2014 Relato Experiencia Aletheia
2014 Relato Experiencia Aletheia
2014 Relato Experiencia Aletheia
Revista de Psicologia
Nº 43-44 - Jan./Ago. 2014
ISSN: 1981-1330
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Profª. Ms. Fernanda Pasquoto de Souza
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Universidade Luterana do Brasil - ULBRA
Profª Drª Aline Groff Vivian
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Sumário
7 Editorial
Artigo internacional
9 O papel das crianças e dos jovens na constituição das identidades profissionais de educadores/
professores/formadores de professores
The role of children and young people in the constitution of professional identities of
educators/teachers/teacher educators
Leanete Thomas Dotta; Margarida Marta; Rosa Ester Tártato Soares; Luciana Matiz
Artigos empíricos
24 Motivos da busca de atendimento psicológico em uma clínica escola da Região Metropolitana
de Porto Alegre/RS – Pesquisa documental
Reasons of Search for Psychological Care in a School Clinic in Porto Alegre’s Metropolitan
Area – Documentary Research
Fernanda Pasquoto de Souza; Débora de Freitas Gonçalves Santos; Aline Groff Vivian
116 Abandono de tratamento de adolescentes com uso abusivo de substâncias que cometeram
ato infracional
Treatment’s dropout of substance abuse adolescents who committed an infraction
Ilana Andretta; Jéssica Limberger; Margareth da Silva Oliveira
160 Estresse em adolescentes: estudo com escolares de uma cidade do sul do Brasil
Stress in adolescencents: A study with schoolars from a city in southern Brazil
Lígia Braun Schermann; Jorge Umberto Béria; Maria Helena Vianna Metello Jacob;
Guilherme Arossi; Mariana Canellas Benchaya; Nádia Krubskaya Bisch; Sofia Rieth
Artigos teóricos
188 Dependência de álcool e recaída: considerações sobre a tomada de decisão
Alcohol dependence and relapse: Some considerations concerning decision-making
Ana Cristina Bertagnolli; Christian Haag Kristensen; Daniela Schneider Bakos
203 Representações parentais: bases conceituais e instrumento de avaliação
Parental representation: Conceptual basis and an instrument of assessment
Paula Casagranda Mesquita; Sílvia Pereira da Cruz Benetti
Relato de experiência
227 A família no acompanhamento de sujeitos psicóticos: os encargos subjetivos oriundos do
sofrimento psíquico
The family follow up of a psychotic person: Subjective burdens from distress
Nayara Gomes Braga; Nathália de Freitas Costa Fernandes; Tiago Humberto Rodrigues
Rocha
Resenha
248 Avaliação dos comportamentos dependentes
Leda Rúbia Maurina Coelho; Margareth da Silva Oliveira
Introdução
1
Segundo a terminologia presente na legislação educacional: criança – que frequenta a Educação Pré-Escolar;
aluno – que frequenta a Educação Básica e Ensino Secundário; estando estes dois primeiros termos indicados na
Lei n.º 46/86, de 14 de outubro de 1986; e, estudante – que frequenta o Ensino Superior, conforme terminologia
presente na Lei n.º 49/2005, de 30 de agosto de 2005.
Abordagem teórica
Percurso metodológico
Este estudo configura-se com um tipo de metanálise, a inspirada na metaetnografia
(Noblit & Hare, 1983, 1988) que objetiva integrar, interpretar e analisar os resultados
de um conjunto de investigações qualitativas já existentes. O processo envolve a
identificação e a desconstrução de resultados obtidos em investigações anteriores,
organizando-os em um novo conjunto, a fim de reinterpretar os resultados e, assim,
alcançar um significado mais amplo. As unidades de análise são os resultados de cinco
investigações que possuem como objetivo comum a discussão da construção das
identidades profissionais no campo da educação.
Foi no interior do grupo de pesquisa EPSAI & Formação (Escola Pública,
Saberes, Identidades & Formação) que germinaram as reflexões sobre o papel das
crianças/alunos/estudantes nas identidades profissionais docentes nos diferentes níveis
de ensino, que estão na origem deste artigo. O referido grupo de investigação tem por
objetivo a articulação das problemáticas e dos conhecimentos provenientes de diversas
áreas de educação e formação centralizados nos interesses da escola pública e nas
identidades profissionais. Os estudos selecionados para serem a fonte da metanálise
foram, inicialmente, as investigações realizadas pelas autoras do artigo, no âmbito da
educação pré-escolar, do 2º e 3º Ciclo do Ensino Básico (CEB)2 e ensino secundário (no
contexto do ensino português) e Ensino Superior (contexto brasileiro). Para completar
o quadro de análise pretendido – educação pré-escolar ao ensino superior – foi inserido
um estudo sobre 1º Ciclo do Ensino Básico, realizado por um outro integrante do grupo
de pesquisa, mas que não participou como autor do artigo.
2
O 1º CEB correponde aos quatro primeiros anos do Ensino Fundamental, o 2º CEB corresponde ao 5º e 6º ano
do Ensino Fundamental, o 3º CEB equivale ao 7º, 8º e 9º ano do Ensino Fundamental, e o ensino secundário
corresponde ao ensino médio – do sistema de ensino brasileiro.
Considerações finais
Referências
Leanete Thomas Dotta: Bolsista Pós-doutorado CAPES BEX 1798-14-6, CIIE – Centro de Investigação e
Intervenção Educativas Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação Universidade do Porto.
Margarida Marta: Educadora de Infância, Doutorada em Ciências da Educação Agrupamento de Escolas
Diogo de Macedo, Olival. CIIE – Centro de Investigação e Intervenção Educativas Faculdade de Psicologia e
Ciências da Educação Universidade do Porto.
Rosa Ester Tártato Soares: Professora, Mestre em Ciências da Educação Escola Básica de Rio Tinto nº 2.
Luciana Matiz: Investigadora de Pós-doutorado Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação
Universidade do Porto.
Resumo: O presente estudo busca a identificação dos principais motivos de busca dos pacientes
que procuram atendimento psicológico em uma Clínica Escola da Região Metropolitana de Porto
Alegre/RS. Utilizou-se uma metodologia levantamento retrospectivo documental, de consulta às
fichas de triagens realizadas na Clínica Escola no o período de janeiro de 2008 até dezembro de
2012. A amostra do presente estudo foi composta pela análise de 229 prontuários de pacientes adultos
que passaram pelo serviço-escola, incluindo os atendimentos não finalizados até o momento da
realização da pesquisa. Constatou-se que a maior parte dos atendimentos realizados na clínica-escola
foi do sexo feminino (79,9%), com uma faixa etária que variou entre 30 e 39 anos (26,3%) com
Ensino Médio Completo (37,6%). Entre os principais motivos de busca por atendimento psicológico
constamos que as queixas referentes aos Transtornos de Humor prevalecem com 47,7%, seguida
por 26,8% possuíam transtornos relativos à ansiedade e 15,5% buscaram atendimento por queixas
relacionadas a problemas psicossociais e ambientais.
Palavras-chave: Motivos de busca; Clínica-escola; Atendimento Psicológico.
Introdução
Método
Sexo – n (%)
Masculino 46 (20,1)
Feminino 183 (79,9)
Escolaridade – n (%)(n=186)
Ensino fundamental incompleto 46 (24,7)
Ensino fundamental completo 11 (5,9)
Ensino médio incompleto 26 (14,0)
Ensino médio completo 70 (37,6)
Ensino superior incompleto 22 (11,8)
Ensino superior completo 11 (5,9)
De acordo com a Tabela 2 foi possível constatar associação entre a passagem para
outro estagiário e o encerramento do atendimento (p<0,001). Dos 229 prontuários analisados,
218 continham informações sobre a passagem para outro profissional/estudantes durante
o atendimento psicoterápico realizado no SE. Dos atendimentos realizados 14,7% dos
pacientes atendidos passou por este processo de passagem para outro terapeuta.
*p<0,05
Discussão
Considerações finais
Fernanda Pasquoto de Souza: Mestrado em Ciências Médicas pela Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, Brasil (2008). Professora Titular da Universidade Luterana do Brasil, (ULBRA Canoas).
Débora de Freitas Gonçalves Santos: Acadêmica do Curso de Psicologia. Universidade Luterana do Brasil,
Canoas, RS.
Aline Groff Vivian: Psicóloga, Mestre e Doutora em Psicologia (UFRGS). Professora Titular da Universidade
Luterana do Brasil, (ULBRA – Canoas).
Resumo: O presente estudo teve por objetivo compreender as concepções de família trazidas por
mulheres chefes de família de periferia urbana, bem como identificar como as mães entendem seu
lugar nesse contexto familiar. A pesquisa foi realizada com dez mulheres, mães, que compunham
uma família monoparental e que residiam em periferia urbana. Os instrumentos de coleta de dados
utilizados foram entrevistas semiestruturadas e grupos focais, sendo a análise feita por meio da
análise de conteúdo temática. Os resultados apontaram para uma sobrecarga devido ao acúmulo
de funções e certo apego ao modelo nuclear de família, gerando sentimentos de fragilidade e
insatisfação entre as mães entrevistadas. Nesse sentido, destaca-se a importância da realização
de intervenções que deem conta das questões que se apresentam após o fim do relacionamento
amoroso, em especial quando se trata de famílias de periferia urbana, as quais representam um
número expressivo da realidade brasileira.
Palavras-Chave: Relações familiares; Família; Monoparentalidade.
Family and female single parenthood under the view of women heads
of household
Abstract: This study aimed to understand the meanings attributed to family by women heads of
households in urban periphery, as well as identifying how mothers understand their place in the
family context. This research was composed by ten women, mothers, who constituted a monoparental
family, living in urban periphery. Data were collected through of semi-structured interviews and
focus groups, both analyzed according to the thematic content analysis. The results pointed to an
overload, due to accumulation of functions and certain attachment to the nuclear family model,
generating feelings of fragility and dissatisfaction among those interviewed. In that sense, stands
out the importance of promoting interventions to deal with these issues that arise after the end of
the relationship, especially when it comes from families living in the urban periphery of the cities,
condition experienced by a significant number of families of the Brazilian society.
Keywords: Family relations; Family; Single parenthood.
Introdução
1
Apoio e financiamento: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
ficando encarregada dos filhos e do cuidado com a casa. Isto é, coube às mulheres a
responsabilidade pela vida privada da família. Em contrapartida, o homem, visto como
mais forte e vigoroso, foi encarregado do provimento material, bem como da direção
moral da esposa e de seus filhos, voltando-se, portanto, para a vida pública (Badinter,
1985; Reis, 2010; Roudinesco, 2003).
No contexto atual, a família nuclear coexiste com uma gama de outros arranjos
familiares ricos em complexidade, tais como as famílias homoparentais ou homoafetivas,
famílias monoparentais, famílias recompostas ou reconstituídas, etc. Diversos são os
fatores que tiveram influência na consolidação destes modelos familiares, dentre os quais:
as lutas de emancipação feminina e a possibilidade de divórcio (Bossardi, Gomes, Vieira
& Crepaldi, 2013; Reis, 2010; Roudinesco, 2003; Silva, 2010).
Partindo da premissa de que o divórcio é um momento de transformação, entende-
se que geralmente ele irá culminar em uma reorganização familiar, que pode ter caráter
singular (famílias monoparentais) ou conjugal (famílias recompostas) (Grzybowski,
2002; Warpechowski & Mosmann, 2012). Estas observações visam destacar que,
embora a estrutura se altere com a dissolução da conjugalidade, a família, enquanto
organização, se mantém (Brito, 2014; Cano, Gabarra, Moré & Crepaldi, 2009; Cúnico
& Arpini, 2013).
Nesse contexto de mudanças, cada vez mais mulheres estão ocupando a posição
social que durante muito tempo foi de exclusividade masculina: a de chefes de suas
famílias2 (Pinto et al., 2011; Macedo, 2008). De acordo com o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), estima-se que o número de mulheres nesta condição
aumentou de 22,2% para 37,3% entre 2000 e 2010. Destas, em torno de 17% dizem
respeito às configurações familiares em que a chefia é exercida por mulheres com filhos
e sem cônjuge (IBGE, 2012).
