20/08/2021 Processo Judicial Eletrônico: 

PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRA INSTÂNCIA

Seção Judiciária do Estado do Ceará

11ª Vara Federal

PROCESSO Nº: 0004228-11.2008.4.05.8100 - INQUÉRITO POLICIAL

AUTORIDADE: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL e outro
INDICIADO: MARCELO TOSTO DE OLIVEIRA CARVALHO
ADVOGADO: Sonia Cochrane Rao
ADVOGADO: Ademar Rigueira Neto
ADVOGADO: Francisco Ernando Uchoa Lima Sobrinho
ADVOGADO: Fernando Agrela Araneo
ADVOGADO: Jose Roberto Batochio
INDICIADO: JOSE ADALBERTO VIEIRA DA SILVA
ADVOGADO: Guilherme Pinheiro Amaral
ADVOGADO: Marcela Vieira Da Silva
ADVOGADO: Paola Martins Forzenigo
ADVOGADO: Alexandre Sinigallia Camilo Pinto
ADVOGADO: Francisco Ernando Uchoa Lima Sobrinho
INDICIADO: JOSE NOBRE GUIMARAES
ADVOGADO: Wilker Macêdo Lima
ADVOGADO: Marcelo Leal De Lima Oliveira
ADVOGADO: Luiz Eduardo Ruas Barcellos Do Monte
ADVOGADO: Antonio Miguel Penafort Queiros Grossi
ADVOGADO: Marina Feres Carmo
ADVOGADO: Rafael Pina Von Adamek
11ª VARA FEDERAL - CE (JUIZ FEDERAL TITULAR)

SENTENÇA

I- RELATÓRIO.

1- O presente Inquérito foi instaurado pela Polícia Federal em São Paulo (então IPL nº 2-3599/05 -
SR/DPF/SP), objetivando, inicialmente, investigar a suposta prática dos delitos tipificados nos art. 16 da
Lei º 7.492/86 e art. 2º, I, da Lei nº 8.137/90, em face da prisão em flagrante delito de JOSÉ
ADALBERTO VIEIRA DA SILVA, aos 08/07/2005, no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo-SP,
quando tentava  embarcar para Fortaleza-CE transportando R$ 209.000,00 (duzentos e nove mil reais) em
uma maleta de mão e US$ 100.559,00 (cem mil, quinhentos e cinquenta e nove dólares norte-americanos)
junto ao seu corpo, sem comprovação de origem e registro de câmbio legal.

2- Veio distribuído a esta 11ª Vara da Justiça Federal no Ceará no dia 27/03/2008 (fl. 468, no identificador
4058100.14388475), em razão do declínio da competência pelo MM. Juiz Federal da 10ª Vara Federal
Criminal da 1ª Subseção Judiciária de São Paulo (fls. 453/455, no identificador 4058100.14388475).

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3- Na Superintendência de Polícia Federal no Ceará, o Inquérito Policial foi registrado como IPL nº
1143/2008 - SR/DPF/CE.

4- Aos 24/02/2021 o Ministério Público Federal ofereceu denúncia em desfavor de JOSÉ NOBRE
GUIMARÃES, KENNEDY MOURA RAMOS, JOSÉ ADALBERTO VIEIRA DA SILVA, MARCELO
TOSTO DE OLIVEIRA CARVALHO, FRANCISCO DE ASSIS GERMANO ARRUDA e VICTOR
SAMUEL CAVALCANTE DA PONTE, devidamente qualificados, sendo imputada aos três primeiros a
prática do crime descrito no art. 317 c/c o art. 29, ambos do Código Penal; ao quarto acusado, o
cometimento do delito previsto no art. 333 do Código Penal; sendo os dois últimos denunciados tidos
como incursos nas penas do art. 4º, caput, da Lei nº 7.492/1986, na forma do art. 29 do CP (cf.
identificador 4058100.20106505).

