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Apostila Estabilidade Schola Digital

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Estabilidade

SCHOLA DIGITAL
2018

Material Didático de Leitura


Obrigatória utilizado na
Disciplina de Estabilidade –
Revisão 00 de Janeiro de
2018
0000000000000000000000000000
ÍNDICE

UNIDADE 1 – ANÁLISE ESTRUTURAL

Aula 1: Elementos Estruturais.....................................................................................................1

Aula 2: Estática I........................................................................................................................15

Aula 3: Estática II.......................................................................................................................24

Estabilidade
UNIDADE 2 – ESTUDO DE VIGAS

Aula 4: Vigas Isostáticas............................................................................................................33

Aula 5: Esforços Internos..........................................................................................................48

Aula 6: Cálculos e Diagramas I..................................................................................................58

UNIDADE 3 – APROFUNDAMENTO

Aula 7: Cálculos e Diagramas II.................................................................................................69

Aula 8: Estática III......................................................................................................................85

Aula 9: Introdução à Resistência dos Materiais........................................................................96

UNIDADE 4 – DIMENSIONAMENTO ESTRUTURAL BÁSICO

Aula 10: Dimensionamento de Lajes......................................................................................104

Aula 11: Dimensionamento de Vigas......................................................................................135

Aula 12: Dimensionamento de Pilares....................................................................................147


Aula 1 – Elementos Estruturais
UNIDADE 1 – ANÁLISE ESTRUTURAL

Unidade 1 – Análise Estrutural

Aula 1: Elementos Estruturais

Para que consigamos entender bem os conceitos trabalhados nesta disciplina, é imprescindível
que o aluno entenda bem alguns conceitos matemáticos envolvidos. Esta unidade inicial
pretende relembrar alguns desses assuntos de forma rápida e concisa. Fica como sugestão
uma consulta à literatura específica para que se rememore os temas das próximas aulas.

1. Introdução à Análise Estrutural

Pode-se definir estrutura como sendo: “A forma com que algo é composto“, “É o
conjunto de elementos que compõe algo“. Essa definição pode ser aplicada a todo tipo de
estrutura, organizacional, política, econômica, militar e civil dentre outras. Em se tratando
de estruturas civis a estrutura é subdividida em “peças estruturais“ (elementos) como
mostra a Figura.

Cada parte que compõe a estrutura deve resistir aos esforços internos e retransmitir
os esforços externos para as demais peças através dos vínculos que as unem, finalizando
com a condução do esforço para o solo que deverá suportá-lo. A ciência responsável pelo
estudo desses fenômenos referentes à estrutura civil é a engenharia estrutural, que é o

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Aula 1 – Elementos Estruturais
ESTABILIDADE

ramo da engenharia civil dedicado primariamente ao projeto e cálculo de estruturas. De


forma simplificada, é a aplicação da mecânica dos sólidos ao projeto de edifícios, pontes,
muros de contenção, barragens, túneis e outras estruturas.

2. Classificação dos Elementos Estruturais

Os elementos estruturais em suas variedades podem ser classificados em três formas


distintas:

• Barras ou Fios: Caracterizado pela predominância de uma dimensão em


relação às outras duas. Exemplos claros de elementos de barras ou fios são
vigas (Figura), pilares, arcos, cabos etc.

• Folhas: Caracterizado pela predominância de duas dimensões em relação a


uma terceira. Os principais exemplos desse tipo de estrutura são as lajes e
cascas.

• Blocos: Em elementos classificados como blocos, não existe predominância


entre as dimensões. Esse tipo de estrutura possui dimensões aproximadas nas

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Aula 1 – Elementos Estruturais
UNIDADE 1 – ANÁLISE ESTRUTURAL

três direções. Os principais exemplos são as fundações tipos sapatas isoladas


e blocos.

2.1. Conceber Versus Dimensionar

Pode-se começar a entender a definição dessas duas palavras da seguinte forma: é


possível imaginar uma forma sem uma estrutura? É possível imaginar uma estrutura sem
uma forma? “A estrutura e a forma, ou a estrutura e a arquitetura são um só objeto, e assim
sendo, conceber uma implica em conceber a outra“. Na realidade tanto a estrutura e a
forma dependem exclusivamente da sua destinação, em geral engenheiros têm como
prioridade especificações técnicas e economia em detrimento a forma e estética, enquanto
no ponto de vista de arquitetos a forma e a estética prevalece.

2.2. Ações Sobre as Estruturas

Como dito anteriormente a estrutura é o caminho de forças até o solo, desta feita,
cabe-se perguntar: qual o melhor caminho estrutural a se seguir? A resposta para essa
pergunta é um pouco complicada, uma vez a finalidade é importante em alguns casos
estruturais. De uma forma geral as estruturas são compostas do conjunto viga, laje, pilar
como representado na Figura:

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Aula 1 – Elementos Estruturais
ESTABILIDADE

Em geral a melhor concepção tem que possuir: Funcionalidade, ser eficiente para o
que foi prevista, Econômica e Bela, onde na maioria dos casos economia e beleza são
inversamente proporcionais, ou seja, quanto mais bela menos econômica, ou quanto mais
econômico menos belo. Para começar a entender o funcionamento e analisar as estruturas
é de fundamental importância conhecer as forças que atuam sobre a mesma.

Todas as ações dentro de um sistema estrutural são forças vetoriais, em sendo sua
direção, sentido e intensidade influenciam diretamente na concepção estrutural da
edificação. Adiante (futuras aulas) serão estudados os princípios básicos de manipulação de
forças vetoriais. As ações sobre as estruturas verssão por dois tipos distintos, que são as
cargas permanentes e as cargas acidentais.

2.2.1. Cargas Permanentes

As cargas permanentes sobre a estruturas são carregamentos que atuam em toda vida
útil da mesma. Dentre as cargas permanentes pode-se exemplificar: peso próprio da
estrutura, peso do revestimento, peso das paredes, etc. As cargas permanentes têm uma
precisão numérica grande.

2.2.2. Cargas Acidentais

As cargas acidentais como o próprio nome diz acontece esporadicamente durante


certo período de tempo, destacam-se as cargas: peso de ocupação de pessoas, peso dos
móveis, peso dos veículos, força do vento, ação da chuva, etc. As cargas acidentais são
geralmente tabeladas e normatizadas. As cargas acidentais previstas para o uso da
construção correspondem normalmente a cargas verticais de uso da construção (prescritas
na NBR 6118-2003), cargas móveis considerando o impacto vertical, impacto lateral, força
longitudinal de frenagem ou aceleração e força centrífuga.

3. Tipos de Solicitações em Estruturas

As ações sobre as estruturas são as mais diversas possíveis, dentre as principais


destacam-se: tração, torção, compressão, cisalhamento, flexão simples e composta, dentre
outras.

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Aula 1 – Elementos Estruturais
UNIDADE 1 – ANÁLISE ESTRUTURAL

Abaixo encontra−se a definição dessas solicitações:

• Tração: caracteriza-se pela tendência de alongamento do elemento na


direção da força atuante;
• Compressão: a tendência é uma redução do elemento na direção da força de
compressão;
• Flexão: ocorre uma deformação na direção perpendicular à da força atuante;
• Torção: forças atuam em um plano perpendicular ao eixo e cada seção
transversal tende a girar em relação às demais;
• Cisalhamento: forças atuantes tendem a produzir um efeito de corte, isto é,
um deslocamento linear entre seções transversais.

Além das solicitações sobre as estruturas, outro importante fator para se conceber
uma estrutura são os critérios de projeto, a saber:

• Equilíbrio: Conceber um arranjo estrutural capaz de absorver às solicitações


externas e transmiti-las aos elementos de apoio mantendo-se em repouso;
• Estabilidade: A configuração de equilíbrio do arranjo não pode ser alterada
drasticamente na presença das imperfeições e das ações perturbadoras;
• Resistência: O material das peças estruturais deve ser capaz de absorver o
nível de solicitação interna gerado pelas ações externas sem comprometer a
sua integridade física;
• Rigidez: As peças estruturais devem ser capazes de absorver as ações externas
sem apresentar grandes deslocamentos que comprometam sua
funcionalidade.

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Aula 1 – Elementos Estruturais
ESTABILIDADE

4. Unidades e Indexadores

A unidades do Sistema Internacional se dão conforme tabelas abaixo.

E ainda;

Indexadores mais utilizados;

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Aula 1 – Elementos Estruturais
UNIDADE 1 – ANÁLISE ESTRUTURAL

5. Introdução à Estática

Os princípios da estática foram desenvolvidos por grandes cientistas que contribuíram


para o incremento dessa parte da mecânica clássica. Aristóteles (384 a 322 a.C) deu início
aos estudos dos movimentos de corpos celestes, desenvolvendo bases para formulação
posterior de Newton sobre a lei fundamental da gravitação universal.

Na era Alexandrina, (século IV a.C. até 30 a.C., ano da conquista do Egito por Roma),
aparece duas figuras centrais, Euclides e Arquimedes, sendo Euclides responsável por uma
das obras mais influentes da humanidade denominada, os "Elementos" (300 a.C.).

Arquimedes (287 a 212 a.C) contempla com seus trabalhos o equilíbrio de alavancas,
roldanas e polias, além da clássica lei do empuxo. Arquimedes é tido por muitos como o pai
da matemática, uma de suas obras mais importantes é o livro "Sobre o Equilíbrio dos
Planos", onde ele desenvolve as regras da estática. Ainda sobre Arquimedes destaca-se a
celebre frase: "Dê-me um ponto de apoio e eu moverei a terra".

Segundo (Arruda, 2001), o primeiro estudo ligado a resistência dos materiais deve ser
atribuído a Leonardo da Vince (1452 - 1519), com os primeiros ensaios de tração em fios
metálicos, entretanto a primeira abordagem científica desse assunto foi atribuída ao
cientista nascido em Pisa chamado Galileu Galilei.

Galileu Galilei (1564 a 1642) descobriu a lei dos corpos, enunciou o princípio a inércia e
o conceito de referencial inerciai, ideias precursoras da Mecânica newtoniana. Os dois
primeiros capítulos do seu livro "Diálogos sobre Duas Novas Ciências" traz referências ao
estudo de barras e vigas engastadas (Figura).

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Aula 1 – Elementos Estruturais
ESTABILIDADE

Um pouco antes da mecânica newtoniana se estabelecer como uma das maiores


contribuições do homem a ciência, surge em Robert Hooke (1635 a 1703), que estudou a
resistência dos materiais e deixou como legado a conhecida Lei de Hooke publicada em
1676.

Isaac Newton (1642 a 1727) Desenvolvedor da denominada Mecânica Newtoniana, sir


Isaac Newton desenvolveu os princípios da Dinâmica enumerando as três leis, além da
gravitação universal, cálculo diferencial e integral.

No século 18, é marco para as maiores contribuições a mecânica dos sólidos, partindo
dos princípios enumerados por Sir. Newton, os irmãos Bernoulli Jaques e Johan,
desenvolveram estudos de vigas em balanço, rotação de vigas, problemas de dinâmica e o
princípio dos deslocamentos virtuais. Seguindo os princípios de uma família de cientistas, o
filho de Johan, Daniel Bernoulli, desenvolveu junto com seu então aluno Leonard Euler
(1707-1783) a teoria de flexão em vigas batizada e ainda válida até hoje de teoria de Euler-
Bernoulli.

Destaca-se ainda contribuições mais recentes a resistência dos materiais, como a


teoria de Timoshenko (1878 a 1972), para vigas com cisalhamento, denominadas vigas de
Timoshenko.

Albert Einstein (1879 a 1955) descobriu as limitações da mecânica Newtoniana,


entretanto em sistemas de Engenharia, a base está fundamentada na Mecânica Clássica de
Newton.

5.1. Mecânica Newtoniana

A Mecânica de Newton é uma teoria que versa sobre o movimento dos corpos e suas
causas. A essência da teoria foi publicada pelo inglês Isaac Newton no seu livro Phílosophíae
Naturalís Príncípía Mathematíca (Princípios Matemáticos da Filosofia Natural) publicado no
ano de 1687, mas notáveis contribuições à física já tinham sido feitas (principalmente por
Galileu) ao fazer seus experimentos que contradisseram a teoria aristotélica.

No entanto, a teoria como está aqui exposta se vale de uma nova roupagem
matemática e conceitual desenvolvida nos séculos que se seguiram. Nos anos que se
seguiram a Newton, diversos físicos e matemáticos aplicaram essa teoria ao movimento dos
corpos na terra e também ao movimento dos corpos celestes, desenvolvendo assim o
grande triunfo da teoria newtoniana: a Mecânica Celeste.

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Aula 1 – Elementos Estruturais
UNIDADE 1 – ANÁLISE ESTRUTURAL

Essa teoria se aplicou com bastante sucesso aos resultados experimentais até
enfrentar problemas no final do século XIX e início do século XX. A mecânica de Newton
pode ser entendida pelos seis princípios fundamentais (Figura).

5.1.1. Lei do Paralelogramo para Adição de Forças

Estabelece que duas forças atuando numa partícula possam ser substituídas por uma
única força, chamada resultante, obtida traçando a diagonal do paralelogramo que tem por
lados as duas forças dadas (Figura).

5.1.2. 1ª Lei de Newton

Se a resultante das forças que atuam numa partícula é nula, esta permanecerá em
repouso (se estava inicialmente em repouso) ou mover-se-á com velocidade constante
segundo uma linha reta (se estava inicialmente em movimento).

5.1.3. 2ª Lei de Newton

Se a resultante que atua sobre um ponto material não é zero, este terá uma aceleração
proporcional à intensidade da resultante e na direção desta, com o mesmo sentido, sendo
sua equação descrita na forma simplificada pela Equação:

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Aula 1 – Elementos Estruturais
ESTABILIDADE

⃗F = m . a⃗

5.1.4. 3ª Lei de Newton

As forças de ação e reação entre corpos interagindo têm as mesmas intensidades,


mesmas linhas de ação e sentidos opostos.

5.1.5. Princípio da Transmissibilidade

Estabelece que as condições de equilíbrio ou de movimento de um corpo rígido não se


alteram se substituirmos uma força atuando num ponto do corpo por outra força com a
mesma intensidade, direção e sentido, mas atuando em um outro ponto do corpo, desde
que ambas as forças possuam a mesma linha de ação.

5.1.6. Lei da Gravitação Universal

Estabelece que dois pontos materiais de massas M e m são mutuamente atraídas com
forças iguais e opostas F e -F de intensidade F dada por

M .m
F= .G
r2

onde r é a distância que separa os corpos e G é a constante da gravitação universal. O


Exemplo abaixo ilustra como funcionam alguns a aplicação dos princípios da mecânica
newtoniana.

Exemplo: Dado o pórtico abaixo identificar os princípios da mecânica de newton.

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Aula 1 – Elementos Estruturais
UNIDADE 1 – ANÁLISE ESTRUTURAL

Se as forças T = 2 kN e a força P = 1,5 kN, qual será a resultante? No caso numérico


acima o método gráfico ilustra claramente a direção da força resultante, entretanto para se
achar a intensidade da mesma deve-se recorrer às equações clássicas da matemática
vetorial: a lei dos senos e dos cossenos.

5.1.7. Lei dos Cossenos

Dados dois vetores como indicado na Figura abaixo, a lei dos cossenos retornará a
resultante desses vetores:

r = √a2 + b 2 + 2 . a . b . cos θ

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Aula 1 – Elementos Estruturais
ESTABILIDADE

Para vetores com a posição ponta-cauda como mostrado na Figura abaixo, a lei dos
cossenos se resume à Equação:

r = √a2 + b 2 − 2 . a . b . cos θ

5.1.8. Lei dos Senos

Uma segunda lei muito importante para o estudo da estabilidade das construções está
na chamada lei dos senos. A lei dos senos leva em consideração o lado de um vetor fechado
em forma de triângulo e seu respectivo ângulo oposto.

𝑎 𝑏 𝑐
= =
𝑠𝑒𝑛 𝛼 𝑠𝑒𝑛 𝛽 𝑠𝑒𝑛 𝛿

Exemplo: Encontrar a resultante dos vetores mostrados na figura abaixo e o ângulo


que a resultante faz com o eixo horizontal.

r = √a2 + b 2 + 2 . a . b . cos θ

r = √22 + 1,52 + 2 .2 . 1,5 . cos 120

r = 1,083 𝑘𝑁

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Aula 1 – Elementos Estruturais
UNIDADE 1 – ANÁLISE ESTRUTURAL

a b c
= =
sen α sen β sen δ

R P
=
sen 60 sen x

1,5
sen x =
1,803 . sen 60

x = 46,10o ∴ ÂnguloH = 16,10o

Exemplo: Calcule o a tração nos cabos da figura abaixo:

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Aula 1 – Elementos Estruturais
ESTABILIDADE

∑ Fx = 0 e ∑ Fy = 0

TAB . cos 30o - TAC . cos 50o = 0


TAB . sen 30o + TAC sen 50o = 0

0,866 . TAB – 0,643 . TAC = 0


0,5 . TAB + 0,766 . TAC = 750

TAB = 486,84 kN
TAC = 657,89 kN

Baseado e adaptado de
Rodrigo Mero Sarmento da
Silva. Edições sem prejuízo de
conteúdo.

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Aula 2 – Estática I
UNIDADE 1 – ANÁLISE ESTRUTURAL

Aula 2: Estática I

A Estática é o capítulo da Mecânica que estuda corpos que não se movem, estáticos. A
ausência de movimento é um caso especial de aceleração nula, ou seja, pelas Leis de Newton,
uma situação em que todas as forças que atuam sobre um corpo se equilibram. Portanto, a
soma vetorial de todas as forças que agem sobre o corpo deve ser nula. Esta aula resgatará
alguns conceitos de Física Elementar, necessários para o desenvolvimento da disciplina de
Estabilidade.

1. A Estática

A estática é a parte da física que estuda sistemas sob a ação de forças que se
equilibram. De acordo com a segunda lei de Newton, a aceleração destes sistemas é nula.

∑F=0

De acordo com a primeira lei de Newton, todas as partes de um sistema em equilíbrio


também estão em equilíbrio. Este fato permite determinar as forças internas de um corpo a
partir do valor das forças externas. De uma forma simplificada, as estruturas são submetidas
a diversos carregamentos combinados e para que se possa garantir que ela não se moverá,
deve-se garantir que:

• Primeiramente, que ela não translade, ou seja, o somatório de todas as forças


tem que ser nulo;
• Segundo, que ela não rotacione, ou seja, o somatório dos momentos
aplicados a qualquer ponto da estrutura deverá ser nulo. Mais adiante
descobriremos e falaremos mais sobre essas duas condições de equilíbrio
estático.

2. Estática de Pontos Materiais

Em Mecânica, ponto material é uma abstração feita para representar qualquer objeto
que em virtude do fenômeno tem dimensões desprezíveis, ou seja, dimensões tais que não
afetam o estudo do fenômeno. Por exemplo, no estudo dos movimentos planetas, dada a

15
Aula 2 – Estática I
ESTABILIDADE

distância que separa esses corpos suas dimensões são desprezíveis e eles podem ser
considerados pontos materiais.

Esta aula contempla o estudo do efeito de forças sobre pontos materiais. Um exemplo
prático foi discutido e analisado na aula anterior sobre a ótica da ação de apenas duas
forças.

Em problemas de engenharia as ações sobre pontos materiais não são constituídas de


duas únicas forças e sim de uma combinação de forças. É fato que os corpos rígidos
influenciam no sistema, entretanto para início de estudo devemos tratar os pontos
materiais.

O que devemos trabalhar é a substituição de duas ou mais forças por uma única força
representativa chamada de força resultante. Os princípios da lei dos senos e cossenos são
válidos para mais de uma força, porém, demanda um trabalho razoável para sua utilização.

Nesse sentido, busca-se a utilização da decomposição de forças como uma alternativa


rápida e de fácil entendimento para determinação da resultante de forças.

2.1. Resultantes das Forças Sobre Um Ponto Material

O Vetor Resultante independe de qual sequência de vetores será tomada como base.
Obedecendo ao sistema Ponta-a-cauda, o resultado sempre será o mesmo.

Qualquer que seja a sequência tomada, a direção do vetor resultante não se altera,
esse sistema é denominado regra do polígono.

2.2. Componentes de uma Força

Para sistemas de mais de dois vetores, a técnica de decomposição vetorial é


importante para definição do vetor resultante. A decomposição parte do princípio que

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Aula 2 – Estática I
UNIDADE 1 – ANÁLISE ESTRUTURAL

qualquer força pode ser decomposta em direções principais, em geral definidas pelo eixo
cartesiano. Entretanto qualquer força pode ser decomposta em qualquer direção, para esse
primeiro caso trabalharemos apenas com as direções principais.

Uma força única pode ser substituída por duas ou mais forças que, juntas, geram o
mesmo efeito sobre o corpo, essas forças são chamadas de componentes da força original,
e o processo de substituição da original por ela é denominado decomposição dos
componentes da força. Para cada força existe um número infinito de possíveis conjuntos de
componentes.

Exemplo: Problema vetorial com 3 vetores.

Decompondo-se o vetor v na direção ortogonal tem-se:

vx = v . cos 35o
vy = v . sen 35o

Decompondo-se o vetor w na direção ortogonal tem-se:

wx = w . cos 45o
wy = w . sen 45o

Decompondo-se o vetor u na direção ortogonal tem-se:

ux = u . cos 20o
uy = u . sen 20o

Procedendo o somatório das forças nas duas direções principais, tem-se:

∑ Fx = vx – wx + ux
∑ Fx = v · cos (35o) - w · cos (45o) + u · cos (20o)

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Aula 2 – Estática I
ESTABILIDADE

∑ Fx = 3,5 . 0,8192 – 4,0 . 0,7071 + 2,0 . 0,9397


∑ Fx = 1,9180

Na direção vertical temos:

∑ Fy = vy + wy – uy
∑ Fy = v · sen (35o) + w · sen (45o) - u · sen (20o)
∑ Fy = 3,5 . 0,5736 + 4,0 . 0,7071 - 2,0 . 0,3420
∑ Fy = 4,1520

Aplicando o teorema de Pitágoras para os vetores ortogonais encontrados tem-se:

R2 = Fx2 +Fy2
R2 = 1, 91802 + 4, 15202
R = 4,5736 kN

2.3. Métodos de Análise de Forças

Como vimos existem dois métodos básicos para análise da composição de forças, o
primeiro é o método gráfico utilizando o processo vetor-ponta-cauda, onde pode-se
encontrar a resultante de um sistema de várias forças. Procedimento semelhante pode ser
observado com a aplicação da regra do paralelogramo, sendo um método com pouca
precisão.

O segundo método consiste na interpretação numérica das forças utilizando duas


vertentes, a lei dos cossenos e senos ou decomposição de forças.

3. Estática de Corpos Rígidos

O corpo rígido é um corpo ideal, resultante da combinação de um número finitos de


partículas ocupando posições fixas no espaço. Como dito no tópico anterior, a estática de
pontos materiais considera o corpo como sendo apenas um ponto, desprezando sua massa
e a relação de atuação da força no mesmo.

Na estática de ponto material, todas as forças atuam em um mesmo ponto, fato que
não acontece comumente na prática da engenharia. Em contrapartida, tem-se como válvula
de escape o estudo da estática de corpos rígidos, onde se considera cada corpo como uma
composição de pontos materiais. Sendo assim, deve-se a partir desse momento levar em
consideração o tamanho, peso, a geometria, dentre outros fatores.

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Aula 2 – Estática I
UNIDADE 1 – ANÁLISE ESTRUTURAL

Os corpos rígidos são tratados dentro da mecânica clássica como sendo corpos
indeformáveis, entretanto sabemos que todos os corpos quando sujeitos a carregamentos
deformam. Os problemas de deformação de corpos rígidos são estudados pela ciência
denominada Resistência dos Materiais, e será alvo de estudo em outro momento.

A estática de uma forma geral estuda a ação de força sobre os corpos, sendo que na
estática de corpo rígido não se tem a restrição de um ponto de aplicação de força e sim a
força pode atuar em qualquer ponto da geometria do corpo. Os efeitos das forças não
pontuais em um corpo pode ser entendido a analisado por 3 parâmetros:

• Sistema equivalente de força-binários;


• Momento de uma força em relação a um ponto;
• Forças externas e forças internas.

Tomemos como exemplo o caminhão nas condições de carregamento abaixo:

Exemplo: Aplicação das leis de Newton na estática de corpos rígidos.

No problema acima tem um caminhão sendo rebocado por uma corda, sendo assim
podemos destacar as forças atuantes no sistema como sendo: Destacando o peso próprio
por “P”, as reações do solo nas rodas como sendo ”R1” e ”R2” e a força que reboca o
caminhão por “F”.

O Princípio da transmissibilidade pode ser usado livremente para o cálculo de forças


externas e determinação da condição de equilíbrio ou movimento de um corpo rígido,
entretanto deve ser evitado para o cálculo das forças internas (Figura).

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Aula 2 – Estática I
ESTABILIDADE

Quando se fala de forças externas não existem problemas quanto ao uso do princípio
enunciado por Newton, entretanto, analisando a aplicação do princípio da
transmissibilidade na Figura abaixo.

No sistema descrito na Figura, em ambas as situações a resultante externa será


sempre nula, ou seja, o deslocamento da força “P1” não influenciou no sistema de equações
externas, entretanto para forças internas os dois sistemas estudados são completamente
diferentes

No primeiro o corpo está tracionado e no segundo o corpo está comprimido. O estudo


de forças internas se dará em aulas futuras.

4. Momento de uma Força em Relação a um Ponto

Momento é a tendência que uma força, atuando sobre um corpo, tenha a


possibilidade de girá-lo em tomo de um ponto fixo. O momento depende somente da
intensidade da força e do seu braço de alavanca.

