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Imposto sobre o Rendimento de Pessoas colectivas (IRPC)

Decreto n.º 9/2008 de 16 de Abril


____________________
Havendo necessidade de regulamentar o Código do Imposto sobre o Rendimento das
Pessoas Colectivas, aprovado pela Lei n.º 34/2007, de 31 de Dezembro, no uso da
competência atribuída pelo artigo 2 da mesma Lei, o Conselho de Ministros decreta:
 
Artigo 1. É aprovado o Regulamento do Código do Imposto sobre o Rendimento das
Pessoas Colectivas, anexo ao presente Decreto, dele fazendo parte integrante.
 
Artigo 2. Com vista a simplificar os procedimentos e formas de cobrança do Imposto
sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas, fica autorizado o Ministro das Finanças a
criar ou alterar, por despacho, os modelos de livros e impressos que se tornem
necessários ao cumprimento das obrigações decorrentes do presente diploma.
 
Artigo 3. São revogadas as disposições e demais legislação que contrariem o presente
diploma.
 
Aprovado pelo Conselho de Ministros, aos 26 de Fevereiro de 2008
 
Publique-se.
 
A Primeira-Ministra, Luísa Dias Diogo.
 
 
 
 
 
 
 
 
Regulamento do Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas
 
CAPÍTULO I
Princípios gerais
Artigo 1
Âmbito de aplicação
O presente Regulamento estabelece a forma e os procedimentos de tributação do
Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Colectivas e aplica-se:
a)      Às sociedades comerciais ou civis sob forma comercial, às cooperativas, às
empresas públicas e as demais pessoas colectivas de direito público ou privado com
sede ou direcção efectiva em território moçambicano;
b)      Às entidades desprovidas de personalidade jurídica, com sede ou direcção
efectiva em território moçambicano, cujos rendimentos não sejam tributáveis em
Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRPS) ou em Imposto sobre o
Rendimento das Pessoas Colectivas (IRPC) directamente na titularidade de pessoas
singulares ou colectivas, incluindo as heranças jacentes, as pessoas colectivas em
relação às quais seja declarada a invalidade, as associações e sociedades civis sem
personalidade jurídica e as sociedades comerciais ou civis sob forma comercial,
anteriormente ao registo definitivo;
c)      Às entidades, com ou sem personalidade jurídica, que não tenham sede nem
direcção efectiva em território moçambicano, cujos rendimentos nele obtidos não
estejam sujeitos a IRPS.
 
Artigo 2
Incidência real

1. O Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas – IRPC, incide sobre os


rendimentos obtidos, mesmo quando provenientes de actos ilícitos, no período de
tributação, pelos respectivos sujeitos passivos, nos termos do Código do IRPC,
aprovado pela Lei n.º 34/2007, de 31 de Dezembro.
2. Os rendimentos a que se refere o número anterior, correspondem ao lucro ou ao
rendimento global das diversas categorias consideradas para efeitos do Imposto
sobre o Rendimento das Pessoas Singulares, obtidos por sociedades e outras
entidades, descritas no artigo anterior.

 
Artigo 3
Taxas
A taxa do imposto fixada no Código do IRPC, aprovado pela Lei n.º 34/2007, de 31 de
Dezembro, é de 32%, excepto nos seguintes casos:
a)      10% para a actividade agrícola e pecuária, até 31 de Dezembro de 2010;
b)      35% para os encargos não devidamente documentados e as despesas de
carácter confidencial ou ilícito tributados autonomamente, conforme dispõe o n.º 4 do
artigo 61 do Código do IRPC.
 
CAPÍTULO II
Determinação da matéria colectável
SECÇÃO I
Pessoas colectivas e outras entidades residentes que exerçam, a título principal,
actividade comercial, industrial ou agrícola
 
Artigo 4
Determinação do lucro tributável
O lucro tributável das sociedades comerciais ou civis sob forma comercial, das
cooperativas e das empresas públicas e demais pessoas colectivas ou outras
entidades referidas nas alíneas a) e b) do artigo 1 determina-se com base nas regras
estabelecidas nos artigos 15 a 41 do Código do IRPC e nas disposições seguintes.
 
Artigo 5
Valorimetria das existências
1. Na determinação do resultado do exercício, os valores das existências a
considerar nos proveitos e custos são os que resultarem da aplicação dos critérios
que utilizem:

a)      Custos efectivos de aquisição ou de produção;


b)      Custos padrões apurados de acordo com princípios técnicos e contabilísticos
adequados;
c)      Preços de venda deduzidos da margem normal de lucro;
d)     Valorimetrias especiais para as existências tidas por básicas ou normais.

1. Sempre que a utilização de custos padrões conduza a desvios significativos,


pode a Administração Tributária efectuar as correcções adequadas, tendo em conta
o campo de aplicação dos mesmos, o montante das vendas e das existências finais
e o grau de rotação das existências.
2. São havidos por preços de venda os constantes de elementos oficiais ou os
últimos que em condições normais tenham sido praticados pela empresa ou ainda os
que, no termo do exercício, forem correntes no mercado, desde que sejam
considerados idóneos ou de controlo inequívoco.
3. O critério referido na alínea c) do n.º 1 só é aceite nos sectores de actividade em
que o cálculo do custo de aquisição ou custo de produção se torne excessivamente
oneroso ou não possa ser apurado com razoável rigor, podendo a margem normal de
lucro, nos casos de não ser facilmente determinável, ser substituída por uma
dedução não superior a 20% do preço de venda.
4. As valorimetrias especiais previstas na alínea d) do n.º 1arecem de autorização
prévia da Administração Tributária, solicitada em requerimento em que se indiquem
os critérios a adoptar e as razões que as justificam.

 
Artigo 6
Mudança de critério valorimétrico
1. Os critérios adoptados para a valorimetria das existências devem ser
uniformemente seguidos nos sucessivos exercícios.
2. Podem, no entanto, verificar-se mudanças dos referidos critérios sempre que as
mesmas se justifiquem por razões de natureza económica ou técnica e sejam aceites
pela Administração Tributária.

 
Artigo 7
Despesas com realizações de utilidade social adicionáveis no caso de
incumprimento

1. No caso de incumprimento das condições estabelecidas nos n.ºs 2 e 3 do artigo


31 e no artigo 32, ambos do Código do IRPC, à excepção das referidas nas
alíneas c) e g) deste último artigo, ao valor do IRPC liquidado relativamente a esse
exercício deve ser adicionado o IRPC correspondente aos prémios das contribuições
considerados como custo em cada um dos exercícios anteriores, nos termos deste
artigo, agravado de uma importância que resulta da aplicação ao IRPC
correspondente a cada um daqueles exercícios do produto de 10% pelo número de
anos decorridos desde a data em que cada um daqueles prémios e contribuições
foram considerados como custo, não sendo, em caso de resgate em benefício da
entidade patronal, considerado como proveito do exercício a parte do valor do
resgate correspondente ao capital aplicado.
2. No caso de resgate em benefício da entidade patronal, o disposto no número
anterior não se verifica se, para a transferência de responsabilidades, forem
celebrados contratos de seguro de vida com outros seguradores, que possuam sede,
direcção efectiva ou estabelecimento estável em território moçambicano, ou com
empresas de seguros que estejam autorizadas a operar neste território em livre
prestação de serviços, ou se forem efectuadas contribuições para fundos de pensões
constituídos de acordo com a legislação nacional ou geridos por instituições de
realização de planos de pensões profissionais, que estejam autorizadas a aceitar
contribuições para planos de pensões situadas em território moçambicano, em que,
simultaneamente, seja aplicada a totalidade do valor do resgate e se continuem a
observar as condições estabelecidas neste artigo.
3. No caso de resgate em benefício da entidade patronal, o disposto no n.º 1 pode
igualmente não se verificar se for demonstrada a existência de excesso de fundos
originada por cessação de contratos de trabalho, previamente aceite pela
Administração Tributária.

 
Artigo 8
Créditos incobráveis
Os créditos incobráveis só são de considerar directamente como custos ou perdas do
exercício na medida em que tal resulte de processo de execução, falência ou
insolvência.
 
SECÇÃO II
Pessoas colectivas e outras entidades residentes que não exerçam, a título
principal, actividade comercial, industrial ou agrícola e entidades não residentes
 
Artigo 9
Determinação do rendimento global
O rendimento global das pessoas colectivas e entidades mencionadas nas alíneas a)
e b) do artigo 1 determina-se de acordo com o disposto nos artigos 42 e 43 do Código
do IRPC.
 
Artigo 10
Determinação do rendimento colectável de entidades não residentes
O rendimento colectável de entidades não residentes com estabelecimento estável é o
lucro tributável determinado nos termos do artigo 44 do Código do IRPC e os
rendimentos não imputáveis a estabelecimento estável são determinados de acordo
com as regras estabelecidas para as categorias correspondentes estabelecidas para o
Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares, conforme dispõe o artigo 45 do
Código do IRPC.
 
SECÇÃO III
Métodos Indirectos
Artigo 11
Determinação do lucro tributável por métodos indirectos

1. A determinação do lucro tributável por métodos indirectos aplica-se nas


situações previstas no artigo 46 e com base nos elementos referidos no artigo 48,
ambos do Código do IRPC.
2. Os sujeitos passivos com volume de negócios não superior a 2 500 000,00MT,
que não optem pela determinação do lucro tributável nos termos da Secção II deste
Capítulo, ficam abrangidos pelo regime simplificado de determinação do lucro
tributável, previsto no artigo 47 do Código do IRPC.
3. Os sujeitos passivos são notificados do lucro tributável fixado por métodos
indirectos, com indicação dos factos que deram origem e, bem assim, dos critérios e
cálculos subjacentes.
4. A notificação a que se refere o número anterior deve ser efectuada nos termos
da Lei n.º 2/2006, de 22 de Março.

 
Artigo 12
Revisão do lucro tributável

1. Os sujeitos passivos podem solicitar a revisão do lucro tributável fixado por


métodos indirectos nos mesmos termos do artigo 135 da Lei n.º 2/2006, de 22 de
Março.
2. São aplicáveis à revisão a que se refere o número anterior as disposições do
artigo 11 deste  Regulamento.

 
SECÇÃO IV
Disposições comuns
Artigo 13
Regime aplicável à transformação de sociedades

1. A transformação de sociedades, mesmo quando ocorra dissolução da anterior


não implica alteração do regime fiscal que vinha sendo aplicado nem determina, por
si só, quaisquer consequências em matéria de IRPC, salvo o disposto nos números
seguintes.
2. No caso de transformação de sociedade civil não constituída sob forma
comercial em sociedade sob qualquer das espécies previstas no Código Comercial e
demais legislação comercial, ao lucro tributável correspondente ao período decorrido
desde o início do exercício em que se verificou a transformação até à data desta é
aplicável o regime da transparência fiscal previsto no artigo 6 do Código do IRPC.
3. Para efeitos do disposto no número anterior, no exercício em que ocorre a
transformação deve determinar-se separadamente o lucro correspondente ao
período anterior e posterior a esta, podendo os prejuízos anteriores à transformação,
apurados nos termos do Código do IRPC, ser deduzidos nos lucros tributáveis da
sociedade resultante da transformação, até ao fim do período referido no n.º 1 do
artigo 41 do Código do IRPC, contado do exercício a que os mesmos se reportam.

 
Artigo 14
Regime especial aplicável às fusões e cisões de sociedades residentes

1. À fusão e cisão de sociedades com sede ou direcção efectiva em território


moçambicano é aplicável o regime estabelecido neste artigo desde que se
verifiquem, cumulativamente, as seguintes condições:

a)      A sociedade para a qual é transmitido o património das sociedades fundidas ou


cindidas tenha sede ou direcção efectiva naquele território;
b)      Os elementos patrimoniais activos e passivos objecto de transmissão sejam
inscritos na contabilidade da sociedade mencionada na alínea anterior com os mesmos
valores que tinham na contabilidade das sociedades fundidas ou cindidas;
c)      Os valores referidos na alínea anterior sejam os que resultam da aplicação das
disposições do Código do IRPC e deste Regulamento ou de reavaliações feitas ao
abrigo de legislação de carácter fiscal.

1. Na determinação do lucro tributável das sociedades fundidas ou cindidas não é


considerado qualquer resultado por virtude de transmissão dos elementos
patrimoniais em consequência da fusão ou cisão nem são consideradas como
proveitos ou ganhos, nos termos do n.º 2 do artigo 28 do Código do IRPC, as
provisões constituídas e aceites para efeitos fiscais que respeitem aos créditos,
existências e obrigações e encargos objecto de transmissão.
2. Na determinação do lucro tributável da sociedade para a qual são transmitidos
os elementos patrimoniais das sociedades fundidas ou cindidas:

a)      O apuramento dos resultados respeitantes aos elementos patrimoniais


transmitidos é feito como se não tivesse havido fusão ou cisão;
b)      As reintegrações e amortizações sobre os elementos do activo imobilizado
transmitidos são efectuadas de acordo com o regime que vinha sendo seguido nas
sociedades fundidas ou cindidas;
c)      As provisões que foram transferidas das sociedades fundidas ou cindidas têm,
para efeitos fiscais, o regime que lhes era aplicável nestas sociedades.

