Relatorio TCU Votoimpresso
Relatorio TCU Votoimpresso
Relatorio TCU Votoimpresso
TC 014.328/2021-6
Natureza: Relatório de Auditoria.
Órgão: Tribunal Superior Eleitoral.
Representação legal: não há.
RELATÓRIO
Por registrar as principais ocorrências no andamento dos autos até o momento, resumindo
os fundamentos das peças acostadas, adoto como relatório, com os ajustes necessários, a instrução da
secretaria responsável pela análise do processo (peça 51), que contou com a anuência do corpo diretivo
da unidade (peças 52 e 53):
“1. Introdução
1.1. Identificação simplificada do objeto
1. A auditoria tem como objeto a sistemática brasileira de votação eletrônica à cargo do Tribunal
Superior Eleitoral (TSE). Foi autorizada por meio de despacho do Ministro Bruno Dantas (TC
014.052/2021-0), e motivada em decorrência de proposta do Ministro Raimundo Carreiro, levada à
consideração do plenário do TCU, em 31/3/2021, no sentido de que o TCU, com fundamento no
art. 71 da Constituição Federal, avaliasse o sistema eletrônico de votação brasileiro, sob a
responsabilidade do Tribunal Superior Eleitoral, no tocante à sua segurança, confiabilidade e
auditabilidade, devendo as conclusões deste Tribunal serem apresentadas ao Congresso Nacional.
1.2. Antecedentes da auditoria
2. A equipe não localizou, em pesquisa a jurisprudência, ação anterior de controle externo no
âmbito do TCU com o objeto em questão, podendo-se afirmar tratar-se de uma ação pioneira de
controle externo nesse sentido.
3. Entretanto, foi prolatado, no âmbito do processo de representação TC 017.958/2017-2, o
Acórdão 2.564/2017 – TCU – Plenário, de relatoria do Ministro José Múcio, que determinou ao
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que apresentasse plano de ação contendo detalhamento das
providências a serem tomadas com vistas a implementação do voto impresso, tendo em vista a
imposição legal de implementação dessa ferramenta, por meio da Lei 13.165/2015.
4. Na ocasião o plano de ação era no sentido de implementar o voto impresso em etapas, durante o
período de 2018 a 2028.
5. A mencionada determinação foi considerada cumprida pelo Acórdão 967/2018-TCU-Plenário,
que, também, deu ciência ao TSE, acerca da necessidade de adoção de medidas mitigadoras sobre o
risco de insucesso na produção e instalação tempestivas dos módulos de impressão de voto em
decorrência do pouco tempo disponível; e solicitou documentos e informações inerentes ao Pregão
16/2018, além de determinar o acompanhamento desse certame pelo TCU, que tratava de
contratações para cumprimento ao mencionado dispositivo legal.
6. Porém, a Lei 13.165/2015 foi considerada inconstitucional pelo STF, em decisão proferida na
ADIN 5889/DF, levando à interrupção das medidas de implantação do voto impresso; motivando o
arquivamento dos autos de acompanhamento, no âmbito do TCU, por meio do Acórdão
3.147/2019-TCU-Plenário, da relatoria do Ministro Raimundo Carreiro e interrupção do processo
licitatório, no âmbito do TSE.
1.3. Objetivo, escopo e questões de auditoria
7. O objetivo estabelecido foi avaliar a sistemática brasileira de votação eletrônica, em todas as
etapas da votação, desde a verificação das urnas eletrônicas até a totalização de votos, sob a
responsabilidade do TSE, no tocante à sua segurança, confiabilidade e auditabilidade, utilizando
como parâmetros as eleições gerais de 2018 e municipais de 2020. Tendo em vista que a segurança
e a transparência do processo eleitoral, com o uso de urnas eletrônicas, a cada dois anos têm sido
questionadas, inclusive por intermédio de frequentes fake news, sob a alegação de possível
ocorrência de fraudes, associada com a eventual ausência de mecanismos de auditabilidade do
resultado das eleições, em especial pela suposta carência de instrumentos que permitam a
recontagem dos votos.