5- Afirmou o Parquet Federal, também no identificador 4058100.20106505, haver deixado de denunciar

ROBERTO SMITH, JOSÉ PETRONILHO DE FREITAS e LUIZ ETHEWALDO DE ALBUQUERQUE
GUIMARÃES pela ocorrência de prescrição da pretensão punitiva estatal, tendo eles mais de 70 anos de
idade, sendo reduzido o prazo prescricional pela metade, a teor do art. 115 do Código de Processo Penal,
consignando, ainda, que "o indiciamento de Ricardo Tosto, sócio do escritório de advocacia e irmão de
Marcelo Tosto (presidente do conselho de administração da STN), não chegou a ser formalizado em razão
da decisão proferida pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região no Habeas Corpus 0000229-
32.2010.4.05.8100, que suspendeu o ato liminarmente (fls. 373/1377)" e que deixa, "igualmente, de
denunciar os agentes com relação ao crime de lavagem de dinheiro, haja vista que o Supremo Tribunal
Federal discutiu o tema na Ação Penal nº 470 (Mensalão), ocasião na qual entendeu que o uso de
interposta pessoa para o recebimento de valores não configura o crime em questão".

6- No que concerne à acusação em desfavor de FRANCISCO DE ASSIS GERMANO ARRUDA e a

VICTOR SAMUEL CAVALCANTE DA PONTE, aos quais foi atribuída a prática do crime tipificado no
art. 4º, caput, da Lei nº 7.492/1986, na forma do art. 29 do CP (também no identificador
4058100.20106505), tem-se que foi rejeitada a denúncia nessa parte, nos termos da decisão proferida no
identificador 4058100.20540033. Pendente de julgamento, no Tribunal Regional Federal da 5ª Região, o
Recurso em Sentido Estrito nº 0805918-85.2021.4.05.8100 interposto pelo Parquet Federal em face de tal
rejeição (cf. identificadores 4058100.20697946 e 4058100.21177808).

7- Por ser aplicável ao acusado JOSÉ NOBRE GUIMARÃES a previsão contida no art. 514 do Código de
Processo Penal, foi ele notificado para a apresentação de defesa preliminar, o que fez aos 30/06/2021,
conforme é visto no identificador 4058100.21897961.  

8- Na sua primeira peça de defesa, argumentou JOSÉ NOBRE GUIMARÃES, preliminarmente, inépcia da
denúncia, atipicidade da conduta e prescrição da pretensão punitiva estatal (esta em face de o MPF afirmar
que "o valor apreendido com ADALBERTO no Aeroporto de Congonhas seria contraprestação pela
aprovação do financiamento ao consórcio STN, o que teria ocorrido em data de 25 de junho de 2004"). 

9- Instado a manifestar-se acerca dessa peça processual (cf. despacho de no identificador

4058100.21901839), o douto órgão ministerial veio aos autos no identificador 4058100.22113462,
requerendo, ao final, a extinção da punibilidade de JOSÉ NOBRE GUIMARÃES, nos termos do art. 107,
IV, do Código Penal, "considerando a ocorrência da prescrição punitiva em relação ao crime de
Corrupção Passiva (art. 317, CP)". 

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10- Notícia da impetração do Mandado de Segurança Criminal nº 0807395-96.2021.4.05.0000 em favor de

JOSÉ NOBRE GUIMARÃES, junto ao Tribunal Regional Federal da 5ª Região (alegando haver-lhe sido
restituído por este Juízo 10 dias do prazo para a apresentação de defesa preliminar, ao invés dos 15 dias
previstos no art. 514 do CPP, reduzindo tal prazo em 5 dias), e da sua extinção sem julgamento do mérito,
veio aos autos no identificador 4050000.27296732.

11- Determinada a intimação do Parquet Federal para requerer o que entendesse de direito em relação a
KENNEDY MOURA RAMOS, JOSÉ ADALBERTO VIEIRA DA SILVA e a MARCELO TOSTO DE
OLIVEIRA CARVALHO, manifestou-se o seu nobre representante no identificador 4058100.22596200,
requerendo igualmente que seja declarada extinta a sua punibilidade, nos termos do art. 107, IV, do Código
Penal. 

II- FUNDAMENTAÇÃO E DECISÃO.