1. Quando a sociedade para a qual são transmitidos os elementos patrimoniais das


sociedades fundidas ou cindidas detém uma participação no capital destas, não
concorre para a formação do lucro tributável a mais-valia ou a menos-valia
eventualmente resultante da anulação dessa participação em consequência da fusão
ou cisão.
2. Considera-se fusão a transferência, do conjunto do activo e do passivo de uma
sociedade que integra o seu património, para outra que seja detentora da totalidade
dos títulos representativos do seu capital social.
3. Para efeitos do disposto no n.º 2, a sociedade que transmite os elementos
patrimoniais por motivo de fusão ou cisão deve integrar, no processo de
documentação fiscal a que se refere o artigo 45 do presente Regulamento,
declaração passada pela sociedade para a qual aqueles elementos são transmitidos
de que esta obedece ao disposto nas alíneas b) e c) do n.º 1 e no n.º 3.
4. O regime especial estabelecido no presente artigo deixa de aplicar-se, total ou
parcialmente, quando se conclua que as operações a que se refere o n.º 1 tiveram
como principal objectivo ou como um dos principais objectivos a evasão fiscal.
5. O disposto no número anterior, pode considerar-se verificado, nomeadamente,
nos casos em que as sociedades intervenientes não tenham a totalidade dos seus
rendimentos sujeitos ao mesmo regime de tributação em IRPC ou quando as
operações não tenham sido realizadas por razões económicas válidas, tais como a
reestruturação ou racionalização das actividades das sociedades que nelas
participam, procedendo -se então, se for caso disso, às correspondentes liquidações
adicionais de imposto.

 
Artigo 15
Regime aplicável aos sócios das sociedades fundidas ou cindidas

1. No caso de fusão de sociedades a que seja aplicável o regime especial


estabelecido no artigo anterior, não há lugar, relativamente aos sócios das
sociedades fundidas, ao apuramento de ganhos ou perdas para efeitos fiscais em
consequência da fusão, desde que na sua contabilidade seja mantido quanto às
novas participações sociais o valor pelo qual as antigas se encontravam registadas.
2. O disposto no número anterior não obsta à tributação dos sócios das sociedades
fundidas relativamente às importâncias em dinheiro que lhes sejam eventualmente
atribuídas em consequência da fusão.
3. O preceituado nos números anteriores é aplicável, com as necessárias
adaptações, aos sócios de sociedades objecto de cisão a que se aplique o regime
especial estabelecido no artigo anterior.
 
Artigo 16
Fusões, cisões e entradas de activos em que intervenham pessoas colectivas
que não sejam sociedades

1. Às fusões e cisões, efectuadas nos termos legais, de sujeitos passivos do IRPC


residentes em território moçambicano que não sejam sociedades e aos respectivos
membros é aplicável, com as necessárias adaptações, o disposto nos artigos 14 e 15
deste Regulamento, na parte respectiva.
2. O disposto no artigo 54 do Código do IRPC é igualmente aplicável, com as
necessárias adaptações, às entradas de activos em que intervenha pessoa colectiva
que não seja sociedade, nas condições mencionadas no número anterior.

 
Artigo 17
Liquidação de sociedades

1. Relativamente às sociedades em liquidação o lucro tributável é determinado com


referência a todo o período de liquidação.
2. Para efeitos do disposto no número anterior, observa-se o seguinte:

a)      As sociedades que se dissolvam devem encerrar as suas contas com referência
à data da dissolução, com vista à determinação do lucro tributável correspondente ao
período decorrido desde o início do exercício em que se verificou a dissolução até à
data desta;
b)      Durante o período em que decorre a liquidação e até ao fim do exercício
imediatamente anterior ao encerramento desta, há lugar, anualmente, à determinação
do lucro tributável respectivo, que tem natureza provisória e é corrigido face à
determinação do lucro tributável correspondente a todo o período de liquidação;
c)      No exercício em que ocorre a dissolução deve determinar-se separadamente o
lucro referido na alínea a) e o lucro mencionado na primeira parte da alínea b).
1. Quando o período de liquidação ultrapasse três anos, o lucro tributável
determinado anualmente, nos termos da alínea b) do número anterior, deixa de ter
natureza provisória.
2. Os prejuízos anteriores à dissolução e na data desta são ainda dedutíveis nos
termos do artigo 41 do Código do IRPC e podem ser deduzidos ao lucro tributável
correspondente a todo o período de liquidação, se este não ultrapassar três anos.
3. À liquidação de sociedade decorrente da declaração de nulidade ou da anulação
do respectivo contrato é aplicável, com as necessárias adaptações, o disposto nos
números anteriores.

 
Artigo 18
Resultado de liquidação
Na determinação do resultado de liquidação, havendo partilha dos bens patrimoniais
pelos sócios, considera-se como valor de realização daqueles o respectivo valor de
mercado.
 
Artigo 19
Resultado da partilha

1. É englobado para efeitos de tributação dos sócios, no exercício em que for posto
à sua disposição, o valor que for atribuído a cada um deles em resultado da partilha,
abatido do preço de aquisição das correspondentes partes sociais.
2. No englobamento para efeitos de tributação da diferença referida no número
anterior, observa-se o seguinte:

a)      Essa diferença, quando positiva, é considerada como rendimento de aplicação de


capitais até ao limite da diferença entre o valor que for atribuído e o que, face à
contabilidade da sociedade liquidada, corresponda a entradas efectivamente
verificadas para realização do capital, tendo o eventual excesso a natureza de mais-
valia tributável;
b)      Essa diferença, quando negativa, é considerada como menos-valia, sendo
dedutível apenas quando as partes sociais tenham permanecido na titularidade do
sujeito passivo durante os três anos imediatamente anteriores à data da dissolução.

1. Verificando-se as condições previstas no artigo 40 do Código do IRPC, a


diferença considerada como rendimento de aplicação de capitais nos termos da
alínea a) do número anterior é deduzida para efeitos de determinação do lucro
tributável.
2. Relativamente aos sócios de sociedades abrangidas pelo regime de
transparência fiscal, ao valor que lhes for atribuído em virtude da partilha é ainda
abatida a parte do resultado de liquidação que, para efeitos de tributação, lhes tenha
sido já imputada, assim como a parte que lhes corresponder nos lucros retidos na
sociedade nos exercícios em que esta tenha estado sujeita àquele regime.

 
Artigo 20
Liquidação de pessoas colectivas que não sejam sociedades
O disposto nos artigos anteriores é aplicável, com as necessárias adaptações, à
liquidação de pessoas colectivas que não sejam sociedades.
 
CAPÍTULO III
Liquidação
Artigo 21
Procedimento e forma de liquidação

1. A liquidação do IRPC processa-se nos termos seguintes:

a)      Nos casos em que a liquidação compete ao contribuinte, é feita na declaração


periódica ou na declaração de substituição, previstas nos artigos 39 e 41 deste
regulamento, respectivamente e tem por base a matéria colectável que delas conste;
b)      Na falta de apresentação da declaração periódica de rendimentos, prevista no
artigo 39 deste Regulamento, a liquidação deve ser efectuada até 30 de Novembro do
ano seguinte àquele a que respeita ou, no caso previsto no n.º 2 do referido artigo, até
ao fim do sexto mês seguinte ao do termo do prazo para a apresentação da declaração
aí mencionada e tem por base a totalidade
c)      da matéria colectável do exercício mais próximo que se encontre determinada;
d)     Na falta de liquidação nos termos das alíneas anteriores, a mesma tem por base
os elementos de que a Administração Tributária disponha.

1. Ao montante apurado nos termos da alínea a) do número anterior são


efectuadas as seguintes deduções, pela ordem por que vão indicadas:

a)      A relativa à dupla tributação económica de lucros distribuídos;


b)      A correspondente à dupla tributação internacional;
c)      A relativa a benefícios fiscais;
d)     A relativa ao pagamento especial por conta.

1. Ao montante apurado nos termos do n.º 1, relativamente às entidades


mencionadas no n.º 4 do artigo 39 deste Regulamento, apenas são de efectuar as
deduções relativas às retenções na fonte quando estas tenham a natureza de
imposto por conta do IRPC.
2. As deduções referidas no n.º 2 respeitantes a entidades a que seja aplicável o
regime de transparência fiscal e estabelecido no artigo 6 do Código do IRPC são
imputadas aos respectivos sócios ou membros nos termos estabelecidos no n.º 3
desse artigo e deduzidas ao montante apurado com base na matéria colectável que
tenha tido em consideração a imputação prevista no mesmo artigo.
3. As deduções efectuadas nos termos das alíneas a) a d) do n.º 2 devem ser
efectuadas até a concorrência da colecta do IRPC, não havendo lugar a qualquer
reembolso.
4. Ao montante apurado nos termos das alíneas b) e c) do n.º 1 apenas são
efectuadas as deduções de que a Administração Tributária tenha conhecimento e
que possam ser efectuadas nos termos dos n.ºs 2 e 3.
5. Nos casos em que seja aplicável o disposto na alínea b) do n.º 2 do artigo 17,
são efectuadas anualmente liquidações com base na matéria colectável determinada
com carácter provisório, devendo, face à liquidação correspondente à matéria
colectável respeitante a todo o período de liquidação, cobrar-se ou anular-se a
diferença apurada.
6. A liquidação prevista no n.º 1 pode ser corrigida, se for caso disso, dentro do
prazo a que se refere o artigo 24 deste Regulamento, cobrando-se ou anulando-se
então as diferenças apuradas.
7. Nos casos em que seja aplicável o regime simplificado de determinação do lucro
tributável ou se tenha optado pelo regime simplificado de escrituração, não há lugar
às deduções previstas nas alíneas a), b) e c) do n.º 2.

 
Artigo 22
Liquidação adicional

1. A Administração Tributária deve proceder à liquidação adicional quando, depois


de liquidado o imposto, seja de exigir, em virtude de correcção efectuada nos termos
do n.º 8 do artigo anterior ou de fixação do lucro tributável por métodos indirectos,
imposto superior ao liquidado.
2. Procede-se ainda a liquidação adicional, sendo caso disso, em consequência
de:

a)      Revisão do lucro tributável nos termos do artigo 12 deste Regulamento;


b)      Exame à contabilidade efectuado posteriormente à liquidação correctiva referida
no n.º 1;
c)      Improcedência, total ou parcial, do recurso hierárquico;
d)     Erros de facto ou de direito ou omissões verificados em qualquer liquidação.
 
Artigo 23
Liquidações correctivas no regime de transparência fiscal
Sempre que, relativamente às entidades a que se aplique o regime de transparência
fiscal, haja lugar a correcções que determinem alteração dos montantes imputados aos
respectivos sócios ou membros, a administração tributária promove as
correspondentes modificações na liquidação efectuada àqueles, cobrando-se ou
anulando-se em consequência as diferenças apuradas.
 
Artigo 24
Caducidade do direito à liquidação
Só pode ser liquidado IRPC até ao fim do quinto ano seguinte ao da ocorrência do facto
gerador do imposto, devendo a correspondente liquidação ser notificada, dentro do
mesmo prazo, ao contribuinte.
 
Artigo 25
Juros compensatórios

1. Sempre que, por facto imputável ao sujeito passivo, for retardada a liquidação de
parte ou da totalidade do imposto devido ou a entrega do imposto a pagar
antecipadamente ou a reter no âmbito da substituição tributária ou obtido reembolso
indevido, acrescem ao montante do imposto, juros compensatórios à taxa de juro
interbancária (MAIBOR – de 12 meses), acrescida de 2 pontos percentuais, em vigor
na data da liquidação.
2. São igualmente devidos juros compensatórios nos termos do número anterior
pela entrega fora do prazo ou pela falta de entrega, total ou parcial, do pagamento
por conta.
3. Os juros compensatórios contam-se dia a dia nos seguintes termos:

a)      Desde o termo do prazo para a apresentação da declaração até ao suprimento,


correcção ou detecção da falta que motivou o retardamento da liquidação;
b)      Se não tiver sido efectuado, total ou parcialmente, o pagamento especial por
conta, desde o dia imediato ao termo do respectivo prazo até ao termo do prazo para a
entrega da declaração de rendimentos ou até à data da autoliquidação, se anterior,
devendo os juros vencidos ser pagos conjuntamente;
c)      Se houver atraso no pagamento por conta, desde o dia imediato ao do termo do
respectivo prazo até à data em que se efectuou, devendo ser pagos conjuntamente;
d)     Desde o reconhecimento do reembolso indevido até à data do suprimento ou
correcção da falta que o motivou.

1. Entende-se haver retardamento da liquidação sempre que a declaração


periódica de rendimentos a que se refere o artigo 39 deste Regulamento, seja
apresentada fora do prazo estabelecido sem que o imposto devido se encontre
totalmente pago no prazo legal.
2. Quando o atraso na liquidação decorrer de erros de cálculo praticados no
quadro de liquidação do imposto da declaração, os juros compensatórios devidos em
consequência dos mesmos não podem contar-se por período superior a 180 dias.

 
Artigo 26
Anulações

1. A Administração Tributária procede oficiosamente à anulação, total ou parcial,


do imposto que tenha sido liquidado, sempre que este se mostre superior ao devido,
nos seguintes casos:

a)      Em consequência de correcção da liquidação nos termos dos n.ºs 7 e 8 do artigo


21 deste Regulamento;
b)      Em resultado de exame à escrita do contribuinte;
c)      Devido à determinação da matéria colectável por métodos indirectos;
d)     Por motivos imputáveis aos serviços;
e)      Por duplicação de colecta.

