Treinamento de Presbíteros
Treinamento de Presbíteros
Treinamento de Presbíteros
INTRODU«,O:
A Igreja È obra de Deus; sem o EspÌrito ela n„o existiria; isto, porque n„o haveria
crente em Cristo. A Igreja È composta por pessoas que confessam o Senhorio de
Cristo e, isto sÛ È possÌvel pela aÁ„o poderosa do EspÌrito (Cf. 1Co 12.3/Rm 10.9-
10).
ìA Igreja resulta de uma aÁ„o especial, n„o ërotineiraí, de Deus entre os homens. O
que organiza a Igreja, o que faz dos indivÌduos de outra forma dispersos uma
comunidade È a presenÁa permanente de uma pessoa certa e determinada, o Santo
4
EspÌrito Divinoî.
ìAs Escrituras exigem de nÛs e nos advertem a considerarmos que qual- quer favor que
obtenhamos do Senhor, o temos recebido com a condi- Á„o de que o apliquemos em
benefÌcio comum da Igreja.
ìTemos de compartilhar liberalmente e agradavelmente todos e cada um dos favores do
Senhor com os demais, pois isto È a ˙nica coisa que os legitima.
ìTodas as bÍnÁ„os de que gozamos s„o depÛsitos divinos que temos recebido
12
com a condiÁ„o de distribuÌ-los aos demaisî.
O EspÌrito È soberano na distribuiÁ„o dos dons; eles n„o podem ser reivindicados
(1Co 12.11,18), antes, devem ser recebidos como manifestaÁ„o da graÁa de Deus e
utilizados para a glÛria de Deus.
A Igreja È a comunidade formada pelo prÛprio Deus, sendo constituÌda por pesso-
as que tiveram e tÍm, pela graÁa de Deus, a fÈ salvadora depositada unicamente em
Jesus Cristo.
ìNo Novo Testamento, ninguÈm vinha ‡ Igreja simplesmente para ser salvo e feliz, mas
para ter o privilÈgio de servir ao Senhor. E nÛs deverÌamos ter di- ante de nÛs, o benefÌcio
13
que recebemos de servir e trabalhar na Igrejaî, a- centua Karl Barth (1886-1968).
Todos nÛs crist„os, recebemos do Senhor, talentos para servir nessa igreja; e os
dons recebidos tÍm muito a ver com as habilidades
com as quais nascemos, mas que na realidade, foram dadas tambÈm por Deus. ì....
sejam quais forem os dons que possuamos, n„o devemos ensoberbecer-nos por causa deles,
14
visto que eles nos pıem sob as mais profundas obrigaÁıes para com Deusî.
Assim, È Deus mesmo e n„o outro, Quem nos concede talentos para servi-Lo
(Ef 4.7,11/1Co 12.11,18), portanto a nossa atitude de consciente e real humildade
(1Co 4.7; 1Co 15.10), visto que Deus nos concedeu os talentos para o serviÁo do
Reino: ìA manifestaÁ„o do EspÌrito È concedida a cada um, visando a um fim
proveitosoî (1Co 12.7). Paulo continua: ìPara que n„o haja divis„o no corpo; pelo
contr·rio, co-
16
operem os membros, com igual cuidado (merimnaw/ = ìpreocupaÁ„oî), em
favor
Berkhof, Teologia Sistem·tica, p. 74; W. Barclay, El Pensamiento de San Pablo, Buenos Aires: La Au-
rora, 1978, p. 154; L. Boettner, PredestinaciÛn, Grand Rapids, Michigan: S.L.C., [s.d.], p. 258; D.M.
Lloyd-Jones, Por que Prosperam os Õmpios, S„o Paulo: PES., 1983, p. 103; J.I. Packer, O Conheci-
mento de Deus, S„o Paulo: Mundo Crist„o, 1980, p. 120; Tom Wells, FÈ: Dom de Deus, S„o Paulo:
PES., 1985, p. 101; Samuel Falc„o, PredestinaÁ„o, S„o Paulo: Casa Editora Presbiteriana,
1981, p.100-101; James Moffatt, Grace in the New Testament, New York: Ray Long & Richard R.
Smith. Ind., 1932, p. 5; Wayne A. Grudem, Teologia Sistem·tica, p. 146, 147; John Gill, ìA Complete
Body of Doctrinal and Practical Divinity,î The Collected Writings of: John Gill, [CD-ROM], (Albany, OR:
Ages Software, 2000), I.13. p. 195-196.
16 A palavra tem o sentido de solicitude, preocupaÁ„o e inquietaÁ„o. Ela ocorre 18 vezes no NT. O
seu uso no Novo Testamento n„o tem um sentido apenas negativo; Paulo a emprega
positivamente, como por exemplo, no texto citado (1Co 12.25). Do mesmo modo, quando se
refere a TimÛteo: ìPor- que a ninguÈm tenho de igual sentimento, que sinceramente cuide
(Merimnh/sei) dos vossos interes- sesî (Fp 2.20) e, tambÈm quando descreve as suas lutas em
favor da Igreja: ìAlÈm das cousas exte- riores, h· o que pesa sobre mim diariamente, a
preocupaÁ„o (Me/rimna) com todas as Igrejasî (2Co 11.28).
O termo tambÈm È usado negativamente: Jesus, o emprega duas vezes neste sentido : ìN„o an-
deis ansiosos (merimna=te) pela vossa vida...î (Mt 6.25). A Marta, inquieta com os seus afazeres e di-
ante da aparente inÈrcia de Maria, diz: ìMarta! Marta! andas inquieta (Merima=j) e te preocupas com
muitas coisasî (Lc 10.41).
Paulo, tambÈm trata dessa quest„o, dizendo aos filipenses: ìN„o andeis ansiosos (Merimna/w) de
cousa alguma....î (Fp 4.6). No entanto, esta exortaÁ„o pode parecer inÛcua sem a indicaÁ„o de um
caminho eficaz para a canalizaÁ„o de nossas ansiedades existentes... Paulo ent„o, propıe a soluÁ„o
para o problema: ì.... Em tudo, porÈm, sejam conhecidas diante de Deus as vossas petiÁıes, pela o-
raÁ„o e pela s˙plica, com aÁıes de graÁaî (Fp 4.6). A oraÁ„o oferece-nos um abrigo onde podemos
nos ocultar das preocupaÁıes mundanas, um lugar onde ficamos a sÛs com Deus, um ref˙gio onde
renovamos a esperanÁa, onde nossos cuidados com as coisas deste sÈculo ficam amortecidas. A o-
raÁ„o È o caminho pelo qual iniciamos a caminhada indicada por Pedro; È o meio fornecido por Deus
para que possamos combater a ansiedade: ìLanÁando sobre ele toda a vossa ansiedade
(Me/rimnan), porque Ele tem cuidado de vÛsî (1Pe 5.7) (Ver: John MacArthur Jr., Abaixo a Ansieda-
de, S„o Paulo: Editora Cultura Crist„, 2001, especialmente, p. 27-38).
Quando assim procedemos, experimentamos o resultado indicado por Paulo no texto de Filipen-
ses: ìE a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardar· os vossos coraÁıes e as vossas
mentes em Cristo Jesusî (Fp 4.7). A paz È de Deus porque dEle procede e, tambÈm, porque o mode-
uns dos outrosî (1Co 12.25). ìO Senhor nos colocou juntos na Igreja, e destinou cada um
ao seu posto, de tal maneira que, sob a ˙nica CabeÁa, venhamos a nos auxiliar uns aos
outros. Lembremo-nos tambÈm de que t„o diferentes dons nos tÍm sido concedidos
para podermos servir ao Senhor humilde e despretensiosamente, e aplicar-nos ao
avanÁo da glÛria daquele que nos
17
tem dado tudo quanto temosî. Deste modo, os talentos recebidos, foram-nos
concedidos para que os us·ssemos para a edificaÁ„o da Igreja, n„o para a dissemi-
naÁ„o de discÛrdias, ou para usar de nossa influÍncia para dividir, denegrir, solapar
ou mesmo para a nossa projeÁ„o pessoal: Deus n„o desperdiÁa os dons ìpor nada e
18
nem os destina para que sirvam de espet·culoî. Mas, para a edificaÁ„o. O objetivo È
19
claro: ìCom vistas ao aperfeiÁoamento (katartismo/j = ìprepararî, ìe- quipar
para o serviÁoî) dos santosî (Ef 4.12). Ainda que de passagem, deve ser a-
centuado que, ìsempre que os homens s„o chamados por Deus, os dons s„o
necessariamente conectados com os ofÌcios. Pois Deus n„o veste homens com m·scara
ao design·-los apÛstolos ou pastores, e, sim, os supre com dons, sem os quais n„o
20
tÍm eles como desincumbir-se adequadamente de seu ofÌcioî.
lo da paz temos em Deus, Aquele que n„o vive em ansiedade. [Vd. F.F. Bruce, Filipenses, Florida:
Editora Vida, 1992, (Fp 4.7), p. 154].
17 Jo„o Calvino, ExposiÁ„o de 1 CorÌntios, (1Co 4.7), p. 134.
18 Jo„o Calvino, ExposiÁ„o de 1 CorÌntios, (1Co 12.7), p. 376.
19 O termo grego utilizado por Paulo, no campo cir˙rgico, era usado para ìconsertar um osso
quebra- doî. ìAjustar em conjunto num sÛ corpoî (D.M. Lloyd-Jones, A Unidade Crist„, S„o Paulo:
PES., 1994, p. 172). ìA idÈia fundamental do termo È de pÙr nas condiÁıes em que devem estar j· uma
coisa ou uma pessoaî (William Barclay, EfÈsios, Buenos Aires: La Aurora, 1973, p.156). Cal- vino diz
que o termo grego ìsignifica literalmente a m˙tua adaptaÁ„o [= coaptitionem] de coi- sas que devem ter
simetria e proporÁ„o; assim como, no corpo humano, h· uma combina- Á„o apropriada e regular dos
membros; de modo que o termo È tambÈm usado para ëper- feiÁ„oí. Mas como a intenÁ„o de Paulo aqui
È expressar um arranjo simÈtrico e metÛdico, prefiro o termo constituiÁ„o [= constitutio]. Pois,
estritamente falando, o latim indica uma comunidade, ou reino, ou provÌncia, como constituÌda, quando a
confus„o d· lugar ao es- tado regular e legÌtimoî [J. Calvino, EfÈsios, (Ef 4.12), p. 124].
20
Jo„o Calvino, EfÈsios, (Ef 4.11), p. 119. Em outro contexto, falando sobre o chamado de Davi para
ser rei de Israel, faz coment·rio semelhante: ìOra, Deus geralmente supre aqueles a quem im- puta a
dignidade de possuir esta honra a eles conferida com os dons indispens·veis para o exercÌcio de seu ofÌcio, a fim
de que n„o sejam como Ìdolos sem vidaî [Jo„o Calvino, O Livro dos Salmos, Vol. 1, (Sl 4.3), p, 96].
21 ìN„o h· crescimento em igrejas que dependem de algumas poucas pessoas e os demais
membros s„o espectadores. Sempre existe progresso e multiplicaÁ„o em igrejas cujos mem-
Notemos tambÈm, que Paulo est· dizendo que todos os membros da Igreja s„o
santos. Isso aponta para o nosso privilÈgio (somos santificados em Cristo Jesus) e
nossa responsabilidade (devemos progredir em santidade). Neste ponto, a Igreja
so- fre tremendamente, porque ela abandonou a sua realidade e a sua meta de
santida- de (separaÁ„o) e cada vez mais intensamente se parece com o mundo: na
sua for- ma de pensar, de falar, de sentir, de vestir e de fazer... Ao invÈs desse
comporta- mento aprendido por osmose sugerir maturidade, È, na verdade, um
sintoma de in- fantilidade crÙnica: temos com demasiada freq¸Íncia, falado,
sentido e pensado como meninos; enquanto que o propÛsito de Deus para o Seu
povo È o inverso: que pensemos, sintamos e falemos como pessoas maduras na
fÈ (1Co 13.11/1Co 3.1-2; Hb 5.11-14; 2Pe 3.18). Paulo contrasta aqui os ìmeninosî
(nh/pioj = ìbebÍî, ìimatu-
roî, ìcrianÁa pequenaî) (Ef 4.14) com a ìperfeiÁ„oî (te/leioj ìmaduroî) (Ef
4.13). Calvino comenta: ìCrianÁas s„o aqueles que ainda n„o deram um passo no
caminho do Senhor, sen„o que hesitam, que n„o determinaram ainda que rumo devem
tomar, mas que se movem ‡s vezes numa direÁ„o e ‡s vezes
22
noutra, sempre duvidosos, sempre ziguezagueandoî.
Paulo para descrever esta inconst‚ncia infantil, usa um termo n·utico que se refe-
re a uma pequena embarcaÁ„o que, em mar aberto n„o consegue manter o curso
certo (Kludwni/zomai = ìser arrastado, levado pelas ondasî)(Ef 4.14). Metaforica-
mente tem o sentido de ìser agitado mentalmenteî. A idÈia È a de andar em cÌrcu-
los, diante da variedade de ensinamentos. ìEle os compara com as palhas ou
outros elementos leves, os quais s„o rodopiados pela forÁa do vento a soprar
25
em cÌrculo ou em direÁıes opostasî.
