observando que
λ2 λk+1
+···+ =1
1 − λ1 1 − λ1
segue da hipótese de indução
λ2 λk+1
f (y) ≤ f (x2 ) + · · · + f (xk+1 ). (4.4)
1 − λ1 1 − λ1
Exercı́cio 4.6:
a) Sejam A e B subconjuntos de Rn e f : A −→ B uma função bijetora. Se A é
compacto e f é contı́nua, mostre que f −1 : B −→ A é contı́nua.
b) Dê exemplo com A, B ⊂ R e f : A −→ B bijetora e contı́nua tal que f −1 : B −→ A
não é contı́nua. Faça o mesmo com A, B ⊂ R2 .
Solução: (a) Seja {yk }k sequência de B tal que yk → y. Queremos mostrar que
f −1 (yk ) → f −1 (y).
Primeiramente, observe que, sendo B fechado e yk ∈ B, temos y ∈ B. Como f é
bijetora, para cada k ∈ N, existe um único xk ∈ A tal que yk = f (xk ). Analogamente,
existe um único x ∈ A tal que y = f (x). Como A é compacto, existe uma subsequência
{xki } que converge para algum x e ∈ A. Pela continuidade de f ,
f (xki ) i→+∞ f (e
x).
−→
Entretanto, sabemos que f (xki ) = yki → y = f (x). Pela unicidade dos limites,
concluı́mos que f (e
x) = f (x) e pela injetividade de f obtemos x
e = x.
Além disso, é toda a sequência {xk } que converge para x. De fato, se tomarmos uma
outra subsequência qualquer de {xk } que converge para algum x b ∈ A, os mesmos
argumentos anteriores nos levarão à x b = x.
Logo, f −1 (yk ) = xk → x = f −1 (y). O Teorema 4.2 (pag. 38) nos garante que f −1 é
contı́nua.
(b) Exemplo de uma função f : A ⊂ R → B ⊂ R bijetora e contı́nua com inversa
descontı́nua.
32 Cálculo Avançado
xα − y α ≤ M (x − y)α , ∀x ≥ y ≥ 0. (4.6)
g(x) = (x − y)α − xα + y α ,
Ou, o que é equivalente, queremos mostrar que, quaisquer que sejam M > 0 e 0 <
α ≤ 1, podemos encontrar x0 , y0 ∈ [0, 1/e] tais que |f (x0 ) − f (y0 )| ≥ M |x0 − y0 |α .
Consideremos a função g: [0, 1] → [0, 1/e] definida por
0 se y = 0
g(y) = 2
exp(−1/y ) se 0 < y ≤ 1
exp(−1/y 2 )
lim = 0.
y→0+ yn
exp(−1/y02 )
< ε,
y0n
1
dist(x, F ) ≤ kx − yk k < dist(x, F ) + .
k
Logo, a sequência {yk }k é limitada e podemos extrair uma seubsequência {yki } que
converge para algum yx ∈ F . O resultado segue da passagem ao limite com ki → +∞
nas desigualdades acima.
(b) Sejam x1 , x2 ∈ Rn . Pelo item anterior, existem y1 , y2 ∈ F tais que
dist(xi , F ) = kxi − yi k, i = 1, 2.
Então,
kx1 − x2 k ≥ kx2 − y1 k − ky1 − x1 k ≥ dist(x2 , F ) − dist(x1 , F ).
Analogamente,
Exercı́cio 4.12:
a) Mostre que se A ⊂ Rn é um conjunto aberto e convexo e f : A → R é uma função
convexa, então f é contı́nua. Mostre que o resultado é falso se A não for aberto.
b) Seja f : [a, b] → R função convexa. Mostre que f é semicontı́nua superiormente
em [a, b].
c) Dê um exemplo de uma função convexa definida na bola B = {x ∈ R2 ; kxk2 ≤ 1}
que não seja semicontı́nua superiormente em B.
Solução: (a) Seja x0 ∈ A. Como A é aberto, podemos escolher r > 0 tal que
Br (x0 ) ⊂ A. Seja g: B2 (0) → R a função definida por:
r
g(x) = f (x0 + x) − f (x0 ), ∀x ∈ B2 (0),
2
onde B2 (0) = {x ∈ Rn ; kxk2 ≤ 2}. Então é fácil verificar que g é convexa em B2 (0) e
g(0) = 0.
Os mesmos argumentos usados nas etapas 1 e 2 da prova do Teorema 4.10 nos levam
à conclusão de que g é contı́nua em 0 e, consequentemente, f é contı́nua em x0 .
O resultado é falso se A não for aberto. De fato, considere a função f : [0, 1] → R tal
que f (1) = 1 e f (x) = 0 para x ∈ [0, 1). Obviamente f não é contı́nua e é fácil verificar
que f é convexa.
(b) Se f : [a, b] → R é convexa, então f é contı́nua em (a, b). Provemos que f é s.c.s.
em a. Seja {xk }k uma sequência em [a, b] tal que x → a+ . Então podemos escrever
xk = λk b + (1 − λk )a, com λk → 0+ . Como f é convexa, temos
f (xk ) ≤ λk f (b) + (1 − λk )f (a).
Tomando o limite superior dois lados da desigualdade acima, temos
lim sup f (xk ) ≤ f (a)
n→+∞
Portanto λx + (1 − λ)y ∈ Nr .
Exercı́cio
4.15: Seja f : Rn → R uma função estritamente convexa, isto é, f tx1 +
(1 − t)x2 < tf (x1 ) + (1 − t)f (x2 ), para todo x1 , x2 ∈ Rn e para todo t ∈ ]0, 1[. Mostre
que se f é coerciva (veja (4.5)), então existe um único x0 ∈ Rn tal que f (x0 ) ≤ f (x),
∀x ∈ Rn .
Solução: Sabemos que se f é convexa em Rn , então f é contı́nua. Sendo coerciva
(veja Exercı́cio 4.7), existe x0 ∈ Rn tal que f (x0 ) ≤ f (x), ∀x ∈ Rn .
Resta-nos mostrar que tal x0 é único. Suponhamos então que existem dois pontos x0
e x1 diferentes tais que
kx − zk2 ≥ kx − x1 k2 ≥ kx − yk2
hx − y : z − yi ≤ 0, ∀z ∈ C. (4.12)
e obtemos (4.11).
Para provar que y é único, suponhamos y1 , y2 satisfazendo (4.11). Então
hx − y1 : z − y1 i ≤ 0
∀z ∈ C. (4.13)
hx − y2 : z − y2 i ≤ 0
ou equivalentemente
temos definida uma norma no espaço vetorial das matrizes e vale a desigualdade
kAxk• ≤ kAkkxk∗ ∀x ∈ Rn . A norma definida por (4.16) é denominada norma
induzida pelas normas k k∗ e k k•
Solução: (1) Consideremos A matriz m × N e g: Rn → R a função definida por
g(x) = kAxk• . É claro que g é contı́nua. Como o conjunto K = x ∈ Rn ; kxk∗ = 1
é compacto, existe x0 ∈ K tal que g(x0 ) ≥ g(x), ∀x ∈ K. Portanto,
MA = kAx0 k• ≤ C < mA + ε.
kBxk ≤ MB e kAyk ≤ MA .
(3) Seja A = (aij )i,j matriz m × N . Calculemos MA nos três casos seguintes:
(a) MA = sup kAxk∞ ; kxk∞ = 1 .
Portanto,
Xn
kyk∞ ≤ max |aij | kxk∞
i
j=1
Para provar a igualdade, seja i0 o ı́ndice sobre o qual o máximo em (4.19) é atingido,
isto é,
Xn n
X
|ai0 j | = max |aij |
i
j=1 j=1
Portanto,
Xn
max |aij | ≤ MA = mA . (4.20)
i
j=1
então
n
X
kAk∞∞ = max kL1 k1 , kL2 k1 , . . . , kLm k1 = max |aij | .
i
j=1
(b) MA = sup kAxk1 ; kxk1 = 1 .
y = x1 C1 + x2 C2 + · · · + xn Cn .
Portanto,
kyk1 ≤ |x1 |kC1 k1 + · · · + |xn |kCn k1 ≤ max kC1 k1 , . . . , kCn k1 kxk1 ,
o que implica
mA ≤ max kC1 k1 , . . . , kCn k1 . (4.22)
Para provar a igualdade, seja j0 o ı́ndice em (4.22) em que o máximo é atingido, isto
é,
kCj0 k1 = max kC1 k1 , . . . , kCn k1 .
Tomando x = (0, 0, . . . , 1, 0, . . . , 0) o j0 -ésimo vetor da base canônica, é fácil ver que
kxk1 = 1 e Cj0 = Ax. Portanto
kCj0 k1 = max kC1 k1 , . . . , kCn k1 ≤ MA = mA ,
Limite e Continuidade 43
(c) MA = sup kAxk∞ ; kxk1 = 1 .
y = x1 C1 + x2 C2 + · · · + xn Cn .
Portanto,
kyk∞ ≤ |x1 |kC1 k∞ + · · · + |xn |kCn k∞ ≤ max kC1 k∞ , . . . , kCn k∞ kxk1 ,
o que implica
mA ≤ max kC1 k∞ , . . . , kCn k∞ . (4.24)
Para provar a igualdade, seja j0 o ı́ndice em (4.24) em que o máximo é atingido, isto
é,
kCj0 k∞ = max kC1 k∞ , . . . , kCn k∞ .
Tomando x = (0, 0, . . . , 1, 0, . . . , 0) o j0 -ésimo vetor da base canônica, é fácil ver que
kxk1 = 1 e Cj0 = Ax. Portanto
kCj0 k∞ = max kC1 k∞ , . . . , kCn k∞ ≤ MA = mA ,
Solução: Seja k = inf{kAxk ; kxk = 1}. É claro que k ≥ 0. Como a esfera unitária
{x ∈ Rn ; kxk = 1} é um conjunto compacto e a aplicação x 7→ kAxk é contı́nua,
existe x0 unitário tal que kAx0 k = k.
Se f (x) = Ax é injetora, então k é estritamente positivo. De fato,
k = 0 ⇒ Ax0 = 0 ⇒ x0 = 0,
o que é impossı́vel, pois kx0 k = 1.
Assim, se x ∈ Rn , x 6= 0, temos
x
k ≤
A
= 1 kAxk ⇒ kAxk ≥ kkxk.
kxk
kxk
A recı́proca é imediata, pois se x 6= y e kAx − Ayk ≥ kkx − yk > 0, temos Ax 6= Ay,
isto é, f injetora.
Limite e Continuidade 45
det: M2 −→ R
a11 a12
7→ a11 a22 − a21 a12
a21 a22
| det(A − B)| = |(a11 − b11 )(a22 − b22 ) − (a12 − b12 )(a21 − b21 )|
≤ |a11 − b11 ||a22 − b22 | + |a12 − b12 ||a21 − b21 |
1
≤ |a11 − b11 |2 + |a22 − b22 |2 + |a12 − b12 |2 + |a21 − b21 |2
2
1
= kA − Bk22
2
Como S+ é a imagem inversa do intervalo aberto (0, +∞) pela aplicação A 7→ det A,
isto é, S+ = det−1 (0, +∞), segue do item (a) que S+ é um conjunto aberto de M2 .
O mesmo vale para S− , de modo que S = S+ ∪ S− é aberto. Além disso, como
S+ ∩ S− = ∅, concluı́mos que S é desconexo.
(c) Consideremos a aplicação f : S → S, definida por f (X) = X −1 e fixemos X0 ∈ S.
Como M2 é espaço de dimensão 4, todas as normas são equivalentes. Podemos então
consideremos em M2 a norma induzida pela norma euclidiana (tal como definida no
Exercı́cio 4.17), isto é,
kAk = sup{kAxk2 ; kxk2 = 1}.
e concluı́mos que f é uniformemente contı́nua. Por indução, é fácil mostrar que, para
todo x ∈ Rn ,
f (nx) = nf (x), ∀n ∈ N. (4.27)
Além disso,
x x x 1
f (x) = f n = nf ⇒ f = f (x). (4.28)
n n n n
De (4.27) e (4.28) obtemos facilmente f (rx) = rf (x) para todo r ∈ Q e para todo
x ∈ Rn . Seja x ∈ Rn e λ ∈ R. Por densidade, existe uma sequência (rk )k de números
racionais tal que rk → λ. Como f é contı́nua, temos
Vamos denotar por [x, y] o segmento que liga os pontos x e y, isto é,
[x, y] = αy + (1 − α)x ; α ∈ [0, 1] .
48 Cálculo Avançado
Só nos resta então demonstrar a desigualdade (4.29), o que faremos por indução.
A desigualdade é verdadeira para n = 1. Suponhamos verdadeira para n − 1, isto é,
k 2n−1 − k k 2n−1 − k
f y + x ≤ f (y) + f (x), ∀k ∈ {0, 1, 2, . . . , 2n−1 }.
2n−1 2n−1 2n−1 2n−1
kf (x) − f (y)k∞ = k(s/3 − t/4, s/2 + t/2)k∞ = max{|s/3 − t/4|, |s/2 + t/2|}.
Escolhendo s = t = 1, obtemos
M ≤ g(m). (4.33)
52 Cálculo Avançado
Suponhamos, por absurdo, que a desigualdade em (4.33) seja estrita, isto é, M <
g(m). Então podemos escolher ε0 > 0 (por exemplo ε0 = (g(m) − M )/2) tal que
M < g(m) − ε0 . Como m é o supremo, para cada n ∈ N, existe xn ∈ X tal que
1
m− < f (xn ).
n
Logo,
1
g(m − ) ≤ g(f (xn)) ≤ M < g(m) − ε0 . (4.34)
n
Fazendo n → ∞ e considerando que g é função contı́nua, obtemos de (4.34) g(m) ≤
M < g(m) − ε0 , o que é um absurdo. Logo, M = g(m) como querı́amos provar.
Observação ao aluno menos atento: o resultado continua válido se g é crescente e sci.
inf A ≤ x ≤ sup A, ∀x ∈ A.
(b) Vamos supor por absurdo que M < f (sup A). Então, para ε0 > 0 suficientemente
pequeno,
M < f (sup A) − ε0 . (4.35)
Como f é s.c.i em R, para cada x0 ∈ R e para cada ε > 0, existe δ > 0 tal que se
|x − x0 | < δ, então f (x) > f (x0 ) − ε.
Consideremos então x0 = sup A e ε = ε0 escolhido acima. Então existe δ > 0 tal que
De (4.36) obtemos
f (x0 ) − ε ≤ inf Sk0 ≤ lim inf f (kk ),
k→∞
Como ε é arbitrário, concluı́mos que
f (x0 ) ≤ lim inf f (kk ).
k→∞
é claro que f (x0 ) < l não pode ocorrer, pois x0 ∈ K. Logo f (x0 ) = l, que era o que
querı́amos provar.
f (x0 ) − ε/2 < fα0 (x0 ) < fα0 (x) + ε/2 ≤ f (x) + ε/2
∂f
(0, 0) = 0 ∀u ∈ R2 vetor unitário,
∂u
mas f não é diferenciável em (0, 0).
b) Verifique que a função f do Exemplo 6 deste capı́tulo é obtida de (5.1) com
ϕ(s) = 2s/(1 + s2 ) e ψ(s) = s.
c) Sejam ψ(s) = 1 ∀s ≥ 0 e ϕ = 1[1,2] a função caracterı́stica de [1, 2], isto é, ϕ(s) = 1
se s ∈ [1, 2] e ϕ(s) = 0 senão. Mostre que f definida por (5.1) satisfaz o item (a)
mas f não é contı́nua em (0, 0).
Solução: (a) Seja u = (u1 , u2 ) vetor unitário de R2 e consideremos
f (0 + λu) − f (0) ϕ(u2 /λu21 )|u1 | se u1 =
6 0
= .
λ 0 se u1 = 0
∂f
(0, 0) = 0.