No caso de ponto material, basta garantir que o corpo não translade, estará garantido
que o corpo estará em equilíbrio. No caso de uma barra ou uma ponte (corpos extensos)
teremos que garantir que o corpo não rotacione também. A grandeza física que relaciona
força e rotação num ponto é chamada de momento ou torque. Obtém-se o momento de

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Aula 2 – Estática I
UNIDADE 1 – ANÁLISE ESTRUTURAL

uma força em relação a um ponto multiplicando-se a intensidade da força pela distância do


ponto à linha de ação da força (Figura).

M = ± | F |. r

Convenção de Momentos Fletores (será estudado futuramente)

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Aula 2 – Estática I
ESTABILIDADE

Retomando o exemplo anterior: O momento das forças em relação ao ponto “a”:

Mf = F . h
Mp = P . L
MR2 = R2 . x
MR1 = R1 . 0

Exemplo: De acordo com a figura e supondo que o corpo estejam em equilíbrio, sob a
ação das forças ilustradas, qual será o valor das resultantes H1, R1 e R2 em relação ao ponto
“a”?

∑ Fx = 0
-F + H1 = 0
H1 = 5 kN

∑ Fy = 0
R1 + R2 – P = 0
R1 + R2 = 10 kN

∑M=0
(F . 0,2) – (P . 2) + (R2 . 3) – (5 . 0,5) = 0
R2 = 7,16 kN

Como R1 + R2 = 10 kN
R1 = 2,84 kN

22
Aula 2 – Estática I
UNIDADE 1 – ANÁLISE ESTRUTURAL

5. Momento de um Binário

Um caso especial ocorre quando um corpo está sujeito a duas forças, F e – F, que têm
o mesmo módulo, linhas de ação paralelas e sentidos opostos formando um binário ou
conjugado. A soma das componentes das duas forças em qualquer direção é zero.
Entretanto, a soma dos momentos das duas forças em relação a um dado ponto não é zero.
Apesar das duas forças não transladarem o corpo no qual atuam, tendem a fazê-lo girar. A
distância d mostrada na Figura chama-se braço binário.

Exemplo: A força F, de módulo 20 N, e os pontos A, B e C estão todos no plano do


papel. Os pontos representam as intersecções entre o plano do papel e três eixos
perpendiculares a ele.

Utilizando a convenção dos sinais dos momentos, calcule o momento escalar de F em


relação a A, B e C.

Em relação a A, a força F dá tendência de rotação no sentido horário. Sendo F = 20 N e


b = 3 m, temos:
M = - F . b = 20 . 3 ⇒ M = - 60 Nm
Em relação a B, a força F dá tendência de rotação no sentido anti-horário. Sendo F = 20
N e b = 2 m, temos:
M = + F. b = – 20 . 2 ⇒ M = + 40 Nm
Baseado e adaptado de
Em relação a C, a força F não dá tendência de rotação, pois b = 0: Rodrigo Mero Sarmento da
Silva. Edições sem prejuízo de
M = F. b = 20 . 0 ⇒ M = 0 conteúdo.

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Aula 3 – Estática II
ESTABILIDADE

Aula 3: Estática II

As cargas atuantes nas estruturas são definidas em dois tipos, concentrada, ou seja, aplicada
em um único ponto, esse tipo de carga pode ser uma força ou uma rotação (carga momento)
ou distribuída, composta por um número infinito de forças concentradas ou rotações.

1. Carregamentos

Suponha a viga mostrada na Figura, onde tem-se uma segunda viga apoiada na
mesma. Abaixo encontra-se o modelo de cálculo dessa estrutura, onde substitui-se o peso
da viga apoiada por uma carga concentrada no eixo de apoio da viga. Lembra-se que nesse
modelo não se contabilizou o peso da viga principal biapoiada.

Suponha agora a estrutura mostrada na figura seguinte, onde além de uma viga
apoiada, a estrutura serve de suporte para uma parede. Nesse caso, uma carga apoiada não
se adéqua para o modelo de cálculo do sistema, e sim uma série de cargas representativas.

Sabemos manipular vetores, as operações básicas e decomposição vetorial, a pergunta


é: como trabalharemos com um número infinito de vetores, como mostrado na Figura? É
muito simples, iremos converter essas cargas distribuídas em um único vetor representativo
aplicado no centro de gravidade do carregamento.

24
Aula 3 – Estática II
UNIDADE 1 – ANÁLISE ESTRUTURAL

Centro de Gravidade: é um ponto em torno do qual o peso do corpo está igualmente


distribuído em todas as direções. O centro de gravidade de um corpo coincide com seu
centro de massa quando a aceleração da gravidade tiver o mesmo valor em toda extensão
do corpo. Isso significa que corpos com dimensão pequena comparada à Terra, como têm o
mesmo valor de aceleração da gravidade para todas as diferentes partes do corpo, seu
centro de gravidade coincide com seu centro de massa.

Centro de Massa: um corpo extenso ou de um sistema de partículas é uma idealização


utilizada em Física para reduzir o problema da ação de forças externas sobre este corpo ou
sistema de partículas. A ideia é tentar reduzi-los a uma partícula de massa igual à massa
total do corpo extenso ou do sistema de partículas, posicionada justamente no centro de
massa.

Abaixo encontram-se com os principais centros de gravidades.

1.1. Retângulo

Um retângulo é um paralelogramo cujos lados formam ângulos retos entre si e que,


por isso, possui dois pares de lados de mesma medida. Para figura geométrica retângulo, o
centro de gravidade onde o corpo se equilibrará estará nas coordenadas Xg e Yg:

Xg = b/2; Yg = h/2

25
Aula 3 – Estática II
ESTABILIDADE

1.2. Quadrado

Um quadrado é um quadrilátero (polígono de 4 lados) com tamanhos iguais. Para


figura geométrica quadrado, o centro de gravidade onde o corpo se equilibrará estará nas
coordenadas Xg e Yg :

Xg = L/2; Yg = L/2

1.3. Triângulo

Um triângulo é a figura geométrica que ocupa o espaço interno limitado por três linhas
retas que concorrem, duas a duas, em três pontos diferentes formando três lados e três
ângulos internos que somam 180o. Para figura geométrica triângulo, o centro de gravidade
onde o corpo se equilibrará estará nas coordenadas Xg e Yg:

Xg = b/3; Yg = 2h/3

26
Aula 3 – Estática II
UNIDADE 1 – ANÁLISE ESTRUTURAL

Exemplo: Problema de Conversão de Carga Distribuída em Concentrada.

Como o carregamento é um retângulo de base 5m e altura 15N /m, podemos calcular


o centro de gravidade da figura. Nota-se que só se precisa calcular o eixo “X”.

Xg = b/2 = 5/2 = 2,5 m

Convertendo em força:

F = 15 . 5
F = 75 N/m

Exemplo: Problema de Conversão de Carga Distribuída em Concentrada.

No caso abaixo tem-se dois problemas distintos, onde pode-se dividir a figura em duas,
sendo um retângulo e um triângulo, e a partir daí, começar a trabalhar:

27
Aula 3 – Estática II
ESTABILIDADE

1º Passo: Achar o centro de gravidade para o retângulo de base 9 m e altura 10 N/m:

b 9
Xg = = = 4,5 m
2 2

Convertendo em força:

V2 = 10 . 9 = 90 N

2ª Passo: Achar o centro de gravidade para o triângulo de base 9m e altura 15 N/m (25
N/m – 10 N/m):

b 9
Xg = = =3m
3 3

Convertendo em força:

15 . 9
V1 = = 67,5 N
2

Por fim tem-se os carregamentos distribuídos convertidos em cargas pontuais, como


mostrado na figura:

28
Aula 3 – Estática II
UNIDADE 1 – ANÁLISE ESTRUTURAL

Sempre que houver figuras não conhecidas, as mesmas podem ser subdividi-las em
figuras conhecidas como retângulos, triângulos e quadrados etc.

Quando não é possível utilizar essa técnica, a mecânica disponibiliza outros métodos
para encontrar o centro de gravidade de figuras complexas, o que não é o objetivo principal
dessa aula.

2. Tipos de Estruturas de Apoio

As estruturas de engenharia podem ser classificadas em relação aos graus de liberdade


em que ela está executada. Quanto mais rígida for a estrutura maior será o impedimento ao
movimento. Em engenharia existem seis graus de liberdade, sendo três translações, nas
direções X, Y e Z, e três rotações, nas direções RX, RY e RZ. A Figura mostra os tipos de
estruturas segundo os graus de liberdade impedidos, são elas:

2.1. Estruturas Hipostáticas

Onde as equações da estática são superiores aos números de incógnitas do problema,


ou seja, nas estruturas hipostática os apoios são em menor número que o necessário para
restringir todos os movimentos possíveis da estrutura. As características desse tipo de
estrutura é a instabilidade constante: balanço, gangorra, etc.

29
Aula 3 – Estática II
ESTABILIDADE

2.2. Estruturas Isostáticas

As estruturas isostáticas, o número de equações é exatamente igual ao número de


incógnitas, ou seja, bastam as equações fundamentais da estática para determinar as suas
reações de apoio. Esse tipo de estrutura é bastante utilizado na engenharia, e será bastante
utilizada na disciplina.

2.3. Estruturas Hiperestáticas

As estruturas hiperestáticas, o número de equações é menor que o número de


incógnitas, nesse caso não se consegue resolver o problema apenas com as equações
clássicas da estática, necessitando do uso de outras equações.

30
Aula 3 – Estática II
UNIDADE 1 – ANÁLISE ESTRUTURAL

3. Reações de Apoio

As reações de apoio, são os graus de liberdade travados do sistema, como dito


anteriormente uma estrutura isostática possui 3 reações de apoio, uma estrutura
hiperestática mais de 3 e uma estrutura hipostática menos de 3. A Figura abaixo mostra a
simbologia, o tipo e as reações a serem travadas. Em relação ao tipo, as reações podem ser
classificadas como do primeiro, segundo e terceiro gêneros.

Exemplo: Calcular as reações de apoio para a estrutura da figura abaixo.

Como observado na figura o lado esquerdo possui um apoio do primeiro gênero


enquanto o apoio esquerdo é um apoio do segundo gênero.

31
Aula 3 – Estática II
ESTABILIDADE

∑ Fx = 0
Rxa = 0

∑ Fy = 0
Rya + Ryb – (15 . 5) = 0
Rya + Ryb = 75 N

∑ Ma = 0
(- Ryb . 5) + (75 . 5/2) = 0
Ryb = 37,5 N

Rya + Ryb = 75
Rya + 37,5 = 75
Rya = 37,5 N

Este exemplo será retomado nas próximas aulas caso o aluno ainda esteja com
dúvidas. Nela, serão ensinados os passo-a-passo da resolução deste tipo de problema.

Baseado e adaptado dem


Mário Nalon de Queiroz.
Edições sem prejuízo de
conteúdo.

32
Aula 4 – Estudo de Vigas Isostáticas
UNIDADE 2 – ESTUDO DE VIGAS

Unidade 2 – Estudo de Vigas

Aula 4: Estudo de Vigas Isostáticas

Uma estrutura para estar em equilíbrio deve atender as equações de equilíbrio estático vistas
anteriormente, este equilíbrio é garantido pelos aparelhos de apoios da estrutura, de maneira
que as forças que equilibrarão o sistema provem dos mesmos, ou seja, as reações de apoio. O
cálculo dessas reações é entendido de maneira mais fácil através desta aula, que fornecerá os
principais modelos de carregamentos para a teoria até aqui estudada.

1. Casos Particulares

1.1. Caso 1: Uma Carga Concentrada Horizontal e Uma Carga Concentrada Vertical.

Esquema Estrutural:

1º Passo: Nomear os apoios, isso evita confundir a posição das reações que por
ventura aparecerão.

33
Aula 4 – Estudo de Vigas Isostáticas
ESTABILIDADE

2º Passo: Identificar os apoios quanto aos seus graus de liberdade, atribuindo suas
respectivas reações.

Onde:

VA = Reação vertical do apoio A (1º gênero);


VB = Reação vertical do apoio B (2º gênero);
HB = Reação horizontal do apoio B (2º gênero);

3º Passo: Utilização da primeira equação de equilíbrio, somatório das forças na


horizontal (eixo X).

Neste momento, faremos a soma algébrica de todas as forças e reações que aparecem
na horizontal, eixo X, adotando como positivas todas as forças e/ou reações que apontem
na direção positiva de X, (→ +).

∑ Fx = 0
2 – HB = 0
HB = 2 kN

Desta forma, determinamos a reação horizontal no apoio B que garante que a viga não
se deslocará na horizontal.

4º Passo: Utilização da segunda equação de equilíbrio, somatório das forças na vertical


(eixo Y).

34
Aula 4 – Estudo de Vigas Isostáticas
UNIDADE 2 – ESTUDO DE VIGAS

Neste momento, faremos a soma algébrica de todas as forças e reações que aparecem
na vertical, eixo Y, adotando como positivas todas as forças e/ou reações que apontem na
direção positiva de Y, (↑ +).

∑ Fy = 0
- 4 + VA + VB = 0
VA + VB = 4 kN

5º Passo: Utilização da terceira equação de equilíbrio, somatório dos momentos (eixo


Z).

Como pode ser observado, com apenas duas das equações não se pode determinar os
valores de VA e VB, desta forma faz-se uso da terceira equação de equilíbrio. Escolhe-se um
dos apoios como ponto de referência de momento e verificamos quais forças e reações que
tendem a promover rotação neste apoio. Neste exemplo escolheremos o apoio B como
referência. Para o momento adota-se como positivo a rotação no sentido horário e negativo
no caso contrário.

∑ MB = 0
(VA . 8) – (4 . 6) = 0
8VA – 24 = 0
VA = 3 kN

6º Passo: Com o conhecimento do valor da reação VA, voltamos ao 4º Passo e


determinamos o valor de VB.

VA + VB = 4 kN
3 + VB = 4
VB = 1 kN

Se analisarmos a estrutura, observaremos que os resultados são compatíveis com a


figura, uma vez que a força vertical, 4kN, está mais próxima do apoio A, sua reação deverá
ser maior, pois está sendo mais solicitado que o apoio B. O resultado final é apresentado
abaixo.

35
Aula 4 – Estudo de Vigas Isostáticas
ESTABILIDADE

1.2. Caso 2: Várias Cargas Concentradas na Direção Vertical

Esquema Estrutural:

1º Passo: Dar nome os apoios, isso evita confundir a posição das reações que por
ventura aparecerão.

2º Passo: Identificar os apoios quanto aos seus graus de liberdade, atribuindo suas
respectivas reações.

Onde:

VA = Reação vertical do apoio A (1º gênero);


VB = Reação vertical do apoio B (2º gênero);
HB = Reação horizontal do apoio B (2º gênero);

36
Aula 4 – Estudo de Vigas Isostáticas
UNIDADE 2 – ESTUDO DE VIGAS

3º Passo: Utilização da primeira equação de equilíbrio, somatório das forças na


horizontal (eixo X).

Neste momento, faremos a soma algébrica de todas as forças e reações que aparecem
na horizontal, eixo X, adotando como positivas todas as forças e/ou reações que apontem
na direção positiva de X, (→ +).

∑ Fx = 0
HB = 0 kN

Como pode ser visto na figura, não existe solicitação no eixo X, desta forma, sem
solicitação não haverá reação do apoio do 2º gênero na direção correspondente.

4º Passo: Utilização da segunda equação de equilíbrio, somatório das forças na vertical


(eixo Y).

Neste momento, faremos a soma algébrica de todas as forças e reações que aparecem
na vertical, eixo Y, adotando como positivas todas as forças e/ou reações que apontem na
direção positiva de Y, (↑ +).

∑ Fy = 0
- 4 – 4 - 4 + VA + VB = 0
VA + VB = 12 kN

5º Passo: Utilização da terceira equação de equilíbrio, somatório dos momentos (eixo


Z).

Como pode ser observado, com apenas duas das equações não se pode determinar os
valores de VA e VB, desta forma faz-se uso da terceira equação de equilíbrio. Escolhe-se um
dos apoios como ponto de referência de momento e verificamos quais forças e reações que
tendem a promover rotação neste apoio. Neste exemplo escolheremos o apoio B como
referência. Para o momento adota-se como positivo a rotação no sentido horário e negativo
no caso contrário.

∑ MB = 0
(VA . 8) – (4 . 6) – (4 . 4) – (4 . 2) = 0
8VA – 48 = 0
VA = 6 kN

37
Aula 4 – Estudo de Vigas Isostáticas
ESTABILIDADE

6º Passo: Com o conhecimento do valor da reação VA, voltamos ao 4º Passo e


determinamos o valor de VB.

VA + VB = 12 kN
6 + VB = 12
VB = 6 kN

1.3. Caso 3: Carga de Momento Aplicado com Carga Horizontal

Esquema Estrutural:

Repetindo-se os passos dos casos anteriores, teremos:

∑ Fx = 0
- HB + 3 = 0
HB = 3 kN

∑ Fy = 0
VA + VB = 0 kN

∑ MB = 0
(VA . 6) + 4 = 0

38
Aula 4 – Estudo de Vigas Isostáticas
UNIDADE 2 – ESTUDO DE VIGAS

6VA = - 4
VA = - 0,67 kN (↓)

VA + VB = 0 kN
- 0,67 + VB = 0
VB = 0,67 kN (↑)

1.4. Caso 4: Carga Uniformemente Distribuída

Esquema Estrutural:

1º Passo: Dar nome os apoios, isso evita confundir a posição das reações que por
ventura aparecerão.

2º Passo: Identificar os apoios quanto aos seus graus de liberdade, atribuindo suas
respectivas reações.

39
Aula 4 – Estudo de Vigas Isostáticas
ESTABILIDADE

Onde:

VA = Reação vertical do apoio A (1º gênero);


VB = Reação vertical do apoio B (2º gênero);
HB = Reação horizontal do apoio B (2º gênero);

3º Passo: Utilização da primeira equação de equilíbrio, somatório das forças na


horizontal (eixo X).

Neste momento, faremos a soma algébrica de todas as forças e reações que aparecem
na horizontal, eixo X, adotando como positivas todas as forças e/ou reações que apontem
na direção positiva de X, (→ +).

∑ Fx = 0
HB = 0 kN

Como pode ser visto na figura, não existe solicitação no eixo X, desta forma, sem
solicitação não haverá reação do apoio do 2º gênero na direção correspondente.

4º Passo: Cálculo da carga resultante do carregamento distribuído.

Neste momento, reduz a carga distribuída a uma carga concentrada equivalente,


chamada carga resultante e é determinada pelo cálculo da área do carregamento e será
aplicada no centro de gravidade da figura formada pelo carregamento. Como segue:

5º Passo: Utilização da segunda equação de equilíbrio, somatório das forças na vertical


(eixo Y).

40
Aula 4 – Estudo de Vigas Isostáticas
UNIDADE 2 – ESTUDO DE VIGAS

Faz-se a soma algébrica da carga resultante e das reações que aparecem na vertical,
eixo Y, adotando como positivas todas as forças e/ou reações que apontem na direção
positiva de Y, (↑ +).

∑ Fy = 0
- 24 + VA + VB = 0
VA + VB = 24 kN

6º Passo: Utilização da terceira equação de equilíbrio, somatório dos momentos (eixo


Z).

Como pode ser observado, com apenas duas das equações não se pode determinar os
valores de VA e VB, desta forma faz-se uso da terceira equação de equilíbrio. Escolhe-se um
dos apoios como ponto de referência de momento e verificamos quais forças e reações
tendem a promover rotação neste apoio. Neste exemplo escolheremos o apoio B como
referência. Para o momento adota-se como positivo a rotação no sentido horário e negativo
no caso contrário.

Lembrando que momento é igual a força x distância, prosseguimos da seguinte forma:

∑ MB = 0
(VA . 6) – 24 . 3 = 0
6VA = 72
VA = 12 kN

7º Passo: Com o conhecimento do valor da reação VA, voltamos ao 4º Passo e


determinamos o valor de VB.

VA + VB = 24 kN
12 + VB = 24
VB = 12 kN

1.5. Caso 5: Apoio do Terceiro Gênero - Cargas Concentrada e Carga horizontal

41
Aula 4 – Estudo de Vigas Isostáticas
ESTABILIDADE

Esquema Estrutural:

1º Passo: Identificar o apoio quanto aos seus graus de liberdade, atribuindo suas
respectivas reações. Como só temos um apoio do terceiro gênero, ou seja, um engaste.
Desta maneira, representamos suas três reações no mesmo ponto, como abaixo:

Onde:

VA = Reação vertical do apoio A;


HA = Reação horizontal do apoio A;
MA = Reação de momento do apoio A;

2º Passo: Utilização da primeira equação de equilíbrio, somatório das forças na


horizontal (eixo X).

Neste momento, faremos a soma algébrica de todas as forças e reações que aparecem
na horizontal, eixo X, adotando como positivas todas as forças e/ou reações que apontem
na direção positiva de X, (→ +).

∑ Fx = 0
HA – 3 = 0
HA = 3 kN

3º Passo: Utilização da segunda equação de equilíbrio, somatório das forças no vertical


(eixo Y).

42
Aula 4 – Estudo de Vigas Isostáticas
UNIDADE 2 – ESTUDO DE VIGAS

Neste momento, faremos a soma algébrica de todas as forças e reações que aparecem
na vertical, eixo Y, adotando como positivas todas as forças e/ou reações que apontem na
direção positiva de Y, (↑ +).

∑ Fy = 0
- 4 – 4 - 4 + VA = 0
VA = 12 kN

5º Passo: Utilização da terceira equação de equilíbrio, somatório dos momentos (eixo


Z).

Como pode ser observado, neste apoio temos a presença de uma reação de momento
que entrará no somatório dos momentos, pois é a reação de equilíbrio que estamos
procurando. Para o momento adota-se como positivo a rotação no sentido horário e
negativo no caso contrário.

∑ MA = 0
- MA + (4 . 6) + (4 . 4) + (4 . 2) = 0
MA = 24 + 16 + 8
MA = 48 kN.m

1.6. Caso 6: Apoio do Terceiro Gênero - Carga Uniformemente Distribuída e Carga


Horizontal

Esquema Estrutural:

1º Passo: Identificar o apoio quanto aos seus graus de liberdade, atribuindo suas
respectivas reações. Como só temos um apoio do terceiro gênero, ou seja, um engaste.
Desta maneira, representamos suas três reações no mesmo ponto, como abaixo:

43
Aula 4 – Estudo de Vigas Isostáticas
ESTABILIDADE

Onde:

VA = Reação vertical do apoio A;


HA = Reação horizontal do apoio A;
MA = Reação de momento do apoio A;

2º Passo: Utilização da primeira equação de equilíbrio, somatório das forças na


horizontal (eixo X).

Neste momento, faremos a soma algébrica de todas as forças e reações que aparecem
na horizontal, eixo X, adotando como positivas todas as forças e/ou reações que apontem
na direção positiva de X, (→ +).

∑ Fx = 0
HA – 3 = 0
HA = 3 kN

3º Passo: Cálculo da carga resultante do carregamento distribuído.

Neste momento, reduz-se a carga distribuída a uma carga concentrada equivalente,


chamada carga resultante e é determinada pelo cálculo da área do carregamento e será
aplicada no centro de gravidade da figura formada pelo carregamento. Como segue:

4º Passo: Utilização da segunda equação de equilíbrio, somatório das forças no vertical


(eixo Y).

44
Aula 4 – Estudo de Vigas Isostáticas
UNIDADE 2 – ESTUDO DE VIGAS

Neste momento, faremos a soma algébrica de todas as forças e reações que aparecem
na vertical, eixo Y, adotando como positivas todas as forças e/ou reações que apontem na
direção positiva de Y, (↑ +).

∑ Fy = 0
- 12 + VA = 0
VA = 12 kN

5º Passo: Utilização da terceira equação de equilíbrio, somatório dos momentos (eixo


Z).

Como pode ser observado, neste apoio temos a presença de uma reação de momento
que entrará no somatório dos momentos, pois é a reação de equilíbrio que estamos
procurando. Para o momento adota-se como positivo a rotação no sentido horário e
negativo no caso contrário.

∑ MA = 0
- MA + (12 . 1,5) = 0
MA = 18 kN.m

1.7. Caso 7: Apoio do Terceiro Gênero - Carga de Momento Aplicado e Carga


Horizontal

Esquema Estrutural:

1º Passo: Identificar o apoio quanto aos seus graus de liberdade, atribuindo suas
respectivas reações. Como só temos um apoio do terceiro gênero, ou seja, um engaste.
Desta maneira, representamos suas três reações no mesmo ponto, como abaixo:

45
Aula 4 – Estudo de Vigas Isostáticas
ESTABILIDADE

Onde:

VA = Reação vertical do apoio A;


HA = Reação horizontal do apoio A;
MA = Reação de momento do apoio A;

2º Passo: Utilização da primeira equação de equilíbrio, somatório das forças na


horizontal (eixo X).

Neste momento, faremos a soma algébrica de todas as forças e reações que aparecem
na horizontal, eixo X, adotando como positivas todas as forças e/ou reações que apontem
na direção positiva de X, (→ +).

∑ Fx = 0
HA – 3 = 0
HA = 3 kN

3º Passo: Utilização da segunda equação de equilíbrio, somatório das forças na vertical


(eixo Y).

Faz-se a soma algébrica da carga resultante e das reações que aparecem na vertical,
eixo Y, adotando como positivas todas as forças e/ou reações que apontem na direção
positiva de Y, (↑ +).