Tomando as figuras usadas por Paulo, podemos observar que a crianÁa gosta
de entretenimento, novidade e indisciplina; se n„o tivermos firmeza doutrin·ria, se
n„o estivermos ancorados na Palavra, seremos conduzidos de forma constante e
sem di- reÁ„o. Este exemplo negativo, temos nos g·latas, aos quais, Paulo
escreve: ìAdmi- ra-me que estejais passando t„o depressa daquele que vos
chamou na graÁa de Cristo, para outro evangelhoî (Gl 1.6). ìVÛs corrÌeis bem;
quem vos impediu de con-
bros s„o vibrantes e intentam servir a Cristoî (Iain Murray, A Igreja: Crescimento e Sucesso: In: FÈ para
Hoje, S„o JosÈ dos Campos, SP.: Fiel, nw 6, 2000, p. 20).
22 Jo„o Calvino, EfÈsios, (Ef 4.14), p. 127.
23 Vd. Hermisten M.P. Costa, Eu Creio, S„o Paulo: Parakletos, 2002, p. 250-251.
24
Ralph P. Martin, EfÈsios: In: Coment·rio BÌblico Broadman, Rio de Janeiro: JUERP., 1985, Vol. 11,
p. 190.
25 Jo„o Calvino, EfÈsios, (Ef 4.14), p. 128.
tinuardes a obedecer ‡ verdade?î (Gl 5.7).
26 Jo„o Calvino, O Profeta Daniel: 1-6, S„o Paulo: Parakletos, 2000, Vol. 1, (Dn 3.2-7), p. 190.
27
Quanto ‡ responsabilidade dos pastores, Vd. Jo„o Calvino, As Pastorais, S„o Paulo: Paracletos,
1998, (1Tm 3.15), p. 97-98; Jo„o Calvino, ExposiÁ„o de 1 CorÌntios, (1Co 3.5ss), p. 101ss.
28 Calvino, falando com a autoridade e a experiÍncia de um eficiente pastor, escreve em 1548: ìOs
pastores piedosos e probos ter„o sempre que manter esta luta de desconsiderar as ofensas daqueles que
querem desfrutar de vantagem em tudo. Pois a Igreja ter· sempre em seu seio pessoas hipÛcritas e perversas,
as quais preferem suas prÛprias cobiÁas ‡ Palavra de Deus. E mesmo as pessoas boas, quer por alguma
ignor‚ncia quer por alguma fraqueza, s„o ‡s ve- zes tentadas pelo diabo a ficar iradas com as fiÈis
advertÍncias de seu pastor. … nosso dever, pois, n„o ficar alarmados por quaisquer gÍneros de ofensas,
contanto, naturalmente, que n„o desviemos de Cristo nossas dÈbeis mentesî [Jo„o Calvino, G·latas, (Gl
1.10), p. 36-37]. ìA tarefa dos mestres consiste em preservar e propagar as s„s doutrinas para que a
pureza da religi„o permaneÁa na Igrejaî [Jo„o Calvino, ExposiÁ„o de 1 CorÌntios, (1Co 12.28), p. 390].
29 ìO EspÌrito tambÈm chama os homens para o ministÈrio na Igreja e os dota com as quali-
dades necess·rias para o exercÌcio eficaz de suas funÁıes. O ofÌcio da Igreja, neste assunto, È simplesmente o
de determinar e verificar o chamamento do EspÌrito. Assim, o EspÌrito Santo È o autor imediato de toda a
verdade, de toda a santidade, de toda a consolaÁ„o, de to-
30
autoridade deles È derivada de Deus, n„o do povo que os elegeu; por outro lado,
eles precisam ter em mente que prestar„o contas dos seus atos a Deus. O Novo
Testamento nos chama a atenÁ„o para o ministÈrio universal dos crentes: todos so-
mos respons·veis pelo desempenho do serviÁo de Deus em Sua Igreja (Ef 4.11-12).
ì… verdade que Deus poderia, pelo Seu poder, sem qualquer meio, congregar para
Si mesmo uma Igreja de entre os homens; mas Ele preferiu tratar com os homens pelo
ministÈrio de homens. Por isso os ministros de- vem ser considerados n„o como
ministros apenas por si mesmos, mas co- mo ministros de Deus, visto que por meio deles
Deus realiza a salvaÁ„o de homensî
da a autoridade e de toda a eficiÍncia nos filhos de Deus, individualmente, e na Igreja, cole- tivamenteî (Charles
Hodge, Teologia Sistem·tica, S„o Paulo: Editora Hagnos, 2001, p. 396).
30
Bavinck enfatiza: ìOs pastores e mestres, os presbÌteros e di·conos, tambÈm devem seu ofÌ-
cio e sua autoridade a Cristo, que instituiu esses ofÌcios e que continuamente os sustenta, que d· ‡s
pessoas os seus dons e que os apresenta para o ofÌcio atravÈs da Igreja (1Co 12.28; Ef 4.11). Mas esses
dons e essa autoridade lhes s„o dados para que sejam emprega- das para o benefÌcio da Igreja e para que
sejam ˙teis no aperfeiÁoamento dos santos (Ef 4.12)î (Herman Bavinck, Our Reasonable Faith, 4™ ed.
Grand Rapids, Michigan: Baker Book House, 1984, p. 537-538). Louis Berkhof acentua que ìOs
oficiais da igreja recebem sua autoridade de Cristo, e n„o dos homens, mesmo que a congregaÁ„o sirva de
instrumento para instal·-los no ofÌcioî (L. Berkhof, Teologia Sistem·tica, Campinas, SP.: Luz para o
Caminho, 1990, p. 599). Ver tambÈm: Samuel Miller, O PresbÌtero Regente: Natureza, Deveres e
QualificaÁıes, S„o Paulo: Os Pu- ritanos, 2001, p. 15.
31
Ashbel G. Simonton, Di·rio, 1852-1867, S„o Paulo: CEP/O Semeador, 1982, 14/01/1862; Rev. An-
tonio Trajano, EsboÁo HistÛrico da Egreja Evangelica Presbyteriana: In: ¡lvaro Reis, ed. Almanak His-
torico do O Puritano, Rio de Janeiro: Casa Editora Presbyteriana, 1902, p. 7-8.
32
Rev. Antonio Trajano, EsboÁo HistÛrico da Egreja Evangelica Presbyteriana: In: ¡lvaro Reis,
ed.
Almanak Historico do O Puritano, p. 8.
33
Rev. Antonio Trajano, EsboÁo HistÛrico da Egreja Evangelica Presbyteriana: In: ¡lvaro Reis,
ed.
Almanak Historico do O Puritano, p. 7-9; Boanerges Ribeiro, Protestantismo e Cultura Brasileira,
S„o Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1981, p. 24; J˙lio A. Ferreira, HistÛria da Igreja Presbiteriana
do Brasil, 2™ ed. S„o Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1992, Vol. I, p. 28.
34
balhos promovidos por Simonton.
35
Nesta ocasi„o foi celebrada a Santa Ceia pela primeira vez, sendo ministrada pelo
36
Rev. F.J.C. Schneider (1832-1910) e pelo Rev. A. G. Simonton, em inglÍs e
37
portuguÍs.
1. O DI¡CONO:
IntroduÁ„o:
A) TERMINONOGIA:
1) NA LITERATURA GREGA:
Essas palavras apresentam trÍs sentidos especiais, com uma pesada cono-
taÁ„o depreciativa: a) Servir ‡ mesa; b) Cuidar da subsistÍncia; c) Servir: No sentido
de ìservir ao amoî.
34
Di·rio, 25/11/61; 31/12/61; Boanerges Ribeiro, Protestantismo e Cultura Brasileira, p. 24, Veja-se
nota 131.
35
RelatÛrio de Simonton apresentado ao PresbitÈrio do Rio de Janeiro no dia 10/07/1866, p. 4.
36
O Rev. Schneider chegou ao Brasil em 7/12/1861. Foi ele quem traduziu, entre outros, o livro de
Charles Hodge, O Caminho da Vida, New York: Sociedade Americana de Tractados (s.d.), 300p., e o
de seu filho, A.A. Hodge, EsboÁos de Theologia, Lisboa: Barata & Sanches, 1895, 620p.
37
Di·rio, 14/01/1862.
38
Vd. Atas da Igreja do Rio de Janeiro; RelatÛrio de Simonton apresentado ao PresbitÈrio do Rio de
Janeiro no dia 10/07/1866, p. 7-8; Vicente T. Lessa, Annaes da 1™ Egreja Presbyteriana de
S„o Paulo, EdiÁ„o da 1™ Egreja Presbyteriana Independente, 1938, p. 41; Rev. Antonio Trajano,
EsboÁo HistÛrico da Egreja Evangelica Presbyteriana: In: ¡lvaro Reis, ed. Almanak Historico do O
Puritano,
p. 8; J˙lio A. Ferreira, HistÛria da Igreja Presbiteriana do Brasil, Vol. I, 28-29.
PresbÌteros e Di·conos: Servos de Deus no Corpo de Cristo ñ Rev. Hermisten ñ 12/05/08 ñ 10
Para os gregos, servir era algo indigno. Os Sofistas chegavam a afirmar que o
homem reto sÛ deve servir aos seus prÛprios desejos, com coragem e prudÍncia.
2) NA LITERATURA JUDAICA:
O historiador judeu Fl·vio Josefo, usou o termo em trÍs sentidos: a) Servir ‡ me-
sa; b) Servir no sentido de obedecer; c) Prestar serviÁos sacerdotais.
Jesus Cristo deu uma grande liÁ„o aos seus ouvintes, ao verbalizar a sua miss„o:
ì... O Filho do homem, que n„o veio para ser servido (diakone/w), mas para servir
(diakone/w)....î (Mt 20.28).
39
Hermann W. Beyer, Servir, ServiÁo: In: G. Kittel, ed. A Igreja do Novo Testamento, S„o Paulo: AS-
TE, 1965, p. 275.
40
Diakoni/a * Lc 10.40; At 1.17,25; 6.1,4; 11.29; 12.25; 20.24; 21.19; Rm 11.13; 12.7; 15.31; 1Co
12.5; 16.15; 2Co 3.7,8,9 (2 vezes); 4.1; 5.18; 6.3; 8.4; 9.1,12,13; 11.8; Ef 4.12; Cl 4.17; 1Tm 1.12;
2Tm 4.5,11; Hb 1.14; Ap 2.19.
41
Dia/konoj * Mt 20.26; 22.13; 23.11; Mc 9.35; 10.43; Jo 2.5,9; 12.26; Rm 13.4 (2 vezes); 15.8; 16.1;
1Co 3.5; 2Co 3.6; 6.4; 11.15,23; Gl 2.17; Ef 3.7; 6.21; Fp 1.1; Cl 1.7,23,25; 4.7; 1Ts 3.2; 1Tm 3.8,12;
4.6.
42
Na realidade n„o existe este verbo em nossa lÌngua; ele foi apenas transliterado do grego e apor-
tuguesado para dar o mesmo sentido fonÈtico...
43
Diakone/w *Mt 4.11; 8.15; 20.28; 25.44; 27.55; Mc 1.13,31; 10.45; 15.41; Lc 4.39; 8.3; 10.40;
12.37; 17.8; 22.26,27 (2 vezes); Jo 12.2,26 (2 vezes); At 6.2; 19.22; Rm 15.25; 2Co 3.3; 8.19,20; 1Tm
3.10,13; 2Tm 1.18; Fm 13; Hb 6.10; 1Pe 1.12; 4.10,11.
1. Origem do OfÌcio de ìDi·conoî
44
Kelly, T.C. Smith, Beyer, entre outros.
45
Stagg e Latourette.
46
Irineu, Calvino, Bavinck, Vincent, Berkhof, Hendriksen, Ladd, R.B. Kuiper, Grudem, entre outros.
47
O verbo paraqewre/w no imperfeito, sugere a idÈia de algo freq¸ente e habitual. Este verbo
sÛ ocorre aqui (At 6.1) no Novo Testamento.
48 Assim pensa Barclay. (William Barclay, El Nuevo Testamento Comentado, Buenos Aires: La Auro-
ra, 1974, Vol. VII, p. 60).
49 Vd. I.H. Marshall, Atos: IntroduÁ„o e Coment·rio, S„o Paulo: Mundo Crist„o/Vida Nova, 1982, p.
123.
50
R.B. Kuiper, El Cuerpo Glorioso de Cristo, Grand Rapids, Michigan: SLC., 1985, p. 141.
51
Jo„o Calvino, As Institutas, (1541), IV.13.
