XXIX Congresso da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música – Pelotas - 2019

Os vestígios e a evolução musical na Pré-História

MODALIDADE: INICIAÇÃO CIENTÍFICA

SUBÁREA: Musicologia

Jéssica de Moura Cruz

UNICAMP – jessica.moura.c@hotmail.com

Resumo: Este trabalho busca trazer um breve esclarecimento relacionados à evolução da música
na Pré-História, com o objetivo de elucidar os vestígios musicais deste período. Foi utilizado para
a composição e enriquecimento deste diversas pesquisas bibliográficas em livros e artigos já
publicados. Verificou-se, como consideração final que a música sofreu grandes transformações no
decorrer do avanço da humanidade, sendo grandemente influenciada pelos acontecimentos
históricos e evolução natural..

Palavras-chave: Musicais. Pré-História. Humanidade. Evolução.

Title of the Paper in English: Traces and Musical Evolution in Prehistory

Abstract: This work seeks to bring a brief clarification related to the evolution of music in
Prehistory, with the purpose of elucidating the musical traces of this period. It was used for the
composition and enrichment of this diverse bibliographical research in books and articles already
published. As a final consideration, music has undergone great transformations in the course of the
advancement of humanity, being greatly influenced by historical events and natural evolution.

Keywords: Musical. Prehistory. Humanity. Evolution.

1. 1. A origem da música na Pré-História

A Pré-História, também chamada de Idade da Pedra, que engloba o aparecimento
do homem, há cerca de 500.000 a.C., e o surgimento da escrita, por volta de 4.000 a.C.
Lembrando somente que os períodos são datas aproximadas, pois não pode se informar com
clareza quando se termina um período ou outro, até porque a evolução destes aconteceram de
forma diferente em cada parte do planeta, e em alguns locais alguns destes simplesmente não
aconteceram. Segue abaixo, breve resumo dos períodos:

• Paleolítico ou Idade da Pedra Lascada (de 500.000 a 10.000 a.c), que por sua vez se
subdivide em outros três períodos, sendo estes Paleolítico Inferior, Paleolítico Médio e
Paleolítico Superior;
• Mesolítico ou Idade Média da Pedra (12.000 a 8.000 a.c);
• Neolítico ou Idade da Pedra Polida (10.000 a 4.000 a.c);
• Idade do Cobre e Idade do Bronze (aproximadamente 3300 a 1200 a.C.).

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No início, os sons musicais eram criados na tentativa de reproduzir sons que este
ouvia na natureza, como o canto de pássaros, vento, trovões e demais ruídos naturais inclusive
os das batidas do coração. Para isso, este utilizava além de seu próprio corpo através de
palmas e de vocalização, percussão corporal ou com a matéria prima existente na época, como
ossos, madeira ou peles de animais.
Não se sabe ao certo qual seria a utilização dos instrumentos musicais, os únicos indícios
deste período são artefatos arqueológicos encontrados e gravuras rupestres em paredes que
ilustram a existência de instrumentos musicais, mas mesmo com estes achados ainda não é
possível reproduzir os sons produzidos na época e estipular ao certo qual a utilização da
música naquele período, estando provavelmente ligado à caça, rituais e celebrações da época
em oferecimento à deuses.

Figura 1: Pintura Rupestre

Tais indícios demonstram a existência de instrumentos musicais bem como a

dança em seus primórdios no início da evolução dos instrumentos musicais, mas não se sabia
ao certo qual a serventia daqueles para os primitivos.

[...] não se pode falar em música enquanto as manifestações sonoras são

esporádicas e individuais. A música supõe um mínimo de organização e um
esforço de adaptação dos corpos sonoros a uma finalidade prática, quando
não artística: expressão vocal do querer, mais ou menos adaptada a uma
comunicação entre indivíduos, bater das mãos uma na outra ou no corpo,
percussão de objetos em si, com o objetivo de acentuar a força expressiva
22 do gesto “sonorizando-o” (colares, cintos, pulseiras rudimentares) ,
prática coletiva dessa expressão audiovisual (CANDÉ, 1994, p. 45).

No início não havia nenhuma espécie de notação ou escrita musical, tendo esta
aparecido somente bem mais tarde, após a invenção da escrita no final do 4º milénio pelos
sumérios, segundo fósseis localizados nesta região que fazia menção à afinação, instrumentos

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musicais e composições. A escrita deste período era cuneiforme, sendo gravada em tabuletas
feitas de argila utilizando sequências verticais representando pictogramas com objetos em
forma de cunha, dando nome a escrita da época.