Em face dessa abordagem, faz-se necessário ressaltar o conjunto de mudanças
realizadas pelo IBGE, a partir do censo de 1980, que acompanharam o movimento das
transformações sociais, em especial no que se refere à queda do sistema patriarcal familiar.
A primeira mudança se deu quando o recenseador passou a atribuir ao informante à tarefa
de designar a pessoa que, segundo ele, detém a chefia familiar. Outra mudança importante
ocorreu a partir da década de 90 com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio
– PNAD, a qual introduziu o conceito de “pessoa de referência” no lugar de “chefe do
domicílio”. Assim, foi deixada ao informante a tarefa de nominar a pessoa (homem ou
mulher) que era responsável pela casa, indo de encontro a uma lógica dominante de que
a figura masculina – marido ou pai – era sempre o chefe, mesmo em circunstâncias de
inatividade (Macedo, 2008).
Considerando a especificidade das famílias de periferia urbana, estudos têm
demonstrado que, de fato, muitas das famílias são chefiadas por mulheres que
desempenham papel fundamental na educação dos filhos, na estruturação do cotidiano
e na manutenção da casa (Carloto, 2005). Contudo, não é raro encontrar casos em que,
mesmo que as mulheres sustentem economicamente suas famílias, frequentemente elas
2
Neste estudo, o termo “mulheres chefes de família” será utilizado como equivalente a “famílias monoparentais
femininas”.
Método
Trata-se de uma pesquisa de caráter qualitativo (Minayo, 2012), a qual tem por
foco a exploração das opiniões e representações sociais sobre a temática que se pretende
investigar (Gomes, 2012). Assim, o pesquisador buscará apreender a complexidade desta
experiência, estabelecendo significados para o fenômeno investigado a partir da visão
dos participantes (Creswell, 2010).
Integraram este estudo dez mulheres, mães, que compunham uma família
monoparental e que eram residentes em uma periferia urbana do interior do Rio Grande
do Sul. Na escolha pelas participantes, não houve qualquer restrição em relação ao
estado civil das mesmas, bastando que não residissem com o pai do(s) filho(s) ou outro
companheiro. As mulheres tinham entre 22 e 49 anos, sendo sete delas solteiras, uma
separada e duas divorciadas. O tempo médio de separação da última relação amorosa
variou de nove meses a quatro anos e apenas uma das entrevistadas possuía outro
relacionamento no momento em que a entrevista foi realizada. Todas as participantes
estavam empregadas, sendo este conjunto representado pela mais diversa gama de
Resultados e discussão
Considerações finais
Referências
Resumo: O objetivo deste artigo é descrever condições sugestivas de integração entre o Psicodrama
e a Gestalt-terapia, tema que emergiu de uma sequência de conversações com profissionais
destas abordagens. Foram entrevistados 22 profissionais que possuem um percurso significativo
nas abordagens, 11 de cada escola. A teoria fundamentada nos dados foi o método utilizado,
buscando-se a teorização emergente a partir dos depoimentos obtidos. Como condições que
sugerem a integração foram identificadas: a abertura integrativa existente na própria abordagem; a
afinidade epistemológica entre a Gestalt-terapia e o Psicodrama; a percepção dos déficits na própria
abordagem; a percepção que a integração pode ampliar a prática clínica. Esses resultados apontam
a existência de elementos que podem viabilizar a integração entre as psicoterapias.
Palavras-chave: gestalt-terapia; psicodrama; integração em psicoterapia.
Introdução
Método
Resultados
Os profissionais da própria abordagem deve- P1, P10, P12, P17, G8, G18,
riam se aprimorar mais G19 e G20
Discussão
Há muitas escolas, além da nossa, que fazem uso do método da auto expressão como
um meio de reidentificação. [...] eu gostaria de selecionar a técnica psicodramática
de Moreno como uma das demonstrações mais vívidas do modo de aplicar a técnica
de ir e vir (Perls, 1988, p.105)
Considerações finais
Referências
Érico Douglas Vieira: Graduação em Psicologia pela Universidade Federal de Minas Gerais, Especialização
em Psicodrama pelo Instituto Mineiro de Psicodrama Jacob Levy Moreno, Mestrado em Psicologia pela
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Doutorado em Psicologia pela Pontifícia Universidade
Católica de Goiás, exercendo a Docência como Professor Adjunto do curso de Psicologia da Universidade
Federal de Goiás – Regional Jataí.
Luc Vandenberghe: Graduação e Mestrado em Psicologia Clínica da Rijks Universiteit Gent, Bélgica
e Doutorado em Psicologia pela Université de l’Etat à Liège, Bélgica. É Professor Adjunto da Pontifícia
Universidade Católica de Goiás e orientador dos Programas de Pós-Graduação Stricto Sensu em Psicologia e
em Ciências Ambientais e de Saúde.
Resumo: A Psicologia e o Psicólogo no Brasil ainda são marcados por diversos estereótipos sociais.
A partir da Teoria das Representações Sociais, busca-se identificar as representações sociais sobre a
Psicologia e o Psicólogo em sujeitos universitários de uma Faculdade Privada de Rondônia. Estudo
quantitativo, com instrumento próprio e uma amostra de 110 sujeitos. Resultados: o psicólogo
tem importância social, como um estudioso do comportamento, da mente, das emoções e dos
relacionamentos humanos, com locus de trabalho na área da saúde, escolar, jurídica, organizacional e
do trabalho, e clínica; visto como uma pessoa normal, embora “complicado”, utilizando da dinâmica
de grupo, escuta, testes e “conselhos” como instrumentos de trabalho; sobre a relação Psicologia-
outros campos de saber, busca-se na religião, amigos e familiares a resolução de problemas, sem
diferenciar bem a Psiquiatria da psicologia. Conclui-se que uma percepção do psicólogo e da
psicologia vem se modificando diante de estereótipos e representações sociais tradicionais.
Palavras-chave: Representação Social; Psicólogo; Psicologia.
Introdução
A psicologia no Brasil
No Brasil, a Psicologia passou a ser ensinada no início do século XIX, na Faculdade
de Direito de São Paulo, como parte de uma mais abrangente “ciência do homem” e na
década de 1930 é inserida no ensino superior, com a criação da primeira Universidade
de Ensino Superior do País, a USP, em São Paulo, no ano de 1934, de forma que até
o início daquele século “não havia no Brasil uma psicologia propriamente dita, com
terminologia própria, um conhecimento definido ou uma prática reconhecida”, mas
“mesmo assim, era crescente o interesse da elite brasileira pela produção e aplicação
de saberes psicológicos” (Pessotti, 1988, citado por Pereira & Neto, 2003, p.21). Daí
surgiram os testes de inteligência, um maior interesse pela subjetividade e uma atração
por estudos do comportamento humano e com forte influência/relação com o saber
médico (Pereira & Neto (2003).
Segundo Pereira e Neto (2003), enquanto a psicologia desenvolvia um
conhecimento especializado e conquistava um mercado consumidor de seus serviços,
começaram a ser elaborados anteprojetos para a regulamentação da profissão e no dia
27 de agosto de 1962 foi aprovada a Lei nº 4.119, que regulamentou a profissão de
psicólogo, ano em que foi emitido o Parecer 403 do Conselho Federal de Educação
(Brasil, 1962), estabelecendo o currículo mínimo e a duração do curso universitário
de Psicologia. Já num aspecto profissional, de acordo com o Catálogo Brasileiro de
Ocupações (Conselho Federal de Psicologia 2008), as áreas de atuação do Psicólogo
são a Psicologia Clínica, Psicologia do Trabalho, Psicólogo do Trânsito, Psicólogo
Jurídico, Psicólogo Educacional, Psicólogo do Esporte, Psicólogo Social e Professor
de Psicologia (Ensino Superior), no entanto, há diversas áreas de inserção atual da
Psicologia e que não estão citadas nesse Catálogo.
1
Por limitação e escopo desse trabalho, recomendamos ao leitor uma leitura integral das duas pesquisas.
Método
2
A fórmula para cálculo do tamanho da amostra para uma estimativa confiável da proporção populacional
(p) é dada por: n – número de indivíduos na amostra; Z – valor crítico que corresponde ao grau de confiança
desejado; p – proporção populacional de indivíduos que pertence a categoria que estamos interessados em
estudar; q – proporção populacional de indivíduos que não pertence à categoria que estamos interessados em
estudar (q = 1 – p); E – margem de erro ou erro máximo de estimativa. Identifica a diferença máxima entre a
proporção amostral e a verdadeira proporção populacional (p): Grau de confiança de 95% e margem de erro
de 5%; A UNESC tem 2062 alunos e 152 de psicologia Logo: q = 152/2062 = 0,073 e p = 0,926. Total de
indivíduos da amostra:n = [(1,96)^2 (0,073)*(0,926)]/(0,05)^2 n = 104,92 ou seja, 105 pessoas
Resultados e discussão
3
Legenda para as imagens gráficas desta seção: Vermelho= discordo totalmente, Amarelo= discordo
parcialmente, Marrom= tenho dúvidas, Verde= concordo parcialmente e Azul= concordo totalmente
Figura 1 Figura 2
70 66 80
60 70 67
60
50
50
40 38
40 35
30
30
20 20
10 4 10
2 4 4
0 0
0 0
1 1
DT D.P T.D C.P C.T DT D.P T.D C.P C.T
Figura 3 Figura 4
Figura 5 Figura 6
60 60
50 49 50 50
43
40 40 37
30 30
20 20
15 14
10 10
4 5
0 1
0 0
1 1
DT D.P T.D C.P C.T DT D.P T.D C.P C.T
O Psicólogo contribui para a saúde mental O Psicólogo serve para resolver problemas que o
e a qualidade de vida humana - TOTAL Psiquiatra não resolve - TOTAL
50 50
45 45
45 45
41
40 40
35 35
30 30
26
25 25
20 20
17 16
15 14 15
10 7 10
1 4
0 0
1 1
DT D.P T.D C.P C.T DT D.P T.D C.P C.T
Figura 9 Figura 10
O Psicólogo atua na área educacional - TOTAL O Psicólogo atua na área social - TOTAL
60 60
55 53
50 50
41 41
40 40
30 30
20 20
10 10 10
4 4 7
0 2
0 0
1 1
DT D.P T.D C.P C.T DT D.P T.D C.P C.T
Figura 11 Figura 12
4
Foge ao escopo deste trabalho, realizar uma discussão sistemática sobre os fatores sociais e políticos que
marcam essa mudança na identidade da Psicologia brasileira, especialmente, a partir da democratização do país,
da emergência dos movimentos sociais, da pulsação da Psicologia Social e Comunitária e outros fatores. Para
tal reflexão, remetemos ao leitor os textos de Bock, Ferreira, Gonçalves, & Furtado, (2007) e Bock (2011)
O Psicólogo atua na área clinica - TOTAL O Psicólogo atua na área esportiva - TOTAL
45 45 42
40 40 40
35 33 35
32
30 30 29
26
25 25
20 20
15 15
10 10 8
5 5 3
2 1
0 0
1 1
DT D.P T.D C.P C.T DT D.P T.D C.P C.T
Figura 15
40 38
35
31
30
26
25
20
15 13
10
5 3
0
1
DT D.P T.D C.P C.T
Figura 16 Figura 17
O Psicólogo é uma pessoa que compreende O Psicólogo é uma pessoa bem resolvida
os problemas humanos - TOTAL emocionalmente - TOTAL
60 40
56 37
35
50
30
40 25 24
22
30 20
24 15
15
20 12
11 13 10
10
5
2
0 0
1 1
DT D.P T.D C.P C.T D.P T.D C.P C.T
DT
O Psicólogo é uma pessoa “complicada” - TOTAL O Psicólogo é uma pessoa liberal - TOTAL
40 35 33
36
35 30
30 25 25
25 24
20 19
20 19 20 17
15
15 11
10 8 10
5 5
0 0
1 1
DT D.P T.D C.P C.T DT D.P T.D C.P C.T
Figura 20 Figura 21
Sobre a expressão: “de psicólogo e louco, todo Sobre a expressão: “psicólogo é coisa
mundo tem um pouco” - TOTAL para doido” - TOTAL
30 60
27
25 52
50
21 22
20 19 40
16
15 30
10 20 18
14
5 9 10
10
0 0
1 1
DT D.P T.D C.P C.T DT D.P T.D C.P C.T
Figura 22 Figura 23
Figura 24 Figura 25
Figura 28 Figura 29
A filosofia resolve os problemas A própria pessoa resolve os problemas
em que a psicologia atua - TOTAL em que a psicologia atua - TOTAL
50 40 38
45 44 35
40
30
35
30 25
22
25 20
21 21 17 17
20 15
16 13
15
10
10
6 5
5
0 0
1 1
DT D.P T.D C.P C.T DT D.P T.D C.P C.T
Figura 30
Amigos e familiares resolvem os problemas
em que a psicologia atua - TOTAL
35 32 31
30
25
20
17
15 15
14
10
5
0
1
DT D.P T.D C.P C.T
A Psicologia como uma ciência e profissão tem conquistando mais espaço social,
profissional e político, estando, portanto, em constante aprimoramento no Brasil, desde
que ganhou oficialidade em 27 de agosto de 1962, entretanto, nesses cinquenta anos
ainda não produziram uma plenitude de compreensão sobre seu papel e natureza junto à
sociedade, ao chamado “senso comum”, mesmo que este seja um público universitário.