8. Assim, a fim de avaliar a sistemática de votação eletrônica à cargo do TSE, foram elaboradas as
seguintes questões de auditoria, as quais possuem riscos e subquestões associados, conforme o
documento acostado à peça 13:
Questão 1: A atual sistemática de votação eletrônica, operacionalizada pelo Tribunal Superior
Eleitoral, é suficiente para garantir a auditabilidade dos votos/votação, na forma definida na Lei
9.504/1997?
Questão 2: Os procedimentos estabelecidos pelo TSE para implementação da votação eletrônica e
para verificação/auditoria/fiscalização dos sistemas/programas/softwares são adequados para
viabilizar e garantir a TRANSPARÊNCIA e a CONFIABILIDADE do processo em todas a suas
etapas?
Questão 3: Os regulamentos e procedimentos estabelecidos pelo TSE para as etapas de
desenvolvimento, compilação, assinatura digital, lacração, e verificação da integridade e
autenticidade dos sistemas eleitorais, geração de mídias, preparação e funcionamento das urnas
eletrônicas atendem aos requisitos de AUDITABILIDADE definidos em normas nacionais e
internacionais?
Questão 4: As diretrizes, as políticas e os controles implementados relativos à SEGURANÇA da
Informação atendem aos requisitos definidos na legislação e nas normas internas; estão de acordo
com as melhores práticas internacionais; e efetivamente asseguram um nível adequado de proteção
às informações, aos processos e recursos envolvidos no processo eleitoral?
Questão 5: As políticas, as estratégias, a gestão e as ações implementadas relativas à
CONTINUIDADE DE NEGÓCIO atendem aos requisitos definidos na legislação e nas normas
internas; estão de acordo com as melhores práticas internacionais e efetivamente asseguram um
nível adequado de proteção aos processos críticos da eleição de forma a não permitir a interrupção
das atividades, prevenir contra os efeitos de falhas ou desastres; e assegurar a sua retomada em
tempo hábil?
1.4. Critérios e suas fontes
9. Foram identificadas as principais normas que regem as eleições em nosso País, bem como as
normas e boas práticas de segurança da informação aplicáveis ao objeto de auditoria, sendo elas:
a) Lei 4.737, de 15/7/1965, Código Eleitoral;
b) Lei 6.996, de 7/6/1982, processamento eletrônico de dados nos serviços eleitorais;
c) Lei 9.504, de 30/9/1997, normas para as eleições;
d) Resolução-TSE 23.550, de 26/12/2018 (revogada pela Resolução-TSE 23.603, de 12/12/2019),
procedimentos de fiscalização e auditoria do sistema eletrônico de votação;
e) Resolução-TSE 23.603, de 12/12/2019, procedimentos de fiscalização e auditoria do sistema
eletrônico de votação;
f) Resolução-TSE 23.444, de 30/4/2015, Teste Público de Segurança (TPS) nos sistemas eleitorais;
g) Resolução-TSE 23.501, de 19/12/2016, Política de Segurança da Informação (PSI) no âmbito da
Justiça Eleitoral;
h) Resolução-TSE 23.508, de 14/2/2017, Política de Desenvolvimento Colaborativo de Software da
Justiça Eleitoral;
i) Portaria-TSE 784, de 20/10/2017, Política de Gestão de Riscos do TSE;
j) ABNT NBR ISO/IEC 27002:2013 – Código de prática para controles de segurança da
informação;
k) ABNT NBR ISO/IEC 22301:2020 – Sistema de Gestão de Continuidade de Negócios.
10. A partir dessas normas e outras fontes de informações, a exemplo de manuais e estudos
desenvolvidos por acadêmicos e pelo TSE, a equipe analisou os controles adotados pelo TSE
associados aos riscos previamente elencados, norteadores das questões de auditoria.
1.5. Métodos usados para coleta e análise dos dados
11. O trabalho foi conduzido em conformidade com as Normas de Auditoria do TCU (Portaria -
TCU 280/2010), com o Manual de Auditoria Operacional, edição de 2020, e com os Padrões de
Auditoria de Conformidade (Portaria-Segecex 26/2009). Também está alinhado aos princípios
fundamentais de auditorias do setor público das Normas Internacionais das Entidades
Fiscalizadoras Superiores (Issai 100).