∂u
Em particular, ∇f (0, 0) = (0, 0).
Suponhamos por absurdo que f é diferenciável em (0, 0). Então
|ε(h)|
lim = 0.
h→0 khk1
Portanto, f (h) = ε(h) para todo h ∈ R2 . Se ϕ é não nula, existe α tal que ϕ(α) 6= 0.
Então, para h = (t, αt2 ) temos ε(h) = ϕ(α)|t| e
|ε(h)| |ϕ(α)|
lim = lim = |ϕ(α)| =
6 0,
t→0 khk1 t→0 1 + |α||t|
(c) Consideremos ψ(s) ≡ 1 e ϕ a função caracterı́stica do intervalo [1, 2], isto é,
n
1 se 1 ≤ s ≤ 2
ϕ(s) =
0 senão
Exercı́cio 5.2:
a) Considere f : Rn → R dada por f (x) = 12 kxk22 . Mostre que f é diferenciável e que
f ′ : Rn → Rn é a matriz identidade I.
b) Seja f : Rn → R dada por f (x) = p1 kxkpp , com 1 < p < ∞. Mostre que f é
diferenciável. Mostre que kf ′ (x)kqq = kxkpp , ∀x ∈ Rn e 1/p + 1/q = 1.
Solução: (a) f (x) = 12 kxk22 . Então
1 1 1
f (x + h) = kx + hk22 = kxk22 + hx : hi + khk22 .
2 2 2
Funções Diferenciáveis 59
|ε(h)| 1
≤ khk2 → 0 quando h → 0,
khk2 2
∂f
(x) = ϕ(xi ) = |xi |p−2 xi
∂xi
onde
ε(h) = hf (x) : ε2 (h)i + hLh : ε2 (h)i + hg(x) : ε1 (h)i +
+ hM h : ε1 (h)i + hLh : M hi + hε1 (h) : ε2 (h)i
ε(h)
→0 quando h → 0,
khk2
então F é diferenciável em Rn e
|ε(h)| kε (h)k
2 2
kε (h)k
1 2
≤ kf (x)k2 + kLhk2 + kg(x)k2 + kM hk2 +
khk2 khk2 khk2
kε2 (h)k2
+ kε1 (h)k2 + kLkkM kkhk2
khk2
Como kkk = kAhk ≤ Ckhk, fica claro que k → 0 quando h → 0. Portanto, decorre de
(5.3) que
|ε(Ah)|
lim =0
h→0 khk
Portanto,
ǫ(th)khk
tf (h) − thf ′ (0) : hi = ǫ(th) ⇒ f (h) − hf ′ (0) : hi = → 0 quando t → 0.
kthk
Logo, f é linear.
(c) Suponhamos f diferenciável e p-homogênea. Para cada x ∈ Rn fixado, considere-
mos a função real ϕ: (0, +∞) → R definida por ϕ(s) = sp f (x).
É claro que ϕ′ (s) = psp−1 f (x). Por hipótese, ϕ(s) = f (sx) e como f é diferenciável,
temos da regra da cadeia
Assim, psp−1 f (x) = h∇f (sx) : xi para todo s > 0. Tomando s = 1 obtemos
como querı́amos.
Reciprocamente, suponhamos f : Rn → R diferenciável satisfazendo a propriedade
Novamente, consideremos a função ϕ(s) = f (sx) definida para s > 0. Então, pela
regra da cadeia,
1 1 p
ϕ′ (s) = h∇f (sx) : xi = h∇f (sx) : sxi = pf (sx) = ϕ(s),
s s s
isto é,
sϕ′ (s) − pϕ(s) = 0, s>0 (5.4)
Multiplicando ambos os lados de (5.4) por s−p−1 , temos
p ′ p−1 d −p
s ϕ (s) − ps ϕ(s) = s ϕ(s) = 0.
ds
Portanto existe uma constante C tal que s−p ϕ(s) = C para todo s > 0, isto é,
f (sx) = ϕ(s) = Csp , para todo s > 0. Tomando s = 1, obtemos f (x) = C. Assim,
f (sx) = f (x)sp para todo s > 0, o que significa dizer que f é p-homogênea.
Observação: Se você acha que multiplicar a equação (5.4) por s−p−1 é artificioso
demais, escreva (5.4) na forma
ϕ′ (s) p d d
= ⇐⇒ ln |ϕ(s)| = p ln s.
ϕ(s) s ds ds
|ϕ(s)| = ea sp = Csp
Seja γ(t) = fj (x + th). Então γ é função real diferenciável e, pela regra da cadeia,
Lembrando que
· · · ∇f1 (x + th) · · ·
[f ′ (x + th)] = · · · ··· ···
· · · ∇fm (x + th) · · ·
a conclusão segue da definição (5.5).
Funções Diferenciáveis 65
1
|λ(x)| =
kxk2
e consequentemente
x
f (x) = ± . (5.6)
kxk2
Como f é contı́nua, então somente uma das possibilidades ocorre:
x x
f (x) = ou f (x) = −
kxk2 kxk2
Como as derivadas parciais acima são funções contı́nuas em R2 \ {(0, 0)}, concluı́mos
que f é diferenciável em R2 \ {(0, 0)}.
(b) Seja inicialmente C uma circunferência de centro em x0 passando pela origem.
Então
C = x ∈ R2 ; kx − x0 k = kx0 k .
Mas kx − x0 k2 = kx0 k2 se e somente se 2hx : x0 i = kxk2 ou equivalentemente
x 1
2
: x0 =
kxk 2
Então (veja Exercı́cio 4.17 (2d)), kABk∗ ≤ kAk∗ kBk∗ , para quaisquer A, B ∈ V .
Consideremos f : V → V definida por f (X) = X 2 . Então podemos escrever
kε(H)k∗ = kH 2 k∗ ≤ kHk2∗ ,
o que implica
kε(H)k∗
0≤ ≤ kHk∗
kHk∗
de onde concluı́mos que f é diferenciável em X0 e f ′ (X0 )H = X0 H + HX0 para todo
H ∈V.
Analogamente, se f (X) = X 3 , então
Consideremos
L(H) = X02 H + X0 HX0 + HX02
ε(H) = X0 H 2 + HX0 H + H 2 X0 + H 3
É claro que L: V → V é linear e
xk → x0 e hk → h0 .
◦
Seja K ⊂ Ω um conjunto compacto com interior não vazio e x ∈K. Para h suficiente-
mente pequeno, temos
Z 1
f (x + h) − f (x) = f ′ (x + sh)h ds,
0
de modo que
Z 1
ε(x, h) = [f ′ (x + sh) − f ′ (x)]h ds.
0
Assim,
Z 1
′ ′
kε(x, h)k2 ≤ kf (x + sh) − f (x)k ds khk2 .
0
kε(x, h)k2
< ε se khk2 < δ, ∀x ∈ K.
khk2
Funções Diferenciáveis 69
Solução: Seja
Z d Z d Z d
∂f
ε(h) = f (x0 + h, y) dy − f (x0 , y) dy − h (x0 , y) dy.
c c c ∂x
Para provar que g(x) é derivável em x0 , basta mostrar que |ε(h)|/h tende para zero
quando h tende para zero.
Como a aplicação t 7→ f (x0 + th, y) é de clase C 1 no intervalo [0, 1], temos
Z 1
∂f
f (x0 + h, y) − f (x0 , y) = h (x0 + th, y) dt.
0 ∂x
Portanto, Z
Z d 1 ∂f ∂f
|ε(h)| = |h| (x + th, y) − (x , y) dt dy. (5.10)
∂x 0
∂x
0
c 0
Dividindo ambos os lados da desigualdade (5.10) por |h| e considerando (5.11), con-
cluı́mos
|ε(h)|
< ε se |h| < δ.
|h|
Exercı́cio 5.14: Calcule PC (x) e f (x) definida por (5.19) (pag. 91 do livro texto)
para cada um dos seguintes convexos:
(a) C = [0, +∞[;
(b) C = [0, 1];
(c) C = [0, +∞[ ×[0, +∞[
(d) C = BR (0) a bola de raio R e centro em zero de Rn .
Descreva o operador de projeção PC nos três primeiros casos acima usando a notação
x + |x|
x+ = max{x, 0} = .
2
70 Cálculo Avançado
e o potencial correspondente é
0 se x < 0
f (x) =
x2 /2 se x ≥ 0
x + |x| 1 + 2 (x + |x|)2
PC (x) = x+ = e f (x) = (x ) =
2 2 8
e no caso (b)
+ + 1 x + |x| x + |x| − 2
+
PC (x) = x − (x − 1) = + − .
2 4 4
1
PC (x, y) = (x+ , y +) e f (x, y) = (x+ )2 + (y + )2 .
2
e o potencial correspondente é
kxk22 /2 se kxk2 ≤ R
f (x) = 2
Rkxk2 − R /2 se kxk2 > R
Funções Diferenciáveis 71
satisfaz a propriedade
ε(h)
lim = 0. (5.13)
h→0 khk
Suponhamos por absurdo que (5.13) é falso, isto é, existe ε0 > 0 e uma sequência {hk }
que tende a zero tal que
|ε(hk )|
≥ ε0 . (5.14)
khk k
Seja hk = λk νk , onde kνk k = 1. Então
ε(hk ) f (x0 + λk νk ) − f (x0 )
= − h∇f (x0 ) : νk i.
λk λk
Como a esfera unitária S = {ν ∈ Rn ; kνk = 1} é compacta, podemos supor sem perda
de generalidade que {νk }k converge para ν ∈ S. Logo,
ε(hk ) f (x0 + λk νk ) − f (x0 )
= − h∇f (x0 ) : νk i
λk λk
f (x0 + λk νk ) − f (x0 + λk ν) f (x0 + λk ν) − f (x0 )
= +
λk λk
− h∇f (x0 ) : νi − h∇f (x0 ) : νk − νi
72 Cálculo Avançado
Como estamos supondo f Lipschitz, existe C > 0 tal que |f (x0 +λk νk )−f (x0 +λk ν)| ≤
Cλk kνk − νk. Portanto
ε(hk ) f (x0 + λk ν) − f (x0 )
≤ Ckνk − νk + − h∇f (x ) : νi
λk λk
0 (5.15)
+ k∇f (x0 )kkνk − νk.
Como o lado direito de (5.15) tende a zero quando n tende a infinito, (5.15) entra
em contradição com (5.14). Consequentemente vale (5.13) e concluı́mos que f é difer-
enciável em x0 .
Exercı́cio 5.16: (a) Verifique diretamente a fórmula no caso n = 2, calculando a
derivada do determinante
det A(t) = a11 (t)a22 (t) − a12 (t)a21 (t).
(b) Seja A(t) matriz n × n. Calcule
!
d 1
.
dt det A(t)
Solução: (a) Se g(A) = det(A) e A invertı́vel, então g ′ (A)H = tr(A−1 H) det(A), para
toda matriz H. Pela Regra da Cadeia, temos
d
g A(t) = g ′ (A)A′ (t) = tr A(t)−1 A′ (t) det A(t).
dt
No caso particular n = 2, temos
d
det A(t) = a′11 (t)a22 (t) + a11 (t)a′22 (t) − a′12 (t)a21 (t) − a12 (t)a′21 (t)
dt ′
a11 (t) a′12 (t) a22 (t) −a12 (t)
= tr
a′12 (t) a′21 (t) −a21 (t) a11 (t)
= tr A′ (t)A−1 (t) det(A(t)).
(b) Para simplificar a notação, não explicitaremos a variável t. Assim, pela regra da
cadeia,
d 1 g ′ (A)A′ tr(A−1 A′ ) det(A) tr(A−1 A′ )
=− =− =− . (5.16)
dt g(A) g(A)2 det(A)2 det(A)
Observação: Vale lembrar que det(A−1 ) = 1/ det(A). Assim, aplicando a regra da
cadeia na função t 7→ det A−1 (t) , obtemos
d
det(A−1 ) = det(A−1 ) tr A(A−1 )′ . (5.17)
dt
Como veremos adiante (veja Exercı́cio 10.10(iii)), se A é invertı́vel, a função A 7→ A−1
é difereciável como função definida no espaço das matrizes, cuja diferencial em A é
dada por H 7→ −A−1 HA−1 . Portanto, aplicando a regra da cadeia em (5.17), temos
d
det(A−1 ) = det(A−1 ) tr A(A−1 )′ = det(A−1 ) tr −AA−1 A′ A−1 )
dt
tr A−1 A′ )
= − det(A−1 ) tr A′ A−1 ) = −
det(A)
Funções Diferenciáveis 73
Exercı́cio 5.17: Seja M2×2 (R) o espaço das matrizes quadradas de ordem 2 e
considere a função
g : M2×2 (R) → R, g(A) = det(A).
Seja f : M2×2 (R) → M2×2 (R) definida por
a b d −b
A= 7→ f (A) = . (5.18)
c d −c a
Mostre que
g(A + H) = g(A) + tr f (A)H + det(H),
e conclua que g é diferenciável, com g ′ (A) = f (A)T . Observe que se det(A) 6= 0, então
f (A) = det(A)A−1 .
Solução: Seja H a matriz com coeficientes hij , i, j = 1, 2. Calculando diretamente,
obtemos
Exercı́cio 5.18: Seja A0 ∈ M2×2 (R). Suponha que A0 admite dois autovalores
reais λ1 (A0 ) 6= λ2 (A0 ).
(a) Mostre que existe δ > 0 tal que se A ∈ M2×2 (R) e kA − A0 k < δ, então A admite
dois autovales λ1 (A) e λ2 (A) reais e distintos.
(b) Mostre que a aplicação A 7→ λi (A) é diferenciável na bola Bδ (A0 ) e calcule as
derivadas λ′i (A), i = 1, 2.
(c) Usando o item (b), mostre que
∂ ∂
λi (A) λi (A)
a b ′ ∂a ∂b
A= ⇒ λi (A) =
c d ∂ ∂
λi (A) λi (A)
∂c ∂d
λ2 − tr(A0 )λ + det(A0 ) = 0,
1 p
2
λ1 (A0 ) = tr(A0 ) + tr(A0 ) − 4 det(A0 ) ,
2 (5.19)
1 p
λ2 (A0 ) = 2
tr(A0 ) − tr(A0 ) − 4 det(A0 ) .
2
74 Cálculo Avançado
Como por hipótese A0 tem dois autovalores reais e distintos, tr(A0 )2 − 4 det(A0 ) > 0.
Da continuidade das funções determinante e traço, podemos garantir que existe δ
satisfazendo as condições do item (a).
(b) Consideremos a função λ1 (A) em (5.19) definida na bola Bδ (A0 ). Pela regra da
cadeia e o Exercı́cio 5.17, temos que λ1 (A) é diferenciável Bδ (A0 ) e
" #
1 2 tr(A) tr(H) − 4 tr(f (A)H)
λ′1 (A)H = tr(H) + p ,
2 2 tr(A)2 − 4 det(A)
ou equivalentemente,
−1/2
′ 1 2 T
λ1 (A) = I + tr(A) − 4 det(A) tr(A)I − 2f (A) , (5.20)
2
onde f (A) é definida em (5.18).
Pela semelhança das fórmulas, é imediato verificar que
−1/2
′ 1 2 T
λ2 (A) = I − tr(A) − 4 det(A) tr(A)I − 2f (A) .
2
(c) Vamos expressar a fórmula (5.20) em termos de coordenadas. Então
(
a b tr(A) = a + d,
A= ⇒
c d det(A) = ad − bc
Então p
(a + d) + (a + d)2 − 4(ad − bc)
λ1 (A) = .