Caberia indagar se tal “plenitude” será alcançada um dia, posto que uma representação
social de qualquer fenômeno, seja de uma profissão e de seu profissional, modificam de
forma dinâmica no próprio campo científico-profissional e na interação social.
Podemos concluir, tomando por base nos dados junto aos 110 sujeitos de ambos
estudantes universitários de uma faculdade privada de Cacoal-RO, que a representação
social da Psicologia enquanto ciência e do Psicólogo enquanto profissional, possui os
seguintes traços constitutivos: há um reconhecimento da importância do profissional
psicólogo e de sua ciência, especialmente no cuidado da saúde mental; em relação às
atribuições do psicólogo, este estuda e trata as emoções humanas, a mente humana, os
relacionamentos humanos, no entanto, os sujeitos não diferenciam bem a especificidade
da Psicologia em relação a outros conhecimentos e disciplinas, como a Psiquiatria, a
Filosofia e a Religião.
Em relação à percepção sobre as áreas de atuação da psicologia, a área clínica já não
é tão predominante como em alguns anos, apresentando um maior índice de concordância
com a percepção da presença profissional na área da educação, área social, da saúde,
organizacional e do trabalho, esportiva e jurídica, talvez por serem áreas mais “sociais”
e “públicas”, o que pode favorecer um maior contato com o profissional e que aponta
uma nova face social da Psicologia engendrada nas três últimas décadas. Esse mesmo
público leigo vê o psicólogo como uma pessoa “normal” (e mesmo que “complicado” e
não “bem resolvido emocionalmente”) e como um profissional que pode compreender o
sujeito e lhe ajudar na sua saúde mental, o que não se reduz a tratar de ‘doido’, tal como
apontam certos estereótipos (“psicólogo é para louco”, por exemplo).
Em relação às formas e métodos utilizados, para os sujeitos pesquisados, o psicólogo
utiliza de técnicas de dinâmica de grupo, da escuta, de testes e de conselhos em seu
trabalho, sendo que essa última representação nos remete à persistência de um imaginário
desse profissional como conselheiro.
Já em relação à especificidade da atuação da Psicologia, especialmente em relação
a outros saberes ou campos, seja a religião, a psiquiatria, a própria pessoa, os amigos e
a família, foram apontados como possíveis solucionadores dos problemas dos sujeitos,
embora haja uma afirmação da importância da Psicologia, mas sob algumas dúvidas sobre
sua efetividade, o que pode indicar um possível desconhecimento ou indiferenciação
entre esses elementos e saberes.
A referente pesquisa abrange apenas uma pequena amostra da população
universitária da região de Cacoal-RO, embora significativa estatisticamente sobre o
público da faculdade escolhida, com o objetivo de verificar a visão desse público leigo
para com o profissional psicólogo e com própria profissão de psicologia. Nesse sentido,
destacamos o alcance da pesquisa para o âmbito local e micro-regional, mas também
Referências
UNESC
I – IDENTIFICAÇÃO
Nome: ________________________________________________________________
______________________________________________________________________
II – DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS
1- Idade: ____________
3- Escolaridade:
( ) Nenhuma
( ) Ensino Fundamental: ( ) Incompleto ( ) Completo
( ) Ensino Médio: ( ) Incompleto ( ) Completo
( ) Ensino Superior: ( ) Incompleto ( ) Completo
4 - Profissão/ocupação
(atual):_________________________________________________________________
5 - Renda Familiar:
( ) Menos de um salário mínimo
( ) De 1 a 3 salários
( ) De 4 a 7 salários
( ) Acima de 10 salários
Instruções
Apresentaremos diversas frases relacionadas à Psicologia e ao Psicólogo.
Pedimos que leia atentamente e marque na coluna à direita, a resposta que melhor represente a sua opinião.
87
88
Discordo Discordo Concordo Concordo
Afirmativas Tenho dúvida
Totalmente Parcialmente Parcialmente Totalmente
21- Sobre a expressão: “de psicólogo e louco, todo mundo tem um pouco”
Prezado Sr(a),
Você está sendo convidado a participar de uma pesquisa que estudará e Identificaráas
representações sociais que a população tem a respeito da profissão Psicologia e o
profissional Psicólogo.
• A sua participação nesse estudo consiste em oferecer informações que se dará
através de um questionário.
• Seus dados pessoais e outras informações que possam lhe identificar serão
mantidos em sigilo e os resultados gerais obtidos nesta pesquisa serão utilizados apenas
para alcançar os objetivos propostos.
• Sua participação é muito importante e voluntária. Você não terá nenhum gasto
e também não receberá nenhum pagamento por participar desse estudo.
_____________________________
Recebido em agosto de 2014 Aceito em janeiro de 2015
Cleber Lizardo de Assis: Mestre em Psicologia/PUC-MG, Professor das Faculdades Integradas de Cacoal-
UNESC/RO; Doutorando em Psicologia, USAL/AR.
Géssica Alves de Souza Matthes: Graduanda em Psicologia pelas Faculdades Integradas de Cacoal- UNESC/RO.
Introdução
A família pode ser considerada como instituição social, passível de ser reconhecida
e analisada por diferentes enfoques teóricos. Neste artigo, propõe-se analisá-la e
compreendê-la sob a ótica da Psicologia Sistêmica. A Teoria Psicológica Sistêmica
entende a família como um sistema social aberto composto por elementos em constante
interação, que estabelece trocas com o exterior e com a realidade circundante, interagindo
duplamente com o externo, levando para ele e trazendo dele influências gerais. Essas
interações e trocas cotidianas fazem da família um sistema dinâmico, em constante
mudança. Mudanças que surgem como forma de sobreviver, adaptar-se e superar possíveis
dificuldades que possam afetar a dinâmica do sistema ao longo do seu desenvolvimento
no ciclo de vida familiar.
O que é pensamento sistêmico? Vasconcellos (2005) responde este questionamento
destacando três dimensões, que, segundo ela constituem uma visão de mundo sistêmico.
São elas: a) Complexidade: É ver e pensar as relações existentes em todos os níveis da
natureza e buscar sempre a compreensão dos acontecimentos (sejam físicos, biológicos
ou sociais) em relação aos contextos em que ocorrem; b) Instabilidade: É ver sempre
o dinamismo das situações, pois o mundo está constantemente no “processo de tornar-
se” sendo assim configura-se em imprevisível e incontrolável. Entretanto, é necessário
acreditar nos recursos de auto-organização dos sistemas e em suas possibilidades de
mudança e evolução dos mesmos; c) Intersubjetividade: É reconhecer que não existem
realidades objetivas, elas são construídas na interação com o mundo. Estas realidades
vão se instalando e agindo também recursivamente sobre as interações com situações
e pessoas.
Vasconcellos (2002) ressalta que quando se refere ao pensamento sistêmico já está
se reportando a um pensamento construtivista, ou seja, pressuposto epistemológico da
intersubjetividade, da crença que a realidade é uma construção partilhada individual e
coletivamente. Para atingir o pensamento sistêmico é necessário fazer a ultrapassagem
de três pressupostos epistemológicos constituintes do paradigma da ciência tradicional,
ou seja, a) do pressuposto da simplicidade para o pressuposto da complexidade: o
reconhecimento de que a simplificação obscurece as inter-relações e que é imprescindível
ver e lidar com a complexidade do mundo em todos os seus níveis; b) do pressuposto da
estabilidade para o pressuposto da instabilidade do mundo: o reconhecimento de que o
mundo é um constante processo de tornar-se e que a considerações de indeterminação,
irreversibilidade e incontrolabilidade desses fenômenos; c) do pressuposto da objetividade
para o pressuposto da intersubjetividade na construção do conhecimento do mundo: o
reconhecimento de que não existe uma realidade independente de um observador e, de
que, o conhecimento científico do mundo é construção social.
Entende-se o uso abusivo e dependente de álcool como um fenômeno complexo,
multifacetado e multifatorial e nesta compreensão, o alcoolismo é entendido como um
sintoma de crise nas relações interpessoais. Isto é, o uso abusivo ou dependente do álcool
denuncia que algo no sistema familiar está disfuncional, o que não é entendido como
uma patologia individual, mas como um sintoma que ao mesmo tempo possui a função
de encobrir uma dificuldade familiar denuncia a necessidade de mudança nas relações
interpessoais, pois os indivíduos da família nuclear estão em sofrimento psíquico seja de
forma explícita pelo pedido de auxílio ou de forma implícita. O sintoma em um membro
da família (Nichols & Schwartz, 2006/2007) pode ter uma função estabilizadora, ou seja,
homeostática beneficiando a interação familiar. Considera-se assim, não o indivíduo com
Método
O presente estudo define-se como estudo de caso, por permitir uma percepção da
realidade a partir dos ensinamentos advindos de referencial teórico e das características
próprias do caso a ser estudado. Conforme Pereira, Godoy e Terçariol (2009), oferece a
possibilidade de alargamento da visão, apreendendo o indivíduo em sua integridade e em
seu contexto, permitindo a análise da dinâmica dos processos em sua complexidade. Por
se tratar de um procedimento de pesquisa qualitativa, não busca generalizar os resultados
que alcança no estudo, nem a criação de modelos que se pretendam universais e, sim,
uma forma maior aproximação com a realidade.
A família que participou deste estudo de caso chegou ao atendimento, no serviço
que se configura como uma clínica escola de uma faculdade do Rio Grande do Sul, por
encaminhamento feito pela psicóloga responsável de uma instituição psiquiátrica na
1
Todos os nomes e sobrenomes contidos nesse artigo são fictícios e não fazem qualquer referência aos nomes
originais.
Apresentação do caso
A família foi encaminhada para atendimento clínica-escola em questão por uma
clínica psiquiátrica, na qual Pedro estava internado para tratamento do uso dependente
de álcool pela segunda vez em 4 meses. Pedro explica que um dos critérios propostos
pela clínica para receber alta da internação seria o início de um processo psicoterápico
familiar.
Pedro é o primeiro filho de 13 irmãos, todos filhos biológicos. Seu pai era alcoolista
e dono de um bar. Aos 14 anos Pedro saiu da casa dos pais e passou trabalhar e morar em
granjas. Nesta época, teve as primeiras experiências com álcool. Bebia com frequência
e em grandes quantidades.
O uso de álcool diminuiu quando Pedro estava com 25 anos, passando a beber
esporadicamente, quando se casou com Joana. Joana é filha mais velha e biológica de
Eulália, nunca teve contato com o pai, embora saiba quem é. Tem uma irmã de criação 22
anos mais jovem. Após o casamento, o casal passou a morar com Eulália, mãe de Joana,
com quem residiram até o falecimento da mesma. O casal, em quatro anos de matrimônio,
vivenciou três abortos. Depois disso, nasceu o primeiro filho José. Quando José tinha 2
anos nasceu o segundo filho, Roberto, que faleceu com pouco mais de 30 dias de vida.
Três anos depois, nasceu o terceiro e último filho do casal, Carlos.
Após o nascimento dos três filhos, Joana tornou-se obesa. Posterior à morte de
Roberto, em 1982, Pedro voltou a beber de forma frequente e intensa. Esse padrão de
uso perdurou até 1994, por 12 anos, quando então, a família providenciou uma internação
psiquiátrica para Pedro. O tratamento teve duração de 30 dias e Pedro permaneceu em
abstinência por 14 anos, até 2008.