12. Em decorrência da iminente aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 135/2019,
em tramitação no Congresso Nacional, que visa acrescentar o § 12 ao art. 14, da Constituição
Federal, dispondo, em suma, da implementação do voto impresso, a execução da presente
auditoria, excepcionalmente, será realizada em duas etapas, conforme autorização do Ministro
Relator (peça 18).
13. A primeira etapa, cujo resultado está materializado no presente relatório, trata dos riscos
inerentes aos possíveis impactos nas próximas eleições de 2022, em caso de aprovação da PEC
135/2019 (questão 1). A segunda etapa tratará das demais questões (2 a 5) e será objeto de um
segundo relatório.
14. Na fase de execução foram realizados os procedimentos elencados na Matriz de Planejamento
(peça 13) e elaborada a Matriz de Achados (peça 43), norteadoras do presente relatório.
1.6. Limitações inerentes à auditoria
15. Embora tenha sido realizada utilizando totalmente o modelo telepresencial, não foram
identificadas limitações, relevantes, à execução deste trabalho, em virtude dos meios
disponibilizados pelo TCU.
16. Entretanto é oportuno frisar que o prazo destinado à auditoria levou a equipe a delimitar o
escopo.
2. Visão Geral do Objeto
2.1. Objetivos
17. São objetivos do sistema de votação eletrônica brasileiro:
a) mitigar riscos de fraude no processo eleitoral (art. 59, § 6º, arts .61 e 62, da Lei 9.504/1997);
b) agilizar a votação, a apuração dos votos e a divulgação dos resultados (arts. 59, 61, 67 e 68 da
Lei 9.504/1997);
c) garantir a segurança, a transparência e confiabilidade do processo eleitoral (arts. 59, 60, 61, 67 e
68 da Lei 9.504/1997);
d) garantir a auditabilidade da votação (arts. 65 a 71, da Lei 9.504/1997);
e) reduzir os custos do processo eleitoral (princípio da eficiência, art. 37, caput, da CRFB/88).
2.2. Responsáveis
18. A Justiça Eleitoral, constituída pelos: Tribunal Superior Eleitoral, tribunais regionais eleitorais,
os juízes eleitorais e as juntas eleitorais; é um órgão de jurisdição especializada que integra o Poder
Judiciário (art. 92 da CRFB/88) e cuida da organização do processo eleitoral (alistamento eleitoral,
votação, apuração dos votos, diplomação dos eleitos, etc.), conforme arts. 22 e 23 do Código
Eleitoral (CE).
19. A justiça eleitoral exerce função administrativa (alistamento eleitoral, transferência de
domicílio eleitoral, medidas para impedir a prática de propaganda eleitoral irregular etc.),
jurisdicional (solução de conflitos sempre que provocada judicialmente para aplicar o Direito, a
exemplo de: ação de investigação judicial eleitoral – AIJE, ação de impugnação de mandato eletivo
– AIME, ação de impugnação de registro de candidatura – AIRC e nas representações por
propaganda eleitoral irregular), normativa (expedir nomas para assegurar a organização e o
exercício dos direitos políticos precipuamente os de votar e ser votado (art. 1º, caput, e parágrafo
único, e art. 23, inciso IX, da Lei 4.737/1965, recepcionada, parcialmente, com status de Lei
Complementar pela CRFB/88, a exemplo das Resoluções-TSE 23.603/2019, que estabelece
procedimentos de fiscalização e auditoria do sistema eletrônico de votação; e 23.501/2016, que
Institui a Política de Segurança da Informação – PSI no âmbito da Justiça Eleitoral) e consultiva
(manifestar-se a respeito de questões que lhe são apresentadas em tese, sem caráter de decisão
judicial, conforme art. 23, inciso XII, e art. 30, inciso VIII, ambos do CE).
20. Portanto, cabe à Justiça Eleitoral organizar, fiscalizar e realizar as eleições, regulamentando o
processo eleitoral, examinando as contas de partidos e candidatos em campanhas, controlando o
cumprimento da legislação pertinente em período eleitoral e julgando os processos relacionados
com as eleições.
2.3. Relevância
21. O voto direto, secreto, universal e periódico, inserido como cláusula pétrea na Carta Magna
(art. 60, §4º, II), é o principal instrumento da democracia no Brasil. Em períodos pré-eleitoriais, é
crescente número de questionamentos na mídia acerca de possíveis vulnerabilidades do processo de
votação brasileiro que, atualmente, é 100% realizado eletronicamente, com a utilização de urnas
eletrônicas.
