TCC Savia Uniasselvi
TCC Savia Uniasselvi
TCC Savia Uniasselvi
LUCIANA LOPES
MATINHOS
2018
LUCIANA LOPES
MATINHOS
2018
TERMO DE APROVAÇÃO
LUCIANA LOPES
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The present research was developed from the theme "Professional work of the Social
Worker in the situation of violence against women". Therefore, the methodology was
the bibliographical research, where it was sought theoretical subsidies to answer the
problematic: What are the professional interventions of the social workers with the
women in situation of domestic violence evidenced in the scientific articles published
in magazines of the area in the last three years? In this context, the general objective
was to analyze the professional interventions of social workers with women in
situations of domestic violence. Among the results discussed, it was presented that
the interventions, although they have an individual character, also have a collective
orientation, according to the theoretical-methodological, technical-operative and
ethical-political dimensions in the referral of violence, aiming at the victim's
guaranteed rights. It was also noticed the importance of multi and interdisciplinary
teams in the articulation of the different sectors that make up the so-called support
networks for women, made available to face violence.
INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 10
3 - A PESQUISA ...................................................................................................... 36
3.1 PROCEDIMENTOS DE COLETAS DE DADOS ............................................. 36
3.2 RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................... 38
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 51
10
INTRODUÇÃO
Num panorama geral, tem-se que mesmo com as alterações nas políticas
públicas dirigidas às mulheres e com a legislação vigente, os dados do IBGE (2012)
mostram numerosas denúncias:
1
BRASIL. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Teen. Violência
Contra a Mulher, 2012. Disponível em: <https://teen.ibge.gov.br/noticias-teen/2822-violencia-contra-
mulher>. Acesso em: 13 març. 2018.
12
Neste item são explorados alguns aspectos históricos desde o século XX até
a proporção que a violência contra a mulher obteve com a Lei Maria da Penha, Lei
do Feminicídio, entre outras legislações importantes.
Com base em Soares (1994), o conceito FEMINISMO: é ação política das
mulheres, sujeitos de transformação de sua própria condição social.
Cisne (2015) faz um apanhado geral para uma compreensão do que
significou o movimento feminista na história de luta das mulheres. Segundo ela, o
feminisno vai compor três divisões chamadas de correntes feministas que são:
feminismo radical, socialista e liberal. Assim, o feminismo radical era centrado na
igualdade entre homens e mulheres em todos os espaços; enquanto o feminismo
socialista teve como base a percepção que a mulher deve ocupar cargos na política
para que se tenha igualdade na correlação entre gêneros; por fim, o feminismo
liberal, tem como objetivo, mostrar que as mulheres são capazes de mostrar seus
potenciais por meio de suas atitudes e ações, lutando pela igualdade e conquistando
espaços no meio público e privado.
Historicamente, quando as mulheres ultrapassaram os papéis sociais que
lhes eram determinados, o poder patriarcal direta ou indiretamente, foi contestado ou
ameaçado. Consequentemente surgiram situações de violência física ou psicológica
contra mulheres (VELOSO, 2013).
O campo de estudos de gênero consolidou-se no Brasil no final dos anos de
1970, quando os movimentos feministas fortaleciam-se no país. Tal fortalecimento
se dava devido à resistência sobre verdades estabelecidas nas relações de
produção e reprodução das relações sociais entre homens e mulheres, ou seja, a
15
ano de 1972. Embora, de maneira mais branda, aos poucos os temas relacionados
ao feminismo passaram a fazer parte dos eventos e fóruns nacionais, como ocorreu
na reunião da Sociedade Brasileira pelo Progresso da Ciência (SBPC), em Belo
Horizonte, no ano de 1975.
Uma vez que, as conquistas sociais no Brasil têm um passado recente devido
ao processo de redemocratização pós-ditadura militar, onde as mulheres tiveram um
protagonismo importante não só pelas lutas, como pela democracia em si. Isso pode
ser observado nos encontros e acontecimentos decorrentes desse período pós-
ditadura militar.