52
Vd. Clemente de Roma, 1CorÌntios, 42.4; 44.5; 47.6; 54.2; 57.1; In·cio, Cartas: Aos EfÈsios, 2.1;
Aos MagnÈsios, 2.1; 3.1; 6.1; 13.1; Aos Tralianos, 2.3; 3.1; 7.2; 12.2; Aos FiladÈlfios, 10.2; Aos Es-
2. DefiniÁ„o:
A CI/IPB., Art 108, prescreve isto, com uma perfeita compreens„o bÌblica:
ìVocaÁ„o para ofÌcio na Igreja È a chamada de Deus, pelo EspÌrito San- to, mediante o
testemunho interno de uma boa consciÍncia e a aprova- Á„o do povo de Deus, por
intermÈdio de um concÌlioî. (Vd. tambÈm, Art 109 e ßß).
mirnenses, 8.1; ¿ Policarpo, 6.1; Irineu, Contra as Heresias, V.36.1; EusÈbio de CesarÈia, HistÛria
Eclesi·stica, III.39.3-5,7; VI.19.19; 43.2; 43.11; VII.28.1; 30.2.12.
53
J. Calvino, InstituciÛn, IV.3.9.
54 Jo„o Calvino, InstituciÛn de la Religion Cristiana, (1536), V.5. Vd. tambÈm, As Institutas, IV.3.9.
55 Samuel Miller, O PresbÌtero Regente: Natureza, Deveres e QualificaÁıes, p. 38.
56 Jo„o Calvino, ExposiÁ„o de 2 CorÌntios, S„o Paulo: Paracletos, 1995, (2Co 1.1), p. 15.
Calvino (1509-1564) comenta:
ìO que torna v·lido um ofÌcio È a vocaÁ„o, de modo que ninguÈm po- de exercÍ-lo
correta ou legitimamente sem antes ser eleito por Deus (...). Nenhuma forma de governo
deve ser estabelecida na Igreja segundo o juÌzo humano, sen„o que os homens devem
atender ‡ ordenaÁ„o divina; e, ainda mais, que devemos seguir um procedimento de
eleiÁ„o preesta- belecido, para que ninguÈm procure satisfazer seus prÛprios desejos.
(...) Segundo È a promessa de Deus de governar sua Igreja, assim ele reserva para si o
direito exclusivo de prescrever a ordem e forma de sua adminis-
57
traÁ„oî.
ìA Deus pertence com exclusividade o governo de sua Igreja. Portanto, a vocaÁ„o n„o
58
pode ser legÌtima a menos que proceda deleî.
O serviÁo que prestamos a Deus deve ser visto n„o como uma fonte de lucro ou
projeÁ„o, mas como resultado de um chamado irrevog·vel de Deus. Paulo em seu
ministÈrio tinha esta consciÍncia, de ser apÛstolo pela vontade de Deus (Vd. Rm 1.1;
1Co 1.1; 2Co 1.1; Ef 1.1; Cl 1.1, etc.).
O di·cono deve ser eleito pela Igreja (At 6.5). A eleiÁ„o È uma evidÍncia de que
Deus vocacionou aquele irm„o para o respectivo ofÌcio. Por isso, a Igreja deve bus- car
a orientaÁ„o de Deus com fÈ e submiss„o, certa de que Deus tambÈm manifesta a
Sua vontade por intermÈdio da assemblÈia.
In·cio (30-110 AD), na referida carta aos Tralianos, diz que todos dever„o ìres-
64
peitar os di·conos como a Jesus Cristoî. Em outro lugar, ordena: ìAcatem os
65 66
di·conos, como ‡ lei de Deusî. No DidaquÍ (c. 120 AD), lemos: ìElegei, en- t„o,
para vÛs mesmos bispos e di·conos dignos do Senhor, varıes mansos e n„o amantes de
dinheiro, verdadeiros e aprovados, porque tambÈm eles vos ministram os serviÁos dos
profetas e mestres. N„o os desprezeis, pois, porque s„o dignos de igual honra, como os
67
profetas e mestresî.
62 Vd. Hermisten M.P. Costa, Uma FamÌlia Cheia do EspÌrito Santo, S„o Paulo: 2001.
63 Ver: Richard C. Trench, Synonyms of the New Testament, 7™ ed. rev. enlar. London: Macmillan
and Co. 1871, ß xcii, p. 325-329; William Barclay, Palavras Chaves do Novo Testamento, S„o Paulo:
Vida Nova, 1988 (reimpress„o), p. 178-181.
64
In·cio, Carta aos Tralianos, 3. In: Cartas de Santo In·cio de Antioquia, p. 58.
65
In·cio, Carta aos Esmirnenses, 8. In: Cartas de Santo In·cio de Antioquia, p. 81.
66
Obra pretensamente escrita pelos ApÛstolos. Amplamente aceita, devido a sua pretens„o de ter si-
do redigida pelos apÛstolos, daÌ o seu nome completo: DidaquÍ: Ensino do Senhor AtravÈs dos Doze
ApÛstolos.
67 DidaquÍ, XV. In: J.G. Salvador, ed. O DidaquÍ, S„o Paulo: Imprensa Metodista, 1957, p. 76.
PresbÌteros e Di·conos: Servos de Deus no Corpo de Cristo ñ Rev. Hermisten ñ 12/05/08 ñ 15
a) O di·cono n„o deve ser um difamador, levando e trazendo casos dos lares on-
de visita (n„o deve ser mexeriqueiro);
b) N„o deve ser alguÈm que pense uma coisa e diga outra;
c) N„o deve ser alguÈm que diz uma coisa para uma pessoa e algo diferente
para outra, falando conforme o interesse do seu interlocutor.
Sobre o di·cono pesava grande responsabilidade. Ele teria acesso aos lares, to-
maria conhecimento de problemas Ìntimos e, tambÈm teria de administrar os bens
da Igreja dedicados aos necessitados. Como confiar num bÍbado?
Notemos que Paulo n„o exige total abstinÍncia; ele fala de moderaÁ„o (1Tm 3.3;
Tt 1.7); todavia, cremos que a abstinÍncia seja recomend·vel (Rm 14.21/1Ts 5.22).
A bebedice È uma das caracterÌsticas do modo gentio de viver (1Pe 4.3) como o-
bra da carne (Gl 5.21).
N„o nos esqueÁamos do princÌpio bÌblico expresso em alguns textos, tais como
68 Como bem sabemos, os livros de Macabeus n„o s„o ìcanÙnicosî; isto È, n„o fazem parte dos
66 Livros considerados inspirados por Deus. No entanto, eles tÍm um valor histÛrico-informativo,
nos a- judando a entender melhor aspectos da histÛria dos judeus no segundo sÈculo a.C.
69
Ai)sxro/j = indecoroso, torpe, indecente. * Tt 1.11 & ke/rdoj = lucro, ganho. ìN„o tenha sÛrdida co-
biÁa por lucroî. *1Tm 3.8; Tt 1.7.
70 A palavra usada por Pedro, sÛ ocorre aqui: ai)sxrokerdw=j, que significa ìlucro vergonhosoî, ìam-
biciosamenteî. Ela È da mesma raiz de ai)sxrokerdh/j.
PresbÌteros e Di·conos: Servos de Deus no Corpo de Cristo ñ Rev. Hermisten ñ 12/05/08 ñ 16
Calvino faz uma par·frase: ìConservando pura a doutrina de nossa reli- gi„o, e
isso de todo o nosso coraÁ„o e com sincero temor a Deus, os homens que s„o ricamente
instruÌdos na fÈ n„o devem ser ignorantes de nada que seja necess·rio a um crist„o
71
conhecerî.
A conduta do di·cono deve ser t„o boa que ninguÈm tenha do que o acusar; seja
Aqui n„o se estabelece uma regra dizendo que os di·conos devem ser ca-
sados; o que se diz È que eles, sendo casados, devem ser ìmaridos de uma sÛ
mu- lherî. Outra quest„o: Ent„o quer dizer que na Igreja Primitiva era possÌvel
haver um homem casado com duas mulheres?!
3.13. QUE GOVERNE BEM SEUS FILHOS E SUA PR”PRIA CASA: (1TM
3.12/3.4-5)
O di·cono juntamente com sua famÌlia, deve se constituir num exemplo de vida
crist„.
74
*1Co 1.8; Cl 1.22; Tt 1.6,7.
75
G. Hendriksen, 1 y 2 Timoteo/Tito, Grand Rapids, Michigan: SLC., 1979, p. 140. Vd. Wayne A.
Grudem, Teologia Sistem·tica, S„o Paulo: Vida Nova, 1999, p. 769.
2. A lembranÁa graciosa de Deus: Hb 6.10.
Paulo diz que aqueles que desempenharem bem o diaconato ter„o o justo re-
conhecimento da Igreja. De fato, È justo que assim seja. Ainda que os di·conos n„o
trabalhem simplesmente para agradar a Igreja, visto que servem ao Senhor na
Igre- ja, È desej·vel que honremos esses servos de Deus que dedicam parte
quantitativa e qualitativamente importante de seu tempo no serviÁo de Deus em
nossa Igreja. O reconhecimento da Igreja È um atestado da sua vocaÁ„o e do
desempenho eficiente do diaconato.
Calvino comenta: ìAo expressar-se assim, ele realÁa qu„o proveitoso È para a Igreja
que esse ofÌcio seja desempenhado por homens criteriosamente es- colhidos, pois o santo
desempenho desses deveres granjeia estima e reve-
76
rÍnciaî.
O di·cono, como n„o poderia deixar de ser, no fiel exercÌcio de seu ofÌcio,
amadu- rece em sua fÈ, tendo maior comunh„o com Deus e seguranÁa na
proclamaÁ„o do Evangelho. … praticamente impossÌvel desenvolver qualquer
trabalho da igreja de forma eficiente sem, ao mesmo tempo, amadurecer em nossa
fÈ.
76
Jo„o Calvino, As Pastorais, (1Tm 3.13), p. 95.
77
Jo„o Calvino, As Pastorais, (1Tm 3.13), p. 95.
2. O PRESBÕTERO:
IntroduÁ„o:
A) TERMINOLOGIA:
Este voc·bulo, que j· era usado desde PÌndaro (c. 518- c. 445 a.C.),
79
parece ter passado por trÍs sentidos: ìmais velhoî, depois, o de ìmaior
import‚nciaî e, final- mente, o ìmais honradoî, n„o havendo nenhuma associaÁ„o
do ìmais velhoî como sendo, por exemplo, o ìmais fracoî. A idÈia presente È de
80
honra e respeito, daÌ o conceito de ìtomar o primeiro lugarî; e, aquilo que,
81
comparativamente, È mais im- portante ou ìimperativoî.
1) NO ANTIGO TESTAMENTO:
78
*At 20.28; Fp 1.1; 1Tm 3.2; Tt 1.7; 1Pe 2.25.
79
Plat„o, Defesa de SÛcrates, S„o Paulo: Abril Cultural, (Os Pensadores, Vol. II), 1972, 31b. p. 22.
80
Vd. Guenter Bornkamm, PresbÌtero: In: G. Kittel, ed. A Igreja do Novo Testamento, S„o Paulo: AS-
TE, 1965, p. 219.
81 Vd. HerÛdoto, HistÛria, Rio de Janeiro: Editora Tecnoprint, (s.d.), V.63. p. 444; TucÌdides, HistÛria
da Guerra do Peloponeso, BrasÌlia: Editora da Universidade de BrasÌlia, 1982, IV.61. p. 208; Plat„o, O
Banquete, S„o Paulo: Abril Cultural, (Os Pensadores, Vol. III), 1972, 218d, p. 55.
PresbÌteros e Di·conos: Servos de Deus no Corpo de Cristo ñ Rev. Hermisten ñ 12/05/08 ñ 20
2) NO NOVO TESTAMENTO:
b) Na Incipiente Igreja:
1. O OfÌcio de PresbÌtero:
82 Vd. Ed. Glasscock, The Biblical Concept of Elder: In: Bibliotheca Sacra, Dallas: Dallas Theological
Seminary, jan/mar., 1987, p. 67.
83 Vd. Guenter Bornkamm, PresbÌtero: In: G. Kittel, ed. A Igreja do Novo Testamento, p. 221.
84 Ver: William Hendriksen, Mateus, S„o Paulo: Cultura Crist„, 2001, Vol. 2, (Mt 15-1-2), p. 150-
85
151. Cf. Presbu/teroj: In: William F. Arndt & F.W. Gingrich, A Greek-English Lexicon of the New
Tes- tament and Other Eearly Christian Literature, 2™ ed. Chicago: University Press, 1979, p. 706b.
N„o sabemos precisar quando surgiu o ofÌcio de PresbÌtero. Contudo, conforme
acentua Bavinck (1854-1921), ìquando nÛs nos lembramos que entre os judeus o
governo do anci„o, seja na vida cÌvica ou nas sinagogas, era uma pr·tica comum, n„o
devemos nos surpreender com o fato de que dentre os outros membros da igreja alguns
tenham sido escolhidos para assumir a responsabi-
86
lidade pela supervis„o e disciplinaî.