12- Observe-se, inicialmente, que, como antedito, a investigação que teve curso nestes autos foi iniciada
pela Polícia Federal em São Paulo (IPL nº 2-3599/05 - SR/DPF/SP)  após a prisão em flagrante de JOSÉ
ADALBERTO VIEIRA DA SILVA, aos 08/07/2005, no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo-SP,
quando tentava  embarcar para Fortaleza-CE transportando R$ 209.000,00 (duzentos e nove mil reais) em
uma maleta de mão e US$ 100.559,00 (cem mil, quinhentos e cinquenta e nove dólares norte-americanos)
junto ao seu corpo, sem comprovação de origem e registro de câmbio legal, após o que, oportuno anotar: 

foram os respectivos autos, na época, distribuídos para a 10ª Vara Federal Criminal da 1ª Subseção
Judiciária de São Paulo, ali tramitando sob o nº 2005.61.81.006571-9 (identificador
4058100.14388460);

após requerimento do douto órgão ministerial / Procuradoria da República em São Paulo, e

entendendo o MM. Juiz da 10ª Vara Federal Criminal da 1ª Subseção Judiciária de São Paulo
assistir-lhe razão, declinou da competência, determinando a remessa dos autos a esta Seção
Judiciária (fls. 453/455, no identificador 4058100.14388475), distribuídos automaticamente a esta
11ª Vara no dia 27/03/2008 (fl. 468, no mesmo identificador 4058100.14388475);

ouvido então o Ministério Público Federal / Procuradoria da República no Ceará, manifestou-se nas
fls. 471/472 (identificador 4058100.14388475), opinando pelo reconhecimento da competência deste
Juízo para o processamento e julgamento do feito, com a ratificação de todas as decisões cautelares
proferidas nos processos nºs. 2008.81.00.04237-2 e 2008.81.00.04230-0 e da decisão que decretou o
sigilo nas investigações, pugnando pela posterior remessa deste Inquérito à Polícia Federal, para o
prosseguimento das apurações pelo prazo de 90 (noventa) dias;   

  na decisão deste Juízo, de 16/04/2008 (fls. 474/476, no identificador 4058100.14388475), foi

reconhecida, de início, a competência da 11ª Vara Federal no Ceará para o processo e eventual
julgamento do feito;

na cota ministerial apresentada em 23/05/2008, foram indicadas diligências a serem realizadas pela
Polícia Federal (fls. 479/485, identificador 4058100.14388475);

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o Delegado de Polícia Federal condutor da investigação apresentou (nas fls. 1.573/1.589, no

identificador 4058100.14388520), o relatório conclusivo do IPL nº 1143/2008 - SR/DPF/CE, sobre o
qual foi o douto órgão ministerial ouvido, tendo requerido o declínio da competência para o
Supremo Tribunal Federal, em razão do suposto envolvimento do então Deputado Federal
JOSÉ NOBRE GUIMARÃES (fls. 1.601/1.621, no identificador 4058100.14388520);

esse pleito do Parquet Federal foi acolhido aos 24/06/2010, conforme a decisão proferida na fl.
1.629 (identificador 4058100.14388520), com baixa nesta Seção Judiciária do Ceará e remessa dos
presentes autos à Corte Constitucional certificadas em 28/06/2010 (fl. 1.635, no identificador
4058100.14388520);

no Supremo Tribunal Federal, foi autuado o processo como Inquérito 2994-CE, com data de
entrada registrada em 07/07/2010 (fl. 1.641, identificador 4058100.14388520);

requereu a Procuradoria-Geral da República, em cota datada de 19/06/2018 (fls. 3.348/3.354, no

identificador 4058100.14388040), o declínio da competência para o Juízo da 11ª Vara Federal no
Ceará;

em decisão de 29/08/2018 (fls. 3.357/3.359, no identificador 4058100.14388040), o Exmo. Sr.

Ministro Luís Roberto Barroso reconheceu a incompetência daquela Corte Constitucional,
ordenando a remessa dos autos a este Juízo, encaminhamento esse que ocorreu aos 18/09/2018
(fl. 3.363-verso, identificador 4058100.14388040);

após o retorno dos autos físicos a esta Seção Judiciária do Ceará, com a reativação do processo no
sistema de dados e movimentação processual "Tebas" em 25/09/2018, foi dada vista dos fólios ao
Ministério Público Federal / Procuradoria da República no Ceará, conforme determinado por este
Juízo no mesmo dia 25/09/2018 (fls. 3.366 e 3.374, no identificador 4058100.14388042);