1. No caso previsto na alínea d) do número anterior são devidos juros a favor do


contribuinte, a taxa idêntica à aplicável aos juros compensatórios a favor do Estado,
contados dia a dia, desde a data do pagamento do imposto até à data da emissão da
nota de crédito, na qual são incluídos.
2. Não se procede à anulação quando o seu quantitativo seja inferior a 100,00 MT
ou, tenham decorrido já cinco anos contados da data de pagamento do imposto.
 
CAPÍTULO IV
Pagamento
Artigo 27
Regras de pagamento

1. As entidades que exerçam, a título principal, actividade de natureza comercial,


industrial ou agrícola e as não residentes com estabelecimento estável em território
moçambicano procedem ao pagamento do imposto nos termos seguintes:

a)      Em três pagamentos por conta, com vencimento nos meses Maio, Julho e
Setembro, do próprio ano a que respeita o lucro tributável ou, nos casos dos n.os 2 e 3
do artigo 7 do Código do IRPC, nos quinto, sétimo e nono mês do respectivo período
de tributação;
b)      Até ao termo do prazo fixado para apresentação da declaração periódica de
rendimentos, pela diferença que existir entre o imposto total aí calculado e as
importâncias entregues por conta;
c)      Até ao dia da apresentação da declaração de substituição a que se refere o artigo
41 deste Regulamento, pela diferença que existir entre o imposto total aí calculado e as
importâncias já pagas.

1. Há lugar a reembolso ao contribuinte quando:

a)      O valor apurado na declaração, líquido das deduções a que se referem os n.ºs 2
e 3 do artigo 21 deste Regulamento, for negativo, pela importância resultante da soma
do correspondente valor absoluto com o montante dos pagamentos por conta;
b)      O valor apurado na declaração, líquido das deduções a que se referem os n.ºs 2
e 3 do artigo 21 deste Regulamento, não sendo negativo, for inferior ao valor dos
pagamentos por conta, pela respectiva diferença.

1. O reembolso é efectuado, quando a declaração periódica de rendimentos for


apresentada no prazo legal, até ao fim do terceiro mês imediato ao da sua
apresentação.
2. Se o pagamento a que se refere a alínea a) do n.º 1 não for efectuado nos
prazos aí mencionados, começam a correr imediatamente juros compensatórios, que
serão contados até ao termo do prazo para apresentação da declaração ou até à
data do pagamento da autoliquidação, se anterior, ou, em caso de mero atraso, até à
data da entrega por conta, devendo, neste caso, ser pagos simultaneamente.
3. Não sendo efectuado o reembolso no prazo referido no n.º 3, acrescem à
quantia a restituir juros indemnizatórios à taxa idêntica à aplicável aos juros
compensatórios a favor do Estado.
4. Não haverá lugar ao pagamento a que se referem as alíneas b) e c) do n.º 1
nem ao reembolso a que se refere o n.º 2 quando o seu montante for inferior a
100,00 MT.

 
Artigo 28
Cálculo dos pagamentos por conta

1. Os pagamentos por conta são calculados com base no imposto liquidado nos
termos do n.º 1 do artigo 21 deste regulamento relativamente ao exercício
imediatamente anterior àquele em que se devam efectuar esses pagamentos, líquido
das retenções na fonte.
2. Os pagamentos por conta dos contribuintes correspondem  80% do montante do
imposto referido no número anterior repartido por três montantes iguais,
arredondados, por excesso, para o milhar de meticais.
3. No caso referido na alínea d) do n.º 4 do artigo 7 do Código do IRPC, o imposto
a ter em conta para efeitos do disposto no n.º 1 é o que corresponde a um período
de doze meses, calculado proporcionalmente ao imposto relativo ao período aí
mencionado.

 
Artigo 29
Pagamento especial por conta
1. Sem prejuízo do disposto na alínea a) do n.º 1 do artigo 27 deste regulamento,
os sujeitos passivos aí mencionados ficam sujeitos a um pagamento especial por
conta, a efectuar em três prestações, durante os meses de Junho, Agosto e Outubro
do ano a que respeita ou, no caso de adoptarem um período de tributação não
coincidente com o ano civil, no sexto, oitavo e décimo mês do período de tributação
respectivo, podendo se o desejar o contribuinte efectuar o pagamento de uma só
vez.
2. O montante do pagamento especial por conta é igual ao valor correspondente a
0.5% do respectivo volume de negócios, relativo ao exercício anterior, com o limite
mínimo de 30 000,00 MT e máximo de 100 000,00 MT, deduzido do montante dos
pagamentos por conta efectuados no ano anterior.
3. Para efeitos do disposto no número anterior, o volume de negócios é
determinado com base no valor das vendas e ou dos serviços prestados, realizados
até ao final do exercício anterior, podendo ser rectificado no ano seguinte se se
verificar que foi distinto do que serviu de base ao respectivo cálculo.
4. O disposto no n.º 1 não é aplicável no exercício em que se inicia a actividade e
aos sujeitos passivos abrangidos pelo regime simplificado de determinação do lucro
tributável previsto no artigo 47 do Código do IRPC.
5. Não havendo volume de negócios num determinado ano o pagamento especial
por conta será determinado com base no último montante de anos anteriores.

 
Artigo 30
Pagamento do imposto

1. O imposto devido pelas entidades não referidas no n.º 1 do artigo 27 deste


Regulamento e que estejam obrigadas a apresentação de declaração periódica de
rendimentos ou que entreguem declaração de substituição, é pago até ao termo do
prazo para apresentação daquela ou, em caso de declaração de substituição, até ao
dia da sua apresentação.
2. Havendo lugar a reembolso de imposto, o mesmo é efectuado nos termos dos
n.ºs 3 e 6 do artigo 27 deste Regulamento.
 
Artigo 31
Falta de pagamento de imposto autoliquidado
Havendo lugar a autoliquidação de imposto e não sendo efectuado o pagamento deste
até ao termo do prazo legal da apresentação da declaração começam a correr
imediatamente juros de mora e a cobrança da dívida é promovida pela Administração
Tributária, nos termos do artigo seguinte.
 
Artigo 32
Pagamento do imposto liquidado pelos serviços

1. Nos casos de liquidação efectuada pelos serviços a que se refere o artigo 63 do


Código do IRPC, o contribuinte é notificado para pagar o imposto e juros que se
mostrem devidos, no prazo de 30 dias a contar da notificação.
2. A notificação a que se refere o número anterior, é feita por carta registada,
considerando-se efectuada no terceiro dia posterior ao do registo.
3. Não sendo pago o imposto no prazo estabelecido no n.º 1, começam a correr
imediatamente juros de mora sobre o valor da dívida.
4. Decorrido o prazo previsto no n.º 1 sem que se mostre efectuado o respectivo
pagamento, há lugar a procedimento executivo.
5. Se a liquidação referida no n.º 1 der lugar a reembolso de imposto, o mesmo é
efectuado nos termos dos n.ºs 3 e 6 do artigo 27 deste Regulamento.

 
Artigo 33
Meios de pagamento

1. O pagamento do IRPC é efectuado em moeda nacional, em numerário ou por


cheque, débito em conta, transferência conta a conta, vale postal ou outros meios
utilizados pelos serviços dos correios ou instituições de crédito, que a lei
expressamente autorize.
2. Se o pagamento for efectuado por meio de cheque, a extinção e imposto só se
verifica com o recebimento efectivo da respectiva importância, não sendo, porém,
devidos juros de mora pelo tempo que mediar entre a entrega ou expedição do
cheque e aquele recebimento, salvo se não for possível fazer a cobrança integral da
dívida por falta de provisão.
3. Tratando-se de vale postal, a obrigação do imposto considera-se extinta com a
sua entrega ou expedição.

 
Artigo 34
Local de pagamento

1. O pagamento do IRPC, no prazo de cobrança voluntária, deve ser efectuado na


Recebedorias de Fazenda competente, que funcionem junto das Direcções de Áreas
Fiscais, podendo ser efectuado nos bancos autorizados.
2. No caso de cobrança coerciva, o pagamento é efectuado nas Recebedorias de
Fazenda da instituição onde estiver pendente o respectivo processo executivo ou nos
bancos autorizados.

 
Artigo 35
Juros e responsabilidade pelo pagamento nos casos de retenção na fonte

1. Quando a retenção na fonte tenha a natureza de imposto por conta e a entidade


que a deva efectuar não a tenha feito, total ou parcialmente, ou, tendo-a feito, não
tenha entregue o imposto ou o tenha entregue fora do prazo, são por ela devidos
juros compensatórios sobre as respectivas importâncias, contados, no último caso,
desde o dia imediato àquele em que deviam ter sido entregues até à data do
pagamento ou da liquidação e, no primeiro caso, desde aquela mesma data até ao
termo do prazo da entrega da declaração periódica de rendimentos pelo sujeito
passivo, sem prejuízo da responsabilidade que ao caso couber.
2. Sempre que a retenção na fonte tenha carácter definitivo, são devidos juros
compensatórios pela entidade a quem incumbe efectuá-la sobre as importâncias não
retidas, ou retidas mas não entregues dentro do prazo legal, contados desde o dia
imediato àquele em que deviam ter sido entregues até à data do pagamento ou da
liquidação.
3. No caso das retenções na fonte contempladas no n.º 1, a entidade devedora dos
rendimentos é subsidiariamente responsável pelo pagamento do imposto que vier a
revelar-se devido pelo sujeito passivo titular dos rendimentos, até à concorrência da
diferença entre o imposto que tenha sido deduzido e o que devia tê-lo sido.
4. Quando a retenção na fonte tenha carácter definitivo, os titulares dos
rendimentos são subsidiariamente responsáveis pelo pagamento do imposto, pela
diferença mencionada no número anterior.
5. Os juros compensatórios devem ser pagos:

a)      Conjuntamente com as importâncias retidas, quando estas sejam entregues fora
do prazo legalmente estabelecido;
b)      Autonomamente, no prazo de 30 dias a contar do termo do período em que são
devidos, quando, tratando-se de retenção com a natureza de imposto por conta, esta
não tenha sido efectuada.
 
CAPÍTULO V
Obrigações acessórias e fiscalização
SECÇÃO I
Obrigações acessórias dos sujeitos passivos
Artigo 36
Obrigações declarativas

1. Os sujeitos passivos de IRPC, ou os seus representantes, são obrigados a


apresentar:

a)      Declaração de inscrição, de alterações ou de cancelamento de registo de sujeitos


passivos de IRPC, nos termos do artigo 37 deste Regulamento;
b)      Declaração periódica de rendimentos, nos termos do artigo 39 deste
Regulamento;
c)      Declaração anual de informação contabilística e fiscal, nos termos do artigo 40
deste Regulamento.

1. As declarações a que se refere o número anterior são de modelo oficial,


aprovado por despacho do Ministro que superintende a área das finanças, e, os
documentos e os anexos que para o efeito sejam mencionados no referido modelo
oficial devem ser-lhes juntos, fazendo delas parte integrante.
2. Serão recusadas as declarações que não se mostrem completas, devidamente
preenchidas e assinadas, sem prejuízo das sanções estabelecidas para a falta da
sua apresentação.
3. Quando as declarações não forem consideradas suficientemente claras, os
serviços da administração fiscal notificam os contribuintes para prestarem por escrito,
no prazo que lhes for fixado, nunca inferior a cinco dias, os esclarecimentos
indispensáveis.
4. A obrigação a que se refere a alínea b) do n.º 1 não abrange as entidades que,
não exercendo a título principal uma actividade comercial, industrial ou agrícola,
excepto quando estejam sujeitas a uma qualquer tributação autónoma:

a)      Não obtenham rendimentos no período de tributação;


b)      Obtendo rendimentos, beneficiem de isenção definitiva.

1. A não tributação em IRPC das entidades abrangidas pelo regime de


transparência fiscal não as desobriga da apresentação das declarações referidas no
n.º 1.
2. Relativamente às sociedades ou outras entidades em liquidação, as obrigações
declarativas que ocorram posteriormente à dissolução são da responsabilidade dos
respectivos liquidatários ou do administrador da falência.

 
Artigo 37
Declaração de inscrição, de alterações ou de cessação

1. A declaração de inscrição no registo, a que se refere a alínea a) do n.º 1 do


artigo anterior, deve ser apresentada pelos sujeitos passivos, em triplicado, na
Direcção de Área Fiscal onde tiverem a sua sede, direcção efectiva ou o
estabelecimento estável em que estiver centralizada a contabilidade, no prazo de
quinze dias antes do início da actividade.
2. Os sujeitos passivos não residentes e que obtenham rendimentos não
imputáveis a estabelecimento estável situado em território moçambicano,
relativamente aos quais haja lugar à obrigação de apresentar a declaração a que se
refere o artigo 38 deste Regulamento, são igualmente obrigados a apresentar a
declaração de inscrição no registo, em triplicado, na Direcção de Área Fiscal da
residência, sede ou direcção efectiva do seu representante, no prazo de quinze dias
a contar da data da ocorrência do facto que originou o direito aos mesmos
rendimentos.
3. Da declaração de inscrição no registo deve constar, relativamente às pessoas
colectivas e outras entidades mencionadas no n.º 2 do artigo 7 do Código do IRPC, o
período anual de imposto que desejam adoptar.
4. Sempre que se verifiquem alterações de qualquer dos elementos constantes da
declaração de inscrição no registo, deve o contribuinte entregar a respectiva
declaração de alterações no prazo de 15 dias a contar da data da alteração.
5. Os sujeitos passivos de IRPC devem apresentar a declaração de cessação no
prazo de 30 dias a contar da data da cessação da actividade ou, tratando-se dos
sujeitos passivos mencionados no n.º 3, da data em que tiver ocorrido a cessação da
obtenção de rendimentos.