Carlos (27 anos), filho mais novo, saiu de casa quando se casou. Ficou casado por
dois anos com Olívia e teve a filha Laura. Após a separação de Carlos e Olívia, Laura
ficou morando com a mãe, mas os avós paternos pediram sua guarda e permanecem com
ela. Nesta mesma época, Pedro com 56 anos, foi orientado pela empresa onde trabalhava
a retomar os estudos. Pedro relata que ao retomar os estudos houve também o retorno ao
convívio social de forma mais intensa junto aos colegas de aula e, como culturalmente
as relações sociais são permeadas pelo uso de álcool, Pedro, frente a tal exposição
gradualmente retomou o consumo de álcool até retornar ao padrão de uso abusivo.
Carlos casou-se novamente, sua segunda esposa Taís já tinha uma filha chamada
Patrícia, que, no momento do atendimento, morava com seu pai. No período do
atendimento Pedro, Joana, José e Laura residiam na mesma casa. No porão, moravam
Carlos, Taís e a filha Muriele, de 5 meses.
José tinha 32 anos na época do estudo, morava com os pais, trabalhava em turnos
rotativos, namorava uma mulher dez anos mais velha. Frequentava uma igreja diferente
daquela que família participava. Tinha poucos relacionamentos sociais, estava acima do
peso e mantinha-se, a maior parte do tempo isolado da família, permanecendo no quarto
ou pilotando sua moto. Laura tinha 08 anos de idade, estudava no Ensino Fundamental,
o restante do tempo passava com os avós. José é seu padrinho, o relacionamento entre
Resultados
Referências
Marciana Zambillo: Graduada em psicologia; Mestranda em Psicologia Social e Institucional pela Universidade
Federal do Rio Grade do Sul – UFRGS.
Cláudia Mara Bosetto Cenci: Psicóloga; Doutoranda em Psicologia Clínica PUC/RS; Professora da IMED/RS.
Método
Resultados
“Eu boto pra ti, vem? Tu não vai precisar gastar nada, eu tenho
bastante dinheiro.”
Facilidade de “Ah! mas tu não precisa gastar nada guria, consegui fazer um as-
aquisição salto lá que nossa senhora! peguei de tonel.”
“Vamo lá to de carro! Até um carro eu consegui pra gente dá uma
banda hoje.”
Estratégias
de oferta da “Vou ficar te esperando, eu não vou usar enquanto tu não chegar,
droga vai ter bastante ainda quando tu chegar. É que bah, ficar sozinha
não dá”
“Vai usar com esses caras da rua, usa comigo que tem mais
confiança. Tu sabe que né, não vou te fazer mal nenhum, não vou
Socialização
te roubar depois nem nada, porque tu sabe que esses caras né, vão
querer fazer maldade contigo.”
“Vai ta todo mundo reunido lá pra gente dá uns estouro toda a
nossa galera aquela lá. A galera ta toda reunida lá em cima, fazendo
um luau lá, dando uns estouro, tomando umas bira, vamo lá?”
“Eu não era nada na verdade, posso dizer que eu virei gente
no momento em que eu entrei aqui. Porque eu não sabia
quem eu era, eu comecei a me conhecer aqui dentro, aqui
Reconhecimento de
estou tendo a oportunidade de me conhecer, hoje eu posso
sentimentos e de si
te dizer quem eu sou, mas antes eu não tinha personalidade,
eu não tinha caráter... eu não não tinha identidade nenhuma,
porque a droga me tirou tudo isso sabe?”
Discussão
O efeito do crack é rápido e é a sensação de euforia causada que fará com que o
usuário se motive a repetir o uso. Trata-se de uma euforia instantânea trazendo em seguida
o forte desejo de um novo episódio de consumo (Araújo, Pansard, Boeira & Rocha, 2010).
O crack aumenta a atividade basal do sistema de recompensa cerebral centenas de vezes
gerando um prazer artificial e intenso de forma imediata e por mais estranho que pareça
muitas pessoas ainda acreditam que as drogas são inspiradoras ou esclarecedoras como
se fosse uma “abertura” da mente (Ribeiro & Laranjeira, 2012). Muitas vezes ocorre uma
migração da cocaína para o crack pela busca de potencialização dos efeitos da substância,
mas não é somente isso que impulsiona o consumo de uma determinada droga. Os efeitos
imediatos do uso de cocaína são euforia, aumento da energia e da frequência cardíaca,
redução da fadiga e o apetite (Carroll & Rawson, 2009). Além disso, o estudo de Sayago,
Lucena-Santos, Ribeiro, Yates e Oliveira (2013) aponta que, quando comparadas aos
homens, as mulheres são significativamente mais propensas à dependência de crack.
Assim, confirma-se o que é trazido no discurso das participantes sobre a importância que
há em se produzir efeito maior, mais potente, que cause maior sensação prazerosa.
Ainda na subcategoria efeito podemos perceber o quanto se faz presente a ideia
de que os usuários apreciam as drogas “da moda” para estar em evidência, ter status.
Vive-se numa sociedade que cultua o prazer imediato, em que os objetos tornam-se
descartáveis, imperando a lógica da sedução em detrimento do autoritarismo, além de
ser uma sociedade que se organiza em torno da diversidade de opções, porque a todo
instante algo novo precisa ascender aspectos subjetivos e sociais em relação ao início
do uso do crack são pouco discutidos na literatura, mas a busca por novas sensações ou
pela droga da moda está ligada a uma forma de sociedade de consumo e essa discussão
se faz necessária (Jorge, Quinderé, Yasui & Albuquerque, 2013).
Em termos de aquisição da droga fica evidente nos resultados deste estudo que
dinheiro, ter um carro, pode ser estímulo para retomar o contexto de uso, assim como
a prática de crimes, que na fala surge como “assalto”. O Brasil, considerado mercado
emergente de cocaína assim como Venezuela, Equador, Argentina, Uruguai, Guatemala
e Honduras na América Central e Jamaica e Haiti no Caribe, é o maior mercado de
cocaína da América do Sul e, enquanto cai a demanda nos EUA, a Europa ganha espaço
no mercado (UNODCCP, 2010). O acesso e a compra do crack é facilitado até mesmo
através de formas de entrega como o delivery e as pedras tem tido novas apresentações
(Ribeiro & Laranjeira, 2012).
Considerações finais
Referências
Araujo, R. B.; Pansard, M.; Boeira, B. U. & Rocha, N. S. (2010). As estratégias de coping
para manejo da fissura de dependentes de crack. Rev HCPA 30(1), 36-42.
Argyle, M. (1967). The psychology of interpersonal behavior. London: Penguin.
Bardin, L. (2006). Análise de conteúdo (L. de A. Rego & A. Pinheiro, Trads.). Lisboa:
Edições 70. (Obra original publicada em 1977).
Caballo, V. E. (2002). Manual de Técnicas de Terapia e Modificação do Comportamento.
São Paulo: Editora Santos.
Caballo, V. E. (2005). Manual de Avaliação e Treinamento das Habilidades Sociais. São
Paulo: Editora Santos.
Carroll, K. M. & Rawson, R. A. (2009). Dependência de psicoestimulantes. In G. A.
Marlatt, D. M. Donovan e cols. Prevenção de Recaída – Estratégias de Manutenção
no tratamento de comportamentos adictivos. Porto Alegre, Artmed, 121-137.
Chaves, T. V.; Sanchez, Z. M.; Ribeiro, L. A. & Nappo, A. (2011). Fissura por crack:
comportamentos e estratégias de controle de usuários e ex-usuários. Revista de Saúde
Pública, 45(6), 1168-1175.
Resumo: Este estudo objetiva verificar fatores relacionados ao abandono precoce do tratamento
de adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa em meio aberto encaminhados para
tratamento por uso de drogas. Trata-se de um estudo quantitativo, transversal e correlacional, tendo
como participantes 135 adolescentes. Os instrumentos foram: protocolo de dados sociodemográficos,
entrevista semiestruturada para diagnóstico e comorbidades, de acordo com critérios do DSM IV-
TR, Inventário de Depressão de Beck (BDI) e Inventário de Ansiedade de Beck (BAI). Fatores
relacionados ao abandono do tratamento foram: não estar estudando, expulsão ou suspensão da
escola, idade precoce para uso de álcool, usar cocaína e ser abusador de tabaco. Abusadores de
cocaína e de crack apresentavam maiores escores de sintomas no BDI e escores do BAI não
apresentaram relevância estatística com abuso de substâncias. Conclui-se que tais fatores devem ser
considerados no aprimoramento dos tratamentos disponíveis. Estratégias nas escolas de prevenção
do uso de drogas são imprescindíveis.
Palavras-chave: adolescentes; drogas; abandono de tratamento.
Introdução
Método
Este estudo se caracteriza por ser uma pesquisa de cunho quantitativo, transversal
e de alcance correlacional (Sampieri & Lucio, 2013).
Participaram deste estudo 135 adolescentes usuários de drogas, que cometeram
ato infracional. Tais adolescentes foram encaminhados para tratamento psicológico
por instituições responsáveis pela execução de medida socioeducativa em meio aberto,
localizadas na região metropolitana. Os critérios de inclusão para o preenchimento do
protocolo de pesquisa foram: ser usuário de drogas e ter cometido ato infracional, ter
escolaridade mínima da 5ª série e idade entre 12 e 19 anos. Os critérios de exclusão
foram: ter síndrome de privação grave ou alguma dificuldade cognitiva que prejudicasse
seu entendimento.
1) Protocolo de avaliação de dados sociodemográfico;
2) Entrevista semiestruturada para avaliação de padrão de consumo de substâncias,
diagnóstico de abuso e dependência de substâncias e comorbidades (Transtorno de
Déficit de Atenção e Hiperatividade, Transtorno Opositivo Desafiador e Transtorno de
Conduta), de acordo com os critérios diagnósticos do DSM-IV-TR (American Psychiatric
Association, 2002);
3) Inventário de Depressão de Beck (BDI) e o Inventário de Ansiedade de Beck
(BAI), para avaliação a intensidade dos sintomas de ansiedade e de depressão, tanto em
pacientes psiquiátricos como na população em geral. Ambos foram validados para o
Brasil por Cunha (2001) que apresenta estudos psicométricos, sendo o Alfa de Cronbach
do BAI de 0,92 e do BDI de 0,89.
Resultados
Variável RC IC - 95%
Discussão
A alta taxa de abandono dos adolescentes neste estudo (64,7%) causou surpresa
para a equipe, pois, acreditava-se que houvesse controle maior pelos executores das
medidas socioeducativas em meio aberto, criando algum tipo de contrato mais rígido
na exigência de tratamento. Fica evidente que o sistema socioeducativo ainda necessita
incorporar e universalizar em suas práticas os avanços consolidados na legislação, como o
acompanhamento efetivo aos adolescentes, proporcionando mudanças de comportamentos
diante dos atos cometidos (Souza & Costa, 2012).
Alguns fatores são citados na literatura como preditivos para a adesão ao tratamento
na adolescência. São eles: características demográficas, variáveis ambientais e sociais,
tipo de tratamento recebido, além da boa aliança terapêutica e do relato de satisfação
com o tratamento. A gravidade da sintomatologia é apontada como fator de risco para o
abandono (Martínez, Fuentes & García, 2013; Tetzlaff, Kahn, Godley, Godley, Diamond
& Funk, 2005).
Adolescentes que eram abusadores e não dependentes de tabaco apresentaram maior
abandono ao tratamento, bem como os não dependentes de maconha. O pouco tempo
de uso de drogas, faz com que os adolescentes tenham dificuldades em compreender os
inúmeros prejuízos que a droga lhe causou e lhe causará (Dutra et al., 2008).