o processo retornou do MPF-CE a esta 11ª Vara Federal em 11/10/2018 (fl. 3.372, identificador
4058100.14388042), com a apresentação de cota na mesma data, requerendo vista integral dos autos,
incluindo os seus apensos (fl. 3.373, identificador 4058100.14388042), tendo havido nova remessa
dos autos ao Parquet Federal em 15/10/2018 (fl. 3.374, identificador 4058100.14388042);

os autos vieram novamente do MPF a esta 11ª Vara em 06/12/2018 (fl. 3.426, identificador
4058100.14388042), após o que, no mesmo dia 06/12/2018, foi procedida à migração dos autos
físicos deste processo para o sistema PJe (identificador 4058100.14387970), com novas vistas ao
MPF a partir de 07/12/2018 (cf. identificadores 4058100.14390969, 4058100.14391004,
4058100.14826560, 4058100.14888653, 4058100.15042138, 4058100.15121731,
4058100.15340186, 4058100.15681481, 4058100.15686370 e 4058100.15694800);

 requerimento ministerial de arquivamento deste Inquérito foi apresentado aos 20/06/2019 (no
identificador 4058100.15696103);

tal pleito de arquivamento foi indeferido por este Juízo, nos termos da decisão proferida no dia
21/10/2019 (cf. identificador 4058100.16581075);

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após as devidas intimações e cumprimento das demais determinações deste Juízo, e não tendo sido
possível a remessa eletrônica dos autos à instância revisional do Ministério Público Federal por
conta do seu volume (contando então com 12.603 páginas, cf. certidão no identificador
4058100.17001208), foi por este Juízo excepcionalmente autorizado, em 04/12/2019, o seu
encaminhamento digitalizado em DVD-R (identificador 4058100.17001402), o que foi efetivado aos
09/12/2019 (cf. identificadores 4058100.17033829 e 4058100.17039151);

a mídia encaminhada, contendo o processo digitalizado, foi recebido na 2ª Câmara de Coordenação e

Revisão do Ministério Público Federal no dia 12/12/2019 (identificador 4058100.17170415);

o envio de nova mídia, a pedido daquele órgão (no identificador 4058100.17170466), ocorreu aos
14/01/2020 (cf. identificador 4058100.17171036);

solicitada, em 05/02/2021, à 2ª Câmara de Coordenação e Revisão do MPF, informação sobre o

recebimento e/ou análise do arquivamento do Inquérito pedido pelo representante do Parquet
Federal no primeiro grau de jurisdição (identificadores 4058100.19917066 e 4058100.19932428),
com resposta, datada de 12/02/2021, dando conta de que o processo "foi apreciado na Sessão nº 77,
realizada em 8 de junho de 2020", de acordo com o voto e o termo que anexou, encontrando-se na
Procuradoria da República do Ceará (cf. identificador 4058100.20039812);

juntados, em 18/02/2021, o termo e o voto da 2ª CCR pertinentes (nos identificadores

4058100.20039819 e 4058100.20039829), os quais, tendo em mente decisão anterior da 5ª
Câmara de Coordenação e Revisão (Combate à Corrupção) que "não homologou o
arquivamento em relação aos envolvidos pela prática dos crimes de corrupção e de lavagem de
dinheiro" e tinha remetido "os autos para a 2ª CCR/MPF, para análise da matéria
remanescente", foram no sentido de determinar o "retorno dos autos à 5ª Câmara de
Coordenação e Revisão do MPF, para as providências que entender cabíveis, nos termos do voto
do(a) relator(a) (...)", diante do entendimento de ser aquela 5ª Câmara a competente "para o
exercício da função revisional";

conforme veio aos autos no identificador 4058100.19983858, deliberou a 5ª Câmara de Coordenação

e Revisão (Combate à Corrupção) do Ministério Público Federal, em sessão realizada no dia
21/08/2020, "pela não homologação de arquivamento com retorno dos autos à PR de origem,
para deflagração da ação penal cabível, em relação aos envolvidos pela prática dos crimes de
corrupção e de lavagem de dinheiro. E, pela homologação da promoção de arquivamento, em
relação aos crimes previstos no art. 4º, § único, e art. 20, ambos da Lei nº. 7492/96, face a extinção
da punibilidade pela prescrição, nos termos do voto do(a) relator(a)";