Ainda em 1975, aconteceram mais dois encontros, nos quais surgiram
debates sobre as causas do movimento feminista, foram eles:
Inicialmente, não se pode negar que a Lei (nº 11.340/200606) conhecida por
Lei Maria da Penha, foi uma conquista de direitos das mulheres, como também do
Movimento Feminista. Resultado de uma luta historicamente travada contra a
desigualdade de gênero e, sobretudo, uma conquista das mulheres brasileiras
contra a violência doméstica.
Segundo Rodrigues (2015, p. 59), “esta Lei obriga o Estado e a sociedade a
proteger as mulheres contra esse tipo de violência durante toda a sua vida – não
importa idade, classe social, cor/raça, lugar onde mora, religião e orientação sexual”.
Afinal, todas têm direito a uma vida sem violência e à proteção da Lei Maria da
Penha.
Dessa forma, a violência doméstica no Brasil passou a ser reconhecida
internacionalmente, com a promulgação da referida lei e em decorrência do caso da
farmacêutica de 38 anos, nascida no Ceará e mãe de três meninas, que em maio de
1983 foi vítima de tentativa de homicídio realizada pelo seu então marido o professor
universitário Marco Antônio Heredia Viveiros. Enquanto Maria da Penha dormia
levou um tiro, que a deixou paraplégica (ARAUJO e TEIXEIRA, 2017).
Explica Barros (2006, p.311-318) que, em razão da gravidade dos ferimentos,
Maria ficou internada até outubro de 1983 quando retornou para sua residência,
onde passou terríveis momentos, sendo mantida em cárcere privado e sofrendo
sessões de tortura. Duas semanas após sair do hospital, ainda em recuperação,
19
sofreu um segundo atentado contra sua vida, também cometido pelo seu marido que
tentou eletrocutá-la.
Com base em Alves (2016) compreende-se que a Lei leva seu nome, pois
apesar de ser uma das muitas mulheres que sofreram abusos e violências
domésticas no país, Maria da Penha lutou por 20 (vinte) anos para que seu
agressor fosse punido.
Assim, a Lei nº 11.340 de 07 de agosto de 2006, foi motivada e elaborada
pela constante ocorrência da violência doméstica contra a mulher (PARODI &
GAMA, 2009), incide em meio à violência contra mulher e a violência de gênero.
Destaca-se que a Lei foi criada para modificar uma terrível realidade: “em 10
anos (1998 a 2008), dez mulheres assassinadas por dia, 40% dentro de casa”
(Idem, 2015).
A Lei Maria da Penha veio com o principal objetivo de garantir direitos
fundamentais a todas as mulheres, prevenindo e eliminando todas as formas de
violência contra a mulher, incluindo ainda a punição dos agressores, proteção e
assistência às mulheres em situação de violência doméstica.
A referida Lei prescreve:
Nesse sentido, o que Veloso (2013) destaca são avanços trazidos pela Lei
Maria da Penha, entre outros: possibilidade de decretar prisão preventiva; do
comparecimento do agressor a programas de recuperação; e constante capacitação
dos profissionais.
Essa atenção especial pode ser melhor compreendida, quando a Lei Maria da
Penha, juntamente às políticas públicas, passaram a promover pesquisas e estudos
que visassem explicar e identificar as causas, consequências e a frequência da
violência doméstica, incluindo no estudo as diferenciações entre gênero e etnia.
Destaca-se também a promoção e realização de campanhas educativas
direcionadas ao público escolar e a sociedade como um todo, entre outras
estratégias para prevenir a violência doméstica e familiar (VELOSO, 2013).
Em outras palavras, após a promulgação da Lei Maria da Penha, o Estado
reconheceu a necessidade da obrigação de proteger a mulher contra todo e
qualquer tipo de agressão, definindo estratégias para a prevenção, punição e
erradicação da violência, através de legislações, mas também de amplas
campanhas educativas, assim como estudos continuados sobre essa temática.
21
2
BRASIL. Lei do Feminicídio, Lei 13.104/15. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br.ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13104.htm>. Acesso em: 08 ago.
2018.
22
Assim, não foi diferente em outras cidades como Distrito Federal, São Paulo e
Rio de Janeiro, onde Instituições de organização e ensino, Cursos e Institutos
Familiares, buscavam dar respostas à “questão social” e ao movimento operário e
popular – no sentido de controlá-lo (SILVA; SILVA e SOUZA JUNIOR, 2017).