∑ Fy = 0
VA = 0 kN

4º Passo: Utilização da terceira equação de equilíbrio, somatório dos momentos (eixo


Z). Como pode ser observado, neste apoio temos a presença de uma reação de momento
que entrará no somatório dos momentos, pois é a reação de equilíbrio que estamos
procurando. Para o momento adota-se como positivo a rotação no sentido horário e
negativo no caso contrário.

∑ MA = 0

46
Aula 4 – Estudo de Vigas Isostáticas
UNIDADE 2 – ESTUDO DE VIGAS

- MA + 4 = 0
MA = 4 kN.m

Como apresentado, para toda determinação das reações de apoio, sempre serão
utilizadas as equações de equilíbrio estático. O procedimento adotado segue esse padrão, o
entendimento desta etapa da análise estrutural é de fundamental importância para o
desenvolvimento dos diagramas de esforços internos, assunto que será abordado com
maior detalhe no futuro.

Baseado e adaptado de
Márcio Varela. Edições sem
prejuízo de conteúdo.

47
Aula 5 – Esforços Internos
ESTABILIDADE

Aula 5: Esforços Internos

Foi visto, nas aulas anteriores, como um sistema de forças encontra seu equilíbrio, através das
reações de apoio, quando solicitado por carregamentos que as provocam. Agora serão
conhecidos os efeitos que essas cargas e reações imprimem em cada seção da estrutura
solicitada.

1. Introdução

Dado um corpo rígido sujeito a carregamentos combinados, as forças externas são


convertidas em ações a exemplos de: compressão, tração, cisalhamento, flexão dentre
outras.

Ao tentar romper uma estrutura, existem forças contrárias, já descritas pela 3ª lei de
Newton. Para estrutura estar em equilíbrio as forças internas também deverão
obrigatoriamente estar em equilíbrio. Os esforços internos encontrados nas estruturas, são
caracterizados por ligações internas de tensões, ao longo de uma seção transversal.

48
Aula 5 – Esforços Internos
UNIDADE 2 – ESTUDO DE VIGAS

Em uma seção qualquer, para se manter o equilíbrio, as forças atuantes no lado


esquerdo devem ser iguais às forças atuantes no lado direito:

Uma seção S de uma estrutura em equilíbrio está submetida a um par de forças F e – F


e um par de momentos M e – M aplicados no seu centro de gravidade, resultantes dos
esforços atuantes à direita e à esquerda da seção.

Decompondo a força resultante e o momento em duas componentes, uma


perpendicular e a outra paralela à seção, teremos:

Assim, têm-se os seguintes esforços solicitantes:

• N = força normal (força perpendicular à seção S);


• Q = esforço cortante (força pertencente à seção S);
• T = momento torçor (momento perpendicular à seção S);
• M = momento fletor (momento pertencente à seção S).

49
Aula 5 – Esforços Internos
ESTABILIDADE

1.1. Esforço Normal (N)

É a soma algébrica de todas as componentes, na direção normal à seção, de todas as


forças atuantes de um dos lados da seção. Por convenção, o esforço normal é positivo
quando determina tração e negativo quando determina compressão.

1.2. Esforço Cortante (Q)

É a soma vetorial das componentes sobre o plano da seção das forças situadas de um
mesmo lado da seção. Por convenção, as projeções que se orientarem no sentido dos eixos
serão positivas e nos sentidos opostos, negativas.

1.3. Momento Fletor (M)

É a soma vetorial das componentes dos momentos atuantes sobre a seção, situados de
um mesmo lado da seção em relação ao seu centro de gravidade.

50
Aula 5 – Esforços Internos
UNIDADE 2 – ESTUDO DE VIGAS

No caso de momento fletor, o sinal positivo ou negativo é irrelevante, importante é


determinar o seu módulo e verificar onde ocorre compressão e tração.

O momento torçor não será estudado neste curso.

2. Método das Seções

Imagine-se uma estrutura qualquer com forças aplicadas; considerando que as partes
do corpo têm de estar em equilíbrio quando o corpo o está, e fazendo-se um corte
imaginário perpendicular ao eixo da viga, qualquer parte da viga poderá ser considerada
como um corpo livre. Cada um dos segmentos da viga está em equilíbrio, cujas condições
exigem a existência de um sistema de forças na seção de corte da viga. Em geral, na seção
de uma viga, são necessários uma força vertical, uma horizontal e um momento para
manter a parte da viga em equilíbrio.

A representação gráfica dos esforços internos em qualquer ponto da viga,


representados em função de uma distância x a partir de uma das extremidades da mesma,
se dá através dos chamados diagramas de estado ou diagramas de esforços internos. Por
meio desses diagramas é possível a determinação dos valores máximos absolutos do
esforço cortante, do momento fletor e do esforço normal.

51
Aula 5 – Esforços Internos
ESTABILIDADE

O Cálculo dos Esforços Solicitantes (Solicitações Internas) é o cerne do curso de


Estabilidade, pois através de um bom entendimento do conceito de esforços solicitantes é
que se pode garantir subsídios para o estudo da Introdução à Resistência dos Materiais, que
terá conceitos envolvidos em 2 aulas nesta disciplina.

2.1. Definições

Inicialmente, imagina-se que uma barra rígida AB qualquer está sendo seccionada.
Neste exemplo a barra possui 6m e a secção ocorre a 2m de A, entretanto, a secção poderia
ser feita em qualquer ponto da barra. O corte será chamado de α.

As intensidades das reações nos apoios já são conhecidas e indicam que o corpo está
em equilíbrio. Porém, ao se efetuar um corte qualquer, para que as partes isoladas pelo
corte permaneçam em equilíbrio, devem aparecer alguns esforços internos, que são
desconhecidos.

52
Aula 5 – Esforços Internos
UNIDADE 2 – ESTUDO DE VIGAS

Pode-se dizer, portanto, que no centro de gravidade desta seção devem aparecer
esforços internos resultantes de força e de momento, que mantém o corpo isolado em
equilíbrio. Analogamente ao cálculo das reações nos vínculos, onde são somadas forças em
x e y, e também são calculados momentos, os esforços internos devem ocorrer em x e y, e
gerar um momento.

As resultantes nas seções de corte de ambos os lados devem ser tais que reproduzam
a situação original quando as duas partes forem ligadas novamente, ou seja, pelo princípio
da ação e reação, devem ser de mesmo módulo, mesma direção e sentidos opostos.

2.1.1. Definição do Esforço Normal

Como visto em tópico anterior, Esforço Normal é a força atuante no sentido da peça, a
qual pode ser calculada a partir da tensão normal na seção. O efeito do Esforço Normal será
de provocar alongamentos ou encurtamentos na peça, mantendo suas seções transversais
planas e paralelas. É indicado pela letra “N”.

O exemplo abaixo ilustra a grosso modo como o Esforço Normal atua em uma barra
qualquer. As linhas pontilhadas representam as dimensões da barra antes do esforço:

53
Aula 5 – Esforços Internos
ESTABILIDADE

Em posse da ideia de Esforço Normal, pode-se agora, analisar a ação do mesmo em um


exemplo de aplicação. Imagina-se, então, uma viga de comprimento L engastada e sendo
solicitada por uma força de intensidade F:

Reação no vínculo:

∑ Fx = 0 → F – RHA = 0 → RHA = F

Fazendo um corte α qualquer na barra a x unidades de comprimento, tem-se:

Somando forças em x, obtém-se o valor do esforço interno, neste caso, o Esforço


Normal:

∑ Fx = 0 → N - F = 0 → N = F

2.1.2. Definição de Esforço Cortante

Esforço Cortante, como visto, é a força perpendicular à peça, calculada a partir da


tensão cisalhante na mesma. O efeito do Esforço Cortante é o de provocar o deslizamento
linear, no sentido do esforço, de uma seção sobre a outra infinitamente próxima,
acarretando o corte ou cisalhamento da mesma. É indicado pela letra “Q”.

O exemplo abaixo ilustra a grosso modo como o Esforço Cortante atua em uma barra
qualquer. (Q = esforço cortante; ∆x e ∆y = deformações da barra devido à ação do esforço
cortante).

54
Aula 5 – Esforços Internos
UNIDADE 2 – ESTUDO DE VIGAS

Em posse da ideia de Esforço Cortante, pode-se agora, analisar a ação do mesmo em


um exemplo de aplicação. Imagina-se, então, uma viga de comprimento L engastada e
sendo solicitada por uma força de intensidade P:

Reação no vínculo:

∑ Fy = 0 → RVA – P = 0 → RVA = P

Fazendo um corte α qualquer na barra a x unidades de comprimento, tem-se:

55
Aula 5 – Esforços Internos
ESTABILIDADE

Somando forças em y, obtém-se o valor do esforço interno, neste caso, o Esforço


Cortante:

∑ Fy = 0 → - Q + P = 0 → Q = P

2.1.3. Definição de Momento Fletor

O Momento Fletor é definido como a soma vetorial dos momentos provocados pelas
forças externas de um dos lados da seção tomada como referência, em relação a um eixo
nela contido, no caso, o eixo z. O Momento Fletor tende a flexionar a peça, como resultado
de tensões normais de sinais contrários na mesma seção, ou seja, tende fazer a seção girar
sobre um eixo localizado no seu próprio plano, comprimindo uma parte e distendendo a
outra. É indicado pela letra “M”.

O exemplo abaixo ilustra de forma grosseira como o Momento Fletor atua em uma
barra qualquer. As linhas pontilhadas representam as dimensões da barra antes do esforço:

A deformação máxima ou parecela Δy da imagem é a chamada Flecha Máxima, e será


importante nas aulas futuras de dimensionamento de estruturas.Em posse da ideia de
Momento Fletor, pode-se agora, analisar a ação do mesmo em um exemplo de aplicação.
Imagina-se, então, uma viga de comprimento L engastada e sendo solicitada por um
momento de intensidade MF:

56
Aula 5 – Esforços Internos
UNIDADE 2 – ESTUDO DE VIGAS

Reação no vínculo:

∑ M = 0 → M A – MF = 0 → M A = M F

Fazendo um corte α qualquer na barra a x unidades de comprimento, tem-se:

Somando momentos em relação ao corte α, obtém-se o valor do esforço interno, neste


caso, o Momento Fletor:

∑ Mα = 0 → - M + M F = 0 → M = M F

2.2. Convenções de sinais para “N”, “Q” e “M”

A convenção dos sinais é um conceito de extrema importância para o estudo dos


esforços solicitantes, pois é a partir da referência destes dados que se inicia todo o processo
de cálculo. Deve-se ter muita atenção quanto a estas convenções. Para facilitar os cálculos,
recomenda-se adotar as seguintes convenções:

• Esforço Normal: É positivo quando de tração (distendendo a barra) ou


negativo quando de compressão (comprimindo a barra). Lembrar de Treliças.
• Esforço Cortante: É positivo quando as projeções se orientam nos sentidos
dos eixos (sentido horário), ou negativo, caso contrário.
B aseado e adaptado de M árcio
• Momento Fletor: É positivo se tracionar as fibras inferiores da barra ou Varela, A ndré Christo fo ro , Cássio
Simio ni, Ro drigo M ero Sarmento
da Silva. Ediçõ es sem prejuízo de
negativo, caso contrário. co nteúdo .

57
Aula 6 – Cálculos e Diagramas
ESTABILIDADE

Aula 6: Cálculos e Diagramas

Sabe-se da aula anterior que os esforços internos existem e que na maioria das vezes, variam
de acordo com a distância onde se calcula. Diante deste fato, toma-se como exemplos para
cálculo de diagramas as vigas e tipos de carregamentos a seguir.

1. Cálculo das Solicitações Internas

Para se efetuar o Cálculo das Solicitações Internas, torna-se conveniente, como visto,
utilizar o Método das Seções, este, por sua vez, consiste em:

1º Passo: Cortar a peça na seção desejada e isolar um dos lados do corte (qualquer
um), com todos os esforços externos atuando. Dependendo do tipo de carregamento, uma
barra pode necessitar de mais de um corte para se efetuarem os cálculos. Em suma, um
novo corte deve ser feito para cada mudança abrupta de carregamento. Eis alguns
exemplos:

58
Aula 6 – Cálculos e Diagramas
UNIDADE 2 – ESTUDO DE VIGAS

Por hora, será analisada uma viga biapoiada com carregamento uniformemente
distribuído:

Primeiramente, transforma-se o carregamento distribuído numa força pontual e


calculam-se as reações nos vínculos:

Cálculo das reações vinculares:

∑ Fx = 0 → RHA = 0

∑ Fy = 0 → RVA + RVB – qL = 0 → RVA + RVB = qL

∑ MA = 0 → (qL . L/2) – (RVB . L) = 0 → RVB = qL/2

Como RVA + RVB = qL e RVB = qL/2 então:

RVA + qL/2 = qL → RVA = qL/2

Logo:

59
Aula 6 – Cálculos e Diagramas
ESTABILIDADE

Em posse dos valores das reações nos vínculos, o próximo passo é escolher um ponto
qualquer da viga para se fazer um corte α.

Este modelo de carregamento admite apenas um corte para o cálculo das solicitações
internas. Portanto, escolhe-se um ponto qualquer a x unidades de comprimento do ponto A
ou do ponto B:

Independente do sentido escolhido para a análise (AB ou BA), deve-se sempre prestar
muita atenção na convenção de sinais.

2º Passo: Na seção cortada devem ser desenvolvidas solicitações que mantém o


sistema isolado em equilíbrio (N, Q, M). Estas solicitações são os valores que devem ser
determinados. (Não esquecer a convenção de sinais)

Após escolhido o ponto para o corte, torna-se conveniente transformar o


carregamento q em uma força pontual. Como o corte foi feito a “x” unidades da periferia da
barra, então, a carga pontual agora não será mais qL, mas sim, qx (lembrar que a área da
figura referente ao carregamento, neste caso um quadrado, é igual ao carregamento, ou
seja, A = b . h = q . x ).

Se a análise for feita de A para B, a convenção será:

Caso a análise seja feita de B para A, a convenção será:

60
Aula 6 – Cálculos e Diagramas
UNIDADE 2 – ESTUDO DE VIGAS

3º Passo: Aplicando as equações de equilíbrio em relação à seção cortada,


determinam-se os valores procurados. Vale observar que as solicitações a serem
determinadas são 3 e são dispostas, também, 3 equações de equilíbrio, pode-se então
formar um sistema de 3 equações com 3 incógnitas, ou seja, sistema Isostático, ou ainda,
Sistema Possível Determinado (SPD).

De A para B (“pela esquerda”):

Somando forças em x e y, e momentos:

∑ Fx = 0 → N = 0

∑ Fy = 0 → qL/2 – qx – Q(x) = 0 → Q(x) = - qx + qL/2

Note, aluno, que o cortante Q está em função de x, ou seja, seu valor altera conforme
o ponto de atuação do carregamento. Se fosse uma demonstração numérica, poderia ser
calculado em qualquer ponto da viga, ou seja, para qualquer valor de “x” (isto será útil para
a construção do gráfico). Seguindo:

∑ Mα = 0 → (qL/2 . x) – (qx . x/2) – M(x) = 0 → M(x) = - qx²/2 + qLx/2

Idem ao cortante, temos o Momento em função de “x”.

Mais adiante se verá, na construção do gráfico, que para este modelo de


carregamento e vínculo temos para o Cortante Q, uma equação de 1º grau do tipo f(x) = ax
+ b (uma reta), e, para o Momento M, uma equação de 2º grau do tipo f(x) = ax² + bx + c
(uma parábola).

Fazendo-se o mesmo, mas agora de B para A (“pela direita”):

61
Aula 6 – Cálculos e Diagramas
ESTABILIDADE

Somando forças em x e y, e momentos:

∑ Fx = 0 → N = 0

∑ Fy = 0 → qL/2 – qx + Q(x) = 0 → Q(x) = qx - qL/2

∑ Mα = 0 → - (qL/2 . x) + (qx . x/2) + M(x) = 0 → M(x) = - qx²/2 + qLx/2

Observa-se neste caso que a cortante possui sinais diferentes dependendo do sentido
escolhido para o corte, porém, isso não vai interferir em nada, pois ao seguir a convenção
de sinais corretamente, os gráficos encontrados a partir das funções Normal, Cortante e
Momento, para qualquer sentido do corte serão os mesmos.

Os gráficos dessas funções de Momento, Cortante e Normal são chamados de


Diagramas dos Esforços Solicitantes.

2. Diagramas dos Esforços Solicitantes

Os Diagramas dos Esforços Solicitantes são gráficos traçados a partir das funções de
Esforço Normal, Esforço Cortante e Momento Fletor, funções estas, encontradas no cálculo
das solicitações internas. Os diagramas têm como objetivo mostrar como os esforços
solicitantes se comportam durante toda a barra, ou seja, quantificar seus valores para
qualquer trecho de toda seção, bem como, indicar pontos de esforços máximos e mínimos,
ou até mesmo, nulos.

Os casos de esforço solicitante com valor constante independem de x, ou seja, para


qualquer seção da barra o esforço será o mesmo. Matematicamente falando, seria o mesmo
que dizer que f(x) = cte.

Os exemplos abaixo ilustram uma viga de comprimento L cujo esforço, no primeiro


caso é positivo e no segundo caso é negativo. O esforço possui intensidade F:

62
Aula 6 – Cálculos e Diagramas
UNIDADE 2 – ESTUDO DE VIGAS

Quando o resultado das equações fornece uma função do primeiro grau, são
necessários, pelo menos dois valores de x para definir a reta. Matematicamente falando,
atribui-se um valor inicial e um valor final para x, ou seja, f(x) = ax + b.

Os exemplos abaixo ilustram uma viga de comprimento L cujo esforço, no primeiro


caso é positivo e no segundo caso é negativo. O esforço máximo possui intensidade F:

Obs.: Nos dois casos da imagem acima, em determinados pontos da viga, os esforços
são nulos. No 1° Caso isso ocorre no ponto A e no 2° Caso isso ocorre no ponto B.

Já para uma função do segundo grau, são necessários, pelo menos três valores de x
para definir a parábola. Lembrar: f(x) = ax² + bx + c.

O exemplo abaixo ilustra uma viga de comprimento L, cujo esforço é negativo. O


esforço máximo possui intensidade F. Nota-se que neste caso os pontos A e B possuem
esforço igual à zero:

63
Aula 6 – Cálculos e Diagramas
ESTABILIDADE

Em casos onde as funções sejam de grau três ou mais, a atribuição de valores para x
torna-se um pouco mais trabalhosa, porém, segue-se a mesma metodologia que os
exemplos anteriores para a construção dos diagramas.

Os sentidos dos esforços solicitantes podem ser orientados arbitrariamente, porém, é


conveniente adotar sentidos positivos, pois, assim, os sinais obtidos nas equações dos
esforços solicitantes serão os mesmos para os diagramas.

Exemplo Numérico: Para a situação de carregamento abaixo, trace os diagramas:

• DEN: Diagrama de Esforço Normal;


• DEC: Diagrama de Esforço Cortante;
• DMF: Diagrama de Momento Fletor.

Resolução:

1º Passo: as reações deste exemplo é análogo ao resolvido na Aula 3. Porém, será


repetido todo o processo para facilitar a compreensão do aluno. Primeiramente, precisamos
calcular as reações nos vínculos, e, para isso, iremos encontrar a carga pontual equivalente
ao carregamento distribuído que é a área do retângulo:

qeq = b . h → qeq = 5 m . 15 N/m → qeq = 75 N

O Diagrama de Corpo Livre fica assim:

2º Passo: serão calculadas as reações nos vínculos:

64
Aula 6 – Cálculos e Diagramas
UNIDADE 2 – ESTUDO DE VIGAS

∑ Fx = 0 → Rxa = 0

∑ Fy = 0 → Rya + Ryb – (15 . 5) = 0 → Rya + Ryb = 75 N

∑ Ma = 0 → (- Ryb . 5) + (75 . 5/2) = 0 → Ryb = 37,5 N

Rya + Ryb = 75 → Rya + 37,5 = 75 → Rya = 37,5 N

3º Passo: Calcular a Normal, o Cortante. Para isso, seccionaremos a viga em um ponto


“S” no ponto médio entre “A” e o carregamento pontual. O seccionamento nos dará novos
valores para encontrarmos mais equações para a resolução do problema.

Temos como resultado de equilíbrio na direção x:

∑ Fx = 0 (+→)
Rxa + N = 0
N = - Rxa
N=0

Analogamente, na direção y, temos 3 atuações: Rya, Q e a carga resultante do “novo”


carregamento distribuído em função de q (que sabemos o valor) que é a área do “novo”
retângulo A = q . x. Como também já conhecemos Rya, tem-se:

65
Aula 6 – Cálculos e Diagramas
ESTABILIDADE

∑ Fy = 0 (+↑)
Rya – qx – Q = 0
37,5 – 15x – Q = 0
Q(x) = -15x + 37,5 (Primeira Equação)

4º Passo: Calcular o Momento Fletor

As cargas envolvidas na seção são as apresentadas acima. O cortante Q será


desprezado por estar no ponto “S” e não gerar Momento. Calculando os Momentos
considerando rotação positiva o sentido horário tem-se:

∑ MS = 0
(Rya . x) – (qx . x/2) – M = 0
(37,5 . x) – (15x . x/2) – M = 0
37,5x – 15x²/2 – M = 0
M(x) = -7,5x² + 37,5x (Segunda Equação)

5º Passo: De posse das equações que representam os esforços internos na estrutura


podemos desenhar os respectivos diagramas. Para construção dos diagramas toma-se cinco

66
Aula 6 – Cálculos e Diagramas
UNIDADE 2 – ESTUDO DE VIGAS

pontos distintos na estrutura, verificando os esforços nas respectivas funções acima


encontradas.

Diagrama de Esforço Normal

Para o esforço normal na viga temos N(x) = 0, sendo assim para qualquer valor de x
tomado na função normal o resultado será nulo. Abaixo tem-se o diagrama de esforço
normal.

Diagrama de Esforço Cortante

Para o esforço cortante temos 5 pontos de interesse, sendo eles o ponto A (L = 0), L/4,
L/2, 3L/4 e o ponto B (L), sendo eles, numericamente na viga de 5 m, x = 0; x = 1,25; x = 2,5;
x = 3,75 e x = 5,0.

A equação é Q(x) = -15x + 37,5. Portanto:

Q(0) = (-15 . 0) + 37,5 → 37,5


Q(1,25) = (-15 . 1,25) + 37,5 → 18,7
Q(2,5) = (-15 . 2,5) + 37,5 → 0
Q(3,75) = (-15 . 3,75) + 37,5 → -18,7
Q(5,0) = (-15 . 5) + 37,5 → -37,5

Diagrama de Momento Fletor

Nos mesmo 5 pontos, para a equação do Momento M(x) = -7,5x² + 37,5x; tem-se:

67
Aula 6 – Cálculos e Diagramas
ESTABILIDADE

M(0) = (-7,5 . 0²) + (37,5 . 0) → 0


M(1,25) = (-7,5 . 1,25²) + (37,5 . 1,25) → 32,5
M(2,5) = (-7,5 . 2,5²) + (37,5 . 2,5) → 46,9
M(3,75) = (-7,5 . 3,75²) + (37,5 . 3,75) → 32,5
M(5,0) = (-7,25 . 5,0²) + (37,5 . 5) →0

E o exercício está finalizado.

Algumas regras devem ser respeitadas quando se deseja calcular os esforços internos
de uma estrutura. Aqui em especial o exemplo nos trouxe uma estrutura contínua com
apenas um carregamento distribuído, desta feita precisou-se fazer apenas um corte na
estrutura para analisa-la, porém existem casos em são necessários mais de um corte para
poder solucionar o problema, para as exceções destaca-se:

• Carga Concentradas;
• Carga Momento;
• Mudança de geometria da seção transversal.

Ademais, os pontos de interesse a serem indicados no gráfico são aqueles que


implicam na distribuição das cargas nas vigas. Neste caso, o interessante seriam apenas os
valores do ponto A e B e o ponto da aplicação da carga equivalente. A próxima aula será
dedicada aos demais modelos de gráficos que as equações matemáticas são conhecidas a
nível de ensino técnico.

68
Aula 7 – Cálculos e Diagramas II
UNIDADE 3 – APROFUNDAMENTO

Aula 7: Cálculos e Diagramas II

Nesta aula serão apresentados os modelos de gráficos para os tipos de carregamento mais
comuns e corriqueiros, que em algum momento foram apresentados na disciplina, bem como
a resolução de mais exercícios para que o aluno se habitue e se familiarize com os cálculos e
saiba interpretar as diversas situações quais pode se deparar.

1. Gráficos Variados

Aproveitando os cálculos das reações dos vínculos da aula 4, teremos os seguintes


modelos de gráficos.

1.1. Uma Carga Concentrada Vertical e Uma Horizontal

Este é o Caso 1 da Aula 4.

Os Gráficos são deste modelo:

69
Aula 7 – Cálculos e Diagramas II
ESTABILIDADE

1.2. Várias Cargas Concentradas na Vertical

Este é o Caso 2 da Aula 4.

70
Aula 7 – Cálculos e Diagramas II
UNIDADE 3 – APROFUNDAMENTO

1.3. Carga de Momento Aplicado com Carga Horizontal

Este é o Caso 3 da Aula 4.

71
Aula 7 – Cálculos e Diagramas II
ESTABILIDADE

1.4. Apoio do Terceiro Gênero - Cargas Concentrada e Carga Horizontal

Este é o Caso 5 da Aula 4.

1.5. Apoio do Terceiro Gênero - Carga Uniformemente Distribuída e Carga Horizontal

72
Aula 7 – Cálculos e Diagramas II
UNIDADE 3 – APROFUNDAMENTO

Este é o Caso 6 da Aula 4.