Como vimos, em At 11.30 j· registra a sua existÍncia nas Igrejas da JudÈia. Pou-
co antes do ano 50 AD. encontramos Paulo promovendo nas Igrejas da
Gal·cia, a eleiÁ„o de PresbÌteros; È relevante aqui o plural (At 14.23). Em 1
87
CorÌntios 12.28, e- les aparecem sob o nome de ìgovernosî, provavelmente,
88
referindo-se ‡queles que presidem (Rm 12.8/1Ts 5.12), que seguram bem o
89
leme da igreja mantendo-a na direÁ„o certa. Por volta do ano 62 AD. os
encontramos na Igreja de Filipos junta- mente com os di·conos, parecendo
indicar algo comum na estrutura da Igreja (Fp 1.1). Pouco mais tarde, lemos
Paulo orientando Tito a promover a eleiÁ„o de presbÌ- teros (Tt 1.5). A EpÌstola de
Tiago, escrita a diversas igrejas, aponta para a estrutura comum de v·rios
presbÌteros em cada igreja (Tg 1.1/5.14/1Pe 5.1-2). O Novo Tes- tamento nos
indica que as Igrejas eram governadas por presbÌteros, n„o apenas por um (At
14.23/Tt 1.5).
86
Herman Bavinck, Our Reasonable Faith, 4™ ed. Grand Rapids, Michigan: Baker Book House, 1984,
p. 536.
87
Ver: Jo„o Calvino, ExposiÁ„o de 1 CorÌntios, S„o Paulo: Paracletos, 1996, (1Co 12.28), p.
391;
Herman Bavinck, Our Reasonable Faith, p. 536-537; Simon Kistemaker, 1 CorÌntios, S„o Paulo: Edi-
tora Cultura Crist„, 2004, (1Co 12.28), p. 615-616; Samuel Miller, O PresbÌtero Regente: Natureza,
Deveres e QualificaÁıes, S„o Paulo: Os Puritanos, 2001, p. 13.
88 Cf. Jo„o Calvino, ExposiÁ„o de Romanos, S„o Paulo: Paracletos, 1997, (Rm 12.8), p. 433-434.
[Vejam-se tambÈm: Charles Hodge, Commentary on the Epistle to the Romans, Grand Rapids,
Michi- gan: Eerdmans, 1994 (Reprinted), p. 392-393; William Hendriksen, Romanos, S„o Paulo:
Editora Cul- tura Crist„, 2001, (Rm 12.6-8), p. 541-542; John Murray, Romanos, S„o JosÈ dos
Campos, SP.: Edi- tora Fiel, 2003, (Rm 12.3-8), p. 489]. Em outro lugar Calvino demonstra a
amplitude do seu conceito sobre este assunto: ìO que Paulo demonstra claramente quando inclui os que
presidem entre os dons que Deus distribui diversamente aos homens e que devem ser empregados para a
edificaÁ„o da igreja. Conquanto na citada passagem o apÛstolo fale da assemblÈia dos anci„os ou
presbÌteros que eram ordenados na Igreja Primitiva para presidir ou administrar a disciplina p˙blica, ofÌcio
que na EpÌstola aos CorÌntios ele chama de governos, todavia, co- mo em nosso conceito o poder civil visa ao
mesmo fim, n„o h· nenhuma d˙vida de que ele nos recomenda que lhe atribuamos toda sorte de
preeminÍncia justaî [Jo„o Calvino, As Insti- tutas, (1541), III.16].
89 O substantivo usado em 1Co 12.28 para ìgovernarî, kube/rnhsij ñ do verbo kuberna/w (pilotar
um navio) (Usado desde Homero e HerÛdoto, porÈm ausente no NT) ñ tem o sentido figurado
de go- vernar, administrar, dirigir. Este sentido j· fora dado por Plat„o, aplicando a palavra ao
ìestadistaî (Fedro, 247c; Eutidemo, 291c) e ‡ arte de bem dirigir (governar) a ìnau do Estadoî
(Rep˙blica, 488a- b). Kubernh/thj (piloto) ocorre duas vezes no Novo Testamento (At 27.11; Ap
18.17) (LXX: Pv 23.34; Ez 27.8,27,28). O substantivo kube/rnhsij aparece trÍs vezes na LXX:
apresenta a idÈia de bem conduzir a nossa inteligÍncia no tomada de decisıes (Pv 1.5); s·bia
direÁ„o na conduÁ„o do povo (Pv 11.14) e, conduÁ„o prudente na execuÁ„o da guerra (Pv 24.6).
O verbo kuberna/w ocorre uma
˙nica vez na LXX com o sentido de pensamento justo e reto (Pv 12.5). (Vejam-se: Hermann W. Bey-
er, Kube/rnhsij: In: G. Kittel & G. Friedrich, eds. Theological Dictionary of the New Testament, Grand
Rapids, Michigan: Eerdmans, 1983 (Reprinted), Vol. III, p. 1035-1037; William F. Arndt & F.W. Gin-
grich, A Greek-English Lexicon of the New Testament and Other Eearly Christian Literature, p. 457; L.
Coenen, Bispo: In: Colin Brown, ed. ger. O Novo Dicion·rio Internacional de Teologia do Novo Tes-
tamento, S„o Paulo: Vida Nova, 1981-1983, Vol. I, p. 305; Simon Kistemaker, 1 CorÌntios, (1Co
12.28), p. 615-616.
O PresbÌtero È eleito pela Igreja, entre os crentes e com profundo senso de
90
reve- rÍncia (At 14.23). Calvino comenta que ìporque eles sabiam muito bem
que era coisa de suma import‚ncia, n„o se atreviam a intent·-la sen„o com
grande temor, considerando detidamente o que tinham em m„os. E cum- priam seu dever
91
principalmente pedindo a Deus que lhes desse espÌrito de conselho e discernimentoî.
Este ofÌcio È excelente (1Tm 3.1)(kalo/j = bom, ˙til). A palavra grega indica algo
90
A eleiÁ„o aqui descrita parece ter sido feita pelo levantar das m„os (Xeirotone/w = xei/r = ìm„oî &
tei/nw = ìestenderî), ainda que n„o necessariamente (* At 14.23; 2Co 8.19). Ali·s, este costume n„o
era estranho na Antig¸idade. A votaÁ„o era normalmente feita pelo ato de levantar as m„os; em Ate-
nas por aclamaÁ„o, ou por folhas de votantes ou pedras; em caso de desterro, o voto era secreto.
(Veja-se o enriquecedor artigo de Sir Ernest Barker, EleiÁıes no Mundo Antigo. In: DiÛgenes (Antolo-
gia), BrasÌlia, DF.: Editora Universidade de BrasÌlia, 1982, nÉ 2, p. 27-36).
A express„o usada por Paulo em Tt 1.5 recomendando a Tito que em cada cidade constituÌsse
presbÌteros, n„o indica o modo de escolha, mas, sim, a necessidade de, seguindo a pr·tica da Igreja,
ìconstituirî homens para este ofÌcio. O termo usado por Paulo (kaqi/sthmi) ocorre algumas vezes no
NT. com os seguintes sentidos: Mt 24:45,47; Lc 12:42,44 (confiar); Mt 25:21, 23/At 17.15 (colocar so-
bre, no sentido de responsabilidade); At 6:3 (encarregar); Rm 5.19 (2 vezes) (tornar-se, no sentido de
ser constituÌdo); Lc 12:14; At 7.10,27,35; Tt 1.5; Hb 5.1; Hb 5.1; 7.28; 8.3; Tg 4.4 (constituir); Tg 3.6
(situada, com o sentido de constituÌda); 2Pe 1.8.
91
Juan Calvino, InstituciÛn de la ReligiÛn Cristiana, Nueva ediciÛn revisada. Rijswijk (PaÌses Bajos):
FundaciÛn Editorial de Literatura Reformada, 1967, IV.3.12.
92
ìEm Atos 15 e 16.4 os apÛstolos e presbÌteros funcionam claramente como suprema ins-
t‚ncia judici·ria e inst‚ncia doutrinal normativa para toda a Igreja, e como tais tomam uma decis„o a respeito
das exigÍncias mÌnimas da Lei que devem ser impostas aos gentiosî (Guenter Bornkamm,
PresbÌtero: In: G. Kittel, ed. A Igreja do Novo Testamento, p. 237).
93
* Mt 2.6; Lc 17.7; Jo 21.16; At 20.28; 1Co 9.7; 1Pe 5.2; Jd 12; Ap 2.27; 7.17; 12.5; 19.15.
94
ìTenhamos em mente, portanto, que esta palavra [bispo] significa o mesmo que ministro, pastor ou
presbÌteroî [Jo„o Calvino, As Pastorais, S„o Paulo: Paracletos, 1998, (1Tm 3.1), p. 83]. Ver
tambÈm: Francis Turretin, Institutes of Elenctic Theology, Phillipsburg, New Jersey: P & R Publi-
shing, 1997, Vol. III, p. 201ss (apresenta ampla comprovaÁ„o histÛrica); Louis Berkhof, Teologia Sis-
tem·tica, Campinas, SP.: Luz para o Caminho, 1990, p. 590; Morton Smith, Systematic
Theology, Greenville: Greenville Seminary Press, 1994, Vol. II, p. 572; R.C.H. Lenski,
Commentary on the New Testament, Peabody, Mass.: Hendrickson Publishers, 1998, Vol. 9,
(1Tm 3.1), p. 577.
95
Jo„o Calvino, As Pastorais, (1Tm 3.1), p. 81. Calvino acrescenta: ì.... os homens piedosos o de-
sejam [o presbiterato], n„o porque tenham alguma confianÁa em sua prÛpria iniciativa e vir- tude, mas porque
confiam no auxÌlio divino, o qual È a nossa suficiÍncia, no dizer de Paulo (2Co 3.5)î (Jo„o Calvino, As
Pastorais, (1Tm 3.1), p. 83).
que È essencialmente bom, formoso, gentil ñ a idÈia de beleza estÈtica est· classi-
camente presente nesta palavra ñ, ˙til e honroso. Portanto, quem se sente
chamado para o episcopado, deseja algo que È em si mesmo de grande beleza,
96
utilidade e honradez. Deve ser observado, contudo, que esta vocaÁ„o, como os
talentos em
geral, n„o visa auferir lucro ou benefÌcios pessoais, antes, como vimos, edificar a I-
greja. Deus Se digna em utilizar-se de Seus servos neste honroso serviÁo.
96
ìPor demais freq¸entemente um cargo na Igreja È caracterizado pela crÌtica, pela obs- truÁ„o, pela
justiÁa prÛpria e pela presunÁ„o; deve ser caracterizado pelo encanto do ser- viÁo, do encorajamento, do
apoio e do amorî [William Barclay, Palavras Chaves do Novo Tes- tamento, S„o Paulo: Vida Nova,
1988 (reimpress„o), p. 111].
97
ìGrande prudÍncia È requerida daqueles que tÍm a incumbÍncia da seguranÁa de to-
dos; e grande diligÍncia, daqueles que tÍm o dever de manter vigil‚ncia, dia e noite, para a preservaÁ„o de
toda a comunidadeî [Jo„o Calvino, ExposiÁ„o de Romanos, (Rm 12.8), p. 434].
98
Jo„o Calvino, ExposiÁ„o de 1 CorÌntios, (1Co 9.17), p. 278.
99 Nestes textos, aparecem a palavra a)na/gkh que È da mesma raiz de a)nagkastw=j
2.1. NEGATIVAMENTE CONSIDERANDO:
1) N„o arrogante: (mh\ au)qa/dhj) Tt 1.7. Obstinado em sua prÛpria opini„o, tei-
moso, arrogante, pretensioso. Descreve o homem que se recusa a ouvir os outros,
mantendo-se irredutÌvel nas suas ìverdadesî que privilegiam os seus interesses,
em detrimento dos direitos, sentimentos e necessidades dos outros (*2Pe 2.10;
LXX: Pv
100
21.24). Ele, como seu mestre, se basta a si mesmo. Calvino (1509-1564)
comenta que os presbÌteros que agem deste modo, afastam as pessoas de si,
sendo eles
prÛprios cism·ticos, ìporque o companheirismo e a amizade n„o podem ser cultivados
quando cada um busca agradar-se a si mesmo e se recusa a ce- der ou a acomodar-se aos
outros. E de fato todos os au)qa/dhj (obstinados), quando se lhes divisa alguma
oportunidade, imediatamente se transformam
101
em cism·ticosî. … lament·vel constatar historicamente, que os cismas promovi-
dos dentro das igrejas ñ quer pela parte que supostamente permanece fiel, quer
pela parte que sai, julgando-se fiel ñ, s„o, em geral, iniciados pelos lÌderes locais.
Muitas vezes isso ocorre pela presunÁ„o de entender que a sua percepÁ„o È de
todo sufici- ente. N„o tarda acontecer de outros assim pensarem dentro deste novo
grupo por mim formado. O presbÌtero, de fato, n„o pode se arrogar como
propriet·rio ˙nico e absoluto da verdade.