Logo, o serviço social nessa “fase inicial” é compreendido pelos autores
Santos e Silva (2016); Silva; Silva e Souza Junior, (2017); Castro, (2011), mais
doutrinário, moralizador e disciplinador dos movimentos e conflitos operários, do que
científico, com bases teóricas e metodológicas. Possuía ainda em suas bases, um
caráter “educativo” com viés de formação social, moral e intelectual das famílias.
Essa orientação doutrinadora acabou obscurecendo por um tempo os
determinantes da questão social e retardando a construção de novos e diferentes
rumos para a profissão.
Diante desse contexto, o Serviço Social tradicional ou a sua herança
conservadora passou a partir do ano de 1940, por um processo de renovação. Os
reflexos da renovação envolviam desenvolvimento urbano e desenvolvimento
econômico com justiça social. Conforme se observa na citação:
Não significa que a violência contra a mulher não existia antes desses
debates, mas que ela ganhou uma proporção e visibilidade maior com os
movimentos feministas, com as reflexões e percepções das problemáticas de gênero
discutidas no meio acadêmico dos cursos de Serviço Social.
Firmando-se posteriormente com as diretrizes curriculares da profissão, entre
outros avanços legais que atribuíram uma responsabilização Estatal para mulheres
vítimas de violência.
Assim, a responsabilidade/função do Estado brasileiro como principal
interventor nas questões de gênero tem requisitado desde o final dos anos 1980 a
ampliação da atuação dos (as) trabalhadores (as) sociais no campo da proteção
social no Brasil (CISNE, 2004, 41).
Inácio (2015) explica que a compreensão da questão de gênero, das teorias e
discussões que a permeiam são muito importante e direcionam os rumos que as
relações sociais, de poder e até políticas foram definidas ao longo da história. Por
exemplo, os estudos de gênero estão vinculados às feministas que se empenharam
para apontar a superioridade masculina ao longo da história como uma construção
social vinculada ao patriarcalismo, apontado como um modelo milenar, que
ultrapassa a sociedade capitalista.
33
3 – A PESQUISA
no âmbito econômico
e social, como uma
possibilidade
de intenção de
ruptura com a
violência
VIEIRA, Percepções Objetivou-se Foram Há percepções
dos conhecer realizadas trinta fragmentadas e
Elisabeth
profissionais como entrevistas com estereotipadas e
M.; de uma rede profissionais profissionais de necessidade de
intersetorial envolvidos serviços aprimorar
HASSE,
sobre o com atenção dos setores de a infraestrutura
Mariana atendimento a às mulheres saúde, existente, preparar e
mulheres em em situação assistência amparar os
(2017)
situação de de violência social profissionais para
violência em uma rede (AS), segurança humanizar
intersetorial pública (SP) e os atendimentos.
percebem os judiciário Criar serviços
atendimentos de uma cidade específicos
que fazem. de porte médio e investir em
do Estado prevenção é
de São Paulo, fundamental,
Brasil. pois existe um
descompasso entre
intenção
política de
enfrentamento à
violência e
realidade estudada.
PEREIRA- Apoio social à Compreende Foram Revela-se que as
mulher em r os entrevistados 52 demandas se
GOMES,
situação de significados profissionais de encontram
Nadirlene violência atribuídos cinco unidades relacionadas às
conjugal pelos locais de saúde ameaças
et al
profissionais de um município dos companheiros e
(2015). de saúde, de Santa à dependência
acerca do Catarina, Brasil. econômica, o que
apoio social Os dados foram justifica os
à mulher em processados encaminhamentos
situação de com intersetoriais e a
violência base na Teoria inserção da mulher
conjugal. Fundamentada em programa de
nos Dados. geração de renda e
emprego.
Diante a grande
demanda e a
prerrogativa de
promoção à saúde
defendida pela
Atenção Primária à
Saúde, urge a maior
disponibilidade de
assistente social no
âmbito da Estratégia
Saúde da Família. O
41
apoio social às
mulheres requer
interesse político, no
sentido de
valorização da
articulação do
setor saúde com
demais recursos
disponibilizados
para o
enfrentamento da
violência.