22. Desde a Constituição de 1988 o sufrágio universal (todo cidadão dentro das normas legais tem
direito ao voto) foi instituído para a escolha de diversos representantes políticos da população,
como vereadores, prefeitos, deputados estaduais e federais, senadores, além de governadores e
presidentes da República.
23. A partir das eleições de 2000, praticamente, 100% dos votos são registrados, contabilizados e
totalizados de forma eletrônica, sem a intervenção humana, com a utilização da urna eletrônica.
Como consequência, existe a necessidade de constante fiscalização e aperfeiçoamento dos
mecanismos inerentes para conferir a máxima transparência, segurança e confiabilidade do
processo eleitoral.
2.4. Histórico do objeto
24. O voto esteve presente em todos os períodos da história do Brasil (colonial, imperial e
republicano), variando a forma de sufrágio representativo de acordo com o momento histórico e
com o regime de governo (democrático, autoritário ou totalitário).
25. No período republicano, o marco divisor foi a CRFB/88, consolidando a democracia cidadã e
universalizando o direito do voto. E, a partir das eleições de 2000, o voto deixou de ser registrado,
pelo eleitor, em cédulas, com conferência humana, para ser registrado em urnas eletrônicas.
26. O sistema eletrônico de votação foi utilizado pela primeira vez nas eleições de 1996 e com a
Lei 9.504/1997 (art. 59), foi ampliado para 75% da população, em 1998, e 100%, em 2000. São 21
anos de utilização, pelo país, de votação totalmente eletrônica.
27. Logo após a universalização do voto eletrônico (2001), começaram as alterações legislativas
visando a implementação de um mecanismo, na urna eletrônica, capaz de permitir a impressão do
voto (Lei 10.408/2001). O método foi testado nas eleições de 2002, com 7.128.233 eleitores em
150 municípios (peça 26). Porém, foi substituído pelo registro digital de cada voto, por meio da Lei
10.740/2003.
28. Após, nos anos de 2009 e 2015, surgiram duas novas leis (Lei 12.034/2009 e 13.165/2015),
também com o mesmo propósito (recriar a obrigação de impressão do voto). Porém, ambas foram
consideradas inconstitucionais pelo STF (Adin 4543 e 5889, respectivamente).
29. Dessa forma, após a universalização da utilização da urna eletrônica, foram aprovadas as Leis
10.408/2001, 10.740/2003, 12.034/2009 e 13.165/2015, acerca do voto impresso. A primeira,
terceira e quarta com objetivo de recriar a obrigação do impressão do voto, sendo a terceira e quarta
consideradas inconstitucionais pelo STF e a primeira alterada pela segunda, no sentido de substituir
a impressão do voto, criado pela primeira, pelo Registro Digital do Voto (RDV). O RDV é um dos
instrumentos de auditabilidade do voto consoante com a modernização do processo eleitoral e das
tecnologias de informação.
30. Conforme consta no item 3 do Apêndice I deste relatório, a experiência de impressão do voto,
em virtude do advento da Lei 10.408/2001, não foi bem-sucedida, com a constatação de vários
inconvenientes e problemas, e de poucos benefícios, detalhados em relatório elaborado pelo TSE à
época (peça 26), motivando a substituição desse instrumento por meio da Lei 10.740/2003.
31. Agora a matéria encontra-se, novamente, em discussão no Congresso Nacional, desta feita por
meio da PEC 135/2019 (peça 27), que poderá tornar obrigatória a expedição de cédulas físicas,
conferíveis pelo eleitor, a serem depositadas em urnas indevassáveis, para fins de auditoria. A
análise do impacto dessa medida consta no item 4 do presente relatório. Bem como, a análise do
substitutivo ao texto orignal da referida PEC, constante no parecer do relator da Comissão Especial
(peça 49), consta no item 5 do presente relatório.