O atendimento a adolescentes com uso abusivo de substâncias configura-se um
desafio, tendo em vista que em um estudo com 418 pacientes atendidos em um Centro
de Atenção à Usuários de Drogas, identificou-se que ter idade menor ou igual a 18 anos
aumenta o risco de abandono de tratamento (Valencia & Villanueva, 2014). Desta forma,
há necessidade de acompanhamento e estratégias como da Entrevista Motivacional, tendo
em vista que adolescentes com menor motivação interna possuem mais probabilidade
de abandono de tratamento precoce, principalmente quando não são estabelecidas
metas claras de tratamento com a inclusão do adolescente no processo (Schroder,
Sellman, Frampton & Deering, 2009). Além disso, para a permanência do adolescente
no tratamento, são necessárias informações claras sobre o prejuízo das drogas e sobre a
evolução do processo de dependência. Assim, proporciona-se uma maior conscientização
Considerações finais
Referências
Al-Asadi, A. M., Klein, B. & Meyer. (2014). Pretreatment Attrition and Formal Withdrawal
During Treatment and Their Predictors: An Exploratory Study of the Anxiety Online
Data. Journal of Medical Internet Research, 16(6)234-241.
American Psychiatric Association. (2002). DSM IV-TR: Manual diagnóstico e estatístico
dos transtornos mentais (4a. ed.). Porto Alegre: Artes Médicas.
Ilana Andretta: Graduação em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
(PUCRS), especialista em Psicoterapia Cognitivo-comportamental, mestrado em Psicologia e doutorado em
Psicologia pela PUCRS. Professora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade do Vale
do Rio dos Sinos – UNISINOS.
Jéssica Limberger: Graduação em Psicologia pela Universidade de Passo Fundo (UPF). Mestranda em
Psicologia Clínica na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). Bolsista CAPES/PROSUP.
Margareth da Silva Oliveira: Graduação em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande
do Sul (PUCRS), Mestrado em Psicologia pela PUCRS, Doutorado em Psiquiatria e Psicologia Médica
pela Universidade Federal de São Paulo e Pós-Doutorado na University of Maryland Baltimore County
(UMBC-USA). Professora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Pontifícia Universidade Católica
do Rio Grande do Sul (PUCRS).
Resumo: Estudo transversal de base escolar com objetivo de investigar sexualidade de adolescentes
da cidade de Manaus/AM, comparando rapazes e moças. Um total de 1747 adolescentes de 12 a 19
anos responderam questionário anônimo e autoaplicado. Cerca de 53,6% dos adolescentes já teve
relação sexual, sendo o percentual mais elevado nos rapazes (68,0%). A idade média da iniciação
sexual foi maior nas moças (14,6 anos) que nos rapazes (13,1 anos). O preservativo foi usado na
primeira relação sexual por 65,8% dos adolescentes. As primeiras fontes de informações sobre
relação sexual são família e professor/escola. Rapazes e moças conhecem programas de educação
sexual oferecidos pela escola (66,5%) e município (33,7%). História de gravidez foi relatada
por 12,8% da amostra e abuso sexual por 9,0%. Este estudo mostra precoce iniciação sexual dos
adolescentes escolares de Manaus/AM. Família e escola possuem importante papel na educação
sexual desta população, necessitando orientações específicas.
Palavras-chave: Adolescência; sexualidade; estudo de base escolar.
Introdução
Resultados
% % %
*p<0,05; **p<0,001
No que diz respeito ao conhecimento sobre sexo, a Tabela 2 mostra que mais rapazes
(80,3%) do que moças (73,8%) julgam ter um excelente conhecimento sobre o assunto
(p<0,05). No entanto, mesmo com altos percentuais declarados sobre conhecimento da
sexualidade, há interesse nos adolescentes em aprender mais sobre o tema, o que foi
revelado por 89,1% dos rapazes e 93,3% das moças. O aprendizado já adquirido sobre o
assunto pelos adolescentes, representado aqui pelas primeiras informações sobre relação
sexual/gravidez, teve como fonte de informação mais significativa a família (70,8% dos
rapazes e 83,0% das moças, p<0,001) seguido dos amigos/colegas (72,2% dos rapazes e
71,5% das moças); o professor/escola (62,2% dos rapazes e 69,0% das moças, p<0,05)
e a TV/Rádio (63,5% dos rapazes e 61,1% das moças).
Investigaram-se também os médicos/serviços de saúde, livros e filmes como fonte de
informação e observou-se que quando comparadas aos rapazes, mais moças manifestaram
obter informações sobre sexo através de médicos/serviços de saúde (p<0,000) e livros
(p<0,05), e menos através de filmes (p<0,001).
Dentre os assuntos abordados em casa sobre educação sexual, aqueles femininos
(corpo da mulher, menstruação, virgindade, gravidez, método para não engravidar) foram
mais prevalentes nas moças enquanto que nos rapazes prevaleceu assuntos como corpo
do homem e relação sexual. Assuntos sobre DST e AIDS, foram igualmente tratados com
rapazes e moças no meio familiar.
% % %
Gostaria de aprender mais sobre sexo, gravidez e AIDS 89,1 93,3 91,6
(n=1721)**
Educação sexual em casa Métodos para não engravidar (n =1508)** 63,8 81,4 74,7
*p<0,05; **p<0,001
Os totais não coincidem devido à falta de informações para algumas variáveis.
Tabela 3 – Percepção da vulnerabilidade para infecção pela AIDS e uso do preservativo de adolescentes de
escolas públicas de Manaus, AM, 2010
Variáveis Masculino Feminino Total
% % %
Percepção de vulnerabilidade impossível/quase impossível 65,9 76,9 72,4
para AIDS muito possível/possível 16,8 12,3 14,1
(n= 1705)** pouco possível 17,3 10,9 13,5
*p< 0,05; p<0,001Os totais não coincidem devido à falta de informações para algumas variáveis.
No que diz respeito às práticas sexuais, a Tabela 4 mostra que mais rapazes (68,0%)
do que moças (43,6%) são sexualmente ativos. A média de idade da primeira relação
sexual é maior nas moças (14,6 DP+ 2,07) do que nos rapazes (13,1; DP+ 2,12; p<0,001),
revelando que as moças se iniciam mais tardiamente. Na primeira relação sexual, 76,9%
das moças declararam ter utilizado preservativo enquanto que somente 55,5% dos rapazes
o fizeram (p< 0,001). Esta prática se modifica quando se trata da última relação sexual,
verificando-se percentuais semelhantes para rapazes (76,75%) e moças (74,3%). O número
de parceiros sexuais nos últimos três meses foi de nenhum para 22.8% dos adolescentes,
um para 55,7%, de dois a quatro para 15,2% e cinco ou mais para 6,3%. Foi observada
maior prevalência de apenas um parceiro sexual nas moças (70,4%) do que nos rapazes
(42,2%), e maior prevalência de dois ou mais parceiros nos rapazes (32,6%) quando
comparados às moças (9,4%) (p<0,001).
Na última relação sexual, o parceiro foi do sexo oposto para 90,6% dos rapazes e
95,6% das moças. O parceiro da última relação sexual já era conhecido antes para a maioria
dos adolescentes (95,6% meninas e 84,1% meninos, p<0,001). A última relação sexual
ocorreu há menos de um mês para 59,8% das moças enquanto para os rapazes esse número
cai para 49,9% (p<0,05). Quanto à preferência sexual do parceiro, a Tabela 4 mostra que
tanto rapazes (87,3%) quanto moças (89,0%) preferem parceiro do sexo oposto ao seu.
Em se tratando da atitude adotada pelos adolescentes em relação à sexualidade, observa-
se que mais rapazes (74,2%) que moças (59,0%) estão fazendo algo para se proteger da
AIDS (p<0,001). Neste contexto, as atitudes mais prevalentes foram: o uso de camisinha,
sendo que os rapazes a utilizam mais que as moças (p<0,05); ter menos parceiros sexuais,
* p<0,05, **p<0,001
Os totais não coincidem devido à falta de informações para algumas variáveis.
Obtém dos postos de saúde Folhetos informativos (n = 1494)** 61,6 70,1 66,7
do município Camisinha (n = 1514)** 53,3 39,4 45,0
Pílulas anticoncepcionais (n = 1407)** 17,9 26,1 22,9
Testes para AIDS (n = 1414) 23,5 21,9 22,6
*p<0,05; **p<0,001
Os totais não coincidem devido à falta de informações para algumas variáveis.
Discussão
Referências
Nália de Paula Oliveira: Professora, Curso de Psicologia Centro – Universitário Luterano de Manaus; Mestre
em Saúde Coletiva – Universidade Luterana do Brasil.
Jorge Umberto Béria: Professor Adjunto, Curso de Medicina e Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva
Universidade Luterana do Brasil.
Lígia Braun Schermann: Orientadora, Professora Adjunta, Curso de Psicologia e Programa de Pós-Graduação
em Saúde Coletiva – Universidade Luterana do Brasil.
Resumo: O presente artigo busca contribuir para a diminuição da lacuna entre a prática clínica e
a pesquisa empírica em psicoterapia. Especificamente, o estudo visa refletir sobre o abandono em
psicoterapia psicanalítica, levantando hipóteses sobre fatores que poderiam facilitar ou dificultar
a adesão ao processo. Foram analisadas as sessões iniciais de dois tratamentos psicoterápicos
com pacientes que apresentam Transtorno de Personalidade Borderline conduzidas pela mesma
terapeuta. Os tratamentos possuem desfechos diferentes: um apresentou boa adesão e o outro
foi interrompido precocemente. As sessões de ambos os casos foram gravadas em vídeo e
posteriormente codificadas por duplas de juízes independentes com instrumentos do tipo q-sort
que avaliam diferentes aspectos do processo terapêutico. Os resultados obtidos foram integrados
com o método clínico de entendimento psicanalítico e sugerem que, na psicoterapia psicanalítica
com pacientes borderline, a ausência de comportamentos típicos no processo inicial pode ser um
sinal de resistência e pseudocolaboração.
Palavras-chave: processo terapêutico; psicoterapia psicodinâmica; transtorno de personalidade
borderline.
Introdução
Este artigo busca contribuir para a diminuição da lacuna existente entre a prática
clínica e a pesquisa empírica, “conjugando subjetividade e objetividade, de modo a
contemplar exigências e interesses clínicos e metodológicos” (Serralta, Nunes & Eizirik,
2011, p. 503). A pesquisa psicanalítica típica utiliza o método clínico no qual intervenção
e pesquisa coincidem. Ela é heurística e parte da observação do cotidiano e se descobre
a partir do próprio método. Parte-se do pressuposto que a psicanálise não pertence nem
às ciências naturais nem às ciências humanas, mas introduz um novo paradigma que
implica numa relação dialética entre sujeito e objeto (Silva, Yazigi & Fiore, 2008). Por
outro lado, a pesquisa empírica é comprometida com o pensamento crítico e com a
aplicação de métodos científicos oriundos das ciências naturais e humanas para estudar
conceitos e processos psicanalíticos bem como resultados e processos de mudança em
psicoterapia e em psicanálise. Ao recusar a inclusão de outros métodos para dialogar
com o método psicanalítico, a psicanálise vem, ao longo das últimas décadas, perdendo
espaço na academia e interlocução com outros campos do saber. A integração entre
pesquisa empírica e prática psicanalítica e a construção de elos entre psicanálise e outras
disciplinas, como psicologia, psiquiatria e neurociências, por exemplo, é necessária para
ajudar a reestabelecer a psicanálise como uma disciplina relevante nos meios acadêmicos
e de saúde mental (Fonagy, 2004).
Uma minoria de psicanalistas e psicoterapeutas de orientação psicanalítica vem
promovendo estudos empíricos nas mais diferentes áreas de aplicação da psicanálise
e contribuindo para a difusão e resistência desta disciplina na academia. A pesquisa
psicanalítica tem ampliado seu espaço no meio científico a partir da publicação de
uma série de revisões importantes e meta análises sobre os resultados das intervenções
psicoterápicas nessa abordagem teórica. Nesse caso, os estudos confirmam a efetividade
e a eficácia das psicoterapias psicanalíticas em distintos quadros clínicos e faixas etárias,
apontando que os ganhos obtidos com a psicoterapia psicanalítica se assemelham a de
outras abordagens terapêuticas anteriormente pesquisadas (Abbass, Hancock, Henderson
& Kisely, 2006; Gerber, Kocsis, Milrod, Roose, Barber, Thase, Perkins & Leon, 2011;
Leichsenring, Hiller, Weissberg & Leibing, 2006).