2) N„o dado ao vinho: (mh\ ta/poinoj). *1Tm 3.3; Tt 1.7. A afirmativa indica al-
guÈm que se detÈm freq¸ente e continuamente com a bebida: bÍbado, viciado em
vinho. A orientaÁ„o de Paulo È para que o presbÌtero n„o seja assim. A embriaguez
traz consigo uma sÈrie de conseq¸Íncias danosas para a vida de qualquer pessoa,
ainda mais para aquelas que precisam de toda sensatez e firmeza para conduzir o
povo de Deus. ìBeber com excesso n„o È sÛ indecoroso num pastor, mas ge- ralmente
resulta em muitas coisas ainda piores, tais como rixas, atitudes nÈs-
102
cias, ausÍncia de castidade e outras que n„o carecem de menÁ„o.î Em outro
contexto, Calvino enfatiza: ì[Paulo] quer dizer, pois, que os beberrıes logo
perdem a modÈstia e n„o mais conseguem conter-se pelo pudor: que onde o vinho reina,
o desregramento prevalecer·: e, conseq¸entemente, que to- dos aqueles que cultivam algum
103
respeito pela moderaÁ„o ou decÍncia, de- vem fugir e abominar a bebedice.î
3) N„o violento: (mh\ plh/kthj). *1Tm 3.3; Tt 1.7. ìN„o dado ‡ violÍnciaî,
ìbri- guentoî, ìespancadorî. A palavra pode ser literal: ìn„o pronto a bater em
seu opo- nenteî.
100 Ver: Richard C. Trench, Synonyms of the New Testament, 7™ ed. London: Macmillan and Co.
1871, ß xciii, p. 329-332.
101 Jo„o Calvino, As Pastorais, (Tt 1.7), p. 312.
102 Jo„o Calvino, As Pastorais, (1Tm 3.3), p. 88.
103 Jo„o Calvino, EfÈsios, (Ef 5.18), p. 164.
PresbÌteros e Di·conos: Servos de Deus no Corpo de Cristo ñ Rev. Hermisten ñ 12/05/08 ñ 25
104
4) N„o irascÌvel: (mh\ o)rgi/lon). *Tt 1.7. Inclinado ‡ ira, de temperamento
ìquenteî e ìexplosivoî. Esta palavra indica algo habitual. O presbÌtero n„o deve ser
ìfamosoî pela sua disposiÁ„o ‡ ira; esta predisposiÁ„o tende a aumentar o problema
ao invÈs de contribuir para resolvÍ-lo. Quando vamos tratar com pessoas assim, a
possÌvel ang˙stia da reuni„o, justamente por sua densidade, È antecipada e
agrava- da em muito, justamente pela perspectiva de que a ìcoisa vai esquentarî.
6) N„o avarento: (a)fila/rguroj) 1Tm 3.3. N„o amante do dinheiro (*Hb 13.5). O
amor ao dinheiro (avareza) torna o homem egoÌsta e tremendamente
suscetÌvel a manipulaÁıes, cabalas e interesses pessoais; subordinando as
necessidades da i- greja ‡s suas aspiraÁıes pecaminosas. O desejo
incontrolado de possuir torna o homem possuÌdo pelo seu desejo e, sob esse
domÌnio, passa a dirigir todas as coi- sas sob esta perspectiva, alienando-se de
Deus e do seu prÛximo, olhando a reali- dade apenas sob o prisma de cifras e
lucros. DaÌ Paulo dizer que ìo amor do dinhei- ro (filarguri/a) È raiz de todos os
malesî (1Tm 6.10).
ìMendigos e adivinhos v„o ‡s portas dos ricos tentar persuadi-los de que tÍm o
poder, outorgado pelos deuses devido a sacrifÌcios e encanta- mentos, de curar por meio
de prazeres e festas, com sacrifÌcios, qualquer crime cometido pelo prÛprio ou pelos
seus antepassados, e, por outro la- do, se se quiser fazer mal a um inimigo, mediante
pequena despesa, pre- judicar„o com igual facilidade justo e injusto, persuadindo os
deuses a se- rem seus servidores ñ dizem eles ñ graÁas a tais ou quais inovaÁıes e feiti-
Áarias. Para todas estas pretensıes, invocam os deuses como testemu- nhas, uns
sobre o vÌcio, garantindo facilidades (...). Outros, para mostrar como os deuses s„o
influenciados pelos homens, invocam o testemunho de Homero, pois tambÈm ele
disse: ëFlexÌveis atÈ os deuses o s„o. Com as suas preces, por meio de sacrifÌcios,
votos aprazÌveis, libaÁıes, gordura de
104
Vd. Pv 21.19; 22.24; 29.22.
vÌtimas, os homens tornam-nos propÌcios, quando algum saiu do seu cami- nho e errouí
105
(IlÌada IX.497-501)î.
Paulo mostra que È possÌvel forjar uma aparente piedade ñ conforme os falsos
mestres que, privados da verdade, o faziam pensando em obter lucro (1Tm 6.5) ñ;
contudo, esta carece de poder e da alegria resultantes da convicÁ„o de que Deus
supre as nossas necessidades. Logo, esses falsos mestres n„o conhecem o ìlucroî
da piedade: ìDe fato, grande fonte
106 de lucro (porismo/j) È a piedade (e)use/beia) com
o contentamento ( = ìsuficiÍnciaî, ìsatisfaÁ„oî). Porque nada temos
au)ta/rkeia
trazido para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele. Tendo sustento e com
que nos vestir, estejamos contentesî (1Tm 6.6-8/2Tm 3.5).
108
7) N„o cobiÁoso de torpe gan‚ncia: (mh\ ai)sxrokerdh/j) Tt 1.7/1Pe 5.2.
(*1Tm 3.8). Conforme j· comentamos quando falamos dos di·conos: ìCobiÁoso
de lucro vergonhosoî; isto È, alguÈm que lucra desonestamente, adaptando,
modifican- do o ensinamento aos interesses de seus ouvintes a fim de ganhar
dinheiro deles. TambÈm pode se referir ao envolvimento em negÛcios escusos. A
torpe gan‚ncia È uma decorrÍncia natural da avareza. O lucro em si n„o È
pecaminoso; contudo, ele pode se tornar vergonhoso se a sua obtenÁ„o passar a
ser o nosso objetivo prim·- rio, em detrimento da glÛria de Deus. Pedro contrapıe
este sentimento ‡ boa vonta- de (proqu/mwj *1Pe 5.2), que denota um zelo e
entusiasmo devotado.
Portanto, o presbÌtero deve ser inatac·vel como administrador dos bens de Deus
que lhe foram confiados; ali·s, as caracterÌsticas fundamentais do mordomo (= ad-
ministrador, despenseiro, tesoureiro) s„o: fidelidade e prudÍncia (Lc 12.42; 1Co 4.1-
2; 1Pe 4.10).
113
Jo„o Calvino, As Pastorais, (1Tm 3.2), p. 84.
114
Nh/fw: * 1Ts 5.6,8; 2Tm 4.5; 1Pe 1.13; 4.7; 5.8.
5) SÛbrio: (sw/frwn) 1Tm 3.2; Tt 1.8. ìAuto-controladoî, ìmoderadoî,
ìsensatoî, ìprudenteî, ìsolÌcitoî. (*Tt 2.2,5). Esta que era uma das virtudes
115
cardinais para a filo- sofia grega desde o 6w sÈculo a.C. Ela se contrapunha ‡
116
ignor‚ncia e ‡ frivolida- de. Em Plat„o (427-347 a.C.) temos uma
caracterizaÁ„o curiosa: ìA palavra temperanÁa [swfrosu/nh] È a salvadora
117
[swthri/a] da sabedoria [fro/nhsij]î. Em outro lugar, identificando esta
virtude como sendo divina, diz: ìAquele que È temperante ser· caro ao deus, j· que È
118
semelhante a ele.î
Como tratar de questıes t„o difÌceis na Igreja sem o bom senso necess·rio? Co-
mo confiar nas decisıes, orientaÁıes e governo de uma pessoa insensata e infantil
que age ao saber de suas inclinaÁıes impensadas?
7) Hospitaleiro: (filo/cenoj) *1Tm 3.2; Tt 1.8; 1Pe 4.9). A palavra quer dizer ìa-
migo do estrangeiroî (fi/loj & ce/noj). A hospitalidade fazia parte do ensino de Je-
sus (Lc 10.34-35; 11.5-8) e, os discÌpulos em sua miss„o deveriam contar,
ainda que n„o essencialmente, com a hospitalidade das cidades e aldeias que
visitariam (Mt 10.11; Lc 10.5-9). O prÛprio Jesus usufruÌa da hospitalidade (Mc
1.29; 2.15). Vemos
que os mission·rios dependeram in˙meras vezes da acolhida de irm„os fiÈis, sendo
inclusive Gaio elogiado por Jo„o por tal pr·tica (At 10.6, 23; 16.15; 28.7; Rm
16.23/3Jo 1,5; Fm 22). A pr·tica da hospitalidade È recomendada a toda Igreja
(Rm 12.13; 1Tm 5.10; Hb 13.2; 1Pe 4.9).
Creio que podemos dar um sentido mais amplo ‡ palavra. Deixe-me contar
uma experiÍncia: Ontem, apÛs o culto em uma igreja de outra denominaÁ„o ñ j·
fazia uns
115
Cf. U. Luck, Sw/frw: In: G. Kittel & G. Friedrich, eds. Theological Dictionary of the New Testa-
ment, Vol. VII, p. 1099.
116
Cf. S. Wibbing, DomÌnio PrÛprio: In: Colin Brown, ed. ger. O Novo Dicion·rio Internacional de Teo-
logia do Novo Testamento, Vol. I, p. 684.
117
Plat„o, GÛrgias, 44e: In: Plat„o, Teeteto-Cr·tilo, BelÈm: Universidade Federal do Par·, 1988, p.
139.
118 Plat„o, As Leis, Bauru, SP.: EDIPRO., 1999, IV.716d. p. 190.
119 Samuel Miller, O PresbÌtero Regente: Natureza, Deveres e QualificaÁıes, p. 41.
PresbÌteros e Di·conos: Servos de Deus no Corpo de Cristo ñ Rev. Hermisten ñ 12/05/08 ñ 30
6 meses que havia pregado ali ñ, uma senhora aproximou-se de mim e agradeceu
a exposiÁ„o bÌblica que fizera; sorri e lhe disse: ìore por mimî, ao que ela me
abraÁou e disse mais ou menos o seguinte: ìtenho feito isso desde a outra vez que
o senhor me pediuî. Esta senhora me hospedou em seu coraÁ„o. A hospitalidade
comeÁa pe- la recepÁ„o das pessoas em nossos coraÁıes. O presbÌtero deve
estar disposto a abrir a sua casa para o estrangeiro, mas, necessita tambÈm ter um
grande coraÁ„o para abrigar em sua atenÁ„o e oraÁ„o todos os membros da Igreja.
8) Apto para ensinar: (didaktiko/j) 1Tm 3.2/2Tm 2.24; Tt 1.9. ìH·bil para ensi-
narî, ìtenha did·ticaî. (*2Tm 2.24). N„o se exige do presbÌtero um profundo conhe-
cimento de teologia; no entanto, ele deve estar habilitado a sustentar as principais
120
doutrinas bÌblicas; tenha conhecimento da Palavra e seja h·bil para transmitir o
ensino visando ‡ edificaÁ„o do povo de Deus. ìN„o È suficiente que uma pessoa seja
eminente no conhecimento profundo, se n„o È acompanhada do ta- lento para ensinar.
H· muitos, seja por causa da pron˙ncia defeituosa, ou devido ‡ habilidade mental
insuficiente, ou porque n„o estejam suficiente- mente em contato com as pessoas
comuns, o fato È que guardam seu co-
121
nhecimento fechado em seu Ìntimoî. De passagem, pelo enunciado de Paulo
como critÈrio para o presbiterato, podemos observar a relev‚ncia da pregaÁ„o na e-
dificaÁ„o da igreja. O princÌpio de Paulo nos parece simples: se um membro da igre-
ja n„o tivesse evidenciado habilidade no manuseio da Palavra n„o estaria apto para
o presbiterato.
Os ministros devem ter consciÍncia da graÁa de Deus em seu ministÈrio; eles s„o
servos como os demais, tendo, contudo, uma tarefa especial: ìMinistros s„o aque-
les que colocam seus serviÁos ‡ disposiÁ„o de Cristo, para que alguÈm possa crer nele.
AlÈm do mais, eles n„o possuem nada propriamente seu do quÍ se orgulhar, visto que
tambÈm n„o realizam nada propriamente seu, e n„o possuem virtude para excelÍncia
alguma exceto pelo dom de Deus, e cada um segundo sua prÛpria medida; o que revela
que tudo quanto um indivÌ- duo venha a possuir, sua fonte se acha em outrem.
Finalmente, ele os man- tÈm todos juntos como por um vÌnculo comum, visto que
tinham necessida-
131
de do auxÌlio m˙tuoî.