aos 19/02/2021, foi determinada a vista dos autos ao MPF (identificador 4058100.20039932);

denúncia foi apresentada pelo Ministério Público Federal no dia 24/02/2021, em desfavor de
JOSÉ NOBRE GUIMARÃES, KENNEDY MOURA RAMOS, JOSÉ ADALBERTO VIEIRA DA
SILVA, MARCELO TOSTO DE OLIVEIRA CARVALHO, FRANCISCO DE ASSIS GERMANO
ARRUDA e VICTOR SAMUEL CAVALCANTE DA PONTE, ali qualificados, atribuindo: a) aos
três primeiros, a prática do crime descrito no art. 317 c/c o art. 29, ambos do Código Penal;  b) ao
quarto acusado, o cometimento do delito previsto no art. 333 do Código Penal; c) aos quinto e sexto

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denunciados, a prática do crime tipificado no art. 4º, caput, da Lei nº 7.492/1986, na forma do art. 29
do CP (cf. identificador 4058100.20106505);

despacho determinando ao MPF o esclarecimento da denúncia em 05/03/2021 (identificador

4058100.20111818);

manifestação do MPF (esclarecimento da denúncia) no dia 24/03/2021 (identificador

4058100.20332089);

despacho dando vista ao MPF de petição e documentos apresentados por MARCELO TOSTO DE
OLIVEIRA CARVALHO em 30/03/2021 (identificador 4058100.20368481);

despacho reiterando a determinação anterior de intimação do MPF, datado de 05/04/2021

(identificador 4058100.20386067);

manifestação MPF em 15/04/2021 (identificador 4058100.20494208);

decisão rejeitando em parte a denúncia (relativamente à acusação de prática do crime previsto

no art. 4º, caput, da Lei nº 7.492/1986 em face de FRANCISCO DE ASSIS GERMANO
ARRUDA e VICTOR SAMUEL CAVALCANTE DA PONTE) e determinando que o MPF
esclarecesse, em 24 horas, quais dentre os demais acusados seriam servidores públicos ou
equiparados, para o fim do art. 514 do CPP, proferida aos 19/04/2021 (identificador
4058100.20540033);

manifestação do MPF, sobre procedimento previsto no art. 514 do CPP, em 26/04/2021

(identificador 4058100.20626566);

despacho determinando a notificação de JOSÉ NOBRE GUIMARÃES, sendo nele consignado que
após a apresentação da defesa preliminar, seria examinado o recebimento, ou não, da denúncia
apresentada em desfavor de JOSÉ ADALBERTO VIEIRA DA SILVA, JOSÉ NOBRE
GUIMARÃES, KENNEDY MOURA RAMOS e MARCELO TOSTO DE OLIVEIRA
CARVALHO, com data de 28/04/2021 (identificador 4058100.20648714);

mandado para notificação de JOSÉ NOBRE GUIMARÃES expedido em 28/04/2021 (identificador

4058100.20671953);

recurso em Sentido Estrito do MPF apresentado no dia 29/04/2021, ppor conta da parcial rejeição da
denúncia (identificador 4058100.20697946);

decisão recebendo o recurso do MPF, em 30/04/2021 (identificador 4058100.20698276);

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manifestação do MPF indicando peças para o recurso aos 11/05/2021 (identificador

4058100.20888533);

despacho determinando petição que também havia sido juntada nos autos do recurso em sentido
estrito (processo nº 0805918-85.2021.4.05.8100), em 18/05/2021 (identificador 4058100.21071867);

encaminhamento de notificação para JOSÉ NOBRE GUIMARÃES em 02/06/2021, e recebimento

por sua assessoria (por e-mail), juntados aos 13/06/2021 (cf. identificadores 4058100.21546838 e
4058100.21546839);

pedido de declaração da nulidade da notificação e restituição de prazo apresentado pela defesa de