1.6. Apoio do Terceiro Gênero - Carga de Momento Aplicado e Carga Horizontal

Este é o Caso 7 da Aula 4.

73
Aula 7 – Cálculos e Diagramas II
ESTABILIDADE

2. Exercício Resolvido

Para a fixação dos conceitos apresentados até agora, será resolvido um exercício
englobando os assuntos das aulas até aqui apresentadas. O modelo tem dificuldade de fácil
para intermediária e a complexidade da resolução se dará mais pela demonstração didática
(será resolvido de várias maneiras) que pela expressão do resultado em si.

Exemplo: Demonstrar os Diagramas de Esforços Internos para o carregamento abaixo:

Resolução:

1º Passo: Análise do problema.

Trata-se de uma viga biapioada com carregamento distribuído no trecho em balanço.


Existem 2 pontos de interesse neste modelo de exercício: Um ponto entre os vínculos A e B,
que chamaremos de S1 e um ponto no trecho em balanço que contém o carregamento (BC)
que nominaremos de S2. Note o aluno que já fazemos ideia de como ficará o gráfico, já que
o primeiro tópico desta aula nos dá o modelo destes trechos individualmente. Porém, como
o intuito do exercício é demonstrar como conceber as equações, far-se-á de forma
completa.

2º Passo: Diagrama de corpo livre.

Para o desenho do diagrama, colocam-se os esforços envolvidos no sistema. Para este


modelo, com os vínculos envolvidos, o DCL fica da seguinte maneira:

74
Aula 7 – Cálculos e Diagramas II
UNIDADE 3 – APROFUNDAMENTO

3º Passo: Cálculo dos esforços horizontais

O tipo de vínculo A é um apoio de segundo gênero e gera um esforço no sentido


horizontal, como visto na Aula 3. Como o sistema está em Equilíbrio, segue-se:

∑ Fx = 0 → Rxa = 0 ①

Devido a viga não possuir solicitações na horizontal, a Reação no sentido horizontal é


zero.

4º Passo: Cálculo dos esforços verticais

Temos 3 forças atuando neste sentido: R ya, Ryb e qeq, que é a carga pontual oriunda do
carregamento distribuído. Para acharmos seu valor, devemos encontrar a área do
paralelogramo formado pela sua distribuição, que no caso é um retângulo. O ponto de
aplicação desta força equivalente, para retângulos, é o centro de massa que se encontra no
ponto médio da sua base. Tem-se:

qeq ≡ Área → qeq = b . h → qeq = 0,9 m . 22,5 kN/m → qeq = 40,5 kN ②

Com o valor pontual da carga “q”, pode-se calcular os esforços na vertical. Adotando
(+↑), os esforços resultam em zero, ficando:

∑ Fy = 0
+ Rya + Ryb – qeq = 0
Rya + Ryb = qeq
Rya + Ryb = 40,5 kN ③

Encontrou-se a primeira equação do sistema. Utilizaremos mais adiante para


dimensionar as reações nos apoios.

75
Aula 7 – Cálculos e Diagramas II
ESTABILIDADE

5º Passo: Momento

Com o sistema em equilíbrio, temos a segunda relação estática que é a dos momentos
gerados por estes esforços em um ponto da viga em estudo. Adotemos um ponto de
referência (“A” para este caso) e faça-se a relação:

∑ MA = 0
(Rya . 0) – (Ryb . 1,2) + [qeq . (1,2 + 0,9)] = 0
- 1,2 Ryb + (40,5 . 2,1) = 0
Ryb = 70,875 kN ④

Substituindo-se o valor encontrado de Ryb na equação 3, tem-se:

Rya + Ryb = 40,5 kN


Rya + 70,875 = 40,5
Rya = - 30,375 kN ⑤

Nota:

A interpretação do resultado de Ray sendo negativo quer dizer que, ao invés


de ser direcionado para cima, como exposto no DCL, ele é direcionado para baixo.
Isto se dá devido o carregamento na área de balanço causar um efeito “gangorra”
no vínculo “B”, o que faz com que a viga tenda a ser arrancada (tracionada) de
“A”, e não comprimida. Em suma, o vínculo “A” segura a viga, e não a apoia,
portanto, gera um esforço para baixo. O novo DCL com as direções corrigidas fica
da seguinte maneira:

76
Aula 7 – Cálculos e Diagramas II
UNIDADE 3 – APROFUNDAMENTO

6º Passo: Método das seções

Para que possamos calcular os esforços internos e, consequentemente, ter dados


suficientes para se traçar os diagramas solicitados no exercício, precisamos seccionar a viga
nos pontos de interesse relatados no Passo 1. Para a seção S1, tem-se a seguinte disposição
de esforços:

Para este trecho, que é mais simples, calcularemos as equações pela esquerda. Para o
próximo trecho, calcularemos pela direita e pela esquerda para que o aluno visualize que
será mais fácil resolver a questão dependendo da escolha que se faz. Os resultados devem
ser os mesmos.

Seção S1 pela esquerda:

∑ Fx = 0 → Rxa + N = 0 → N = 0 ⑥

Os esforços na vertical:

∑ Fy = 0 → - Rya - QS1 = 0 → - 30,375 - (QS1) = 0 → QS1 = - 30,375 kN ⑦

E o Momento, que pode ser pelo ponto “A” ou S 1. Pegaremos no ponto “A” para se
trabalhar com “x” progredindo à direita (para o momento fletor está se utilizando a
convenção apresentada na Aula 2).

∑ MA = 0
(Rya . 0) + (QS1 . x) - MS1 = 0
(-30,375 . x) – MS1 = 0
M(x) = - 30,375x ⑧

77
Aula 7 – Cálculos e Diagramas II
ESTABILIDADE

Note que a orientação do momento em S1 é negativa, como se a viga estivesse


recebendo uma carga “por baixo”, como explicado anteriormente. A figura abaixo descreve
melhor (e exageradamente) o comportamento do sistema para que fique mais claro:

Agora serão demonstrados os cálculos da seção S2 pela direita e pela esquerda. Esta
escolha é importante a ser feita na hora da resolução do exercício pois quanto mais cargas
estiverem envolvidas, mais dificultosa é a operação. Ao fim das contas, o resultado deve ser
o mesmo. Atentar apenas para o trecho que está se pegando pois o que mudará são os
pontos de coordenadas a serem analisados, como se demonstrará a seguir.

Seção S2 pela esquerda:

Perceba que, ao analisar o sistema pela esquerda, temos o ponto “A” como x = 0.

Analogamente à seção S1, satisfazem-se as condições de equilíbrio:

∑ Fx = 0 → Rxa + N = 0 → N = 0 ⑨

Para esforços verticais, teremos que achar a “nova carga” q, que está agora em função
de x. Sabe-se que o ponto de sua aplicação em relação ao ponto “A” é o ponto médio do

78
Aula 7 – Cálculos e Diagramas II
UNIDADE 3 – APROFUNDAMENTO

“novo retângulo” (que mais adiante veremos que é a parcela (x – 1,2)/2. Conforme a figura
acima, tem-se a relação:

q ≡ Área
q=b.h
q = (x – 1,2) m . 22,5 kN/m
q = 22,5x – 27 kN ⑩

Portanto, para o Cortante temos:

∑ Fy = 0
- Rya + Ryb – (q) – QS2 = 0
-30,375 + 70,875 – (22,5x – 27) – QS2 = 0
-30,375 + 70,875 – 22,5x + 27 = QS2
Q(x) = -22,5x + 67,5 ⑪

E o Momento Fletor, a partir do ponto A:

Antes, iremos calcular separadamente a “nova distância” de q no trecho AS2 para a


equação do momento não ficar muito grande. Após calculado, será substituída na condição
de Equilíbrio. Iremos chamar o momento da carga distribuída q de MNq. O ponto de
aplicação desta carga se dá como a figura:

Temos:

79
Aula 7 – Cálculos e Diagramas II
ESTABILIDADE

MNq = F . d
MNq = [q(x – 1,2)] . (x + 1,2)/2
MNq = [qx – 1,2q] . (x + 1,2)/2
MNq = [22,5x – 27] . (x + 1,2)/2
MNq = (22,5x² +27x – 27x – 32,4)/2
MNq = 11,25x² - 16,2 ⑫

Voltando à Equação do Momento Fletor:

∑ MA = 0
(Rya . 0) – (Ryb . 1,2) + MNq + (QS2 . x) - MS2 = 0
(-70,875 . 1,2) + (11,25x² - 16,2) + [(-22,5x + 67,5) . x] = MS2
MS2 = - 85,05 + 11,25x² - 16,2 – 22,5x² + 67,5x
M(x) = -11,25x² + 67,5x – 101,25 ⑬

E as equações para o desenho do diagrama estão disponibilizadas. Ocorre que foi um


pouco trabalhoso trabalhar com a seção S2 partindo-se do ponto “A” (pela esquerda).
Vejamos agora se escolhêssemos o ponto “C” (pela direita), para encontrá-las.

Seção S2 pela direita:

Pela direita, temos 2 opções: trabalharmos com o ponto de referência “S 2” ou “C”,


conforme figura abaixo:

Trabalhando-se com o ponto “C”:

∑ Fx = 0 → N = 0 ⑭

Esforços verticais para encontrar o Cortante:

∑ Fy = 0 → - (QS2) - (qx) = 0 → Q(x) = -22,5x ⑮

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Aula 7 – Cálculos e Diagramas II
UNIDADE 3 – APROFUNDAMENTO

E o Fletor:

∑ MC = 0
- (QS2 . x) – (qx . x/2) + MS2 = 0
- MS2 = - (-22,5x . x) – (qx . x/2)
- MS2 = 22,5x² - 22,5x²/2
MS2 = - 22,5x² + 11,25x²
M(x) = -11,25x² ⑯

Se utilizássemos o ponto S2 como referência, o resultado seria o mesmo, já que o


sentido de rotação mudaria no cálculo dos momentos. Portanto, em algumas linhas foram
encontradas as equações para a construção do diagrama.

Por que as equações deram diferentes? Porque ao calcularmos “pela direita”,


centramos a origem no ponto “C”, ou seja, o ponto “C” será x = 0, diferentemente de
quando calculamos pela esquerda, quando temos o ponto “C” como x = 3. Vejamos no
plano cartesiano:

Para esta conjuntura, foram encontradas as equações ⑨, ⑪ e ⑬. Deverão ser nela


substituídos os valores A = 0, B = + 1,2 e C = + 3,0. Analogamente, partindo-se de “C”:

81
Aula 7 – Cálculos e Diagramas II
ESTABILIDADE

Para esta conjuntura, foram calculadas as equações ⑭, ⑮ e ⑯, onde os valores a


serem substituídos seriam A = - 3,0; B = - 1,8 e C = 0.

Como calculamos o trecho AB apenas pela esquerda, utilizaremos o primeiro modelo


de coordenadas. Já o trecho BC foi calculado das duas maneiras, ficando facultativo o
modelo a usar, desde que se respeitando as coordenadas para as equações específicas. De
posse destas informações, elaboram-se então os diagramas.

7º Passo: Elaboração do DEC

• Trecho AB, seção S1 utilizando-se a equação ⑦;


• Trecho BC, seção S2 utilizando-se a equação ⑪ OU ⑮, os resultados devem
ser os mesmos.

⑦ → QS1 = - 30,375 kN → não está em função de x, portanto é uma reta paralela ao


eixo (constante);

⑪ → Q(x) = -22,5x + 67,5 → Pontos de Interesse: B e C

Para o ponto B = + 1,2 m:

Q(1,2) = (-22,5 . 1,2) + 67,5 → Q(1,2) = 40,5 kN

Para o ponto C = + 3,0 m:

Q(3,0) = (-22,5 . 3,0) + 67,5 → Q(3,0) = 0 kN

Utilizaremos a equação 15 para ver se dá o mesmo resultado: Ok!

⑮ → Q(x) = -22,5x → Pontos de interesse: B e C

Para o ponto B = - 1,8 m: Ok!

Q(-1,8) = -22,5 . -1,8 → Q(-1,8) = 40,5 kN

Para o ponto C = 0:

Q(0) = -22,5 . 0 → Q(0) = 0 kN

Portanto, os resultados bateram. Poderiam ser escolhidos mais pontos do intervalo


para se construir o gráfico, porém, sabemos que os tipos de carregamentos nos remetem ao
desenho abaixo exposto, que é o Diagrama de Esforço Cortante (resposta 1):

82
Aula 7 – Cálculos e Diagramas II
UNIDADE 3 – APROFUNDAMENTO

8º Passo: Elaboração do DMF

• Trecho AB, seção S1 utilizando-se a equação ⑧;


• Trecho BC, seção S2 utilizando-se a equação ⑬ OU ⑯, os resultados devem
ser os mesmos.

⑧ → M(x) = - 30,375x → Pontos de interesse: A e B

Para o ponto A = 0:

M(0) = -30,375 . 0 → Q(0) = 0 kNm

Para o ponto B = + 1,2 m:

M(1,2) = -30,375 . 1,2 → M(1,2) = -36,45 kNm

⑬ → M(x) = -11,25x² + 67,5x – 101,25 → Pontos de interesse: B e C

Para o ponto B = + 1,2 m:

M(1,2) = (-11,25 . 1,2²) + (67,5 . 1,2) – 101,25 → M(1,2) = -36,45 kNm

Para o ponto C = + 3,0 m:

M(3,0) = (-11,25 . 3²) + (67,5 . 3) – 101,25 → M(3,0) = 0 kNm

⑯ → M(x) = -11,25x² → Pontos de interesse: B e C


Ok!
Para o ponto B = - 1,8 m:

Ok!

83
Aula 7 – Cálculos e Diagramas II
ESTABILIDADE

M(-1,8) = [-11,25 . (-1,8²)] → M(-1,8) = -36,5 kNm

Para o ponto C = 0:

M(0) = (-11,25 . 0²) → M(0) = 0 kNm

Os resultados se satisfazem, portanto, pode-se prosseguir com a construção do


Diagrama de Momento Fletor (resposta 2):

Com este exemplo sistematicamente resolvido, percebeu-se que o melhor caminho


para a construção dos diagramas era a Seção 1 pela esquerda e a Seção 2 pela direita. A
orientação é que se escolha o lado que contém menos esforços, e, consequentemente,
menos dificuldade nas análise e cálculos para se chegar ao resultado.

84
Aula 8 – Estática III
UNIDADE 3 – APROFUNDAMENTO

Unidade 3 – Aprofundamento

Aula 8: Estática III

Para que se decida tanto a forma quanto as dimensões adequadas a uma barra, torna-se
necessário conhecer a influência das propriedades geométricas da seção no seu
comportamento. Para tanto, esta aula se concentra na determinação de algumas grandezas e
propriedades de uma área plana.

1. Figuras Planas

O dimensionamento e a verificação da capacidade resistente de barras, como de


qualquer elemento estrutural dependem de grandezas chamadas tensões, as quais se
distribuem ao longo das seções transversais de um corpo. Daí vem a necessidade de se
conhecer claramente as características ou propriedades das figuras geométricas que
formam essas seções transversais.

A Figura abaixo ilustra uma barra reta de seção transversal constante, chamada barra
prismática. O lado da barra que contém o comprimento (L) e a altura (h) é chamado de
seção longitudinal e o que contém a largura (b) e a altura (h) é chamado de seção
transversal.

85
Aula 8 – Estática III
ESTABILIDADE

As principais propriedades geométricas de figuras planas são:

• Área (A);
• Momento Estático (M);
• Centro de Gravidade (CG);
• Momento de Inércia (I);
• Módulo de resistência (W;)
• Raio de giração (i).

2. Área

A área de uma figura plana é a superfície limitada pelo seu contorno. Para contornos
complexos, a área pode ser obtida aproximando-se a forma real pela justaposição de formas
geométricas de área conhecida (retângulos, triângulos, etc).

A unidade de área é [L]² (unidade de comprimento ao quadrado).

A área é utilizada para a determinação das tensões normais (tração e compressão) e


das tensões de transversais ou de corte.

3. Momento Estático

Momento estático de um elemento de uma superfície plana (dA) em relação a um eixo


é o produto da área do elemento pela sua distância ao eixo considerado. Logo: O momento
estático do elemento em relação ao eixo x será:

M’x = y . dA

O momento estático do elemento em relação ao eixo y será:

M’y = x . dA

86
Aula 8 – Estática III
UNIDADE 3 – APROFUNDAMENTO

Momento estático de uma superfície plana em relação a um eixo é a soma dos


momentos estáticos, em relação ao mesmo eixo, dos elementos que formam a superfície
total. Logo, o momento estático da superfície em relação ao eixo x será:

Mx = Σ y . dA

O momento estático da superfície em relação ao eixo y será:

My = Σ x . dA

Momento estático é uma grandeza escalar com dimensão M = [L]³, podendo ser
positivo, negativo ou nulo. É utilizado para a determinação das tensões transversais que
ocorrem em uma peça submetida à flexão. O Momento Estático de uma superfície
composta por várias figuras conhecidas é a somatória dos Momentos Estáticos de cada
figura.

Exemplo: Determinar o Momento Estático das figuras abaixo:

Como visto em aula anterior, o Centro de Gravidade (CG) de um retângulo é o ponto


médio de suas seções. No próximo tópico será retomado o assunto, mas, com os estudos
que já temos, é possível resolver a questão:

Utilizando as equações do momento estático, temos:

M1,X = yCG1 . A1

M2,X = yCG2 . A2

M3,X = yCG3 . A3

Como:

MX = ∑ y . A

Então:

87
Aula 8 – Estática III
ESTABILIDADE

MX = M1,X + M2,X + M3,X


MX = (yCG1 . A1) + (yCG2 . A2) + (yCG3 . A3)

Analogamente, se tivéssemos um elemento vazado da figura abaixo o resultado seria


descrito por:

MX = M1X – M2X

Pois deveria ser “descontada” a parcela faltante do sólido em questão.

4. Centro de Gravidade pela Massa

A definição de centro de gravidade é importante para se entender a estabilidade de


um corpo. Analogamente ao centro de massa, que corresponde a uma média ponderada
das massas das partículas que formam um determinado corpo, o centro de gravidade é um
ponto de aplicação do peso total de um corpo. Entenda-se peso total como sendo a soma
vetorial de todas as forças gravitacionais que agem em cada partícula constituinte do corpo.
O cálculo do centro de gravidade (xCG) de um corpo é feito de maneira simples quando
consideramos que a aceleração da gravidade que atua em um corpo é constante em todos
os pontos do mesmo. Nesta situação o centro de gravidade coincide como o próprio centro
de massa (xCM) com segue a baixo:

x1 . m1 + x2 . m2 + x3 . m3 + ⋯ + xn . mn
xCG = xCM =
m1 + m2 + m3 + ⋯ + mn

∑ni=1 xi . mi
∴ xCG =
∑ni=1 mi

Onde xi e mi são a coordenada e massa de cada partícula do corpo. É importante notar


que a rigor a aceleração da gravidade varia com a altitude, mas para objetos comuns com
essa variação é bem sutil podemos desprezá-la.

Outra consideração importante a se fazer é que dependendo da simetria do corpo o


centro de gravidade coincide com o centro geométrico do corpo. Para corpo com
geometrias mais complexas podemos determinar o centro de gravidade do corpo

88
Aula 8 – Estática III
UNIDADE 3 – APROFUNDAMENTO

suspendendo o mesmo por pontos diferentes e a cada suspensão são traçadas linhas
verticais de forma que a interseção entre essas linhas determina o centro de gravidade
(figura).

O centro de gravidade é importante também na estabilidade dos corpos. Nos


automóveis quanto mais baixo for o seu centro de massa e quanto maior for a área de apoio
do carro em relação ao chão, maior é sua estabilidade. Isso permite o carro percorrer
curvas com uma determinada inclinação sem que o mesmo tombe. Para que isso ocorra a
reta vertical que passa pelo centro de massa do um corpo deve sempre passar pela base de
apoio, conforme a figura.

Exemplo: Uma viga uniforme de comprimento L e massa M repousa sobre dois apoios
deparados por uma distância D, localizados em pontos equidistantes do centro de gravidade
da viga. Roberto quer ficar em pé na extremidade direita da viga. Qual deve ser a sua massa
m para que a viga permaneça em repouso?

Resolução:

Na figura a baixo temos o esquema do problema. Vamos considerar a origem do


sistema como sendo o ponto C (centro geométrico da viga). Para que a viga permaneça em
equilíbrio o centro de massa do sistema deve ficar delimitado pelas bases de apoios. Na
situação mais extrema de equilíbrio o centro de massa deve ficar exatamente na vertical
que passa pelo apoio da direita (D/2 em relação à origem). Temos então:

XR = L/2 (coordenada do CM de Roberto);

89
Aula 8 – Estática III
ESTABILIDADE

XV = 0 (coordenada do centro de massa da viga);


XCG = D/2 (coordenada do centro de gravidade do sistema).

∑ni=1 xi . mi
xCG =
∑ni=1 mi

L
(M . 0) + (m . )
xCG = 2
M+m

m 𝐿
xCG = .
M+m 2

𝐷 m 𝐿
= .
2 M+m 2

D .m
m=
L−D

5. Centro de Gravidade pela Área

Como na seção anterior, o Centro de Gravidade também pode ser definido utilizando-
se as dimensões do corpo ao invés de sua massa. Os artifícios físicos e matemáticos
envolvidos neste conceito não serão tradados aqui por envolverem cálculo diferencial e
integral (aprendidos no ensino superior nas disciplinas de cálculo) e conceitos aprofundados
em Resistência dos Materiais, também de ensino superior. Na verdade, a demonstração que
vem sendo dada até agora será para o desenvolvimento do próximo tópico, que será
Momento de Inércia. Existem “2 Momentos de Inércia”: Momento de Inércia de Massa, que
é aplicado a problemas de rotação e dinâmica dos corpos rígidos, e o Momento de Inércia
de Área, que se utiliza em dimensionamento de estruturas que são sujeitas à deformação.
Para o aluno, é suficiente saber que a expressão apresentada a seguir também é válida para
se achar as coordenadas do CG, e é baseada nas equações do Momento Estático.

Se um corpo for dividido em partículas mínimas, estas ficam sujeitas à ação da


gravidade, isto é, em todas estas partículas está aplicada uma força vertical atuando de

90
Aula 8 – Estática III
UNIDADE 3 – APROFUNDAMENTO

cima para baixo. A resultante de todas estas forças verticais e paralelas entre si, constitui o
peso do corpo.

Mesmo mudando a posição do corpo aplicando-lhe uma rotação, ele permanecerá


sempre sujeito à ação da gravidade. Isto significa que as forças verticais girarão em relação
ao corpo, mas continuaram sempre paralelas e verticais. O ponto onde se cruzam as
resultantes dessas forças paralelas, qualquer que seja a posição do corpo, chama-se Centro
de Gravidade (CG).

Portanto, atração exercida pela Terra sobre um corpo rígido pode ser representada por
uma única força P. Esta força, chamada peso do corpo, é aplicada no seu baricentro, ou
cento de gravidade (CG). O centro de gravidade pode localizar-se dentro ou fora da
superfície.

Sendo CG o centro de gravidade de uma superfície plana de área A definido pelo par
ordenado (x,y) tem-se as seguintes expressões:

MX = yCG . A e MY = xCG . A

As expressões exprimem o chamado teorema dos momentos estáticos e possibilitam


determinar centro de gravidade da superfície plana, ou seja:

yCG = MX/A e xCG = MY/A

Onde:

xCG = distância do CG da figura até o eixo y escolhido arbitrariamente;


yCG = distância do CG da figura até o eixo x escolhido arbitrariamente;
MX = momento estático da figura em relação ao eixo x;
MY = momento estático da figura em relação ao eixo y;
A = Área da Figura.

São Propriedades do Centro de Gravidade pela Área:

91
Aula 8 – Estática III
ESTABILIDADE

• O momento estático de uma superfície em relação a qualquer eixo


baricêntrico (que passe pelo CG) é nulo;
• Se existe um eixo de simetria na peça, então o CG está contido neste eixo.

5.1. Centro de Gravidade de Área Composta

Qualquer polígono pode ser decomposto em retângulos ou triângulos, cujos CG’s


podem ser facilmente determinados.

O centro de gravidade de uma superfície composta por várias figuras, é expresso por:

∑n
i=1 xi .Ai ∑n
i=1 xi .𝐴i
xCG = ∑n
e yCG = ∑n
i=1 Ai i=1 Ai

Exemplo: Determinar o Centro de Gravidade da Figura hachurada abaixo:

1º Passo: Encontrar a Área que se deseja

A = A1 – A2 – A3 → A = (8 . 15) – (6 x 4) – (4 . 3) → A = 84 cm²

2º Passo: Encontrar os momentos estáticos das seções

92
Aula 8 – Estática III
UNIDADE 3 – APROFUNDAMENTO

M1,X = yCG1 . A1 → M1,X = 7,5 . (8 . 15) → M1,X = 900 cm³

M2,X = yCG2 . A2 → M2,X = 10 . (6 . 4) → M2,X = 240 cm³

M3,X = yCG3 . A3 → M3,X = 3,5 . (3 . 4) → M3,X = 42 cm³

3º Passo: Calcular o momento estático da seção hachurada

MX = M1,X – M2,X – M3,X


MX = 900 – 240 – 42
MX = 618 cm³

4º Passo: Encontrar o yCG, já que o xCG é evidente = 4

yCG = MX/A → yCG = 618/84 → yCG = 7,36 cm

6. Momento de Inércia de Massa

A primeira lei de Newton afirma que todos os corpos devem permanecer em


movimento ou em repouso a menos que uma força altere esse estado do corpo (princípio
da inércia). Isto é válido para qual quer corpo, seja ele uma partícula ou um corpo rígido de
dimensões não desprezíveis. O princípio da inércia é válido ainda para os corpos em
rotação, um corpo que gira em torno de um eixo deve permanecer girando a menos que
uma força atue sobre ele, costuma-se chamar essa propriedade de inércia rotacional. Da
mesma forma que em um movimento linear a inércia do corpo depende de sua massa, no
movimento de rotação ela dependerá da massa e também de como essa massa se distribui
no corpo em relação ao eixo de rotação.