2
Reescrevendo a fórmula (5.20) em termos das coordenadas a, b, c e d, e lembrando que
a b T d −c
A= ⇒ f (A) = ,
c d −b a
obtemos
′ 1 1 0 2
−1/2 a − d 2c
λ1 (A) = + (a + d) − 4(ad − bc) . (5.21)
2 0 1 2b d−a
Calculando diretamente as derivadas parciais de λ1 (A), temos
∂ 1h −1/2 i
λ1 (A) = 1 + (a + d)2 − 4(ad − bc) (a − d)
∂a 2
∂ 1h −1/2 i
λ1 (A) = 0 + (a + d)2 − 4(ad − bc) 2c
∂b 2 (5.22)
∂ 1h 2
−1/2 i
λ1 (A) = 0 + (a + d) − 4(ad − bc) 2b
∂c 2
∂ 1h −1/2 i
λ1 (A) = 1 + (a + d)2 − 4(ad − bc) (d − a)
∂b 2
De (5.21) e (5.22), vemos que
∂ ∂
λ1 (A) λ1 (A)
∂a ∂b
λ′1 (A) =
∂ ∂
λ1 (A) λ1 (A)
∂c ∂d
É evidente que a mesma expressão acima vale para λ′2 (A), com uma única diferença
de sinal que antecede o fator que envolve a potência −1/2 em (5.21).
6
Curvas em Rn
Exercı́cio 6.1: Seja γ: [0, +∞[ → R3 definida por
γ ′ (t) = (−e−t cos t − e−t sen t, −e−t sen t + e−t cos t, −e−t ),
√
de modo que kγ ′ (t)k2 = 3e−t .
Pela Proposição 6.1 (pag. 61 do livro texto), γ é retificável no intervalo [0, T ], para
cada T > 0 e Z T
′
√ Z T −t √
kγ (t)k2 dt = 3 e dt = 3(1 − e−T ).
0 0
Como Z T √
lim kγ ′ (t)k2 dt = 3,
T →+∞ 0
√
concluı́mos que γ é retificável no intervalo [0, +∞) e seu comprimento é igual a 3.
Exercı́cio 6.2: Dê exemplo de uma curva γ: [0, 1] → R2 , ligando dois pontos de R2
que não seja retificável.
Solução: Consideremos a curva γ: [0, 1] → R2 definida por
γ(t) = (t, t sen( 1t )) se t 6= 0
0 se t = 0
Primeiramente observe
1 2
sen = 1 ⇐⇒ t = , k = 0, 1, 2, . . .
t (4k + 1)π
1 2
sen = −1 ⇐⇒ t = , k = 1, 2, 3, . . .
t (4k − 1)π
76 Cálculo Avançado
Então γ(t+ + + − − −
k ) = (tk , tk ) e γ(tk ) = (tk , −tk ), de modo que
q p
4
kγ(tk ) − γ(tk )k2 = (t+
+ − − 2 + − 2
k − tk ) + (tk + tk ) = 1 + 16k 2 .
π(16k 2 − 1)
Xn n √
+ − 4 X 1 + 16k 2
kγ(tk ) − γ(tk )k2 = .
π 16k 2 − 1
k=1 k=1
√
Observando que 1 + 16k 2 ≥ 4k e 16k 2 − 1 ≤ 16k 2 para todo k ∈ N, concluı́mos que
n
X n
1X1
kγ(t+
k) − γ(t−
k )k2 ≥
π k
k=1 k=1
P
Como a série harmônica 1/k é divergente, a curva γ não é retificável.
Exercı́cio 6.3: Uma partı́cula se move no plano (resp. no espaço) e sua trajetória
é descrita por
(b) γ ′ (0) = 2x2 −2x1 e γ ′ (1) = 2x3 −2x2 . Isso quer dizer que se uma partı́cula se move
no plano (ou no espaço) e seu movimento é descrito por γ(t), então sua velocidade no
instante t = 0 é 2(x2 − x1 ). em particular, a trajetória é tangente ao segmento [x1 , x2 ]
no ponto x1 . Analogamente, a velocidade no instante t = 1 é 2(x3 − x2 ) e a trajetória
é tantente ao segmento [x2 , x3 ] no ponto x3 .
(c) Se x1 , x2 e x3 não são colineares, podemos considerar o triângulo ∆ (no plano ou
o espaço) cujos vértices coincidem com esses pontos. Como ∆ é o cojunto de todas as
combinações convexas de x1 , x2 e x3 , temos
x ∈ ∆ ⇐⇒ x = λ1 x1 + λ2 x2 + λ3 x3 , λ1 + λ2 + λ3 = 1, λj ∈ [0, 1].
Como (1 − t)2 + 2t(1 − t) + t2 = 1, com cada uma das parcelas no intervalo [0, 1] se
t ∈ [0, 1], constatamos que γ(t) ∈ ∆, isto é, a curva está contida no triângulo ∆.
Portanto, γ(t) é a combinação convexa de duas curvas de Bézier (de ordem 2). Observe
que, no caso R2 , x(t) está contida no triângulo de vértices x1 , x2 e x3 , enquanto que
y(t) está contida no triângulo de vértices x2 , x3 e x4 . Como o quadrilátero formado
pelos quatro pontos contém os dois triângulos, concluı́mos que γ(t) está contida neste
quadrilátero.
Exercı́cio 6.5: Seja Ω aberto e conexo de Rn . (a) Mostre que se x e y são dois
pontos quaisquer de Ω, existe uma curva ligando x a y totalmente contida em Ω.
(b) Mostre que existe uma curva poligonal ligando x a y totalmente contida em Ω.
Solução: (a) Seja x0 ∈ Ω e considere o conjunto
A = y ∈ Ω ; y não pode ser ligado a x0 por uma curva .
Como γ2 é uma curva que liga x0 a x2 , concluı́mos que x2 ∈ / A. Portanto, Br (x1 ) não
contém nenhum ponto de A, isto é, Br (x1 ) ⊂ Ω \ A, o que prova que Ω \ A é conjunto
aberto.
Provemos agora que A é aberto. Seja y1 ∈ A. Por definição, y1 não pode ser ligado
a x0 por nunhuma curva. Mas y1 ⊂ Ω e Ω é aberto, de modo que podemos encontrar
r > 0 tal que Br (y1 ) ⊂ Ω. É claro que Br (y1 ) não contém pontos de Ω \ A. De fato,
se y2 ∈ Br (y1 ) ∩ (Ω \ A), existiria uma curva γ ligando x0 a y2 que poderı́amos colar
com um segmento de reta para formar uma curva ligando x0 a y1 .
Portanto Br (y1 ) ⊂ A, como querı́amos provar.
(b) Sejam x1 e x2 dois pontos de Ω. Pelo item (a) existe uma curva γ: [0, 1] → Ω tal
que γ(0) = x0 e γ(1) = x1 . Como γ é contı́nua e o intervalo [0, 1] é compacto, γ [0, 1]
é subconjunto compacto contido em Ω.
Para cada t ∈ [0, 1] seja rt > 0 tal que Brt (γ(t)) ⊂ Ω. É claro que a famı́lia de bolas
{Brt (γ(t))}t∈[0,1]
é uma cobertura aberta de γ([0, 1]). Assim, existem t0 = 0 < t1 < · · · < tm = 1 tais
que
[m
γ([0, 1]) ⊂ Brtj (γ(tj )).
j=1
A curva poligonal
m−1
[
[γ(tj ), γ(tj+1 )],
j=1
e x3 de Rn .
Exercı́cio 6.6: Seja γ uma curva poligonal ligando os pontos x1 , x2 S
Para ε > 0 seja Oε a vizinhança de diâmetro ε de γ definida por Oε = x∈γ Bε (x).
Construa uma curva diferenciável ligando x1 a x3 inteiramente contida em Oε .
Solução: Podemos supor sem perda de generalidade que
ε < min 1, kx2 − x1 k, kx3 − x2 k .
Sejam x− +
2 e x2 os pontos da interseção de ∂Bε (x2 ) com os segmentos [x1 , x2 ] e [x2 , x3 ]
respectivamente. Então
x−
2 = (1 − ε)x2 + εx1 , x+
2 = (1 − ε)x2 + εx3 .
Etapa 2: A curva γ será definida de modo que: para t ≤ 0 coincida com o segmento
[x1 , x− +
2 ], para t ≥ 1 coincida com o segmento [x2 , x3 ] e para 0 ≤ t ≤ 1 seja a curva de
Bézier gerada pelos pontos x− +
2 , x2 e x2 .
Etapa 3: Para que esta construção defina uma função de classe C 1 , devemos ajustar
os parâmetros de modo que as derivadas laterais nos pontos t = 0 e t = 1 sejam
iguais. Sabemos do Exercı́cio 6.3 (b) que γ ′ (0+ ) = 2(x2 − x− ′ − +
2 ) e γ (1 ) = 2(x2 − x2 ).
Portanto, podemos considerar
γ(t) = x− −
2 + 2t(x2 − x2 ), t≤0
γ(t) = x+ +
2 + 2(t − 1)(x2 − x2 ), t≥1
Exercı́cio 6.8: Sejam γ: [a, b] → Rn uma curva fechada (γ(a) = γ(b)) diferenciável
e K um convexo fechado do Rn tal que K ⊃ {γ ′ (t) ; t ∈ [a, b]}. Mostre que 0 ∈ K.
Solução: Vamos supor por absurdo que 0 ∈ / K e consideremos x0 = PK (0). Então é
claro que x0 6= 0. Seja H o hiperplano que passa por 0 e é ortogonal a x0 , isto é,
H = x ∈ Rn ; hx : x0 i = 0 .
Afirmativa: H ∩ K = ∅.
De fato, se y ∈ H ∩ K então (veja Exercı́cio 4.16(i) d pag. 61),
y ∈ H ⇒ hy : x0 i = 0
(6.4)
y ∈ K ⇒ h0 − x0 : y − x0 i ≤ 0
80 Cálculo Avançado
onde t(s) denota a inversa de s(t). Mostre que γ̃ e γ descrevem a mesma curva,
isto é, γ [a, b] = γ̃ [0, L] .
d) Se γ: [a, b] → Rn é curva de classe C 1 em [a, b] tal que kγ ′ (t)k =
6 0 para todo
1 ′
t ∈]a, b[, mostre que γ̃ é curva de classe C em [0, L] tal que kγ̃ (s)k = 1 para
todo s.
(Moral da história: se uma curva pode ser percorrida por uma partı́cula com
velocidade escalar kγ ′ (t)k =6 0, então pode ser percorrida com velocidade escalar
constante).
Solução: Para simplificar a notação, diremos que P ∈ P([a, t]) se
Logo s(t + h) − s(t) ≥ −ε. Fazendo ε tender a zero, obtemos s(t + h) ≥ s(t).
(b) Se γ é função Lipschitz contı́nua, existe C > 0 tal que
kγ(t) − γ(t′ )k ≤ C|t − t′ |, ∀t, t′ ∈ [a, b].
Dados t0 , t1 ∈ (a, b) e ε > 0, existe P0 ∈ P([a, t0 ]) tal que
s(t0 ) − ε < S(P, γ) ≤ s(t0 ), ∀P ⊃ P0 . (6.5)
Analogamente, existe P1 ∈ P([a, t1 ]) tal que
s(t1 ) − ε < S(P, γ) ≤ s(t1 ), ∀P ⊃ P1 .
Podemos supor sem perda de generalidade que t1 > t0 . Então P2 := P0 ∪P1 ∈ P([a, t1 ])
e s(t1 ) − ε < S(P2 , γ) ≤ s(t1 ). Como P2 ∩ [a, t0 ] ∈ P([a, t0 ]), obtemos
s(t0 ) − ε < S(P2 ∩ [a, t0 ]) ≤ s(t0 )
Xm
(6.6)
s(t1 ) − ε < S(P2 ∩ [a, t0 ]) + kγ(tj ) − γ(tj−1 )k ≤ s(t1 )
j=k+1
Portanto, 0 ≤ s(t1 ) − s(t0 ) < C(t1 − t0 ) + ε e concluı́mos o que querı́amos provar após
fazer ε tender a zero.
(c) Sejam x0 ∈ Rn e s0 ∈ [0, L] tais que x0 = γ̃(s0 ). Como s: [a, b] → [0, L] é função
bijetora, existe um único t0 tal que s0 = s(t0 ). Portanto, x0 = γ(t0 ).
A recı́prova segue por argumento idêntico.
(d) Se γ é de classe C 1 , então
Z t
ds
s(t) = kγ ′ (ξ)k dξ ⇒ = kγ ′ (t)k.
a dt
Portanto,
d d dt γ ′ (t(s))
γ̃(s) = γ(t(s)) = γ ′ (t(s)) = ′
ds ds ds kγ (t(s))k
é contı́nua, como querı́amos provar.
Exercı́cio 6.10: Seja Ω ⊂ Rn aberto, limitado e conexo. Demostre a afirmativa
abaixo se verdadeira ou dê um contra-exemplo se falsa. “ Mostre que existe R > 0 tal
que ∀x, y ∈ Ω existe uma curva γ retificável ligando x a y tal que med(γ) ≤ R”.
Solução: A afirmativa é falsa. Considere o seguinte conjunto (em coordenadas po-
lares):
1 2
Ω = (r cos θ, r sen θ) ; < r < , θ ∈ (1, +∞)
2θ θ
É fácil ver que Ω é aberto e limitado. Para provar que a afirmativa não se aplica neste
caso, basta verificar que a curva γ: (1, +∞) → Ω definida por
1
γ(t) = (cos t, sen t)
t
não é retificável. Assim, os pontos x1 = (0, 2/π) e xk = (0, 2/kπ) (k → +∞) não
podem ser ligados por uma curva contida em Ω cujo comprimento esteja limitado.
82 Cálculo Avançado
Exercı́cio 6.12: O ângulo formado por duas curvas diferenciáveis que se cruzam
num ponto P é, por definição, o ângulo formado pelos vetores tangentes às curvas
em P . Mais precisamente, se γ1 , γ2 : I → Rn são duas curvas diferenciáveis tais que
P = γ1 (t0 ) = γ2 (t0 ) para algum t0 ∈ I, então definimos o ângulo θ entre γ1 e γ2 em
P por
′
γ1 (t0 ) : γ2′ (t0 )
cos θ = ′
kγ1 (t0 )kkγ2′ (t0 )k.
Uma função f : R2 → R2 é denominada transformação conforme se o ângulo entre duas
quaisquer curvas que se cruzam fica preservado por f .
a) Seja f (x) = Ax, ∀x ∈ R2 , onde A é matriz 2 × 2. Mostre que f é transformação
conforme se e somente se A é da forma:
a −c a c
ou
c a c −a
Como Ae1 e Ae2 são ortogonais, obtemos ab + cd = 0. Logo, existe λ ∈ R tal que
b −c
=λ ,
d a
isto é,
a −λc
[A] =
c λa
Por outro lado, se u = (u1 , u2 ) e v = (v1 , v2 ), então
Exercı́cio 6.13: Mostre que a função f definida no Exercı́cio 5.10 é (no caso n = 2)
uma transformação conforme.
Solução: A função é f (x, y) = ±(φ(x, y), ψ(x, y)), onde
x y
φ(x, y) = , ψ(x, y) = .
x2 + y2 x2 + y2
Então
′ 1 y 2 − x2 −2xy
[f (x, y)] = 2
(x + y 2 )2 −2xy x2 − y 2
Como φ e ψ satisfazem (6.8), concluı́mos que f é uma transformação conforme.
n
Curvas em R 85
Solução: Seja γ: [−1, 1] → R2 definida por γ(t) = (t3 , |t|3 ). Então é claro que γ
satisfaz as condições desejadas. De fato, γ é de classe C 1 pois γ ′ (t) = (3t2 , 3|t|t) é
contı́nua.
onde Ω = (x, y) ∈ R2 ; y > −x . Mostre que g é campo gradiente em Ω e determine
o potencial f : Ω → R tal que ∇f = g.
Solução: É claro que g ′ (x, y) é simétrica e contı́nua em Ω, pois
′ 1 2xy y 2 − x2
[g (x, y)] = 2
(x + y 2 )2 y 2 − x2 −2xy
Como Ω é aberto e convexo, temos do Teorema 6.10 que existe f : Ω → R tal que
∇f (x, y) = g(x, y) para todo (x, y) ∈ Ω.