SANTOS, A atuação do Compreende Metodologicame Entre os resultados
r a relevância nte, a alcançados destacam:
Camila V. serviço social
na defensoria da atuação apreensão Necessidade de
A. (2016) Pública do profissional teórica usou identificar e trabalhar
Estado de nos como referência aspectos históricos e
atendimentos os conceitos de culturais desta
São Paulo –
às mulheres cultura e violência, sendo
Unidade Vila em machismo e a estes fundamentais
Mimosa no situação de atuação da para a construção da
atendimento violência Defensoria identidade dos
às mulheres doméstica no Pública e da sujeitos.
vítimas de Centro de Assistência Diferentes meios de
violência Atendimento Social, superação da
doméstica Multidisciplin associadas à violência doméstica:
ar da técnica de •Articulação com as
Defensoria entrevista em políticas públicas
Pública do profundidade •Rede de proteção à
Estado de com a mulher possibilita
São Paulo – profissional de maiores chances de
Unidade Vila serviço social do romper com tal
Mimosa CAM-DPESP. violação.
(CAM- Desta forma
DPESP), o buscou-se
estudo apreender sobre
analisa a os seguintes
percepção aspectos:
profissional atuação,
nos intervenção,
atendimentos percepção,
realizados, articulação,
os aportes desafios e
teórico- superação.
metodológico
s
adotados, as
articulações
promovidas
junto às
políticas
públicas do
munícipio de
Campinas/
e seus
42
desafios.
FONTE: A AUTORA (2018).
[...] o Serviço Social é uma profissão que, como todas as demais, envolve
uma atividade especializada - que dispõe de particularidades na divisão
social e técnica do trabalho coletivo - e requer fundamentos teórico-
metodológicos, a eleição de uma perspectiva ética e a formação de
habilidades densas de política. A perspectiva de análise da profissão, ora
apresentada, contrapõe-se às concepções liberais e (neo)conservadoras do
exercício profissional.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ética não somente na questão da violência doméstica contra a mulher, mas para
lidar de maneira concreta com todas as demandas que são impostas no cotidiano
profissional.
Uma vez que, as dimensões que norteiam o trabalho do profissional do
serviço social, estão vinculadas à defesa dos direitos sociais, à promoção da
igualdade social e à justiça.
51
REFERÊNCIAS
ALVES, Ana Carla Farias; ALVES, Ana Karina da Silva. As trajetórias e lutas do
movimento feminista no Brasil e o protagonismo social das mulheres. IV Seminário
CETROS Neodesenvolvimentismo, Trabalho e Questão Social 29 a 31 de maio
de 2013 – Fortaleza – CE – UECE – Itaperi. p. 113-121. Disponível em:
http://www.uece.br/eventos/seminariocetros/anais/trabalhos_completos/69-17225-
08072013-161937.pdf>. Acesso em: 20 mai. 2018.
BARROS, Marco Antônio de. A nova lei que coíbe a violência doméstica e
familiar: um novo retrocesso jurídico. Revista do Instituto dos Advogados de São
Paulo, São Paulo, v. 9, n. 18, p. 311-318, jul./dez. 2006.
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2007.
CASTRO, M. M. História do Serviço Social na América Latina. 12. ed. São Paulo:
Cortez, 2011.
ELUF, L. N. A paixão no banco dos réus. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
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MINAYO, M. C.de S. et al. Pesquisa Social: Teoria, método e criatividade. 16. ed.
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NETTO, J.P. Ditadura e serviço social: uma análise do serviço social no Brasil pós-
64. 15 ed. São Paulo: Cortez, 2010.
PARODI, Ana Cecília; GAMA, Rodrigues Gama. Lei Maria da Penha, Comentários
á Lei nº 11.340/2006. São Paulo: Russel Editores, 2009.
SILVA, Anália B.; SILVA, Diego T. SOUZA JUNIOR, Luiz Carlos de. O Serviço
Social no Brasil: das origens à renovação ou o “fim” do “início”.