Um corpo rígido em rotação possui associado a ele uma energia cinética K em razão da
velocidade vi de cada partícula de massa mi que forma esse corpo:

n
1 1 1 1
K = . m1 . v1 2 + . m2 . v2 2 + ⋯ + . mn . vn 2 → K = ∑ . mi . vi 2
2 2 2 2
i=1

A grande dificuldade de se trabalhar com a equação acima é que para cada partícula
temos uma velocidade diferente de forma que é mais conveniente substituir vi = ωri uma
vez que a velocidade angular de cada partícula é a mesma, senão o corpo não seria rígido. A
grandeza ri representa a distância entre cada partícula e o eixo de rotação do corpo.
Portanto:

1 1
K= ∑ . mi (ωri 2 ) = . (∑ mi . ri 2 ) . ω2
2 2

Essa grandeza entre parênteses é o que se define como momento de inércia:

93
Aula 8 – Estática III
ESTABILIDADE

I = ∑ mi . ri 2

Note que quanto maior o momento de inércia do corpo maior será sua energia cinética
de rotação, ou seja, maior será o trabalho realizado para desacelerar ou acelerar esse corpo
caso ele esteja em repouso. É importante notar ainda que um corpo pode ter um número
infinito de momentos de inércia já que pode existir um número infinito de eixos de rotação.
Desta forma é conveniente conhecer um teorema chamada de Teorema dos eixos paralelos
que afirma mostra uma relação entre o momento de inércia em relação ao centro de massa
ICM de um corpo de massa “m” e o Momento de Inércia IP em relação a um eixo paralelo ao
primeiro e a uma distância “d” do mesmo.

IP = ICM + md²

OBS: Para o cálculo do momento de inércia é necessário o conhecimento do cálculo


diferencial e integral, que não é do objetivo do curso. Abaixo segue uma tabela com
momentos de inércia de alguns corpos:

Exemplo: Três massas esféricas (A = 200 g, B = 400 g e C = 450 g) são colocadas nos
vértices de um triangulo de lados AB = 30 cm, BC = 40 cm e CA = 50 cm. Determine o
momento de inércia em relação ao um eixo imaginário que passa pelo centro da esfera A e
seja perpendicular ao plano do desenho.

94
Aula 8 – Estática III
UNIDADE 3 – APROFUNDAMENTO

Resolução:

I = ∑ mi . ri 2 = mA . rA 2 + mB . rB 2 + mC . rC 2

I = 0,2 . 02 + 0,4 . 0,42 + 0,45 . 0,52

I = 0,17 Kgm²

Baseado e adaptado de
Marcio Varela. Edições sem
prejuízo de conteúdo.

95
Aula 9 – Introdução à Resistência de Materiais
ESTABILIDADE

Aula 9: Introdução à Resistência de Materiais

O objetivo principal deste tópico é o complemento dos estudos dos esforços ou efeitos internos
de forças que agem sobre um corpo. Os corpos considerados não são supostos perfeitamente
rígidos; são corpos deformáveis de diferentes formas e submetidos a diferentes
carregamentos. A importância da aula se dá na esfera das próximas onde serão
dimensionados lajes, vigas e pilares, e que, apesar de não tão aprofundados os postulados
aqui apresentados, são grandezas onde especialistas se debruçam para os cálculos
estruturais.

1. Tensões e Deformações

Como visto na primeira aula, considerando-se uma barra prismática (de eixo reto e
seção transversal constante) sob ação de duas forças iguais e opostas, coincidentes com o
seu eixo, a barra é tracionada quando as forças são direcionadas para fora da barra. Em caso
contrário, a barra é comprimida.

Sob a ação dessas forças externas surgem esforços internos na barra; para o seu
estudo, imagina-se a barra cortada ao longo de uma seção transversal qualquer.
Removendo-se a parte do corpo situada à direita do corte, tem-se a situação onde está
apresentada a ação que a parte suprimida exercia sobre o restante.

96
Aula 9 – Introdução à Resistência de Materiais
UNIDADE 3 – APROFUNDAMENTO

Através deste artifício, os esforços externos na seção considerada transformam-se em


internos. Para que não se altere o equilíbrio, estes estorços devem ser equivalentes à
resultante, também axial de intensidade P, e devem ser perpendiculares à seção transversal
considerada. É desta maneira que fizemos nas aulas passadas as transmissões das cargas de
um ponto ao outro quando seccionávamos as vigas, com a diferença que agora será
estudado o comportamento da Força na seção de corte, ou seja, sua distribuição.

A distribuição dos esforços resistentes ao longo de todos os pontos da seção


transversal é considerada uniforme embora talvez nunca se verifique na realidade. O valor
exato do esforço que atua em cada ponto é função da natureza cristalina do material e da
orientação dos cristais no ponto.

Quando o esforço interno resistente atuando em cada ponto da seção transversal for
perpendicular à esta seção, recebe o nome de tensão normal. A tensão Normal tem a
mesma unidade de pressão, ou seja, força por unidade de área. No exemplo em questão na
figura acima, a intensidade da tensão normal em qualquer ponto da seção transversal é
obtida dividindo-se a força P pela área A da seção transversal. Temos a relação:

P
σ=
A

Onde:

σ é a tensão normal (N/m², ton/m², kg/m²; g/cm²);


P é a força aplicada na seção transversal (N);
A é a área da seção transversal (m²).

Se a força P é de tração, a tensão normal é de tração.

Se a força P é de compressão, a tensão normal é de compressão.

Para a análise de tensões e deformações, corpos de prova são ensaiados em


laboratório. Os ensaios são padronizados: a forma e as dimensões dos corpos de prova
variam conforme o material a ser ensaiado ou o tipo de ensaio a se realizar.

1.1. Deformação Linear

Ensaiando-se um corpo de prova à tração, com forças axiais gradualmente crescentes


e medindo-se os acréscimos sofridos pelo comprimento inicial, pode-se obter a deformação
linear.

97
Aula 9 – Introdução à Resistência de Materiais
ESTABILIDADE

E dá-se a relação:

∆L
ε=
L

Onde:

ε é a deformação linear (adimensional);


ΔL é o acréscimo do comprimento do corpo de prova devido à aplicação da carga (m);
L é o comprimento inicial do corpo de prova (m).

1.2. Diagrama Tensão X Deformação

Pode-se então medir os diversos ΔL’s correspondentes aos acréscimos da carga axial
aplicada à barra e realizar o ensaio até a ruptura do corpo de prova. Chamando de “A” a
área da seção transversal inicial do corpo de prova, a tensão normal σ pode ser
determinada para qualquer valor de P, com a fórmula σ = P/A.

Obtêm-se, assim, diversos pares de valores σ e ε. A representação gráfica da função


que os relaciona recebe o nome de diagrama tensão x deformação é:

O diagrama Tensão x Deformação varia muito de material para material e,


dependendo da temperatura do corpo de prova ou da velocidade de crescimento da carga
podem ocorrer resultados diferentes para um mesmo material. Entre os diagramas Tensão x
Deformação de vários grupos de materiais é possível, no entanto, distinguir algumas

98
Aula 9 – Introdução à Resistência de Materiais
UNIDADE 3 – APROFUNDAMENTO

características comuns que nos levam a dividir os materiais em duas importantes categorias:
materiais dúcteis e materiais frágeis.

Material dúctil é aquele que apresenta grandes deformações antes de se romper (aço
e alumínio, por exemplo), enquanto que o frágil é aquele que se deforma relativamente
pouco antes de se romper (ferro fundido e concreto, por exemplo).

1.3. Lei de Hook

Para os materiais dúcteis, observa-se que a função tensão x deformação, no trecho 0P,
é linear. Esta relação linear entre os deslocamentos e as cargas axiais foi apresentada por
Robert Hooke em 1678 e é conhecida como Lei de Hooke. Logo, o trecho 0P do diagrama é
representado por:

σ = E .ε

Onde:

σ é a Tensão Normal (N/m²);


E é o Módulo de Elasticidade do material – Módulo de Young (N/m²) e representa a
tangente do ângulo que a reta 0P forma com o eixo ε;
ε é a deformação linear (adimensional).

A constante “E” representa o módulo de elasticidade do material sob tração e também


pode ser chamada de Módulo de Young. Tabelas com os módulos de elasticidade de
diferentes materiais podem ser obtidas em manuais ou livros de engenharia.

99
Aula 9 – Introdução à Resistência de Materiais
ESTABILIDADE

2. Propriedades Mecânicas

A análise dos diagramas Tensão x Deformação permite caracterizar diversas


propriedades do material, sendo elas apresentadas a seguir.

2.1. Limite de Proporcionalidade

A tensão correspondente ao ponto σP recebe o nome de limite de proporcionalidade e


representa o valor máximo da tensão abaixo da qual o material obedece a Lei de Hooke.
Para um material frágil, não existe limite de proporcionalidade (o diagrama não apresenta
parte reta).

2.2. Limite de Elasticidade

Muito próximo a σP, existe um ponto na curva Tensão x Deformação ao qual


corresponde o limite de elasticidade; representa a tensão máxima que pode ser aplicada à
barra sem que apareçam deformações residuais ou permanentes após a retirada integral da
carga externa. Para muitos materiais, os valores dos limites de elasticidade e
proporcionalidade são praticamente iguais, sendo usados como sinônimos.

2.3. Região Elástica

O trecho da curva compreendido entre a origem e o limite de proporcionalidade


recebe o nome de região elástica.

2.4. Região Plástica

O trecho da curva entre o limite de proporcionalidade e o ponto de ruptura do


material, chamado de região plástica.

100
Aula 9 – Introdução à Resistência de Materiais
UNIDADE 3 – APROFUNDAMENTO

2.5. Limite de Escoamento

A tensão correspondente ao ponto Y tem o nome de limite de escoamento. A partir


deste ponto, aumentam as deformações sem que se altere praticamente o valor da tensão.
Quando se atinge o limite de escoamento, diz-se que o material passa a escoar-se.

2.6. Limite de Resistência (ou resistência à tração)

A tensão correspondente ao ponto U recebe o nome de limite de resistência.

2.7. Limite de Ruptura

A tensão correspondente ao ponto R recebe o nome de limite de ruptura (ocorre a


ruptura do corpo de prova).

2.8. Tensão Admissível

Obtém-se a tensão admissível dividindo-se a tensão correspondente ao limite de


resistência ou a tensão correspondente ao limite de escoamento por um número, maior do
que a unidade (1), denominado coeficiente de segurança. A fixação do coeficiente de
segurança é feita nas normas de cálculo ou, às vezes, pelo próprio calculista, baseado em
experiência própria.

σres
σad =
S

Ou:

σesc
σad =
S

2.9. Limite de Escoamento de Materiais Frágeis

Denomina-se agora o limite de escoamento como a tensão que corresponde a uma


deformação permanente, pré-fixada, depois do descarregamento do corpo de prova. Fixa-se
ε1, traça-se a reta tangente à curva partindo da origem, traça-se uma reta paralela à
tangente passando por 0’; sua interseção com a curva determina o ponto Y que
corresponde ao limite de escoamento procurado.

101
Aula 9 – Introdução à Resistência de Materiais
ESTABILIDADE

2.10. Coeficiente de Poisson

A relação entre a deformação transversal e a longitudinal verificada em barras


tracionadas recebe o nome de Coeficiente de Poisson.

εy
ν= | |
εx

Ou:

εz
ν= | |
εx

Onde:

ν é o Coeficiente de Poisson;
εy é deformação específica transversal;
εx é a deformação específica transversal.

Exemplo: Um cabo de aço de um guindaste tem 6 metros de comprimento com seção


reta de 0,35 cm². O cabo está sustentando uma carga de 670 kg. Determine a tensão e a
deformação no cabo. Considere o módulo de Young do aço 20 . 10 10 Pa. (Considerar g = 10
m/s²).

Resolução:

1º Passo: Encontrar a Tensão

σ = F/A → σ = (m . g)/A → σ = (670 . 10)/0,35 . 10-4 → σ = 1,91 . 108 Pa

2º Passo: Calcular a Deformação no cabo

ε = ΔL/L0 = σ/Y
ε = 1,91 . 108/20 . 1010
ε = 9,55 . 10-4

102
Aula 9 – Introdução à Resistência de Materiais
UNIDADE 3 – APROFUNDAMENTO

Exemplo: Uma barra de material homogêneo e isotrópico tem 500 mm de


comprimento e 16 mm de diâmetro. Sob a ação da carga axial de 12 kN, o seu comprimento
aumenta de 300 μm e seu diâmetro se reduz de 2,4 μm. Determinar o coeficiente de Poisson
do material.

Resolução:

1º Passo: O desenho do modelo se dá da seguinte maneira. Deve-se considerar a


retração do diâmetro como negativo.

2º Passo: Cálculo das deformações

εx = Δx/L → εx = 300 . 10-6/500 . 10-3 → εx = 0,6 . 10-9

εy = Δy/d → εy = -2,4 . 10-6/16 . 10-3 → εy = 0,15 . 10-9

3º Passo: Cálculo do Coeficiente de Poison

ν = |εy/ εx| → ν = |-0,15 . 10-9/0,6 . 10-9| → ν = 0,25

O sinal negativo se deve ao fato de que um alongamento longitudinal, que é uma


deformação positiva, gera uma contração lateral (deformação negativa). O inverso para o
caso oposto. Por isso o Coeficiente de Poison é dado em módulo.

Baseado e adaptado de
Marcio Varela. Edições sem
prejuízo de conteúdo.

103
Aula 10 – Dimensionamento de Lajes
ESTABILIDADE

Unidade 4 – Dimensionamento Estrutural Básico

Aula 10: Dimensionamento de Lajes

A concepção estrutural, ou simplesmente estruturação, também chamada de lançamento da


estrutura, consiste em escolher um sistema estrutural que constitua a parte resistente do
edifício. Essa etapa, uma das mais importantes no projeto estrutural, implica em escolher os
elementos a serem utilizados e definir suas posições, de modo a formar um sistema estrutural
eficiente, capaz de absorver os esforços oriundos das ações atuantes e transmiti-los ao solo de
fundação. A solução estrutural adotada no projeto deve atender aos requisitos de qualidade
estabelecidos nas normas técnicas, relativos à capacidade resistente, ao desempenho em
serviço e à durabilidade da estrutura.

1. Concepção Estrutural

Como brevemente abordado em outros tópicos e disciplinas pré-requisitas, a


concepção estrutural deve levar em conta a finalidade da edificação e atender, tanto
quanto possível, às condições impostas pela arquitetura. O projeto arquitetônico
representa, de fato, a base para a elaboração do projeto estrutural. Este deve prever o
posicionamento dos elementos de forma a respeitar a distribuição dos diferentes ambientes
nos diversos pavimentos. Mas não se deve esquecer de que a estrutura deve também ser
coerente com as características do solo no qual ela se apoia.

O projeto estrutural deve ainda estar em harmonia com os demais projetos, tais como:
de instalações elétricas, hidráulicas, telefonia, segurança, som, televisão, ar condicionado,
computador e outros, de modo a permitir a coexistência, com qualidade, de todos os
sistemas. Os edifícios podem ser constituídos, por exemplo, pelos seguintes pavimentos:
subsolo, térreo, tipo, cobertura e casa de máquinas, além dos reservatórios inferiores e
superiores.

104
Aula 10 – Dimensionamento de Lajes
UNIDADE 4 – DIMENSIONAMENTO
ESTRUTURAL BÁSICO

Existindo pavimento-tipo, o que em geral ocorre em edifícios de vários andares, inicia-


se pela estruturação desse pavimento. Caso não haja pavimentos repetidos, parte-se da
estruturação dos andares superiores, seguindo na direção dos inferiores.

A definição da forma estrutural parte da localização dos pilares e segue com o


posicionamento das vigas e das lajes, nessa ordem, sempre levando em conta a
compatibilização com o projeto arquitetônico.

1.1. Sistemas Estruturais

Na disciplina de Introdução à Construção foram abordados os conceitos iniciais dos


Sistemas Estruturais. Nas próximas aulas e na disciplina de Estruturas, complementar-se-ão
estes conceitos para a compreensão e desenvolvimento propriamente dito dos elementos
envolvidos na seção. Vale lembrar que os dimensionamentos estruturais são matéria de
especialistas (Engenheiros Calculistas), porém, um Técnico em Edificações necessita saber
as grandezas e problemáticas envolvidas na elaboração de um projeto, enriquecendo,
portanto, seus conhecimentos e agregando tecnicidade ao seu desempenho profissional.

Inúmeros são os tipos de sistemas estruturais que podem ser utilizados. Nos edifícios
usuais empregam-se lajes maciças ou nervuradas, moldadas no local, pré-fabricadas ou
ainda parcialmente pré-fabricadas.

Em casos específicos de grandes vãos, por exemplo, pode ser aplicada protensão para
melhorar o desempenho da estrutura, seja em termos de resistência, seja para controle de
deformações ou de fissuração.

Alternativamente, podem ser utilizadas lajes sem vigas, apoiadas diretamente sobre os
pilares, com ou sem capitéis, casos em que são denominadas lajes-cogumelo, e lajes planas
ou lisas, respectivamente. No alinhamento dos pilares, podem ser consideradas vigas
embutidas, com altura considerada igual à espessura das lajes, sendo também denominadas
vigas-faixa.

A escolha do sistema estrutural depende de fatores técnicos e econômicos, entre eles:


capacidade do meio técnico para desenvolver o projeto e para executar a obra, e
disponibilidade de materiais, mão-de-obra e equipamentos necessários para a execução.

Nos casos de edifícios residenciais e comerciais, a escolha do tipo de estrutura é


condicionada, essencialmente, por fatores econômicos, pois as condições técnicas para
projeto e construção são de conhecimento da Engenharia de Estruturas e de Construção.

105
Aula 10 – Dimensionamento de Lajes
ESTABILIDADE

Este trabalho tratará dos sistemas estruturais constituídos por lajes maciças de
concreto armado, moldadas no local e apoiadas sobre vigas. Posteriormente, serão
consideradas também as lajes nervuradas e as demais ora mencionadas.

1.2. O Caminho das Ações

A esta altura do curso, já são sabidos os caminhos das ações nas edificações. Vale,
como rememoração, a retomada do conceito que é fundamental para o prosseguimento
dos conceitos da aula.

O sistema estrutural de um edifício deve ser projetado de modo que seja capaz de
resistir não só às ações verticais, mas também às ações horizontais que possam provocar
efeitos significativos ao longo da vida útil da construção.

As ações verticais são constituídas por: peso próprio dos elementos estruturais; pesos
de revestimentos e de paredes divisórias, além de outras ações permanentes; ações
variáveis decorrentes da utilização, cujos valores vão depender da finalidade do edifício, e
outras ações específicas, como por exemplo, o peso de equipamentos.

As ações horizontais, onde não há ocorrência de abalos sísmicos, constituem-se,


basicamente, da ação do vento e do empuxo em subsolos.

O percurso das ações verticais tem início nas lajes, que suportam, além de seus pesos
próprios, outras ações permanentes e as ações variáveis de uso, incluindo, eventualmente,
peso de paredes que se apoiem diretamente sobre elas.

As lajes transmitem essas ações para as vigas, através das reações de apoio. As vigas
suportam seus pesos próprios, as reações provenientes das lajes, peso de paredes e, ainda,
ações de outros elementos que nelas se apoiem, como, por exemplo, as reações de apoio
de outras vigas. Em geral, como estudado nas aulas anteriores, as vigas trabalham à flexão e
ao cisalhamento e transmitem as ações para os elementos verticais − pilares e paredes
estruturais − através das respectivas reações.

Os pilares e as paredes estruturais recebem as reações das vigas que neles se apoiam,
as quais, juntamente com o peso próprio desses elementos verticais, são transferidas para
os andares inferiores e, finalmente, para o solo, através dos respectivos elementos de
Fundação.

As ações horizontais devem igualmente ser absorvidas pela estrutura e transmitidas


para o solo de fundação. No caso do vento, o caminho dessas ações tem início nas paredes
externas do edifício, onde atua o vento. Esta ação é resistida por elementos verticais de
grande rigidez, tais como pórticos, paredes estruturais e núcleos, que formam a estrutura

106
Aula 10 – Dimensionamento de Lajes
UNIDADE 4 – DIMENSIONAMENTO
ESTRUTURAL BÁSICO

de contraventamento. Os pilares de menor rigidez pouco contribuem na resistência às


ações laterais e, portanto, costumam ser ignorados na análise da estabilidade global da
estrutura.

As lajes exercem importante papel na distribuição dos esforços decorrentes do vento


entre os elementos de contraventamento, pois possuem rigidez praticamente infinita no
seu plano, promovendo, assim, o travamento do conjunto.

1.3. Posicionamento de Pilares

Recomenda-se iniciar a localização dos pilares pelos cantos e, a partir daí, pelas áreas
que geralmente são comuns a todos os pavimentos (área de elevadores e de escadas) e
onde se localizam, na cobertura, a casa de máquinas e o reservatório superior. Em seguida,
posicionam-se os pilares de extremidade e os internos, buscando embuti-los nas paredes ou
procurando respeitar as imposições do projeto de arquitetura.

Deve-se, sempre que possível, dispor os pilares alinhados, a fim de formar pórticos
com as vigas que os unem. Os pórticos, assim formados, contribuem significativamente na
estabilidade global do edifício.

Usualmente os pilares são dispostos de forma que resultem distâncias entre seus eixos
da ordem de 4 m a 6 m. Distâncias muito grandes entre pilares produzem vigas com
dimensões incompatíveis e acarretam maiores custos à construção (maiores seções
transversais dos pilares, maiores taxas de armadura, dificuldades nas montagens da
armação e das formas etc.). Por outro lado, pilares muito próximos acarretam interferência
nos elementos de fundação e aumento do consumo de materiais e de mão-de-obra,
afetando desfavoravelmente os custos.

Deve-se adotar 19 cm, pelo menos, para a menor dimensão do pilar e escolher a
direção da maior dimensão de maneira a garantir adequada rigidez à estrutura, nas duas
direções.

Posicionados os pilares no pavimento-tipo, deve-se verificar suas interferências nos


demais pavimentos que compõem a edificação.

Assim, por exemplo, deve-se verificar se o arranjo dos pilares permite a realização de
manobras dos carros nos andares de garagem ou se não afetam as áreas sociais, tais como
recepção, sala de estar, salão de jogos e de festas etc.

Na impossibilidade de compatibilizar a distribuição dos pilares entre os diversos


pavimentos, pode haver a necessidade de um pavimento de transição.

107
Aula 10 – Dimensionamento de Lajes
ESTABILIDADE

Nesta situação, a prumada do pilar é alterada, empregando-se uma viga de transição,


que recebe a carga do pilar superior e a transfere para o pilar inferior, na sua nova posição.
Nos edifícios de muitos andares, devem ser evitadas grandes transições, pois os esforços na
viga podem resultar exagerados, provocando aumento significativo de custos.

1.4. Posicionamento de Vigas e Lajes

A estruturação segue com o posicionamento das vigas nos diversos pavimentos. Além
daquelas que ligam os pilares, formando pórticos, outras vigas podem ser necessárias, seja
para dividir um painel de laje com grandes dimensões, seja para suportar uma parede
divisória e evitar que ela se apoie diretamente sobre a laje.

É comum, por questões estéticas e com vistas às facilidades no acabamento e ao


melhor aproveitamento dos espaços, adotar larguras de vigas em função da largura das
alvenarias. As alturas das vigas ficam limitadas pela necessidade de prever espaços livres
para aberturas de portas e de janelas.

Como as vigas delimitam os painéis de laje, suas disposições devem levar em


consideração o valor econômico do menor vão das lajes, que, para lajes maciças, é da
ordem de 3,5 m a 5,0 m. O posicionamento das lajes fica, então, praticamente definido pelo
arranjo das vigas.

1.5. Desenhos Preliminares das Formas

De posse do arranjo dos elementos estruturais, podem ser feitos os desenhos


preliminares de formas de todos os pavimentos, inclusive cobertura e caixa d’água, com as
dimensões baseadas no projeto arquitetônico.

As larguras das vigas são adotadas para atender condições de arquitetura ou


construtivas. Sempre que possível, devem estar embutidas na alvenaria e permitir a
passagem de tubulações. O cobrimento mínimo das faces das vigas em relação às das
paredes acabadas variam de 1,5 cm a 2,5 cm, em geral. Costuma-se adotar para as vigas no

108
Aula 10 – Dimensionamento de Lajes
UNIDADE 4 – DIMENSIONAMENTO
ESTRUTURAL BÁSICO

máximo três pares de dimensões diferentes para as seções transversais. O ideal é que todas
elas tenham a mesma altura, para simplificar o cimbramento.

Em edifícios residenciais, é conveniente que as alturas das vigas não ultrapassem 60


cm, para não interferir nos vãos de portas e de janelas.

A numeração dos elementos (lajes, vigas e pilares) deve ser feita da esquerda para a
direita e de cima para baixo.

Inicia-se com a numeração das lajes – L1, L2, L3 etc. –, sendo que seus números devem
ser colocados próximos do centro delas. Em seguida são numeradas as vigas – V1, V2, V3
etc. Seus números devem ser colocados no meio do primeiro tramo. Finalmente, são
colocados os números dos pilares – P1, P2, P3 etc. –, posicionados embaixo deles, na forma
estrutural.