32. Ante ao exposto, sintetizando o disposto no Apêndice I deste relatório, a seguir estão ilustrados,
por meio de linhas do tempo, os princiapis pontos marcantes da história do voto no Brasil; do
sistema eletrônico e das questões relacionadas ao voto impresso após a universalização do sistema
eletrônico, ocorrido no ano de 2000:
33. A seguir estão sintetizadas as alterações legislativas ocorridas após universalização da urna
eletrônica:
34. Portanto, a forma de sufrágio representativo no Brasil variou na história, assim como o sistema
de votação, que passou a ser totalmente eletrônico nas eleições de 2000 e vem sofrendo alterações
no decorrer no tempo, sejam legislativas ou regulamentares, visando garantir a segurança,
transparência e auditabilidade do processo eleitoral, reforçando a confiabilidade do sistema e a
mitigação de riscos de fraudes nas eleições.
2.5. Governança do objeto de auditoria
35. No mapa estratégico do TSE, para o período de 2018 a 2021, consta como uma de suas
missões, garantir a legitimidade do processo eleitoral, definindo com um dos seus objetivos
estratégicos assegurar essa legitimidade (peça 44, p.77).
36. Conforme reconhecido pelo próprio TSE em seu Relatório de Gestão relativo ao exercício de
2020 (peça 44), a estrutura de governança do Tribunal encontra-se em processo de formalização,
por meio de projeto de resolução que tratará do seu Sistema de Governança.
37. No entanto, em que pese não haver formalização, o TSE destaca a atuação das instâncias
internas de governança, como a Alta Administração da Corte (representada pela Presidência do
Tribunal, pela Secretaria-Geral da Presidência e pela Secretaria do Tribunal), que atua no
direcionamento da instituição; assim como a Secretaria de Auditoria e a Ouvidoria do Tribunal, que
atuam na realização de auditorias e fiscalizações e no atendimento aos cidadãos, respectivamente
(peça 44, p.14).
2.6. Recursos do objeto
38. A sistemática de votação será tratada como o macroprocesso cujo ciclo se completa mediante a
conjugação de outros processos/atividades interligados, que ocorrem em três fases: antes da
votação, no dia da votação e após a votação, conforme Resolução-TSE 23.603/2019, sintetizadas a
seguir (peça 28, p.56-66).
38.1. Antes da votação
i) Ciclo de desenvolvimento dos sistemas de votação e apuração - antes de cada eleição ordinária,
preferencialmente no segundo semestre dos anos que antecedem os pleitos eleitorais, é realizado
Teste Público de Segurança (TPS), que tem como objetivo fortalecer a confiabilidade, a
transparência e a segurança da captação e da apuração dos votos e propiciar melhorias no processo
eleitoral. Os TPS podem testar os sistemas utilizados para a geração de mídias, votação, apuração,
transmissão e recebimento de arquivos, lacrados em cerimônia pública, conforme definido no § 2º
do art. 66 da Lei 9.504/1997, incluindo o hardware da urna e seus softwares embarcados;
ii) Desenvolvimento, compilação e assinatura digital, e lacração dos sistemas eleitorais - está
prevista realização de auditoria/fiscalização e acompanhamento dessas atividades pelas entidades
fiscalizadoras autorizadas, mediante o acompanhamento da especificação e do desenvolvimento
dos sistemas eleitorais, com acesso ao código-fonte dos programas, a partir de sete meses antes do
primeiro turno das eleições; verificação de integridade e autenticidade dos sistemas eleitorais,
utilizando programas próprios ou fornecidos pelo TSE; acompanhamento da assinatura digital e
lacração dos sistemas eleitorais, após concluídos e, até vinte dias antes das eleições, os
representantes das entidades fiscalizadoras também poderão assinar digitalmente os sistemas
eleitorais.