 
Artigo 38
Declaração verbal de inscrição, alterações ou de cancelamento no registo

1. As declarações referidas na alínea a) do n.º 1 do artigo 36 deste Regulamento,


quando a Direcção de Área Fiscal a que se refere o n.º 1 ou o n.º 2 do artigo anterior
disponha dos meios informáticos adequados, são substituídas pela declaração
verbal, efectuada pelo sujeito passivo, de todos os elementos necessários à inscrição
no registo, à alteração dos dados constantes daquele registo e ao seu cancelamento,
sendo estes imediatamente introduzidos no sistema informático e confirmados pelo
declarante após a sua impressão em documento tipificado.
2. O documento tipificado nas condições referidas no número anterior substitui,
para todos os efeitos legais, as declarações a que se refere a alínea a) do n.º 1 do
artigo 36 deste Regulamento.
3. O documento comprovativo da inscrição das alterações ou de cessação de
sujeitos passivos de IRPC é o documento tipificado, consoante os casos, processado
após a confirmação dos dados pelo declarante, autenticado com a assinatura do
funcionário receptor e com a assinatura do técnico de contas que assume a
responsabilidade fiscal do sujeito passivo a que respeitam as declarações.

 
Artigo 39
Declaração periódica de rendimentos

1. A declaração periódica de rendimentos, a que se refere a alínea b) do n.º 1 do


artigo 36 deste Regulamento, deve ser apresentada anualmente até ao último dia útil
do mês de Maio, em triplicado, na Direcção de Área Fiscal da sede, direcção efectiva
ou estabelecimento estável em que estiver centralizada a contabilidade.
2. 2. Relativamente aos sujeitos passivos que, nos termos dos n.ºs 2 e 3 do artigo
7 do Código do IRPC, adoptem um período de tributação diferente do ano civil, a
declaração deve ser apresentada até ao último dia útil do quinto mês posterior à data
do termo desse período, prazo que é igualmente aplicável relativamente ao período
mencionado na alínea d) do n.º 4 do artigo 7 do Código do IRPC.
3. No caso de cessação da actividade nos termos do n.º 7 do artigo 7 do Código do
IRPC, a declaração de rendimentos relativa ao exercício em que a mesma se
verificou deve ser apresentada até ao último dia útil do prazo de 30 dias a contar da
data da cessação, aplicando-se igualmente este prazo para a apresentação da
declaração relativa ao exercício imediatamente anterior, quando ainda não tenham
decorrido os prazos mencionados nos n.ºs 1 e 2.
4. As entidades que não tenham sede nem direcção efectiva em território
moçambicano e neste obtenham rendimentos não imputáveis a estabelecimento
estável aí situado são igualmente obrigadas a apresentar a declaração mencionada
no n.º 1, na Direcção de Área Fiscal da residência, sede ou direcção efectiva do
representante ou na Direcção de Área Fiscal competente, desde que relativamente
aos mesmos não haja lugar a retenção na fonte a título definitivo.
5. Nos casos previstos no número anterior, a declaração deve ser apresentada em
triplicado:

a)      Relativamente a rendimentos derivados de imóveis, exceptuados os ganhos


resultantes da sua transmissão onerosa, até ao último dia útil do mês de Maio do ano
seguinte àquele a que os mesmos respeitam ou até ao último dia útil do prazo de 30
dias a contar da data em que tiver cessado a obtenção dos rendimentos;
b)      Relativamente a ganhos resultantes da transmissão onerosa de imóveis e aos
ganhos mencionados na alínea b) do n.º 3 do artigo 5 do Código do IRPC, até ao último
dia útil do prazo de 30 dias a contar da data da transmissão.

1. Os elementos constantes das declarações devem, sempre que for caso disso,
concordar exactamente com os obtidos na contabilidade ou nos registos de
escrituração, consoante o caso.

 
Artigo 40
Declaração anual de informação contabilística e fiscal

1. A declaração anual de informação contabilística e fiscal a que se refere a


alínea c) do n.º 1 do artigo 36 deste Regulamento deve ser apresentada nos termos
e com os anexos que para o efeito sejam mencionados no respectivo modelo.
2. A declaração referida no número anterior, deve ser apresentada com os
documentos a seguir indicados, podendo se o desejarem entregar em formato
electrónico:

a)      A Declaração de compromisso de honra do Técnico de contas autenticada pelo


Director de Área Fiscal;
b)      Balancetes analíticos antes e após apuramento do resultado do exercício;
c)      Balanço de modelo previsto no Plano Geral de Contabilidade;
d)     Listagem dos beneficiários dos donativos concedidos;
e)      Mapa demonstrativo da determinação de resultados em relação a obras de
carácter plurianual, prevista no artigo 19 do Código do IRPC;
f)       Mapa de modelo oficial das reintegrações e amortizações contabilizadas;
g)      Mapa de modelo oficial das provisões.

1. A declaração deve ser apresentada até ao último dia útil do mês de Junho, em
triplicado, na Direcção de Área Fiscal competente.
2. Relativamente aos sujeitos passivos que, nos termos dos n.ºs 2 e 3 do artigo 7
do Código do IRPC, adoptem um período de tributação diferente do ano civil, a
declaração deve ser apresentada até ao último dia útil do sexto mês posterior à data
do termo desse período, reportando-se a informação, consoante o caso, ao período
de tributação ou ao ano civil cujo termo naquele se inclua.
3. Sempre que os elementos a mencionar em qualquer das relações ou mapas que
integram a declaração impliquem o preenchimento de mais de uma folha, pode
aquela ser entregue em suporte magnético ou por transmissão electrónica de dados.

 
Artigo 41
Declaração de substituição
Quando tenha sido liquidado imposto inferior ao devido ou declarado prejuízo fiscal
superior ao efectivo, pode ser apresentada declaração de substituição, ainda que fora
do prazo legalmente estabelecido e efectuado o pagamento do imposto em falta.
 
Artigo 42
Centralização da contabilidade ou da escrituração

1. A contabilidade ou a escrituração mencionadas nos artigos 75 a 77 do Código


devem ser centralizada em estabelecimento ou instalação situado no território
moçambicano, nos seguintes termos:

a)      No tocante às pessoas colectivas e outras entidades residentes naquele território,


a centralização abrangerá igualmente as operações realizadas no estrangeiro;
b)      No que respeita às pessoas colectivas e outras entidades não residentes no
mesmo território, mas que aí disponham de estabelecimento estável, a centralização
abrange apenas as operações que lhe sejam imputadas nos termos deste regulamento,
devendo, no caso de existir mais de um estabelecimento estável, abranger as
operações imputáveis a todos eles.

1. O estabelecimento ou instalação em que seja feita a centralização mencionada


no número anterior deve ser indicado na declaração de inscrição do registo
mencionado no artigo 36 deste Regulamento e, quando se verificarem alterações do
mesmo, na declaração de alterações no registo, igualmente referida naquela
disposição.

 
Artigo 43
Representação de entidades não residentes

1. As entidades que, não tendo sede nem direcção efectiva em território


moçambicano, não possuam estabelecimento estável aí situado mas nele obtenham
rendimentos, assim como os sócios ou membros referidos no n.º 9 do artigo 3 do
Código do IRPC, são obrigadas a designar uma pessoa singular ou colectiva com
residência, sede ou direcção efectiva naquele território para as representar perante a
Administração Tributária quanto às suas obrigações referentes ao IRPC.
2. A designação a que se refere o número anterior é feita na declaração
mencionada no artigo 36 deste Regulamento, devendo dela constar expressamente
a sua aceitação pelo representante.
3. Na falta de cumprimento do disposto no n.º 1, e independentemente da
penalidade que ao caso couber, não há lugar às notificações previstas neste
regulamento, sem prejuízo e os sujeitos passivos poderem tomar conhecimento das
matérias a que as mesmas respeitam junto dos serviços referidos no artigo 63 do
Código do IRPC, que para o efeito serão os competentes.

 
SECÇÃO II
Outras obrigações de entidades públicas e privadas
 
Artigo 44
Dever de colaboração
Os serviços, estabelecimentos e organismos do Estado e das autarquias locais,
incluindo os dotados de autonomia administrativa ou financeira e ainda que
personalizados, as associações e federações de municípios, bem como outras pessoas
colectivas de direito público, as pessoas de utilidade pública, as instituições particulares
de solidariedade social e as empresas devem, dentro dos limites da razoabilidade,
prestar toda a colaboração que lhe for solicitada pelos serviços competentes da
administração tributária, nos termos da Lei n.º 2/2006, de 22 de Março.
                                                            
Artigo 45
Obrigações das entidades que devam efectuar retenções na fonte
O disposto no Código e no Regulamento do IRPS em relação às obrigações das
entidades devedoras de rendimentos que estejam obrigadas a efectuar a retenção,
total ou parcial, do imposto, com excepção dos casos em que a retenção tenha
natureza liberatória nos termos do Regulamento Código do IRPS é aplicável, com as
necessárias adaptações, às entidades que sejam obrigadas a efectuar retenções na
fonte de IRPC.
 
Artigo 46
Documentação fiscal

1. Os sujeitos passivos de IRPC, com excepção dos isentos nos termos do artigo 9
do Código do IRPC são obrigados a manter, em boa ordem, durante o prazo de 10
anos, um processo de documentação fiscal relativo a cada exercício, que deve estar
constituído até ao termo do prazo para entrega da declaração a que se refere a
alínea c) do n.º 1 do artigo 36 deste Regulamento, com os elementos contabilísticos
e fiscais.
2. O referido processo deve estar centralizado em estabelecimento ou instalação
situado em território moçambicano nos termos do artigo 42 deste Regulamento.

 
Artigo 47
Garantia de observância de obrigações fiscais

1. As petições relativas a rendimentos sujeitos a IRPC ou relacionadas com o


exercício de actividades comerciais, industriais ou agrícolas por sujeitos passivos
desse imposto não poderão ter seguimento ou ser atendidas perante qualquer
autoridade, repartição pública ou pessoa colectiva de utilidade

pública sem que seja feita prova da apresentação das declarações a que se refere o
artigo 39 deste Regulamento, cujo prazo de apresentação já tenha decorrido, ou de
que não há lugar ao cumprimento dessa obrigação.

1. A prova referida na parte final do número anterior será feita através de certidão,
isenta de imposto do selo, passada pelo serviço fiscal competente.
2. A apresentação dos documentos referidos no número anterior é averbada no
requerimento, processo ou registo da petição, devendo o averbamento ser datado e
rubricado pelo funcionário competente, restituindo os documentos ao apresentante.

 
ARTIGO 48
Pagamento de rendimentos a entidades não residentes
Não se podem realizar transferências para o estrangeiro de rendimentos sujeitos a
IRPC obtidos em território moçambicano por entidades não residentes sem que se
mostre pago ou assegurado o imposto que for devido.
 
SECÇÃO III
Fiscalização
Artigo 49
Dever de fiscalização em geral
O cumprimento das obrigações tributárias dos sujeitos passivos é fiscalizado pelos
órgãos competentes da administração tributária, nos termos da Lei n.º 2/2006 de 22 de
Março e do Regulamento do Procedimento de Fiscalização Tributária, aprovado pelo
Decreto n.º 19/2005, de 22 de Junho.
 
Artigo 50
Registo de sujeitos passivos

1. Com base nas declarações para inscrição no registo e de outros elementos de


que disponha, a Direcção Geral de Impostos deve organizar um registo dos sujeitos
passivos de IRPC.
2. O registo a que se refere o número anterior é actualizado tendo em conta as
alterações verificadas em relação aos elementos anteriormente declarados, as quais
devem ser mencionadas na declaração de alterações no registo.

 
Artigo51
Processo individual

1. No serviço fiscal competente deve-se organizar em relação a cada sujeito


passivo um processo, com carácter sigiloso, em que se incorporem as declarações e
outros elementos que se relacionem com o mesmo.
2. Os sujeitos passivos, através de representante devidamente credenciado,
poderem examinar no respectivo serviço fiscal o seu processo individual.

 
CAPÍTULO VI
Disposições finais
Artigo 52
Garantias dos contribuintes
Constituem garantias dos contribuintes as previstas na Lei n.º 2/2006, de 22 de Março.
 
Artigo 53
Recibo de documentos

1. Quando neste regulamento se determine a entrega de declarações ou outros


documentos em mais de um exemplar, um deles deve ser devolvido ao apresentante,
com menção de recebimento.
2. Nos casos em que a lei estabeleça a apresentação de declaração ou outro
documento num único exemplar, pode o obrigado entregar cópia do mesmo, para
efeitos do disposto no número anterior.