JOSÉ NOBRE GUIMARÃES no dia 17/06/2021 (identificador 4058100.21643713);

despacho restituindo prazo (ali sendo assinado 10 dias) para apresentação de defesa preliminar de
JOSÉ NOBRE GUIMARÃES, datado de 18/06/2021 (identificador 4058100.21643941);

defesa preliminar de JOSÉ NOBRE GUIMARÃES juntada em 30/06/2021 (identificador

4058100.21897961);

despacho para oitiva do MPF sobre a peça de defesa, datado de 01/07/2021 (identificador
4058100.21901839), com a respectiva intimação registrada em 06/07/2021(identificador
4058100.22035305);

manifestação do MPF apresentada aos 09/07/2021, requerendo a extinção da punibilidade de

JOSÉ NOBRE GUIMARÃES pela ocorrência de prescrição (identificador 4058100.22113462);

despacho determinando a oitiva do douto órgão ministerial acerca da situação de KENNEDY

MOURA RAMOS, JOSÉ ADALBERTO VIEIRA DA SILVA e de MARCELO TOSTO DE
OLIVEIRA CARVALHO no processo foi proferido no dia 04/08/2021 (identificador
4058100.22397344), com a apresentação de manifestação do MPF aos 16/08/2021, em que pleiteia
que seja declarada extinta a sua punibilidade, nos termos do art. 107, IV, do Código Penal
(identificador 4058100.22596200).

13- Em face dos fatos investigados neste inquisitório, e atento à parte da denúncia não rejeitada por este
Juízo (cf. decisão no identificador 4058100.20540033), tem-se que o Ministério Público Federal atribuiu,
no identificador 4058100.20106505, a prática do crime descrito no art. 317, c/c o art. 29, ambos do Código
Penal, a JOSÉ NOBRE GUIMARÃES, a KENNEDY MOURA RAMOS e a JOSÉ ADALBERTO
VIEIRA DA SILVA. Já MARCELO TOSTO DE OLIVEIRA CARVALHO foi acusado do cometimento do
delito tipificado no art. 333 da mesma lei substantiva penal.  

14- Preveem os arts. 317 e 333 do Código Penal, in verbis: 

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"Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função
ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa."

"Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar,
omitir ou retardar ato de ofício:

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa."

15- Tais condutas delitivas denunciadas neste processo têm pena privativa de liberdade máxima, in
abstracto, de 12 (doze) anos. Portanto, o prazo prescricional é de 16 (dezesseis) anos, a teor do art. 109, II,
do Código de Processo Penal.

16- Assim, assiste razão ao Ministério Público Federal acerca da ocorrência da prescrição, uma vez que,
contando o lapso temporal decorrido desde o último ato indicado como parte das ações tidas como
delituosas perpetradas, verifica-se o decurso de mais de 16 (dezesseis) anos sem que tenha sobrevindo
qualquer causa interruptiva da prescrição: a prisão de JOSÉ ADALBERTO VIEIRA DA SILVA em
flagrante delito, no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo-SP, transportando R$ 209.000,00 (duzentos e
nove mil reais) em uma maleta de mão e US$ 100.559,00 (cem mil, quinhentos e cinquenta e nove dólares
norte-americano) junto ao seu corpo, ocorreu no dia 08 de julho de 2005, e conforme a denúncia, o
dinheiro apreendido teria sido entregue a JOSÉ ADALBERTO VIEIRA DA SILVA por JOSÉ
PETRONILHO DE FREITAS (apontado como um dos diretores da CAVAN/ALUSA) aos 07 de julho de
2005 (dia anterior à prisão do primeiro e apreensão do numerário), na avenida Brigadeiro Farias Lima, nº
3729, na cidade de São Paulo-SP, em uma das salas do 5º andar (locada à ARC & Associados Auditores
Independentes, que prestaria consultoria ao consórcio STN).  

17- Tem-se que tanto a suposta prática do delito tipificado no art. 317 quanto a daquele descrito no art. 333
do Código Penal já foram alcançadas pela prescrição da pretensão punitiva estatal.