iii) Geração de mídias e preparação das urnas eletrônicas em cerimônias públicas - está prevista
auditoria/fiscalização e acompanhamento das atividades, mediante a verificação de integridade e
autenticidade dos sistemas eleitorais, Gerenciador de Dados, Aplicativos e Interface com a Urna
Eletrônica (GEDAI-EU), Subsistema de Instalação e Segurança (SIS) e HotSwapFlash (HSF) pelas
entidades fiscalizadoras autorizadas, utilizando programas próprios ou fornecidos pelo TSE;
verificação dos dados da urna por meio de demonstração em amostragem (até 3%) das urnas
preparadas para cada zona eleitoral, e no mínimo de 1 urna por município, escolhidas pelos
representantes das entidades fiscalizadoras, aleatoriamente entre as urnas de votação e as de
contingência, nos locais de preparação das urnas mediante acompanhamento e verificação da
afixação do lacre físico nas urnas nas interfaces de conexão dos dispositivos externos de acesso da
urna e seu gabinete;
iv) Verificação da integridade e autenticidade dos sistemas eleitorais em cerimônia no TSE, na
véspera da eleição - gerenciamento da totalização, receptor de arquivos de urnas, infoarquivos e
transportador web;
v) Verificação dos sistemas destinados à transmissão de boletins de urna (Transportador e
JE-Connect) - em audiência nos TREs, no período entre a antevéspera do dia das eleições até às
17hs do dia da eleição, utilizando programa de verificação fornecido pelo TSE ou desenvolvido
pela entidade fiscalizadora;
38.2. No dia da votação
i) Verificação da regularidade dos procedimentos preparatórios para auditoria de funcionamento
das urnas eletrônicas em condições normais de uso e no dia da votação – mediante a verificação
da regularidade da designação da Comissão de Auditoria da Votação Eletrônica; verificação da
conformidade do preenchimento das cédulas utilizadas na auditoria; verificação da conformidade
da remessa das urnas eletrônicas sorteadas;
ii) Auditoria de funcionamento das urnas eletrônicas em condições normais de uso (no dia da
eleição em local designado pelo TRE, para onde são levadas todas urnas sorteadas para a votação
paralela, com preenchimento e depósito dos votos de forma física e concomitante de forma
eletrônica) – mediante a verificação da regularidade dos procedimentos de votação e encerramento;
conferência do resultado apresentado, frente aos votos realizados na urna eletrônica; verificação da
conformidade da conclusão dos trabalhos;
iii) Auditoria de funcionamento das urnas eletrônicas, no dia da votação, por meio da verificação
dos sistemas (no local onde as urnas sorteadas estão instaladas, no dia da votação, antes do início
da votação) – mediante a verificação da regularidade dos relatórios de controle; exame da
conformidade dos procedimentos de verificação, antes da emissão do relatório Zerésima pela urna
(exame do Comprovante de Carga, para verificar que se trata da urna da seção eleitoral sorteada;
rompimento do lacre do compartimento da Mídia de Resultado; retirada da Mídia de Resultado nela
inserida; e verificação das assinaturas e dos resumos digitais pelo programa do Tribunal Superior
Eleitoral ou pelo programa de verificação apresentado pelo interessado, ou ambos); verificação da
integridade dos programas instalados na urna eletrônica; verificação da integridade dos sistemas,
após a verificação da assinatura e impressão do relatório (retirada das mídias de acionamento dos
sistemas de verificação; reinserção da Mídia de Resultado da urna eletrônica, retirada no início da
auditoria; lacração da tampa do compartimento da Mídia de Resultado com novo lacre, o qual será
assinado pelo juiz eleitoral ou por pessoa por ele designada; lavratura da ata circunstanciada de
encerramento dos trabalhos);
iv) Realização das eleições gerais e municipais (identificação dos eleitores, liberação da votação
pelo mesário, encerramento do voto automaticamente; encerramento da votação no horário definido
pelo TSE);
v) Emissão do Boletim de Urna – BU e gravação do resultado em mídia móvel - disponibilização
do BU para os fiscais de partidos ou coligações; custódia da mídia gravada pelo presidente da seção
eleitoral até a entrega no local de transmissão dos dados (TREs);
38.3. Após a votação (Nas Eleições Municipais de 2020, os votos passaram a ser totalizados no
TSE e, não mais nos Tribunais Regionais Eleitorais - TREs).
i) Transmissão dos dados dos TREs e recepção no computador central do TSE por meio de rede
privada - a assinatura digital dos arquivos a serem transmitidos é verificada, só são transmitidos se
estiverem íntegros e autênticos; ao serem recebidos no TSE a assinatura é verificada novamente; o
BU é decifrado; verificação se a seção eleitoral do BU corresponde a urna preparada
(correspondência); após a decifração, um checklist é executado sobre o conteúdo do BU;
ii) Totalização dos votos - são somados de acordo com a legislação eleitoral; o BU na web é gerado
normalmente em até 24hs (prazo legal é de 3 dias);
iii) Divulgação do resultado;
iv) Preservação e custódia dos dados - os meios de armazenamento de dados utilizados pelos
sistemas eleitorais, bem como as cópias de segurança dos dados, são identificados e mantidos em
condições apropriadas, até a data estabelecida no calendário eleitoral.