 
Artigo 54
Envio de documentos pelo correio

1. As declarações e outros documentos que, nos termos deste Regulamento,


devam ser apresentados em qualquer serviço da Administração Tributária podem ser
remetidos pelo correio, sob registo postal, acompanhados de um sobrescrito,
devidamente endereçado, para a devolução imediata dos duplicados ou dos
documentos, quando for caso disso.
2. No caso previsto no número anterior, considera-se que a remessa foi efectuada
na data constante do carimbo dos Correios de Moçambique ou na data do registo.
3. Ocorrendo extravio, a Administração Tributária pode exigir 2.ª via, que, para
todos os efeitos, se considera como remetida na data em que, comprovadamente, o
tiver sido o original.

 
Artigo 55
Técnico de contas

1. Os sujeitos passivos que sendo obrigados ou tenham optado pela contabilidade


organizada devem possuir técnico de contas responsável pela escrita da empresa,
devidamente inscrito e autorizado pelo serviço competente da Administração
Tributária, sob pena de se considerar inexistência de contabilidade organizada.
2. Os requisitos e termos da inscrição e autorização, são regulados por Diploma
Ministerial a aprovar pelo Ministro que superintende a área das finanças.

 
Artigo 56
Classificação das actividades
As actividades exercidas pelos sujeitos passivos de IRPC são classificadas, para
efeitos deste imposto, de acordo com a Classificação das Actividades Económicas
(CAE) do Instituto Nacional de Estatística.

Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares (IRPS)

Decreto n.º 8/2008


de 16 de Abril
_____________________
 
Havendo necessidade de regulamentar o Código do Imposto sobre o Rendimento das
Pessoas Singulares, aprovado pela Lei n.º 33/2007, de 31 de Dezembro, no uso da
competência atribuída pelo artigo 2 da mesma Lei, o Conselho de Ministros decreta:
 
Artigo 1. É aprovado o Regulamento do Código do Imposto sobre o Rendimento das
Pessoas Singulares, anexo ao presente Decreto, dele fazendo parte integrante.
 
Artigo 2. Com vista a simplificar os procedimentos e formas de cobrança do Imposto
sobre o Rendimento das Pessoas Singulares, fica autorizado o Ministro das Finanças a
criar ou alterar, por despacho, os modelos de livros e impressos que se tornem
necessários ao cumprimento das obrigações decorrentes
do presente diploma.
 
Artigo 3. São revogadas as disposições e demais legislação que contrariem o presente
diploma.
 
Aprovado pelo Conselho de Ministros, aos 26 de Fevereiro de 2008
 
Publique-se.
 
A Primeira-Ministra, Luísa Dias Diogo.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REGULAMENTO DO CÓDIGO DO IMPOSTO SOBRE O RENDIMENTO DAS
PESSOAS SINGULARES
 
CAPÍTULO I
Princípios gerais
Artigo 1
Âmbito de aplicação

1. O presente regulamento estabelece a forma e os procedimentos de tributação


do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares e aplica-se aos
rendimentos provenientes das categorias seguintes, depois de feitas as
correspondentes deduções e abatimentos, nos termos da Lei n.º 33/2007, de 31 de
Dezembro:

a)      Primeira Categoria: rendimentos do trabalho dependente;


b)      Segunda Categoria: rendimentos empresariais e profissionais;
c)      Terceira Categoria: rendimentos de capitais e das mais valias;
d)     Quarta Categoria: rendimentos prediais;
e)      Quinta Categoria: outros rendimentos.

1. Ficam sujeitos à tributação os rendimentos, quer em dinheiro, quer em espécie,


seja qual for o local onde se obtenham, a moeda e a forma por que sejam auferidos.

 
Artigo 2
Incidência real

1. O Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares —IRPS incide sobre o


valor global anual dos rendimentos referidos no artigo anterior, mesmo quando
provenientes de actos ilícitos, nos termos do Código do IRPS, aprovado pela Lei n.º
33/2007, de 31 de Dezembro.
2. Os rendimentos das categorias referidas no n.º 1 do artigo 1deste Regulamento
são determinados de acordo com os artigos 2 a 17 do Código do IRPS, auferidos por
pessoas singulares que residam no território moçambicano e as que, nele não
residindo, aqui obtenham rendimentos.
 
Artigo 3
Taxas
As taxas gerais do imposto fixadas no artigo 54 do Código do IRPS, aprovado pela Lei
n.º 33/2007, de 31 de Dezembro, variam de 10% a 32%, por escalões de rendimento
colectáveis anuais, de acordo com a tabela constante do mesmo artigo.
 
CAPÍTULO II
Determinação do rendimento colectável
SECÇÂO I
Regras Gerais
Artigo 4
Englobamento
O rendimento colectável em IRPS determina-se, procedendo ao englobamento dos
rendimentos das categorias mencionadas no n.º 1 do artigo 1 deste Regulamento,
auferidos em cada ano, com base nas regras estabelecidas nos artigos 26 a 53 do
Código do IRPS e nas disposições seguintes.
 
Artigo 5
Rendimentos do trabalho dependente
Para a determinação do rendimento colectável, aos rendimentos ilíquidos da primeira
categoria auferidos anualmente, deduzem-se as quotizações sindicais, bem como as
indemnizações referidas na alínea b) do artigo 29 do Código do IRPS.
 
Artigo 6
Rendimentos empresarias e profissionais
O apuramento do rendimento colectável da segunda categoria determina-se com base
na contabilidade organizada, no regime simplificado de escrituração e na aplicação do
regime simplificado de determinação do rendimento colectável, de acordo com os
artigos 74, 73 e 33, todos do Código do IRPS, respectivamente, observando as
disposições dos artigos 30 a 38 do mesmo Código.
 
Artigo 7
Rendimentos de capitais e mais-valias

1. Para a determinação dos rendimentos da terceira categoria deve-se observar as


regras previstas nos artigos 39 a 47 do Código do IRPS e nos números seguintes
deste artigo.
2. Na determinação das mais valias o valor de aquisição ou equiparado de direitos
reais sobre os bens imóveis e afectação de quaisquer bens do património particular a
actividade empresarial e profissional exercida em nome individual pelo seu
proprietário, é corrigido pela aplicação de coeficientes, para o efeito aprovados por
despacho do Ministro que superintende a área das finanças, sempre que tenham
decorrido mais de 24 meses entre a data da aquisição e a data da alienação ou
afectação.
3. Para efeitos do número anterior a data de aquisição é a que constar do título
aquisitivo, sem prejuízo do disposto nas alíneas seguintes:

a)      No caso do valor de aquisição de imóveis construídos pelos próprios sujeitos


passivos corresponder ao valor patrimonial inscrito na matriz, acrescido dos custos de
construção devidamente comprovados, se superior àquele, é a data relevante para
efeitos de inscrição na matriz;
b)      No caso de transferência para o património particular do titular de rendimentos da
segunda categoria de quaisquer bens afectos à actividade empresarial e profissional,
considera-se valor de aquisição o valor de mercado à data da transferência.

1. Existindo divergência entre o valor real e o valor declarado da transmissão,


devidamente fundamentado, a Administração Tributária tem a faculdade de proceder
à respectiva determinação.
2. Se a divergência referida no número anterior recair sobre o valor de alienação
de acções ou outros valores mobiliários, atende-se às seguintes regras:
a)      Estando cotados em Bolsa, o valor de alienação é o da respectiva cotação à data
da transmissão ou, em caso de desconhecimento desta, o da maior cotação no ano a
que a mesma se reporta;
b)      b) Não estando cotados em Bolsa, o valor de alienação é o que lhe corresponder,
apurado com base no último balanço.

1. Na mesma situação referida nos n.ºs 4 e 5, e quando se trate de quotas sociais,


considera-se como valor de alienação o que àquelas corresponda, apurado com
base no último balanço.

 
Artigo 8
Rendimentos prediais

1. A determinação dos rendimentos da quarta categoria é feita de acordo com o


artigo 48 do Código do IRPS, deduzindo aos rendimentos brutos auferidos
anualmente os seguintes montantes:

a)      Despesas de manutenção e de conservação, realizadas pelos sujeitos inerentes


ao imóvel;
b)      Juros de empréstimos, pagos a instituições de crédito moçambicanas,
devidamente documentadas e resultantes de empréstimos para aquisição ou
construção de habitação própria;
c)      Encargos de conservação, fruição e outros, suportados obrigatoriamente e
comprovados, pelo condómino, no caso de fracção autónoma de prédio em regime de
propriedade horizontal;
d)     Imposto predial autárquico.

1. Para efeitos da dedução prevista na alínea a) do número anterior, presume-se


que as despesas correspondem a 30% do rendimento englobado, excepto no caso
de valores superiores que o sujeito passivo provar documentalmente.
2. A dedução a que se refere a alínea b) do n.º 1 só é considerada, quando
englobado o valor das respectivas rendas e até a concorrência deste montante.
3. O disposto nos n úmeros anteriores não se aplica a sublocação.

 
Artigo 9
Outros rendimentos
O apuramento dos rendimentos da quinta categoria previstos nos artigos 16 e 17,
ambos do Código do IRPS é determinado sem quaisquer deduções, considerando para
o efeito os rendimentos obtidos, de acordo com o artigo 49 do mesmo Código.
 
SECÇÃO II
Processo de determinação do rendimento colectável
Artigo 10
Declaração de rendimentos

1. Os sujeitos passivos apresentam, anualmente, a declaração referida no artigo 52


do Código do IRPS, relativa aos rendimentos do ano anterior e a outros elementos
informativos relevantes para a sua concreta situação tributária, devendo ser-lhe
juntos, fazendo dela parte integrante:

a)      Os anexos e outros documentos que para o efeito sejam mencionados no referido
modelo;
b)      Os elementos mencionados no n.º 5 do artigo 57 do Código do IRPC, quando se
aplicar o disposto no n.º 1 do artigo 14 do Código do IRPS, entendendo-se que os
valores a mencionar relativamente às acções entregues são o valor nominal e o valor
de aquisição das mesmas nos termos do artigo 45 do Código do IRPS.

1. Nas situações de co-titularidade, tratando-se de rendimentos da segunda


categoria, incumbe ao co-titular a quem pertença a respectiva administração
apresentar, na sua declaração de rendimentos, a totalidade dos elementos
contabilísticos exigidos nos termos das secções precedentes para o apuramento do
rendimento tributável, nela identificando os restantes co- titulares e a parte que lhes
couber.
2. Sempre que as declarações não forem consideradas claras ou nelas se
verifiquem faltas ou omissões, a Administração Tributária notifica os sujeitos
passivos ou os seus representantes para, por escrito, e no prazo que lhes for fixado,
não inferior a cinco, nem superior a quinze dias, prestarem os esclarecimentos
indispensáveis.

 
Artigo 11
Dispensa de apresentação de declaração
Ficam dispensados de apresentar a declaração de rendimentos os sujeitos passivos
que, no ano a que o imposto respeita:
a)      Apenas tenham auferido rendimentos tributados pelas taxas liberatórias, que não
sejam rendimentos de acções, e não optem, quando legalmente permitido, pelo seu
englobamento;
b)      Apenas tenham auferido rendimentos da primeira categoria no valor igual ou
inferior a 100 000,00MT desde que tenha sido objecto, pela totalidade, de retenção na
fonte do correspondente IRPS, podendo, se o desejarem, optar pelo englobamento.
 
Artigo 12
Contribuintes casados

1. Existindo agregado familiar, o imposto é devido pelo conjunto dos rendimentos


das pessoas que o constituem, considerando-se como sujeitos passivos aquelas a
quem incumbe a sua direcção, devendo ser apresentada uma única declaração pelos
dois cônjuges ou por um deles, se o outro for incapaz ou ausente.
2. Havendo separação de facto, cada um dos cônjuges pode apresentar
declaração dos seus próprios rendimentos e dos rendimentos dos dependentes a
seu cargo, mas, neste caso, observa-se o seguinte:

a)      Sem prejuízo do disposto na alínea c) deste número, as deduções à colecta


previstas neste regulamento, não podem exceder o menor dos limites fixados em
função da situação pessoal dos sujeitos passivos ou 50% dos restantes limites
quantitativos, sendo esta regra aplicável, com as devidas adaptações, aos abatimentos
e às deduções por benefícios fiscais;
b)      Não é aplicável o disposto no artigo 55 do Código do IRPS;
c)      Cada um dos cônjuges tem direito à dedução referida na alínea b) do n.º 1 do
artigo 60 do Código do IRPS.
 
Artigo13
Prazo de entrega das declarações

1. A declaração a que se refere o artigo 10 deste Regulamento é entregue:

a)      De Janeiro a 31 de Março do ano seguinte, quando os sujeitos passivos apenas


hajam recebido ou tenham sido colocados à sua disposição, rendimentos da primeira
categoria;
b)      De Janeiro a 30 de Abril, nos restantes casos.

1. A declaração a que se refere o número anterior é ainda apresentada nos trinta


dias imediatos à ocorrência de qualquer facto que determine alteração dos
rendimentos já declarados ou implique, relativamente a anos anteriores, a obrigação
de os declarar.
2. No caso dos sujeitos passivos com rendimentos da segunda Categoria a
declaração a que se refere o artigo 10 do presente Regulamento é entregue em
triplicado.

 Artigo 14
Local de entrega das declarações

1. As declarações e demais documentos devem ser entregues na Direcção de Área


Fiscal competente do domicílio fiscal do sujeito passivo ou conforme vier a ser
definido pela Administração Tributária.
2. O cumprimento das obrigações declarativas estabelecidas neste Regulamento
pode ainda ser efectuado através dos meios disponibilizados no sistema de
transmissão electrónica de dados, para o efeito autorizado.
 