18- Diante do exposto, com amparo nos arts. 107, IV, do Código Penal, c/c o art. 61 do Código de Processo
Penal, acolhendo os pleitos do MPF de identificadores 4058100.22113462 e 4058100.22596200, declaro
extinta a punibilidade de JOSÉ NOBRE GUIMARÃES (inscrito no CPF sob o nº 093.245.773-87,
nascido aos 13/02/1959, filho de Maria Laiz Nobre Guimarães e de Sebastião Genuíno Guimarães),
KENNEDY MOURA RAMOS (inscrito no CPF sob o nº 388.619.683-68, nascido aos 27/12/1962, filho
de Maria de Lourdes Alves Moura e de Antenor Moura Ramos), JOSÉ ADALBERTO VIEIRA DA
SILVA (inscrito no CPF sob o nº 627.666.512-68, nascido aos 24/05/1966, filho de Nair Vieira da Silva e
de Antônio Cosme da Silva) e MARCELO TOSTO DE OLIVEIRA CARVALHO (inscrito no CPF sob
o nº 007.274.888-56, nascido aos 08/03/1958, filho de Maria Regina Tosto Siqueira e de Adalberto de
Oliveira Carvalho), em face da prática, em tese, dos delitos tipificados no art. art. 317 (em relação aos três
primeiros),  e no art. 333, (em relação ao último) todos do Código Penal, cujos indícios emergiram da
apuração levada a cabo nestes autos, considerando que não mais subsiste o jus puniendi estatal em relação
a tais crimes, restando prejudicado o exame dos demais requerimentos formulados  a eles pertinentes.

19- Considerando, mais, que foi formalizado o indiciamento de ROBERTO SMITH, LUIZ ETHEWALDO
DE ALBUQUERQUE GUIMARÃES e de JOSÉ PETRONILHO DE FREITAS neste procedimento
inquisitório (cf. Relatório Conclusivo datado de 31/05/2010, no identificador 4058100.14388520, fls.
1.573/1.589), os quais, conforme o Parquet Federal no identificador 4058100.20106505, deixaram de ser
denunciados pelo decurso do prazo prescricional, no caso contado pela metade, verifico que esses
investigados, nascidos, respectivamente, aos 02/08/1942, no dia 05/06/1933 e em 31/05/1947 (cf.
identificador 4058100.19984091), contam, de fato, com mais de 70 anos de idade.

https://pje.jfce.jus.br/pje/Painel/painel_usuario/documentoHTML.seam?idBin=22668455&idProcessoDoc=22631708 8/10
20/08/2021 Processo Judicial Eletrônico: 

20- O art. 4º, caput, da Lei nº 7.492/1986 tem a seguinte redação:

"Art. 4º Gerir fraudulentamente instituição financeira: 

Pena - Reclusão, de 3 (três) a 12 (doze) anos, e multa." 

21- O prazo prescricional para a pena privativa de liberdade máxima no art. 4º, caput, da Lei nº
7.492/1986, vem estabelecido no art. 109, II, do CP: "em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a
oito anos e não excede a doze".

22- Como antes colocado, a conduta tipificada no art. 333 do Código Penal também tem pena privativa de
liberdade máxima, em abstrato, de 12 (doze) anos, com prazo prescricional de 16 (dezesseis) anos, de
acordo com o mesmo art. 109, II, do Código de Processo Penal.

23- Contado pela metade, a teor do art. 115 da lei substantiva penal, por terem os investigados ROBERTO
SMITH, LUIZ ETHEWALDO DE ALBUQUERQUE GUIMARÃES e JOSÉ PETRONILHO DE
FREITAS mais de 70 anos de idade, o prazo é reduzido para 8 (oito) anos, há muito decorrido, pois a
operação realizada pelo Banco do Nordeste do Brasil relacionada aos fatos sob investigação foi aprovada
por sua Diretoria em 25/06/2004 e teve paga a última parcela do financiamento concedido ao Consórcio
STN em 06/10/2005 (cf. identificadores 4058100.14388052 e 4058100.20106505), e, repita-se, o dinheiro
apreendido com JOSÉ ADALBERTO VIEIRA DA SILVA teria sido a ele entregue por JOSÉ
PETRONILHO DE FREITAS aos 07 de julho de 2005.