Sabemos que f0 (x̃, ỹ) = arctan(ỹ/x̃) é gradiente de g(x̃, ỹ) em Ω0 = {(x̃, ỹ) ; x̃ > 0}.
Como Ω é a imagem de Ω0 pela rotação de π/4
√ √
√ 2/2 −√ 2/2
T = ,
2/2 2/2
kϕ′ (x)kL(Rn ) ≤ α, ∀x ∈ Rn .
Portanto, pelo Teorema do ponto fixo de Banach (Teorema 4.13, pag. 51), existe um
único x ∈ Rn tal que g(x) = x, isto é, x é a única solução de x + ϕ(x) = y.
88 Cálculo Avançado
√
(b) Não! Considere f : R → R definida por f (x) = x+ x2 + 1 /2. Então 0 < f ′ (x) <
1 para todo x ∈ R, mas f não é contração, pois não admite ponto fixo.
(c) Considere ϕ(x) = Ax. Então (veja Exercı́cio 4.17, pag. 60), kϕ(x1 ) − ϕ(x0 )k ≤
kAkkx1 − x0 k. Como estamos supondo kAk < 1, ϕ é uma contração. Pelo item (a),
a equação x + Ax = y admite uma única solução, para cada y ∈ Rn , isto é, a matriz
I + A é invertı́vel.
(d) Suponhamos ϕ monótona positiva e diferenciável tal que kϕ′ (x)k ≤ α, para todo
x ∈ Rn . Se α < 1 recaı́mos no caso (a). Suponhamos então α ≥ 1. Seja ε > 0 tal que
εα < 1. Pelo item (a), dado y ∈ Rn , existe um único x ∈ Rn tal que y = x + εϕ(x),
isto é, a função g(x) = x + εϕ(x) é bijetora e portanto, invertı́vel. Além disso, como
estamos supondo ϕ monótona positiva,
Logo, PC é monótona positiva. Pelo Teorema 5.6 (pag. 86), f (x) é diferenciável e
f ′ (x) = PC (x), para todo x ∈ Rn . Portanto, f ′ (x) é monótona positiva em Rn e o
Teorema 7.1 (pag. 115) nos permite concluir que f (x) é função convexa.
Exercı́cio 7.4: Calcule f ′′ (x) para cada uma das funções f : Rn → R. Observe que
em todos os casos f ′ é linear e portanto f ′′ : Rn → Mn×n é constante.
1 1
f (x) = kxk22 , f (x) = kAxk22 ,
2 2
f (x) = hAx : xi, f (x) = hAx : Bxi.
Derivadas de Ordem Superior 89
Solução: Primeiramente, lembre que se g é linear (veja Exemplo 5.3, pag. 68), g é
diferenciável e g ′ (x) = g para todo x, isto é,
g ′ (x)h = g(h), ∀h ∈ Rn .
(a) f (x) = kxk22 /2. Então, f ′ (x) = x para todo x ∈ Rn e f ′′ (x) = I para todo x ∈ Rn .
(b) f (x) = kAxk22 /2. Então, f ′ (x) = AT Ax e f ′′ (x) = AT A para todo x ∈ Rn .
(c) f (x) = hAx : xi. Então, f ′ (x) = (A + AT )x e f ′′ (x) = A + AT para todo x ∈ Rn .
(d) f (x) = hAx : Bxi = hB T Ax : xi. Então, f ′ (x) = (B T A + AT B)x e f ′′ (x) =
B T A + AT B.
g ′ (x) = AT f ′ (Ax)
g ′′ (x) = AT f ′′ (Ax)A
[g ′′ (x)]h = AT f ′′ (Ax)Ah, ∀h ∈ Rn .
Mostre que A é positiva definida se e somente se det A > 0 e a > 0. Mostre que se A
é semipositiva definida, então det A ≥ 0 e a ≥ 0 mas a recı́proca é falsa.
Solução: Seja x = (x1 , x2 ) um vetor qualquer de R2 . Então
Se a > 0 e det A = ac − b2 > 0, concluı́mos de (7.3) que hAx : xi > 0 para todo x 6= 0.
Reciprocamente, se hAx : xi > 0 para todo x 6= 0, escolhemos x = (1, 0) para concluir
de (7.3) que a > 0. Escolhendo em seguida x = (b/a, −1), obtemos det A > 0.
Suponhamos A semipositiva definida. Então hAx : xi ≥ 0 para todo x ∈ Rn . Se a 6= 0,
as mesmas escolhas nos levam à conclusão que a ≥ 0 e det A ≥ 0. Por outro lado, se
a = 0, então hAx : xi = x2 (2bx1 + cx2 ) ≥ 0 para todo x1 , x2 ∈ R. Fixando x2 = 1,
concluı́mos que b = 0, isto é, det A = 0.
A recı́proca é falsa. Escolha a = b = 0 e c = −1.
1
′′
f (x) = f (0)x : x , ∀x ∈ Rn .
2
1 ′′
f (x) = hf (0)x : xi.
2
ϕ(x0 ) ≤ ϕ(x), ∀x ∈ D.
Portanto,
hf ′ (x0 )T f (x0 ) : hi = 0, ∀h ∈ Rn ,
o que implica que f ′ (x0 )T f (x0 ) = 0.
Observe que, por hipótese,
Exercı́cio 7.9:
a) Seja A matriz n × n semipositiva definida, isto é hA : xi ≥ 0 ∀x ∈ Rn e defina a
função g(x) = Ax. Mostre que g é monótona positiva. Seja Fλ (x) = x + λAx,
com λ > 0. Mostre que Fλ é bijetora em Rn .
b) Seja f monótona positiva e considere Fλ (x) = x + λf (x), com λ > 0. Mostre que
Fλ é injetora. Se Fλ0 é sobrejetora para algum λ0 , mostre que Fλ é sobrejetora
para todo λ > 0.
Solução: (a) Provemos que Fλ é função injetora. Como A é semipositiva definida,
temos
kFλ (x1 ) − Fλ (x2 )k22 = kx1 − x2 k22 + 2λhx1 − x2 : Ax1 − Ax2 i + λ2 kAx1 − Ax2 k22
≥ kx1 − x2 k22 ,
isto é,
λ0 λ0
x= Fλ−1 y+ 1− x . (7.6)
0
λ λ
92 Cálculo Avançado
Se denotarmos
λ0 λ0
Φ(x) = Fλ−1 y+ 1− x ,
0
λ λ
então Fλ é sobrejetora se e somente se Φ possui ponto fixo.
Observe que
λ0
kΦ(x1 ) − Φ(x2 )k2 ≤ 1 − kx1 − x2 k2 ,
λ
de modo que Φ é contração se λ > λ0 /2. Portanto, Fλ é sobrejetora para todo
λ > λ0 /2.
Seja λ1 = 2λ0 /3. Então Fλ1 é sobrejetora e os mesmos argumentos anteriores nos
permitem concluir que Fλ é sobrejetora para todo λ > λ1 /2. Repetindo esse processo
sucessivamente, construı́mos a sequência (λ0 , λ1 , λ2 , . . . , λk , . . .), onde λk = 2k λ0 /3k
tal que, a cada etapa, concluı́mos que Fλ é sobrejetora para todo λ > λk /2.
Como λn → 0, Fλ é sobrejetora para todo λ > 0, como querı́amos demosntrar.
Como a aplicação A 7→ A−1 é contı́nua (veja Exercı́cio 4.20(iii). pag. 61), temos
A−1
k
n→∞ A−1 .
−→
A−1 f (x) = 0,
1
kx − xk < δ2 ⇒ kf ′ (x) − f ′ (x)k < .
8α
Como f é diferenciável em x, existe δ3 > 0 tal que
1
kx − xk < δ3 ⇒ kε(x − x)k < kx − xk.
8α
Seja δ = min{δ1 , δ2 , δ3 }. Então se kxk − xk < δ, temos
1
kxk+1 − xk ≤ kxk − xk.
2
Portanto, se x0 pertence à bola Bδ (x), temos
1
kxk − xk ≤ kx0 − xk
2k
e concluı́mos que xk → x.
(b) Suponha g de classe C 1 . Mostre que g ′ é invertı́vel com ϕ sua inversa Sug.: aplique
o Teorema 7.1 (pag, 115).
(c) Suponha que g é de classe C 2 . Mostre que g ∗ é estritamente convexa, de classe
C 2 e ∇g ∗ (x) = ϕ(x), para todo x ∈ Rn . Sug.: aplique o Teorema 5.5 (pag. 115).
(c’) A condição g de classe C 2 no item anterior não é necessária. Mostre que se g é de
classe C 1 , o mesmo vale para g ∗ e seguem-se as mesmas conclusões do item (c).
94 Cálculo Avançado
Como a esfera unitária é compacta, existe u vetor unitário e uma subsequência {xnk }
tal que xnk /kxnk k2 → u quando k → ∞. Portanto, hy, ui ≤ C para todo y ∈ Rn , o
que é um absurdo.
(b) Como g é estritamente convexa e de classe C 1 , o Teorema 7.1 nos garante que g ′
é estritamente monótona positiva, isto é, se x1 6= x2 , então,
′
g (x1 ) − g ′ (x2 ) : x1 − x2 > 0.
Logo,
ǫg εf (s) ǫg εf (s) εf (s)
lim ei : εf (s) = 0 e lim = lim = 0. (7.10)
s→0 s→0 s s→0 εf (s) s
∂g ∗
(x) = hei : ϕ(x)i.
∂xi
Logo,
g ∗ (x + sei ) − g ∗ (x)
lim sup ≤ ei : ϕ(x) . (7.11)
s→0+ s
Analogamente, para s > 0,
g ∗ (x − sei ) ≤ x − sei : ϕ(x) + εx (s) − g ϕ(x) − g ′ (ϕ(x)) : εx (s)
= g ∗ (x) − s ei : ϕ(x) − s ei : εx (s) ,
96 Cálculo Avançado
g ∗ (x − sei ) − g ∗ (x)
≥ ei : ϕ(x) + ei : εx (s) .
−s
Logo,
∂g ∗ g ∗ (x + sei ) − g ∗ (x)
(x) = lim = ei : ϕ(x) , ∀x ∈ Rn .
∂xi s→0 s
x = g ′ (y) ⇐⇒ y = ϕ(x).
É claro que φ ∈ C ∞ (R) e supp φ = [0, µ]. Para concluir, seja ρ : R → R a função
definida por Z s
ρ(s) := φ(t) dt.
−∞
Exercı́cio 8.2: Para cada uma das funções abaixo determinar: (1) quais são so-
brejetivas; (2) quais são injetivas; (3) o Jacobiano; (4) os pontos de R2 onde não se
aplica o Teorema da Função Inversa.
a) f : R2 → R2 dada por f (x, y) = (ax + by, cx + dy)
p
b) f : ]0, ∞[×R → R2 dada por f (x, y) = ( x2 + y 2 , arc tan y/x);
c) f : R2 → R2 dada por f (x, y) = (xy 2 , x2 y);
d) f : R2 → R2 dada por f (x, y) = (x3 − y, y 3 + x).
Solução: (a) f é a transformação linear associada à matriz
a b
.
c d
100 Cálculo Avançado
p
Se denotarmos c = y1 /x1 e r = x21 + y12 , o sistema acima nos indica que os pontos
(x1 , y1 ) e (x2 , y2 ) estão na intersecção da reta y = cx com a circunferência x21 +y12 = r 2 .
Como x1 e x2 são positivos, concluı́mos que x1 = x2 e consequentemente y1 = y2 .
Como f é de classe C 1 e
p p
′ x/ x2 + y 2 y/ x2 + y 2
det[f (x, y)] = det = (x2 + y 2 )−1/2 > 0,
−y/(x2 + y 2 ) x/(x2 + y 2 )
o Teorema da Função Inversa (Teorema 8.1, pag. 139) se aplica em qualquer ponto do
domı́nio de f .
(c) f não é injetora, pois f (1, 0) = f (0, 1) = (0, 0). f também não é sobrejetora, pois
qualquer que seja t ∈ R, (0, t) ∈ / Im f e (t, 0) ∈/ Im f . Como
2
′ y 2xy
det[f (x, y)] = det = 3x2 y 2 ,
2xy x2
o Teorema da Função Inversa não se aplica nos pontos da forma (0, y) e (x, 0).
É claro que f é de classe C 1 e det[f ′ (x, y)] = 9x2 y2 + 1 > 0. Logo, o Teorema da
Função Inversa se aplica em qualquer ponto de R2 . De fato, f é bijetora, como se pode
observar facilmente. Considere a famı́lia de curvas γs parametrizadas por γs : R → R2 ,
γs (x) = (x3 − s, x + s3 ). É fácil ver que, para cada s ∈ R, γs é uma função injetora (a
curva γs não se intersepta sobre si mesma). Com efeito, γs é obtida transladando-se
γ0 para o ponto (−s, s3 ). Como a função Γ(s) = (−s, s3 ) também é injetora, podemos
concluir que f . Com raciocı́nio análogo podemos concluirque f é sobre.
Exercı́cio 8.3: Seja f : R3 \ P → R3 , f = (f1 , f2 , f3) definida por fi (x1 , x2 , x3 ) =
xi /(1 + x1 + x2 + x3 ), onde
P = {(x1 , x2 , x3 ) | 1 + x1 + x2 + x3 = 0}.
Calcule o Jacobiano Jf ((x1 , x2 , x3 ). Mostre que f é injetora e calcule f −1 .
Solução: Calculando diretamente, temos
1 + x2 + x3 −x1 −x1
1
′
det[f (x1 , x2 , x3 )] = −x 1 + x + x −x =1
1 + x1 + x2 + x3
2 1 3 2
−x3 −x3 1 + x1 + x2
Para mostrar que f é injetora, suponhamos
xi x̃i
= , i = 1, 2, 3.
1 + x1 + x2 + x3 1 + x̃1 + x̃2 + x̃3
O Teorema da Função Inversa 101
F (λ1 , λ2 , λ3 ) = (λ1 + λ2 + λ3 , λ1 λ2 + λ1 λ3 + λ2 λ3 , λ1 λ2 λ3 ).
Como det[F ′ (1, 2, 3)] = −2, existe uma vizinhança U do ponto (1, 2, 3) e uma viz-
inhança V do ponto (6, 11, 6) tal que F : U → F (U ) é difeomorfismo de classe C 1 .
Em particular, sendo F −1 contı́nua no ponto (6, 11, 6), para δ > 0 suficientemente
pequena, temos
1 1 1
|λ1 − 1| < , |λ2 − 2| < , |λ3 − 3| <
2 2 2
como querı́amos provar.
Solução: O item (a) segue dos mesmos argumentos usados na solução dos itens (a) e
(b) do exercı́cio 4.20 (pag. 61).
(b) Considere f : V → V definida por f (X) = X 2 . Então f é de classe C 1 e f ′ (I) = 2I
(veja Exercı́cio 5.11). Como f ′ (I) é invertı́vel, existe uma vizinhança U da matriz
identidade I tal que f (U ) é vizinhança aberta de I e f : U → f (U ) é difeomorfismo de
classe C 1 . Em particular, existe δ > 0 tal que se kX − Ik < δ, então f −1 (X) está bem
definida e, por definição, Y = f −1 (X) é raiz quadrada de X, como querı́amos provar.
O Teorema da Função Inversa 103
então R0 e −R0 são também raı́zes da identidade. Mais geralmente, para cada m ∈ R
consideremos Rm a reflexão em relação à reta y = mx, isto é,
1 1 − m2 2m
Rm =
1 + m2 2m m2 − 1
lim Rm = lim Rm = R0 .
m→+∞ m→−∞
1
Como kRm − Ik ∼ max{1, 2m, 2m2 }, a matriz identidade I é ponto isolado de
1 + m2
curva Rm .