Com o passar dos anos, a pesquisa empírica em psicoterapia de orientação
psicanalítica vem crescendo significativamente, no entanto a compreensão dos aspectos
que levam à mudança continuam carecendo de pesquisas. Clínicos buscam em suas
supervisões entender e elucidar o processo, pesquisadores com seus instrumentos buscam
quantificar acontecimentos, mas pouco juntam suas forças. Estudos empíricos sistemáticos
do processo terapêutico são bastante semelhantes aos estudos de caso tradicionais, mas
cumprem com exigências cientifico-metodológicas de validade e fidedignidade dos dados
e da sua interpretação (Serralta, Nunes & Eizirik, 2011). Não obstante, a maior parte dos
clínicos não conhece e não consome esse tipo de estudo.
A investigação em psicoterapia centraliza-se em dois grandes eixos. O primeiro
relaciona-se à eficácia da psicoterapia (outcome research) e o segundo a investigação
sobre o processo terapêutico (process research). Nesse último, procura-se compreender
como ocorre o processo psicoterapêutico, identificando o que acontece nas sessões nas
diferentes abordagens psicoterapêuticas e buscando estabelecer conexões sobre a relação
processo-resultados (Sousa, 2006; Serralta & Streb, 2003).
O investimento em pesquisas de avaliação de processo pode beneficiar pacientes e
terapeutas, visto que a partir destas investigações é possível conhecer os mecanismos da
Método
Este é um estudo de dois casos que conjuga o método clínico psicanalítico com
o método empírico de estudo de caso sistemático. O estudo de caso é uma abordagem
metodológica que tem como objetivo a análise em profundidade de um fenômeno dentro
do seu contexto, permitindo que se compreenda, explore ou descreva os acontecimentos
dentro do tempo e do lugar ao qual pertencem (Stake, 2011).
Os casos em análise
Caso 1
Mariana, 21 anos, realizou triagem em uma clínica psiquiátrica privada em março
de 2013, por se cortar em momentos de raiva e ter crises de choro desde os 12 anos.
Com 11 anos seu pai, que era alcoolista, faleceu subitamente. Na adolescência, com 13
anos, namorou por um ano um rapaz mais velho, também alcoolista. Com ele, Mariana
começou a beber em excesso. Fez diversas psicoterapias desde os 14 anos com uso de
medicação e, sempre que se sentia melhor abandonava os tratamentos. Mariana refere
ser bissexual. Relaciona-se com meninos e meninas, mas atualmente pouco sai de casa.
Nega relacionamentos promíscuos. A paciente apresenta comportamentos fóbicos, não
consegue sair de casa para festas, não consegue andar de ônibus e nem ir à aula. Também
apresenta algumas compulsões e tem rituais para dormir. Mesmo assim, tem pesadelos e
muitas vezes não consegue conciliar o sono. Após a triagem, Mariana foi encaminhada
para atendimento psicoterápico e psiquiátrico em consultório particular. O psiquiatra
responsável pelo caso diagnosticou-a com TPB (DSM-V; APA, 2013), diagnóstico
também confirmado pela terapeuta.
Caso 2
Juliana, 19 anos, realizou triagem em março de 2013 em uma clínica psiquiátrica.
Queixava-se de irritabilidade e tristeza desde a infância. Referiu ter recebido diagnóstico
de TDAH quando criança. Já fez uso de maconha e relata desejo do uso de outras drogas.
Seus pais se separam quando ela era pequena. Desde então, passou a viver com a mãe.
Refere que sua mãe é depressiva e negligente. Possui um irmão alcoolista e usuário de
drogas. Juliana faz uso excessivo de álcool, desde os 14 anos. Teve um envolvimento
Terapeuta
A terapeuta possui treinamento formal em psicoterapia psicanalítica em uma
instituição local, cujo modelo de formação é baseado no tripé: Seminários teóricos,
supervisões e tratamento pessoal há, em média, nove anos. A terapeuta é a mesma nos
dois casos.
Resultados
Discussão
Referências
Abbass, A., Hancock, J., Henderson, J. & Kisely, S. (2006). Short-term psychodinamic
psychotherapies for common mental disorders. Cochrane Database of Systematic
Reviews, 4, 122-141.
Ablon, J. S., Levy, R. A. & Smith-Hansen, L. (2011). The contribution of the psychoterapy
process Q-set to psychotherapy research. Research in Psychotherapy, 14 (1), 14-
48.
American Psychiatric Association (2013). DSM-V, Diagnostic and statistical manual of
mental disorders (5th Ed.). Arlington, VA: Author.
Bambery, M., Porcerelli, J. H. & Ablon, J. S. (2009). Prototypes of psychodinamic and
CBT psychotherapy with adolescents: Development and applications for training.
Journal of the American Psychoanalytic Association, 57, 175-81.
Benetti, S. P. C. & Cunha, T. R. S. (2008). Abandono de tratamento psicoterápico:
Implicações para a prática clínica. Arquivos Brasileiros de Psicologia, 60(2), 48-
58.
Benetti, S. P. C., Esswein, G. C., Bernardi, G., Midgley, N. & Calderon, A. (2014).
Adolescent Psychotherapy Q-Set (APQ): Prototypes of psychoanalytic psychotherapy
Aline Alvares Bittencourt: Especialista em Psicoterapia de Orientação Psicanalítica pelo ESIPP, mestranda
em Psicologia Clínica pela UNISINOS.
Maria Cristina Vieweger de Mattos: Especialista em Psicoterapia de Orientação Psicanalítica pelo Instituto
Contemporâneo de Psicanálise e Transdiciplinaridade, mestranda em Psicologia Clínica pela UNISINOS.
Farid Rodrigues Bessil: Especialista em Psicoterapia de Orientação Psicanalítica pelo ESIPP.
Fernanda Barcellos Serralta: Doutora em Ciências Médicas: Psiquiatria (UFRGS), Professora do Programa
de Pós-Graduação em Psicologia da UNISINOS.
Silvia Pereira da Cruz Benetti: Phd in child and family studies (Syracuse University), Professora do Programa
de Pós-Graduação em Psicologia da UNISINOS.
Resumo: Estudo analítico transversal com objetivo de avaliar a prevalência e os fatores associados
ao estresse em adolescentes escolares de Canoas/RS. Participaram do estudo 475 adolescentes, de
14 a 18 anos, que responderam a Escala de Stress para Adolescentes (ESA) e a um questionário
sobre dados sociodemográficos, relações familiares, sexualidade, uso de drogas e comportamento
de risco. Os resultados apontaram prevalência de estresse de 10,9 %. Além do ambiente familiar,
os fatores associados a níveis mais elevados de estresse foram ‘achar possível contrair AIDS’,
‘ter sofrido acidente no último ano’, ‘não ter usado camisinha na primeira e na última transa’ e
‘já ter tido alguma DST’. Conclui-se que especialmente o ambiente familiar e as práticas sexuais
são significativos ao aumento de estresse em jovens e, portanto, necessitam de intervenções que
promovam comportamentos saudáveis para esta população.
Palavras-chave: adolescente; estresse; sexualidade.
Introdução
Método
Resultados
Sexo (n=475)
Masculino 175 41,4 20 38,5 0,766
Feminino 248 58,6 32 61,5
Idade (n=475)
14 e 15 anos 202 47,8 29 55,8 0,384
16 e 17 anos 186 44,0 21 40,4
18 anos 35 8,3 2 3,8
Escolaridade (n=474)
Ensino Fundamental 68 16,1 6 11,8 0,542
Ensino Médio 355 83,9 45 88,2
Estado civil (n=474)
Solteiro 401 95,0 51 98,1 0,494
Casado/mora junto 21 5,0 1 1,9
Pratica religião (n=418)
Sim 249 65,5 23 60,5 0,593
Não 131 45,5 15 39,5
Trabalha (n=469)
Sim 84 20,1 10 19,6 1,000
Não 334 79,9 41 80,4
Mora com (n=474)
Pais 404 95,7 49 94,2 0,493
Outros 18 4,3 3 5,8
Maior renda em casa (n=463)
Pai 260 63,1 32 62,7 0,999
Mãe 120 29,1 15 29,4
Outro 32 7,8 4 7,8
Escolaridade da pessoa com maior
renda em casa (n=458)
Ensino Fundamental 115 28,2 15 30,0 0,641
Ensino Médio 175 42,9 21 42,0
Ensino Superior 72 17,6 11 22,0
Não completou 46 11,3 3 6,0
nenhum nível
a
teste do qui-quadrado para comparação entre os grupos de adolescentes com e sem estresse.
Tabela 2 – Estresse e relações familiares dos adolescentes de 14 a 18 anos de escolas públicas de Canoas, RS.
Sem estresse Com estresse RP não ajustado Valor
Variáveis n % n % (IC95%) pa
teste do qui-quadrado para comparação entre os grupos de adolescentes com e sem estresse.
a
Variáveis n % n % (IC95%) pª
teste do qui-quadrado para comparação entre os grupos de adolescentes com e sem estresse.
a
Já transou (n=474)
Sim 203 48,1 27 51,9 1 0,660
Não 219 51,9 25 48,1 0,86 (0,48-1,53)
Preferência sexual (n=229)
Heterossexual 194 96 25 92,6 1 0,334
Homo/bissexual 8 4 2 7,4 1,94 (0,39-9,65)
Usou camisinha
na primeira transa (n=230)
Sim 172 84,7 14 51,9 1 0,000
Não 31 15,3 13 48,1 5,15 (2,21-12,01)
Usou camisinha
na última transa (n=229)
Sim 156 77,2 15 55,6 1 0,031
Não 46 22,8 12 44,4 2,71 (1,19-6,20)
Quando foi a última transa (n=229)
Menos de 1 mês 103 50,7 15 57,7 0,149
De 1 a 4 meses atrás 49 24,1 2 7,7
Há mais de 5 meses 51 25,1 9 34,6
Com quem transou a última
vez (n=229)
Conheceu naquele dia/
só de vista 14 6,9 3 11,1 1 0,432
Já conhecia antes 188 93,1 24 88,9 0,60 (0,16-2,22)
Quantas pessoas transou
nos últimos 3 meses(n=230)
Somente uma 116 57,1 13 48,1 0,666
Duas ou mais 33 16,3 5 18,5
Nenhuma 54 26,6 9 33,4
Conversa com parceiro
sobre Aids (n=220)
Sim 110 57,0 13 48,1 1 0,414
Não 83 43,0 14 51,9 1,42 (0,64-3,20)
Já teve alguma DST (n=223)
Sim 2 1,0 4 15,4 1 0,002
Não 195 99,0 22 84,6 0,06 (0,01-0,03)
Já engravidou alguém
ou já engravidou (n=227)
Sim 8 4,0 2 7,4 1 0,338
Não 192 96,0 25 92,6 0,52 (0,10-2,59)
a
teste do qui-quadrado para comparação entre os grupos de adolescentes com e sem estresse.
Pode-se concluir, a partir da análise e discussão dos resultados desta pesquisa, que
(1) o ambiente familiar (qualidade do relacionamento do adolescente com pai e mãe e
qualidade do ambiente domiciliar) é um componente essencial para evitar o estresse em
jovens, sendo significativa a valorização e interesse dos pais pelas atividades dos filhos; (2)
comportamentos de risco, como acidentes e o sexo desprotegido geram estresse, podendo
criar ciclos viciosos que retroalimentam o próprio estresse; (3) apesar de terem acesso ao
conhecimento, muitos jovens se expõem à DST, e isso gera estresse; (4) há uma relação
entre o uso de camisinha na primeira e última transa e o estresse na adolescência.
O estudo sugere ações públicas de (1) conscientização dos pais sobre sua importância
no desenvolvimento psicológico dos filhos adolescentes; (2) maior atenção ao manejo de
estresse de meninos e (3) campanhas de intensificação sobre práticas sexuais saudáveis.
Ainda, os dados obtidos demonstram que há urgência na ampliação de ações e estratégias
em relação à educação para a saúde na adolescência, buscando a conscientização do
público juvenil, de seus pais e da sociedade. Sobretudo, novas investigações com
caráter longitudinal devem ser elaboradas para verificar causas e consequências dos
comportamentos que podem estar relacionados ao estresse.