Artigo 15
Rendimentos litigiosos
Se a determinação do titular ou do valor de quaisquer rendimentos depender de
decisão judicial, o englobamento só se faz depois de transitada em julgado a decisão, e
opera-se na declaração de rendimentos do ano em que transite.
 
Artigo 16
Sociedade conjugal

1. Se, durante o ano a que o imposto respeite, tiver falecido um dos cônjuges, é
englobada em nome do cônjuge sobrevivo a totalidade dos rendimentos auferidos
pelo agregado familiar, aplicando-se, para efeitos de apuramento da dívida do
imposto, o regime dos sujeitos passivos casados e não separados judicialmente de
pessoas e bens caso o óbito ocorra durante o segundo semestre.
2. Se durante o ano a que o imposto respeite se constituir a sociedade conjugal ou
se dissolver por declaração de nulidade ou anulação do casamento, por divórcio ou
por separação judicial de pessoas e bens, a tributação dos sujeitos passivos é feita
de harmonia com o seu estado civil em 31 de Dezembro do ano a que respeita o
rendimento, nos termos seguintes:

a)      Se forem divorciados ou separados judicialmente de pessoas e bens, devem


englobar os rendimentos próprios e a sua parte nos rendimentos comuns, se os
houver, bem como os rendimentos dos dependentes a seu cargo;
b)      Se forem casados e não separados judicialmente de pessoas e bens, devem ser
englobados todos os rendimentos próprios de cada um dos cônjuges e os rendimentos
comuns, havendo-os, bem como os rendimentos dos dependentes a seu cargo.

1. Se em 31 de Dezembro se encontrar interrompida a sociedade conjugal por


separação de facto, cada um dos cônjuges engloba os seus rendimentos próprios, a
sua parte nos rendimentos comuns e os rendimentos dos dependentes a seu cargo.
 
Artigo 17
Falecimento de titular de rendimentos
Ocorrendo o falecimento de qualquer pessoa, os rendimentos relativos aos bens
transmitidos e correspondentes ao período posterior à data do óbito são considerados,
a partir de então, nos englobamentos a efectuar em nome das pessoas que os
passaram a auferir, procedendo-se, na falta de partilha até ao fim do ano a que os
rendimentos respeitam, à sua imputação aos sucessores e ao cônjuge sobrevivo,
segundo a sua quota ideal nos referidos bens.
 
Artigo18
Notificação e fundamentação dos actos

1. Os actos de fixação ou alteração previstos no artigo 53 do Código do IRPS, são


sempre notificados aos sujeitos passivos, com a respectiva fundamentação.
2. A fundamentação deve ser expressa, através de exposição, ainda que sucinta,
das razões de facto e de direito da decisão, equivalendo à falta de fundamentação a
adopção de fundamentos que, por obscuridade, contradição ou insuficiência, não
esclareçam concretamente à sua motivação.
3. A falta de fundamentação acarreta a nulidade do acto, não produzindo quaisquer
efeitos.

 
Artigo 19
Revisão dos actos de fixação
O sujeito passivo pode, salvo em caso de aplicação do regime simplificado de
determinação do rendimento colectável, solicitar a revisão do rendimento tributável
fixado por métodos indirectos, nos termos previstos no Regulamento do Contencioso
das Contribuições e Impostos.
 
CAPÍTULO III
Liquidação
ARTIGO 20
Procedimentos e formas de liquidação

1. A liquidação do IRPS processa-se nos seguintes termos:

a)      Quando a liquidação seja efectuada pelo sujeito passivo, nos casos previstos na
alínea b) do artigo 58 do Código do IRPS, tem por base o rendimento colectável
constante da declaração;
b)      Tendo sido apresentada declaração dentro do prazo legal, sem se ter optado pela
autoliquidação, quando esta for facultativa, a liquidação tem por base o rendimento
colectável determinado com base nos elementos declarados, sem prejuízo do disposto
no n.º 4 do artigo 53 do Código do IRPS;
c)      Quando a declaração a que se refere a alínea b) do n.º 1 do artigo 13 deste
Regulamento seja apresentada dentro do prazo legal, sem que se tenha procedido à
autoliquidação, quando esta for obrigatória, a liquidação tem por base o rendimento
colectável constante da declaração, sem prejuízo da sanção estabelecida para a
infracção praticada;
d)     Na falta de apresentação da declaração dentro do prazo legal, quando a
autoliquidação seja obrigatória, a liquidação tem por base a totalidade do rendimento
colectável do ano mais próximo que se encontre determinado, e em cujo apuramento
tenham sido considerados rendimentos da segunda categoria se, não tendo sido ainda
declarada a respectiva cessação de actividade, salvo se for possível efectuar a
liquidação com base em declaração entretanto apresentada;
e)      Nos restantes casos, a liquidação tem por base os elementos de que os serviços
da Administração
f)       Tributária disponham, devendo, sempre que possível, tomar-se em consideração
os elementos constantes das declarações, ainda que entregues fora do prazo legal.

1. Para efeitos do disposto na alínea c) do número anterior, equivale à falta de


autoliquidação o não pagamento, total ou parcial, do imposto.
2. Em todos os casos previstos no número anterior, a liquidação pode ser corrigida,
se for caso disso, dentro dos cinco anos seguintes àquele a que o rendimento
respeita, cobrando-se ou anulando-se as diferenças apuradas.

 
Artigo 21
Prazo para liquidação
A liquidação do IRPS deve ser efectuada no ano imediato àquele a que os rendimentos
respeitam, nos seguintes prazos:
a)      Até 30 de Abril, do ano seguinte àquele a que respeitam os rendimentos, quando
não compreendidos na segunda categoria e nos casos em que tenha havido
autoliquidação, com base na declaração apresentada no prazo referido na alínea a) do
n.º 1 do artigo13 deste regulamento;
b)      Até ao dia 30 de Maio, com base na declaração apresentada no prazo referido na
alínea b) do n.º 1 do artigo 13 deste Regulamento e até 31 de Julho no caso previsto
na alínea d) do n.º 1 do artigo 20 do presente regulamento.
 
Artigo 22
Liquidação adicional

1. Procede-se a liquidação adicional sempre que, depois de liquidado o imposto, se


verifique ser de exigir em virtude de correcções efectuadas nos termos do disposto
no n.º 3 do artigo 20 deste Regulamento ou de fixação do rendimento tributável, nos
casos previstos no Código do IRPS, imposto superior ao liquidado.
2. Proceder-se ainda a liquidação adicional, sendo caso disso, em consequência
de:

a)      Exame à contabilidade do sujeito passivo;


b)      Erros de facto ou de direito ou omissões verificadas em qualquer liquidação, de
que haja resultado prejuízo para o Estado.
 
Artigo 23
Reforma de liquidação
Sempre que, relativamente às entidades a que se aplique o regime definido para
imputação especial, prevista no artigo 24 do Código do IRPS, haja lugar a correcções
que determinem alteração dos montantes imputados aos respectivos sócios ou
membros, os serviços competentes da Administração Tributária, procedem à reforma
da liquidação efectuada àqueles, cobrando se ou anulando-se em consequência as
diferenças apuradas.
 
Artigo 24
Juros compensatórios

1. São devidos juros compensatórios quando, por facto imputável ao sujeito


passivo, for retardada a liquidação de parte ou da totalidade do imposto devido ou a
entrega de imposto a pagar antecipadamente, bem como quando for retardada a
entrega do imposto retido ou do que o devia ter sido no âmbito da substituição
tributária ou do imposto que autonomamente deva ser liquidado e entregue nos
cofres do Estado.
2. São igualmente devidos juros compensatórios nos termos referidos no n.º 1
quando o sujeito passivo, por facto a si imputável, tenha recebido reembolso superior
ao devido.
3. Para efeitos do disposto no número anterior, considera-se também haver lugar a
juros compensatórios quando, por facto imputável ao contribuinte, este aufira
reembolso superior ao devido.
4. Os juros compensatórios contam-se dia a dia desde o termo do prazo de
apresentação da declaração ou o termo do prazo de entrega do imposto retido ou
autonomamente liquidado ou do que o devia ter sido até ao suprimento ou correcção
da falta que motivou o retardamento da liquidação.
5. Entende-se haver sempre retardamento da liquidação do imposto quando as
declarações de rendimentos a que se refere o artigo 10 deste Regulamento sejam
apresentadas fora dos prazos estabelecidos.
6. A taxa de juros compensatórios corresponde à taxa interbancária (MAIBOR —
12 meses), acrescida de 2 pontos percentuais, em vigor na data da entrega do
imposto retido ou do que o devia ter sido ou da entrega do imposto que
autonomamente deva ser liquidado e entregue nos cofres do Estado.
7. Os juros compensatórios devidos são liquidados conjuntamente com:

a)      O imposto devido, sempre que a liquidação ou o apuramento deste devam ser
efectuados pela
b)      Administração Tributária;
c)      O imposto retido ou que o devia ter sido, bem como o imposto que
autonomamente deva ser liquidado e entregue nos cofres do Estado, sempre que as
entidades devedoras cumpram as obrigações de entrega, fora dos prazos legalmente
estabelecidos.
 
Artigo 25
Prazo de caducidade

1. A liquidação do IRPS, ainda que adicional, e, bem assim, a reforma da


liquidação só podem efectuar-se nos cinco anos seguintes àquele a que o
rendimento respeite, devendo, dentro do mesmo prazo, ser notificada ao sujeito
passivo.
2. A propositura da acção de liquidação do imposto, no caso de rendimentos
litigiosos, determina a suspensão da contagem do prazo de caducidade até ao
trânsito em julgado da decisão 3. Em caso de ter sido efectuado reporte de resultado
líquido negativo, o prazo de caducidade é o do exercício desse direito.

 
Artigo 26
Revisão oficiosa
1. Sempre que, por motivos imputáveis aos serviços ou por duplicação de colecta,
da liquidação tenha resultado imposto superior ao devido, procede-se à revogação
total ou parcial daquela.
2. Revogado o acto de liquidação, é emitida a correspondente nota de crédito.
3. O crédito ao reembolso de importâncias indevidamente cobradas pode ser
satisfeito por ordem de pagamento ou por compensação nos termos previstos na lei.

 
Artigo 27
Juros indemnizatórios

1. Sempre que, estando pago o imposto, se determine em processo gracioso ou


judicial que na liquidação houve erro imputável aos serviços, são contados juros
correspondentes à taxa de juro interbancária (MAIBOR — 12 meses) acrescida de 2
pontos percentuais, a favor do sujeito passivo.
2. O juro é contado dia a dia, desde a data do pagamento do imposto até à da
emissão da nota de crédito, na qual é incluído.

 
CAPÍTULO IV
Pagamento
Artigo 28
Pagamento do imposto

1. O IRPS deve ser pago até ao dia 31 de Maio, do ano seguinte àquele a que
respeitam os rendimentos, excepto nos seguintes casos:

a)      Quando a liquidação seja efectuada no prazo previsto na primeira parte da


alínea b) do artigo 21 do presente Regulamento, caso em que o imposto devido deve
ser pago até 30 de Junho;
b)      Quando a liquidação seja efectuada nos termos da alínea do n.º 1 do artigo 20
deste Regulamento, caso em que o imposto liquidado deve ser pago até 31 de Agosto,
acrescidos os juros compensatórios que se mostrarem devidos.
1. As importâncias efectivamente retidas ou pagas nos termos dos artigos 29 a 33
deste Regulamento, são deduzidas ao valor do imposto respeitante ao ano em que
ocorreu a retenção ou pagamento, sem prejuízo da aplicação das regras do reporte
de rendimento.

 
Artigo 29
Retenção na fonte-regras gerais

1. Nos casos previstos nos artigos 30 a 32 deste Regulamento e noutros


estabelecidos na lei, a entidade devedora dos rendimentos sujeitos a retenção na
fonte é obrigada, no acto do pagamento, do vencimento, ainda que presumido, da
sua colocação à disposição, da sua liquidação ou do apuramento do respectivo
quantitativo, consoante os casos, ou, tratando-se de comissões, pela intermediação
na celebração de quaisquer contratos, no acto do seu pagamento ou colocação à
disposição, a deduzir-lhes as importâncias correspondentes à aplicação das taxas
neles previstas por conta do imposto respeitante ao ano em que esses actos
ocorrem.
2. As quantias retidas devem ser entregues nas Direcções de Áreas Fiscais do
domicílio fiscal do sujeito passivo, nos prazos indicados nos números seguintes.
3. As quantias retidas nos termos dos artigos 30 a 32 deste regulamento, devem
ser entregues até ao dia 20 do mês seguinte àquele em que foram deduzidas.
4. Sempre que se verifiquem incorrecções nos montantes retidos, devidas a erros
imputáveis à entidade devedora dos rendimentos, deve a sua rectificação ser feita na
primeira retenção a que deva proceder-se após a detecção do erro, sem porém,
ultrapassar o último período de retenção anual.