Observe que se a, b ∈ R, b 6= 0, então a matriz
a b
Ra,b =
(1 − a2 )/b −a
Exercı́cio 8.7: Seja f : Rn−1 → Rn , n ≥ 2, função de clase C 1 tal que [f ′ (x0 )] tem
posto igual a n − 1. Mostre que existe δ > 0 tal que f (x) é injetiva na bola Bδ (x0 ).
Solução: Como as normas são equivalentes, vamos considerar
Bδ (x0 ) = x ∈ Rn−1 ; kx − x0 k1 < δ .
Como
∂f1 ∂f1
(x ) ··· (x0 )
∂x1 0 ∂xn−1
∂f2 ∂f1
′ (x0 ) ··· (x0 )
det g (x0 , 0) = ∂x1 ∂xn−1 6= 0
.. .. ..
. . .
∂fn−1 ∂fn−1
(x0 ) · · · (x0 )
∂x1 ∂xn−1
(veja (A.5) no Apêndice, pag. 346), segue do Teorema da Função Inversa a existência
eδ (x0 , 0) → f B
de δ > 0 tal que g : B eδ (x0 , 0) é bijetiva, onde aqui estamos denotando
Como
∂F
det (1, −1, 2) = 4,
∂(y, z)
existe δ > 0 e ϕ: (1 − δ, 1 + δ) → R2 , ϕ = (f, g) satisfazendo as condições desejadas.
a) Mostre que se f ′ (1) 6= 0, existe r > 0 tal que S ∩ Br (1, 1) é gráfico de uma função
y = ϕ(x) de classe C 1 .
b) Nas condições do item (a), se f é de classe C 2 , mostre que x = 1 é ponto de
máximo ou mı́nimo local para ϕ (o que implica, em particular, que S não é
gráfico de nenhuma função x = ψ(y) na vizinhança de (1, 1)).
c) Mostre que se S é gráfico de uma função x = ψ(y) em alguma vizinhança de (1, 1),
então f ′ (1) = 0.
106 Cálculo Avançado
Exercı́cio 9.5: Mostre que o sistema abaixo pode ser resolvido com:
1) x, y, u em função de z;
2) x, z, u em função de y;
3) y, z, u em função de x;
mas não é possı́vel exprimir x, y, z em função de u.
3x + y − z + u2 = 0
x − y + 2z + u = 0
2x + 2y − 3z + 2u = 0
O Teorema da Função Implı́cita 107
Observe que
3 1 2u
∂F
= 1 −1 1
∂(x, y, u)
2 2 2
h i
∂F
Como det ∂(x,y,u) (0, 0, 0) = −12, segue do teorema da função implı́cita que o sistema
pode ser resolvido com x, y, u em função de z.
(2) Como no intem anterior, temos
3 −1 2u
∂F
= 1 2 1
∂(x, z, u)
2 −3 2
h i
∂F
e det ∂(x,z,u)
(0, 0, 0) = 21.
(3) Analogamente
1 −1 2u
∂F
= −1 2 1
∂(y, z, u)
2 −3 2
h i
∂F
e det ∂(y,z,u)
(0, 0, 0) = 3.
em termos de B e C.
d) Se B é invertı́vel e kCk < 1/kB −1 k, mostre que a equação φ(x, y) = 0 pode ser
resolvida com x em função de y numa vizinhança de 0 ∈ Rn .
Solução: É claro que B e C são matrizes de ordem n × n e a matriz (de ordem n × 2n)
[f ′ (0, 0)] = [B C].
(c) Pela regra da cadeia, temos
∂φ ∂f ∂f ∂f ∂f
= +
∂x ∂x ∂x ∂y ∂x
∂φ ∂f ∂f ∂f ∂f
= +
∂y ∂x ∂y ∂y ∂y
de modo que
∂φ ∂φ
(0, 0) = B 2 + CB, (0, 0) = BC + C 2 , .
∂x ∂y
(d) Observe que B 2 + CB = B(I + B −1 C)B. Para mostrar que [ ∂φ ∂x
(0, 0)] é invertı́vel,
basta mostrar que I + B −1 C é invertı́vel. Como estamos supondo kCk < 1/kB −1 k, a
conclusão segue do Corolário 8.4 (veja também o Exercı́cio 7.2(c)).
Exercı́cio 9.7: Seja f : R → R contı́nua tal que f (x) > 0 se x > 0, satisfazendo
Z 1
f (t) dt = 2.
0
Mostre que existe δ > 0 e uma única função ϕ: [0, δ] → R de classe C 1 em ]0, δ[ tal que
Z ϕ(x)
f (t) dt = 1.
x
′
Determine ϕ (x).
Solução: Considere a equação F (x, y) = 1 onde F : [0, 1] × [0, 1] → R é definida por
Z y
F (x, y) = f (t) dt.
x
f (x1 , . . . , xn ) = (x1 x2 · · · xn )2
sob a restrição x21 + x22 + · · · + x2n = 1. Utilizar o resultado para calcular a seguinte
desigualdade, válida para números reais positivos a1 , . . . , an :
a1 + · · · + an
(a1 a2 · · · an )1/n ≤
n
kxk2n
2
x21 x22 · · · x2n ≤ . (9.5)
nn
q
x2 + x22 + · · · + x2n
n
x21 x22 · · · x2n ≤ 1 .
n
n
X
n
G= x∈R ; pi x2i = 1 .
i=1
a) Mostre que existe x ∈ G tal que f (x) = max f (x) ; x ∈ G ;
b) Calcule x.
Solução: (a) Para cada x = (x1 , . . . , xn ) ∈ Rn , consideremos
p1 p1
x21 = µ, x22 = µ, · · · , x2n = µ
p2 pn
Exercı́cio 9.11: Seja k kL(Rn ;Rm ) a norma induzida pelas normas euclidianas
k k2 de Rn e Rm (veja (4.11)√ no enunciado do Exercı́cio 4.13). Se A é matriz m × n,
mostre que kAkL(Rn ;Rm ) = λ, onde λ é o maior autovalor da matriz simétrica e
positiva definida AT A.
2 1
Use o resultado para concluir que se A = , então
0 1
q
√
kAkL(R2 ;R2 ) = 3+ 5.
Observando que kAk2 = sup{kAxk22 ; kxk22 = 1}, podemos considerar f (x) = kAk22 e
g(x) = kxk22 − 1, que são funções de classe C 1 e tais que
AT Ax = λx.
AT Ax = µx. (9.6)
f (a, b, c) = ab + ac + bc e p(a, b, c) = a + b + c.
√
Então, f (l, l, l) = 3l2 = 4A 3 e p(l, l, l) = 3l. Portanto, para mostrar a desigualdade
(9.1), é suficiente mostrar que
√
max f (a, b, c) ; p(a, b, c) = 3l, a, b, c ≥ 0 = 4A 3. (9.2)
b+c=a+c=a+b =λ ⇒ a = b = c = λ/2.
Portanto,
a + b + c = 3λ/2 = 3l ⇒ l = λ/2
e √
max f (a, b, c) ; p(a, b, c) = 3l, a, b, c ≥ 0 = f (l, l, l) = 3l2 = 4A 3
como querı́mos provar.
Mostre que
n
fk (x) = 1 se x ∈ {1/k!, 2/k!, . . . , 1},
0 senão
e que fk converge pontualmente em [0, 1] para a função
n
1 se x é racional,
f (x) =
0 se x é irracional.
Solução: Seja Ak = 1/k!, 2/k!, . . . , (k − 1)/k, 1 . Então A1 ⊂ A2 ⊂ · · ·. Se x ∈ Ak ,
então x = m/k! para algum m ∈ N, m ≤ k!. Assim
cos(k!πx) = cos(mπ) = ±1
concluı́mos que
n
1 se x ∈ Ak
fk (x) =
0 senão.
Fixemos x ∈ Q, x = m/n. Se k ≥ n, então k!/n ∈ N, de modo que k!πx = m(k!/n)π é
múltiplo inteiro de π e consequentemente fk (x) = 1 para todo k ≥ n. Por outro lado,
se x ∈
/ Q, então x ∈/ Ak para nenhum k ∈ N, de modo que fk (x) = 0, ∀k ∈ N.
Portanto, fk p f em [0, 1], onde f (x) = 1 se x ∈ Q e f (x) = 0 senão.
−→
116 Cálculo Avançado
Exercı́cio 10.2: Dê exemplo de sequência de funções sci que converge pontual-
mente para uma função que não é sci.
Solução: Seja fn : [0, 1] → R definida por
1 − nx se 0 ≤ x ≤ 1/n
fn (x) =
0 se 1/n ≤ x ≤ 1
É fácil ver que fn é contı́nua (e portanto sci) em [0, 1] para todo n ∈ N. Mas fn p f
−→
em [0, 1] onde
n
1 se x = 0
f (x) =
0 se 0 < x ≤ 1
que não é sci em [0, 1].
Exercı́cio 10.3: Sejam {fk }k∈N e {gk }k∈N sequências de funções definidas em A ⊂
Rn com valores em Rm . Se {fk }k∈N e {gk }k∈N convergem uniformemente em A,
prove que {fk + gk }k∈N converge uniformemente em A. Se, além disso, {fk }k∈N e
{gk }k∈N são sequências de funções uniformemente limitadas (isto é, kfk (x)k ≤ α e
kgk (x)k ≤ β ∀x ∈ A, ∀k), mostre que {ϕk }k∈N definida por ϕk (x) = hfk (x); gk (x)i
converge uniformemente em A.
Solução: Dado ε > 0 existe k0 ∈ N tal que se k, l ≥ k0 , então
|ϕk (x) − ϕl (x)| ≤ |hfk (x) − fl (x); gl (x)i| + |hfk (x); gk (x) − gl (x)i|
≤ kfk (x) − fl (x)kkgl (x)k + kfk (x)kkgk (x) − gl (x)k
ε ε
kfk (x) − fl (x)k < , kgk (x) − gl (x)k < , ∀x ∈ A.
2β 2α
Portanto,
kfk (x)k < 1 + M, ∀x ∈ A, ∀k ≥ k0 .
Como as funções f1 , f2 , . . . , fk0 −1 são limitas em A, existem constantes M1 , . . . , Mk0 −1
tais que
kfj (x)k ≤ Mj , ∀x ∈ A, ∀j = 1, . . . , k0 − 1.
Logo,
kfk (x)k ≤ max{M0 , M1 , . . . , Mk0 −1 }, ∀x ∈ A, ∀k ∈ N.
onde 0 < λk (x) < 1. Observe que, para todo x ∈ A e para todo k ∈ N temos
De fato,
|(1 − λk (x))fk (x) + λk (x)f (x)| ≤ |fk (x)| + |f (x)| ≤ 2α.
Como g é função de classe C 1 , seja
e concluı́mos a prova.
118 Cálculo Avançado
É claro que fn está bem definida para x ∈ R \ {−1, −1/4, . . . , −1/n2 }. Além disso, é
claro também que fn (0) = n para todo n. Consideremos então o conjunto
Afirmativa 1: fn p f em A.
−→
De fato, |1 + k 2 x| ≥ k 2 |x| − 1 para todo x ∈ R. Logo, para k suficientemente grande
1 1
1 + k 2 x ≤ k 2 |x| − 1 .
P 2
Como a série numérica (x está fixado) (k |x| − 1)−1 é convergente, concluı́mos que
{fn }n converge pontualmente em A.
É claro que {fn }n não é uniformemente convergente em A. De fato, {fn }n não é
uniformemente de Cauchy em (0, +∞) pois
1
0≤ ≤ Mk , ∀x ∈ [α, +∞)
1 + αk 2 x
P
e como a série Mk é convergente, o Teorema 10.12 nos garante a convergência
uniforme de {fn }n em [α, +∞). Como já sabemos que fn converge pontualmente para
f em A, provamos a afirmativa.
Afirmativa 3: fn u f em (−∞, −β] ∩ A, ∀β > 0.
−→
Sequências de Funções 119
Como a série
∞
X 1
βk 2 −1
k=1
Como a série
∞
X 1
βk 2 −1
k=2
1
fe(x) = f (x) −
1+x
1
f (x) = fe(x) +
1+x
Portanto,
kYk − (I + X)−1 k ≤ k(I + X)−1 kkXkk+1 .
Como estamos supondo kXk < 1, então
lim kXkk+1 = 0
k→+∞
122 Cálculo Avançado
e concluı́mos que
lim Yk = (I + X)−1 ,
k→+∞
isto é,
∞
X
−1
(I + X) = (−1)j X j .
j=0
(X + H)−1 = (I + X −1 H)−1 X −1 .
Logo,
∞
X
−1
(X + H) = (−1)j (X −1 H)j X −1
j=0
∞
(10.2)
X
−1 −1 −1 j −1 j −1
=X −X HX + (−1) (X H) X .
j=2
f (X + H) = f (X) − X −1 HX −1 + ε(H),
onde
∞
X
ε(H) = (−1)j (X −1 H)j X −1 .
j=2
temos
kε(H)k
≤ 2kX −1 k3 kHk.
kHk
Sequências de Funções 123
Observe que Φn define uma curva diferenciável no espaço das matrizes Mn×n e
n−1
X θk k
Φ′n (θ) =A A = AΦn−1 (θ) = Φn−1 (θ)A.
k!
k=0
Portanto,
ϕ′ (θ) = tr(A)ϕ(θ) ⇒ ϕ(θ) = Cetr(A)
Como ϕ(0) = det exp(O) = det(I) = 1, concluı́mos que C = 1.
Como K é limitado, existe R > 0 tal que kxk∞ ≤ R para todo x ∈ K, de modo que,
|fp (x) − fq (x)| ≤ n1/p − 1 R, ∀x ∈ K.
Sabemos que n1/p → 1 quando p → +∞. Logo, dado ε > 0, existe p0 > 1 tal que se
p > p0 então n1/p − 1 < ε/2R. Portanto, se q > p > p0 , então |fp (x) − fq (x)| < ε para
todo x ∈ K, como querı́amos provar.
Seja ǫ(h) = f (h) − L(h) e, para ε > 0, δ < 1/k0 . Então, se khk < δ, podemos escolher
k ≥ k0 de modo que 1/2k ≤ khk < 1/k, de forma que x = kh ∈ A e, consequentemente,
se kf1 − f2 k∞ < δ.
Provemos que J3 é uniformemente contı́nuo se p = 1. Como vimos no Capı́tulo 2,
J3 (f ) = kf k1 é uma norma em C [a, b]; R . Portanto, da desigualdade triangular
temos
1
kfk − f0 k∞ < e |J(fk ) − J(f0 )| ≥ ε0
k
o que significa que fk converge uniformemente para f0 em K mas J(fk ) não converge
para J(f0 ).
Exercı́cio 11.4: Seja V = C [a, b]; R e considere os conjuntos definidos abaixo:
Rx
(a) F1 = {φ ∈ V ; |φ(x)| ≤ 1 + a |φ(s)| ds}.
(b) F2 = {φ ∈ V ; φ derivável, φ(a) = 1, 0 ≤ φ′ (x) < φ+ (x)}.
(c) F3 = {φ ∈ V ; φ derivável, φ′ ∈ F1 }.
Quais são fechados? Quais são limitados? Quais são compactos?
Solução: (a) F1 é fechado e limitado em V , mas não é compacto. Para provar que F1
é fechado, seja φ ∈ F1′ e φn ∈ F1 tal que φn u φ em [a, b]. Então φn (x) → φ(x) para
→
todo x ∈ [a, b]. Além disso, pelo Teorema 10.8,
Z x Z x
|φn (s)| ds → |φ(s)| ds ∀x ∈ [a, b].
a a
Logo, Z x
|φ(x)| ≤ 1 + |φ(s)| ds
a
e concluı́mos que φ ∈ F1 .