Referências
Resumo: Este estudo objetivou verificar possíveis relações entre os cuidados com o corpo e a
autoestima em mulheres entre 60 e 75 anos, por meio de um estudo transversal. Participaram da
pesquisa 24 mulheres, com idade média de 65 anos e dois meses, residentes na cidade São Paulo,
as quais foram selecionadas por conveniência e responderam um Questionário de Caracterização,
a Escala de Autoestima de Rosenberg e o Questionário de Cuidados Pessoais. Verificou-se que
as mulheres apresentaram autoestima elevada e baixo nível de cuidados pessoais. A correlação
de Pearson entre a autoestima e os cuidados pessoais não foi estatisticamente significante. A
desejabilidade social pode ter interferido nos resultados, assim como a adequação do instrumento
de avaliação dos cuidados pessoais. Outros estudos com maior número de participantes e revisão
do material empregado são sugeridos.
Palavras-chave: envelhecimento; idosas; estética.
Introdução
Método
Resultados
1 1 1 1 1 0 0 3 0 0 0 7
2 0 0 1 1 1 0 1 0 0 0 4
3 1 0 2 1 1 0 2 0 0 0 7
4 2 0 0 1 0 1 2 0 0 0 6
5 0 0 0 0 0 0 2 0 0 4 6
6 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1
7 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
8 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1
9 0 0 1 1 0 0 1 0 0 0 3
10 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
11 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 2
12 3 0 0 1 0 0 3 0 0 4 11
13 0 0 0 1 0 0 2 0 0 0 3
14 1 0 1 1 0 0 2 0 0 0 5
15 2 0 0 1 0 0 2 0 0 0 5
16 0 0 1 0 0 0 2 0 0 0 3
17 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 2
18 0 0 0 1 0 1 2 0 0 0 4
19 0 0 1 1 0 1 2 0 0 0 5
20 0 0 0 2 0 1 1 0 0 0 4
21 0 0 1 1 0 1 2 0 0 0 5
22 1 0 0 1 0 1 2 4 0 4 13
23 0 0 1 1 1 0 2 0 0 0 5
24 1 3 0 1 1 0 3 0 0 0 8
Total 15 4 10 20 4 6 37 4 0 12 111
Participantes Questões
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Total
1 2 3 4 3 4 4 3 2 3 4 32
2 3 4 4 3 4 4 4 4 4 4 38
3 4 4 4 4 4 4 2 4 4 4 38
4 3 4 4 4 4 4 3 3 4 4 37
5 3 3 3 4 2 3 4 3 3 3 31
6 4 4 4 4 4 4 3 4 2 4 37
7 3 3 3 3 2 3 3 2 4 4 30
8 3 3 3 3 3 4 4 2 3 3 31
9 3 3 4 3 3 3 3 3 4 3 32
10 3 3 3 4 2 4 2 4 4 3 32
11 3 3 3 3 3 3 3 2 3 3 29
12 3 4 3 3 3 3 4 2 2 4 31
13 3 4 4 4 3 3 3 2 3 4 33
14 4 4 4 4 4 3 4 3 4 4 38
15 4 4 4 4 4 4 4 2 4 4 38
16 3 3 4 3 3 3 1 3 3 4 30
17 4 4 4 4 3 3 3 3 3 3 34
18 4 4 4 4 4 3 4 4 2 3 36
19 4 4 4 4 4 4 4 4 2 3 37
20 3 3 3 2 2 3 3 2 4 3 28
21 4 4 3 4 4 3 3 3 3 3 34
22 4 4 4 4 1 4 4 3 4 4 36
23 3 3 4 3 3 3 4 4 4 4 35
24 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 40
Total 81 86 88 85 77 83 79 72 80 86 817
Discussão
Considerações finais
Não foi identificada associação entre os cuidados com o corpo e a autoestima para
o grupo investigado e por meio dos instrumentos utilizados. Os resultados obtidos nos
instrumentos revelaram uma autoestima elevada e um nível de cuidados pessoais abaixo
da média, se comparado ao estudo anterior com o mesmo instrumento. A não correlação
entre os instrumentos utilizados pode estar associada ao fato das mulheres desta pesquisa
sentirem-se seguras quanto à sua aparência, ou seja, por terem uma elevada autoestima
acreditam nas suas competências não vendo a questão dos cuidados pessoais como algo
relevante. Outra hipótese levantada que justificaria tal resultado seria o fato de que os
hábitos considerados como cuidados pessoais para esta faixa etária podem diferir dos
hábitos das mulheres do estudo ao qual a presente pesquisa foi comparada, as quais eram
de uma faixa etária menor.
A possibilidade de que o grupo de idosas da pesquisa seja algo homogêneo seria
também uma possível causa para a baixa correlação encontrada. A despeito de serem
advindas de distintos bairros, não houve controle quanto a uma estratificação por
renda ou outros dados sociodemográficos que, eventualmente, poderiam interferir nos
resultados.
A pesquisa evidenciou que alguns de seus aspectos merecem novas investigações.
A adequação dos instrumentos utilizados, especialmente em relação ao Questionário
de Cuidados Pessoais, que foi utilizado pela segunda vez, é um deles. Seria importante
uma investigação em que fossem levantados, junto a idosas de diversas faixas etárias,
Referências
Aparecida Duridan: Aluna da Graduação do Curso de Psicologia da USJT – Universidade São Judas
Tadeu.
Daiane Ferreira dos Santos: Aluna da Graduação do Curso de Psicologia da USJT – Universidade São Judas
Tadeu.
Ana Lucia Gatti: Doutora em Psicologia, Professora do Curso de Psicologia e do Mestrado em Ciências do
Envelhecimento da Universidade São Judas Tadeu.
Introdução
Dependência de álcool
Etiologia
A dependência química está relacionada à interação entre diversos fatores
complexos, incluindo aspectos sociais, biológicos e psicológicos. Cada um destes está
presente em diferentes graus na etiologia da dependência química. Os fatores biológicos
estão relacionados à diferenças individuais na resposta ao uso de álcool devido à questões
como o sexo, idade e herança genética. Os aspectos psicológicos incluem os esquemas
de cada indíviduo edificados ao longo da vida e as consequentes reações emocionais
referentes à ativação destes. Os fatores sociais referem-se à classe socioeconômica,
nível de escolaridade e religião (Washton & Zweben, 2009). Rozin e Zagonel (2012),
em estudo sobre os fatores de risco para o desenvolvimento da dependência de álcool
em adolescentes, identificaram diversos fatores de risco para o desenvolvimento da
dependência de álcool. Entre estes, o início precoce do uso, a influência da mídia, a baixa
autoestima do adolescente, o uso da substância por algum membro da família, a pressão
Modelos de tratamento
Prochaska e Diclemente desenvolveram o Modelo Transteórico que possui como
objetivo descrever os estágios de mudança pelos quais as pessoas passam. Os autores
referem-se à mudança de comportamento como um processo no qual as pessoas
experienciam diferentes níveis de motivação (Oliveira, Laranjeira, Araújo, Camilo, &
Schneider, 2003). O modelo transteórico de Prochaska e Diclemente propõe diferentes
estágios de prontidão para mudança, cada um com características bem específicas: pré-
contemplação, contemplação, ação e manutenção.
Na pré-contemplação o indivíduo não apresenta crítica sobre o abuso da substância
e não mostra intenção de largá-la. Os indivíduos que chegam para tratamento neste estágio
são comumente levados pelos seus familiares (Oliveira et al., 2003). Buscar tratamento
não significa necessariamente que o indivíduo esteja motivado para a mudança, o que
faz com que estratégias elaboradas para pacientes que já se encontram na fase de ação
sejam pouco eficazes (Orsi & Oliveira, 2006). A contemplação é caracterizada pela
ambivalência: o indivíduo reconhece o problema, mas fica dividido entre as vantagens
e desvantagens da interrupção do uso da substância. Na ação ocorre a escolha de uma
estratégia para mudar e na manutenção se busca a consolidação dos ganhos obtidos. O
objetivo é manter os ganhos e evitar a recaída.
O indivíduo não percorre os estágios de forma linear, começando na pré-
contemplação e terminando na manutenção, e sim percorre todos os estágios diversas
vezes. Pode apresentar características de todas as fases, sem que uma necessariamente
prevaleça sobre a outra. O modelo de Prochaska e Diclemente mostra que a motivação
é um processo, o que impede que os terapeutas subdividam os pacientes em “motivados
Diversos estudos apontam para uma associação entre o uso do álcool e prejuízos
neuropsicológicos (Ahmadi et al., 2013; Rose, Brown, Field & Hogarth, 2013;
Komreich et al., 2013). Estudos com neuroimagem funcional revelam anormalidades
no funcionamento da área ventromedial do córtex pré-frontal de dependentes de álcool.
Dependentes de substâncias químicas possuem os mesmos prejuízos na tomada de
decisão que os pacientes que possuem lesões no córtex pré-frontal ventromedial. A HMS
utilizada para estudar a tomada de decisão em pacientes com lesões neurológicas também
fornece uma explicação neural para a compreensão da dependência química (Bechara et
al., 1996; Bechara, 2001).
Dependentes químicos possuem em comum características comportamentais
parecidas com pacientes com lesões no córtex pré-frontal ventromedial. Ambos fazem
escolhas que proporcionam recompensas imediatas e desconsideram consequências
futuras negativas. Parece que o julgamento pobre e o déficit na tomada de decisão estão
associados aos prejuízos na ativação de estados somáticos devido a uma lesão ou disfunção
do córtex pré-frontal ventromedial (Bechara, 2001)
Quando comparados aos pacientes controles, os pacientes dependentes de álcool
possuem um mau desempenho no IGT. Conforme se habituavam ao jogo, os pacientes
controles tendiam a escolher os baralhos vantajosos, enquanto que os pacientes
dependentes de álcool tinham dificuldades em aprender as estratégias implícitas da
tarefa e de agir conforme o conhecimento que deveria ter sido adquirido ao longo do
jogo. Este comportamento é muito semelhante ao dos pacientes com lesões no córtex
pré-frontal ventromedial, o que faz com que os alcoolistas insistam em escolher cartas
dos baralhos desvantajosos (Dom et al., 2006). A geração antecipatória de reação de
condutividade dérmica nos pacientes usuários de drogas é menor que nos pacientes
controles, porém maior que nos pacientes com lesões no córtex pré-frontal ventromedial
(Bechara, 2001).
Pacientes com lesões no córtex pré-frontal ventromedial não costumam se tornar
dependentes químicos e isto provavelmente se deve ao fato destes pacientes serem bastante
protegidos pela família, não possuindo álcool e drogas disponíveis em seu ambiente. Os
pacientes com lesões no córtex pré-frontal ventromedial, se expostos a drogas e álcool
seriam extremamente suscetíveis a se tornarem dependentes. Isto porque, estes são
movidos pela recompensa imediata e ignoram as consequências negativas no longo prazo,
possuindo déficits de julgamento e prejuízos na tomada de decisão (Bechara, 2001).
É provável que o desempenho no IGT seja diferente entre dependentes e abusadores
de substâncias químicas. Os dependentes de substâncias químicas apresentam prejuízos
na tomada de decisão e continuam com o uso da substância independentemente das
consequências negativas que enfrentam. Estes indivíduos não interrompem o uso de
substâncias mesmo diante da perda do emprego, do cônjuge, envolvimento com a lei ou
outras consequências negativas adversas. Já os abusadores de substâncias não parecem
apresentar prejuízos na tomada de decisão. Eles parecem descontinuar o uso da substância
quando se deparam com prejuízos severos (Bechara, 2001).
Referências
Ana Cristina Bertagnolli: Graduação em Psicologia pelo Centro Universitário Franciscano (2005), Mestrado
em Cognição Humana pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2013). É especialista em
Psicoterapias Cognitivo-Comportamentais pela WP – Centro de Psicoterapias Cognitivo-Comportamentais
(2007) e em Neuropsicologia do Pós-Graduação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Christian Haag Kristensen: Graduação em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande
do Sul (1992), Doutorado em Psicologia do Desenvolvimento pela Universidade Federal do Rio Grande
do Sul (2005), com estágio no exterior na University of Arizona (USA). Atualmente é Professor Adjunto e
Pesquisador no Curso de Psicologia e no Programa de Pós-Graduação na Pontifícia Universidade Católica do
Rio Grande do Sul, com ênfase na pesquisa em Transtorno de Estresse Pós-Traumático, Psicoterapia Cognitivo-
Comportamental e Neuropsicologia.
