A Variação Da Temperatura
A Variação Da Temperatura
A Variação Da Temperatura
À medida que o sol vai descrevendo esse movimento, a temperatura altera devido ao
ângulo de incidência dos raios solares com a superfície terrestre. O ângulo de incidência
reflete a quantidade e intensidade de radiação solar recebida por um determinado
lugar (por unidade de superfície) e consequentemente as temperaturas que se fazem
sentir ao longo do dia nesse mesmo lugar.
Nas primeiras horas do dia (e também nas últimas), os raios solares incidem de forma
muito obliqua, ou seja inclinada, sobre a Terra. Assim, a energia dispersa-se por uma
superfície maior, pelo que é menor o aquecimento por unidade de superfície e,
consequentemente, o aquecimento é menor.
Quando o sol atinge o meio dia solar (ou imediatamente antes ou depois) os raios
incidem com menor inclinação, portanto sobre uma superfície menor e com maior
intensidade. Deste modo, a há um maior aquecimento por unidade de superfície e,
consequentemente, o aquecimento é maior.
A inclinação dos raios solares acaba por também influenciar a quantidade de massa
atmosférica que os mesmos têm de atravessar até chegarem à superfície
terrestre (Figura 11). Assim, quanto menor for o ângulo de incidência maior será a
espessura da atmosfera a atravessar ➊ e maiores serão as perdas de energia (por
absorção, reflexão e difusão) pelo que menor será a intensidade de radiação solar por
unidade de superfície e as temperaturas serão menores.
Quanto maior for o ângulo de incidência menor será a espessura atmosférica a
atravessar ➌ pelo que menores serão as perdas de energia e mais elevada será a
intensidade de radiação por unidade de superfície. As temperaturas serão maiores.
Figura 11: Representação do ângulo de incidência dos raios solares e espessura da
atmosfera atravessada em diferentes lugares da superfície terrestre.
PÔR DO SOL
DURANTE NOITE MEIO DIA SOLAR
NASCER DO SOL
Desigualdade dos dias e das noites: a maior ou menor elevação do sol no horizonte ao
longo do ano, causada pela sua deslocação aparente entre o Trópico de Câncer e o
Trópico de Capricórnio provoca a desigual duração dos dias e das noites no mesmo
lugar e entre lugares. Assim, quando o sol se encontra sobre o Trópico de Câncer
corresponde ao dia mais longo do ano neste hemisfério e ao dia mais curto do ano no
hemisfério oposto. Quando o sol se encontra sobre o Trópico de Capricórnio
corresponde ao dia mais longo do ano neste hemisfério e ao dia mais curto do ano no
Hemisfério Norte (Figura 16).
Fatores climáticos que interferem na variação da temperatura:
Latitude
O desigual aquecimento da Terra em latitude deve-se à inclinação que os raios solares
efetuam quando incidem na superfície terrestre. Regra geral, se excluirmos outros
fatores climáticos, a temperatura diminui à medida que a latitude aumenta. Este
aquecimento, por sua vez, origina grandes zonas climáticas, que se dispõem,
sensivelmente em grandes faixas paralelas (Figura 18).
A Zona Quente (ou Zona Intertropical): regista temperaturas elevadas durante todo o
ano devido à pouca inclinação dos raios solares e devido à menor quantidade de massa
atmosférica atravessada;
As Zonas Temperadas do Norte e do Sul: registam temperaturas moderadas mas
variáveis ao longo do ano (mais quentes no verão e mais frias no inverno) devido à
maior inclinação dos raios solares e à maior quantidade de massa atmosférica
atravessada;
As Zonas Frias do Norte e do Sul: registam temperaturas baixas ao longo do ano devido
à grande inclinação dos raios solares (em parte do ano existe mesmo a obscuridade
total) e devido à grande quantidade de massa atmosférica a atravessar pelos mesmos.
Figura 18: Variação da inclinação dos raios solares nas diferentes zonas climáticas.
Continentalidade/proximidade do mar
Os lugares próximos do mar apresentam temperaturas mais moderadas do que o interior
dos continentes pois as massas líquidas levam mais tempo a aquecer e, também, a
arrefecer. Isto deve-se principalmente porque a radiação solar penetra em profundidade
(ou é arrastada pelas correntes marítimas), o que permite aos oceanos armazenar
grandes quantidades de calor. Contudo, como este se dispersa por um grande volume de
água, o aquecimento superficial é mais lento, o que também acontece com o seu
arrefecimento.
Assim, à medida que nos afastamos do litoral em direção ao interior, aumenta a
continentalidade, ou seja, a ação moderadora da temperatura vai deixando de se sentir.
Por isso, no interior dos continentes, existe uma maior diferença entre as temperaturas
de verão e as temperaturas de inverno, ou seja, maior Amplitude Térmica Anual. Na
figura 19 pode constatar-se que as diferenças de temperatura entre as cidades de Lisboa
e Madrid, ao longo do ano, não de devem ao fator latitude pois esta é muito semelhante
em ambas as cidades, mas sim ao fator continentalidade (Figura 19).
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Figura 19: Influência da proximidade e do afastamento do mar sobre a temperatura.
Altitude
O relevo influencia a temperatura devido à variação da altitude, ou seja a distância
medida em metros, na vertical, desde o nível médio das águas do mar até ao lugar a
considerar. À medida que subimos em altitude, a temperatura diminui cerca de 6,5°
Celsius por cada 1000 metros (é o mesmo que 0,65° C por cada 100 m) – a este valor
dá-se o nome de Gradiente Térmico Vertical (Figura 20). A razão para a temperatura
diminuir com a altitude deve-se, principalmente, com o facto de o ar ficar cada vez
menos denso à medida que se sobe. Assim, os gases como o dióxido de carbono, o
oxigénio, o vapor de água e as partículas que retêm o calor existem cada vez em menor
quantidade e o ar perde capacidade para aquecer, mas também porque se vai perdendo
quantidade de radiação emitida pela superfície da Terra.
Figura 21: Incidência dos raios solares no Vale Glaciar do Rio Zêzere, Manteigas –
Serra da Estrela.
Correntes marítimas
As correntes marítimas são deslocações de grandes massas de águas oceânicas e
também têm implicações na temperatura do ar pois, em função das suas caraterísticas ao
nível de temperatura, provocam um aquecimento ou arrefecimento do ar das áreas
continentais próximas. Dependendo do lugar onde têm origem estas podem ser:
Correntes quentes: se forem provenientes das zonas equatoriais e tropicais;
Correntes frias: se forem provenientes das zonas polares.
Assim, as regiões influenciadas por correntes quentes têm temperaturas mais elevadas,
as que recebem influência de correntes frias apresentam valores de temperatura
menores. Como se pode verificar no mapa da figura seguinte (no quadro anexo) (Figura
22), a costa oeste de Portugal é influenciada por uma ramificação da Corrente do Golfo,
daí que as temperaturas médias sejam mais amenas no inverno e mais quentes no verão
do que na costa leste dos EUA, apesar de as cidades representadas terem valores
idênticos de latitude, de altitude e o mesmo afastamento do mar.