Devem ser colocadas as cotas parciais e totais em cada direção, posicionadas fora do
contorno do desenho, para facilitar a visualização. Ao final obtém-se o anteprojeto de todos
os pavimentos, inclusive cobertura e caixa d’água, e pode-se prosseguir com o pré-
dimensionamento de lajes, vigas e pilares.

109
Aula 10 – Dimensionamento de Lajes
ESTABILIDADE

2. Dimensionamento de Lajes

Neste momento serão estudadas as lajes denominadas usualmente como, do tipo


moldada no local.

As lajes maciças de forma retangular, apoiadas sobre as quatro bordas, são as lajes
mais comuns nas construções correntes de Concreto Armado. As lajes com uma ou duas
bordas livres, embora bem menos comuns na prática, serão também estudadas.

O processo de cálculo das lajes maciças, demonstrado nesta apostila, é aquele já


desenvolvido há muitos anos, possível de ser executado manualmente sem auxílio de
computadores. Tem o aval da NBR 6118/2014 e aplicação segura, demonstrada por
centenas de construções já executadas. Neste processo as lajes têm os esforços de flexão e
as flechas determinadas segundo a Teoria das Placas, com base na teoria matemática da
elasticidade.

Outros tipos de dimensionamento de lajes não serão estudados pois a intenção desta
aula, como dito anteriormente, é passar ao aluno os preceitos básicos deste
dimensionamento para a compreensão dos critérios complexos que envolvem os
especialistas calculistas.

2.1. Definição

As lajes são classificadas como elementos planos bidimensionais, que são aqueles
onde duas dimensões, o comprimento e a largura, são da mesma ordem de grandeza e
muito maiores que a terceira dimensão, a espessura. As lajes são também chamadas
elementos de superfície, ou placas.

Destinam-se a receber a maior parte das ações aplicadas numa construção,


normalmente de pessoas, móveis, pisos, paredes, e os mais variados tipos de carga que
podem existir em função da finalidade arquitetônica do espaço que a laje faz parte. As
ações são comumente perpendiculares ao plano da laje, podendo ser divididas em
distribuídas na área, distribuídas linearmente ou forças concentradas. Embora menos
comuns, também podem ocorrer ações externas na forma de momentos fletores,
normalmente aplicados nas bordas das lajes.

As ações são normalmente transmitidas para as vigas de apoio nas bordas da laje, mas
eventualmente também podem ser transmitidas diretamente aos pilares, quando são
chamadas lajes lisas.

110
Aula 10 – Dimensionamento de Lajes
UNIDADE 4 – DIMENSIONAMENTO
ESTRUTURAL BÁSICO

2.2. A Laje Maciça

Laje maciça é aquela onde toda a espessura é composta por concreto, contendo
armaduras longitudinais de flexão e eventualmente armaduras transversais, e apoiada em
vigas ou paredes ao longo das bordas. Laje com borda ou bordas livres é um caso particular
de laje apoiada nas bordas.

A laje lisa e a laje cogumelo são também lajes maciças de concreto, porém, nessas lajes
as cargas e outras ações são transferidas diretamente aos pilares, sem intermédio de apoios
nas bordas. Por uma questão de tradição no Brasil é costume chamar a laje apoiada nas
bordas como “laje maciça”.

As lajes maciças podem ser de Concreto Armado ou de Concreto Protendido; nesta


aula são apresentadas apenas as lajes maciças retangulares ou quadradas de Concreto
Armado.

Nas pontes e edifícios de múltiplos pavimentos e em construções de grande porte, as


lajes maciças são as mais comuns entre os diferentes tipos de laje existentes.

As lajes maciças de concreto, com espessuras que normalmente variam de 7 cm a 15


cm, são projetadas para os mais variados tipos de construção, como edifícios de múltiplos
pavimentos (residenciais, comerciais, etc.), muros de arrimo, escadas, reservatórios,
construções de grande porte, como escolas, indústrias, hospitais, pontes de grandes vãos,
etc. De modo geral, não são aplicadas em construções residenciais e outras construções de
pequeno porte, pois nesses tipos de construção as lajes nervuradas pré-fabricadas
apresentam vantagens nos aspectos custo e facilidade de construção.

2.3. Classificação quanto à Direção

As lajes maciças podem ser classificadas segundo diferentes critérios, como em relação
à forma geométrica, dos tipos de vínculos nos apoios, quanto à direção, etc.

As formas geométricas podem ter as mais variadas formas possíveis, porém, a forma
retangular é a grande maioria dos casos da prática. Hoje em dia, com os avançados
programas computacionais existentes, as lajes podem ser facilmente calculadas e
dimensionadas, segundo quaisquer formas geométricas e carregamentos que tiverem.

Uma classificação muito importante das lajes maciças é aquela referente à direção ou
direções da armadura principal. Existem dois casos: laje armada em uma direção ou laje
armada em duas direções.

111
Aula 10 – Dimensionamento de Lajes
ESTABILIDADE

2.3.1. Laje Armada em Uma Direção

As lajes armadas em uma direção têm relação entre o lado maior e o lado menor
superior a dois, isto é:

ly
λ= >2 Eq. 1
lx

Onde ly é o vão maior e lx o vão menor, conforme figura.

Os esforços solicitantes de maior magnitude ocorrem segundo a direção do menor


vão, chamada direção principal. Na outra direção, chamada secundária, os esforços
solicitantes são bem menores e, por isso, são comumente desprezados nos cálculos. Os
esforços solicitantes e as flechas são calculados supondo-se a laje como uma viga com
largura de 1 m, segundo a direção principal da laje, como se verá adiante.

2.3.2. Laje Armada em Duas Direções

Nas lajes armadas em duas direções os esforços solicitantes são importantes segundo
as duas direções principais da laje. A relação entre os lados é menor que dois, tal que:

ly
λ= ≤2 Eq. 2
lx

112
Aula 10 – Dimensionamento de Lajes
UNIDADE 4 – DIMENSIONAMENTO
ESTRUTURAL BÁSICO

2.4. Vão Efetivo

Os vãos efetivos das lajes nas direções principais (NBR 6118, item 14.6.2.4),
considerando que os apoios são suficientemente rígidos na direção vertical, devem ser
calculados pela expressão:

t /2 t 2 /2 Eq. 4
Eq. 3 lef = l0 + a1 + a 2 sendo a1 ≤ { 1 e a2 ≤ {
0,3 h 0,3 h

2.5. Vinculação nas Bordas

De modo geral são três os tipos de apoio das lajes: paredes de alvenaria ou de
concreto, vigas ou pilares de concreto. Dentre eles, as vigas nas bordas são o tipo de apoio
mais comuns nas construções.

Para o cálculo dos esforços solicitantes e das deformações nas lajes torna-se
necessário estabelecer os vínculos da laje com os apoios, sejam eles pontuais como os
pilares, ou lineares como as vigas de borda. Devido à complexidade do problema devem ser
feitas algumas simplificações, de modo a possibilitar o cálculo manual que será
desenvolvido.

Os três tipos comuns de vínculo das lajes são o apoio simples, o engaste perfeito e o
engaste elástico. Como as tabelas usuais para cálculo das lajes só admitem apoios simples,
engaste perfeito e apoios pontuais, a vinculação nas bordas deve se resumir apenas a esses
três tipos. Com a utilização de programas computacionais é possível admitir também o
engaste elástico.

A idealização teórica de apoio simples ou engaste perfeito, nas lajes correntes dos
edifícios, raramente ocorre na realidade. No entanto, segundo autores, o erro cometido é
pequeno, não superando os 10 %.

113
Aula 10 – Dimensionamento de Lajes
ESTABILIDADE

2.5.1. Bordas Simplesmente Apoiadas

O apoio simples surge nas bordas onde não existe ou não se admite a continuidade da
laje com outras lajes vizinhas. O apoio pode ser uma parede de alvenaria ou uma viga de
concreto.

No caso de vigas de concreto de dimensões correntes, a rigidez da viga à torção é


pequena, de modo que a viga gira e deforma-se, acompanhando as pequenas rotações da
laje, o que acaba garantindo a concepção teórica do apoio simples (Figura).

Cuidado especial há de se tomar na ligação de lajes com vigas de alta rigidez à torção.
Pode ser mais adequado engastar perfeitamente a laje na viga, dispondo-se uma armadura,
geralmente negativa, na ligação com a viga. Os esforços de torção daí decorrentes devem
ser obrigatoriamente considerados no projeto da viga de borda.

2.5.2. Engaste Perfeito

O engaste perfeito surge no caso de lajes em balanço, como marquises, varandas, etc.
(Figura). É considerado também nas bordas onde há continuidade entre duas lajes vizinhas.

Quando duas lajes contínuas têm espessuras muito diferentes, como mostrado na
Figura abaixo, pode ser mais adequado considerar a laje de menor espessura (L2) engastada
na de maior espessura (L1), mas a laje com maior espessura pode ser considerada apenas
apoiada na borda comum as duas lajes.

114
Aula 10 – Dimensionamento de Lajes
UNIDADE 4 – DIMENSIONAMENTO
ESTRUTURAL BÁSICO

No caso onde as lajes não têm continuidade ao longo de toda a borda comum, o
critério simplificado para se considerar a vinculação é o seguinte:

Se a ≥ 2L/3; a laje L1 pode ser considerada com a borda engastada na laje L2;
Eq. 5
Se a < 2L/3, a laje L1 fica com a borda simplesmente apoiada (apoio simples).

Em qualquer dos casos, a laje L2 tem a borda engastada na laje L1.

2.5.3. Engate Elástico

No caso de apoios intermediários de lajes contínuas surgem momentos fletores


negativos devido à continuidade das lajes. A ponderação feita entre os diferentes valores
dos momentos fletores que surgem nesses apoios conduz ao engastamento elástico (Figura
abaixo). No entanto, para efeito de cálculo inicial dos momentos fletores M L1 e ML2 , as lajes
que apresentam continuidade devem ser consideradas perfeitamente engastadas nos
apoios intermediários.

115
Aula 10 – Dimensionamento de Lajes
ESTABILIDADE

Conforme as tabelas de BARÉS que serão utilizadas neste curso (anexas ao final da
apostila) para cálculo das lajes maciças retangulares, a convenção de vinculação é feita com
diferentes estilos de linhas, como mostrado na Figura.

Em função das várias combinações possíveis de vínculos nas quatro bordas das lajes
retangulares, as lajes recebem números que diferenciam as combinações de vínculos nas
bordas, como indicados a seguir.

116
Aula 10 – Dimensionamento de Lajes
UNIDADE 4 – DIMENSIONAMENTO
ESTRUTURAL BÁSICO

2.6. Ações a Considerar

As ações ou carregamentos a se considerar nas lajes são os mais variados, desde


pessoas até móveis, equipamentos fixos ou móveis, divisórias, paredes, água, solo, etc. As
lajes atuam recebendo as cargas de utilização e transmitindo-as para os apoios, geralmente
vigas nas bordas. Nos edifícios as lajes ainda têm a função de atuarem como diafragmas
rígidos (elemento de rigidez infinita no seu próprio plano), distribuindo os esforços
horizontais do vento para as estruturas de contraventamento (pórticos, paredes, núcleos de
rigidez, etc.), responsáveis pela estabilidade global dos edifícios.

Para determinação das ações atuantes nas lajes deve-se recorrer às normas NBR 6118,
NBR 8681 e NBR 6120, entre outras pertinentes. As ações peculiares das lajes de cada obra
também devem ser cuidadosamente avaliadas. Se as normas brasileiras não tratarem de
cargas específicas, pode-se recorrer a normas estrangeiras, na bibliografia especializada,
com os fabricantes de equipamentos mecânicos, de máquinas, etc.

Nas construções de edifícios correntes, geralmente as ações principais a serem


consideradas são as ações permanentes (g) e as ações variáveis (q), chamadas pela norma
de carga acidental, termo esse inadequado. As principais ações permanentes diretas que
devem ser verificadas e determinadas são as apresentadas a seguir.

2.6.1. Peso Próprio

O peso próprio da laje é o peso do concreto armado que forma a laje maciça. Para o
peso específico do concreto armado (γconc) a NBR 6118 indica o valor de 25 kN/m³. O peso
próprio para lajes com espessura constante é uniformemente distribuído na área da laje, e
para um metro quadrado de laje (Figura) pode ser calculado como:

gPP = γconc . h → gPP = 25 . h Eq. 6

Sendo gPP o peso próprio da Laje em (Kg/m²) e h a altura da laje em m.

2.6.2. Contrapiso

A camada de argamassa colocada logo acima do concreto da superfície superior das


lajes recebe nome de contrapiso ou argamassa de regularização. A sua função é de nivelar e

117
Aula 10 – Dimensionamento de Lajes
ESTABILIDADE

diminuir a rugosidade da laje, preparando-a para receber o revestimento de piso final. A


espessura do contrapiso deve ser cuidadosamente avaliada. Recomenda-se adotar
espessura não inferior a 3 cm. A argamassa do contrapiso tem comumente o traço 1:3 (em
volume), sendo considerado o peso específico (γcontr) de 21 kN/m³, conforme a NBR 6120. A
ação permanente do contrapiso é função da espessura (e) do contrapiso:

gcontr = γcontr . e → gcontr = 21 . e

Sendo gcontr carga permanente do contrapiso em (Kg/m²) e “e” a espessura dom


contrapiso em m.

2.6.3. Revestimento de Teto

Na superfície inferior das lajes (teto do pavimento inferior) é padrão executar-se uma
camada de revestimento de argamassa, sobreposta à camada fina de chapisco. Para essa
argamassa, menos rica em cimento, pode-se considerar o peso específico (γrev) de 19 kN/m³,
conforme a NBR 6120.

De modo geral, este revestimento tem pequena espessura, mas recomenda-se adotar
espessura não inferior a 1,5 ou 2 cm. Para o revestimento de teto a ação permanente é:

grev = γrev . e → grev = 19 . e Eq. 8

Sendo grev a carga permanente do revestimento do teto em (Kg/m²) e “e” a espessura


do revestimento (m).

2.6.4. Pisos

O piso é o revestimento final na superfície superior da laje, assentado sobre a


argamassa de regularização. Para a sua correta quantificação é necessário definir o tipo ou
material do qual o piso é composto, o que normalmente é feito com auxílio do projeto
arquitetônico, que define o tipo de piso de cada ambiente da construção. Os tipos mais
comuns são os de madeira, de cerâmica, carpetes ou forrações, e de rochas, como granito e
mármore.

A Tabela 1 da NBR 6120 fornece os pesos específicos de diversos materiais, valores


estes que auxiliam no cálculo da carga do piso por metro quadrado de área de laje.

2.6.5. Paredes

A carga das paredes sobre as lajes maciças deve ser determinada em função da laje ser
armada em uma ou em duas direções. É necessário conhecer o tipo de unidade de alvenaria
(tijolo, bloco, etc.), que compõe a parede, ou o peso específico da parede, a espessura e a
altura da parede, bem como a sua disposição e extensão sobre a laje.

118
Aula 10 – Dimensionamento de Lajes
UNIDADE 4 – DIMENSIONAMENTO
ESTRUTURAL BÁSICO

O peso específico da parede pode ser dado em função do peso total da parede,
composta pela unidade de alvenaria e pelas argamassas de assentamento e de
revestimento, ou pelos pesos específicos individuais dos materiais que a compõe.

2.6.5.1. LAJE ARMADA EM DUAS DIREÇÕES

Para as lajes armadas em duas direções considera-se simplificadamente a carga da


parede uniformemente distribuída na área da laje, de forma que a carga é o peso total da
parede dividido pela área da laje, isto é:

Ppar γalv . e . h . l
g par = = Eq. 9
Alaje Alaje

Onde:

γalv = peso específico da unidade de alvenaria que compõe a parede (kN/m³);


gpar = carga uniforme da parede (kN/m²);
e = espessura total da parede (m);
h = altura da parede (m);
l = comprimento da parede sobre a laje (m);
Alaje = área da laje (m²) = lx . ly

Para blocos cerâmicos furados a NBR 6120 recomenda o peso específico (γalv) de 13
kN/m³ e para tijolos maciços cerâmicos 18 kN/m³.

Ao se considerar o peso específico da unidade de alvenaria para toda a parede está se


cometendo um erro, pois os pesos específicos das argamassas de revestimento e de
assentamento são diferentes do peso específico da unidade de alvenaria. O peso específico
das paredes correto pode ser calculado considerando-se os pesos específicos dos materiais
individualmente.

Para a argamassa de revestimento pode-se considerar o peso específico de 19 kN/m³


(NBR 6120).

Não se conhecendo o peso específico global da parede pode-se determinar a sua carga
com os pesos específicos individuais da parede, calculando-se a carga da parede por metro
quadrado de área:

γpar = γalv . ealv + γarg . earg Eq. 10

Onde:

γpar = peso específico da parede (kN/m2);


γalv = peso específico da unidade de alvenaria (kN/m3);

119
Aula 10 – Dimensionamento de Lajes
ESTABILIDADE

ealv = espessura da unidade de alvenaria que resulta na espessura da parede (m);


γarg = peso específico da argamassa do revestimento (kN/m3);
earg = espessura do revestimento considerando os dois lados da parede (m).

A carga da parede sobre a Laje é:

γpar . h . l
g par = Eq. 11
Alaje

Onde:

gpar = carga uniforme da parede (kN/m2);


h = altura da parede (m);
l = comprimento da parede sobre a laje (m);
Alaje = área da laje (m2) = lx . ly

Para a espessura média dos revestimentos das paredes recomenda-se o valor de 2 cm,
nos dois lados da parede.

2.6.5.2. LAJE ARMADA EM UMA DIREÇÃO

Para laje armada em uma direção há dois casos a serem analisados, em função da
disposição da parede sobre a laje. Para o caso de parede com direção paralela à direção
principal da laje (direção do menor vão), considera-se simplificadamente a carga da parede
distribuída uniformemente numa área da laje adjacente à parede, com largura de 2/3 lx,
como mostrado na Figura.

A laje fica com duas regiões com carregamentos diferentes. Nas regiões I não ocorre a
carga da parede, que fica limitada apenas à região II. Portanto, dois cálculos de esforços
solicitantes necessitam serem feitos, para as regiões I e II.

A carga uniformemente distribuída devida à parede, na faixa 2/3 lx é:

Eq. 12 120
Aula 10 – Dimensionamento de Lajes
UNIDADE 4 – DIMENSIONAMENTO
ESTRUTURAL BÁSICO

Ppar 3 Ppar
g par = = .
2 2 lx ²
l .l
3 x x

Onde:

gpar = carga uniforme da parede na laje (kN/m2);


Ppar = peso da parede (kN);
lx = menor vão da laje (m).

No caso de parede com direção perpendicular à direção principal, a carga da parede


deve ser considerada como uma força concentrada na viga que representa a laje, como
mostrado na Figura abaixo. O valor da força concentrada P, representativo da carga da
parede, é:

P = γalv . e . h . 1 → P = γalv . e . h Eq. 13

Onde:

P = força concentrada representativa da parede (kN);


γalv = peso específico da parede (kN/m³);
e = espessura da parede (m);
h = altura da parede (m).

2.6.6. Ações Variáveis

A ação variável nas lajes é tratada pela NBR 6120 (item 2.2) como “carga acidental”. Na
prática costumam chamar também de “sobrecarga”. A carga acidental é definida pela NBR
6120 como “toda aquela que pode atuar sobre a estrutura de edificações em função do seu
uso (pessoas, móveis, materiais diversos, veículos, etc.). As cargas verticais que se
consideram atuando nos pisos de edificações, além das que se aplicam em caráter especial,
referem-se a carregamentos devidos a pessoas, móveis, utensílios materiais diversos e

121
Aula 10 – Dimensionamento de Lajes
ESTABILIDADE

veículos, e são supostas uniformemente distribuídas, com os valores mínimos indicados na


Tabela 2”.

2.7. Espessura Mínima

A NBR 6118 (item 13.2.4.1) estabelece que a espessura mínima para as lajes maciças
deve respeitar:

• 7 cm para lajes de cobertura não em balanço;


• 8 cm para lajes de piso não em balanço;
• 10 cm para lajes em balanço;
• 10 cm para lajes que suportem veículos de peso total menor ou igual a 30 kN;
• 12 cm para lajes que suportem veículos de peso total maior que 30 kN;
• 15 cm para lajes com protensão apoiada em vigas, com o mínimo de l/42 para
lajes de piso biapoiadas e l/50 para lajes de piso contínuas;
• 16 cm para lajes lisas e 14 cm para lajes cogumelo fora do capitel.

2.8. Cobrimentos Mínimos

A NBR 6118 (item 7.4.7.2) estabelece os valores a serem prescritos para o cobrimento
nominal das armaduras das lajes. Nos projetos de estruturas correntes, a agressividade
ambiental deve ser classificada de acordo com o apresentado na Tabela 1 e pode ser
avaliada, simplificadamente, segundo as condições de exposição da estrutura ou de suas
partes.

Conhecendo o ambiente em que a estrutura será construída, o projetista estrutural


pode considerar uma condição de agressividade maior que aquelas mostradas na Tabela 2.

Para garantir o cobrimento mínimo (cmín) o projeto e a execução devem considerar o


cobrimento nominal (cnom), que é o cobrimento mínimo acrescido da tolerância de execução
Δc (Figura).

cnom = cmin + Δc Eq. 14

122
Aula 10 – Dimensionamento de Lajes
UNIDADE 4 – DIMENSIONAMENTO
ESTRUTURAL BÁSICO

Nas obras correntes o valor de Δc deve ser maior ou igual a 10 mm. Esse valor pode ser
reduzido para 5 mm quando houver um adequado controle de qualidade e rígidos limites de
tolerância da variabilidade das medidas durante a execução das estruturas de concreto. Em
geral, o cobrimento nominal de uma determinada barra deve ser:

cnom ≥ фbarra
Eq. 15
cnom ≥ фfeixe = фn = ф√n

A dimensão máxima característica do agregado graúdo (dmáx) utilizado no concreto não


pode superar em 20 % a espessura nominal do cobrimento, ou seja:

dmáx ≤ 1,2 cnom Eq. 16

Para determinar a espessura do cobrimento é necessário antes definir a classe de


agressividade ambiental a qual a estrutura está inserida. Nos projetos das estruturas

123
Aula 10 – Dimensionamento de Lajes
ESTABILIDADE

correntes, a agressividade ambiental deve ser classificada de acordo com o apresentado na


Tabela 2 e pode ser avaliada, simplificadamente, segundo as condições de exposição da
estrutura ou de suas partes (NBR 6118, item 6.4.2).

A Tabela 2 apresenta valores de cobrimento nominal de lajes, vigas e pilares, para a


tolerância de execução (Δc) de 10 mm, em função da classe de agressividade ambiental
(também visto na disciplina Concreto).

Para concretos de classe de resistência superior ao mínimo exigido, os cobrimentos


definidos na Tabela 2 podem ser reduzidos em até 5 mm.

A altura útil d, que é a distância entre o centro de gravidade da armadura tracionada e


a face comprimida da seção, depende principalmente do cobrimento da armadura.
Conforme a laje maciça mostrada na Figura abaixo, de modo geral a altura útil é dada pela
relação:

∅l
d=h−c− Eq. 17
2

Para фl pode-se estimar inicialmente a barra com diâmetro de 10 mm.

124
Aula 10 – Dimensionamento de Lajes
UNIDADE 4 – DIMENSIONAMENTO
ESTRUTURAL BÁSICO

2.9. Estimativa da Altura da Laje

Para o cálculo das lajes é necessário estimar inicialmente a sua altura. Existem vários e
diferentes processos para essa estimativa, sendo um deles dado pela equação seguinte:

d ≈ (2,5 – 0,1n) . l* Eq. 18

Onde:

d é a altura útil da laje (cm);


n é o número de bordas engastadas da laje;
𝑙𝑥
l* é a dimensão da laje assumida da seguinte forma: 𝑙 ∗ ≤ {
0,7 𝑙𝑦
, com lx ≤ ly e l*, Eq. 19

todos em metros.

A estimativa da altura com a Eq. 18 não dispensa a verificação da flecha que existirá na
laje, que deverá ser calculada. Com a altura útil calculada fica simples determinar a altura h
da laje:

∅l
h=d+ +c Eq. 20
2

Como não se conhece inicialmente o diâmetro фl da barra longitudinal da laje, o


diâmetro deve ser estimado. Normalmente, para as lajes correntes, o diâmetro varia de 5
mm a 8 mm. O cobrimento c deve ser determinado conforme a Tabela 2.

2.10. Momentos Fletores Solicitantes

Os momentos fletores e as flechas nas lajes maciças são determinadas conforme a laje
é armada em uma ou em duas direções. As lajes armadas em uma direção são calculadas
como vigas segundo a direção principal e as lajes armadas em duas direções podem ser
aplicadas diferentes teorias, como a Teoria da Elasticidade e a das Charneiras Plásticas.
Neste ponto note o aluno a importância das aulas passadas, pois serão reconhecidas as
fórmulas apresentadas que são oriundas dos cálculos análogos dos esforços internos de
vigas, já demonstrados anteriormente.

2.10.1. Laje Armada em Uma Direção

No caso das lajes armadas em uma direção considera-se simplificadamente que a


flexão na direção do menor vão da laje é preponderante à da outra direção, de modo que a
laje será suposta como uma viga com largura constante de um metro (100 cm), segundo a
direção principal da laje, como mostrado na Figura. Na direção secundária desprezam-se os
momentos fletores existentes.

125
Aula 10 – Dimensionamento de Lajes
ESTABILIDADE

As próximas 3 Figuras mostram os casos de vinculação possíveis de existirem quando


se consideram apenas apoios simples e engastes perfeitos. Estão indicadas as equações
para cálculo das reações de apoio, momentos fletores máximos e flechas imediatas, para
carregamento uniformemente distribuído.