Daniela Schneider Bakos: Graduação em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do
Sul (2001), doutorado em Psicologia do Desenvolvimento (2008) pela Universidade Federal do Rio Grande do
Sul. É especialista em Psicoterapias Cognitivo-Comportamentais pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos
(2004). Atualmente é professora da graduação do Curso de Psicologia da Universidade Luterana do Brasil.
Introdução
Referências
Paula Casagranda Mesquita: Psicóloga, Mestre em Psicologia Clínica. Universidade do Vale do Rio dos
Sinos.
Sílvia Pereira da Cruz Benetti: Doutora em Psicologia. Universidade do Vale do Rio dos Sinos.
Introdução
A psicanálise foi definida por Sigmund Freud abrangendo três áreas, que incluem
um método de tratamento dos transtornos psíquicos; uma teorização organizando os
conhecimentos sobre o funcionamento psíquico advindos dessa experiência prática,
e um procedimento de investigação dos processos psíquicos inconscientes, que de
outra forma são pouco acessíveis (Freud, 1922/1996). Assim sendo, Freud já referia a
indissolubilidade entre a investigação (pesquisa) e a clínica, ambas inseridas no próprio
conceito da psicanálise, demonstrando que a observação é uma das melhores formas de
sanar as curiosidades sobre os fenômenos (Freud, 1922/1996). Porém, nesse contexto, a
pesquisa estava circunscrita à investigação analítica clínica, realizada pelo analista em
minuciosos estudos de caso.
Os trabalhos de Freud, estudos de caso único, detalhados e minuciosamente
descritos, buscavam o desenvolvimento e a avaliação da teoria e da técnica psicanalítica.
Entretanto, o método psicanalítico utilizado por Freud não é reconhecido por muitos
pesquisadores que defendem o método científico tradicional, por considerarem a sua
metodologia incapaz de ser replicada. Da mesma forma, pesquisas empíricas sobre
psicoterapia também não se mostram interessantes aos clínicos psicanalíticos, que as
rejeitam em prol do método clínico psicanalítico, considerado teórica e tecnicamente
consagrado. Barros (2006) lembra que o próprio Freud, apesar de ter despendido um
tempo monumental na construção da psicanálise, nunca se interessou por nenhuma outra
técnica de psicoterapia que não fosse a própria psicanálise. A ideia de que a psicanálise
era a única psicoterapia verdadeira e científica permeou todos os anos de vida de Freud
e marcou significativamente essa área (Wallerstein, 2005).
No decorrer do último século, as ciências empíricas e a Psicanálise não
desenvolveram proximidade, mantendo-se como campos à parte do conhecimento
científico hegemônico. Existe uma questão, debatida desde a época de Freud, acerca
da cientificidade da Psicanálise, e, se ciência, que tipo de ciência, e o lugar da pesquisa
organizada em relação a ela. Para ele, a priori, a psicanálise era uma ciência biológica
(ciência da mente dentro de um corpo biológico), a qual deveria se ancorar firmemente
na sua matriz fisiológica e química. Freud nunca relacionou a natureza da psicanálise
como ciência à necessidade de pesquisas utilizando o método científico hegemônico,
através das quais essa ciência cresceria (Wallerstein, 2009). Recentemente, todavia, o
debate acerca da cientificidade da psicanálise perdeu força na medida em que se passou
a questionar a concepção de um modelo único de ciência e de metodologia científica. A
tendência atual é reconhecer que cada disciplina utilize métodos de pesquisa adequados
e coerentes à sua área e seu objeto de estudo (Santos & Zaslavsky, 2007).
Sendo assim, as temáticas pesquisa, psicoterapia e psicanálise necessitam ser
exploradas na busca de uma aproximação. Partindo deste pressuposto, o presente
artigo apresenta uma revisão assistemática das principais ideias de autores clássicos e
contemporâneos que exploram o assunto, buscando apresentar suas tendências atuais.
1
Referência ao livro de Lewis Caroll “Alice no país das maravilhas”, no qual o pássaro Dodô, após uma corrida
na qual todos chegam ao final do percurso, proclama que ‘todos venceram e todos devem ser premiados’.
Original publicado como Alice’s Adventures in Wonderland em 1865 por Charles Lutwidge Dodgson sob o
pseudônimo de Lewis Caroll. Itaipava (RJ): Editorial Arara Azul, 2002.
Referências
Paula von Mengden Campezatto: Psicóloga. Psicoterapeuta de Crianças, Adolescentes e Adultos. Mestre
e Doutoranda em Psicologia Clínica, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – Bolsista do
CNPq. Sócia efetiva do IEPP – Instituto de Ensino e Pesquisa em Psicoterapia, Porto Alegre, Rio Grande do
Sul, Brasil.
Maria Lucia Tiellet Nunes: Psicóloga. Doutora em Psicologia Clínica (Tratamento e Prevenção) pela
Universidade Livre de Berlim. Professora titular aposentada da PUCRS, Faculdade de Psicologia.
Milena da Rosa Silva: Psicóloga. Professora do Departamento de Psicanálise e Psicopatologia e do Programa
de Pós-Graduação em Psicanálise: Clínica e Cultura, Instituto de Psicologia, Universidade Federal do Rio
Grande do Sul e Sócia Graduada do IEPP – Instituto de Ensino e Pesquisa em Psicoterapia, Porto Alegre, Rio
Grande do Sul, Brasil.
Resumo: O presente artigo teve como objetivo conhecer a história do tratamento em saúde mental a
partir do relato de um usuário dos serviços e de um familiar responsável pelo cuidado, investigando
as repercussões subjetivas de ser o familiar responsável pelos cuidados de um psicótico. Trata-se de
um estudo qualitativo e exploratório. Para coleta de dados, optou-se pela entrevista semiestruturada,
realizada com o usuário de um Centro de Atenção Psicossocial e com sua cuidadora. Os dados
coletados foram organizados e analisados por meio da técnica de análise de conteúdo. Os resultados
mostraram que a posição da mãe é de cuidadora exclusiva, o que repercute em encargos subjetivos
que atingem níveis emocionais, físicos e inter-relacionais, dadas as dificuldades de se conviver
com o sofrimento psíquico. Sugere-se que os serviços de saúde mental desenvolvam programas de
orientação aos familiares cuidadores, bem como apoio no enfrentamento das situações de crise.
Palavras-chave: cuidadores; encargo subjetivo; psicose.
Introdução
Considerações
Resumo: O presente artigo consiste no relato da experiência de uma intervenção desenvolvida com
55 professores de uma escola pública da rede de ensino fundamental de São Leopoldo/RS. Esta
consistiu em três encontros mensais, realizados na própria instituição, cujo objetivo foi facilitar
um ambiente para reflexões sobre motivação para o trabalho, comunicação e relacionamento entre
colegas e entre professor-aluno, além de destacar a importância do papel do professor. Constatou-
se que os participantes mostravam-se ávidos e dispostos a buscar soluções para os conflitos que
viviam no trabalho e ficou explícita a necessidade de serem reconhecidos e manterem-se motivados
diante dos dilemas profissionais. Aponta-se para a necessidade de intervenções de fluxo contínuo
que possam instrumentalizar os professores, especialmente no que tange às questões de motivação,
relacionamento interpessoal e autoestima.
Palavras-chave: professor; trabalho docente; intervenção.
Introdução
Resultados e discussão
1
Projeto de pesquisa financiado pelo CNPq, que tem como título: “Fracasso escolar: sintoma e/ou reatividade
ao sistema de ensino?”, coordenada pela Dra. Angela Helena Marin.
2
A letra e o número entre parênteses identificam o grupo no qual a fala foi verbalizada.
Considerações finais
Referências
Magda Pozzobon: Psicóloga. Mestranda em Psicologia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos
(Unisinos).
Fernanda Aparecida Szareski Pezzi: Psicóloga. Mestre em Psicologia pela Unisinos. Professora do Curso
de Psicologia da Sociedade Educacional Três de Maio (SETREM).
Angela Helena Marin: Psicóloga. Mestre e Doutora em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande
do Sul. Professora dos Cursos de Graduação e de Pós-graduação em Psicologia da Unisinos.
Política editorial
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publicação do artigo não serão repassados para o autor do artigo.
Capítulo de livro
Scharf, C. N., & Weinshel, M. (2002). Infertilidade e gravidez tardia. Em: P. Papp
(Org.), Casais em perigo, novas diretrizes para terapeutas (pp. 119-144). Porto Alegre:
Artmed.
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by Arabic numerals that must appear immediately after the segment of text to which the
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author’s citation followed by the year and number of page mentioned. A literal citation
with 40 or more words must be presented in proper block and in italic without quotation
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a new paragraph. The letter will be the same used in the remaining of text (Times New
Roman, 12).
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publication. Example: Rodrigues (2000).
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Example: (Carvalho & Santos, 2000) – when the last names are cited between parentheses:
they must be connected by &. When they are cited outside the parenthesis they must be
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by the date of article between parentheses. Starting from the second reference, use the last
name of the first author, followed by e cols. Example: Silva, Foguel, Martins and Pires
(2000), starting from the second reference, Silva and cols. (2000).
• Article of six or more authors: cite just the last name of the first author, followed
by e cols (YEAR). In the references all the authors must be cited.
• Citation of old, classic and reedited works: cite the date of original publication,
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and not the chronological order. Example: (Foguel, 2003; Martins, 2001; Santos, 1999;
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cited by. Ex: Lopes, cited by Martins (2000),...
In the Bibliographical References, include just the source consulted (Martins).
• Literal transcription of a text or direct citation: last name of author, date, page.
Example: (Carvalho, 2000, p.45) or Carvalho (2000, p.45).
The bibliographical references must be presented at the end of article. Its disposition
must be in alphabetical order of the last name of author in small letter.
Book
Mendes, A.P. (1998). A família com filhos adultos. Porto Alegre: Artes Médicas.
Silva, P.L., Martins, A., & Foguel, T. (2000). Adolescente e relacionamento familiar.
Porto Alegre: Artes Médicas.
Chapter of book
Scharf, C. N., & Weinshel, M. (2002). Infertility and late pregnancy. Em P. Papp
(Org.), Couples in danger,, new guideline for therapists (pp. 119-144). Porto Alegre:
Artmed.
Article of scientific journal
Dimenstein, M. (1998). The psychologist in the Basic Units of Health:
Challenges for the formation and professional performance. Studies of Psychology,
3(1), 95-121.
Articles in electronic means
Paim, J. S., & Almeida Filho, N. (1998). Collective Health: a “new public health”
or open field for new paradigms? Magazine of Public Health, 32 (4) Available: <http://
www.scielo.br> Accessed: 02/11/2000.
Article of scientific journal in press
Albuquerque, P. (no prelo). Gender and work. Aletheia.
Work presented in congress
Silva, O. & Dias, M. (1999). Unemployment and its repercussions in the family.
Em Annals of XX Meeting of Social Psychology, pp. 128-137, Gramado, RS.
Thesis or published dissertation
Silva, A. (2000). Genital knowledge and sexual constancy in pre-school children.
Master dissertation or doctorate thesis. Program of Graduate Studies in Psychology of
Development, Federal University of Rio Grande do Sul. Porto Alegre, RS
Thesis or non-published dissertation
Silva, A. (2000). Genital knowledge and sexual constancy in pre-school children.
Master dissertation non-published or doctorate thesis (non-published). Program of
Graduate Studies in Psychology of Development, Federal University of Rio Grande do
Sul. Porto Alegre, RS
Old work reedited in posterior date
Segal, A. (2001). Some aspects of analysis of a schizophrenic person. Porto Alegre:
Universal. (Original published in 1950)
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Libro
Mendes, A. P. (1998). A família com filhos adultos. Porto Alegre: Artes
Médicas.
Silva, P. L., Martins, A., & Foguel, T. (2000). Adolescente e relacionamento
familiar. Porto Alegre: Artes Médicas.
Capítulo de libro
Scharf, C. N., & Weinshel, M. (2002). Infertilidade e gravidez tardia. Em: P.
Papp (Org.), Casais em perigo, novas diretrizes para terapeutas (pp. 119-144). Porto
Alegre: Artmed.
Autoría institucional
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