 
Artigo 30
Retenção sobre rendimentos da primeira categoria
1. As entidades devedoras de rendimentos de trabalho dependente, fixos ou
variáveis, com excepção das pensões, incluindo as de alimentos, são obrigadas a
reter o imposto no momento do seu pagamento ou colocação à disposição dos
respectivos titulares, com excepção dos rendimentos provenientes de:

a)      Subsídios de residência ou equivalentes a utilização de casa de habitação


fornecida pela entidade patronal, excepto casas próprias localizadas no recinto do
empreendimento e os resultantes da utilização pessoal pelo trabalhador ou membro de
órgão social, desde que não sejam certas e regulares;
b)      Utilização de viatura automóvel que gere encargos para a entidade patronal,
quando exista acordo escrito entre o trabalhador ou membro do órgão social e a
entidade patronal, sobre a imputação àquele da referida viatura automóvel, desde que
não sejam certas e regulares;
c)      Gratificações auferidas pela prestação ou em razão da prestação do trabalho,
quando não atribuídas pela respectiva entidade patronal.

1. As entidades devedoras e os titulares de rendimentos do trabalho dependente


são obrigados, respectivamente:

a)      A solicitar ao sujeito passivo, no início do exercício de funções ou antes de ser


efectuado o primeiro pagamento ou colocado à disposição, os dados indispensáveis
relativos à sua situação pessoal e familiar;
b)      A prestar a informação a que se refere a alínea anterior, em declaração
apresentada em dois exemplares, sendo um destinado à entidade patronal e o outro a
ser entregue em qualquer Direcção de Área Fiscal.
 
Artigo 31
Retenção na fonte de rendimentos fixos ou variáveis
As entidades que paguem ou coloquem à disposição rendimentos do trabalho
dependente fixos ou variáveis, devem, no momento do seu pagamento ou colocação à
disposição, reter o imposto de harmonia com as disposições estabelecidas em Diploma
Ministerial do Ministro que superintende a área das finanças.
 
Artigo 32
Retenção sobre rendimentos de outras categorias

1. As entidades que disponham ou devam dispor de contabilidade organizada são


obrigadas a reter o imposto, mediante a aplicação da taxa de 20%, aos rendimentos
ilíquidos de que sejam devedoras, sem prejuízo do disposto no número seguinte,
tratando-se:

a)      De rendimentos de capitais;


b)      De rendimentos prediais;
c)      De rendimentos provenientes da propriedade intelectual ou industrial ou da
prestação de informações respeitantes a uma experiência no sector industrial,
comercial ou científico, auferidos por titulares originários;
d)     De rendimentos do trabalho independente ou de comissões pela intermediação na
celebração de quaisquer contratos.

1. Tratando-se de rendimentos sujeitos a tributação pelas taxas liberatórias,


previstas no artigo 57 do Código do IRPS:

a)      As entidades devedoras dos rendimentos deduzem a importância correspondente


às taxas nele fixadas;
b)      As entidades que paguem ou coloquem à disposição dos respectivos titulares,
residentes em território moçambicano, por conta de entidades que não tenham aqui
residência, sede, direcção efectiva ou estabelecimento estável a que possa imputar-se
o pagamento, rendimentos de títulos nominativos ou ao portador, deduzem a
importância correspondente à taxa de 20%.

1. Para aplicação da taxa de 20% prevista no n.º 1, aos rendimentos prediais é


tomado em consideração a dedução de 30% a título de despesas de manutenção e
conservação a que se refere o n.º 1 do artigo 48 do Código do IRPS.
2. Consideram-se rendimentos de trabalho independente, para efeitos do n.º 1, os
correspondentes a pagamentos que tenham lugar em remuneração de trabalho
técnico ou científico, exercido em regime livre, incluindo serviço de consultorias,
estudos, pareceres e outros trabalhos ou actividades da mesma natureza, sempre
que no seu desempenho predomine carácter científico, técnico ou artístico da
respectiva profissão.

 
Artigo 33
Pagamentos por conta

1. A titularidade de rendimentos da segunda categoria determina, para os


respectivos sujeitos passivos, a obrigatoriedade de efectuarem três pagamentos por
conta do imposto devido a final, de montantes iguais, arredondados por excesso,
para milhar de meticais até ao dia 20 de cada um dos meses de Junho, Setembro e
Novembro.
2. A totalidade dos pagamentos por conta é igual a 80% do montante resultante da
aplicação da percentagem resultante da participação dos rendimentos da segunda
categoria no total dos rendimentos englobados, ao IRPS do exercício anterior,
liquidado nos termos dos artigos 20 e seguintes, do Regulamento.
3. Cessa a obrigatoriedade de serem efectuados os pagamentos por conta quando:

a)      Os sujeitos passivos verifiquem, pelos elementos de que disponham, que os


montantes das retenções que lhes tenham sido efectuadas sobre os rendimentos das
categorias referidas no n.º1, acrescidos dos pagamentos por conta eventualmente já
feitos e relativos ao próprio ano, sejam iguais ou superiores ao imposto total que é
devido;
b)      Deixem de ser auferidos rendimentos da segunda categoria que os tornam
obrigatórios.

1. Os pagamentos por conta podem ser reduzidos pelos sujeitos passivos quando
o pagamento por conta a efectuar for superior à diferença entre o imposto total que
os sujeitos passivos julgarem devido e os pagamentos e retenções já feitos.
2. Verificando-se, pela declaração de rendimentos do ano a que respeita o
imposto, que, em consequência da cessação ou redução dos pagamentos por conta,
deixou de pagar-se uma importância superior a 20% da que, em condições normais,
teria sido entregue, há lugar a juros compensatórios desde o termo do prazo em que
cada entrega devia ter sido efectuada até ao termo do prazo para a apresentação da
declaração ou até a data da autoliquidação, se anterior.
3. Os juros compensatórios referidos no número anterior são calculados nos
termos e à taxa prevista no artigo 24 deste Regulamento, contando-se dia a dia
desde o termo do prazo fixado para cada pagamento até à data em que, por lei, a
liquidação deva ser feita.

 
Artigo 34
Pagamento fora do prazo normal
Quando, por qualquer razão, não se proceda à liquidação no prazo previsto no artigo
21 do presente Regulamento, o sujeito passivo é notificado para satisfazer o imposto
devido no prazo de trinta dias a contar da notificação.
 
Artigo 35
Local de pagamento

1. O pagamento do IRPS deve ser pago nas Recebedorias de Fazenda


competentes, que funcionem junto das Direcções de Áreas Fiscais, podendo ainda
ser efectuado nos bancos autorizados ou em qualquer outro local determinado por
lei.
2. No caso de cobrança coerciva, o pagamento é efectuado nas Recebedorias de
Fazenda da instituição onde estiver pendente o respectivo processo executivo ou nos
bancos autorizados.

 
Artigo 36
Meios de pagamento
1. O pagamento do IRPS é efectuado em moeda corrente ou por cheque, débito
em conta, transferência conta a conta, vale postal ou outros meios utilizados pelos
serviços dos correios ou pelas instituições de crédito, que a lei expressamente
autorize.
2. Se o pagamento for efectuado por meio de cheque, a extinção de imposto só se
verifica com o recebimento efectivo da respectiva importância, não sendo, porém,
devidos juros de mora pelo tempo que mediar entre a entrega ou expedição do
cheque e aquele recebimento, salvo se não for possível fazer a cobrança integral da
dívida por falta de provisão.

 
Artigo 37
Cobrança coerciva

1. Findos os prazos de pagamento previstos neste Regulamento sem que o


mesmo se mostre efectuado, é extraída pelos Serviços da Administração Tributária
certidão de relaxe com base nos elementos de que disponha para efeitos de
cobrança coerciva.
2. Nos casos de substituição tributária, bem como nos casos em que o imposto
deva ser autonomamente liquidado e entregue nos cofres do Estado, a
Administração Tributária, independentemente do procedimento contravencional ou
criminal que no caso couber, notifica as entidades devedoras para efectuarem o
pagamento do imposto e juros compensatórios devidos, no prazo de 30 dias a contar
da notificação, com as consequências previstas no número anterior para a falta de
pagamento.

 
CAPÍTULO V
Obrigações acessórias
Artigo 38
Declaração de inscrição, alterações e cessação de actividade
As pessoas singulares que iniciem uma actividade susceptível de produzir rendimentos
da segunda categoria, devem apresentar as declarações previstas na alínea a) do n.º 1
do artigo 36 do Regulamento do Código do IRPC, conforme os casos.
 
Artigo 39
Declaração anual de informação contabilística e fiscal

1. Os sujeitos passivos de IRPS que aufiram rendimentos da segunda categoria


devem entregar anualmente uma declaração de informação contabilística e fiscal
relativa ao ano anterior, quando possuam ou sejam obrigados a possuir contabilidade
organizada ou quando estejam obrigados à apresentação de qualquer dos anexos
que dela fazem parte integrante.
2. A declaração referida no número anterior, deve ser apresentada com os
documentos a seguir indicados, podendo se o desejarem entregar em formato
electrónico:

a)      A Declaração de compromisso de honra do técnico de contas autenticada pelo


Director de Área Fiscal;
b)      Balancetes analíticos antes e após apuramento do resultado do exercício;
c)      Balanço de modelo previsto no Plano Geral de Contabilidade;
d)     Listagem dos beneficiários dos donativos concedidos;
e)      Mapa demonstrativo da determinação de resultados em relação a obras de
carácter plurianual, prevista no artigo 19 do Código do IRPC;
f)       Mapa de modelo oficial das reintegrações e amortizações contabilizadas;
g)      Mapa de modelo oficial das provisões.

1. A declaração referida no número anterior, deve ser apresentada até ao último


dia útil do mês de Junho, em triplicado, na Direcção de Área Fiscal do contribuinte.

 
Artigo 40
Cessação de actividade
1. O sujeito passivo que desista de iniciar ou cesse alguma actividade susceptível
de produzir rendimentos da segunda categoria deve comunicar o facto, no prazo de
30 dias a contar da data da cessação da actividade.
2. Relativamente às actividades comerciais e industriais, a cessação considera-se
verificada quando:

a)      Deixem de praticar-se habitualmente actos de natureza comercial ou industrial, se


não houver imóveis afectos ao exercício da actividade;
b)      Termine a liquidação das existências e a venda dos equipamentos, se os imóveis
afectos ao exercício da actividade pertencerem ao dono do estabelecimento;
c)      Se extinga o direito ao uso e fruição dos imóveis afectos ao exercício da
actividade ou lhe seja dado outro destino, quando tais imóveis não pertençam ao
sujeito passivo;
d)     Seja partilhada a herança indivisa de que o estabelecimento faça parte, mas sem
prejuízo do disposto nas alíneas anteriores;
e)      Se dê a transferência, a qualquer outro título, da propriedade ou da exploração do
estabelecimento.

1. Quanto às actividades agrícolas, silvícolas ou pecuárias, a cessação considera-


se verificada quando deixe de ser exercida a actividade e tenha terminado a
liquidação das existências e a transmissão dos equipamentos ou a afectação destes
a outras actividades.

 
Artigo 41
Emissão de recibos e facturas

1. Os titulares dos rendimentos da segunda categoria são obrigados:

a)      A passar recibo, em impresso de modelo oficial, de todas as importâncias


recebidas dos seus clientes, pelas prestações de serviço referidas na alínea b) do n.º 2
do artigo 8 do Código do IRPS, ainda que a título de provisão, adiantamento ou
reembolso de despesas, bem como dos rendimentos indicados na alínea c) do n.º 2 do
mesmo artigo;
b)      A emitir factura ou documento equivalente por cada transmissão de bens,
prestação de serviços ou outras operações efectuadas, e a emitir documento de
quitação de todas as importâncias recebidas.

1. No caso de lhes aproveitar a dispensa de obrigações de facturação, nos termos


do n.º 1 do artigo 31 do Código do IVA, são os mesmos titulares obrigados a
observância do disposto nos demais números do referido preceito, com as
necessárias adaptações.
2. Os titulares dos rendimentos que provêm da prática de actos isolados,
decorrentes do exercício de qualquer actividade comercial, industrial, agrícola,
silvícola ou pecuária e os provenientes da prática de actos isolados, auferidos no
exercício, por conta própria de qualquer actividade de prestação de serviços, ainda
que conexas com qualquer actividade acima mencionadas, ficam dispensados do
cumprimento das obrigações previstas nas alíneas a) e b) do n.º 1 deste artigo, sem
prejuízo de deverem emitir recibo de quitação das importâncias recebidas.
3. As pessoas que paguem rendimentos previstos no artigo 8 do Código do IRPS
são obrigadas a exigir os respectivos recibos, facturas ou documentos equivalentes e
a conservá-los durante os cinco anos civis subsequentes, salvo se tiverem de dar-
lhes outro destino devidamente justificado.

 
Artigo 42
Livros de registo

1. Os livros referidos no artigo 73 do Código do IRPS devem ser apresentados,


antes de utilizados, com as folhas devidamente numeradas, na Direcção da
respectiva Área Fiscal para que sejam assinados os seus termos de abertura e
encerramento e rubricadas as respectivas folhas, podendo ser utilizada a chancela.
2. A escrituração dos livros referidos no número anterior obedece às seguintes
regras:
a)      Os lançamentos devem ser efectuados no prazo máximo de 60 dias;
b)      As importâncias recebidas a título de provisão, adiantamento ou a qualquer  outro
destinadas a custear despesas da responsabilidade dos clientes devem ser registadas
em conta corrente e escrituradas no respectivo livro, sendo consideradas como receita
no ano posterior ao da sua recepção, sem contudo exceder a apresentação da conta
final relativa ao trabalho prestado;
c)      Os lançamentos devem ser sempre suportados por documentos comprovativos;
d)     Sem prejuízo do disposto nas alíneas anteriores, a escrituração das despesas
pode ser efectuada globalmente, quando apoiada em contas correntes individuais dos
clientes em que aquelas se encontrem devidamente discriminadas e documentadas.
 