24- De consequência, amparado nos arts. 107, IV, do Código Penal, c/c o art. 61 do Código de Processo
Penal, e atento ao colocado pelo Parquet Federal no identificador 4058100.20106505 acerca do decurso do
prazo prescricional em relação a ROBERTO SMITH (inscrito no CPF sob o nº 270.320.438-87, nascido
aos 02/08/1942, filho de Paulina Smith e de Henrique Smith), LUIZ ETHEWALDO DE
ALBUQUERQUE GUIMARÃES   (inscrito no CPF sob o nº 000.141.923-49, nascido aos 05/06/1933,
filho de Maria Luiza de Albuquerque Guimarães e de José Serra Guimarães) e a JOSÉ PETRONILHO
DE FREITAS (inscrito no CPF sob o nº 067.788.448-68, nascido aos 31/05/1947, filho de Virgínia Nunes
e de José Francisco de Freitas), declaro extinta as suas punibilidades, em face da prática, em tese, dos
delitos tipificados no art. 4º da Lei nº 7.492/1986 (em relação aos dois primeiros), e no art. 333, do Código
Penal (em relação ao último), cujos indícios teriam surgido na apuração realizada nestes autos,
considerando que não mais subsiste o jus puniendi estatal em relação a tais crimes.

25- Após o trânsito em julgado desta decisão, cancelem-se as anotações porventura existentes nos nomes
de JOSÉ NOBRE GUIMARÃES, KENNEDY MOURA RAMOS, JOSÉ ADALBERTO VIEIRA DA
SILVA, MARCELO TOSTO DE OLIVEIRA CARVALHO, ROBERTO SMITH, LUIZ ETHEWALDO DE
ALBUQUERQUE GUIMARÃES  e de JOSÉ PETRONILHO DE FREITAS nesta Seção Judiciária e na
Superintendência de Polícia Federal, relativas a este feito (IPL nº 1143/2008 - SR/DPF/CE).

26- Manifeste-se o Parquet Federal acerca do destino a ser dado aos aparelhos de telefone celular
apreendidos (cf. certidão no identificador 4058100.17001360).

27- Observe-se que, segundo consignado na r. decisão proferida quando do julgamento dos Embargos
Infringentes em Apelação Cível nº 564.200-CE (atinente à Ação Civil Pública nº 0017764-
https://pje.jfce.jus.br/pje/Painel/painel_usuario/documentoHTML.seam?idBin=22668455&idProcessoDoc=22631708 9/10
20/08/2021 Processo Judicial Eletrônico: 

94.2005.4.05.8100, cf. fls. 3.888/3.407, identificador 4058100.14388042), o dinheiro apreendido em poder

de JOSÉ ADALBERTO VIEIRA DA SILVA já teria sido perdido em favor da União, constando no ofício
nº 000419/2020-BCB/Deati/Coadi-3, de 03/01/2020, oriundo do Banco Central do Brasil (juntado no
identificador 4058100.17263143), que "Pesquisa no banco de dados do sistema SISMECIR não indicou a
presença de valores apreendidos em moeda estrangeira relacionados a José Adalberto Vieira da Silva,
CPF n° 627.666.512-68".

28- Não obstante, oficie-se à Caixa Econômica Federal (agência 2851), para que informe, em até 10 dias,
acerca da eventual existência de dinheiro depositado à disposição deste Juízo, vinculado ao presente
processo, em face da apreensão, em poder de JOSÉ ADALBERTO VIEIRA DA SILVA (CPF nº
627.666.512-68), de valor em moeda nacional.  

29- Ressalto ainda encontrar-se na Corte Regional da 5ª Região, pendente de exame, o Recurso em Sentido
Estrito nº 0805918-85.2021.4.05.8100, que diz respeito à inconformidade do MPF com a decisão que
rejeitou a denúncia na parte concernente às acusações em desfavor de FRANCISCO DE ASSIS
GERMANO ARRUDA e a VICTOR SAMUEL CAVALCANTE DA PONTE.

30-  Intimações e expedientes necessários.

Processo: 0004228-11.2008.4.05.8100
Assinado eletronicamente por: 21081915143905800000022668455
DANILO FONTENELE SAMPAIO CUNHA - Magistrado
Data e hora da assinatura: 19/08/2021 15:14:39
Identificador: 4058100.22631708

Para conferência da autenticidade do documento:

https://pje.jfce.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam

https://pje.jfce.jus.br/pje/Painel/painel_usuario/documentoHTML.seam?idBin=22668455&idProcessoDoc=22631708 10/10