Publishing Co., (reprinted) 1982, Vol. VIII, p. 111-112; Joseph H. Thayer, ìThayerís Greek-English
Lexicon of the NT,î The Master Christian Library, Verson 8.0 [CD-ROM], (Albany, OR: Ages Sofware,
2000, Vol. 2, p. 270; A. Barnes, ìNotes on the Bible,î The Master Christian Library, Verson 8.0 [CD-
ROM], (Albany, OR: Ages Sofware, 2000, Vol. 15, p. 795; Adam Clark, ìCommentary the New Testa-
ment,î Master Christian Library, Verson 8.0 [CD-ROM], (Albany, OR: Ages Sofware, 2000, Vol. 8, p.
222-223; R. Klˆber, Retid„o: In: Colin Brown, ed. ger. O Novo Dicion·rio Internacional de Teologia do
Novo Testamento, S„o Paulo: Vida Nova, 1983, Vol. IV, 217-219; William F. Arndt & F.W. Gingrich, A
Greek-English Lexicon of the New Testament and Other Early Christian Literature, Chicago:
University of Chicago Press, 1957, p. 584; Russel N. Champlin, O Novo Testamento Interpretado,
Guaratingue- t·, SP.: A Voz BÌblica, (s.d.), Vol. 5, p. 379; John R.W. Stott, Tu, PorÈm, A mensgem de
2 TimÛteo, S„o Paulo: ABU Editora, 1982, p. 59-60; J.N.D. Kelly, I e II TimÛteo e Tito: introduÁ„o e
coment·rio, S„o Paulo: Vida Nova/Mundo Crist„o, 1983, p. 170; William Hendriksen, 1 TimÛteo, 2
TimÛteo e Tito, S„o Paulo: Editora Cultura Crist„, 2001, p. 323-324; Newport J.D. White, Second
Epistle to Timothy: In: W. Robertson Nicoll, ed., The Expositorís Greek Testament, Grand Rapids,
Michigan: Eerdmans, 1983 (Reprinted), Vol. 4, p. 165; p. 798-799; R.C.H. Lenski, Commentary on the
New Testament, Pe- abody, Massachusetts: Hendrickson Publishers, 1998, Vol. 10, p. 425; W.C.
Taylor, Dicion·rio do Novo Testamento Grego, 5™ ed. Rio de Janeiro: JUERP., 1978, p. 152-153;
A.T. Robertson, ìWord Pictures in the New Testament,î The Master Christian Library, Verson 8.0
[CD-ROM], (Albany, OR: Ages Sofware, 2000, Vol. 4, p. 703; William Barclay, El Nuevo Testamento
Comentado, Buenos Aires: La Aurora, 1974, Vol. 12, (2Tm 2.15-18), p. 183].
134 Este era o seu princÌpio pedagÛgico: ìUm s·bio mestre tem a responsabilidade de acomo- dar-se ao
poder de compreens„o daqueles a quem ele administra o ensino, de modo a ini- ciar-se com os princÌpios
rudimentares quando instrui os dÈbeis e ignorantes, n„o lhes dando algo que porventura seja mais forte do
que podem suportarî [Jo„o Calvino, ExposiÁ„o de 1 CorÌntios, S„o Paulo: Paracletos, 1996, (1Co
3.1), p. 98-99].
135
Jo„o Calvino, As Pastorais, (2Tm 2.15), p. 235.
136
Jo„o Calvino, As Institutas, IV.1.5.
137
Jo„o Calvino, ExposiÁ„o de 1 CorÌntios, (1Co 3.5), p. 101-102.
A esfera da autoridade do presbÌtero È derivada da Palavra: ìA primeira regra
do ministro È n„o tentar fazer coisa alguma sem estar baseado nalgum
138
mandamen- toî. ìA Escritura È a fonte de toda a sabedoria, e os pastores ter„o
139
de extrair dela tudo o que eles expıem diante do seu rebanhoî.
Deste modo, aquele que prega deve ter consciÍncia de que o p˙lpito n„o È o lu-
gar para se exercitar as opiniıes pessoais e subjetivas, mas sim, para pregar a Pa-
lavra, anunciando todo o desÌgnio de Deus, sob a iluminaÁ„o do EspÌrito. O EspÌrito
honra exclusivamente a Sua Palavra, n„o a nossa. Lloyd-Jones (1899-1981), numa
sÈrie de sermıes pregados (1963) sobre IsaÌas 1.1-18, declarou corretamente:
ìN„o estou aqui para ventilar minhas prÛprias idÈias e teorias, porÈm para
141
expor a Palavra de Deusî. Sem a Palavra, o p˙lpito torna-se um lugar que no
m·ximo serve como terapia para aliviar as tensıes de um auditÛrio cansado e ansio-
so em busca de refrigÈrio para as suas necessidades mais imediatamente percebi-
das. Ele pode conseguir o alÌvio do sintoma, mas n„o a cura para as suas reais ne-
cessidades.
Os presbÌteros foram chamados por Deus n„o para pregarem suas opiniıes, mas,
o Evangelho de Cristo. E mais, o Evangelho deve ser anunciado em sua inteireza,
sem misturas, adiÁıes e cortes: Isso nos distingue essencialmente dos falsos mes-
tres: ìëA verdade do evangelhoí deve ser considerada como sendo sua ge- nuÌna pureza ou,
o que vem a ser a mesma coisa, sua pura e sÛlida doutrina. Pois os falsos apÛstolos n„o
aboliam totalmente o evangelho, mas o adulte- ravam com suas noÁıes pessoais, de modo
que ele logo passava a ser falso e mascarado. Isso È sempre assim quando nos apartamos,
mesmo em grau mÌnimo, da simplicidade de Cristo. Qu„o impudentes, pois, s„o os papistas
ao se vangloriarem de que possuem o evangelho, pois ele n„o sÛ È corrom- pido por uma
infinidade de invenÁıes, mas tambÈm È mais que adulterado
142
por dogmas infind·veis e pervertidosî.
… a palavra que reconhece que h· ocasiıes nas quais a aplicaÁ„o pura e simples
da lei seria injusta; feriria o prÛprio princÌpio da lei. Os gregos diziam que ìa epiei-
keia devia ter lugar naqueles casos em que a estrita justiÁa se tornava injusti-
144
Áa por sua generalizaÁ„oî. îEpieikeia È a qualidade do homem que sabe que as leis e
prescriÁıes n„o s„o a ˙ltima palavra; do homem que sabe
145
quando n„o se deve aplicar a letra da Lei.î Aquele que tem a consciÍncia de
que legalidade n„o È necessariamente sinÙnimo de legitimidade. O que est· certo
146
do ponto de vista legal pode estar equivocado do ponto de vista moral.
Essa palavra tem implicaÁıes Èticas, visto que est· associada, por exemplo, ao
esforÁo que os crentes devem despender em manter a unidade do EspÌrito (Ef
4.3), ao zelo em socorrer a outros irm„os (Gl 2.9-10; 2Co 8.7,8,16) e, em corrigir
uma in- justiÁa (2Co 7.11-12). Ela tambÈm est· relacionada ao crescimento
espiritual com um fim escatolÛgico. O escritor de Hebreus referindo-se a alguns
herÛis da fÈ que vi- veram na esperanÁa da promessa de Deus quanto ao
descanso futuro, e de outros homens que foram incrÈdulos, escreve: ìEsforcemo-
nos (Spouda/zw), pois, por en- trar naquele descanso....î (Hb 4.11). Quanto ‡
esperanÁa da vinda de Cristo e ‡ nos- sa maneira de viver hoje, Pedro escreve:
ìEsperando e apressando (speu/dw) a vin- da do dia de Deus, por causa do qual os
cÈus incendiados ser„o desfeitos e os ele- mentos abrasados se derreter„oî (2Pe
3.12). A idÈia aqui expressa, n„o È a de que possamos modificar o dia do
regresso de Cristo. A palavra traduzida por ìapressarî (speu/dw), indica um desejo
intenso pelo que vir·, envolvendo a idÈia de diligenciar com zelo, solicitude,
urgenciar, etc. Ela revela uma pressa prazerosa daquilo que te- r· de ocorrer.
Falando sobre a necessidade que os crentes tÍm de usar dos meios de graÁa,
Pedro orienta: ìPor isso mesmo, vÛs, reunindo toda a vossa diligÍncia
(spoudh/), associai com a vossa fÈ a virtude; com a virtude, o conhecimento; (...) Por
isso, irm„os, procurai, com diligÍncia (Spouda/zw) cada vez maior, confirmar a vossa
vocaÁ„o e eleiÁ„o; porquanto, procedendo assim, n„o tropeÁareis em tempo algumî
(2Pe 1.5,10). O Cristianismo È essencialmente um caminho de vida,
fundamentado na pr·tica do Evangelho, conforme ensinado por Jesus Cristo. A
santificaÁ„o È, por- tanto, um desafio a perseguirmos este caminho, nos
empenhando por fazer a vonta- de de Deus. Por isso, a santificaÁ„o nos fala de
caminharmos sempre em direÁ„o ao alvo proposto por Deus, com os nossos
coraÁıes humildes, desejosos de agradar a Deus, de fazer a Sua vontade com o
sentimento adequado. DaÌ a exortaÁ„o de Pe- dro de que nos esforcemos por ser
achados pelo Senhor ìsem m·culaî: ìPor essa raz„o, pois, amados, esperando
estas coisas, empenhai-vos (spouda/zw) por serdes achados por ele em paz, sem
m·cula e irrepreensÌveisî (2Pe 3.14).
Paulo diz aos tessalonicenses do seu esforÁo para poder visit·-los (1Ts 2.17).
Pedro demonstrou esta mesma diligÍncia em ensinar o Evangelho ‡s Igrejas (2Pe
1.15). Judas revela o mesmo ao escrever a sua EpÌstola (Jd 3). Paulo roga a
TimÛ- teo que procure, esforce-se por apresentar-se a Deus como obreiro
aprovado (2Tm 3.15).
Deste modo, Paulo est· nos dizendo que o presbÌtero deve ter empenho seme-
lhante na administraÁ„o dos negÛcios da igreja.
11) Criando seus filhos com disciplina e respeito: 1Tm 3.4. Disciplina, obedi-
Íncia (u(potagh/) (*2Co 9.13; Gl 2.5; 1Tm 2.11) tem o sentido de ìsubmiss„oî e res-
peito (semno/thj = respeito, reverÍncia, dignidade). (*1Tm 2.2; 3.4; Tt 2.7). Esta pa-
lavra indica uma atitude correta, nobre e honrada, acompanhada de ordem e decÍn-
PresbÌteros e Di·conos: Servos de Deus no Corpo de Cristo ñ Rev. Hermisten ñ 12/05/08 ñ 37
149
cia. Deste modo, a educaÁ„o com disciplina e obediÍncia, envolve uma combina-
Á„o harmoniosa entre dignidade e cortesia, independÍncia e humildade, disciplina e
amor.
Deus orienta aos pais a usarem de v·rios meios para ensinar seus filhos a Lei a
fim de que n„o se esquecem de Deus, nem de Seus atos soberanos na histÛria:
ìOuve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, È o ˙nico SENHOR. Amar·s, pois, o SE-
NHOR, teu Deus, de todo o teu coraÁ„o, de toda a tua alma e de toda a tua forÁa.
149 Ver: Richard C. Trecnh, Synonyms of the New Testament, London: Macmillan and Co., 1871, ß
xcii, p. 325-329.
Estas palavras que, hoje, te ordeno estar„o no teu coraÁ„o; tu as inculcar·s a teus
filhos, e delas falar·s assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-
te, e ao levantar-te. TambÈm as atar·s como sinal na tua m„o, e te ser„o por frontal
entre os olhos. E as escrever·s nos umbrais de tua casa e nas tuas portas. Haven- do-
te, pois, o SENHOR, teu Deus, introduzido na terra que, sob juramento, prometeu a
teus pais, Abra„o, Isaque e JacÛ, te daria, grandes e boas cidades, que tu n„o edi-
ficaste; e casas cheias de tudo o que È bom, casas que n„o encheste; e poÁos aber-
tos, que n„o abriste; vinhais e olivais, que n„o plantaste; e, quando comeres e te far-
tares, guarda-te, para que n„o esqueÁas o SENHOR, que te tirou da terra do Egito,
da casa da servid„oî (Dt 6.4.12). (Do mesmo modo: Dt 11.18-20).
ì.... NÛs estamos convencidos, portanto, que os senhores desejam o bem para nÛs
e agradecemos de todo o coraÁ„o.
ìMas aqueles que s„o s·bios reconhecem que diferentes naÁıes tÍm concepÁıes
diferentes das coisas e, sendo assim, os senhores n„o ficar„o ofendidos ao saber que a
vossa idÈia de educaÁ„o n„o È a mesma que a nossa.
ì.... Muitos dos nossos bravos guerreiros foram formados nas escolas do Norte e
aprenderam toda a vossa ciÍncia. Mas, quando eles voltavam pa- ra nÛs, eles eram maus
corredores, ignorantes da vida da floresta e inca- pazes de suportarem o frio e a
fome. N„o sabiam como caÁar o veado, matar o inimigo e construir uma cabana, e
falavam nossa lÌngua muito mal. Eles eram, portanto, totalmente in˙teis. N„o serviam
como guerreiros, como caÁadores ou como conselheiros.