126
Aula 10 – Dimensionamento de Lajes
UNIDADE 4 – DIMENSIONAMENTO
ESTRUTURAL BÁSICO

Perceba que existe uma parcela de giração atribuída ao material no produto entre o
Momento de Inércia e o Módulo de Elasticidade, conceitos estes que seriam extensão
natural da aula anterior, porém, inconcebível em nível técnico por envolvem concepções
mais avançadas. A título de informação, o produto E . I é a rigidez. A parcela “E” para Lajes
maciças de CONCRETO retangulares e o Momento de Inércia (como já estudado) são dados
pelas expressões:

bh³
E = 0,85 . 5600√fck e I=
12

Sendo E o módulo de deformidade do concreto e fck em Mpa e o Momento de inércia I


considerado na faixa de 1 m. As lajes em balanço, como as lajes de marquises e varandas,
são também casos típicos de lajes armadas em uma direção, que devem ser calculadas
como viga segundo a direção do menor vão:

127
Aula 10 – Dimensionamento de Lajes
ESTABILIDADE

No caso de lajes contínuas armadas em uma direção, como mostrado na Figura abaixo,
com duas bordas livres, o cálculo pode ser feito supondo viga contínua com largura de um
metro, na direção dos vãos dos apoios.

Para a obtenção dos esforços e flechas máximas nas lajes deve-se decompor o
carregamento total em carregamento permanente e carregamento variável. Os esforços
solicitantes máximos podem ser obtidos aplicando-se os carregamentos nas lajes
separadamente, sendo o primeiro o carregamento permanente, e em seguida o
carregamento variável. Os esforços finais são somados, obtendo-se assim os esforços
desfavoráveis máximos.

2.10.2. Laje Armada em Duas Direções

O comportamento das lajes armadas em duas direções, apoiadas nos quatro lados, é
bem diferente das lajes armadas em uma direção, de modo que o seu cálculo é bem mais
complexo se comparado ao das lajes armadas em uma direção.

Sob a ação do carregamento a laje apoia-se no trecho central dos apoios e os cantos se
levantam dos apoios, como mostrado na Figura:

128
Aula 10 – Dimensionamento de Lajes
UNIDADE 4 – DIMENSIONAMENTO
ESTRUTURAL BÁSICO

Se a laje estiver ligada a vigas de concreto ou se existirem pilares nos cantos, o


levantamento da laje fica impedido, o que faz surgir momentos fletores nos cantos,
negativos, que causam tração no lado superior da laje na direção da diagonal, e positivos na
direção perpendicular à diagonal, que causam tração no lado inferior da laje. Os momentos
nos cantos são chamados momentos volventes ou momentos de torção, e recebem a
notação de Mxy.

Os esforços solicitantes e as deformações nas lajes armadas em duas direções podem


ser determinados por diferentes teorias, sendo as mais importantes as seguintes:

• Teoria das Placas: desenvolvida com base na Teoria da Elasticidade; podem ser
determinados os esforços e as flechas em qualquer ponto da laje;
• Processos aproximados;
• Método das Linhas de Ruptura ou das Charneiras Plásticas;
• Métodos Numéricos, como o dos Elementos Finitos, de Contorno, etc.

A solução da equação geral das placas é tarefa muito complexa, o que motivou o
surgimento de diversas tabelas, de diferentes origens e autores, com coeficientes que
proporcionam o cálculo dos momentos fletores e das flechas para casos específicos de
apoios e carregamentos.

3. Considerações Sobre os Estudos

A partir deste momento, o conceito envolvido para a resolução de um problema de


dimensionamento de lajes passa a ficar muito complexo e muito específico para os modelos
e situações existentes, que seria o cálculo do aço. Como o propósito do curso não é formar
engenheiros calculistas, serão elencados os demais fatores demandados e será apresentado
um exercício básico, apenas para fixação do que foi exposto.

É válido salientar que os passos abordados, que propriamente dito foram até uma
explicação aceitável de especificação de espessura e cobrimento, englobam os conceitos
estudados nas aulas anteriores e possuem razoável assimilação, mas não habilitam o aluno
a desenvolver projetos e se responsabilizar por eles, pois um Técnico em Edificações não
pode fazê-lo para parte estrutural.

Teriam ainda que serem trabalhados os seguintes assuntos:

• Compatibilização dos Momentos Fletores: Ao se considerar as lajes de um


pavimento isoladas umas das outras, os momentos fletores negativos em uma
borda comum a duas lajes contíguas são geralmente diferentes;

129
Aula 10 – Dimensionamento de Lajes
ESTABILIDADE

• Momentos Volventes: Nos cantos das lajes com bordas apoiadas surgem
momentos fletores negativos, que causam tração no lado superior da laje na
direção da diagonal, e positivos na direção perpendicular à diagonal, que
causam tração no lado inferior da laje. Os momentos nos cantos são
chamados momentos volventes ou momentos de torção, e recebem a
notação de Mxy;
• Reações de Apoio: Assim como no cálculo dos momentos fletores solicitantes
e das flechas, no cálculo das reações da laje nas bordas, as lajes serão
analisadas em função de serem armadas em uma ou em duas direções;
• Flechas: Assim como nas vigas, o “estado-limite de deformações excessivas”
(ELS-DEF), definido pela NBR 6118 (item 3.2.4) como o “estado em que as
deformações atingem os limites estabelecidos para a utilização normal, dados
em 13.3.”, deve ser também verificado nas lajes de concreto;
• Verificação do Estádio: Para o cálculo da flecha é necessário conhecer o
estádio de cálculo da seção crítica considerada. Segundo a NBR 6118 (item
17.3.1), para diferentes classes de concreto;
• Flecha Imediata: A flecha imediata é aquela que ocorre quando é aplicado o
primeiro carregamento na peça, que não leva em conta os efeitos da fluência,
para diferentes classes de concreto;
• Flecha Diferida no Tempo: A flecha diferida no tempo é aquela que leva em
conta o fato do carregamento atuar na estrutura ao longo do tempo,
causando a sua deformação lenta ou fluência;
• Flechas Máximas Admitidas: As flechas máximas ou deslocamentos-limites
como definidos pela NBR 6118 (item 13.3), “são valores práticos utilizados
para verificação em serviço do estado-limite de deformações excessivas da
estrutura”;
• Armaduras Longitudinais Máximas e Mínimas: “Os princípios básicos para o
estabelecimento de armaduras máximas e mínimas são os dados em 17.3.5.1.
Como as lajes armadas nas duas direções têm outros mecanismos resistentes
possíveis, os valores mínimos das armaduras positivas são reduzidos em
relação aos definidos para elementos estruturais lineares”. (NBR 6118,
19.3.3.1);

Exemplo: Para a laje abaixo (Biapoiada/Biengastada) utilizada em CAA 2, determine


sua espessura, direção de armadura, verificação da flecha e os momentos atuantes,
admitindo os seguintes carregamentos:
• Contrapiso com espessura de 2 cm;
• Piso de 20 kN/m³;

130
Aula 10 – Dimensionamento de Lajes
UNIDADE 4 – DIMENSIONAMENTO
ESTRUTURAL BÁSICO

• Carga acidental = 2,0 kN/m²;


• Concreto fck = 20 Mpa;
• Parede de tijolos cerâmicos 14 cm perpendiculares a ly;
• Фaço = 8,0 mm

Resolução:

1º Passo: Encontrar a relação de lados maior/menor (Eq. 1)

λ = Lado Maior/Lado Menor → λ = L y/Lx → λ = 5,2/2 → λ = 2,6

Como λ > 2, então a Laje será armada em uma direção.

2º Passo: Pré-dimensionamento da altura da Laje

Para se encontrar essa altura, deve-se satisfazer a seguinte relação: h = d + (фl/2) + c. A


parcela “d” é a altura útil da laje, ou seja, a distância entre sua superfície e o eixo da
armadura positiva (que sofre tração na flexão). Observe a figura, como apresentada no
tópico pertinente:

Para o cálculo de “d”, por conseguinte, temos, pela equação 18: d ≈ (2,5 – 0,1n) . l*

Para satisfazer a relação, temos que analisar 2 pontos, conforme a equação 19:

a) l* tem que ser menor ou igual a menor dimensão da laje e;


b) l* tem que ser menor ou igual a 70% da maior dimensão da laje.

131
Aula 10 – Dimensionamento de Lajes
ESTABILIDADE

Analisemos:

Para a menor dimensão (lx = 2,0 m) tem-se que l* ≤ lx → l* ≤ 2,0 m;

Para a maior dimensão (ly = 5,2 m) tem-se que l* ≤ 0,7 . ly → l*≤ 0,7 . 5,2 → l* ≤ 3,64
m.

Portanto, deverá ser adotado o menor valor, ou seja, 2,0.

Voltando à equação de “d”, sendo n = 2 (duas bordas engastadas):

d ≈ (2,5 – 0,1n) . l*
d ≈ [2,5 – (0,1 * 2)] . 2
d ≈ [2,5 – 0,2] . 2
d ≈ 4,6 cm

Como temos a bitola da armadura a ser utilizada foi dado (8,00 mm) e o valor de “c” é
tabelado (conforme tabela 2, CAA 2 → 25 mm), podemos encontrar a espessura da laje.

h = d + (фl/2) + c
h = 4,6 + (0,8/2) + 0,25
h = 4,6 + 0,4 + 0,25
h = 5,25 cm

A norma diz que a menor espessura de laje prevista é de 8,0 cm. Portanto, para os
futuros cálculos utilizaremos 8,0 cm.

3º Passo: Cálculo das cargas

O enunciado já forneceu a carga acidental, portanto, com as informações disponíveis


calcularemos as cargas permanentes. São elas:

Peso Próprio: Sabemos que a densidade do concreto é 25 kN/m³. Portanto, com a


equação 6, temos:

gPP = γconc . h → gPP = 25 . 0,08 → gPP = 2 kN/m²


Contrapiso: com a espessura fornecida, tendo o contrapiso peso específico de γ = 21
kN/m³, tem-se:

gcontr = γcontr . e → gcontr = 21 . 0,02 → gcontr = 0,42 kN/m²

Piso: 20 kN/m³. Neste caso, precisa-se fazer uma estimativa da distribuição desta
densidade por unidade de área tendo em vista que a peça cerâmica tem aproximadamente
5 mm de espessura. Fica:

132
Aula 10 – Dimensionamento de Lajes
UNIDADE 4 – DIMENSIONAMENTO
ESTRUTURAL BÁSICO

gpiso = γpiso . e → gpiso = 20 . 0,005 → gpiso = 0,1 kN/m²

Paredes: Para lajes armadas em uma direção, utiliza-se a equação 12, em função do
menor vão da laje:

Ppar
g par =
2
l .l
3 x x

Para achar-se o peso da parede perpendicular ao vão maior para se conseguir


dimensionar a carga gpar, utiliza-se a equação 13:

P = γalv . e . h → P = 13 . 0,14 . 2,60 → P = 4,73 kN

Note que foi utilizada a informação da aula (γalv = 13 kN/m³) e um pé direito de 2,60 m,
já que o exercício não forneceu a informação. Continuando:

3 . Ppar 3 . 4,73
g par = = = 1,77 kN/m²
2 . lx ² 2 .4

Portanto, a carga é o somatório de todas as atuações:

∑ C = gPP + gcontr + gpiso + gpar + gacid


C = 2 + 0,42 + 0,1 + 1,77 + 2
C = PT = 6,29 kN/m²

4º Passo: Verificação da Flecha

Utilizaremos a expressão do tópico 2.10.1 para um engaste e um apoio em cada


sentido. A primeira ação é o cálculo do módulo de elasticidade para concreto 20 MPa:

E = 0,85 . 5600 √fck → E = 4760 √20 → E = 21287 MPa → E = 21287 . 103 kN/m²

O Momento de Inércia é considerado numa faixa de 1 metro, portanto, a parcela “b”


da fórmula (base) será 1, se calculada em metros ou 100, se calculada em centímetros.

I = (b . h³)/12 → I = (1 . 0,08³)/12 → I = 4,27 . 10-5 m4

Portanto, a flecha na menor dimensão:

1 PT . l4
ai = .
185 E . I

1 6,29 . 2,04
ai = .
185 21287 . 103 . 4,27 . 10−5

6,29 . 16
ai =
185 . 21287 . 103 . 4,27 . 10−5

133
Aula 10 – Dimensionamento de Lajes
ESTABILIDADE

100,64
ai =
168156,65

a i = 5,98 . 10−4 m

5º Passo: Cálculo dos Momentos

Finalmente, utilizando as fórmulas para os tipos de apoio da laje:

Momento positivo e negativo (os 2 pontos de interesse do carregamento):

M+ = PTl²/14,22 → M+ = (6,29 . 2²)/14,22 → M+ = 1,77 kN/m

M- = PTl²/8 → M- = (6,29 . 2²)/8 → M- = 3,145 kN/m

Note a complexidade do dimensionamento: as equações utilizadas são específicas para


o tipo de vínculo, tipo de carga, número de apoios, sentido de armadura etc. Para outros
tipos de lajes utilizam-se outras fórmulas, porém, neste caso mais simples, é fundamental
que o aluno tenha os conceitos elementares das grandezas envolvidas e a base técnica para
a resolução do problema.

Baseado e adaptado de PAULO


SÉRGIO DOS SANTOS BASTOS e
IFRN - Natal. Edições sem
prejuízo de conteúdo.

134
Aula 11 – Dimensionamento de Vigas
UNIDADE 4 – DIMENSIONAMENTO
ESTRUTURAL BÁSICO

Aula 11: Dimensionamento de Vigas

Uma viga é um elemento de barra e tem por função vencer vãos, trabalhando
predominantemente aos esforços de flexão e cisalhamento. Ela estará solicitada à flexão
normal simples, quando atuar sobre a mesma somente esforço de flexão, cujo plano de ação
contenha um dos eixos principais de inércia da seção transversal.

1. Concepção de Vigas

Na primeira parte desta aula serão revisitados alguns conceitos já apresentados e


inseridos e alguns outros novos para que se possa atingir os seguintes objetivos no
dimensionamento básico das vigas, exceto armaduras, que são:

• Fazer a verificação da estabilidade de um elemento estrutural;


• Identificar quais são as tensões que ocorrem em uma viga quando submetida
a cargas;

Vale salientar que, analogamente aos estudos das lajes, o aprofundamento no assunto
se dará em esfera básica devido as relações envolvidas neste estudo transcendem as
concepções matemáticas abordadas no 2º grau e, portanto, não utilizadas neste curso.
Pode-se dizer que esta aula é um complemento das 7 primeiras aulas onde foram dados os
pré-requisitos para que se chegasse a este nível de entendimento por parte do aluno e
agora, naturalmente, serão sequenciados de maneira a se tentar evidenciar “na prática” os
conceitos nesta apostila demonstrados ao longo das aulas. O cálculo de armaduras para
vigas não será abordado pela complexidade conceitual não demandada de técnicos.

1.1. Definição

Como sabido, Viga é uma Estrutura linear que trabalha, geralmente, em posição
horizontal (ou inclinada), assentada em um ou mais apoios e que tem a função de suportar
os carregamentos normais à sua direção. As vigas podem ser de Madeira, Concreto, Aço ou
mistas.

135
Aula 11 – Dimensionamento de Vigas
ESTABILIDADE

1.2. Tensão em Elementos Estruturais

Resposta dos elementos estruturais (lajes, vigas, pilares, fundações), aos esforços
internos aplicados - força normal (N) que dá origem à tração ou à compressão, momento
fletor (M) que dá origem à flexão, momento torçor (Mt – não abordado neste curso) que dá
origem à torção e força cortante (V) que dá origem ao cisalhamento.

A fórmula geral para qualquer que seja a tensão (Normal, flexão, torção ou
cisalhamento) é a já conhecida e batida σ = F/A, que, já se sabe, significa:

Esforço Aplicado
Tensão =
Característica Geométrica da Seção Transversal

Estas grandezas podem ser resumidas no seguinte quadro:

1.3. Tensão de Flexão em Vigas

Em vigas, quando submetidas a esforços externos (carregamentos transversais com


relação ao seu eixo longitudinal), ocorrem deformações de flexão devido ao esforço de
momento fletor, surgindo desta forma as tensões de flexão.

136
Aula 11 – Dimensionamento de Vigas
UNIDADE 4 – DIMENSIONAMENTO
ESTRUTURAL BÁSICO

As fibras superiores tendem a se aproximar (tensões de compressão) e as fibras


inferiores tendem a se afastar (tensões de tração), quando ocorre o momento fletor
positivo e o contrário, quando ocorre o momento fletor negativo, conforme ilustrado nas
figuras (a) e (b), respectivamente.

1.4. Diagrama de Tensões Resultantes

Resumidamente, ao analisarmos a figura (a), observamos que a tensão máxima de


compressão ocorre na fibra superior e a tensão máxima de tração ocorre na fibra inferior da
viga:

Colocando-se os esforços de compressão nas fibras superiores, tração nas fibras


inferiores e ainda nenhum esforço na fibra central, pode-se obter o diagrama de tensões,
conforme ilustrado na figura (lembrando que a viga está submetida a esforço de momento
fletor positivo).

137
Aula 11 – Dimensionamento de Vigas
ESTABILIDADE

A linha apontada na imagem acima será estudada nesta aula. O ponto de transição
entre a compressão e a tração é chamado Ponto Neutro, e sua definição será dado adiante.

1.5. Hipótese Fundamental da Teoria da Flexão – Lei de Navier

As seções planas de uma viga, tomadas normalmente a seu eixo, permanecem planas
após a viga ser submetida à flexão. Essa conclusão é válida para vigas de qualquer material,
seja ele elástico ou inelástico, linear ou não-linear. As propriedades dos materiais, assim
como as dimensões, devem ser simétricas em relação ao plano de flexão.

As linhas longitudinais na parte inferior da viga são alongadas (tracionadas), enquanto


aquelas na parte superior são diminuídas (comprimidas).

1.6. Superfície Neutra

É uma superfície em algum lugar entre o topo e a base da viga em que as linhas
longitudinais não mudam de comprimento.

Linha Neutra – é a interseção da superfície neutra com qualquer plano de seção


transversal. Na LN, não há esforço, nem de tração, nem de compressão.

Para materiais homogêneos (aço, madeira, concreto simples), a LN passa no centro de


gravidade (CG) da seção transversal, como mostra a figura:

Façamos agora a análise das distâncias entre as seções transversais e


consequentemente dos esforços nas fibras superiores, inferiores e na LN em alguns pontos
da viga ilustrada na figura:

138
Aula 11 – Dimensionamento de Vigas
UNIDADE 4 – DIMENSIONAMENTO
ESTRUTURAL BÁSICO

2. Tensões na Flexão

Esta tensão é a resposta da viga decorrente da flexão. A flexão aparece em uma viga
devido ao esforço interno aplicado - momento fletor (M).

Convenções:

a) Tensão de flexão/compressão: positiva;


b) Tensão de flexão/tração: negativa.

A fórmula geral se dá por:

M .y
σf =
ILN

Onde:

σf: tensão de flexão (σfc ou σft);


M : Momento fletor na seção considerada;
y: distância da LN à fibra considerada;
ILN; momento de Inércia em relação à Linha Neutra.

Exemplo: Determinar as tensões de flexão nas fibras 1e 2, superior e inferior dos


pontos D e B da viga abaixo:

139
Aula 11 – Dimensionamento de Vigas
ESTABILIDADE

Resolução:

1º Passo: com as dimensões da seção da viga conhecidas, calcula-se o momento de


inércia para o primeiro ponto, que será D. Como a seção é retangular, o momento de Inércia
será (fórmula já estipulada em aula anterior) e as Tensões no ponto:

Acima da linha Neutra (LN):

bh³ 10 . 50³
ILN = → ILN = → ILN = 104167 cm4
12 12

Fibra 1:

M .y 30 . 12,5 . 100
σf1 = → σf1 = → σf1 = 0,36 kN/cm²
ILN 104167

Fibra Superior:

M .y 30 . 25 . 100
σfs = → σfs = → σfs = 0,72 kN/cm²
ILN 104167

Note que o valor 100 na fórmula acima serve para transformar o momento fletor de
kNm para kNcm. O resultado foi positivo, logo a tensão de flexão na fibra superior no ponto
D (meio do vão) é de compressão.

Fibras abaixo da Linha Neutra:

Fibra 2:

M .y 30 . − 12,5 . 100
σf2 = → σf2 = → σf2 = − 0,36 kN/cm²
ILN 104167

Fibra Inferior:

M .y 30 . − 25 . 100
σfi = → σfi = → σfi = − 0,72 kN/cm²
ILN 104167

O resultado foi negativo, logo a tensão de flexão na fibra inferior no ponto D (meio do
vão) é de tração. Diagrama das tensões de flexão no ponto D:

140
Aula 11 – Dimensionamento de Vigas
UNIDADE 4 – DIMENSIONAMENTO
ESTRUTURAL BÁSICO

2º Passo: Mesmos cálculos de tensões para o ponto B:

Fibras acima da Linha Neutra:

M .y −20 . 12,5 . 100


σf1 = → σf1 = → σf1 = − 0,24 kN/cm²
ILN 104167

M .y − 20 . 25 . 100
σfs = → σfs = → σfs = − 0,48 kN/cm²
ILN 104167

O resultado foi negativo, logo a tensão de flexão na fibra superior no ponto B (apoio) é
de tração.

Fibras abaixo da L.N.:

M .y − 20 . − 12,5 . 100
σf2 = → σf2 = → σf2 = 0,24 kN/cm²
ILN 104167

M .y − 20 . − 25 . 100
σfi = → σfi = → σfi = 0,48 kN/cm²
ILN 104167

O resultado foi positivo, logo a tensão de flexão na fibra inferior no ponto B (apoio) é
de compressão.

2.1. Verificação da Estabilidade

Para não haver rompimento, ou para que haja estabilidade, é necessário que as
tensões aplicadas a uma viga obviamente sejam menores que ela suporta. A seguinte
função é destacada para essa verificação:

Tensão Admissível ≥ Tensão Máxima . Coeficiente de Segurança

Portanto, para que se verifique a estabilidade à flexão de uma viga, as inequações


abaixo devem ser obedecidas, tanto para a seção de Momento Fletor máximo positivo
como para a seção de Momento Fletor máximo negativo. Não veremos neste curso o
dimensionamento de armaduras de Vigas, porém, seu dimensionamento, que é complexo a
nível técnico, devem ser dimensionadas de tal modo que satisfaçam as inequações.

141
Aula 11 – Dimensionamento de Vigas
ESTABILIDADE

σfc ≥ σfc máx. atuante . 1,4

σft ≥ σft máx. atuante . 1,4

Onde 1,4 é o coeficiente que indica que a tensão admissível ou de cálculo deve ser 40%
superior à que realmente suporta. A barra acima dos símbolos de tensão de flexão indica
que esta tensão é uma tensão admissível.

Na verificação da estabilidade à flexão, o que interessa são as tensões máximas de


flexão (tração ou compressão). Portanto, as tensões máximas de flexão ocorrem nas seções
de momento fletor máximo positivo e negativo nas fibras superior e inferior da seção
transversal de uma determinada viga.

+ ou−
Mmáx .y
σfc ou ft máx =
ILN

As tensões máximas de flexão ocorrem nas seções de momento fletor máximo positivo
e negativo nas fibras superior e inferior da seção transversal de uma determinada viga.

As fibras superiores e inferiores são definidas a partir da LN (y sup e yinf), que passa pelo
centro de gravidade da seção transversal, conforme ilustrado na figura.

Exemplo: Seja o Diagrama de momentos fletores de uma viga onde 𝜎𝑓𝑐 =


2,00 𝑘𝑁/𝑐𝑚2 e 𝜎𝑓𝑡 = 1,75 𝑘𝑁/𝑐𝑚², verificar se a viga as exigências de estabilidade.

142
Aula 11 – Dimensionamento de Vigas
UNIDADE 4 – DIMENSIONAMENTO
ESTRUTURAL BÁSICO

1º Passo: Cálculo do Momento de Inércia

bh³ 10 . 50³
ILN = → ILN = → ILN = 104167 cm4
12 12

2º Passo: Fibras Superiores e Inferiores

Utilizaremos a fórmula da tensão admissível para os pontos limites de momento:

+ ou−
Mmáx . ysup. ou inf.
σfc ou ft máx. =
ILN

50 . 25 . 100
σfc máx. = → σfc máx. = 1,2 kN/cm2 (compressão)
104167

50 . − 25 . 100
σft máx. = → σft máx. = − 1,2 kN/cm2 (tração)
104167

3º Passo: Verificação

Utiliza-se os valores das tensões em módulo, pois não teria sentido comparar uma
tensão máxima com valor negativo com uma tensão admissível que é sempre positiva.

Compressão:

σfc ≥ σfc máx. . 1,4 → σfc = 2,0 kN/m²


2 ≥ 1,2 . 1,4
2 ≥ 1,68 (Ok, verifica)

Tração:

σft ≥ σft máx. . 1,4 → σft = 1,75 kN/m²


1,75 ≥ 1,2 . 1,4
1,75 ≥ 1,68 (Ok, verifica)

Como as inequações relativas à flexão se verificaram, chega-se à conclusão de que a


viga é estável considerando-se a flexão.