Figura 2: A escrita representava pictogramas, que eram gravados em tabuletas de argila utilizando uma cunha
para gravação.

2. 2. SURGIMENTO DOS PRIMEIROS INSTRUMENTOS MUSICAIS

Os instrumentos musicais mais antigos já encontrados, há cerca de 40.000 anos
atrás, datam do período Paleolítico Inferior sendo estes feitos com ossos de animais e são
considerados os primeiros instrumentos musicais já localizados. Na imagem abaixo vemos um
instrumento com cerca de 35 mil anos de idade, feito de osso de abutre e no formato do que
conhecemos hoje como flauta. Os instrumentos na época eram pouco desenvolvidos e
possuíam poucos orifícios e um pequeno alcance de notas e pouco controle.

Figura 3: Flauta feita de osso de abutre descoberta na caverna de Hohle Fels, Alemanha com cerca de 35 mil
anos.

Cada período da Pré-História possuiu suas particularidades e apresenta uma

evolução na trajetória do surgimento da música. Esta evolução fica melhor elucidada através

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da tabela a seguir, onde Candé (1994) faz uma demonstração da evolução da música conforme
os períodos:

Figura 4: Evolução da música por períodos

Como já citado anteriormente, é difícil datar ao certo quando ocorreram certas

evoluções e surgimentos de outros instrumentos. Michels (2003) relata que foi por volta de
10.000 a 4.000 a.C., dentro do período Neolítico surgiram os primeiros instrumentos musicais
mais controláveis e de provável utilização religiosa, sendo estes tambores e matracas feitas de
argila e ornamentadas com animais ou simulando o formato humano.

A evolução dos instrumentos acompanhou a evolução dos métodos produtivos de

acordo com a matéria prima predominante na época, passando pela Idade da Pedra, Idade do
Cobre e Idade do Bronze. Destes últimos períodos foram localizados fósseis de chocalhos,
sinos, guizos e primeiras trompas criadas. Foram encontrados também em escavações,
vestígios de instrumentos de cordas beliscadas como arpas e alaúdes e cítaras. Fósseis datados
de 3.000 a. C., em ruínas dos povos sumérios na Mesopotâmia foram descobertas harpas com
de 3 a 20 cordas, local onde a música possuía um importante cunho religioso e social. Estes
fatos foram concluídos com a descoberta de um documento musical de Assur, cidade da
Assíria também chamada de Império Assírio, escrito por volta de 800 a.C., utilizando de
escrita cuneiforme ilustrou um acompanhamento de harpa, onde se revela uma forma de
escrita a duas e três vozes, com base num sistema de cinco notas, ou como atualmente
chamamos, pentatônico.

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Figura 5: Buni – cópia de harpa de 1500 a.C – The Metropolitam Museum of Art

Como podemos observar neste breve resumo da história musical na pré-história,

podemos concluir que a música como conhecemos hoje nada seria se não fossem as
descobertas, consideradas hoje primitivas, dos seres humanos na época, e conforme a
humanidade avançou em quesitos sociais, culturais e produtivos a música avançou junto em
quesitos de escrita e instrumentação, chegando ao modelo que utilizamos hoje em dia.

Referências:

CANDÉ, Roland de. História Universal da música. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

CARPEAUX, Otto Maria. Livro de Ouro da História da música (Edição revisada e ampliada
de "Uma nova história da música"). Rio de Janeiro: Ediouro, 2001.
NETTL, Bruno. Music in Primitive Culture. Cambridge (EUA): Harvard University Press,
1956.

SAMPAIO, Adovaldo Fernandes. Letras e Memória – Uma Breve História da Escrita. São
Paulo: Ateliê Editorial, 2009.

SOUSA, Maria de Nazaré Valente. A Evolução da Notação Musical do Ocidente na História

do Livro até à Invenção da Imprensa. Covilhã, 2012. 127 f. Dissertação para obtenção do
Grau de Mestre em Ciências Documentais. Universidade da Beira Interior, Covilhã, 2012.

WISNIK, José Miguel. O Som e o Sentido. São Paulo: Cia das Letras, 1999.

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