ìFicamos extremamente agradecidos pela vossa oferta e, embora n„o possamos
aceit·-la, para mostrar a nossa gratid„o oferecemos aos nobres senhores de VirgÌnia que
nos enviem alguns dos seus jovens, que lhes ensi- naremos tudo o que sabemos e faremos,
150
deles, homensî.
151 CurrÌculo" È uma transliteraÁ„o do latim "curriculum" que È empregado tardiamente, sendo deri-
vado do verbo "currere", "correr". "Curriculum" tem o sentido prÛprio de "corrida", "carreira"; um senti-
do particular de "luta de carros", "corrida de carros", "lugar onde se corre", "hipÛdromo" e um sentido
figurado de "campo", "atalho", "pequena carreira", "corte", "curso". A palavra currÌculo denota a com-
preens„o que ele n„o È um fim em si mesmo; È apenas um meio para atingir determinado fim [Vd.
Hermisten M.P. Costa, A PropÛsito da AlteraÁ„o do CurrÌculo dos Semin·rios Presbiterianos,
S„o Paulo: 1997, p. 8ss. (Trabalho n„o publicado)].
152 Veja-se um bom sum·rio disso em Thomas Ransom Giles, Filosofia da EducaÁ„o, S„o
Paulo:
EPU., 1983, p. 60-92.
153 Thomas Ransom Giles, Filosofia da EducaÁ„o, p. 64.
154
Henri-IrÈnÈe Marrou, HistÛria da EducaÁ„o na Antig¸idade, S„o Paulo: E.P.U. (5™ reimpr), 1990, p.
35.
155
Henri-IrÈnÈe Marrou, HistÛria da EducaÁ„o na Antig¸idade, p. 42.
156
Plat„o, A Rep˙blica, 376e ss. p. 86ss.
PresbÌteros e Di·conos: Servos de Deus no Corpo de Cristo ñ Rev. Hermisten ñ 12/05/08 ñ 40
157 158
OS SOFISTAS: Pedagogia elitizada, propÌcia e adequada apenas a quem
159
pudesse pag·-los. Partindo do relativismo e subjetivismo, tinha como objetivo
160
convencer, persuadir o seu oponente independentemente da veracidade do
161
ar- gumento.
Os pais crist„os devem educar os filhos dentro dos princÌpios bÌblicos: a BÌblia
tambÈm È a verdade no campo educacional; Ela deve ser a norma de todo o nosso
pensar e agir. Paulo fala especificamente aos pais: ìE vÛs, pais, n„o provoqueis
vossos filhos ‡ ira, mas criai-os na disciplina e na admoestaÁ„o do Senhorî (Ef .6.4).
Como pais, temos tambÈm a responsabilidade de n„o provocar a sua ira, com
um comportamento que reflita o eq¸Ìvoco de predileÁıes, falta de apoio,
164
menosprezo, provocaÁıes, ironias, excesso de proteÁ„o, etc. (Cl 3.21; Gn 25.28;
165
37.3,4; 2Sm 14.13,28; 1Rs 1.6; Hb 12.9-11). A palavra ìcriai-osî (e)ktre/fw) (Ef
6.4) em contra- posiÁ„o ‡ ìiraî, indica que devemos cri·-los ternamente, com
brandura e amor, sem contudo, excluir a disciplina (paidei/a) e admoestaÁ„o
166
(nouqesi/a) no Senhor. Calvino recomenda aos pais: ìTratem-nos com a brandura
167
e a bondade ade- quadas ‡ personalidade de cada um delesî Notemos que o car·ter
de toda a educaÁ„o e disciplina de nossos filhos ñ por meio de palavras e atos ñ,
È no Se- nhor. ìO que caracteriza a criaÁ„o crist„ n„o È o mÈtodo educacional, mas,
que foi elaborada a primeira gram·tica hebraica, escrita por um crist„o, Reuchlin (1455-1522) em
1506. N„o devemos nos esquecer tambÈm, que È deste perÌodo a publicaÁ„o da ìBÌblia
Poliglota Complutenseî ñ recebendo este nome por ter sido impressa em Complutum, forma latina da
atual Al- cal·, Espanha, onde Ximenes fundou uma Universidade ñ, que continha o Antigo
Testamento em 3 idiomas, formatado em trÍs colunas paralelas: Hebraico, latim (da vulgata) e
grego (da LXX), tendo, tambÈm, uma traduÁ„o latina interlinear. Na parte inferior da p·gina,
constava do Novo Testamento em grego e latim. Esta obra sendo promovida pelo Cardeal Francisco
Ximenes de Cisneros (1437- 1517), foi iniciada em 1502 sendo concluÌda em 1517 (O NT estava
concluÌdo desde 1514), sendo constituÌda por seis volumes. Todavia, o papa Le„o X sÛ deu
permiss„o para a sua circulaÁ„o em 22/03/1520. Ao que parece, esta obra n„o chegou a Alemanha
antes de 1522 e, Lutero n„o se utili- zou dela para a sua traduÁ„o do Novo Testamento (Vejam-se
mais detalhes em: W.G. K¸mmel, In- troduÁ„o ao Novo Testamento, S„o Paulo: Paulinas,
1982, p. 713-714; Wilson Paroschi, CrÌtica Textual do Novo Testamento, S„o Paulo: Vida Nova,
1993, p. 107-108; E. Lohse, IntroduÁ„o ao No- vo Testamento, S„o Leopoldo, RS.: Sinodal, ©
1972, p. 261; HipÛlito Escolar, Historia del Libro, 2™ ed. corregida y ampliada, Salamanca/Madrid:
FundaciÛn Germ·n S·nchez RuipÈrez/Pir·mide, 1988,
p. 416ss.). Quanto ‡ disposiÁ„o das trÍs colunas da obra: Hebraico, Latim e Grego, ìCisneros dizia
que adotara esta disposiÁ„o para recordar o lugar que a Igreja romana ocupava entre a si- nagoga e a Igreja
grega: posiÁ„o an·loga ‡ do Cristo entre os dois ladrıes!î (Jean Delume- au, A CivilizaÁ„o do
Renascimento, Vol. I, p. 98).
164 Hendriksen faz uma lista de erros comuns cometidos pelos pais. Vd. William Hendriksen, Exposi-
Á„o de EfÈsios, (Ef 6.4), p. 325-326.
165 Ocorre apenas duas vezes no NT., unicamente em EfÈsios: 5.29 e 6.4. A palavra apresenta a i-
dÈia de alimentar, sustentar, nutrir, educar. Calvino diz que este verbo ìinquestionavelmente co-
munica a idÈia de gentileza e afabilidadeî [J. Calvino, EfÈsios, (Ef 6.4), p. 181].
166 Ocorre trÍs vezes no NT.: 1Co 10.11; Ef 6.4; Tt 3.10.
167
Jo„o Calvino, As Institutas da Religi„o Crist„: ediÁ„o especial com notas para estudo e pesquisa,
S„o Paulo: Cultura Crist„, 2006, Vol. 1, (III.68), p. 207.
168
sim, o propÛsito que se visa com eleî. A educaÁ„o crist„ visa conduzir a crian- Áa ao
Senhor.
No Antigo Testamento, Eli foi repreendido por Deus porque os seus filhos
que transgrediam a Lei (1Sm 2.22-25), n„o foram admoestados por ele:
ìPorque j· lhe disse que julgarei a sua casa para sempre, pela iniq¸idade que
ele bem conhecia, porque seus filhos se fizeram execr·veis, e ele n„o os
repreendeu (nouqete/w)î (1Sm 3.13). Salom„o por sua vez, instrui: ìA estultÌcia est·
ligada ao coraÁ„o da cri- anÁa, mas a vara da disciplina (LXX: paidei/a) a afastar·
delaî (Pv 22.15).
ìO tratamento bondoso e liberal conserva a reverÍncia dos filhos para com seus
pais, e aumenta a prontid„o e a alegria de sua obediÍncia, en- quanto que uma
severidade austera e inclemente suscita sua obstinaÁ„o e destrÛi seu respeitoî. Mais ‡
frente continua: ì... Deus n„o quer que os pais sejam excessivamente brandos com seus
filhos, ao ponto de corrompÍ-los, poupando-os demais. Que sua bondade seja
temperada, a fim de con- serv·-los na disciplina do Senhor, e corrigi-los tambÈm
quando se desvia- rem. Essa idade requer freq¸ente admoestaÁ„o e firmeza com as
rÈdeas,
12) Bom testemunho dos de fora: 1Tm 3.7. ìDe foraî aqui, aplica-se aos que n„o
173
s„o da Igreja, os incrÈdulos (e)/cwqen = de fora, exterior). Os lÌderes da Igreja, em
especial numa sociedade pag„, estariam sempre sob os olhares inquisidores e
investigativos de seus contempor‚neos. Portanto, eles precisavam ter um bom tes-
temunho dentro da Igreja (a eleiÁ„o por si sÛ j· evidenciaria isso) e fora. NinguÈm
174
deveria ter do que acus·-los. … grande ingenuidade imaginar que o que importa
È
somente a nossa consciÍncia diante de Deus ou, no m·ximo, diante de nossos ir-
m„os. Sabemos que em ˙ltima inst‚ncia, ainda que sejamos injustiÁados e calunia-
dos, o que prevalece È a nossa convicÁ„o de uma boa consciÍncia diante de nosso
175
Deus. Contudo, isso n„o significa que n„o devamos ser cautelosos com a apa-
rÍncia no mal. Definitivamente, n„o devemos nos colocar em situaÁıes
suspeitas
simplesmente porque ìDeus conhece o nosso coraÁ„oî. … preciso que mantenhamos
diante de Deus e, quando possÌvel, diante dos homens, de fora e de dentro da
igre- ja, uma postura condizente com o que acreditamos. Tomando apenas um
exemplo, vemos que Paulo quando levou a oferta dos crist„os da MacedÙnia e
da Acaia para os pobres de JerusalÈm, ele n„o o fez sozinho (2Co 1Co 16.1-4;
8.16-24/Rm 15.22- 33). VocÍ teria d˙vida quanto ‡ honestidade de Paulo? Eu
tambÈm n„o. Contudo, n„o estou seguro quanto a poder dizer o mesmo a
respeito da opini„o dos judeus ou da totalidade dos crentes de Corinto. Paulo agiu
com sabedoria e prudÍncia. Ele nos instrui: ìPois, o que nos preocupa È
procedermos honestamente, n„o sÛ perante o Senhor, como tambÈm diante dos
homensî (2Co 8.21). Calvino comenta: ìA primei- ra preocupaÁ„o È sem d˙vida a de
ser uma boa pessoa, e isto È verificado n„o sÛ pelos feitos externos, mas tambÈm por uma
consciÍncia Ìntegra; po- rÈm, a segunda preocupaÁ„o consiste no fato de que as
pessoas no meio das quais vocÍ vive devem reconhecer que de fato vocÍ È uma boa
pesso-
a. (...) O crist„o deve sempre ter o cuidado de viver uma vida que produza a edificaÁ„o de
seu prÛximo e tomar cuidadosas precauÁıes para que os mi- nistros de Satan·s n„o
encontrem desculpas para caluni·-los, trazendo com
176
isso a desonra de Deus e a ofensa dos homens de bemî. … preciso que en-
tendamos, que a depravaÁ„o total È uma doutrina da qual n„o podemos nos esque-
cer em nossas relaÁıes: todos os homens s„o pecadores.
172
Jo„o Calvino, EfÈsios, (Ef 6.4), p. 181.
173
* Mt 23.25,27; 23.28; Mc 7.15,18; Lc 11.39,40; 2Co 7.5; 1Tm 3.7; 1Pe 3.3; Ap 11.2 (2 vezes);
14.20.
174 Ver: Samuel Miller, O PresbÌtero Regente: Natureza, Deveres e QualificaÁıes, p. 46-47.
175 ìA m· consciÍncia [È] a m„e de todas as heresiasî [Jo„o Calvino. As Pastorais, (1Tm 1.19), p. 50].
176
Jo„o Calvino, ExposiÁ„o de 2 CorÌntios, (2Co 8.21), p. 181,182.
177
ao qual os discÌpulos possam seguir.î A Palavra deve ser previamente grava- da
em nossos coraÁıes, visto que: ìPode acontecer que o homem desempe- nhe seus
deveres de acordo com suas melhores habilidades, porÈm, se seu coraÁ„o n„o est·
naquilo que faz, lhe falta muito para chegar ‡ sua me-
178
taî. Portanto, precisamos examinar-nos a nÛs mesmos: Aqueles que pregam
ìn„o devem balbuciar com o externo de sua lÌngua, nem fazer coment·rios ligeiros, nem
ainda falar por falar; sen„o que, de acordo ao que lhe h· sido ensinado por Deus isso
deveria comunicar aos que est„o a seu cargo, isto È o que h· sido gravado em seu interior.
Se quisermos servir a Deus com pureza em nosso ofÌcio, sobre tudo devemos controlar
nossa lÌngua, para que n„o fale nada sen„o o que est· gravado em nosso coraÁ„o. (...)