Para provar que F1 é limitado, observemos que a desigualdade de Gronwall (veja
Lema 11.14) nos garante que
Por outro lado, se x ∈ [a + 1/n, b], então x − a ≥ 1/n e x − a − 1/2n ≥ 1/2n > 0, de
modo que
1 ≤ 1 + (x − a − 1/2n). (11.7)
Comparando (11.6) e (11.7) com (11.4) e (11.5), concluı́mos que φn ∈ F1 .
Suponhamos por absurdo que F1 seja compacto. Então a sequência definida por
(11.4) possui subsequência convergindo uniformemente para alguma função φ ∈ F1 (φ
necessariamente contı́nua). Como a convergência uniforme implica na convergência
pontual, temos tambem φn p φ em [a, b].
→
Podemos verificar diretamente que φn converge pontualmente para a função
0 se x = a
φ(x) =
1 se x ∈ (a, b]
que mostra que φn ∈ F3 . Como kφn k∞ ≥ n para todo n ∈ N, concluı́mos que F3 não
é limitado.
Provemos que F3 não é fechado. Podemos supor sem perda de generalidade que a = −1
e b = 1. Considerremos a sequência
0 se x ∈ [−1, −1/n]
fn (x) = (nx + 1)2 /4n se x ∈ [−1/n, 1/n]
x se x ∈ [1/n, 1]
u
Então podemos verificar que fn ∈ F3 e que fn −→ f em [−1, 1], onde f (x) = x+ que
não pertence a F3 pois não é derivável.
Vale observar que as funções fn foram obtidas colando curvas de Bézier da forma
(1 − t)2 A + 2t(1 − t)B + t2 C, onde A = (−1/n, 0), B(0, 0) e C = (1/n, 1/n).
Exercı́cio 11.5: Seja X = {fk }k∈N , onde fk : [0, +∞[→ R é definida por
p
fk (x) = sen x + 4k 2 π 2 .
para todo k ∈ N e para todo x, y ∈ [0, +∞). Logo, para ε > 0 dado, basta escolher
δ ≤ 4πε para concluir que X é equicontı́nuo.
Provemos que fk converge pontualmente para zero em [0, +∞). Para x qualquer
fixado, podemos escrever
p r
x
x + 4π 2 k 2 = 2kπ 1 + 2 2 , ∀k ∈ N.
4π k
√
Como 1 + h ≤ 1 + h/2 para todo h ≥ 0, temos
p x
2kπ ≤ x + 4π 2 k 2 ≤ 2kπ 1 + 2 2 , ∀k ∈ N.
8k π
Para k suficientemente grande (dependendo do valor de x), temos x/4kπ < π/2 e como
a função s 7→ sen s é crescente no intervalo [2kπ, 2kπ + π/2], temos
p x
sen 2kπ ≤ sen x + 4k 2 π 2 ≤ sen , ∀k ∈ N,
4kπ
isto é, x
0 ≤ fk (x) ≤ sen , ∀k ∈ N.
4kπ
Fazendo k → +∞ obtemos fk (x) → 0.
A convergência não é uniforme, pois para xk = 2kπ 2 + π 2 /4 temos fk (xk ) = 1.
Portanto, kfk k∞ = 1 para todo k.
Observe que não há incoerência com o Teorema de Arzela-Ascoli, pois [0, +∞) não é
compacto.
Exercı́cio 11.6: Mostre que se f : [0, 1] → R é função contı́nua tal que
Z 1
f (x)xn dx = 0, n = 0, 1, 2, . . . ,
0
para todo polinômio p(x). Pelo Teorema de Weierstrass, existe uma sequência de
polinômios {pk }k que converge uniformemente para f em [0, 1].
Como f pk converge uniformemente para f 2 em [0, 1] temos do Teorema 10.8,
Z 1 Z 1
2
f (x) dx = lim f (x)pk (x)dx = 0.
0 k→+∞ 0
k−1 k−1
kX 1X
ψ(xk ) = αj − jαj
n j=0 n j=0
k−2 k−2
k−1 X 1X
ψ(xk−1 ) = αj − jαj
n j=0 n j=0
Portanto,
k−2
X k−2
X
k k 1
ψ(xk ) = αj + αk−1 − jαj + (k − 1)αk−1
n j=0
n n j=0
(11.11)
k−1
X k−1
X
1 1
= ψ(xk−1 ) + αj = f (xk−1 ) + f (x1 ) + αj
n j=0
n j=1
Solução: (a) J é funcional contı́nuo por consequência direta do Exercı́cio 11.1, visto
que g(s) = 1/(1 + s2 ) é contı́nua em R.
(b) X é equicontı́nuo, visto que, dado ε > 0, basta tomar δ ≤ ε.
X é limitado. De fato, se f ∈ X , então |f (x)| ≤ Lx ≤ L, para todo x ∈ [0, 1]. Logo,
kf k∞ ≤ L para toda f ∈ X .
X é fechado. De fato, se fn é sequência de X que converge uniformemente para f em
[0, 1], é fácil concluir que f ∈ X .
Pelo Teorema de Arzelà-Ascoli, X é compacto. Como J é contı́nuo, J atinge o mı́nimo
em algum f ∈ X .
(c) A função g(s) = 1/(1 + s2 ) é par, positiva, decrescente em [0, +∞) e tende a zero
quando |s| → +∞. Portanto, devemos escolher f ∈ X tal que f (x) seja máximo em
X (x) = [−Lx, Lx]. Como a função x 7→ Lx pertence a X , temos f (x) = Lx e
Z 1
1 1 1
J(f ) = 2 2
dx = arctan .
0 1+L x L L
Exercı́cio 11.10: Seja V = C [a, b]; R e J: V → R o funcional definido por
Rb
J(f ) = a
|f (x)| dx se f 6≡ 0,
α se f ≡ 0,
Z b Z b
lim |fn (x)| dx = |f (x)| dx.
n→+∞ a a
Rb
é diferenciável em C [a, b]; R e que J ′ (f )h = a ψ(x)g ′ (f (x))h(x) dx.
136 Cálculo Avançado
Solução: Fixemos f ∈ V = C [a, b]; R . É claro que se h ∈ V , a aplicação
h i
′
x 7→ ψ(x) g f (x) + h(x) − g f (x) − g f (x) h(x)
e consequentemente
Z b
|ǫ(h)|
≤ |ψ(x)| g ′ f (x) + tx h(x) − g ′ f (x) dx.
khk∞ a
Rb
Seja R = kf k∞ + 1, M = a |ψ(x)| dx e ε > 0. Como g ′ é uniformemente contı́nua
em [−R, R], existe δ1 > 0 tal que |g ′ (ξ) − g ′ (η)| < ε/M ∀ ξ, η ∈ [−R, R] satisfazendo
|ξ − η| < δ1 .
Se considerarmos δ = min{δ1 , 1} e h ∈ V tal que khk∞ < δ, então
|f (x) + tx h(x)| ≤ R e |h(x)| ≤ R, ∀x ∈ [a, b].
e consequentemente
′
g f (x) + tx h(x) − g ′ f (x) < ε/M, ∀x ∈ [a, b].
Assim, se khk∞ < δ, concluı́mos que
|ǫ(h)|
< ε. (11.13)
khk∞
Para f ∈ V fixado, o funcional
Z b
h 7→ ψ(x)g ′ f (x) h(x) dx
a
Como {αn }n∈N é limitada, podemos extrair uma subsequência αnk que converge para
α0 ∈ [1/2, 1]. Então, passando ao limite em (∗) com k → +∞, temos
a) Mostre que para todo x0 ∈ Rn existe T ∗ (x0 ) > 0 e uma única curva γ: [0, T ∗(x0 )[→
Rn diferenciável em ]0, T ∗ (x0 )[ satisfazendo
(
γ ′ (t) = f t, γ(t) , ∀t ∈ ]0, T ∗ (x0 )[,
(11.15)
γ(0) = x0 .
BM = {γ ∈ V ; kγk∞ ≤ M }.
De fato, se γ ∈ BM , então
Z t Z t
kΦ(γ)(t)k ≤ kx0 k + kf (0, γ(s))k ds + kf (s, γ(s)) − f (s, 0)k ds
0 0
≤ M − 1 + (α + M L(M ))τ (M ) ≤ M
1
kΦ(γ1 (t)) − Φ(γ2 (t))k ≤ M τ (M )kγ1 − γ2 k∞ ≤ kγ1 − γ2 k∞ , ∀t ∈ [0, T ].
2
Pelo Teorema de Banach (veja Teorema 4.28), existe uma única γ0 ∈ C [0, τ (M )]; Rn
ponto fixo de Φ, que necessariamente é solução de (11.16).
Convém aqui observar que τ (M ) depende da constante M > 1 fixada acima, de modo
que o problema do valor inicial (11.16) admite solução única no intervalo [0, τ (M )],
qualquer que seja o dado inicial x0 ∈ BM −1 .
Etapa 3: Construção da solução maximal.
Seja x0 ∈ Rn . Tomemos M0 = kx0 k + 1. Como x0 ∈ BM0 −1 , segue da Etapa 2 a
existência de uma úncia γ0 ∈ C [0, τ0 ]; Rn solução de
(
γ0′ (t) = f t, γ0 (t) , t ∈ (0, τ0 )
γ0 (0) = x0
onde
1 1
τ0 = min 1, , .
α + M0 L(M0 ) 2L(M0 )
Seja x1 = γ0 (τ0 ) e M1 = kx1 k + 1. Pela Etapa 2 existe uma única γ1 ∈ C [0, τ1 ]; Rn
solução de (
γ1′ (t) = f t, γ1 (t) , t ∈ (0, τ1 )
γ1 (0) = x1
onde
1 1
τ1 = min 1, , .
α + M1 L(M1 ) 2L(M1 )
E assim, sucessivamente, construı́mos uma sequência de números positivos {τk }k , onde
1 1
τk = min 1, , (11.17)
α + Kk L(Mk ) 2L(Mk )
m
O Espaço C(K;R ) 141
e uma famı́lia de funções γk ∈ C [0, τk ]; Rn soluções de
(
γk′ (t) = f (t, γk (t)), 0 < t < τk−1
(11.18)
γk (0) = xk = γk−1 (τk−1 )
lim τk = 0.
k→∞
1
= max {α + Mk L(Mk ), 2L(Mk )} ≤ α + (2 + Mk )L(Mk )
τk
e concluı́mos que
lim (2 + Mk )L(Mk ) = +∞
k→+∞
ke
γ (Tk )k = kxk k = Mk − 1 → +∞.
142 Cálculo Avançado
Seja ξk sequência de [0, T ∗ (x0 )) convergindo para T ∗ (x0 ). Então, para cada k ∈ N
existe jk ∈ N tal que Tjk ≤ ξk < Tjk +1 e
Z ξk
γ e(Tjk ) +
e(ξk ) = γ f (s, e
γ (s)) ds
Tjk
Z ξk −Tjk
=γ
e(Tjk ) + f s, γjk (s) ds
0
de modo que
ke
γ (ξk )k ≥ ke
γ (Tjk )k − α + Mjk L(Mjk ) τjk ≥ ke
γ (Tjk )k − 1 → +∞
e concluı́mos que
lim kγ(t)k = +∞
t→T ∗ (x0 )−
γ
b(t) = γ
e(t), ∀t ∈ [0, T ], ∀T < T ∗ (x0 ).
Portanto,
kb
γ (t)k = ke
γ (t)k t→T ∗ (x0 ) +∞
−→
Determine a função T ∗ : R → R.
Solução: Resolvendo a equação por separação de varáveis para t no intervalo [0, 1],
temos
dx
3
= (1 − t)dt ⇒ x−2 = t2 − 2t + x−2 0 ,
x
de onde obtemos
|x0 |
x(t) = q , 0 ≤ t < T ∗ (x0 ). (11.23)
x20 (1 − t)2 + 1 − x20
144 Cálculo Avançado
|x0 |
x(t) = q 2 , 0≤t≤2
x0 (1 − t)+ + 1 − x20
2
dx 1 − x20
= (t − 2)dt ⇒ x−2 = − (t − 2)2 ,
x3 x20
de onde obtemos
|x0 |
x(t) = q , 2 ≤ t < T ∗ (x0 ). (11.24)
1 − x20 − x20 (t − 2)2
Portanto s
1
T ∗ (x0 ) = 2 + − 1.
x20
Concluindo, temos a função descontı́nua (s.c.i.) T ∗ : R \ {0} → R (veja Figura 11.1
abaixo), q
2 + 1 − x2 /|x0 | se |x0 | < 1,
0
T ∗ (x0 ) = q
1 − x2 − 1/|x | se |x | ≥ 1.
0 0 0
T*(x_0)
5
–2 –1 0 1 2
x
Figura 11.1
12
A integral de Riemann em Rn
Exercı́cio 12.1:
(a) Dê um exemplo de um conjunto A ⊂ R2 limitado tal que c(∂A) > 0.
(b) Seja A ⊂ Rn um conjunto limitado e I um n-pavê tal que I ⊃ A. Considere uma
partição P ∈ P(II ). Mostre que
(c) Seja A ⊂ Rn limitado tal que A′ é finito. Mostre que A é J-mensurável e c(A) = 0.
2
Solução: (a) Considere A = [0, 1] \ Q . Então ∂A = [0, 1]2 e c(∂A) = 1.
(b) Afirmo: Cat2 (∂A, P ) = Cat2 (A, P ) \ Cat1 (A, P ).
Se j ∈ Cat2 (∂A, P ), então I j ∩ ∂A 6= ∅. Como ∂A ⊂ A, temos I j ∩ A 6= ∅ e
◦
consequentemente j ∈ Cat2 (A, P ). Além disso, I j ∩ ∂A 6= ∅ implica I j 6⊂ A, de modo
que j ∈
/ Cat1 (A, P ).
◦
Por outro lado, se j ∈ Cat2 (A, P ) \ Cat1 (A, P ), então I j ∩ A 6= ∅ e I j 6⊂ A. Logo,
◦ ◦ ◦ c
I j ∩ A \ A 6= ∅. De fato, observe que I j ∩ A 6= ∅ e I j 6⊂ A implicam I j ∩ A ∩ A 6= ∅
◦ c ◦
e como A ∩ A = A \ A= ∂A, concluı́mos a afirmativa.
Como consequência da afirmativa, temos a igualdade: J(∂A, P ) = J(A, P ) − J(A, P ).
′
(c) Suponhamos
inicialmente A = ∅. Então, A possui um número finito de pontos:
A = x1 , . . . , xm . Seja r > 0. Então,
m
[
A⊂ Br (xj ),
j=1
m
X
0 ≤ c(A) ≤ c Br (xj ) = m(2r)n → 0 se r → 0.
j=1
146 Cálculo Avançado
Suponhamos agora A′ = x1 , . . . , xm . Seja r > 0 e
m
[
B =A\ Br (xj ).
j=1
Então B é vazio ou possui um número finito de elmentos e, pelo item anterior, c(B) = 0.
Como
[m
A⊂B∪ Br (xj ) ,
j=1
temos
m
X
c(A) ≤ c(B) + c Br (xj ) ≤ m(2r)n
j=1
e a conclusão segue.
◦ ◦
Cat1 (A, P ) = j ; I j ⊂A ⊂ j ; I j ⊂A = Cat1 (A, P ) ⇒ J(A, P ) ≥ J(A, P ).
Assim,
J(A, P ) − J(A, P ) ≤ J(A, P ) − J(A, P )
de onde concluimos que se A é J-mensurável, A também é.
A recı́proca é falsa, vide Exercı́cio 12.1(a).
Solução: (a) Seja I um n-pavê tal que I ⊃ A. Para todo ε > 0, existe Pε ∈ P(II ) tal
que
J(A, P ) − J(A, P ) < ε, ∀P ⊃ Pε .