3. Tensão de Cisalhamento

Esta tensão é a resposta da viga decorrente do cisalhamento. O cisalhamento aparece


em uma viga devido ao esforço interno aplicado - força cortante (chamaremos de V pois
utilizaremos Q – que representava o cortante nas outras aulas - para Momento Estático). A
tensão de cisalhamento é paralela ao plano da seção transversal, ao contrário da tensão de
flexão que é normal ao plano da seção transversal, conforme ilustrado na Figura:

143
Aula 11 – Dimensionamento de Vigas
ESTABILIDADE

A tensão de cisalhamento é determinada segundo a equação dada abaixo:

V
τ= .Q
bw . ILN

Onde:

τ: Tensão de cisalhamento;
V: Força cortante na seção considerada;
Q: Momento Estático da área, definida pela fibra considerada, em relação à linha
neutra;
bw : Largura da seção transversal na fibra considerada;
ILN: Momento de inércia em relação à Linha Neutra.

Como visto na Aula 8, o Momento Estático de Área é o produto entre área (A) e
distância (d) = A x d. Para a nossa análise, tem-se:

A - Área compreendida entre a fibra analisada e a fibra superior;


d – distância compreendida entre o centro de gravidade e a linha neutra.

Para uma seção retangular, o comportamento das equações se dão conforme figura:

Exemplo: Determinar as tensões cisalhantes nas fibras 1 e 2 e na fibra da LN na seção A


da viga abaixo:

144
Aula 11 – Dimensionamento de Vigas
UNIDADE 4 – DIMENSIONAMENTO
ESTRUTURAL BÁSICO

Resolução:

1º Passo: Momento de Inércia

bh³ 10 . 50³
ILN = → ILN = → ILN = 104167 cm4
12 12

2º Passo: Cálculo dos Cortantes

Q1 = (b . h/4) . d → Q1 = (10 . 12,5) . 18,75 → Q1 = 2343,75 N

QLN = (b . h/2) . d → QLN = (10 . 25) . 12,5 → QLN = 3125 N

Q2 = (b . 3h/2) . d → Q2 = (10 . 37,5) . 6,25 → Q1 = 2343,75 N

3º Passo: Cálculo da tensão de Cisalhamento

VA . Q1 25 . 2343,75
τ1 = → τ1 = → τ1 = 0,056 kN/cm²
bw . ILN 10 . 104167

VA . Q LN 25 .3125
τLN = → τLN = → τLN = 0,075 kN/cm²
bw . ILN 10 . 104167

VA . Q 2 25 . 2343,75
τ2 = → τ2 = → τ2 = 0,056 kN/cm²
bw . ILN 10 . 104167

4º Passo: Diagrama

Obs.: nas fibras superior e inferior a tensão de cisalhamento é nula.

3.1. Verificação da Estabilidade

Analogamente às Tensões na Flexão, para não haver rompimento, ou para que haja
estabilidade, é necessário que a seguinte inequação seja verificada:

Tensão Admissível ≥ Tensão Máxima . Coeficiente de Segurança

Onde 1,4 é o coeficiente que indica que a tensão admissível ou de cálculo deve ser 40%
superior à que realmente suporta. Portanto, para que se verifique a estabilidade ao
cisalhamento de uma viga, a inequação abaixo deve ser obedecida, para a seção de Força
Cortante Máxima.

145
Aula 11 – Dimensionamento de Vigas
ESTABILIDADE

τ ≥ τmáx . 1,4

Na verificação da estabilidade ao cisalhamento, o que interessa é a tensão máxima de


cisalhamento.

Exemplo: Verificar a estabilidade da viga quanto a tensão de cisalhamento,


conhecendo-se o diagrama do esforço cortante e dimensões da seção transversal:

Resolução:

1º Passo: Características geométricas da seção transversal:

bw = 10 cm;

ILN = (bh³)/12 → ILN = (10 . 50³)/12 → ILN = 104167 cm4

QLN = (b . h/2) . d → QLN = (10 . 25) . 12,5 → QLN = 3125 N

2º Passo: Tensão no Cortante Máximo

Vmáx . Q LN 70 . 3125
τmáx = → τmáx = → τmáx = 0,21 kN/cm²
bw . ILN 10 . 104167

3º Passo: Verificação de Admissibilidade

τ ≥ τmáx . 1,4 → τ = 0,25 kN/cm²


0,25 ≥ 0,21 . 1,4
0,25 ≥ 0,30 (Não Verifica!)

Como a inequação relativa ao cisalhamento não se verificou, chega-se à conclusão de


que a viga não é estável considerando-se o cisalhamento.

Para que uma viga seja estável, tanto as inequações relativas à flexão quanto à
inequação relativa ao cisalhamento devem ser verificadas. Portanto se uma das
inequações não for verificada, a viga "rompe".
Baseado e adaptado de
Edilberto Vitorino de Borja.
Edições sem prejuízo de
conteúdo.

146
Aula 12 – Dimensionamento de Pilares
UNIDADE 4 – DIMENSIONAMENTO
ESTRUTURAL BÁSICO

Aula 12: Dimensionamento de Pilares

Nesta aula serão vistos os conceitos e grandezas envolvidos no dimensionamento de um pilar.


Lembramos que, como nas aulas de dimensionamentos anteriores, chegaremos até certo
ponto de interesse ao curso e não seguiremos a diante devido à complexidade dos assuntos e
a exigência de conhecimento em cálculo diferencial e integral para a dedução e resolução das
equações.

1. Introdução

Pilares são “elementos lineares de eixo reto, usualmente dispostos na vertical, em que
as forças normais de compressão são preponderantes” (NBR 6118/03, item 14.4.1.2).
Pilares-parede são “elementos de superfície plana ou casca cilíndrica, usualmente dispostos
na vertical e submetidos preponderantemente à compressão. Podem ser compostos por
uma ou mais superfícies associadas. Para que se tenha um pilar-parede, em alguma dessas
superfícies a menor dimensão deve ser menor que 1/5 da maior, ambas consideradas na
seção transversal do elemento estrutural” (item 14.4.2.4).

O dimensionamento dos pilares é feito em função dos esforços externos solicitantes


de cálculo, que compreendem os esforços normais (N d), os momentos fletores (Mdx e Mdy) e
os esforços cortantes (Vdx e Vdy) no caso de ação horizontal.

1.1. Requisitos de Qualidade da Estrutura

A NBR 6118/03 (item 5.1) propõe requisitos gerais de qualidade das estruturas de
concreto e a avaliação de conformidade do projeto. De um modo geral, as estruturas de
concreto devem atender aos requisitos mínimos de qualidade, durante sua construção e ao
longo de toda sua vida útil. Os requisitos de qualidade de uma estrutura de concreto são:

• Capacidade Resistente - consiste basicamente na segurança à ruína da


estrutura;
• Desempenho em serviço - consiste na capacidade da estrutura manter-se em
condições plenas de utilização, não devendo apresentar danos decorrentes de
fissuração, deformações, vibrações excessivas, etc., que comprometam em
parte ou totalmente o uso para o qual foram projetadas;

147
Aula 11 – Dimensionamento de Vigas
ESTABILIDADE

• Durabilidade - consiste na capacidade de a estrutura resistir às influências


ambientais previstas durante o período correspondente à sua vida útil. Por
vida útil de projeto, entende-se o período de tempo durante o qual se
mantém as características definidas para as estruturas de concreto.

Quanto ao projeto, a qualidade da solução estrutural adotada deve considerar as


condições arquitetônicas, funcionais, construtivas, estruturais e a conformidade com os
outros projetos, como o elétrico, o hidráulico e o de ar condicionado.

Um dos fatores importantes que influem na durabilidade das estruturas de concreto


armado é a qualidade do concreto utilizado, bem como a espessura do cobrimento da
armadura. Apesar de um pouco repetitivos, pois são muito semelhantes às aulas anteriores,
os assuntos serão abordados de maneira a sensibilizar o aluno à importância das grandezas
e obrigatoriedades, para qualquer elemento estrutural, de serem levados em conta.

1.2. Cobrimento de Armaduras

Define-se como cobrimento de armadura (item 7.4 da NBR 6118/03) a espessura da


camada de concreto responsável pela proteção da armadura ao longo da estrutura. Essa
camada inicia-se a partir da face externa das barras da armadura transversal (estribos) ou
da armadura mais externa e se estende até a face externa da estrutura em contato com o
meio ambiente.

Para garantir o cobrimento mínimo (cmín) o projeto e a execução devem considerar o


cobrimento nominal (cnom), que é o cobrimento mínimo acrescido da tolerância de execução
(∆c).

cnom = cmín + ∆c

Nas obras correntes o valor de ∆c deve ser maior ou igual a 10 mm. Esse valor pode ser
reduzido para 5 mm quando houver um adequado controle de qualidade e rígidos limites de
tolerância da variabilidade das medidas durante a execução das estruturas de concreto. Em
geral, o cobrimento nominal de uma determinada barra deve ser:

cnom ≥ фbarra

cnom ≥ фfeixe = фn = ф √n

A dimensão máxima característica do agregado graúdo utilizado no concreto não pode


superar em 20 % a espessura nominal do cobrimento, ou seja:

dmáx ≤ 1,2 cnom

148
Aula 12 – Dimensionamento de Pilares
UNIDADE 4 – DIMENSIONAMENTO
ESTRUTURAL BÁSICO

Para determinar a espessura do cobrimento é necessário antes definir a classe de


agressividade ambiental a qual a estrutura está inserida. Segundo a NBR 6118/03 (item
6.4.2), “Nos projetos das estruturas correntes, a agressividade ambiental deve ser
classificada de acordo com o apresentado na Tabela 6.1 e pode ser avaliada,
simplificadamente, segundo as condições de exposição da estrutura ou de suas partes”. A
Tabela 6.1 está apresentada na Tabela 1.

A Tabela 2 (Tabela 7.2 na NBR 6118/03) mostra os valores para o cobrimento nominal
de lajes, vigas e pilares, para a tolerância de execução (∆c) de 10 mm, em função da classe
de agressividade ambiental, conforme mostrada na Tabela 1.

Estas tabelas já foram apresentadas em outras aulas desta disciplina e da disciplina de


Concreto, que também trata deste assunto.

149
Aula 11 – Dimensionamento de Vigas
ESTABILIDADE

2. Conceitos
2.1. Solicitações Normais

Os pilares sob esforços normais podem também estar submetidos a esforços de flexão.
Dessa forma, os pilares poderão estar sob os seguintes casos de solicitação:

2.1.1. Compressão Simples

A compressão simples também é chamada compressão centrada ou compressão


uniforme. A aplicação da força normal de cálculo N d é no centro geométrico (C.G.) da peça,
cujas tensões na seção transversal são uniformes.

2.1.2. Flexão Composta

Na flexão composta ocorre a atuação conjunta de força normal e momento fletor


sobre a peça. Há dois casos:

• Flexão Composta Normal (ou Reta): existe a força normal e um momento


fletor numa direção (a);
• Flexão Composta Oblíqua: existe a força normal e dois momentos fletores em
duas direções (b).

150
Aula 12 – Dimensionamento de Pilares
UNIDADE 4 – DIMENSIONAMENTO
ESTRUTURAL BÁSICO

2.2. Flambagem

Flambagem pode ser definida como o “deslocamento lateral na direção de maior


esbeltez, com força menor do que a de ruptura do material” ou a “instabilidade de peças
esbeltas comprimidas”. A ruína por efeito de flambagem é repentina e violenta, mesmo que
não ocorram acréscimos bruscos nas ações aplicadas.

Uma barra comprimida feita por alguns tipos de materiais pode resistir a cargas
substancialmente superiores à carga crítica (Ncrít), o que significa que a flambagem não
corresponde a um estado limite último. No entanto, para uma barra comprimida de
concreto armado, a flambagem caracteriza um estado limite último (ELU).

2.3. Não Linearidade Física e Geométrica

No dimensionamento de alguns elementos estruturais, especialmente os pilares, é


importante considerar duas linearidades que ocorrem, sendo elas:

• Não-linearidade física: quando o material não obedece à lei de Hooke, como


materiais com diagramas σ x ε mostrados nas Figura (b) e (c). As Figura (a) e
(d) mostram materiais onde há linearidade física;
• Não-linearidade geométrica: ocorre quando as deformações provocam
esforços adicionais que precisam ser considerados no cálculo, gerando os
chamados esforços de segunda ordem.

O concreto simples apresenta comportamento elastoplástico em ensaios de


compressão simples, com um trecho inicial linear até aproximadamente 0,30 fc.

151
Aula 11 – Dimensionamento de Vigas
ESTABILIDADE

2.4. Equação da Curvatura de Peças Fletidas

A determinação dos efeitos locais de 2ª ordem em barras comprimidas pode ser feita
por métodos aproximados, entre eles o do pilar padrão com curvatura aproximada, como
preconizado na NBR 6118/03. A equação é deduzida a partir da lei de Hooke e envolve
cálculo diferencial, portanto, não será demonstrada, cabendo ao aluno apenas a ciência da
importância da grandeza.

2.5. Compressão Axial

Analogamente ao item anterior, a grandeza fornece a equação da curvatura de uma


barra comprimida que não será demonstrada por se tratar de uma equação diferencial.
Tendo como parâmetro a figura, a expressão simplificada é:

y = a sen (πx/le)

152
Aula 12 – Dimensionamento de Pilares
UNIDADE 4 – DIMENSIONAMENTO
ESTRUTURAL BÁSICO

3. Contraventamentos

Os edifícios devem ser projetados de modo a apresentarem a necessária estabilidade


às ações verticais e horizontais, ou seja, devem apresentar a chamada estabilidade global.
Os pilares são os elementos destinados à estabilidade vertical, porém, é necessário projetar
outros elementos mais rígidos que, além de também transmitirem as ações verticais,
deverão garantir a estabilidade horizontal do edifício à ação do vento e de sismos, onde
existirem. Ao mesmo tempo, são esses elementos mais rígidos que garantirão a
indeslocabilidade dos nós dos pilares menos rígidos.

Com essas premissas classificam-se os elementos verticais dos edifícios em elementos


de contraventamento e elementos (pilares) contraventados.

Define-se o sistema de contraventamento como “o conjunto de elementos que


proporcionarão a estabilidade horizontal do edifício e a indeslocabilidade ou quase-
indeslocabilidade dos pilares contraventados”, que são aqueles que não fazem parte do
sistema de contraventamento. A NBR 6118/03 (item 15.4.3) diz que, “por conveniência de
análise, é possível identificar, dentro da estrutura, subestruturas que, devido à sua grande
rigidez a ações horizontais, resistem à maior parte dos esforços decorrentes dessas ações.
Essas subestruturas são chamadas subestruturas de contraventamento. ”

Os elementos de contraventamento são constituídos por pilares de grandes dimensões


(pilares-parede ou simplesmente paredes estruturais), por treliças ou pórticos de grande
rigidez, núcleos de rigidez, etc., como mostrados na Figura.

153
Aula 11 – Dimensionamento de Vigas
ESTABILIDADE

As lajes dos diversos pavimentos do edifício também podem participar da estabilidade


horizontal, ao atuarem como elementos de rigidez infinita no seu próprio plano (o que se
chama diafragma rígido), fazendo a ligação entre elementos de contraventamento
formados por pórticos, por exemplo.

Segundo SÜSSEKIND (1984, p. 175), “Toda estrutura, independentemente do número


de andares e das dimensões em planta, deve ter seu sistema de contraventamento
estudado e adequadamente dimensionado”.

3.1. Estruturas de Nós Fixos

No item 15.4.2 a NBR6118 define o que são estruturas de nós fixos e de nós móveis.

• Estruturas de Nós Fixos: são aquelas em que os deslocamentos horizontais


dos nós são pequenos e, por decorrência, os efeitos globais de 2ª ordem são
desprezíveis, isto é, se apresentam inferiores a 10 % dos respectivos esforços
de 1ª ordem (Figuras). Nessas estruturas basta considerar os efeitos locais e
localizados de 2ª ordem. Efeitos de 1ª serão estudados em um tópico
posterior;
• Estruturas de Nós Móveis: São aquelas em que os deslocamentos horizontais
não são pequenos e, em decorrência, os efeitos globais de 2ª ordem são
importantes (superiores a 10 % dos respectivos esforços de 1a ordem). Nessas
estruturas devem ser considerados tanto os esforços de 2ª ordem globais
como os locais e localizados.

154
Aula 12 – Dimensionamento de Pilares
UNIDADE 4 – DIMENSIONAMENTO
ESTRUTURAL BÁSICO

As subestruturas de contraventamento podem ser de nós fixos ou de nós móveis, de


acordo com as definições acima.

Para verificar se a estrutura está sujeita ou não a esforços globais de 2ª ordem, ou seja,
se a estrutura pode ser considerada como de nós fixos, lança-se mão do cálculo do
parâmetro de instabilidade α (NBR 6118/03, item 15.5.2) ou do coeficiente γz (item 15.5.3).
Este aprofundamento não será feito neste curso.

4. Índice de Esbeltez

O índice de esbeltez é a razão entre o comprimento de flambagem e o raio de giração,


nas direções a serem consideradas:

le
λ =
i

Com o raio de giração:

I
i= √
A

Para seção retangular, o índice de esbeltez é:

3,46 . 𝑙𝑒
𝜆=

Onde:

le = comprimento de flambagem;

155
Aula 11 – Dimensionamento de Vigas
ESTABILIDADE

i = raio de giração da seção geométrica da peça (seção transversal de concreto, não se


considerando a presença de armadura);
I = momento de inércia;
A = área da seção;
h = dimensão do pilar na direção considerada.

O comprimento de flambagem de uma barra isolada depende das vinculações na base


e no topo do pilar, conforme os esquemas mostrados na Figura:

Nas situações reais dos pilares contraventados nos edifícios geralmente os pilares não
se encontram isolados como mostradas na Figura acima. A situação real de um pilar
contraventado de edifício está mostrada a seguir:

Nas estruturas de nós indeslocáveis a NBR 6118/2003 permite a realização do cálculo


de cada elemento comprimido isoladamente, ou seja, como barra vinculada nas

156
Aula 12 – Dimensionamento de Pilares
UNIDADE 4 – DIMENSIONAMENTO
ESTRUTURAL BÁSICO

extremidades aos demais elementos que ali concorrem. Assim, o comprimento equivalente
de flambagem (le) do elemento comprimido (pilar), suposto vinculado em ambas as
extremidades, deve ser o menor entre os seguintes valores:

𝑙0 + ℎ
𝑙𝑒 ≤ {
𝑙

Onde:

lo = distância entre as faces internas dos elementos estruturais, supostos horizontais,


que vinculam o pilar (Figura);
h = altura da seção transversal do pilar, medida no plano da estrutura em estudo;
l = distância entre os eixos dos elementos estruturais aos quais o pilar está vinculado.

Em função do índice de esbeltez os pilares podem ser classificados como:

• Pilar curto se λ ≤ 35;


• Pilar médio se 35 ≤ λ ≤ 90;
• Pilar medianamente esbelto se 90 ≤ λ ≤ 140;
• Pilar esbelto se 140 ≤ λ ≤ 200.

Os pilares curtos e médios são a maioria dos pilares das construções. Os pilares
esbeltos são menos frequentes.

157
Aula 11 – Dimensionamento de Vigas
ESTABILIDADE

5. Excentricidades

Analogamente aos estudos de vigas e lajes, neste momento a conceitualização técnica


passa a ser mais elaborada e não será exigido do aluno sua assimilação matemática, sendo
apenas necessário o entendimento de fatores existentes que são estudados para o cálculo
de pilares. Além das excentricidades, outros fatores relevantes, mas que não serão
abordados são:

• Locação dos Pilares: intermediário, canto ou extremidade;


• Determinação dos efeitos locais de 2ª ordem;
• Seção de máximo momento fletor;
• Cálculo de Armaduras;

Doravante, serão expostas as características da excentricidade e sua relevância no


dimensionamento das estruturas, lembrando, mais uma vez, que as próximas seções não
terão seu conteúdo avaliado quantitativamente em cálculos.

Retomando, neste item são mostradas as excentricidades que podem ocorrer no


dimensionamento dos pilares, sendo elas: excentricidade de 1ª ordem, excentricidade
acidental, excentricidade de 2ª ordem e excentricidade devida à fluência.

5.1. Excentricidade de 1ª Ordem

A excentricidade de 1ª ordem é devida à existência de momentos fletores externos


solicitantes que podem ocorrer ao longo do comprimento do pilar, ou devido ao ponto
teórico de aplicação da força normal estar localizado fora do centro de gravidade da seção
transversal.

Considerando a força normal de cálculo Nd e o momento fletor de cálculo M d


(independente de Nd), a Figura mostra os casos possíveis de excentricidade de 1ª ordem.

158
Aula 12 – Dimensionamento de Pilares
UNIDADE 4 – DIMENSIONAMENTO
ESTRUTURAL BÁSICO

5.2. Excentricidade Acidental

“No caso da verificação de um lance de pilar, dever ser considerado o efeito do


desaprumo ou da falta de retilinidade do eixo do pilar” (item 11.3.3.4.2 da NBR 6118/03).
“Admite-se que, nos casos usuais, a consideração apenas da falta de retilinidade ao longo
do lance do pilar seja suficiente”. A imperfeição geométrica pode ser avaliada pelo ângulo:

1
θ1 =
100√H

Onde:

H = altura do lance, em metro, conforme mostrado na Figura;


1/400 → para estruturas de nós fixos
θ1min {
1/300 → para estruturas de nós móveis e imperfeições locais
θ1máx = 1/200

A excentricidade acidental para um lance do pilar resulta do ângulo θ1:

H
ea = θ1
2

5.3. Excentricidade de 2ª Ordem

“Sob a ação das cargas verticais e horizontais, os nós da estrutura deslocam-se


horizontalmente. Os esforços de 2a ordem decorrentes desses deslocamentos são
chamados efeitos globais de 2a ordem. Nas barras da estrutura, como um lance de pilar, os
respectivos eixos não se mantêm retilíneos, surgindo aí efeitos locais de 2 a ordem que, em

159
Aula 11 – Dimensionamento de Vigas
ESTABILIDADE

princípio, afetam principalmente os esforços solicitantes ao longo delas” (NBR 6118, item
15.4.1).

“A análise global de 2a ordem fornece apenas os esforços nas extremidades das


barras, devendo ser realizada uma análise dos efeitos locais de 2a ordem ao longo dos eixos
das barras comprimidas”. Os elementos isolados, para fins de verificação local, devem ser
formados pelas barras comprimidas retiradas da estrutura, com comprimento l e, porém
aplicando-se às suas extremidades os esforços obtidos através da análise global de 2a ordem
(item 15.7.4).

“Os efeitos locais de 2a ordem em elementos isolados podem ser desprezados quando
o índice de esbeltez for menor que o valor limite λ1” (item 15.8.2), calculado pela expressão:

e1
25 + 12,5
λ1 = h
αb

Com 35 ≤ λ1 ≤ 90

Onde:

e1 = excentricidade de 1a ordem (não inclui a excentricidade acidental ea);


e1/h = excentricidade relativa de 1a ordem.

A NBR 6118/03 não define em que posição ao longo do comprimento do pilar deve-se
considerar a excentricidade e1 para aplicação no cálculo de λ1, o que pode levar a pequenas
diferenças caso se considere a excentricidade nas extremidades do pilar ou na posição onde
ocorre a máxima excentricidade de 2a ordem.

Deve-se ter pilar de seção e armadura constantes ao longo do eixo longitudinal. O


valor de αb deve ser obtido conforme estabelecido a seguir:

i) Para pilares biapoiados sem cargas transversais:

MB
αb = 0,6 + 0,4
MA
Onde: 1,0 ≥ αb ≥ 0,4
MA e MB são os momentos de 1a ordem nos extremos do pilar. Deve ser
adotado para MA maior valor absoluto ao longo do pilar biapoiado e para M B o
sinal positivo, se tracionar a mesma face que MA, e negativo em caso
contrário.

ii) Para pilares biapoiados com cargas transversais significativas ao longo da


altura: αb = 1

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Aula 12 – Dimensionamento de Pilares
UNIDADE 4 – DIMENSIONAMENTO
ESTRUTURAL BÁSICO

iii) Para pilares em balanço:

MC
αb = 0,8 + 0,2 ≥ 0,85
MA

Onde:
MA = momento de 1a ordem no engaste;
MC = momento de 1a ordem no meio do pilar em balanço.
iv) Para pilares biapoiados ou em balanço com momentos menores que o
momento mínimo: αb = 1

O fator αb consta do ACI 318 (1995) com a notação Cm (item 10.12.3.1).


Porém, ao contrário da NBR 6118/2003, que também considera a
excentricidade relativa e1/h, tanto o ACI como o Eurocode 2 (1992) e o MC-90
(1990) do CEB, calculam a esbeltez limite em função da razão entre os
momentos fletores ou entre as excentricidades nas extremidades do pilar.

5.4. Excentricidade Devida à Fluência

“A consideração da fluência deve obrigatoriamente ser realizada em pilares com índice


de esbeltez λ > 90 e pode ser efetuada de maneira aproximada, considerando a
excentricidade adicional ecc dada a seguir” (item 15.8.4):

𝜑. 𝑁
𝑆𝑔
𝑀𝑆𝑔
𝑒𝑐𝑐 = ( + 𝑒𝑎 ) . (2,718𝑁𝑒− 𝑁𝑆𝑔 − 1 )
𝑁𝑆𝑔

10 . 𝐸𝑐𝑖 . 𝐼𝑐
𝑁𝑒 =
𝑙𝑒 ²

Onde:

ea = excentricidade devida a imperfeições locais;


MSg e NSg = esforços solicitantes devidos à combinação quase permanente;
ϕ = coeficiente de fluência;
Eci = módulo de elasticidade tangente;
Ic = momento de inércia;
le = comprimento de flambagem.

Baseado e adaptado de Paulo


Sérgio dos Santos Bastos.
Edições sem prejuízo de
conteúdo.

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