Sempre que fa- lamos Deus quer ser ouvido por meio de nÛs. Posto que nos concedeu
uma t„o grande honra, ao menos deverÌamos ter sua doutrina gravada em nÛs, e ali
deveria lanÁar raÌzes, e logo nossa boca deveria testificar de que a co- nhecemos. (...)
Especialmente quando pregamos, que n„o sÛ lhe preguemos a outros; sen„o que nos
incluamos entre eles. (....) Quando uma pessoa fala a Palavra de Deus sem que ela
mesma sinta o seu poder, que outra coisa es- t· fazendo sen„o mero palavreado? E, que
sacrÌlego È isso! Que corrupÁ„o da Palavra de Deus! Deste modo ent„o, pensemos
diligentemente em nÛs mesmos; e, cada vez que formos ao p˙lpito meditemos bem
na liÁ„o que aqui se nos d·, ou seja, que a retid„o de nosso coraÁ„o se manifeste
em
179
nossa lÌnguaî. Continua: ìAqueles que tÍm o ofÌcio de pregar a palavra de
Deus tÍm que praticar tanto melhor o que eu disse, ou seja, de ser instruÌdos eles mesmos
antes de expor algo, de maneira que seu coraÁ„o fale antes de suas bocas. Para fazer isso,
peÁam a Deus que se digne toc·-los de tal maneira no mais Ìntimo, que possam ter Sua
Palavra bem arraigada na alma, que possam ser capazes de servir a seus semelhantes e
perceber que n„o es- t„o avanÁando inadvertidamente por eles mesmos, sen„o que s„o
dirigidos
180
pelo EspÌrito Santoî.
Comecemos por pregar para nÛs mesmos. Pregando sobre o livro de JÛ,
Calvino disse: ìQuando eu subo ao p˙lpito n„o È para ensinar os outros somente.
Eu n„o me retiro aparte, visto que eu devo ser um estudante, e a Palavra que
procede da minha boca deve servir para mim assim como para vocÍ, ou ela ser· o
181
pior para mimî.
182
Como a pregaÁ„o pertence a Deus, que È o Seu autor, deverÌamos ter ìsido
183
ensinados por Deus antes que possamos ser senhores e mestresî. Somente
177
Jo„o Calvino, As Pastorais, (Tt 2.7), p. 331.
178
Jo„o Calvino, A Verdadeira Vida Crist„, p. 39.
179 Juan Calvino, Autoridad y Reverencia que Debemos a la Palabra de Dios: In: Sermones Sobre
Job, p. 205-206.
180
Juan Calvino, Autoridad y Reverencia que Debemos a la Palabra de Dios: In: Sermones Sobre
Job, p. 208.
181
Serm„o 95 Apud Bernard Cottret, Calvin: A Biography, Michigan/Cambridge, U.K./Edinburgh:
Eerdmans/T& T. Clark, 2000, p. 294.
182
ìDeus, o autor da pregaÁ„o!î (Jo„o Calvino As Institutas, IV.1.6).
183
Juan Calvino, Autoridad y Reverencia que Debemos a la Palabra de Dios: In: Sermones Sobre
assim poderemos ser genuÌnos mestres, j· que, como vimos, ìMestre È aquele
184
que forma e instrui a Igreja na Palavra da verdadeî. ìO alvo de um bom
mestre deve ser sempre converter os homens do mundo para que voltem seus olhos para o
185
cÈuî.
Deste modo, cabe ao Ministro, aprender na ìEscola de Deusî esta liÁ„o de vida: A
Palavra foi-nos concedida para que pratiquemos os mandamentos de Deus: as
es- peculaÁıes para nada servem: ì.... n„o h· na escola de Deus liÁ„o que deva ser
mais prudentemente aprendida do que o estudo de uma vida santa e perfeita. Em suma,
a instruÁ„o moral È muito mais importante do que as es- peculaÁıes ingÍnuas, as quais
s„o de nenhum uso Ûbvio ou pr·tico, ‡ luz do texto: ëToda Escritura È inspirada por Deus
È ˙til.... a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda
boa obraí [2Tm 3.16-
189
17]î.
13) Amigo do Bem: (fila/gaqoj) *Tt 1.8. Amigo do que È bom. Denota devoÁ„o
a tudo que È moralmente bom no sentido de resultado da sua atividade;
excelente. Neste sentido, o presbÌtero deve ser amigo daquilo cuja ìbelezaî
pode n„o ser a pri- oridade; no entanto, È algo essencialmente bom para a Igreja.
Na administraÁ„o da Igreja nem sempre tomamos atitudes que sejam
consideradas esteticamente ìbelasî. No entanto, devemos agir procurando o que
È essencialmente bom. O ìbomî nem sempre È imediatamente agrad·vel, mas È
o melhor. A educaÁ„o e a disciplina n„o tÍm, num primeiro momento, como
ingrediente fundamental a satisfaÁ„o de quem por elas È exercitado, no
entanto, o fruto disso È o bem individual e o da Igreja de Cristo (Hb 12.4-13).
Job, p. 206.
184 Jo„o Calvino, ExposiÁ„o de Romanos, (Rm 12.7), p. 432.
185 Jo„o Calvino, As Pastorais, (Tt 1.2), p. 301.
186 Jo„o Calvino, As Pastorais, S„o Paulo, Paracletos, 1998, (1Tm 4.16), p. 125.
187
Jo„o Calvino,. Galatas, (Gl 4.24), p. 141.
188
Jo„o Calvino, As Pastorais, (1Tm 6.3), p. 164-165.
189
Jo„o Calvino, As Pastorais, (1Tm 5.7), p. 136.
FaÁamos uma pequena digress„o. Paulo, escrevendo aos romanos, diz que a
vontade de Deus È ìboaî (Rm 12.2).
Falar que a vontade de Deus È boa pode sugerir-nos uma sÈrie de conceitos dife-
rentes e atÈ equivocados. O que Paulo est· querendo dizer quando declara que a
vontade de Deus È boa?
A palavra usada por ele para descrever a vontade de Deus, denota o que È moral e
praticamente bom. A vontade de Deus È boa (a)gaqo/j) porque Ele È bom. (Lc
18.19). Deus È bom essencialmente; a Sua vontade tambÈm o È. Por Deus ser bom
È que Ele Se comunica com todas as Suas criaturas de modo terno, generoso e be-
nevolente.
195 Em ambos os textos, a palavra utilizada È e)gkrateu/omai, a qual ocorre nesses textos com ex-
clusividade em todo o Novo Testamento.
196 Ver: Hermisten M.P. Costa, A Palavra e a OraÁ„o como Meios de GraÁa: In: Fides Reformata,
S„o Paulo: Centro Presbiteriano de PÛs-GraduaÁ„o Andrew Jumper, 5/2 (2000), 15-48.
197
O substantivo u(pomonh/ (perseveranÁa) e o verbo u(pome/nw [u(pome/nw (u(po/ = ìsobî & me/nw =
ìpermanecer, ficar, esperar, aguardarî)] (perseverar), tÍm o sentido de persistir, permanecer, firmeza,
const‚ncia, paciÍncia, resistÍncia, ìpermanecer debaixo deî; ìmanter-se firme debaixo deî. Os termos
descrevem n„o simplesmente uma atitude passiva de deixar os fatos acontecerem, mas, sim, um
comportamento ativo que enfrenta as dificuldades, tendo uma perspectiva que ultrapassa a simples
vis„o adversa do momento; È, portanto, uma perseveranÁa viril na prova: aceita os embates da vida
porÈm, ao aceit·-los, transforma-os em novas conquistas. A palavra quer dizer uma resistÍncia per-
sistente, a despeito das circunst‚ncias difÌceis. Uma fÈ que se fortalece ainda mais no meio das ad-
versidades [Vd. William Barclay, Palavras Chaves do Novo Testamento, p. 101].
Esta paciÍncia È uma perseveranÁa corajosa, que aceita os desafios de sua fÈ e permanece fiel ao
seu Senhor; ela È uma qualidade espiritual, o produto de um andar submisso e guiado pelo EspÌrito.
Por isso ela pode ser descrita como ìa graÁa para suportarî. Esta resistÍncia se alicerÁa sobre a fÈ. A
fÈ consiste na entrega da alma a Cristo, confiando inteiramente nos Seus cuidados. Tal consagraÁ„o
confere ao crente a disposiÁ„o e o poder de suportar dificuldades provenientes de sua lealdade irres-
trita a Cristo. A nossa fÈ, portanto, se evidencia em nossa paciÍncia em suportar as adversidades... E
assim, a vida crist„ vai sendo lapidada, aprimorada em seus contornos por meio das dificuldades co-
muns a todos aqueles que querem permanecer fiÈis ao Senhor: ìA tribulaÁ„o produz perseveran- Áaî
(u(pomonh/)(Rm 5.3); È a fÈ provada que produz a ìconst‚nciaî (Tg 1.3). ìCom efeito, tendes ne-
cessidade de perseveranÁa (u(pomonh/), para que havendo feito a vontade de Deus, alcanceis a pro-
messaî (Hb 10.36).
198
* Mt 6.24; Lc 16.13; 1Ts 5.14; Tt 1.9.
199
Jo„o Calvino, As Pastorais, (Tt 1.9), p. 313.
200
* Mt 19.26; 24.24; 26.39; Mc 9.23; 10.27; 13.32; 14.35,36; Lc 1.49; 14.31; 18.27; 24.19; At 2.24;
7.22; 11.17; 18.24; 20.16; 25.5; Rm 4.21; 9.22; 11.23; 12.18; 15.1; 1Co 1.26; 2Co 10.4; 12.10; 13.9;
Gl 4.15; 2Tm 1.12; Tt 1.9; Hb 11.19; Tg 3.2
201
ìexortarî (parakalei=n = ìexortarî, ìencorajarî, ìrogarî, ìadmoestarî) pelo ìreto
ensinoî (u(giai/nw = ìestar s„oî, ìestar com sa˙deî e didaskali/a = ìdoutrinaî) e
202
ìconvencerî (e)le/gxw = ìreprovarî, ìrepreenderî) aos que se opıem, gostam de
contradizer a Palavra. As Escrituras s„o adequadas para isso (2Tm 4.2): Ela edifica
os crentes, anima-os, exorta-os e rebate os ataques dos que se aprazem em
203
contra- dizer, em ser do contra. Notemos ent„o, que a fonte da autoridade do
presbÌtero para poder exortar e convencer, est· na Palavra. Uma advertÍncia para
todos nÛs È:
n„o tentemos realizar a nossa funÁ„o fora da Palavra; a autoridade e poder provÍm
da Palavra de Deus. N„o confundamos nossas opiniıes com as Escrituras; a fonte do
nosso pensar e agir deve ser a Escritura, n„o simplesmente a nossa experiÍncia de
homens amadurecidos e pr·ticos.
a) A exposiÁ„o lÛgica e objetiva dos fatos de uma matÈria, com o objetivo de refu-
tar os argumentos de um oponente; daÌ a idÈia de refutar e convencer.
b) A correÁ„o do modo de viver dos homens, feita pela consciÍncia, pela verdade
ou por Deus.
Por isso, Paulo recomenda a TimÛteo que pregue a Palavra, porque ela de fato È
˙til para a correÁ„o: "Prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer n„o, corrige
(e)le/gxw), repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrinaî (2Tm 4.2).
Em outro lugar, Paulo insiste com Tito para que repreenda os falsos mestres a fim
de que eles tenham uma fÈ sadia: "Portanto, repreende-os (e)le/gxw) severamente
205
para que sejam sadios na fÈî (Tt 1.13).
CONSIDERA«’ES FINAIS:
Ao terminarmos estas anotaÁıes, È natural que nos perguntemos: quem pode ha-
bilitar-se para estes ofÌcios? Quem de nÛs se considera apto para fazÍ-lo?
Certa- mente, depois de verificarmos aspectos das exigÍncias bÌblicas, È possÌvel
que ne- nhum de nÛs, a comeÁar por mim, se sinta capacitado para o presbiterato
ou diaco- nato. No entanto, creio que esta sensaÁ„o, ainda que por si sÛ n„o
capacite alguÈm a exercer esses ofÌcios, È um sintoma que pode indicar a nossa
real consciÍncia da responsabilidade de servir ‡ Igreja de Deus como PresbÌtero e
Di·cono. Diria mais: acredito que a ausÍncia do sentimento de incompetÍncia e
pequenez diante desta miss„o aponta para a ausÍncia de compreens„o de sua
abrangÍncia e responsabili- dade. No entanto, tomo aqui a palavra de um teÛlogo
contempor‚neo que nos pare- ce de extrema pertinÍncia:
205
Para um estudo mais detalhado desta palavra, ver: Hermisten M.P. Costa, O Pai Nosso, S„o Pau-
lo: Editora Cultura Crist„, 2001.
206
Wayne A. Grudem, Teologia Sistem·tica, S„o Paulo: Vida Nova, 1999, p. 768.
207
Samuel Miller, O PresbÌtero Regente: Natureza, Deveres e QualificaÁıes, p. 42.