v) Tribunais Eleitorais devem disponibilizar para as entidades fiscalizadoras, por até 100 dias
corridos, contados a partir do dia do primeiro turno das eleições, os arquivos de log do Gerenciador
de Dados, Aplicativos e Interface com a Urna Eletrônica (GEDAI-UE); os arquivos de dados
alimentadores do Sistema de Gerenciamento da Totalização, referentes a candidatos, partidos
políticos, coligações, municípios, zonas e seções; arquivos de log do Transportador, do Receptor de
Arquivos de Urna e do banco de dados da totalização; arquivos de imagens dos boletins de urna
(BU); arquivos de Registro Digital do Voto (RDV); arquivos de log das urnas; relatório de
boletins de urna que estiveram em pendência, sua motivação e respectiva decisão; relatório de
urnas substituídas; arquivos de dados de votação por seção; relatório com dados sobre o
comparecimento e a abstenção em cada seção eleitoral.
vi) As entidades fiscalizadoras poderão solicitar verificação extraordinária após o pleito, desde
que sejam relatados fatos e apresentados indícios e circunstâncias que a justifique, sob pena de
indeferimento liminar;
vii) Após as eleições, é possível verificar os sistemas instalados nos microcomputadores,
aplicando-se, no que couber, o disposto nas seções II e V do capítulo III da Resolução-TSE
23.603/2019; e os sistemas instalados nas urnas eletrônicas, adicionadas a exibição de logs da urna
eletrônica e a reimpressão do boletim de urna, por meio do sistema de Verificação Pré/Pós-Eleição
(VPP); os sistemas instalados nos equipamentos servidores do Tribunal Superior Eleitoral,
aplicando-se, no que couber, o disposto na seção IV do mesmo capítulo.
39. Os produtos gerados no processo eleitoral de cada ciclo, são:
a) Sistemas de votação, transmissão e apuração;
b) Programas/mídias instalados nas urnas eletrônicas;
c) Programas de verificação desenvolvidos pelo TSE ou pelas entidades fiscalizadoras;
d) Atas/relatórios de todas as fases de verificação/auditoria/fiscalização;
e) Boletim de Urna – BU (físico e em mídia móvel);
f) Logs de urna e de outros sistemas; e
g) Resultado das eleições.
40. Cada uma das etapas de desenvolvimento de software/sistemas/programas/mídias, e respectivas
metodologias de verificação/auditoria/fiscalização, é composta de instrumentos que viabilizam a
avaliação quanto a segurança, confiabilidade e auditabilidade do sistema de votação.
41. Os principais insumos para a sistemática de votação eletrônica são os seguintes:
a) Rede privada de comunicação de dados no âmbito da Justiça Eleitoral;
b) Super computador central do TSE e respectivos recursos de backup;
c) Computadores e demais equipamentos de informática dos TREs e juntas eleitorais;
d) Urnas eletrônicas;
e) Estrutura física de guarda e segurança de pessoas e equipamentos;
f) Salas e equipamentos para realização das cerimônias públicas;
g) Sistemas/programas/mídias desenvolvidos pela Justiça Eleitoral;
h) Recursos humanos especializados no desenvolvimento de sistemas informatizados e segurança
da informação;
i) Instituição pública conveniada ou empresa de auditoria contratada para acompanhamento das
atividades de auditoria e fiscalização dos sistemas; e
j) Entidades fiscalizadoras e seus programas de verificação.
2.7. Gastos com as eleições
42. O gasto total com às eleições gerais de 2018 foi de R$ 903.343.596,00 (Anexo I) e com as
eleições municipais de 2020 foi de R$ 1.346.807.85,00 (Anexo II), sintetizados no gráfico a seguir,
para fins comparativos. Para as eleições de 2022 a estimativa é de R$ 1.334.833.932,00 (Anexo
III). Nesses montantes estão incluídas despesas de custeio e investimento, como por exemplo
aquisição de novas urnas eletrônicas.
Fonte: TSE