Artigo 43
Centralização, arquivo e escrituração de livros

1. Os sujeitos passivos são obrigados a centralizar a contabilidade ou a


escrituração dos livros referidos nos artigos anteriores no seu domicílio fiscal ou em
estabelecimento estável ou instalação situados em território moçambicano, devendo
neste último caso indicar, na declaração de registo ou na declaração periódica de
rendimentos, a sua localização.
2. Os sujeitos passivos são obrigados a arquivar os livros da sua escrituração e os
documentos relacionados com a sua actividade, devendo conservá-los em boa
ordem durante os dez anos civis subsequentes.

 
Artigo 44
Comunicação de rendimentos e retenções

1. As entidades devedoras de rendimentos que estejam obrigadas a efectuar a


retenção, total ou parcial, do imposto, com excepção dos casos previstos no artigo
57 do Código do IRPS, em que a retenção tenha natureza liberatória, são obrigados
a:
a)      Possuir registo actualizado das pessoas credoras desses rendimentos, ainda que
não tenha havido lugar a retenção do imposto, do qual constem, nomeadamente, o
nome, número fiscal e respectivo código, bem como a data e valor de cada pagamento
ou dos rendimentos em espécie que lhes tenham sido atribuídos;
b)      Entregar aos sujeitos passivos, até 20 de Janeiro de cada no, documento
comprovativo das importâncias devidas no ano anterior, incluindo, quando for caso
disso, as correspondentes aos rendimentos em espécie que lhes hajam sido atribuídos,
do imposto retido na fonte e das deduções a que eventualmente haja lugar;
c)      Entregar à Administração Tributária uma declaração de modelo aprovado ou em
suporte informático, relativa àqueles rendimentos, em triplicado, durante os meses de
Janeiro a Março, de cada ano.

1. Tratando-se de rendimentos de quaisquer títulos nominativos ou ao portador e


de juros de depósitos à ordem ou a prazo cujos titulares sejam residentes em
território moçambicano, o documento referido na alínea b) do número anterior
apenas será emitido a solicitação expressa dos sujeitos passivos que pretendam
optar pelo englobamento, ficando, neste caso, a entidade devedora obrigada a dar
cumprimento ao disposto nas alíneas a) e c) do número anterior.
2. O documento referido na alínea b) do n.º 1 deve ser junto à declaração de
rendimentos do ano a que respeita e deve conter declaração expressa dos sujeitos
passivos autorizando a Administração Tributária a averiguar, junto das respectivas
entidades, se em seu nome ou em nome dos membros do seu agregado familiar
existem, relativamente ao mesmo período de tributação, outros rendimentos da
mesma natureza.
3. Não é considerada a opção pelo englobamento se não for cumprido o disposto
no número anterior.
4. O registo, documento e declaração a que se referem as alíneas a) a c) do n.º 1
devem individualizar os rendimentos devidos que, nos termos da lei, não foram
objecto de retenção na fonte.
5. Sem prejuízo do cumprimento das obrigações previstas nos números anteriores,
quanto aos casos nele previstos, as entidades devedoras de rendimentos a sujeitos
passivos não residentes que estejam obrigadas a efectuar a retenção total ou parcial
do imposto são obrigadas a entregar à Administração Tributária, durante os meses
de Janeiro a Março, de cada ano, uma declaração, em triplicado, relativa àqueles
rendimentos em impresso de modelo a aprovar por despacho do Ministro que
superintende a área das finanças ou em suporte informático.

 
Artigo 45
Rendimentos isentos, dispensados de retenção
As entidades devedoras dos rendimentos a que se refere o artigo 57 do Código do
IRPS, cujo os titulares beneficiam de isenção, dispensa de retenção ou redução de
taxa, são obrigadas a:
a)      Entregar à Administração Tributária, durante os meses de Janeiro a Março de
cada ano, uma declaração, em triplicado, relativa àqueles rendimentos, em impresso
de modelo aprovado oficialmente ou em suporte informático;
b)      Possuir registo actualizado dos titulares desses rendimentos em conformidade
com o seu regime fiscal, bem como os documentos comprovativos da isenção, da
dispensa de retenção na fonte ou de redução de taxa.
 
Artigo 46
Informação das seguradoras
As empresas de seguros devem comunicar à Administração Tributária, até 30 de Junho
de cada ano, em impresso de modelo aprovado oficialmente ou por suporte informático,
relativamente ao ano anterior e ao seguro de vida, os resgates de apólices de seguros
de grupo e os resgates ou adiantamentos de apólices de
seguros individuais efectuados antes de terem decorrido cinco anos após a sua
constituição, dele devendo constar:
a)      O número da apólice e as datas de constituição do seguro, do seu resgate ou
adiantamentos;
b)      A identificação fiscal da entidade que constituiu o seguro e da entidade que
beneficiou do resgate ou adiantamentos;
c)      O montante total dos prémios pagos durante a vigência da respectiva apólice.
 
Artigo 47
Notários e conservadores
Os notários e conservadores são obrigados a enviar à Administração Tributária, até ao
dia 15 de cada mês, relação dos actos praticados nos seus cartórios e conservatórias e
das decisões transitadas em julgado no mês anterior dos processos a seu cargo, que
sejam susceptíveis de produzir rendimentos sujeitos a IRPS, mediante impresso de
modelo aprovado oficialmente ou por suporte informático.
 
Artigo 48
Sociedades corretoras e sociedades financeiras de corretagem
As sociedades corretoras, as sociedades financeiras de corretagem e as outras
instituições financeiras devem comunicar à Administração Tributária, até ao final do
mês de Fevereiro de cada ano, relativamente a cada sujeito passivo, mediante modelo
aprovado oficialmente ou por suporte informático:
a)      O número total de acções e outros valores mobiliários alienados com a sua
intervenção, bem como o respectivo valor;
b)      O número de contratos de instrumentos financeiros derivados, bem como o
respectivo valor, adquiridos ou vendidos com a sua intervenção e, bem assim, aqueles
em que se verifiquem situações de vencimento, exercício ou outras formas de extinção
do contrato.
 
Artigo 49
Documentos comprovativos de encargos

1. As instituições de crédito e as companhias de seguros devem entregar aos


sujeitos passivos, até 31 de Janeiro, documento comprovativo de juros, prémios de
seguros de vida e outros encargos, pagos por aqueles no ano anterior e que possam
ser deduzidos ou abatidos aos seus rendimentos, nos casos previstos neste
Regulamento.
2. Dentro do mesmo prazo, as restantes entidades que recebam juros ou paguem
quaisquer despesas susceptíveis de dedução ou abatimento nos rendimentos,
devem entregar aos sujeitos passivos documento comprovativo de tais pagamentos.

 
Artigo 50
Obrigações comprovativas dos elementos das declarações

1. As pessoas sujeitas a IRPS devem apresentar, no prazo que lhes for fixado, os
documentos comprovativos dos rendimentos auferidos, das deduções e abatimentos
e de outros factos ou situações mencionadas na respectiva declaração, quando a
Administração Tributária os exija.
2. A obrigação estabelecida no número anterior mantém-se durante os cinco anos
seguintes àquele a que respeitem os documentos.
3. O extravio dos documentos referidos no n.º 1 por motivo não imputável ao
sujeito passivo não o impede de utilizar outros elementos de prova daqueles factos.

 
Artigo 51
Representantes

1. Os não residentes que obtenham rendimentos sujeitos a IRPS, bem como os


que, embora residentes em território nacional, se ausentem deste por um período
superior a seis meses devem, para efeitos tributários, designar uma pessoa singular
ou colectiva com residência ou sede em Moçambique para os representar perante a
Administração Tributária e garantir o cumprimento dos seus deveres fiscais.
2. A designação a que se refere o n.º 1 é feita na declaração de início de actividade
ou de registo de número de contribuinte, devendo nela constar expressamente a sua
aceitação pelo representante.
3. Na falta de cumprimento do disposto no n.º 1 e independentemente da sanção
que ao caso couber, não há lugar às notificações previstas no Código do IRPS ou no
respectivo regulamento, sem prejuízo de os sujeitos passivos poderem tomar
conhecimento das matérias a que as mesmas respeitam junto do serviço que, para o
efeito, seja competente.

 
Artigo 52
Pluralidade de obrigados
Se a obrigação acessória impender sobre várias pessoas, o cumprimento por uma
delas exonera as restantes.
 
CAPÍTULO VI
Fiscalização
Artigo 53
Entidades fiscalizadoras
O cumprimento das obrigações tributárias dos sujeitos passivos é fiscalizado pelos
órgãos competentes da administração tributária, nos termos da Lei n.º 2/2006, de 22 de
Março, e do Regulamento do Procedimento de Fiscalização Tributária, aprovado pelo
Decreto n.º 19/2005, de 22 de Junho.
 
Artigo 54
Dever de colaboração
Os serviços, estabelecimentos e organismos do Estado e das autarquias locais,
incluindo os dotados de autonomia administrativa ou financeira e ainda que
personalizados, as associações e federações de municípios, bem como outras pessoas
colectivas de direito público, as pessoas de utilidade pública, as instituições particulares
de solidariedade social e as empresas devem, dentro dos limites da razoabilidade,
prestar toda a colaboração que lhe for solicitada pelos serviços competentes da
administração tributária, nos termos da Lei n.º 2/2006, de 22 de Março.
 
CAPÍTULO VII
Disposições finais e diversas
Artigo 55
Garantias dos contribuintes
Os sujeitos passivos do IRPS, os seus representantes e as pessoas solidárias ou
subsidiariamente responsáveis pelo pagamento do imposto podem reclamar contra a
respectiva liquidação ou impugná-la nos termos e com os fundamentos estabelecidos
no Regulamento do Contencioso das Contribuições e Impostos e na Lei n.º 2/2006, de
22 de Março.
                                                                      
Artigo 56
Ano fiscal
Para efeitos do IRPS, o ano fiscal coincide com o ano civil.
 
Artigo 57
Declarações e outros documentos
Sempre que, neste regulamento, não se exija a utilização de impressos de modelo
oficial, podem as declarações, relações, requerimentos ou outros documentos ser
apresentados em papel comum de formato A4, ou em suporte que, com os requisitos
estabelecidos pela Administração Tributária, permita tratamento informático.
 
Artigo 58
Assinatura das declarações

1. As declarações devem ser assinadas pelos sujeitos passivos ou pelos seus


representantes legais ou por gestor de negócios, devidamente identificados.
2. São recusadas as declarações que não estiverem devidamente assinadas, sem
prejuízo das sanções estabelecidas para a falta da sua apresentação.

 
Artigo 59
Recibo de documento
1. Quando, neste regulamento, se mande efectuar a entrega de declarações ou
outros documentos em mais de um exemplar, um deles deve ser devolvido ao
apresentante, com menção de recebimento.
2. Nos casos em que a lei determine a apresentação de declaração ou outros
documentos num único exemplar, pode o obrigado entregar cópia do mesmo para
efeitos do disposto no número anterior.

 
Artigo 60
Envio de documentos pelo correio

1. As declarações e outros documentos que, nos termos deste regulamento,


devam ser apresentados em qualquer serviço da Administração Tributária podem ser
remetidos pelo correio, sob registo postal, acompanhados de um sobrescrito,
devidamente endereçado, para a devolução imediata dos duplicados ou dos
documentos, quando for caso disso.
2. No caso previsto no número anterior, considera-se que a remessa foi efectuada
na data constante do carimbo dos Correios de Moçambique ou na data do registo.
3. Ocorrendo extravio, a Administração Tributária pode exigir 2.ª via, que, para
todos os efeitos, se considera como remetida na data em que, comprovadamente, o
tiver sido o original.

 
ARTIGO 61
Registo dos sujeitos passivos

1. Com base nas declarações periódicas de rendimentos, de início de actividade ou


de outros elementos de que disponha, a Administração Tributária deve organizar e
manter actualizado um registo de sujeitos passivos de IRPS.
2. Sempre que ocorra qualquer alteração relativa à situação pessoal ou familiar do
sujeito passivo de IRPS, deve esta ser comunicada:

a)      Na declaração de rendimentos respeitante ao ano da verificação dos factos;


b)      Em declaração de modelo oficial a apresentar durante o mês de Janeiro do ano
seguinte àquela verificação, caso o sujeito passivo não esteja obrigado à apresentação
da declaração de rendimentos.

1. O cancelamento do registo respeitante a não residentes é feito em face da


declaração da cessação de actividade em território moçambicano ou de declaração
de alienação das suas fontes de rendimento tributável nesse território, as quais
devem ser apresentadas até ao final do mês seguinte ao da verificação desses
factos.

 
Artigo 62
Classificação das actividades
As actividades exercidas pelos sujeitos passivos do IRPS são classificadas, para
efeitos deste imposto, de acordo com a Classificação das Actividades Económicas
(CAE), do Instituto Nacional de Estatística.

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