Para ε = 1, 1/2, 1/3, . . ., podemos escolher P1 ⊂ P2 ⊂ P3 ⊂ · · · partições de I tais que
1
J(A, Pk ) − J(A, Pk ) < .
k
n
A integral de Riemann em R 147
Seja Ik = I k,1 , . . . , I k,nk a famı́lia de n-pavês gerada pela partição Pk e consideremos
[
Ak = I k,j .
j∈Cat1 (A,Pk )
Como Pk ⊂ Pk+1 , cada n-pavê de Ik+1 está contido em algum n-pavê de Ik . logo,
Ak ⊂ Ak+1 . Além disso, temos por definição, c(Ak ) = J(A, Pk ). Portanto
1
0 ≤ c(A) − c(Ak ) ≤ J(A, Pk ) − J(A, Pk ) <
k
e, consequentemente, temos
lim c(Ak ) = c(A).
k→∞
Exercı́cio 12.4: Seja C o conjunto de Cantor, isto é, aquele obtido pelo seguinte
processo recursivo:
1 2 1 2 7 8
C1 = [0, 1] \ , , C2 = C1 \ , ∪ , , etc...
3 3 9 9 9 9
Mostre que ∂ [0, 1] \ C = C e conclua que [0, 1] \ C é J-mensurável.
Solução: É claro que Cn ⊃ Cn+1 e Cn é compacto, qualquer que seja n ∈ N. Pelo
Teorema 3.19, temos
\∞
C= Ck 6= ∅.
k=1
Observe que
2 3
1 2 2 2 2 4 4 2
c(C1 ) = 1 − = , c(C2 ) = − = , c(C3 ) = − = ,...
3 3 3 9 3 9 27 3
Mas se x ∈
/ C, então
∞
!
[
x ∈ (−∞, 0) ∪ (1, ∞) ∪ Ii .
=1
Se x ∈ (−∞, 0) ∪ (1, ∞), então existe r0 > 0 tal que Br0 (x) ⊂ (−∞, 0) ∪ (1, ∞), o que
implica Br0 (x) ∩ A = ∅ e temos uma contradição com (a).
Logo, x ∈ Ii0 para algum i0 ∈ N e, consequentemente, existe r0 > 0 tal que Br0 (x) ⊂
Ii0 , o que implica Br0 (x) ⊂ A, assim temos também uma contradição com (b). Por-
tanto, x ∈ C e A é J-mensurável, pois c(∂A) ≤ c(C) = 0.
M
kf ′ (x)kL(Rn ) ≤ , ∀x ∈ K.
2
kǫ(x, h)k
lim = 0. (12.1)
h→0 khk
kǫ(x, h)k
< ε, ∀x ∈ K. (12.2)
khk
Assim, por (12.2) (com ε = M/2), existe δ0 > 0 tal que se x ∈ K e y ∈ Ω, com
ky − xk < δ0 , então kf (y) − f (x)k < M ky − xk e a conclusão segue do Teorema 12.2
(pag. 219).
n
A integral de Riemann em R 149
(e) Seja I = [a1 , b1 ]×· · ·×[an , bn ] um n-paralelepı́pedo tal que aj < bj e ∂II a fronteira
der I . Mostre que m(∂II ) = 0, mas que I não tem medida zero.
Considere então uma famı́lia enumerável qualquer {IIm+1 , I m+2 , . . .} tal que
∞
X
(IIj ) ≤ ε/2.
j=m+1
(c) Seja {A1 , A2 , . . .} uma famı́lia enumerável de conjuntos de medida nula. Por hipó-
tese, dado ε > 0, existe para cada i ∈ N uma famı́lia enumerável de n-paralelepı́pedos
Ii = {II1i , I 2i . . .} tal que
∞
[ ∞
X
A⊂ I ji e c(IIji ) ≤ ε/2i .
j=1 j=1
Então
∞
[ ∞
[ ∞ [
[ ∞
Ai ⊂ Ij = I ji .
i=1 i=1 i=1 j=1
S∞
Como a união enumarável de conjuntos enumeáveis é enumerável, a famı́lia i=1 Ii é
enumerável e
X∞ X ∞ ∞
X
i ε
c(IIj ) < = ε.
2i
i=1 j=1 i=1
150 Cálculo Avançado
◦ ◦
(d) A condição é suficiente, pois c(I ) = c(II ) e I ⊂ I . Provemos então que a condição
é necessária. Seja ε > 0 e {II1 , I 2 , . . .} uma famı́lia enumerável de n-paralelepı́pedos
tal que
∞
[ X∞
A⊂ Ij e c(IIj ) ≤ ε/2.
j=1 j=1
Se I k = [ak1 , bk1 ]×· · ·×[akn , bkn ], denotemos lik = bki −aki , de modo que c(IIk ) = l1k l2k · · · lnk .
◦
É claro que c(IIk ) = c(I k ). Para cada s ≥ 0, consideremos o n-paralelepı́pedo aberto
s s k s k s s s
I ks = ak1 − , bk1 + × a 2 − , b2 + × · · · × akn − , bkn + .
2 2 2 2 2 2
k
Denotando lmax = max{l1k , . . . lnk }, temos
n Y
X
p′k (ξ)s = (ljk + ξ)s ≤ n(lmax
k
+ ξ)n−1 s ≤ n2n−1 lmax
n−1
s.
i=1 j6=i
então
m
X ε
U (f, P ) − L(f, P ) = f (yj ) − f (xj ) µ(IIj ) < .
j=1
2
Sejam
m = min{f (x) ; x ∈ I }, M = max{f (x) ; x ∈ I }
e considere Ie = I × [n, M ]. Então Ie é um (n + 1)-pavê e Graf(f ) ⊂ Ie. Seja I =
{m = s0 < s1 < · · · < sl = M } uma partição de [m, M ] tal que ∆si < ε e denotemos
Pe = P × I. Então Pe é uma partição de Ie cuja famı́lia gerada é
n o
Iei,j = I i × [sj−1 , sj ] ; i = 1, . . . , m, j = 1, . . . l .
Exercı́cio 12.8: Seja γ : [a, b] → Rn uma curva retificável e Γ = γ(t) ; t ∈ [a, b] .
Mostre que Γ tem conteúdo de Jordan nulo em Rn .
Solução: Seja med(Γ) o comprimento da curva Γ. Como a aplicação γ : [a, b] → Rn
é uniformemente contı́nua, dado 0 < ε < 1, existe δ > 0 tal que kγ(t) − γ(s)k2 < ε se
|t − s| < δ.
Seja Pε = {t0 = a < t1 < · · · < tm = b} uma partição de [a, b] tal que ti − ti−1 < δ
para todo i = 1, . . . , m. Seja Γε a poligonal com vértices nos pontos xi = γ(ti ). Então,
é claro que
kγ(t) − xi k2 < ε, ∀t ∈ [ti−1 , ti ] (∗)
e
m
X
kγ(ti ) − γ(ti−1 )k2 ≤ L.
i=1
Afirmativa 1: Γ ⊂ Vε
|Sn−2 | |Sn−1 | n
Afirmativa 2: c(Vε ) ≤ med(Γ)εn−1 + ε . (∗∗)
n−1 n
A afirmariva 1 é consequência direta de (∗) e a desigualdade da afirmativa 2 implica
que, no caso ε < 1, c(Γ) ≤ Cε, onde C > 0 independe de ε. Assim, uma vez demostrada
a afirmativa 2, teremos concluı́da a prova, fazendo ε → 0.
Não faremos a prova da desiguladade (∗∗) no caso geral. Entretanto, as figuras e as ex-
plicações abaixo são suficientemente convincentes no caso n=3 (em vez de demonstrar o
óbvio complicado, eu aqui prefiro praticar com desenhos minhas aptidões artı́sticas).
A Figura 1 ilustra a visinhança Vε no caso m = 2 (i.e., com dois segmentos [γ(a), γ(t1)]∪
[γ(t1 ), γ(b)]), onde a linha pontilhada representa a poligonal Γε . Neste caso, observa-
mos (veja Figura 2) que as semiesferas das expremidades somam o volume 43 πε3 , que
correponde à parcela |Sn−1 |εn /n na desigualdade (∗∗), onde |Sn−1 | = 2π n/2 /Γ(n/2).
A Figura 3 mostra uma visinhança Wε que contém a poliginal Γε . Observe que Wε
é semelhante à Vε , exceto no entorno do ponto γ(t1 ) comum nos dois segmentos.
Nessa região, Wε é formada pela interseção dos cilindros. É fácil ver que o volume
de Wε é igual ao volume do cilindro circular reto cuja base é o cı́rculo de raio ε
e altura igual ao comprimento da poligonal, isto é, πε2 med(Γε ), que corresponde a
|Sn−2 |med(Γε )εn−1 /(n − 1) no caso geral. Como med(Γε ) ≤ med(Γ), obtemos a outra
parcela na desiguladade (∗∗).
Para concluir o argmento, basta constatar que Vε ⊂ Wε . A Figura 4 ilustra esta fato.
Figura 4
Exercı́cio 12.9: (a) Seja P uma partição de I = [0, 1] × [0, 1]. Mostre que existe
N ∈ N e uma partição Pf 2
N ⊃ P cuja famı́lia gerada contém N quadrados de lado
1/N .
n
A integral de Riemann em R 153
pi p′j
ti = e sj = ′ ,
qi qj
com pi , qi , p′j , qj′ ∈ N e pi < qi , p′j < qj′ , para todo i ∈ {1, . . . , k} e j ∈ {1, . . . , l}.
Seja q := q1 q2 · · · qk q1′ q2′ · · · ql′ e considere o conjunto
1 2 q−1
Pq := 0 < < < · · · < <1 .
q q q
É claro que Pq é uma partição de [0, 1] e Pe = Pq ×Pq é uma partição der I cuja famı́lia
gerada é formada por N = q 2 quadrados de lado L = 1/q. Para concluir que Pe ⊃ P ,
consideremos os números racionais
q q
qbi = e qbj′ = ′ .
qi qj
f1 (t) = tb + (1 − t)a,
f2 (s) = sd + (1 − s)c.
É claro que f1 [0, 1] = [a, b], f2 [0, 1] = [c, d] e como são injetivas, admitem as
inversas f1−1 ; [a, b] → [0, 1] e f2−1 ; [c, d] → [0, 1], definidas por
x−a y−c
f1−1 (x) = e f2−1 (y) = .
b−a d−c
Exercı́cio 12.12: Seja A = Q ∩ [0, 1]. Para cada x ∈ A, x = p/q fração irredutı́vel,
considere o conjunto S(x) assim definido: S(0) = {(0, 0)} e se x 6= 0,
n m
S(x) = , ; n, m = 0, 1, . . . , p .
q q
e, consequentemente, Z
Z 1 1
f (x, y) dy dx = 1.
0 0
O mesmo argumento vale para a aplicação x 7→ fy (x), com y ∈ [0, 1] fixado. Portanto,
valem as integrais iteradas.
Para mostrar que f não é integrável no quadrado [0, 1]2 , considere uma partição P de
[0, 1]2 e {II1 , . . . , I k } a famı́lia gerada. Podemos então escolher q ∈ N suficientemente
grande de modo que, para um qualquer pavê I j , existem n, m ≤ p tais que o par
(n/q, m/q) pertença a I j . Como em cada um desses pavês há pontos com coordenadas
irracionais, temos L(f, P ) = 0 e U (f, P ) = 1.
Exercı́cio 12.13: Demonstre o Lema 12.1 da página 245 .
Solução: Seja I = [a1 , b1 ]×· · ·×[an , bn ] um dado n-pavê e A ∈ Mn×n . Se det(A) = 0,
o resultado é mediato, visto que A(II ) ⊂ A(Rn ), cuja dimensão é menor que n. Vamos
então supor det(A) 6= 0. Observemos que se
I 0 = 0, b1 − a1 × · · · × 0, bn − an e u0 = (a1 , . . . , an ),
então
n
Y
c(II0 ) = (bi − ai ) = c(II ) e I = u0 + I 0 .
i=1
Como A(II ) = A(u0 ) + A(II0 ) e o conteúdo é invariante por translações, podemos nos
restringir ao caso dos n-pavês com vértice na origem.
Faremos a prova em duas etapas.
Etapa 1: Suponhamos A simétrica. Então, em consequência do Teorema Espectral,
existe uma matriz ortogonal U e uma matriz diagonal D = diag(λ1 , . . . , λn ) tais que
A = U T AU , onde λ1 , . . . , λn são os autovalores de A.
Observemos que
n n
X o
n
I0 = x ∈ R ; x = µi (bi − ai )e i , µi ∈ [0, 1] ,
i=1
Observe que T é o triângulo com vértices em (0, 0), (1, 0) e (0, 1), D é o triângulo com
vértices em (0, 0), (1, 0) e (1, 1) e G(D) = T . Considere também a função F (x, y) =
f (x + y).
Pelo Teorema de Mudança de variáveis, temos
Z Z
F (x, y) dxdy = F G(u, v) |JG (u, v)| dudv.
T D
Logo, g é constante.
Exercı́cio 12.18: Seja BR (0) a bola fechada de centro em zero e raio R > 0 de
Rn , relativamente à norma k k1 , isto é,
Então,
Z 1 Z 1−x1 Z 1−x1 −···−xn
Vn+ = dx1 dx2 · · · dxn
0 0 0
Z 1 Z 1−x1 Z 1−x1 −···−xn−1
= dx1 dx2 · · · (1 − x1 − x2 − · · · − xn ) dxn .
0 0 0
Repare que a última inegral, cuja variável de integração é xn , pode ser escrita da
seguinte forma, denotando α = 1 − x1 − · · · − xn−1 :
Z α
α2 (1 − x1 − x2 − · · · − xn−1 )2
(α − xn ) dxn = =
0 2 2
Assim, temos
Z 1 Z 1−x1 Z 1−x1 −···−xn−2
1
Vn+ = dx1 dx2 · · · (1 − x1 − x2 − · · · − xn−1 )2 dxn−1
2 0 0 0
2n
Vn (1) = 2n Vn+ = .
n!
n
A integral de Riemann em R 159
com
|ǫ(X, ∆X)|
lim =0
∆X→0 k∆Xk
uniformemente nos compactos de Q. Em particular, se K ⊂ Q é compacto, dado
ε > 0, existe δ > 0 tal que
∂f
f (t + ∆t, x) = f (t, x) + (t, x)∆t + ǫ(t, x, ∆t)
∂t
com
ǫ(t, ∆t, x)
< ε, ∀(t, x) ∈ K.
∆t
(b) Seja g : (0, +∞) × Rn definida por x = g(r, y) = ry + γ(t). Então, g é de classe
C 1 e |Jg (r, y)| = r n , o que implica dx = r n dy. Como g(r, B1(0)) = Br (γ(t)) para todo
t ∈ R, temos
Z Z
n
F (t, r) = f (g(t, y))r dy = f (ry + γ(t))r n dy.
B1 (0) B1 (0)
Logo, F é de classe C 1 e
Z
∂F ∂
= f ry + γ(t) r n dy
∂r B (0) ∂r
Z 1
= ∇f ry + γ(t) : r n y + nr n−1 f (ry + γ(t)) dy
B (0)
Z 1
n
= ∇f ry + γ(t) : y + f (ry + γ(t)) r n dy
B1 (0) r
p Z R q
2
IR (2) ≤ e−r dr ≤ I√2R (2).
−R
(7) Com o resultado de (3), a fórmula pode ser obtida diretamente a partir da seguinte
astúcia: use coordenadas esféricas e o Teorema de Fubini para obter
Z ∞ Z Z
n/2 1 −s (n/2)−1 1
π = e s dρ dω = Γ(n/2) dω .
2 0 S n−1 2 S n−1
Z Z !2
R
−kxk22 2
e dx = e−r dr .
CR (2) −R
Z
R2
1/2 R
2
2 1/2
π 1− e ≤ e−r dr ≤ π 1 − e2R .
−R
2
(4) Se definirmos g : (0, ∞) × Rn → R por g(α, x) = e−αkxk2 , então g é de classe C ∞
e segue do Exercı́cio 12.18,
Z Z
∂ 2
fR′ (α) = f (α, x) dx = − kxk22 e−αkxk2 dx.
CR (n) ∂α CR (n)
n π n/2
′
g(α) = f (α) = − . (12.3)
2α α
Mas, em vez de estudar essa possı́vel convergência uniforme, vamos calcular (12.3)
diretamente.
É claro que
Z Z
2 2
kxk22 e−αkxk2 dx ≤ −fR′ (α) ≤ kxk22 e−αkxk2 dx (12.4)
BR (n) B√2R(n)
1 π n/2 Z αR 2
= un/2 e−u du
αΓ(n/2) α 0
Sabemos que
Z αR2 n n n
lim un/2 e−u du = Γ +1 = Γ .
R→∞ 0 2 2 2
Portanto, da desigualdade (12.4), obtemos
Z
2 n π n/2
lim fR′ (α) =− kxk22 e−αkxk2 dx = − .
R→∞ Rn 2α α
n
A integral de Riemann em R 163
Com argumentos análogos aos da solução do Exercı́cio 12.22, podemos mostrar que
Z Yn Z
hDu : ui 2 (2π)n/2
exp − du = e−λi ui /2 dui = √ .
Rn 2 i=1 R λ 1 λ2 · · · λn
λ1 = · · · = λn−1 = 0, λn = kuk22 .
de modo que 2
det F ′ (x, y)T F ′ (x, y) = 1 + k∇ϕ(x, y)k .
Portanto, para concluir que {F+ , F− } é um sistema de cartas locais da esfera Sn−1 ,
basta mostrar que elas e suas derivadas são injetivas. Vamos mostrar isso para F+ ; o
outro caso é idêntico.
(a) F+ é injetiva. De fato, F+ é uma bijeção, pois, por um cálculo direto, obtemos
F+−1 : Sn−1 \ {e n } → Rn−1 , onde
1 1
F+−1 (x′ , xn ) = x′ = (x1 , . . . , xn−1 ). (13.2)
1 − xn 1 − xn
(b) F+′ (x′ ) é injetiva. Para mostrar isso, é suficiente mostrar que a matriz [F+′ (x′ )]
tem posto n − 1 para qualquer x′ ∈ Rn−1 .
Calculando diretamente, temos para 1 ≤ i ≤ n − 1:
2 4x2i
∂F+,i ′ ′ k2 + 1
− ′ k2 + 1)2
se i = j,
(x ) = kx 2 (kx 2 (13.3)
∂xj
4xi xj
− se i 6
= j,
(kx′ k22 + 1)2
e
∂F+,n ′ 4xi
(x ) =
∂xj (kx k22 + 1)2
′
Observe que
1 − x21 −x1 x2 · · · −x1 xn−2
.. .. .. ..
det(B) = . . . . = det I − (e
x ⊗ x
e ) xk22 ,
= 1 − ke
−xn−2 x1 −xn−2 x2 · · · 1 − x2n−2
170 Cálculo Avançado
1
T (x′ ) = (F−−1 ◦ F+ )(x′ ) = x′ . (13.7)
kx′ k22
Assim, temos
′ ′ 1 2
T (x ) = ′ 2 I− (x′ ⊗ x′ )
kx k2 kx′ k22
Logo,
1 2
det T ′ (x′ ) = ′ ′
det I − ′ 2 (x ⊗ x )
kx′ k2n−2
2
kx k2
1 2 ′ 2 1
= ′ 2n−2 1 − ′ 2 kx k2 = − ′ 2n−2 .
kx k2 kx k2 kx k2
Portanto, JT (x′ ) 6= 0 para todo x′ ∈ Rn−1 e a demostração está completa.
(2) determine um sistema completo de cartas locais para S contendo dois mergulhos;
(3) mostre que S não é orientável.
Solução: (1) F não é um mergulho pois F (0, 0) = F (0, 2π).
(b) Considere
U1 = (r, θ) ; |r| < 1 , θ ∈ (0, 2π)
U2 = (r ′ , θ ′ ) ; |r ′ | < 1 , θ ′ ∈ (π, 3π)
e as seguintes aplicações: F1 : U1 → R3 e F2 : U2 → R3 , sendo F1 e F2 definidos como
em (13.8). Então F1 e F2 são dois mergulhos distintos tais que S = F1 (U1 ) ∪ F2 (U2 )
(verifique!). Seja W = F1 (U1 ) ∩ F2 (U2 ). Então, temos
D1 = F1−1 (W ) = (−1, 1) × [(0, π) ∪ (π, 2π)],
D2 = F2−1 (W ) = (−1, 1) × [(π, 2π) ∪ (2π, 3π)],
Seja T : D1 → D2 a aplicação de conexão associada aos mergulhos F1 e F2 . Observe
que F1 (−1, 1) × (π, 2π) = F2 (−1, 1) × (π, 2π) . Se (r ′ , θ ′ ) ∈ (−1, 1) × (π, 2π) e
T (r, θ) = (r ′ , θ ′ ), vê-se que r = r ′ e θ = θ ′ . Por outro lado, se (r ′ , θ ′ ) ∈ (−1, 1) ×
(2π, 3π), então θ ′ = 2π + θ com θ ∈ (0, π). Observe agora que cos(θ ′ /2) = − cos(θ/2)
e sen(θ ′ /2) = − sen(θ/2). Portanto, temos
(r, θ) se (r, θ) ∈ (−1, 1) × (π, 2π);
T (r, θ) =
(−r, θ + 2π) se (r, θ) ∈ (−1, 1) × (0, π);
Portanto,
1 se (r, θ) ∈ (−1, 1) × (π, 2π);
JT (r, θ) =
−1 se (r, θ) ∈ (−1, 1) × (0, π);
de onde se conclui que S não é orientável.
Exercı́cio 13.5: Seja Ω ⊂ R2 aberto limitado de classe C 1 e γ nas condições do
Teorema de Green. Mostre que
Z Z 2π Z 2π
1 2π ′ ′
′
c(Ω) = γ1 (t)γ2 (t) − γ2 (t)γ1 (t) dt = γ1 (t)γ2 (t) dt = − γ2 (t)γ1′ (t) dt
2 0 0 0
(13.9)
Solução: Considere o campo f (x1 , x2 ) = 12 (−x2 , x1 ). Então
∂f2 ∂f1
− =1
∂x1 ∂x2
Pelo Teorema de Green Z Z
∂f2 ∂f1
c(Ω) = − dx1 dx2 = f γ(t) · γ ′ (t) dt
Ω ∂x1 ∂x2 ∂Ω
Z 2π
1
= γ1 (t)γ2′ (t) − γ2 (t)γ1′ (t) dt
2 0
Considerando f (x1 , x2 ) = (0, x1 ), o mesmo argumento nos dá:
Z 2π
c(Ω) = γ1 (t)γ2′ (t) dt.
0
Integramos por partes, obtemos
Z 2π Z 2π
′
γ1 (t)γ2 (t) dt = − γ2 (t)γ1′ (t) dt.
0 0
172 Cálculo Avançado
m Z
1X 1
área(Ω) = xi dyi − yi dxi ,
2 i=1 0
onde (
xi = ai + t(ai+1 − ai )
yi = bi + t(bi+1 − bi )
Então,
m Z 1
1X
área(Ω) = ai + t(ai+1 − ai ) (bi+1 − bi ) − bi + t(bi+1 − bi ) (ai+1 − ai ) dt
2 i=1 0
1 X
m
1
= ai (bi+1 − bi ) + (ai+1 − ai )(bi+1 − bi )
2 i=1 2
1
− bi (ai+1 − ai ) − (bi+1 − bi )(ai+1 − ai )
2
m
1X
= ai bi+1 − bi ai+1 .
2
i=1
a a b
M (t) = A(t) + B(t) − A(t) = B(t) + A(t).
a+b a+b a+b
mos
Z 1
ab
c(ΩM ) = c(Ω) + 2
B1 (t)A′2 (t) + A1 (t)B2′ (t) − A1 (t)A′2 (t) − B1 (t)B2′ (t) dt
(a + b) 0
Z 1
ab ′
= c(Ω) − B 1 (t) − A 1 (t) B 2 (t) − A 2 (t) dt
(a + b)2 0
= c(Ω) − πab,
visto que a parametrização B(t) − A(t) descreve uma circunferência completa de raio
a + b. Logo, c(Ω) − (ΩM ) = πab.
Exercı́cio 13.8: Considere Ω = (x1 , x2 ) ; x21 + x22 < 1 o disco unitário de R2 e
f : Ω −→ R2 , f = (f1 , f2 ) tais que f ′ é contı́nua em Ω e é de classe C 2 em Ω.
(a) Com a parametrização de ∂Ω dada por γ(θ) = (cos θ, sen θ), mostre que:
Z I
′ 1 ∂f2 ∂f1
det f (x) dx = f1 − f2 ds
Ω 2 ∂Ω ∂θ ∂θ
onde ds denota o elemento comprimento de arco.
(b) Se f (x) = M x sobre ∂Ω (onde M é uma matriz 2 × 2 constante), use o item (a)
para mostrar que: Z
det f ′ (x) dx = π det(M ).
Ω
(c) Estenda os resultados dos itens (a) e (b) para Ω ⊂ R2 aberto limitado cuja
fronteira é uma curva de Jordan de classe C 1 e conclua que, neste caso,
Z
det f ′ (x) dx = det(M )área(Ω).
Ω
Solução: (a) Para i = 1, 2, considere a aplicação hi (θ) = fi (cos θ, sen θ). Então
dhi ∂fi ∂fi
(θ) = − (cos θ, sen θ) sen θ + (cos θ, sen θ) cos θ.
dθ ∂x1 ∂x2
Assim, o integrando na integral de linha do item (a) pode ser escrito na forma
dh2 dh1 ∂f2 ∂f1 ∂f2 ∂f1
f1 − f2 = f1 − f2 cos θ − f1 − f2 sen θ
dθ dθ ∂x2 ∂x2 ∂x1 ∂x1
174 Cálculo Avançado
Portanto g (cos θ, sen θ) = det M (− sen θ, cos θ). Como γ ′ (θ) = (− sen θ, cos θ), temos
Z Z 2π
′
2 det[f (x)]dx = g (γ(θ)) : γ ′ (θ) dθ = 2π det M.
Ω 0
(c) Seja γ : [0, 1] → R2 uma parametrização de ∂Ω. Defina hi (t) = fi γ(t) . Então,
∂fi ∂fi
h′i (t) = (γ(t))γ1′ (t) + (γ(t))γ2′ (t).
∂x1 ∂x2
e
∂f2 ∂f1 ∂f2 ∂f1
f1 h′2 (t) − f2 h′1 (t) = f1 − f2 γ1′ (t) + f1 − f2 γ2′ (t)
∂x1 ∂x1 ∂x2 ∂x2
Como no item (b), consideramos
∂f2 ∂f1 ∂f2 ∂f1
g= f1 − f2 , f1 − f2 (13.11)
∂x1 ∂x1 ∂x2 ∂x2
de modo que
Z Z 1
f1 (t)h′2 (t) − f2 (t)h′1 (t) dt = g (γ(t)) : γ ′ (t) dt.
∂Ω 0
Gauss, Green e Stokes 175
Z 1 Z Z
∂g2 ∂g1
f1 (t)h′2 (t) − f2 (t)h′1 (t) dt = − dx1 dx2 = 2 det[f ′ (x)]dx.
0 Ω ∂x1 ∂x2 Ω
g 1 γ(t) = a 21 (a 11 γ 1 (t) + a 12 γ 2 (t) − a 11 a 21 γ 1 (t) + a 22 γ 2 (t)
= − det M γ2 (t),
g 2 γ(t) = a 22 (a 11 γ 1 (t) + a 12 γ 2 (t) − a 12 a 21 γ 1 (t) + a 22 γ 2 (t)
= det M γ1 (t).
Portanto, g γ(t) = det M γ ′ (t), de onde se conclui que
Z Z 1
′
2 det[f (x)]dx = g (γ(t)) : γ ′ (t) dt
Ω 0
Z 1
= det M γ1 (t)γ2′ (t) − γ2 (t)γ1′ (t) dt = det M c(Ω)
0
−∆u = f em Ω,
(13.12)
∂u = g em S,
∂n
Z Z Z Z
∂u
f (x) dx = ∇u(σ) · n(σ) dσ = (σ) dσ = g(σ) dσ.
Ω ∂Ω ∂Ω ∂n ∂Ω
Portanto,
Z Z
f (x) dx = g(σ) dσ
Ω ∂Ω
x
f (x) = .
kxk32
Se i 6= j, temos
∂fi ∂fj
− =0 ⇒ rot f = 0. (13.15)
∂xj ∂xi
e Z Z
f (σ) · n(σ) dσ = ω · ω dω = 4π.
S S2
Exercı́cio 13.11: Seja B = BR (0) \ {0}, com BR (0) a bola aberta de Rn de raio
R > 0 e centro na origem. Considere a função K : Rn \ {0} → Rn \ {0} definida por
R2
K(x) = x.
kxk22
K é denominada fórmula de inversão de Kelvin. Mostre que
a) K(B) = Rn \ B;
b) K(∂B) = ∂B;
c) K é contı́nua e invertı́vel, com K −1 = K.
Seja f uma
função harmônica em R2 \ {0} e g : R2 \ {0} → R definida por g(x) =
f K(x) . Mostre que g é harmônica. O resultado vale para n ≥ 3?
Solução: Observemos inicialmente da definição de K que
kK(x)kkxk = R2 , ∀x ∈ Rn \ {0}.
Portanto,
kxk > R ⇐⇒ kK(x)k < R e kxk = R ⇐⇒ kK(x)k = R.
(a) y ∈ K(B) se, e somente se, existe x ∈ B tal que y = R2 /kxk2 x. Logo, kykkxk =
R2 . Como kxk < R segue que kyk > R e consequentemente, y ∈ Rn \ {0}.
Reciprocamente, se y ∈ Rn \ B, seja x = R2 /kyk2 y. Então y = kyk2 /R2 x. Como
R4
kxkkyk = R2 ⇒ kyk2 = ,
kxk2
temos
kyk2 R4 R2
y= x = x = x = K(x) (13.16)
R2 R2 kxk2 kxk2
e concluı́mos que K(B) = Rn \ B.
Analogamente,
com os mesmos argumentos, prova-se que K(∂B) = ∂B e também que
K Rn \ B = B.
(b) A continuidade de K é consequência imediata do Teorema 4.1 e 4.3 (pags. 37 e
38). Provemos que K é injetiva.
R2 R2
K(x1 ) = K(x2 ) ⇒ kx1 k = kx2 k ⇒ x 1 = x2 ⇒ x1 = x2 .
kx1 k2 kx1 k2
A sobrejetividade de K segue diretamente da prova do inte (a). Portanto, K é in-
vertı́vel e consequentemente K −1 = K segue de (13.16).
Denotemos y = K(x). Então, pela Regra da Cadeia,
" 2 2 # " 2 2 #
∂2f ∂y1 ∂y1 ∂ 2f ∂y2 ∂y2
∆g(x) = + + +
∂y12 ∂x1 ∂x2 ∂y22 ∂x1 ∂x2
∂ 2f ∂y1 ∂y2 ∂y1 ∂y2 (13.17)
+ +
∂y1 ∂y2 ∂x1 ∂x1 ∂x2 ∂x2
∂f ∂ 2 y1 ∂ 2 y1 ∂f ∂ 2 y2 ∂ 2 y2
+ + + + .
∂y1 ∂x21 ∂x21 ∂y2 ∂x21 ∂x21
178 Cálculo Avançado
Portanto,
1 ∂ 2f ∂ 2f 1
∆g(x) = + = ∆f (x) = 0
|x|4 ∂y12 ∂y22 |x|4